Curso EA - Módulo IV

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Módulo IV – Histórico

Introdução

Muito bem! Agora que você já conhece os objetivos,


princípios e fundamentos da Educação Ambiental de acordo
com a legislação vigente, vamos falar um pouco sobre o
contexto histórico que deu origem, não só à legislação, mas
à discussão das questões ambientais em todo o mundo.

Nesse módulo esperamos que você conheça e compreenda: a relevância dos


fatos históricos que deram origem à legislação, conceitos, fundamentos e
princípios da Educação Ambiental discutidos e adotados atualmente.

Como você deve saber, a interação do ser humano com o meio ambiente está
ligada à sobrevivência da espécie, conhecimento e respeito aos sistemas
naturais.

Com o desenvolvimento atribuindo novos valores ao meio ambiente, esse,


começou a ocupar uma posição de subserviência em relação à humanidade,
visto como algo separado e inferior à sociedade humana.

A evolução do conhecimento científico propiciou compor um quadro de como


o planeta funciona e de como podemos interagir de forma sustentável.
Porém, a especialização decorrente do aumento de volume de informação
distanciou o ser humano de uma visão global do planeta e da interação da
Terra com os sistemas culturais e econômicos.

As décadas de 1960 e 1970 trouxeram a constatação da dimensão dos


problemas ambientais que existiam, não só em escala local, mas em escala
regional ou global.

O meio ambiente passou a ser visto como vítima de uma sociedade humana
agressora, e o conhecimento tornou-se necessário para proteção do planeta
e correção dos danos ambientais.

Tornou-se necessária, então, a construção de um conceito de educação que,


não só incorporasse os conceitos anteriores, mas fosse além e apresentasse
uma visão geral do planeta e de sua relação com o homem e com todos os
seres vivos.
O crescimento da população mundial em ritmo acelerado a partir do início do
século XX e seus efeitos sobre o planeta fizeram surgir discussões
filosóficas e denúncias e propiciou uma revisão de conceitos e trabalhos
científicos anteriores. Essas iniciativas buscavam servir de alerta para os
impactos da atividade humana sobre o meio ambiente.

As questões ambientais começaram a ser discutidas de


maneira mais efetiva nos anos 70, quando eclodiu no mundo um
conjunto de manifestações, incluindo a liberação feminina, a
revolução estudantil de maio de 1968 na França e o
endurecimento das condições políticas na América Latina, com
a instituição de governos autoritários em resposta às exigências de
organização democrática dos povos em busca de seus direitos à liberdade,
ao trabalho, à educação, à saúde, ao lazer e à definição participativa de seus
destinos.

Fortalecia-se, assim, o processo de implantação de modelos de


desenvolvimento neoliberais, regidos pela norma do maior lucro possível no
menor espaço de tempo. Com o pretexto da industrialização acelerada,
apropriava-se cada vez mais violentamente dos recursos ambientais.

O processo de consolidação do capitalismo internacional, paralelo ao


paradigma positivista da ciência, já não conseguia dar resposta aos novos
problemas.

No meio educacional surgiram críticas à educação tradicional e às teorias


tecnicistas que visavam à formação de indivíduos eficientes e eficazes para
o mundo de trabalho, surgindo movimentos de renovação em educação.

Panorama Mundial

1886
O biólogo e evolucionista alemão Ernst Heinrich Haeckel (1834-1919)
utilizou a palavra ECOLOGIA para denominar o estudo dos organismos e de
suas interações com o meio ambiente. Etimologia: grego oîkos, on 'casa' +
grego lógos, ou 'linguagem'.

1893
Termo “ecologia” começou a ser aplicado com sentido próximo ao atual.
Definição atual: ciência que estuda as relações dos seres vivos entre si ou
com o meio orgânico ou inorgânico no qual vivem (Dicionário Houaiss da
Língua Portuguesa)

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Décadas de 1950 e 1960

Os antecedentes da crise ambiental da década de 1970 manifestaram-se


durante as décadas de 1950 e 1960, diante de episódios como a
contaminação do ar em Londres e Nova York, entre 1952 e 1960, os casos
fatais de intoxicação com mercúrio em Minamata e Niigata, entre 1953 e
1965, a diminuição da vida aquática em alguns dos Grandes Lagos norte-
americanos, a morte de aves provocada pelos efeitos secundários
imprevistos do DDT e outros pesticidas e a contaminação do mar em larga
escala, causada pelo naufrágio do petroleiro Torrei Canyon, em 1966.

Esses acontecimentos, dentre outros, receberam ampla publicidade,


fazendo com que países desenvolvidos temessem que a contaminação já
estivesse pondo em perigo o futuro da humanidade.

Até esse momento, não existiam discussões sobre a Educação Ambiental,


mas os problemas ambientais já demonstravam a irracionalidade do modelo
de desenvolvimento capitalista. Ao mesmo tempo, na área do conhecimento
científico, ocorreram algumas descobertas que ajudaram a perceber a
emergente globalidade dos problemas ambientais. A construção de uma
ciência internacional também começava a se consolidar nas décadas de 1960
e 1970, e uma grande parte dos conhecimentos atuais dos sistemas
ambientais do mundo foi gerada nesse período.

Cenário internacional:

1952

- The London Smog Disaster: Londres amanheceu no


dia 5 de dezembro envolta em fumaça, devido a uma
ausência de dispersão dos poluentes. A mistura da
neblina (fog) e da fumaça (smoke) expelida de suas
indústrias resulta em “smog” que, combinando com a
pouca dispersão, provocou o episódio conhecido como
Desastre de “Smog” de Londres. Ocorreram de 2.000 a 4.000 mortes na
cidade durante 15 dias.

1956

- Desatre de Minamata: foi o


envenenamento de milhares de pessoas
por mercúrio ocorrido na cidade de
Minamata, no Japão, decorrente de
atividades da fábrica de acetaldeído e PVC de propriedade da Corporação
Chisso. As vítimas haviam comido peixes contaminados por mercúrio
proveniente dos efluentes industriais da fábrica despejados na Baia de
Minamata, o que as levou a ter severos danos neurológicos, com distúrbios
sensoriais nas mãos e pés, danos à visão e à audição, fraqueza, paralisia e
morte.

1962

- Publicação do Livro Primavera Silenciosa (de


Rachel Carson): Escritora, cientista e ecologista
norte-americana, em 1945 propôs um artigo sobre
os efeitos nocivos do DDT, que foi rejeitado. Em
1962 depois de anos de pesquisa, lançou o livro
“Primavera Silenciosa”, que demonstrava o
acúmulo de DDT nos tecidos gordurosos dos
animais, inclusive do homem e a possibilidade
desse acúmulo causar doenças como o câncer e
danos genéticos. Foi atacada pela indústria química e por representantes do
governo americano, que chegaram a questionar sua sanidade. Seu livro e sua
ação, posteriormente apoiados por membros da comunidade científica, levou
a uma ordem do Presidente americano para que o comitê científico de seu
governo investigasse as questões levantadas pelo livro, que posicionaram-se
favoráveis aos estudos apresentados. O uso do DDT passou, então, a ser
controlado pelo governo e posteriormente banido. Sua crítica à confiança
cega da humanidade no progresso tecnológico levou milhares de pessoas no
mundo todo a se engajarem na luta de um movimento ambientalista que
surgia.
1965

- Foi utilizada pela promeira vez a expressão “Educação Ambiental”


(Environmental Education) na Conferência de Educação da Universidade de
Keele, na Grã-Bretanha. Nesse momento, via-se a Educação Ambiental
essencialmente como conservação ou ecologia aplicada e o veículo seria a
biologia.

- Pacto Internacional sobre os Direitos Humanos – Assembleia Geral da


ONU.

1968

- Fundação do Clube de Roma: trinta especialistas passaram


a se reunir em Roma para discutir a crise atual e futura da
humanidade.

1969

- René Dubos: Biólogo, foi pioneiro na descoberta dos antibióticos. Pensava


que um organismo vivo só pode ser entendido no contexto das relações que
forma com as coisas ao redor. Passou a analisar essa questão em escala
global, descrevendo as adaptações que acontecem entre a humanidade e a
Terra. Foi um dos primeiros a alertar sobre os afeitos da ação antrópica,
mas era contra o caráter alarmista e o posicionamento do homem como vilão
da natureza afirmado pelas manifestações iniciais do
movimento ambientalista. Acreditava na capacidade
humana de criar e renovar-se. Foi um dos responsáveis
pela redação do relatório da Conferência de
Estocolmo (1972). Algumas obras: Um Deus Interior;
Apenas uma Terra e Um Animal tão Humano (1969).
Seria dele a frase “Pense globalmente, aja
localmente.”

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Década de 1970

No início da década de 1970, importantes organismos especializados das


Nações Unidas iniciaram programas em vários países desenvolvidos
estabelecendo instituições nacionais para fazer a gestão das questões
ambientais (ministérios do meio ambiente, organismos especializados). O
elemento ambiental integrou-se aos programas de muitos organismos
intergovernamentais e governamentais que se ocupavam das estratégias de
desenvolvimento.

Com o notável avanço da Ecologia e de outras ciências correlatas, grande


parte do conhecimento existente sobre o meio ambiente, que era suficiente
para satisfazer às necessidades no passado, passou a ser insuficiente para
embasar a tomada de decisões com relação à preservação e à proteção do
meio ambiente.

A fim de buscar respostas a muitas dessas questões, realizou-se, em 1972,


a Conferência de Estocolmo, um grande marco na questão ambiental. Desde
então, a Educação Ambiental passou a ser considerada como campo da ação
pedagógica, adquirindo relevância e vigência internacionais.

Em 1975, a UNESCO, em colaboração com o Programa das Nações Unidas


para o Meio Ambiente (PNUMA), em resposta à recomendação 96 da
Conferência de Estocolmo, cria o Programa Internacional de Educação
Ambiental (PIEA), destinado a promover, nos países-membros, a reflexão, a
ação e a cooperação internacional nesse campo. Sem dúvida, a Conferência
de Estocolmo configurou-se mais como um ponto centralizador para
identificar os problemas ambientais do que como um começo da ação para
resolvê-los.

