Tinti 9788579836558
Tinti 9788579836558
Tinti 9788579836558
dilemas do trabalho cotidiano dos assistentes sociais em Ribeirão Preto, São Paulo
TINTI, ÉC. Capitalismo, trabalho e formação profissional: dilemas do trabalho cotidiano dos
assistentes sociais em Ribeirão Preto [online]. São Paulo: Editora UNESP; São Paulo: Cultura
Acadêmica, 2015, 150 p. ISBN 978-85-7983-655-8. Available from SciELO Books
<http://books.scielo.org>.
All the contents of this work, except where otherwise noted, is licensed under a Creative Commons Attribution 4.0
International license.
Todo o conteúdo deste trabalho, exceto quando houver ressalva, é publicado sob a licença Creative Commons Atribição
4.0.
Todo el contenido de esta obra, excepto donde se indique lo contrario, está bajo licencia de la licencia Creative Commons
Reconocimento 4.0.
CAPITALISMO,
TRABALHO
E FORMAÇÃO
CAPITALISMO,
TRABALHO E FORMAÇÃO
PROFISSIONAL
DILEMAS DO TRABALHO
COTIDIANO DOS ASSISTENTES
SOCIAIS EM RIBEIRÃO PRETO,
SÃO PAULO
T497c
Tinti, Élidi Cristina
Capitalismo, trabalho e formação profissional: [recurso eletrônico]
dilemas do trabalho cotidiano dos assistentes sociais em Ribeirão Preto,
São Paulo / Élidi Cristina Tinti. – 1.ed. – São Paulo: Cultura Acadêmica,
2015.
Recurso digital
Formato: ePub
Requisitos do sistema: Adobe Digital Editions
Modo de acesso: World Wide Web
ISBN 978-85-7983-655-8 (recurso eletrônico)
1. Serviço social – Orientação profissional. 2. Serviço social – prática.
3. Assistentes sociais. 4. Livros eletrônicos. I. Título.
Editora afiliada:
Prefácio 13
Introdução 17
A pesquisa que originou este livro foi composta por oito en-
trevistas semiestruturadas realizadas com assistentes sociais do
município de Ribeirão Preto, São Paulo, que exercem atividade
profissional, atualmente, nas áreas de Assistência Social, Saúde,
Previdência Social e sociojurídica (Tribunal de Justiça e medidas
socioeducativas), áreas que se configuram como importantes espa-
ços sócio-ocupacionais do Serviço Social na atualidade.
O autor complementa:
jogo sutil, subjetivo, e que você precisa olhar, e fazer a crítica, pra
você fazer o enfrentamento, porque senão você passa a acreditar! [...]
não adianta reclamar, a gente precisa se fortalecer no coletivo e tentar
fazer um enfrentamento! Como nós vamos dar qualidade, como
nós vamos fazer esse enfrentamento, e não deixar a instituição nos
convencer, convencer a população de que nós somos uma porcaria
mesmo! De que nós não temos competência técnica, de que nós não
temos competência profissional, de que nós somos incompetentes,
que não damos conta de desempenhar as nossas funções com mais
qualidade. É difícil, e tem hora que eles fazem de tudo para nos des-
mobilizar [...] Esse enfrentamento, ele é tecido nas relações; e a gente
não tem tempo! (Layla – assistente social – entrevista)
A autora complementa:
espaço para que o gasto social pudesse acentuar sua natureza redis-
tributiva, na sua dupla dimensão de direito da cidadania e de incor-
poração dos “não incorporados”, através de políticas universais de
maior significado transformador, como Educação e Seguridade
Social. Dar as costas a essa temática mais abrangente e definir a
política social como um “nicho incômodo” não é mais do que pro-
jetar para o futuro a reprodução ampliada da pobreza, da desigual-
dade e da exclusão, típicas do “Brasil real” de hoje. (p.181-2)
A partir do que foi abordado até aqui, podemos dizer que a ação
profissional depende das condições subjetivas que definem deter-
minado perfil profissional, a partir de uma formação específica,
mas depende sobretudo das condições objetivas em que a interven-
ção profissional se realiza, não devendo ser esquecido o potencial
do profissional para se afirmar criticamente nesse contexto.
