Trabalho de População e Povoamento

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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

O Impacto das Inundações na vida das Populações: o caso da Cidade de Angoche

Nome: Filaminda César Amade Código: 708212724

Curso: Licenciatiura em Ensino de Geográfia


Disciplina: População e Povoamento

Ano de Frequência: 3º Ano

Universidade Católica de Moçambique

Nampula

2023
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Filaminda César Amade

O Impacto das Inundações na vida das Populações: o caso da Cidade de Angoche

Curso de Licenciatura de Ensino em Geográfia 3ºAno

Trabalho individual de População e Povoamento

Curso de Licenciatura de Ensino em Geográfia 3º ano

Leccionado por:

Universidade Católica de Moçambique

Nampula

2023
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 Resultado obtido

 Paginação, tipo e
tamanho de letra,
Aspectos Formatação paragrafo, 1.0
gerais
espaçamento entre
linhas

1
A cotação pode ser distribuída de acordo com o peso da actividade
2. O número das actividades pode variar em função ao docente
v

Folha para recomendações de melhoria: A ser preenchida pelo tutor

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Índice
Introdução.................................................................................................................................6

Urbanização e seus efeitos........................................................................................................7

Perspectivas das inundações.....................................................................................................8

Drenagem urbana......................................................................................................................9

Gestão do poder público.........................................................................................................10

Localização e caracterização geográfica da cidade de Angoche............................................11

Alternativas para resolução do problema...............................................................................13

Metodologias..........................................................................................................................14

Apresentação e discussão de dados........................................................................................14

Conclusão...............................................................................................................................18

Referências bibliográficas......................................................................................................19
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Introdução

Este estudo procura analisar possíveis impactos decorrentes de fenómenos de inundação


urbana na vida das populações na cidade de Angoche, tomando em consideração as
características físico geográficas locais. Inundação urbana é um desafio enorme e
crescente ao desenvolvimento nas cidades e pelo que se observa, é que a cidade da
Angoche nos últimos anos esta a experimentar a expansão urbana caracterizada pela
ocupação espacial irregular com maior enfoque em áreas propensas as inundações.

As inundações são fenómenos que, num curto período de tempo, podem causar grandes
prejuízos económicos, sociais e consequências ambientais desastrosas, como a transição
para zonas húmidas de terrenos ribeirinhos mais baixos, a destruição das zonas húmidas
e a afectação da biodiversidade e libertação de produtos tóxicos devido ao alagamento
de estações de tratamento de águas residuais ou de fábricas (Gomes, 2009).

A inundação na cidade de Angoche representam um risco grave, visto que tem resultado
em prejuízos consideráveis e até irreparáveis para as comunidades. Um conjunto de
factores pode ser relacionado quanto à ocorrência das inundações e por seu turno
colocam as comunidades frágeis em situações de perigo, toda via quando ocorre chuvas,
tem se observado parte da população clamando pelo impacto das inundações, colocando
varias entidades preocupadas.

Para Oliveira (2002), os prejuízos resultantes de inundações contam - se a evacuação e


desalojamento de pessoas e eventual perda de vidas humanas, o isolamento de
povoações, a danificação da propriedade pública ou privada; submersão e/ou destruição
de vias de comunicação, infra-estruturas e equipamentos, suspensão do fornecimento de
bens ou serviços básicos (água, electricidade, telefone, combustível, etc.), semelhante ao
que se verifica na cidade Angoche quanto aos impactos das inundações. Além dos
prejuízos apresentados pelo autor, destaca se também a desordem no seio das
comunidades e desesperança social quanto o seu nível de Vida.