Dois anos após a realização da Conferência de Estocolmo, celebrou-se em


Tbilisi (URSS), a Conferência Intergovernamental sobre Educação
Ambiental, que constitui, até hoje, o ponto culminante do Programa
Internacional de Educação Ambiental. Nessa conferência foram definidos
os objetivos e estratégias pertinentes em nível nacional e internacional.

Postulou-se que a Educação Ambiental é um elemento essencial para uma


educação global orientada para a resolução dos problemas por meio da
participação ativa dos educandos na educação formal e não formal, em favor
do bem-estar da comunidade humana.
Acrescentou-se aos princípios básicos da Educação Ambiental
estabelecidos nessa conferência, a relação natureza-sociedade que,
posteriormente, na década de 1980, deu origem à vertente socioambiental
da Educação Ambiental.

A sensibilidade diante do meio ambiente aumentou entre as populações mais


ricas e com maior nível de educação, sendo estimulada por meio de livros,
filmes, jornais, revistas e meios de comunicação eletrônicos. As
organizações não governamentais desempenharam um importante papel no
desenvolvimento de uma melhor compreensão dos problemas ambientais.

Links:
https://apambiente.pt/_zdata/Politicas/DesenvolvimentoSustentavel/1972_Decl
aracao_Estocolmo.pdf.

https://www.mma.gov.br/o-ministerio/apresentacao/itemlist/category/84-a-
politica-de-educacao-ambiental.html

Cenário nacional e internacional:

1970

- Workshop UICN – em Carson City (Nevada, EUA): promovido pela União


Internacional para a Conservação da Natureza (UICN). Segundo alguns
autores, a Educação Ambiental teve a sua primeira definição: processo que
consiste em reconhecer valores e clarificar conceitos com o objetivo de
incrementar as atitudes necessárias para compreender e apreciar as inter-
relações entre o Homem, a sua cultura e o meio biofísico.

1971
- Cria-se no Rio Grande do Sul a Associação Gaúcha de Proteção ao
Ambiente Natural (AGAPAN).

1972

- Clube de Roma e “Os Limites do Crescimento”: O Clube de Roma é um


grupo de composto por cientistas, industriais e políticos constituído em
1968 com objetivo de discutir temas relacionados à política, economia
internacional, meio ambiente e desenvolvimento sustentável. O Grupo
encomendou um estudo ao Massachusetts Institute of Technology (MIT)
com o objetivo de analisar problemas cruciais para o futuro desenvolvimento
da humanidade. A pesquisa gerou em 1972 o estudo intitulado “Os Limites
do crescimento" que refletiu a seguinte constatação: as tendências de
crescimento da população global e da atividade econômica não eram
sustentáveis e levariam a um esgotamento dos limites físicos dos recursos
do planeta. O estudo argumentava a favor da diminuição significativa das
atividades produtivas em todo o mundo, com ênfase no corte da produção
industrial.

- Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano ou


Conferência de Estocolmo: foi um marco na questão ambiental. Contou com
a presença de representantes de 114 países, 250 ONGs e apenas 2 Chefes
de Estado. Chamou a atenção das nações para a gravidade da degradação da
natureza. Foi marcada pelo confronto entre os países desenvolvidos e
subdesenvolvidos. A Declaração aprovada introduziu na agenda política
internacional a dimensão ambiental como condicionadora e limitadora do
modelo tradicional de crescimento econômico e do uso dos recursos
naturais. É feita a sugestão da criação de um Programa Internacional de
Educação Ambiental (PIEA).

Participação Brasileira em Estocolmo

A Delegação Brasileira na Conferência de Estocolmo declara que o país está


“aberto à poluição, porque o que se precisa são dólares, desenvolvimento e
empregos” – apesar disso, contraditoriamente, o Brasil lidera os países do
Terceiro Mundo para não aceitar a Teoria do Crescimento Zero proposta
pelo Clube de Roma.

O Brasil participou ativamente nos encontros preparatórios. Encabeçou a


reação dos países em desenvolvimento contra metas e limitações propostas
pelos países desenvolvidos. Entretanto, pela conjuntura política da época, da
participação do Brasil em Estocolmo restou a triste lembrança da
representação do governo brasileiro que, conforme amplamente divulgado,
convidou os poluidores a vir ao país para participarem da construção do
progresso. A política econômica do governo defendia a tese de que era
preciso primeiro fazer crescer, gerar recursos financeiros, onde as
prioridades eram o desenvolvimento do parque industrial e a expansão da
fronteira agrícola, considerando secundárias as externalidades decorrentes
da poluição e do esgotamento dos recursos naturais.

1973

- Cria-se a Secretaria Especial do Meio Ambiente, SEMA, no âmbito do


Ministério do Interior, que, entre outras atividades, contempla a Educação
Ambiental.

- Conceito de Ecodesenvolvimento: lançado pelo canadense Maurice Strong,


baseado nos princípios formulados por Ignacy Sachs:

 satisfação das necessidades básicas;


 solidariedade com as gerações futuras;
 participação da população envolvida;
 preservação dos recursos naturais e do meio ambiente;
 elaboração de um sistema social que garanta emprego,
segurança social e respeito a outras culturas;
 programas de educação.

1975

- Carta de Belgrado: meta da Educação Ambiental: desenvolver uma


população mundial que esteja consciente e preocupada com o meio ambiente
e com os problemas que lhe são associados, e que tenha conhecimento,
habilidade, atitude, motivação e compromisso para trabalhar individual e
coletivamente na busca de soluções para os problemas existentes e para a
prevenção de novos.

Link:

http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/CBelgrado.pdf
1977

- Seminários, encontros e debates preparatórios à Conferência de Tbilisi


são realizados pela FEEMA, RJ.

- A SEMA constitui um grupo de trabalho para a elaboração de um


documento sobre a Educação Ambiental, definindo o seu papel no contexto
brasileiro.

- Conferência Intergovernamental de Tbilisi (Geórgia) e Declaração de


Tbilisi: foi organizada pela UNESCO e pelo Programa de Meio Ambiente da
ONU – PNUMA. Essa declaração é considerada referência para a Educação
Ambiental, uma vez que dela resultaram definições, objetivos, princípios e
estratégias para a Educação Ambiental no mundo. A educação deve
desempenhar uma função capital, visando criar uma consciência e melhor
compreensão dos problemas que afetam o meio ambiente. Essa educação vai
estimular a formação de comportamentos positivos em relação ao meio
ambiente e à utilização de seus recursos pelas nações.

LINK:
https://www.mma.gov.br/informma/item/8065-recomenda%C3%A7%C3%B5es-
de-tbilisi.html

1978

- A Secretaria de Educação do Rio Grande do Sul desenvolve o Projeto


Natureza (1978-1985).

- Criação de cursos voltados às questões ambientais em várias universidades


brasileiras.

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Década de 1980

A década de 1980 caracterizou-se por uma profunda crise econômica que


afetou vários países e trouxe um agravamento dos problemas ambientais.

No Brasil, a Política Nacional do Meio Ambiente, definida por meio da Lei


nº 6.983/81, situa a Educação Ambiental como um dos princípios que
garantem “a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental
propícia à vida, visando assegurar no país condições ao desenvolvimento
socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da
dignidade da vida humana”. Estabelece, ainda, que a Educação Ambiental
deve ser oferecida em todos os níveis de ensino e em programas
específicos direcionados para a comunidade. Visa, assim, à preparação de
todo cidadão para uma participação na defesa do meio ambiente.

Em 1982, Minas Gerais realiza o I Congresso Mineiro de Educação, cria a


figura do Colegiado de Escola, que prioriza uma educação escolar voltada
para a formação da cidadania, em consonância com as necessidades reais da
população.

O Decreto nº 88.351/83 (revogado pelo Decreto Federal nº 99.274/90)


determinou a necessidade da inclusão da Educação Ambiental nos currículos
escolares de 1º e 2º graus. Além disso, recomendou a incorporação de temas
ambientais da realidade local compatíveis com o desenvolvimento social e
cognitivo dos alunos e a integração escola-comunidade como estratégia de
aprendizagem.

https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1980-1987/decreto-88351-1-
junho-1983-438446-publicacaooriginal-1-pe.html

Em 1987, realizou-se o Congresso Internacional sobre a Educação e


Formação Relativas ao Meio Ambiente, em Moscou (Rússia), promovido
pela UNESCO. No documento final, Estratégia Internacional de ação em
matéria de educação e formação ambiental para o decênio de 90,
ressaltou-se a necessidade de atender prioritariamente à formação de
recursos humanos nas áreas formais e não formais da Educação Ambiental e
a inclusão da dimensão ambiental nos currículos de todos os níveis de ensino.
Nesse mesmo ano, o MEC aprova o Parecer 226/87 do conselheiro Arnaldo
Niskier, em relação à necessidade de inclusão da Educação Ambiental nos
currículos escolares de 1º e 2º Graus. Esse parecer recomenda a
incorporação de temas ambientais da realidade local compatíveis com o
desenvolvimento social e cognitivo da clientela e a integração escola-
comunidade como estratégia de aprendizagem.

https://siteantigo.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/biologia/segund
o-congresso-internacional-sobre-educacao-e-formacao-ambiental-de-
moscou/27565

http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao13.pdf

A Constituição Brasileira de 1988, em seu Art. 225, inciso VI, destaca a


necessidade de ‘’promover a Educação Ambiental em todos os níveis de
ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente’’.

A análise da economia mundial das três últimas décadas revelou que o


distanciamento entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos tem
aumentado. Nesse período, a economia dos países desenvolvidos
caracterizou-se por processos inflacionários, associados a um crescente
desemprego, induzindo a uma combinação de políticas macroeconômicas que
aumentou os problemas socioambientais, com o agravamento do processo de
deterioração dos recursos naturais renováveis e não renováveis nos países
em desenvolvimento.

