Cidadania e Direitos Sociais No Brasil
Cidadania e Direitos Sociais No Brasil
Cidadania e Direitos Sociais No Brasil
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Cidadania e Direitos
Sociais no Brasil
Antonio Gasparetto Júnior
Ministério da Educação – MEC
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior – CAPES
Diretoria de Educação a Distância – DED
Universidade Aberta do Brasil – UAB
Programa Nacional de Formação
em Administração Pública – PNAP
Bacharelado em Administração Pública
BACHARELADO EM
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
2021
Prof. Antonio Gasparetto Júnior
ISBN 978-65-89954-18-7
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
AUTOR DO CONTEÚDO
Antonio Gasparetto Júnior
COORDENAÇÃO DO PROJETO
Roberto Luiz Alves Torres
PROJETO GRÁFICO
José Marcos Leite Barros
EDITORAÇÃO
Anita Maria de Sousa
Aldo Barros e Silva Filho
Enifrance Vieira da Silva
Danilo Catão de Lucena
REVISÃO TEXTUAL
Maria Tereza Lapa Maymone de Barros
Geruza Viana da Silva
CAPA
José Marcos Leite Barros
CIDADANIA E DIREITOS
SOCIAIS NO BRASIL
Ementa
Objetivo Geral
Apresentação da Disciplina
CONSIDERAÇÕES FINAIS 59
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 63
CAPÍTULO I
CAPÍTULO 1
PRINCÍPIOS DA IGUALDADE
Princípios da Igualdade
Leia com atenção e releia sempre que necessário para fixar o conteúdo.
Aproveite os conteúdos complementares indicados para expandir ainda
mais o seu conhecimento. Caso necessite, procure a tutoria para auxí-
lios. Vamos, sobretudo, construir nosso conhecimento juntos.
O que é Cidadania
CAPÍTULO 1
termo cidadania. Não é correto, porém, atribuir o conceito que aplica-
vam ao termo à contemporaneidade. Isso, por si só, já demonstra que
um conceito é, então, dotado também de historicidade, pois nós sabe-
mos que, por exemplo, a escravidão não é mais permitida nas sociedades
atuais e as mulheres conquistaram espaços de representação e de poder.
Logo, percebe-se que direitos muito importantes foram adicionados à
história do conceito de cidadania.
Até a revolução, a França era governada por reis absolutistas, que eram
autoridades centralizadoras do poder. Nesse contexto monárquico, a po-
pulação do país era composta por súditos do rei. Utilizar o termo cidadão
era uma afronta à autoridade do monarca. Nesse sentido, os membros
dessa comunidade não dispunham de muitas liberdades. No entanto,
estimulados por ideais iluministas e por crises agrícolas e fiscais, os fran-
ceses passaram a contestar a autoridade do rei, iniciando um processo
revolucionário que derrubaria a própria monarquia no país.
Diante disso, você deve estar se perguntando: como definir esses direi-
tos constituintes da cidadania?
SAIBA MAIS
Thomas Humphrey Marshall (1893-
1981): Nascido em Londres, no Reino
Unido, tornou-se um sociólogo reconhe-
cido internacionalmente pela publicação
de suas reflexões desenvolvidas acerca do
conceito de cidadania. Suas ideias origi-
nais foram apresentadas em conferência
em 1949 e publicadas como livro em
1950. Ao introduzir a noção de direitos
sociais associados aos direitos civis e po-
líticos, Marshall é, até hoje, uma das mais
notáveis referências sobre o assunto no Library of the London School
of Economics and Political
mundo. Faleceu em 29 de novembro de Science / No restrictions
1981, em Cambridge, no Reino Unido, Fonte: https://commons.wiki-
depois de uma longa carreira na London media.org/wiki/File:Professor_
Thomas_Humphrey_Mar-
School of Economics. shall,_c1950.jpg
Marshall (1967) identificou um roteiro cronológico e cumulativo de con-
CAPÍTULO 1
quistas de direitos na Inglaterra, que, somados, permitiram a vivência
plena de uma cidadania ativa por parte dos indivíduos daquele país. Essa
cronologia envolveu a conquista de direitos civis, políticos e sociais.
SAIBA MAIS
José Murilo de Carvalho
(1939-): Nascido em An-
drelândia, Minas Gerais,
obteve o título de Doutor
em Ciência Política pela
Stanford University (1969).