Ora, varias tem sido acções para reduzir os seus impactos nas comunidades sobre tudo
as que coabitam em áreas vulneráveis á inundações e esta pesquisa constitui Incentivo
ás acções de mitigação e prevenção, além de servir de ferramenta de elaboração de
novos planos de gestão de riscos das inundações urbanas na cidade de Angoche.
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Referencial Teórico

Urbanização e seus efeitos

Cardoso (2013), ressalta que além da óbvia necessidade da água para consumo, higiene
e desenvolvimento das actividades agrícolas e artesanais, a presença dos rios junto aos
perímetros urbanas, favoreciam as comunicações e o comércio, isso representava em
muitos casos, um papel na defesa e protecção das cidades, que eram implantadas em
ilhas, com o passar dos anos essa relação se intensificou, resultando no surgimento e
desenvolvimento das cidades.

A urbanização de uma cidade está intimamente ligada a ocupação e crescimento de um


local, essa relação entre variáveis é descrita por Farias e Mendonça (2019), é uma forma
de estruturação de propriedade de um dado território, sendo que os processos
sociais ,culturais, económicos e políticos só ocorrem sobre acção de necessidade. De
forma parecida, Pereira et al. (2018), destaca que os problemas socioambientais são
ocasionados pela relação entre o crescimento acelerado, atrelado a ausência de um
planejamento urbano eficiente. Isso significa mais construções em áreas, antes
caracterizadas por apresentarem histórico de matas nativas, fazendo com que muitas
cidades sofram prejuízos económicos e ambientais por estarem localizadas sobre estas.

Sobre mesmo ponto de vista, Júnior e Santos (2013), abordam como o crescimento
populacional alteram as características físicas e ambientais dos recursos disponíveis em
qualquer esfera demográfica, pois seus efeitos e processos negativos modificam o
ambiente lentamente, impedindo que este possa voltar, a ser o que um dia foi natural.
Atrelado a urbanização ocorrem as modificações do meio físico, como por exemplo, as
ocupações inadequadas e construções irregulares, causando mudanças nos cursos de
rios, por meio do aterramento de terrenos.

As transformações ocorridas no meio urbano, quando se trata da expansão das cidades


foi descrita por Tenório (2017), esse crescimento é marcado por um processo de rápida
ampliação de áreas construídas e pela fragmentação de uma infra-estrutura básica de
serviços sem acompanhamento adequado, estas se constituem em loteamentos ou
conjuntos habitacionais populares, que em sua maioria são localizadas longe dos
espaços do centro.
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Dutra e Vieira (2020) acrescentam que a falta de saneamento básico, sendo específico
quanto a deficiência de uma falta de sistema de drenagem, reflectem, sobretudo em
condições desastrosas no meio físico. Com isso, põem-se exposta a importância da
figura do poder público, em agir junto com o plano director para orientação e
estabelecimento de directrizes sobre o uso e ocupação de um solo, concebendo assim
uma busca pelo equilíbrio na relação entre construções e ambiente natural. Além desse
ponto, será necessária a acção preventiva e não apenas a correctiva, no manejo das
águas pluviais.

Em consequência das expansões das cidades Cunha e Borja (2018), ressaltam que o
desenvolvimento urbano com o passar do tempo, envolve muitas actividades
conflituantes, desde a prática de descarte de lixo de forma irregular, a falta de colecta e
limpeza, aumento da poluição, desvalorização de imóveis, obstrução de vias, prejuízos
ao turismo e transtornos com saúde pública, fazem parte de um mecanismo que se
relacionam e progridem para eventuais transtornos reforçados pelas enchentes.

Peixoto (2019) ressalta quando a população descarta o lixo incorrectamente, as latinhas,


embalagens e sacos de lixo descartados na rua acabam sendo arrastados pelas chuvas
para as bocas de lobo que se acumulam ali na entrada do sistema, bloqueando o
escoamento da chuva pela rede de drenagem.

Para Farias e Mendonça (2019), essa realidade reflecte directamente do que acontecem
com o saneamento na maioria das cidades moçambicanas, especificamente na cidade de
Angoche onde é evidente a falta de um planejamento efectivo, controle e regulação dos
diversos sectores que compõem os serviços de abastecimento de água potável e
esgotamento sanitário, também a gestão e gerenciamento dos resíduos sólidos e de
drenagem urbana. Essa prática resulta em graves problemas de contaminação do ar, do
solo, das águas superficiais e subterrâneas, criando diversos focos de organismos
patogénicos transmissão de doenças com diversos impactos na saúde pública.