Os processos de globalização do sistema econômico aceleraram-se. Os


fatores globais adquiriram maior importância na definição das políticas
nacionais, mas que perderam força diante das potências econômicas
mundiais. Há uma redefinição do papel do Estado na economia nacional, uma
crescente regionalização ou polarização da economia e uma paulatina
marginalização de algumas regiões ou países, em relação à dinâmica do
sistema econômico mundial. Os países que dependem de produtos básicos
ficaram prejudicados.
Cenário internacional e nacional:

1980
- Seminário Regional Europeu sobre Educação Ambiental para Europa e
América do Norte – assinala a importância do intercâmbio de informações e
experiências.

- Seminário Regional sobre Educação Ambiental nos Estados Árabes,


Manama, Barein – UNESCO-PNUMA.

- Primeira Conferência Asiática sobre Educação Ambiental em Nova Delhi,


Índia.

- A Estratégia Mundial para a Conservação: documento elaborado sob o


patrocínio e supervisão do Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente (PNUMA), da União Internacional para a Conservação da
Natureza (UICN) e do Fundo Mundial para a Vida Selvagem (WWF). Explora
as ligações entre conservação de espécies e ecossistemas e entre
manutenção da vida no planeta e a preservação da diversidade biológica. Foi
um dos documentos que trataram inicialmente do conceito de
"desenvolvimento sustentável".

1984

- O Desastre de Bhopal (Índia): na


madrugada de 03 de dezembro de 1984,
40 toneladas de gases letais vazaram de
uma fábrica de agrotóxicos em Bhopal,
na Índia. Foi o maior desastre químico da
história! Mais de 8.000 pessoas
morreram e hoje, mais de 150.000 sobreviventes com doenças crônicas
ainda necessitam de cuidados médicos e uma segunda geração de crianças
continua a sofrer os efeitos da herança tóxica deixada pela indústria.

- O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) apresenta uma


resolução, estabelecendo diretrizes para a Educação Ambiental, que não é
tratada.
1986

- A SEMA e a Universidade de Brasília organizam o 1º Curso de


Especialização em Educação Ambiental (1986-1988).

- I Seminário Nacional sobre Universidade e Meio Ambiente.

- Seminário Internacional de Desenvolvimento Sustentado e Conservação de


Regiões Estuarinas – Lagunares (Manguezais), São Paulo.

1987

- Congresso Internacional da UNESCO-PNUMA sobre Educação e Formação


Ambiental – Moscou – realiza a avaliação dos avanços desde Tbilisi, reafirma
os princípios de Educação Ambiental e assinala a importância e necessidade
da pesquisa e da formação em Educação Ambiental.

- Declaração de Caracas – ORPAL-PNUMA – sobre gestão Ambiental na


América – denuncia a necessidade de mudar o modelo de desenvolvimento.

http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/educacaoambiental/deccarac
as.pdf

- Primeiro Seminário sobre Materiais para a Educação Ambiental – ORLEAC-


UNESCO-PIESA. Santiago, Chile.

- Divulgação do relatório da Comissão Brundtland “Nosso Futuro Comum”


ou "Relatório Brundtland: foi um documento elaborado pela Comissão
Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento da ONU (presidida
pela primeira-ministra da Noruega, Gro Brundtland). Sintetiza a visão
crítica do modelo de desenvolvimento adotado, ressaltando a
incompatibilidade entre os padrões de produção e consumo vigentes nos
países industrializados e buscado pelos países em desenvolvimento com o
uso racional dos recursos naturais e a capacidade de suporte dos
ecossistemas. Também foi um dos documentos que trataram inicialmente do
conceito de "desenvolvimento sustentável“.

LINK – TEXTO COMPLETO - HISTÓRICO ORIGINAL DO DOCUMENTO


NOSSO FUTURO COMUM:
https://ambiente.files.wordpress.com/2011/03/brundtland-report-our-
common-future.pdf
- II Seminário Universidade e Meio Ambiente, Belém, Pará.

1988

- A Fundação Getúlio Vargas traduz e publica o relatório Brundtland,


Nosso futuro comum.

- A Secretaria de Estado do meio Ambiente de São Paulo e a CETESB


publicam a edição-piloto do livro Educação Ambiental – Guia para
professores de 1º e 2º graus.

- I Fórum de Educação Ambiental – São Paulo.

1989

- Criação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais


Renováveis (IBAMA), pela fusão da SEMA, SUDEPE, SUDHEVEA e IBDF,
onde funciona a Divisão de Educação Ambiental.

- Programa de Educação Ambiental em Universidade Aberta da Fundação


Demócrito Rocha, por meio de encartes nos jornais de Recife e Fortaleza.

- Primeiro Encontro Nacional sobre Educação Ambiental no Ensino


Formal, IBAMA-UFRPE, Recife.

- Cria-se o Fundo Nacional do Meio Ambiente no Ministério do Meio


Ambiente, apoiando projetos que incluem a Educação Ambiental.

- III Seminário Nacional sobre Universidade e Meio Ambiente (Cuiabá,


Mato Grosso).

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Década de 1990

Começou a ser preparada a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio


Ambiente e Desenvolvimento ou Eco 92 ou Rio 92, na qual a grande
preocupação se centralizou nos problemas ambientais globais e nas questões
de desenvolvimento sustentável.

Foi realizada no Rio de Janeiro, por convite do Brasil. Contou com a


presença de representantes de 178 países e 117 chefes de Estado. Propiciou
amplo debate sobre as questões ambientais. Foram assinados cinco
documentos:

 Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e


Desenvolvimento;

 Agenda 21;
 Princípios para a Administração Sustentável das Florestas;

 Convenção da Biodiversidade;

 Convenção sobre Mudança do Clima.

LINK:
http://www.senado.gov.br/noticias/Jornal/emdiscussao/rio20/a-
rio20/conferencia-rio-92-sobre-o-meio-ambiente-do-planeta-desenvolvimento-
sustentavel-dos-paises.aspx

O documento entitulado “Agenda 21” estabeleceu uma proposta de ação


para os próximos anos. Procurou assegurar o acesso universal ao ensino
básico, conforme recomendações da Conferência de Educação Ambiental
(Tbilisi, 1977) e da Conferência Mundial sobre Ensino para Todos:
Satisfação das Necessidades Básicas de Aprendizagem (Jomtien, Tailândia,
1990).

LINK: https://www.unicamp.br/fea/ortega/agenda21/brasil.htm

No contexto da Educação Ambiental - “O ensino, o aumento da consciência


pública e o treinamento estão vinculados virtualmente a todas as áreas de
programa da Agenda 21 e ainda mais próximas das que se referem à
satisfação das necessidades básicas, fortalecimento institucional e técnica,
dados e informação, ciência e papel dos principais grupos.” Trata das
seguintes áreas para programas:

 (a) Reorientação do ensino no sentido do desenvolvimento


sustentável;

 (b) Aumento da consciência pública;

 (c) Promoção do treinamento.


Sugestões específicas são apresentadas relacionas com outros temas nos
demais capítulos.

Ainda nessa Conferência, em relação à Educação Ambiental, destacamos


dois documentos produzidos: o Tratado de Educação Ambiental para
Sociedades Sustentáveis – cujos princípios você já viu no módulo III – e a
Carta Brasileira de Educação Ambiental. Essa carta foi resultado de um
workshop sobre Educação Ambiental, promovido pelo MEC no CIAC do Rio
das Pedras em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro.

LINK:

http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/educacaoambiental/tratado.pdf

No Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis,


elaborado pelo fórum das ONGs, explicitou-se o compromisso da sociedade
civil para a construção de um modelo mais humano e harmônico de
desenvolvimento, onde se reconhecem os direitos humanos da terceira
geração, a perspectiva de gênero, o direito e a importância das diferenças e
o direito à vida, baseados em uma ética biocêntrica e no amor.

Já na Carta Brasileira de Educação Ambiental, elaborada pela Coordenação


de Educação Ambiental no Brasil, foram estabelecidas as recomendações
para a capacitação de recursos humanos.

Cenário nacional e internacional:

1990

- IV Seminário Nacional sobre Universidade e Meio Ambiente, Florianópolis,


Santa Catarina.

- I Curso Latino-Americano de Especialização em Educação Ambiental,


PNUMA-IBAMA-CNPq-CAPES-UFMT, Cuiabá, Mato Grosso (1990-1994).

1991
- Portaria n.º 678 do MEC (14/05/91) institui que todos os currículos nos
diversos níveis de ensino deverão contemplar conteúdos de Educação
Ambiental.
1992

- Criação dos Núcleos Estaduais de Educação Ambiental do IBAMA (NEAs).

- Participação das ONGs do Brasil no Fórum de ONGs e na redação do


Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis.

- Publicação dos livros “Amazônia: uma proposta interdisciplinar de


Educação Ambiental (Temas básicos)” e “Amazônia: uma proposta
interdisciplinar de Educação Ambiental (Documentos metodológicos)”,
Brasília, 1992-1994 (IBAMA-Universidade e SEDUCs da região).

- Criação dos Centros de Educação Ambiental do MEC, com a finalidade de


criar e difundir metodologias em Educação Ambiental.

1994

- Aprovação do Programa Nacional de Educação Ambiental (PRONEA), com a


participação do MMA-IBAMA-MEC-MCT-MINC.
- Publicação em português da Agenda 21, feita por crianças e jovens,
UNICEF.

- III Fórum de Educação Ambiental, São Paulo.

1996

- A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/96)


estabelece em seu artigo 32, inciso II, que o ensino terá por objetivo a
formação básica do cidadão, mediante, entre outras coisas, da
“compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da
tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade.”

LINK:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&ali
as=15548-d-c-n-educacao-basica-nova-pdf&category_slug=abril-2014-
pdf&Itemid=30192

- Criação da Câmara Técnica de Educação Ambiental do CONAMA.

- Novos Parâmetros Curriculares do MEC que incluem a Educação


Ambiental como tema transversal do currículo.

- Cursos de Capacitação em Educação Ambiental para os técnicos das


SEDUCs e DEMECs nos estados, para orientar a implantação dos
Parâmetros Curriculares – convênio UNESCO-MEC.