Abrindo caminho para as discussões subsequentes, lançamos
estas significativas questões propostas por José Fernando Silva
(2013), afinadas com o objetivo principal do trabalho que originou
este livro:
3 – Organização do curso
• Flexibilidade dos currículos plenos, integrando o ensino das dis-
ciplinas com outros componentes curriculares, tais como: oficinas,
seminários temáticos, estágio, atividades complementares;
• rigoroso trato teórico, histórico e metodológico da realidade social
e do Serviço Social, que possibilite a compreensão dos problemas e
desafios com os quais o profissional se defronta;
• estabelecimento das dimensões investigativa e interpretativa
como princípios formativos e condição central da formação profis-
sional, e da relação teoria e realidade;
• presença da interdisciplinaridade no projeto de formação
profissional;
• exercício do pluralismo teórico-metodológico como elemento
próprio da vida acadêmica e profissional;
• respeito à ética profissional;
• indissociabilidade entre a supervisão acadêmica e profissional na
atividade de estágio. (Conselho Nacional de Educação, 2002)
4 – Conteúdos curriculares
A organização curricular deve superar as fragmentações do pro-
cesso de ensino e aprendizagem, abrindo novos caminhos para a
construção de conhecimentos como experiência concreta no decor-
rer da formação profissional. Sustenta-se no tripé dos conheci-
mentos constituídos pelos núcleos de fundamentação da formação
profissional, quais sejam:
• núcleo de fundamentos teórico-metodológicos da vida social, que
compreende um conjunto de fundamentos teórico-metodológicos e
ético-políticos para conhecer o ser social;
• núcleo de fundamentos da formação sócio-histórica da sociedade
brasileira, que remete à compreensão das características históri-
cas particulares que presidem a sua formação e desenvolvimento
urbano e rural, em suas diversidades regionais e locais;
Pelo menos, assim, a teoria do Serviço Social que até hoje a gente
vê em algumas coisas, ela é muito bonita. Nem sempre na prática
a gente consegue efetivar o que a teoria fala. A gente vê algumas
dificuldades mesmo. (Eleonor – assistente social – entrevista)
social e da própria profissão, que deve ser respeitado. Mas este res-
peito, que não deve ser confundido com uma tolerância liberal para
com o ecletismo, não pode inibir a luta de ideias. Pelo contrário, o
verdadeiro debate de ideias só pode ter como terreno adequado o
pluralismo que, por sua vez, supõe também o respeito às hegemo-
nias legitimamente conquistadas. (p.6)
Você vai lá, Dona Maria, está com um problema desse tamanho
e isso é vital para ela, tem um filho que está começando a se aproxi-
mar do mundo das drogas. Marilda afirma e eu lembro o tempo todo
dessa afirmação: “a profissão é socialmente determinada”. Entre as
determinações colocadas ao exercício dessa profissão estão essas
condições a que eu estou me referindo aqui. Isso deixa o assistente
social “esquizofrênico”, porque ele vai ao CBAS, por exemplo, e
discute a vida política, a emancipação humana (que já é outra ordem
societária), é socialismo ou barbárie (não é assim que o Zé Paulo ter-
mina a fala?), e aí ele chega lá em seu cotidiano e ele tem que atender
a dona Maria, que tem o filho frequentando um lugar de drogas, e
ela está morrendo de medo, e o que ela faz? E ela precisa conversar, e
precisa de uma orientação, aí o assistente social pensa: “Bom, eu não
sei nada disso, vou buscar o enfoque sistêmico”. Existe algum erro
nosso, dos que não são sistêmicos, que gera essa questão e que não