Perspectivas das inundações

De acordo com Lima (2017), as características físicas das cidades de Moçambique,


como clima e distribuição variável das chuvas no território, são umas das circunstâncias
naturais, que aliada a padrões de ocupação territorial desordenada, se tornam factores de
interferência directa na ocorrência de desastres naturais tais como, as enchentes e/ou
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inundações, fato esse que resulta em prejuízos materiais e humanos para a sociedade. As
enchentes e inundações são fenómenos naturais que ocorrem periodicamente por efeito
de grandes chuvas e em sua grande maioria são potencializadas, por interferências do
seu meio, como representado. Conforme Lucca (2013) esses termos, são tidos como
conceitos que representam processos de acúmulo de água, provocados por agentes
externos. Assim esses eventos ocorrem quando os rios transbordam atingindo espaços
ou áreas ao lado das suas extremidades, alcançando pontos mais altos, que causam seu
transbordando.

Segundo Rasi, Bernardo e Corrêa (2020), Moçambique carrega no seu contexto


histórico, acontecimentos que deixam marcas muitas vezes irreparáveis, como carros
arrastados, casas inundadas, famílias desabrigadas, indústrias sem fornecimento de
energia e em casos mais infelizes perdas de vidas. Nessa perspectiva, fica claro como
todo esse cenário de destruição demonstra como as cidades moçambicanas
independentes do seu porte, não estão preparadas para enfrentar esse problema urbano.

Drenagem Urbana

Para Brito et al. (2015), conceitua que um sistema de drenagem urbana tem como
principal objectivo, amenizar os prejuízos causados por inundações, reduzir os riscos
que a população estará sujeita e por fim, possibilitar o desenvolvimento de forma
harmónica, articulada e sustentável, também é considerado um conjunto importante de
elementos destinados a transporte das águas pluviais precipitadas sobre uma
determinada região e que escorrem sobre sua superfície, conduzindo estas a um destino
final.

De forma semelhante Trancoso et al. (2018) detalha que se pode dividir drenagem
urbana de duas maneiras, micro drenagem e macro drenagem. Desse modo, micro
drenagem, possui a característica por ter traçado das ruas e é composta por sarjetas,
boca-de-lobo, galerias e poços de visitas. Já a macro drenagem são as estruturas com
maiores dimensões e é composta por canais naturais ou artificiais e reservatórios de
amortecimento pluviais.

Para Cruz (2007), gestão da drenagem urbana na maioria dos municípios moçambicanos
ainda não é vista e tratada com a devida importância pelos gestores, isso ocorre devido a
ausência de um planejamento específico para o sector, dessa maneira, o gerenciamento
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das águas pluviais em sistemas de drenagem é realizado pelas secretarias de obras


municipais e apresenta-se desvinculados das áreas destinadas para os demais sectores
relacionados, como água, esgoto e resíduos sólidos.

Dutra e Vieira (2020) descreve que a problemática nos sistemas de drenagem dos
pequenos e grandes centros moçambicanos é a existência de quantidades recorrentes de
resíduos sólidos, levados às redes pela lavagem de ruas e pela falta de educação
ambiental da população, provocando a obstrução do sistema e consequentemente,
agravando ainda mais os alagamentos localizados nas regiões. Ainda nessa perspectiva,
Cunha e Borja (2018), acrescentam que pouco tem sido feito na busca de alternativas
para a colecta, controle do lixo, resumindo-se em uma simples campanha de
conscientização da população e em projectos isolados de estruturas de contenção de
resíduos em cursos de água, além da existência de sistema de colecta domiciliar e de
limpeza urbana periódica.