- Criação da Comissão Interministerial de Educação Ambiental, MMA.

LINK:

http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro01.pdf. Acessado em
06/052011.

1997

- Protocolo de Kyoto: foi um acordo internacional para reduzir as emissões


de gases-estufa dos países industrializados e para garantir um modelo de
desenvolvimento limpo aos países em desenvolvimento. Foram metas de
redução de emissão para os países desenvolvidos até 2012 com base nos
valores de 1990. Também estabeleceu outras medidas, como o estímulo à
substituição do uso dos derivados de petróleo pelo da energia elétrica e do
gás natural. Os EUA saíram das discussões.

LINK:

https://acervodigital.unesp.br/bitstream/123456789/66267/7/7_protocol
o_kyoto.pdf

- É criada a Diretoria de Educação e Extensão Ambiental da Secretaria


de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentáve – SEMAD/MG.

- Criação da Comissão de Educação Ambiental do MMA.

- Cursos de Educação Ambiental organizados pelo MEC – Coordenação de


Educação Ambiental para as escolas técnicas e segunda etapa de
capacitação das SEDUCs e DEMECs – convênio UNESCO – MEC.
- I Teleconferência Nacional de Educação Ambiental, MEC.

- IV Fórum de Educação Ambiental e I Encontro da Rede Educadores


Ambientais, Vitória.

- I Conferência Nacional de Educação Ambiental, em Brasília. Resultou na


Declaração de Brasília para a Educação Ambiental.

Link:
https://www.mma.gov.br/informma/item/8069-declara%C3%A7%C3%A3o-
de-bras%C3%ADlia-para-a-educa%C3%A7%C3%A3o-ambiental.html

- Rio+5: promovida pela ONU nos EUA para relembrar os 5 anos de


realização da Rio 92 e teve o objetivo de avaliar o que se fez desde então
pelo meio ambiente e desenvolvimento sustentável, com maior destaque para
a Agenda 21.

- As 41 recomendações de Tbilisi (1977) foram colocadas no site do MMA e


em um livro publicado pelo IBAMA.

- Conferência Internacional em Ambiente e Sociedade: Educação e


Conscientização Pública para a Sustentabilidade: promoveu encontros no
Brasil, como em diversos países e resultou na Declaração de Thessaloniki.

1999

- Criação da Diretoria de Educação Ambiental do MMA no Gabinete do


Ministro.

- Aprovada a Lei 9.597/99 que institui a Política Nacional de EA.

- Programa Nacional de Educação Ambiental (PRONEA).

- A Coordenação de EA do MEC passa a formar parte da Secretária de


Ensino Fundamental – COEA.

- I Encontro Internacional da Carta da Terra na Perspectiva da Educação,

em São Paulo.

LINKS:

https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessioni

d=50EE32BD99AF52EB7D5DB8E7E03AE765.node1?codteor=634068&filen

ame=LegislacaoCitada+-PL+4692/2009
https://www.mma.gov.br/estruturas/educamb/_arquivos/pronea3.pdf

https://www.mma.gov.br/estruturas/agenda21/_arquivos/carta_terra.pdf

https://www.mma.gov.br/estruturas/agenda21/_arquivos/CartaDaTerraHis

toria2105.pdf

******************************************************************

Educação Ambiental Hoje

A Educação Ambiental é vista hoje como uma possibilidade de


transformação ativa da realidade e das condições da qualidade de vida, por
meio da conscientização advinda da prática social reflexiva embasada pela
teoria (Loureiro, 2006).

Segundo Loureiro (2006), essa conscientização é obtida com a capacidade


crítica permanente de reflexão, diálogo e apropriação de diversos
conhecimentos. Esse processo torna-se fundamental para se formar
sociedades sustentáveis, ou seja, orientadas para enfrentar os desafios da
contemporaneidade, garantindo qualidade de vida para essa e futuras
gerações.

Portanto, a Educação Ambiental deve ser entendida em seu sentido mais


amplo, voltada para a formação de pessoas para o exercício da cidadania
responsável e consciente, e para uma percepção ampliada sobre os
ambientes no qual estão inseridas.

Atualmente, estamos vivendo, a proposta das Nações Unidas de Educação


para o Desenvolvimento Sustentável, proclamada pela Assembleia Geral
das Nações Unidas que possui os seguintes objetivos:

1.valorizar o papel fundamental que a educação e a aprendizagem


desempenham na busca comum do desenvolvimento sustentável;

2.facilitar os contatos, a criação de redes, o intercâmbio e a interação


entre as partes envolvidas no programa Educação para o Desenvolvimento
Sustentável – EDS;

3.fornecer o espaço e as oportunidades para aperfeiçoar e promover o


conceito de desenvolvimento sustentável e a transição a ele por meio de
todas as formas de aprendizagem e de sensibilização dos cidadãos;
4.fomentar a melhoria da qualidade do ensino e da aprendizagem no âmbito
da educação para o desenvolvimento sustentável;

5.desenvolver estratégias em todos os níveis, visando fortalecer a


capacidade no que se refere à EDS.

A UNESCO é a agência líder para promover a década e para estabelecer


padrões de qualidade para a educação voltada para o desenvolvimento
sustentável. Seu principal objetivo é o de integrar os princípios, os valores e
as práticas do desenvolvimento sustentável a todos os aspectos da educação
e da aprendizagem.

A eduçação para o futuro sustentável significa incluir questões chave sobre


o desenvolvimento sustentável no ensino e na aprendizagem, por exemplo,
mudança climática, redução de riscos de desastres, biodiversidade, redução
da pobreza e consumo sustentável. Também requer métodos participativos
de ensino e aprendizagem para motivar e empoderar alunos a mudar seus
comportamentos e tomar atitude em favor do desenvolvimento sustentável.
A Educação para o Desenvolvimento Sustentável promove competências
como pensamento critico, reflexão sobre cenários futuros e tomadas de
decisão de forma colaborativa.

Isso requer mudanças profundas no modo que a educação é praticada hoje.


Esse esforço educacional irá incentivar mudanças de comportamento que
virão a gerar um futuro mais sustentável em termos da integridade
ambiental, da viabilidade econômica e de uma sociedade justa para as
gerações presentes e futuras. Isso representa uma nova visão da educação
capaz de ajudar pessoas de todas as idades a entender melhor o mundo em
que vivem, tratando da complexidade e do interrelacionamento de
problemas tais como pobreza, consumo predatório, degradação ambiental,
deterioração urbana, saúde, conflitos e violação dos direitos humanos, que
hoje ameaçam nosso futuro.

A preservação do patrimônio ameaçado só será possível com a compreensão


e a responsabilidade compartilhada de diferentes gerações. É fundamental
seguir apoiando o aperfeiçoamento das políticas nacionais em ambos os
temas, pois elas têm perfil transversal, com reflexos em várias áreas da
vida nacional. O impacto das políticas públicas implementadas pode gerar
efeitos de escala planetária, e é importante conscientizar e sensibilizar o
público sobre as implicações desses esforços de preservação.

No contexto das Nações Unidas para sustentabilidade, surgiram Os


Objetivos do Desenvolvimento do Milênio (ODM), que foram estabelecidos
pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) em 2000,
com meta de serem atingidos até 2015.

Esses objetivos emergem dos estudos que a ONU realiza há décadas e que
já foram apresentados em várias conferências, tal como: Estocolmo (1972),
Rio de Janeiro (1992), Johanesburgo (2002) e Rio+20 (2012). Trata-se,
portanto, de uma agenda global importantíssima para os países, em especial
os em desenvolvimento, para que melhorem a qualidade de vida das pessoas.

Durante os 15 anos de ODM, foram reveladas uma série de novas questões


sociais que necessitavam de mais atenção. Por isso, em 2015 o PNUD
elaborou novos objetivos e metas, que denominou ODS – Objetivos do
Desenvovimento Sustentável, com meta até 2030. A agenda é composta por
17 itens - tais como erradicar a pobreza, a fome e assegurar educação
inclusiva - que devem ser implementados por todos os países do mundo.

Os ODS constituem importantes temas para programas e projetos de


educação ambiental, podendo ser inspiração e servir como marcos
orientadores para a execução de atividades junto aos públicos-alvos, no
âmbito dos diversos territórios, seja local, regional, federal ou mesmo
global, conforme as necessidades, interesses, problemas e a busca por
soluções cabíveis.

Fonte: Nações Unidas Brasil - https://brasil.un.org/pt-br/sdgs


Cenário Internacional, Nacional e Estadual:

2000

- Seminário de Educação Ambiental organizado pela COEA/MEC Brasília DF.

- Curso Básico de Educação Ambiental a Distância DEA/MMA UFSC/LED/


LEA.

- I Fórum Internacional sobre Ecopedagogia. A Carta da Terra é o


resultado de uma década de diálogo intercultural, em torno de objetivos
comuns e valores compartilhados. O projeto da Carta da Terra começou
como uma iniciativa das Nações Unidas, mas se desenvolveu e finalizou como
uma iniciativa global da sociedade civil. Em 2000 a Comissão da Carta da
Terra, uma entidade internacional independente, concluiu e divulgou o
documento como a carta dos povos.

2002

- É lançado o Sistema Brasileiro de Informação sobre Educação


Ambiental e Práticas Sustentáveis (SIBEA).

- O Decreto nº 4.281/2002 regulamenta a Lei que institui a Política


Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências.

- Rio+10 em Joanesburgo, na África do Sul. Cúpula Mundial sobre


Desenvolvimento Sustentável. Para muitos, o encontro foi decepcionante,
por ter sido mais uma continuidade do debate filosófico e político, do que
uma discussão de ações e resultados decorrentes da Rio 92.

LINK:

https://www.ana.gov.br/AcoesAdministrativas/RelatorioGestao/Rio10/riom
aisdez/index.php.39.html

2003

- I Encontro Nacional das CIEAs – Comissões Interestaduais de Educação


Ambiental (Brasília).