dá nenhuma resposta. (Yazbek, apud Silva, 2013, p.213)
Acho que até por ter vindo da Unesp a gente usa o referencial
teórico-metodológico marxista, até pelo nosso código de ética. Aqui
na UE a gente trabalha muito assim, não teria como fugir disso. A
gente trabalha com uma coisa geral, a parte do universal, e também o
ficaria eclético. [...] Acho que o mais risco dela [profissão] é tentar
entender, é tentar auxiliar algumas mães que vêm, crianças que não
foram negligenciadas que a gente atende aqui, mãe que não tem
noção de cuidado, que vem como maioria para a gente, é sentar com
a equipe e tentar orientar tudo de novo; mostrar para uma equipe
inteira que quer punir uma mãe que não é aquilo, que algumas
circunstâncias levaram àquilo. É uma demanda gostosa. A gente
tem essa visão do todo. É diferente. (Carolina – assistente social –
entrevista, grifo nosso)
sistêmica, que seja aquilo, que não seja um pouco de cada coisa. Você
vê misturados funcionalismo e fenomenologia, teoria sistêmica e
um pouco de marxismo, você vira coisa nenhuma. Então é isso, tem
que estar aberto ao pluralismo, sem cair no ecletismo. Eu acho assim:
enquanto a gente ainda está na universidade, é tudo mais fácil, ape-
sar de ter o estágio, mas quando você sai, que você vai atuar mesmo
sozinha, que você começa a se deparar com situações, decisões que
você tem que tomar, é aí que fica mais difícil. Por isso que é bom você
nunca perder esse espaço assim de estar refletindo, nunca deixar de
estudar, ou de estar em algum grupo, de debater, para não ir perdendo.
Eu acabei assim, me formei, depois casei, tive filho, e aí o nosso tra-
balho, viajando, então eu acabei ficando. Apesar de que sempre que
eu estou podendo participar de alguma coisa, que eu estou podendo
me inteirar, eu estou fazendo, mas fica um pouco prejudicado, sabe?,
eu queria já estar fazendo uma pós [graduação], eu queria já estar
fazendo uma especialização, porque eu vejo que isso é importante,
sabe?, senão você vai dando uma distância muito grande. É que até
o momento eu não consegui conciliar tudo isso, trabalho, casa, filho,
você tem outras áreas da sua vida, então não dá, mas que é impor-
tante... Eu sinto falta disso, porque, apesar de participar de alguns
espaços, mas eu sinto que falta ainda, eu não participo de nenhum
grupo de estudo, falta estar me atualizando, estar revendo... Porque
às vezes, no processo de trabalho, se você deixar, você vai virando
um mecânico. Eu procuro, às vezes paro e penso: será que eu estou
ficando mecânica, será que eu estou deixando algumas coisas parecerem
normais, sendo que não são, será que eu estou me acostumando... Só
que você tem que estar sempre atento a isso, senão você deixa mesmo...
Se o profissional não se policiar, ele vai se deixando ir pela rotina,
e a instituição, não só aqui, a outra instituição também em que eu
trabalhei, é muito assim, cobra muito do profissional. Aqui é muito
tempo, é meta, tudo tem um tempo determinado, muito burocrático,
e aí você não tem às vezes no trabalho tempo para parar e refletir
sobre o trabalho que você está fazendo. Então se você não tiver como
fazer um espaço fora daqui, aí acaba ficando prejudicado. Então é
isso que eu vejo. (Lucy – assistente social – entrevista, grifo nosso)
Idade:
Ano de formação:
Local de formação:
Tempo de atuação como assistente social:
Área de atuação atual:
Pós-graduação:
Qual? Quando?
Idade:
Ano de formação:
Local de formação:
Tempo de atuação como assistente social:
Área de atuação atual:
Pós-graduação:
Qual? Quando?
EQUIPE DE REALIZAÇÃO
Coordenação Geral
Maria Luiza Favret