Moçambique e suas cidades apresentam nas suas biografias, uma ausência de estudos
na área de drenagem, que apresentem soluções efectivas entre os sistemas urbanos e
naturais. Para Oliveira (2019), é necessário que ocorra investimento em pesquisas na
infra-estrutura das cidades, para que se desenvolva de forma justa, uma qualidade de
vida para as pessoas, com saneamento, moradia segura e drenagem de águas pluviais
contra enchentes e inundações mais eficientes.

De maneira parecida, Cruz (2015) salienta que a vantagem encontrada nos estudos de
drenagem urbana se apresentam, na redução de gastos com manutenção de vias
públicas, além da redução de danos as propriedades, escoamento rápido das águas nas
superfícies alagadas, eliminação dos focos de lamaçais parados que resultam em focos
de doenças, condições seguras de circulação por carros e pedestres durante as chuvas e
amenização dos impactos causados pelas erosões e poluição de lagos e rios.

Gestão do Poder Público

Com o passar dos anos, nota-se a necessidade de planejamento no processo da gestão


pública, no quesito, executar programas, serviços e actividades preventivas no âmbito
da organização e gerenciamento do estado, para combater as enchentes e/ou inundações
que são ocasionadas pelas fortes chuvas que favorecem a uma tensa situação de
calamidade pública (OLIVEIRA, 2019).
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De acordo com Rodrigues (2019), quando o estado não respeita a real importância ao
acontecimento relacionado a enchentes e alagamentos de forma preventiva, buscando
soluções para se precaver ao acontecimento, os transtornos são muitos graves, assim
então, surge à responsabilidade civil, que no âmbito do Direito Ambiental, irá defender,
melhorar e preservar, os padrões de qualidade ambiental estabelecidas, visando acções
para as gerações presentes e futuras.

Conforme Guimarães (2012), é de obrigação que o município implante gestão de


manutenção, limpezas das ruas, fiscalização diárias de bueiros e de galerias pluviais,
buscando soluções que impeçam o acontecimento de danos futuros. Sendo também
responsabilidade do ente público o dever de indenimizar, determinados danos materiais
em virtude dos prejuízos que podem ser gerados pelas enchentes.

Para Licco e Dowell (2015), a palavra prevenção é o conceito principal, quando se trata
de enchente porque na maior parte dos recursos para cobrir os danos é pública e em
decorrência dos impostos pagos pela população. Com isso, as actividades elaboradas
pela defesa civil terão mecanismos previstos no orçamento da união, município e do
estado.

Localização e caracterização geográfica da cidade de Angoche

Caracteristicas Gerais O Município de Angoche, geograficamente localiza-se a Sudoeste


da Província de Nampula. Nesta Unidade geográfica exceptuando a cidade de Nampula,
Angoche outrora foi Centro Sócio-Económico mais importante da região em que se
enquadra e dista a 185 Kms da capital Provincial com uma população estimada em
cerca de 85.703 habitantes (RGPH) 1997.

Tem os seguintes limites:

- A Norte a Localidade de Caroma é limitada pelo Tio Locanhama;

- A Sul limita-se com a Ilha de Búzio a que é parte integrante deste;

- A Este os canais de Angoche e de Moçambique;

- A Nordeste a Localidade de Coroma na confluência entre os rios Xitalane e


Locanhama.
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O Município de Angoche, Administrativamente encontra-se ordenada em 5 Localidades


Municipais que se circunscrevem em 36 bairros: Localidades de Parapato, Inguri,
Mussoriri, Johar e Cerema.

A Cidade, cujo clima é do tipo tropical húmido, segundo a classificação de Koopen,


possui uma vegetação natural constituida basicamente por breches costeiras, mangais e
pradarias, além de cojueiros que muitas vezes são utilizados para fins comerciais.