- A Lei Delegada nº 62/2003 informa em seu artigo 2º, inciso XIV, que
compete à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável – SEMAD “ planejar e coordenar planos, programas e projetos
de educação e extensão ambiental.”
2004

- Foi realizada a Consulta Pública do Programa Nacional de Educação


Ambiental, que reuniu contribuições de mais de 800 educadores ambientais
do país.

- Foi realizado o V Fórum Brasileiro de Educação Ambiental, com o


lançamento da Revista Brasileira de Educação Ambiental e com a criação da
Rede Brasileira de Educomunicação Ambiental - REBECA.

- Após dois anos de existência enquanto Grupo de Estudos, é oficializado o


Grupo de Trabalho em Educação Ambiental da Associação Nacional de Pós-
Graduação e Pesquisa em Educação.

- Foi criado o Grupo de Trabalho de Educação Ambiental no FBOMS, o


Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais.

- Foi realizado o I Encontro Governamental Nacional sobre Políticas Públicas


de Educação Ambiental (resultou no Compromisso de Goiânia)

2005

- Foi realizado o I Encontro Nacional das Salas Verdes (Vitória/ES).

- Foi realizado o II Encontro Nacional das CIEAs (resultou na Carta de


Salvador).

- Na Lei nº 15.441/2005 ou Lei Estadual de Educação Ambiental de Minas


Gerais, cabe destacar seu artigo 4º: “Os programas, os estudos e as
atividades de educação ambiental serão desenvolvidos conforme os
parâmetros e as diretrizes curriculares nacionais, observando-se em
especial: I – a integração dos conteúdos programáticos de educação
ambiental às disciplinas curriculares, de modo transversal, contínuo e
permanente.”

- A Lei nº15.441/2005 também regulamenta o inciso I do § 1º do artigo 214


da Constituição do Estado de Minas Gerais, sendo incumbido ao Estado:
“promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e disseminar,
na forma da lei, as informações necessárias à conscientização pública para a
preservação do meio ambiente.”
- Considerando a sugestão apresentada pela Câmara Técnica de Educação,
Capacitação, Mobilização Social e Informação em Recursos Hídricos, o
Decreto de 22/05/2005, institui a Década Brasileira da Água.

2006

- O Decreto nº 44.264/06 institui a Comissão Interinstitucional de


Educação Ambiental do Estado de Minas Gerais - CIEA.

2007

- A Deliberação Normativa nº 110 do Conselho Estadual de Política


Ambiental – COPAM aprova o Termo de Referência para Educação
Ambiental Não Formal no Processo de Licenciamento Ambiental do
Estado de Minas Gerais. Esse Termo tem como objetivo orientar os
empreendedores (de mineração, siderurgia, hidrelétricas, barragens ao para
irrigação, loteamentos, silviculturas, setor sucroalcooleiro/biocombustíveis
e reforma agrária) na elaboração de Programas de EA – PEAs a serem
apresentados ao Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos
de Minas Gerais como um dos requisitos para obterem licenciamento.

2009

- Foi realizado o VI Fórum Brasileiro de Educação Ambiental, no Campus da


Praia Vermelha da Universidade Federal do RJ (Carta da Praia Vermelha).

- A Resolução nº 98/09 do Conselho Nacional de Recursos Hídricos – CNRH,


estabelece princípios, fundamentos e diretrizes para a educação, o
desenvolvimento de capacidades, a mobilização social e a informação para a
Gestão Integrada de Recursos Hídricos no Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos.

2010

- A Resolução nº 422/10 do Conselho Nacional do Meio Ambiente-


CONAMA, estabelece diretrizes para as campanhas, ações e projetos de
Educação Ambiental.

2011
- O Decreto nº 45.824/11 da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e
Desenvolvimento Sustentável – SEMAD de Minas Gerais estabelece as
competências da Diretoria de Educação e Extensão Ambiental.

2012

- A Lei nº 12.608/12 incluiu o §7º no artigo 26 da Lei de Diretrizes e


Bases da Educação Nacional/96, com o seguinte texto: “Os currículos do
ensino fundamental e médio devem incluir... a educação ambiental de forma
integrada aos conteúdos obrigatórios.”

- A Lei nº 12.633 de 14 de maio instituiu o Dia Nacional da Educação


Ambiental.

- A Resolução nº 02/12 do Conselho Nacional de Educação estabelece as


Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental.

2014
- 8º Fórum Brasileiro de Educação Ambiental em Belém, Pará: II Encontro
Panamazônico de Educação Ambiental.

2017

No ano de 2017 ocorreram alterações na Lei Federal n.º 9.394/96 – LDB


– Lei de Diretrizes e Bases da Educação, pela Lei n.º 13.415/2017
onde a educação ambiental continua como um tema transversal e passa a
vigorar acrescida do art. 35-A:

“(...) A Base Nacional Comum Curricular definirá direitos e objetivos de


aprendizagem do ensino médio, conforme diretrizes do Conselho Nacional de
Educação, nas seguintes área do conhecimento:
I – linguagens e suas tecnologias;
II – matemática e suas tecnologias;
III – ciências da natureza e suas tecnologias;
IV – ciências humanas e sociais aplicadas.

§ 1º A parte diversificada dos currículos de que trata o caput do art.26,


definida em cada sistema de ensino, deverá estar harmonizada à Base
Nacional Comum Curricular e ser articulada a partir do contexto histórico,
econômico, social, ambiental e cultural”.
É importante deixar claro que o Art. 4º da Lei n.º 13.415, de 16 de
fevereiro de 2017, altera ainda o Art. 36 da Lei n.º 9,394, de 20 de
dezembro de 1996, passando a vigorar com as seguintes alterações:
“Art. 36. O currículo do ensino médio será composto pela Base Nacional
Comum Curricular e por itinerários formativos, que deverão ser organizados
por meio da oferta de diferentes arranjos curriculares, conforme a
relevância para o contexto local e a possibilidade dos sistemas de ensino, a
saber:
I – linguagens e suas tecnologias;
II – matemática e suas tecnologias;
III – ciências da natureza e suas tecnologias;
IV – ciências humanas e sociais aplicadas;
V – formação técnica e profissional.

§ 1º A organização das áreas de que trata o caput e das respectivas


competências e habilidades será feita de acordo “com critérios
estabelecidos em cada sistema de ensino”.

§ 3º A critério dos sistemas de ensino, poderá ser composto itinerário


formativo integrado, que se traduz na composição de componentes
curriculares da Base Nacional Comum Curricular – BNCC e dos itinerários
formativos, considerando os incisos I a V do caput acima mencionado”.

Ainda no Art. 11. O dispositivo no § 8º do Art. 62 da Lei n.º 9,394,


de 20 de dezembro de 1996, deverá ser implantado no prazo de dois
anos, contando da publicação da Base Nacional Comum Curricular.
Complementa o Art. 12. Os sistemas de ensino deverão estabelecer
cronograma de implementação das alterações na Lei n.º 9,394, de 20 de
dezembro de 1996, conforme os Arts. 2º, 3º e 4º desta Lei, no
primeiro ano letivo subsequente à data de publicação da Base Nacional
Comum Curricular, e iniciar o processo de implementação, conforme o
referido cronograma, a partir do segundo ano letivo subsequente à data de
homologação da Base Nacional Comum Curricular,
No Art. 13. Fica instituída, no âmbito do Ministério da Educação, a Política
de Fomento à implementação de Escolas de Ensino Médio em Tempo
Integral.
Parágrafo único. A política de Fomento de que trata o caput prevê o repasse
de recursos do Ministério da Educação para os Estados e para o Distrito
Federal pelo prazo de dez anos por escola, contando da data de início da
implementação do ensino médio integral na respectiva escola, de acordo com
termo de compromisso a ser formalizado entre as partes, que deverá conter
no mínimo:

“I – identificação e delimitação das ações a serem financiadas;


II – metas quantitativas;
III – cronograma de execução físico-financeira;
IV – previsão de início e fim de execução das ações e da conclusão das
etapas ou fases programadas”.

Outra questão a considerar é no Art. 2º da Lei n.º 13,415, de 16 de


fevereiro de 2017, que alterou o art. 26 da LDB de 1996, § 7, passando a
ser o seguinte:

“Art. 2º - O Art. 26 da Lei n.º 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a


vigorar com as seguintes alterações:

Art. 26. (...)

§ 7º A integralização curricular poderá incluir, a critério dos sistemas


de ensino, projetos e pesquisas envolvendo os temas transversais de que
trata o caput.

§ 10. A inclusão de novos componentes curriculares de caráter obrigatório


na Base Nacional Comum Curricular dependerá de aprovação do Conselho
Nacional de Educação e de homologação pelo Ministério de Estado da
Educação. (NR)”.

Art. 3º A Lei n.º 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar


acrescida do Art. 35-A, já mencionado anteriormente.

Em Minas Gerais a Secretaria de Estado de Educação - SEE atendeu à


orientação e adequações da BNCC para os sistemas de ensino, tendo como
documento a homologação do Currículo Referência de Minas Gerais. Os
processos de adequações em Minas iniciaram em 2017 e as homologações
ocorreram em 2018 para Educação Infantil e Ensino Fundamental, e em
2021 para o Ensino Médio.

Importante salientar que a Base Nacional Comum Curricular – BNCC, trata-


se, de um documento de caráter normativo que define as aprendizagens
essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e
modalidades da Educação Básica, em conformidade com o o Plano Nacional
de Educação (PNE). A BNCC aplica-se exclusivamente à educação escolar,
assim definida pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB,
Lei nº 9.394/1996), a qual foi alterada em 2017, originando a Lei
13.415/2017.