A estrutura geológica é formada por sedimentos de várias origens, predominando


aluviões argilo fluvio-marinhos resultantes da erosão marítima; os sedimentos argilo-
arenosos, de natureza fluvial e eólica; as dunas interiores e as formações de piemonte do
pleistoceno indiferenciado (Inst. Nac. De Geologia e Minas, de 1983). O relevo faz
parte da planície litoral de Moçambique onde predominam superfícies que não
ultrapassam os 100 metros.

Da faixa costeira para o interior elevam-se colina e montes com declives até cerca de
35%, e altitudes variáveis que atingem 71 metros no monte Morrua situado a Norte do
Município de 60 metros no monte Parapato localizado na zona de cimento. Os locais em
que os declives são menos acentuados são ocupados por espaços populacionais. (Plano
de Estrutura, 2001).

Este tipo de relevo, conjugado com a precipitação elevada dá origem á numerosos


cursos de Água, destacando-se os rios Xitalane, Locanhama, Nacuho, Mutalava,
Napopue, Nametolo, Muzamaro. Porém, grande parte destes possuem água somente na
época chuvosa.

Para Melo (2013) a cidade de Angoche apresenta uma estrutura geográfica única e
característica com planícies altas. O comportamento das chuvas na cidade de Angoche,
ao longo dos anos foi modificado por diversos factores como geologia, mineralogia,
solo, clima, relevo, vegetação, hidrografia, acções antrópicas, paisagem, lugar, meio
ambiente, ocupação do solo, urbanização, dentre outros.

Souza (2013), o comportamento dos rios e das cidades após os momentos iniciais da
história, como factores que viabilizavam o desenvolvimento de uma sociedade, passou a
ocupar o papel de elemento da paisagem, o que provocou frequentes impactos
hidrológicos e ambientais, relacionados ao crescimento urbano.

Oliveira (2019) reforça que as respostas dos sistemas fluviais urbanos, sendo estes
naturais ou construídos, não tardam a vir, em virtude a um cenário pontuado pela
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concentração populacional e densidade geográfica em cidades, com a frequente


ocupação de habitações subnormais, isso acaba nos prejuízos ambientais e danos
socioeconómicos severos decorrentes de inundações colocando assim, em questão os
modelos de urbanização e sanitários.

A história de Angoche esta fundamentada e alicerçada sobre a lavra do ouro que


prossegui até o momento actual, caracterizando-a..

Quanto à cobertura vegetal, Melo (2013), destaca que grande parte do município é
recoberta por áreas já de vegetação secundária com palmeiras, como também, áreas
utilizadas principalmente na pecuária com pastagens e na agricultura. A vegetação
nativa restante é composta por um ecológico montanhoso, as áreas de tensão caatinga
arbórea e arbustiva.

Alternativas para resolução do problema

Para Dutra e Vieira (2020), a preservação das áreas verdes podem evitar algumas das
causas das enchentes e/ou inundações, graças a sua capacidade de reduzir o volume e a
velocidade de escoamento da água, absorvendo-a por meio da infiltração natural do
terreno, essa alternativa é relevante, pois a água quando não consegue infiltrar-se no
solo tende a correr para os terrenos mais baixos que geralmente já são ocupados por
moradores de renda baixa.

Barra e Teixeira (2015) ressaltam que a vantagem principal dos pavimentos permeáveis
é impedir o acúmulo indesejável de água acima da superfície do piso. Isso possibilita
muitos efeitos positivos como na precaução de enchentes e redução de ilhas de calor.
Essa alternativa pode ser implantando em qualquer local, como estacionamentos,
calçadas, parques, áreas externas, jardins, ciclo vias e em ambientes cuja
impermeabilidade deixou de existir.

De maneira parecida Rezende e Godoy (2019) destacam que o lado negativo dos
pavimentos permeáveis são suas limitações na parte estrutural desse piso, por não
suportar cargas muitos pesadas, isso faz com que sua utilização ocorra mais em
projectos comerciais e residenciais, onde o pavimento permeável tem uma finalidade de
captação e acúmulo de água em reservatórios pluviais, também conhecidos como
cisternas.

Silva (2015) discorre que uma medida pouco estudada actualmente pelas cidades é o
reaproveitamento da água da chuva, como solução para economia e redução das
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enchentes. Essa reutilização pode ocorrer na irrigação de áreas verdes, lavagem de ruas
e construção de edifícios, essa medida do aproveitamento, geraria vantagens às cidades
evitando que toda a chuva que cai sobre um lote ou construção seja usada com
finalidades positivas e não negativas.

Metodologias

O presente estudo analisou os desastres hidrológicos, resultantes de eventos extremos de


precipitação ocorridos nos anos de 2019, 2020, 2021 e 2022. Destacando sobre os
impactos causados por essas ocorrências de chuvas que ultrapassaram as marcas de 100
mm e geraram grandes impactos físicos, económicos e sociais a estrutura da cidade e ao
quotidiano dos Angocheanos. Para que se alcançassem tais soluções foi desenvolvida
uma metodologia qualitativa, através de pesquisas e conceitos sobre fenómenos do tema
e quantitativa, com base de dados e análises de ocorrências chuvosas em determinados
períodos. Desse modo, o trabalho foi desenvolvido a partir das seguintes etapas:

1. Consulta das fontes locais e revisão bibliográfica sobre o tema, além de estudos
acerca do nível de chuvas em mm em cada ano.

2. Pesquisa sobre dados históricos de desastres naturais e principais locais, ruas e


avenidas mais afectadas, onde já foram identificadas situações recorrentes das
consequências das chuvas, como ruas alagadas, pavimentação obstruída, registro de
acidentes, como queda de árvores entre outros.

3. Processamento de dados meteorológicos da época/ano e imagens importadas do


INMET (Instituto Nacional de Meteorologia), avaliando as variações em mm das
chuvas nos anos de estudo 2019, 2020, 2021 e 2022 da área urbana da cidade de
Angoche.

4. Utilização e interpretação de dados fornecidos pelo Instituto Nacional de Gestão de


Desastres-INGD-Angoche, sobre alguns dos impactos ocorridos na época.

Apresentação e Discussão de Dados

O município de Angoche passou por diversos eventos hidrológicos caracterizados por


fortes chuvas que ultrapassaram os 100 mm entre os meses de Janeiro a Dezembro nos
anos de 2019, 2020, 2021 e 2022. Estes eventos causaram grandes prejuízos e
transtornos nas suas épocas para a cidade e geraram diversos impactos deixando marcas
na estrutura da cidade e nas lembranças dos moradores.
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No ano de 2019, o acumulado de chuvas no mês de Janeiro representou 184,8 mm, de


acordo com, esse marco causou intensos estragos nas vias públicas da cidade,
transformando algumas ruas em grandes reservatórios, dificultando o tráfego e
circulação de carros e pedestres.

No ano de 2020 uma forte chuva marcou um acumulado de 215,6 mm, no mês de
Fevereiro na cidade, isso resultou em grandes impactos na circulação de motoristas e
pedestres, principalmente nas avenidas que tiveram sua pavimentação parcialmente
arrancada, além de ruas inteiras ficando interditadas devido a lama, entulhos e muita
sujeira.

Em 2021, o acumulativo para o mês de Fevereiro marcou os 179 mm de chuva. As


fortes chuvas alagaram ruas e avenidas como representado na figura 8 e desencadearam
muitos impactos, na infra-estrutura da cidade, como prejuízos as residências, avenidas e
estabelecimentos comerciais que foram deteriorados pela força e volume das águas,
fazendo com que a Prefeitura decretasse estado de emergência, no mês. O ano de 2021
foi marcado por grandes chuvas nos meses subsequentes. Segundo dados da Defesa
civil, foram notificados casos como deslizamento de terra em alguns bairros e
desmoronamento de parte do muro de algumas estruturas.