O enquadramento de temática especiais a critério dos sistemas de ensino


vem do pacto interfederativo, no qual menciona a necessidade de
adequações conforme peculiaridades regionais. Deve-se considerar que o
Brasil, é uma nação onde os entes federados têm autonomia, possuem
acentuada diversidade cultural e profundas desigualdades sociais. Nesse
contexto, os sistemas e redes de ensino devem construir currículos,
permitindo às escolas elaborar propostas pedagógicas que considerem as
necessidades, as possibilidades e os interesses dos estudantes, assim como
suas identidades linguísticas, étnicas e culturais.

http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versao
final_site.pdf

A utilização do Programa Estadual de Educação Ambiental – PEEA/MG, já


existente é uma ferramenta para subsidiar estudos, programas e projetos
na área ambiental junto às ações do Programa a ser implantado, pois o
Programa Estadual contém propostas e orientações por mesorregiões do
Estado, estando disponível para consultas pública, podendo ser acessado
pela internet, por meio do link:

http://www.meioambiente.mg.gov.br/images/stories/educacaoambiental/pr
ograma%20de%20educacao%20ambiental%20do%20estado%20de%20mina
s%20gerais.pdf

No ano de 2007 como já mencionado anteriormente, o Conselho Estadual de


Política Ambiental – COPAM instituiu a Deliberação Normativa COPAM n.º
110, que aprova o Termo de Referência para a Educação Ambiental não
formal no processo de Licenciamento Ambiental do Estado de Minas Gerais
ou aqueles enquadrados nas classes 5 e 6 e para algumas tipologias
(mineração, siderurgia, hidrelétricas, barragens de irrigação, loteamentos,
silviculturas, setor sucroalcooleiro/biocombustíveis e reforma agrária
passaram a ter que elaborar e apresentar Programa de Educação Ambiental.
A referida DN 110 permaneceu em vigor por 10 anos sem nenhuma
atualização e então verificou-se a necessidade de ser revogada e uma nova
DN foi elaborada com adequações. Vale ressaltar que na DN 110 tinha uma
equipe técnica responsável com indicação do coordenador de nível superior,
da equipe de profissionais e respectivas áreas de atuação, com registro
profissional (quando couber). Minas Gerais foi o primeiro Estado do país a
criar essa Lei.
Em 29 de abril de 2017 a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e
Desenvolvimento Sustentável – SEMAD publicou então a Deliberação
Normativa COPAM – DN n.º 214, substituindo a DN 110, estabelecendo as
diretrizes para a elaboração e a execução dos Programas de Educação
Ambiental – PEA no âmbito dos processos de licenciamento ambiental no
Estado de Minas Gerais. Esta Deliberação Normativa foi construída por
iniciativa do setor de Educação Ambiental da SEMAD, por uma equipe de
servidores especialistas em Educação Ambiental e licenciamento ambiental
da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
– SEMAD tendo ainda a contribuição dos demais órgãos ambientais do
Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos – SISEMA
(Secretaria de Estado de Meio Ambiente – SEMAD, Instituto Estadual de
Florestas – IEF, Fundação Estadual do Meio Ambiente – FEAM e o Instituto
Mineiro de Gestão das Águas – IGAM). Foram realizadas diversas reuniões
com os conselheiros da Câmara Normativa e Recursal do COPAM,
representantes de órgãos públicos, setor produtivo e sociedade civil e
também com consultores ambientais especialistas em Educação Ambiental.
Pela nova DN o profissional responsável pelo PEA deverá possuir experiência
em educação não formal e/ou formação com disciplinas nas áreas de meio
ambiente ou de pedagogia e, quando houver mais de um profissional
envolvido, experiência em coordenação de equipes. O PEA é composto de um
ou mais projetos e deverá ser elaborado e executado com base no Termo de
Referência constante no anexo I da DN COPAM n.º 214/2017 e ser
elaborado e executado considerando o empreendimento ou atividade como
um todo, mesmo que possua mais de um processo de licenciamento
ambiental.
O PEA é de longa duração, de caráter contínuo e deverá ser executado ao
longo de toda a fase de implantação e operação da atividade ou
empreendimento, devendo ser encerrado somente após a desativação do
empreendimento ou após o vencimento da licença ambiental, nos casos em
que não houver revalidação da licença. Finalmente as empresas terão muitas
vantagens com a implantação do PEA:
• padronização de procedimentos entre os órgãos licenciadores;
• regras e exigências claras e objetivas (conteúdos e relatórios por fase
de licença ambiental);
• melhor relacionamento com as comunidades.
2018

Em 2018 uma série de incrementos passaram a fazer parte das atividades


de educação ambiental como políticas públicas pela Secretaria de Estado de
Meio Ambiente de Minas Gerais, como o fortalecimento da Comissão
Interinstitucional de Educação Ambiental – CIEA MG e manutenção da
CIEA Regional Zona Mata, comissão essa oriunda da formação inicial das
CIEAs em 2006 e que continua em plena atividade. Importante citar como
ações da CIEA Zona da Mata a regionalização em Polos Regionais, de modo a
dar maior capilaridade às ações na região e a realização permanente dos
Fóruns Regionais de Educação Ambiental – FOREAs. Esses fóruns
constituem como um evento já consolidado pela CIEA Zona da Mata na
região, que tem como objetivos claros o enfoque participativo, democrático,
formador de opiniões, discussão de problemas ambientais na região e a
busca de soluções com o envolvimento dos diversos atores sociais, como
sociedade civil e governo.
O FOREA Zona da Mata é hoje um encontro que ocorre em diversos
municípios da região, com o objetivo claro e concreto em promover o
envolvimento da sociedade por meio da educação ambiental, na busca de
resultados, a partir do planejamento e efetivação de ações sobre temas
relacionados aos problemas ambientais locais, discutidos e planejados,
considerando as potencialidades e vocação regional/local. A programação
inclui encontros com gestores municipais, palestras, oficinas técnicas e
lúdicas, visitas técnicas/campo e feira com mostra de produtos. O público é
formado essencialmente por gestores ambientais municipais e outros
representantes do poder público, sociedade civil organizada e empresas,
como também representantes do setor formal de educação e demais
participantes ligados às questões ambientais.

Ainda em 2018 foram instituídos pelo setor de Educação Ambiental da


Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável -
SEMAD, a então Assessoria de Educação Ambiental e Relações
Institucionais – ASSEA, duas premiações importantes com o objetivo de
valorizar, reconhecer, incentivar e divulgar as boas práticas, ações e
projetos de conservação, preservação e recuperação do meio ambiente e
dos recursos hídricos no Estado de Minas Gerais.
Prêmio Boas Práticas: Instituído pela RESOLUÇÃO CONJUNTA
SEMAD/FEAM/IEF/IGAM nº 2.608, de 7 de março de 2018. Aberto a
sociedade em geral, organizado pelo Sistema Estadual de Meio Ambiente -
SISEMA, com um tema específico a cada ano.
Prêmio Natureza Gerais: Organizado pelo Conselho Estadual de Política
Ambiental – COPAM, o qual faz as indicações, que incluem empresas,
cidadãos e sociedade organizada que realize algo em prol do Meio Ambiente.
Instituído pela Deliberação Normativa COPAM 224/2018.

Também sob coordenação da Assessoria de Educação Ambiental e Relações


Institucionais – ASSEA, a SEMAD instituiu o programa “Diálogos com o
SISEMA”, que consiste na realização de reuniões periódicas, abertas ao
público em geral, para apresentação e discussão de temas ambientais de
interesse comum. RESOLUÇÃO SEMAD Nº 2565, DE 12 DE DEZEMBRO DE
2017.
O programa “Diálogos com o SISEMA” tem as seguintes finalidades:

I - abrir espaço para debate sobre temas relevantes ao meio ambiente;

II - ampliar o âmbito de discussão sobre a temática ambiental com os


setores da sociedade civil, público acadêmico e organizações não
governamentais – ONG’s;

III - garantir a democratização das informações ambientais;

IV - incentivar a participação da sociedade na preservação do equilíbrio do


meio ambiente e na defesa da qualidade ambiental, como exercício da
cidadania.

A cada edição é estabelecido um tema para discussões pertinentes aos


assunto em pauta.

Atualmente o Diálogos com o SISEMA, é realizado em conjunto com as


SUPRAMs, nas reuniões das Unidades Regionais Colegiadas – URCs, de
forma regionalizada, priorizando temas conforme necessidades, interesses
e problemas regionais.

Em Minas Gerais, os órgãos ambientais do Sistema Estadual de Meio


Ambiente e Recursos Hídricos – SISEMA (Secretaria de Estado de Meio
Ambiente – SEMAD, Instituto Estadual de Florestas – IEF, Fundação
Estadual do Meio Ambiente – FEAM e o Instituto Mineiro de Gestão das
Águas – IGAM), desde sua criação, realizam ações de Educação Ambiental
junto com o objetivo da transformação de valores e atitudes, por meio da
construção de novos hábitos e conhecimentos.

O Instituto Estadual de Florestas – IEF, desenvolve desde sua criação em


1962, importantes ações de educação e extensão, capilarizadas em todas as
regiões do Estado de Minas, para o uso sustentado, proteção e preservação
dos recursos florestais e da biodiversidade como um todo. Recentemente
por ocasião dos 55 anos de existência o IEF publicou o Catálogo de Ações
em Educação Ambiental, onde estão relacionadas 136 ações educativas mais
expressivas, consolidadas em diversos projetos junto às suas unidades
regionais, nos mais diversos temas relacionados ao meio ambiente.

Link:
http://www.ief.mg.gov.br/images/stories/2018/DOCUMENTOS/CAT%C3%
81LOGO_Projetos_EA_IEF_.pdf

O Projeto Ambientação é um importante marco na educação ambiental de


Minas, um programa de gestão e educação ambiental, criado em 2003 pela
Fundação Estadual do Meio Ambiente - FEAM caracterizado como uma ação
de comunicação e educação socioambiental cujo objetivo é promover a
sensibilização para a mudança de comportamento e a internalização de
atitudes ecologicamente corretas no cotidiano dos funcionários públicos
mineiros, contribuindo para uma cultura institucional voltada para adoção de
critérios ambientais corretos e qualidade de vida no trabalho, por meio dos
enfoques “Consumo Consciente” e “Gestão de Resíduos” em prédios públicos
do governo.