Em 2022, o mês de Abril marcou 224,4 mm de chuva, com as forças das águas algumas
estruturas foram parcialmente danificadas como o tombamento de parte do muro de
contenção e um trecho da via, de acordo com a figura 10, formando uma cratera no
meio da avenida, esses transtornos causaram aos estabelecimentos próximos, prejuízos
financeiros directos, pois sem acesso aos pontos comerciais ficaram impedidos de
funcionar.

Segundo dados da Defesa Civil do município, área de inundação geralmente tem como
característica comum de serem próximas as locais por onde existe a passagem das águas
como trajecto para desaguar nos rios. Como os locais citados no estudo, a Avenida
Lomanto Junjo, ruas de Inguri, Muchelele e Bairro da Horta, que são próximos ao rio
Xitalane e rio Napopue servem de trajecto para a passagem das águas.

Esses acontecimentos evidenciados nos anos de 2019, 2020, 2021 e 2022,


demonstraram como factor semelhante, a quantidade do volume de chuvas em que
ultrapassaram os 100 mm, chegando a dobrar de valores em alguns casos. Em
complemento a isso e trazendo para perspectiva actual, Jacobina continua apresentando
17

e mantendo a mesma estrutura de falta de medidas para captação da água da chuva,


havendo ainda a falta de um sistema de micro drenagem e macro drenagem instaladas
no município. O que resulta nos problemas já conhecidos como impactos na
pavimentação, desabamentos de encostas e casas, alagamentos de ruas, pontos
comerciais e residências, queda de árvores, prejuízos à saúde pública, entre outros.

Vale destacar que devido a sua estrutura física, a cidade de Jacobina apresenta uma
característica singular, segundo dados da Defesa Civil de Angoche (2022), o município
após o término do período de chuva, demora entre 30 min a 1 hora, para escoamento
total de água das vias e avenidas. Isso comprova que com um sistema de macro
drenagem instaladas na cidade, grande parte das águas escoaria pelo sistema, durante o
período das chuvas de forma eficaz, evitando os alagamentos.

Desmoronamento de barrancos, em áreas mais próximas das serras ou pontos de solos


moles, encharcados por causa das chuvas e sem a presença de uma estrutura de
contenção (como o muro de arrimo) que garanta a estabilidade e segurança desses
pontos que cedem com facilidade.

Desabamento de estruturas como parte de casas e estabelecimentos é causados por


diversos factores, como construção localizada em áreas molhadas (como vazantes e/ou
próximos a pontos de passagem das águas), métodos de construção adoptados sem o
acompanhamento técnico indicado, imóveis antigos que apresentam desgastes na
estrutura, devido ao tempo e pela falta de manutenção, dentre outros factores que
influenciam no problema.

A partir dos dados colectados, percebe-se que problemas com a recuperação do


calçamento e pavimentação se mantém constante ao longo dos anos, esses prejuízos
demonstram como a impermeabilização do solo na cidade, impede a percolação das
águas aumentando o volume dessas sobre o solo, contribuindo para o escoamento
superficial e consequentemente nos alagamentos. (FARIAS, MENDOÇA, 2019). Vale
destacar, que com a tendência de crescimento e as práticas de pavimentação asfáltica
adoptadas, sem optar por alternativas como pisos permeáveis, contribuirá cada vez mais
para o problema pesquisado (BARRA, TEXEIRA, 2015).

De acordo com o número de ocorrências, relacionadas ao desabamento de barrancos no


município como uma problemática recorrente, é um alerta sobre a situação de alguns
pontos da cidade onde ocorre a falta de métodos construtivos eficientes, tais como os
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muros de contenção, que suportam a tensão do solo, além de isolar o terreno. Necessita-
se também, de medidas de fiscalização por parte do poder público da cidade, na vistoria
de locais de risco e fiscalização de construção em áreas impróprias para moradias, além
de um trabalho de análise das construções existentes, categorizando os perigos tais
como os de deslizamentos de barrancos, visando à segurança preventiva, antes de o
acontecimento ocorrer (SOUZA, ET AL, 2019).

Segundo dados da Defesa civil de Angoche (2022) , as ocorrências de desabamentos de


muitas estruturas como as casas especificamente, são de residências mais antigas e
construídas em áreas de terrenos próximos a lagoas, ou pontos onde historicamente já
tiveram algum ponto de nascente e/ou de passagem de vazantes. Essa problemática,
também é intensificada devido a essas construções serem realizadas sem um estudo
prévio sobre o terreno e suas características como, por exemplo, solos moles, clima,
relevo, material de origem, tempo cronológico tem influência com a presença de matéria
orgânica (OLIVEIRA, 2019).

As quedas de árvores ocorrem em sua grande maioria, resultado da expansão do


crescimento urbano, que limita a gola de algumas árvores. Segundo dados da Defesa
Civil de Angoche (2022), a gola de uma árvore é o espaço livre de terra em volta das
raízes para que a mesma possa crescer e manter-se firme. Devido ao aumento da cidade,
muitos trechos e calçadas são asfaltados, reduzindo o espaço livre para crescimento das
raízes. Essa actividade provoca a saída das raízes para cima das calçadas que com a
influência dos ventos e peso dos galhos molhados da mesma, provocam o seu
tombamento. No município, a falta de instrumentos que garantam a integração entre
meio urbano e as áreas verdes, mantém um cenário de transformações negativas para
Jacobina, que terá mais áreas cinza e asfaltadas, em vez de cenários verdes e
arborizadas.

Os problemas recorrentes ao longo dos anos no município de Angoche demonstram


como a inactividade de medidas efectivas e não paliativas, promovem a sucessão dos
mesmos acontecimentos ao longo do tempo e sua hereditariedade para as próximas
gerações.
19

Conclusão

Após a análise do estudo e com os dados obtidos conclui-se que, a urbanização tem
gerado modificações directas na ocorrência de enchentes, inundações e alagamentos, em
áreas urbanas ao longo dos anos, pois actividades como impermeabilização do solo,
construções irregulares (tanto no método construtivo adoptado, quanto no local), além
de práticas como destinação de resíduos sólidos (como entulho, lixo) de forma
inapropriada, aumenta a taxa de escoamento superficial, estimulando as enchentes e
alagamentos em períodos de fortes chuvas.

Nota-se ainda, a falta da aplicação de instrumentos de planejamento, como


desenvolvimento e gestão de projectos, que incentivem a instalação de drenagem pluvial
em áreas urbanas, agravando ainda mais os impactos causados pelas enchentes e/ou
inundações. Isso ocorre devido às medidas adotadas normalmente no município serem
mais de forma paliativas, visando mais a minimização dos efeitos e não definitivas para
resolver à problemática.

Os impactos recorrentes, vividos pelos Angocheanos nos anos de 2019, 2020, 2021 e
2022 como os problemas na pavimentação e calçamento danificados, vias obstruídas
com sujeira e entulhos, desmoronamentos de barrancos e de estruturas como casas e
pontos comerciais, quedas de árvores, entre outros, evidenciam a necessidade de
soluções integradas e harmónicas entre os agentes causadores e responsáveis pelo
problema. O cidadão, como responsável por inúmeras práticas irregulares no seu
quotidiano e órgãos como a Prefeitura e a Defesa Civil, na elaboração e incentivos de
programas preventivos de educação a população alertando sobre os riscos, capacitação
de profissionais como geólogos ou engenheiro geotécnico que desenvolvam projetos
voltados à drenagem urbana, também agindo na fiscalização de obras e construções da
cidade localizada em pontos críticos e inadequados.

Espera-se que este estudo, sirva como instrumento de análise e que contribua na
orientação de uma perspectiva entusiasta, de modo que possibilite relacionar em
paralelo, a teoria e a prática, resultando assim em conhecimentos, saberes e
experiências. Além de contribuir futuramente para reflexões sobre questões
socioambientais no município, como ocupação do solo, destinação dos resíduos sólidos
e em especial a educação ambiental.
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