Atualmente, o programa faz parte do elenco de projetos da DEARI


(Diretoria de Educação Ambiental e Relações Institucionais), que por sua
vez, integra a SUGA (Superintendência de Gestão Ambiental) da SUGES
(Subsecretaria de Gestão Ambiental e Saneamento) da SEMAD,
desenvolvendo as linhas de ação "Consumo Consciente" e "Gestão de
Resíduos", por meio da promoção de campanhas educacionais permanentes e
pontuais e da difusão de procedimentos operacionais compatíveis.
Após mais de 15 anos de experiência, o AmbientAÇÃO vem expandindo sua
atuação para atender também órgãos públicos da esfera judiciária.

Links:

http://www.meioambiente.mg.gov.br/component/content/article/13-
informativo/4318-programa-ambientacao
http://www.ambientacao.mg.gov.br
http://www.facebook.com/programaambientacao
http://www.instagram.com/programaambientacao
http://www.youtube.com.br/redeambientacao

O trabalho de articulação junto aos Comitês de Bacias Hidrográficas


realizado pelo Instituto Mineiro de Gestão das Águas - IGAM, constitui-se
também como uma importante ferramenta em educação ambiental para o
uso dos recursos hídricos. Os comitês de bacias hidrográficas são a base da
gestão participativa e descentralizada dos recursos hídricos, onde o poder
público (municipal e estadual), os usuários de água (indústria, mineração,
dentre outros atores da bacia) e a sociedade civil discutem, negociam e
deliberam sobre a gestão local das águas, utilizando-se de instrumentos
técnicos de gestão, de negociação de conflitos e da promoção dos usos
múltiplos da água. Junto aos comitês são realizados um permanente trabalho
que envolve o debate sobre as questões hídricas; a arbitragem, em primeira
instância administrativa, os conflitos relacionados com o uso da água;
aprovação e acompanhamento da execução do plano de recursos hídricos da
bacia, bem como estabelecimento de mecanismos de cobrança pelo uso da
água, sugerindo valores a serem cobrados e aprovação dos planos de
aplicação de recursos oriundos da cobrança. Inclui ainda ações de junto ao
comitê para aprovar outorga de direito de uso da água para
empreendimentos de grande porte e com potencial poluidor. O Estado de
Minas Gerais possui 36 comitês de bacias hidrográficas, um para cada
unidade de planejamento e gestão de recursos hídricos do Estado. Eles
foram criados entre os anos de 1998 e 2009.
Link: http://www.igam.mg.gov.br/sistema-de-gerenciamento/comites-de-
bacias-hidrograficas

2019

Em dezembro de 2019, a SEMAD passou por um processo de reorganização


de sua estrutura (DECRETO Nº 47.787, DE 13 DE DEZEMBRO DE 2019),
ocorrendo a criação da Subsecretaria de Gestão Ambiental e Saneamento
(Suges), estando a ela vinculada a Superintendência de Gestão Ambiental -
SUGA, na qual foi criada a Diretoria de Educação Ambiental e Relações
Institucionais – DEARI, anteriormente Assessoria e então passou ter
status de Diretoria.

Conforme decreto de reestruturação, a Diretoria de Educação Ambiental e


Relações Institucionais - DEARI tem como competência fomentar,
coordenar e executar ações e políticas públicas de educação ambiental, de
educação humanitária para a promoção do bem-estar animal e de gestão
socioambiental em instituições públicas e privadas.

A DEARI tem como atribuições:


• incentivar a transparência e a participação social na discussão das políticas
públicas ambientais;
• incentivar e valorizar as boas práticas e iniciativas ambientais,
estimulando o intercâmbio de experiências;
• apoiar, elaborar e manifestar sobre propostas de atos normativos e
instruções de serviço relacionadas às matérias de sua competência;
• apoiar a formulação e a implementação de políticas públicas de educação
ambiental e demais áreas de sua competência;
• elaborar, apoiar e executar programas, projetos e ações das suas áreas de
competência, em parceria com o Poder Público, o setor produtivo e a
sociedade civil;
• gerir o Cadastro Estadual de Entidades Ambientalistas;
• apoiar a Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental do Estado de
Minas Gerais – CIEA-MG na execução de suas competências;
• gerir a criação dos Núcleos de Gestão Ambiental e promover sua
interlocução com os demais setores do Sisema;
• articular e promover a gestão transversal e a inserção da variável
ambiental na elaboração e execução de políticas públicas, programas e
projetos;
• fomentar a formação em educação ambiental e em educação humanitária
para a promoção do bem-estar animal.

2020/2021

Dando continuidade ao aperfeiçoamento e adequações conforme


necessidades que surgem nos processos de gestão, em 2020, a Educação
Ambiental no Processo de Licenciamento, foi destaque com uma nova versão
para a Delibração Normativa – DN 214, originando a DN 238 (26
AGOSTO/2020), que traz as novas diretrizes do Programa de Educação
Ambiental (PEA) no âmbito do licenciamento das atividades com impacto ao
meio ambiente em Minas Gerais.
A revisão da DN 214 representa a melhoria dos procedimentos e normas
ambientais, de forma participativa e colaborativa, demonstrando a
importância do licenciamento na proteção do meio ambiente e na construção
de uma sociedade justa e sustentável, considerando ações de educação
ambiental no processo, junto aos atores envolvidos.
Entre algumas alterações da DN 214, está a consideração do conceito de
Área de Abrangência da Educação Ambiental (Abea), que substitui a Área
de Influência Direta (AID). A AID do meio socioeconômico presente no
Estudo de Impacto Ambiental e no Relatório de Impacto Ambiental
(EIA/Rima) em alguns casos pode extrapolar a área nas quais estão os
grupos sociais efetivamente impactados pelo empreendimento.

Por essa razão, a nova redação esclarece situações nas quais os grupos
sociais efetivamente impactados pelos empreendimentos, são mais
restritos, principalmente no caso de empreendimentos menores, pois o
Programa de Educação Ambiental (PEA) era vinculado a todo o município,
criando grandes dificuldades para sua implementação, dessa forma a nova
concepção facilita definir que a área da aplicação da educação ambiental
também está relacionada aos impactos negativos do empreendimento.
Outra mudança prevista na norma é a possibilidade de o empreendedor
iniciar a execução do PEA antes da aprovação pelo órgão ambiental
licenciador, sem prejuízo de eventuais adequações ou correções necessárias
que possam ser solicitadas posteriormente pelo mesmo órgão. Essa mudança,
é importante para evitar a desmobilização do público-alvo a ser contemplado
pelo PEA, já que muitas vezes o lapso temporal entre a realização do Diálogo
Socioambiental Participativo (DSP), a formalização do PEA e da licença de
instalação, e a efetiva realização das ações de educação ambiental pode ser
grande, gerando a desmobilização do público. Com a revisão, a partir do
momento que empreendedor protocolar o PEA ele poderá iniciar a execução
do programa, resguardadas todas as questões técnicas a serem avaliadas
pelo órgão ambiental.

Nesse caso, ficou definido que o empreendedor terá prazos para realizar as
adequações solicitadas pelo órgão ambiental. Outras modificações também
estão previstas na revisão da DN 214, como a repactuação do PEA após
cinco anos de funcionamento e a necessidade de alterações no programa
caso ocorram alterações na licença ambiental. Uma novidade trazida pela
revisão é a inclusão do público flutuante na abrangência do PEA, que se
refere aos indivíduos presentes na Área de Abrangência da Educação
Ambiental, durante um período de curta duração, tais como mão de obra
temporária ou sazonal e/ou atraídos em função de eventuais potenciais
turísticos decorrentes da atividade ou empreendimento.
Link – DN 238/2020:
http://www.siam.mg.gov.br/sla/download.pdf?idNorma=52440

Biblioteca DEARI
Acervo de publicações referentes a produtos elaborados e ações realizadas
pela Diretoria de Educação Ambiental e Relações Institucionais – DEARI.
Criado em 2020.

Participação em Conselhos e Comitês


Como parte das competências de relações institucionais a DEARI participa
de diversos comitês, conselhos e grupos de trabalho, de forma a contribuir
nas políticas públicas. Segue abaixo participações:

✓ Câmara Técnica de Educação, Comunicação e Mobilização do Comitê


da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas

✓ Conselho Estadual do Patrimônio Cultural de Minas Gerais – CONEP


✓ Comitê Gestor Pró-Brumadinho

✓ Fundação Renova

✓ Comissão de Ética da Semad

✓ Comissão de Monitoramento e Avaliação de Parcerias Semad

✓ Comissão Estadual para o Desenvolvimento Sustentável dos Povos e


Comunidades Tradicionais de Minas Gerais - CEPCT/MG

✓ Comitê Estadual de Atenção ao Migrante, Refugiado e Apátrida,


Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e Erradicação do Trabalho
Escravo de Minas Gerais – COMITRATE

✓ Comitê Gestor Estadual de Políticas de Enfrentamento à Dengue,


Chikungunya e Zika

✓ Conselho Estadual de Alimentação – CONSEA

✓ Conselho Estadual da Juventude – CEJUVE

✓ Rede Sustenta Minas

✓ Câmara Técnica de Resíduos da Associação Brasileira de Engenharia


Sanitária e Ambiental – CT-ABES

✓ Oris - Observatório da Reciclagem Inclusiva e Solidária

✓ Grupo de Trabalho – GT Projeto Áreas Prioritárias


________________________________________________
EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ÂMBITO FEDERAL HOJE

O Ministério do Meio Ambiente (MMA), criado em novembro de 1992,


tem como missão formular e implementar políticas públicas ambientais
nacionais de forma articulada e pactuada com os atores públicos e a
sociedade para o desenvolvimento sustentável. A visão de futuro do MMA é
ser reconhecido pela sociedade e pelo conjunto de atores públicos por sua
excelência, credibilidade e eficiência na proteção do meio ambiente.

Atualmente, o MMA como órgão da administração pública federal


direta, conforme Decreto 11.349/23, tem competência nos assuntos:

I - Política nacional do meio ambiente;

II - Política nacional dos recursos hídricos;

III - Política nacional de segurança hídrica;

IV - Política nacional sobre mudança do clima;

V - Política de preservação, conservação e utilização sustentável de


ecossistemas, biodiversidade e florestas;

VI - Gestão de florestas públicas para a produção sustentável;

VII - Gestão do Cadastro Ambiental Rural - CAR, em âmbito federal;

VIII - Estratégias, mecanismos e instrumentos regulatórios e econômicos


para a melhoria da qualidade ambiental e o uso sustentável dos
recursos naturais;

IX - Políticas para a integração da proteção ambiental com a produção


econômica;

X - Políticas para a integração entre a política ambiental e a política


energética;

XI - Políticas de proteção e de recuperação da vegetação nativa;

XII - Políticas e programas ambientais para a Amazônia e para os demais


biomas brasileiros;
XIII - Zoneamento ecológico-econômico e outros instrumentos de
ordenamento territorial, incluído o planejamento espacial marinho, em
articulação com outros Ministérios competentes;

XIV - Qualidade ambiental dos assentamentos humanos, em articulação com


o Ministério das Cidades;

XV - POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL, EM


ARTICULAÇÃO COM O MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO;

XVI - Gestão compartilhada dos recursos pesqueiros, em articulação com o


Ministério da Pesca e Aquicultura.

Nessa nova estrutura, a educação ambiental, se encontra no


DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL E CIDADANIA, ligado
diretamente à Secretaria Executiva do Ministério do Meio Ambiente e
Mudança do Clima, como assistência direta e imediata ao Ministro.

Ao Departamento de Educação Ambiental e Cidadania compete:

I - Coordenar, acompanhar e avaliar a implementação da Política Nacional de


Educação Ambiental no âmbito do Ministério;

II - Articular a implementação de ações relativas à Política Nacional de


Educação Ambiental, com órgãos e entidades do Poder Público federal;

III - Promover, em conjunto com a Assessoria Especial de Comunicação


Social e com outras unidades do Ministério, campanhas de interesse
público com foco em educação ambiental;

IV - Apoiar o Ministério da Educação na elaboração e na difusão de


diretrizes, programas e ações de educação ambiental nos sistemas de
ensino, com vistas a fortalecer a transversalidade do tema e seu
impacto;

V - Apoiar os entes federativos na elaboração e implementação de políticas


estaduais, distrital e municipais de educação ambiental; e

VI - Subsidiar a formulação de políticas, estratégias, estudos e iniciativas


relacionadas ao consumo sustentável.
Fonte:

https://www.gov.br/mma/pt-br/acesso-a-informacao/institucional/quem-e-
quem-1

https://modeloinicial.com.br/lei/DEC-11349-2023/anexo-estrutura-
regimental-ministerio-meio-ambiente-mudanca-clima-@AI

_________________________________________

EDUCAÇÃO AMBIENTAL FORMAL – MINAS GERAIS

Algumas notas sobre o


Currículo Referência de Minas Gerais

Ricardo Henrique Cottini (*)

Em Minas Gerais o direcionamento para se aplicar a educação ambiental no


ensino formal, está orientado pelo Currículo Referência de Minas Gerais –
Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, numa construção
coletiva de ações contempladas no Projeto Pedagógico Escolar dos sistemas
de ensino, inserindo as diferentes áreas do conhecimento, por meio dos Temas
Transversais, com estratégias metodológicas, recursos didáticos,
peculiaridades regionais/locais, práticas e saberes dos sujeitos envolvidos no
processo, objetivando promover o desenvolvimento integral e interdisciplinar
dos estudantes.
O Currículo Referência de Minas Gerais - CRMG, é um documento de governo,
no qual institui e apresenta as diretrizes para a educação formal em Minas
Gerais, na Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio. A construção do
Currículo, foi participativa, dialógica entre diferentes atores da educação,
composta por corpo técnico da educação estadual, municipal, rede particular e
entidades de classe do setor, dando legitimidade, atendendo aos princípios de
uma escola democrática, participativa, com respeito a equidade, diversidade e
inclusão, considerando os sujeitos e seus tempos de vivência, conforme o local
onde vivem, reconhecendo e valorizando os diferentes povos, culturas,
territórios e tradições existentes no Estado.
Essa organização curricular atende aos princípios preconizados pela Base
Nacional Curricular Comum - BNCC, referente a uma base comum, porém com
a convergência da Base, com a realidade do território e dos estudantes.
Destaca-se aqui nesse contexto heterogeneidade de Minas Gerais, ao que
remete às afirmações conhecidas por todos os mineiros: “Minas são muitas.
Minas um Estado País. Minas de muitas culturas e muitas tradições.” O CRMG
atende a essas características do território mineiro, com múltiplas tradições,
saberes e modos de ser.
Participaram da elaboração técnica as seguintes instituições:
_______________________________________________________________
(*) Ricardo Henrique Cottini – Analista e Educador Ambiental - DIRETORIA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL E
RELAÇÕES INSTITUCIONAIS - SEMAD - MG. 2021.
• Comissão Estadual para Implementação da Base Nacional Comum Curricular
União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação, seccional Minas
Gerais - UNDIME/MG;
• Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais -SEE/MG;
• Sindicato dos Professores de Minas Gerais - SINPRO/MG;
• Fórum Estadual Permanente de Educação de Minas Gerais – FEPEMG;
• União Nacional dos Conselhos Municipais de Educação - UNCME/MG;
• Conselho Estadual de Educação de Minas Gerais - CEE/MG;
• Fórum Mineiro de Educação Infantil;
• Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais - SINEP/MG.

De acordo com a Base Curricular Nacional e seguida por Minas Gerais, a


transversalidade e a interdisciplinaridade são metodologias significativas para
potencializar o processo de ensino-aprendizagem, numa visão integral,
aplicada às temáticas especiais, o que inclui a educação ambiental.
Sendo assim, a educação ambiental, no ensino formal deve promover
situações nas quais os alunos possam: observar, analisar, propor, planejar,
investigar, relatar, desenvolver e implementar ações de intervenção para
melhorar a qualidade de vida individual, coletiva e socioambiental. O professor
como moderador no processo de ensino-aprendizagem, deve despertar nos
estudantes a capacidade investigativa para a resolução de problemas,
conforme suas necessidades, interesses e problemas, do local onde vivem.
“Agir localmente em primeiro lugar, mas pensar globalmente”.
O trabalho de educar ambientalmente, seja ele Formal ou Não-Formal, deve
sempre levar o cidadão a conhecer as problematizações interdisciplinares, no
qual, princípios transversais deverão ser utilizados como técnica de ensino-
aprendizagem.
Trabalhar de forma transversal, é instituir, na prática educativa, uma analogia
entre aprender conhecimentos teoricamente sistematizados (aprender sobre a
realidade) e as questões da vida real (aprender na realidade e da realidade).
Inclui-se, portanto, aqui, o entrelaçamento de fatos e conceitos, com múltiplas
abordagens e olhares, capazes de formar uma ideia crítica e analista do que se
pretende chamar atenção e buscar soluções ou contribuições de melhorias.
Importante salientar, que a educação ambiental não se resume apenas na
apresentação de conceitos científicos dos elementos naturais (solo, água,
plantas, animais, ar, água), pois isso deixa o aluno sem as devidas
compreensões num sentido mais amplo. Claro que a base científica, deve fazer
parte do processo, mas compartilhada, de um sentido de sensibilização e
percepção do espaço onde vive.
O enfoque da educação ambiental no ensino formal, não pode ser apenas
técnico, regado ao letramento científico, pois torna o processo um compêndio
de conceituações sem significados de vivência e experiências reais, carecendo
de um aspecto biopsicossocioambiental. Nesse processo além da ciência e
seus conceitos, há de se proporcionar vivências reflexivas que irão aguçar o
aspecto psicoemocional, a sensibilidade dos estudantes. Entra aqui, um
trabalho educativo junto aos estudantes, que seja profundo e desperte para a
responsabilidade ambiental num amplo sentido – técnico e humanista, plural
com múltiplos olhares, possibilitando a formação de sua identidade, enquanto
cidadão do mundo, que leve à construção de sociedades sustentáveis, tendo
pessoas aptas no presente e colaborativas para construir o futuro. Para isso o
processo no meio escolar deve ser contínuo e progressivo na aprendizagem,
conforme o avanço dos níveis das séries e idade do estudante (CURRÍCULO
REFERÊNCIA DE MINAS GERAIS, 2018, p. 737-747).
Conforme é apresentado no Currículo Referência – Volume Ensino Médio, a
educação ambiental deve ser transformadora e pautada no senso crítico, em
conformidade com a BNCC buscando desenvolver ações de intervenção para
melhorar a qualidade de vida individual, coletiva e socioambiental. O enfoque
abrange, o agir pessoal e coletivo no ambiente onde vive – local, baseado em
valores éticos, participativos, responsabilidade, flexibilidade, resiliência,
determinação e respeito a diversidade e inclusão. Em Minas Gerais, a
educação ambiental no ensino formal, deve ser desenvolvida ao longo de toda
a educação básica para que, os estudantes de todas as etapas possam
entender o ambiente onde estão inseridos, observando o seu funcionamento,
sua importância e a necessidade de sua preservação para a garantia da vida
(CURRÍCULO REFERÊNCIA DE MINAS GERAIS, 2021, p. 410-415).
O detalhamento da Educação Ambiental Formal em Minas pode ser acessado
via links abaixo, dos documentos para Educação Infantil, Ensino Fundamental
e Médio, com destaque para o volume Ensino Médio, Capítulo 6 (Modalidades
de Ensino e Temáticas Especiais), item 6.10 (Educação Ambiental), páginas
412 – 422.
• CURRÍCULO REFERÊNCIA DE MINAS GERAIS – 2018 – EDUCAÇÃO
INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL.
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/implementacao/curriculos_estad
os/documento_curricular_mg.pdf

• CURRÍCULO REFERÊNCIA DE MINAS GERAIS – 2021 – ENSINO MÉDIO.


https://www2.educacao.mg.gov.br/images/documentos/Curr%C3%ADculo%20
Refer%C3%AAncia%20do%20Ensino%20M%C3%A9dio.pdf

• BNCC e TEMASS TRANSVERSAIS


http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/implementacao/contextualizacao
_temas_contemporaneos.pdf

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