Autor de vários livros, de-
dicou-se também a refletir
sobre a construção da cida- Fonte: http://www.abc.org.br/membro/jose-
dania no Brasil ressaltando -murilo-de-carvalho/
16 a dependência do Estado. É membro da Academia Brasileira de Le-
tras e Professor Titular aposentado da Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ).
CAPÍTULO 1
17
Dessa forma, o percurso da cidadania no Brasil foi marcado pela sua im-
perfeição. Quando não há efetivo exercício do poder político por parte
dos cidadãos, não há cidadania de fato. Assim, é importante delimitar
dois marcos:
CAPÍTULO 1
reitos em um governo autoritário. Logo, os cidadãos não exercem
prerrogativas políticas.
Políticas Públicas
Por serem políticas, elas implicam uma série de escolhas feitas pelos
governos, que elegem os principais problemas a serem enfrentados em
suas gestões. Ou seja, uma política pública não é o resultado imediato de
uma demanda, é pensada, elaborada e implementada incluindo debates
e conflitos de interesses. Logo, resultado de uma decisão política. Em
alguns casos, há políticas públicas estabelecidas como de Estado, o que
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 1
ciais. No entanto, os dois termos não são sinônimos. Na verdade, po-
demos dizer que uma política social é uma espécie de política pública
com suas especificidades. Isso porque as políticas sociais servem para
garantir, particularmente, direitos sociais aos cidadãos. Conforme vimos
anteriormente, os direitos sociais buscam garantir o exercício de direitos
fundamentais em condições de igualdade para uma vida digna e para a
promoção do bem social. Conforme a Constituição da República Federa-
tiva do Brasil de 1988, em seu 6.Art.:
Fonte: http://www.crub.org.br/blog/com-educacao-estagnada-brasil-perde-uma-posicao-no-ranking-
-do-idh-da-onu/
O Brasil representa um desses casos de implementação incompleta do
CAPÍTULO 1
Estado de bem-estar social. Sua introdução ocorreu no país nas déca-
das de 1970 e 1980, porém foi tratado mais de forma assistencialista
que como investimento produtivo para a sociedade. Por consequência,
a grave desigualdade social se manteve presente e a pobreza continuou
alastrada na população. Essas características serão abordadas mais deta-
lhadamente na unidade seguinte.
Direitos Humanos
26
CAPÍTULO 1
e tratados internacionais a fim de assegurar o respeito à vida humana. A
ONU atua também na garantia de aplicação dos direitos humanos por
meio de recomendações aos países signatários e de ações estratégicas
para que sigam os preceitos do documento. A ONU possui órgãos como
o Conselho de Direitos Humanos e o Alto Comissariado Para os Direitos
Humanos que monitoram constantemente e denunciam violações de di-
reitos no mundo. Atualmente, existem tribunais de direitos humanos na
América, na África e na Europa.
Embora pareça natural falar sobre esses direitos, na prática eles são vio-
lados e persistem as dificuldades de implementar seus princípios. Os
direitos humanos continuam sendo uma meta a ser alcançada no mun-
do, frente a tantas ameaças à vida digna. A historiadora estadunidense
Lynn Hunt (2009) dedicou-se ao tortuoso desenvolvimento dos direitos
humanos entre a Declaração de Independência dos Estados Unidos, em
1776, e a Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 1948, de-
monstrando que noções que nos parecem indiscutíveis, hoje, tiveram
um desenvolvimento complexo e paradoxal na humanidade, cheios de
avanços e recuos. Por isso, é tão importante empreender esforços pela
manutenção dos direitos humanos conquistados.
Infelizmente, a valorização da humanidade promovida pelos direitos hu-
CAPÍTULO 1
Por sua vez, o sistema brasileiro de proteção aos direitos humanos inclui
os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário mais o Ministério Público
e a Defensoria Pública compondo uma estrutura que atua da seguinte
maneira:
29
Resumindo
ATIVIDADES
Vamos conferir se você teve um bom entendimento do que foi trata-
do neste capítulo. Realize a atividade proposta e, caso tenha alguma
30
dúvida, entre em contato com a tutoria.
CAPÍTULO 2
OS DESAFIOS DA DESIGUALDADE
Prof. Antonio Gasparetto Júnior
Os Desafios da Desigualdade
Leia com atenção e releia sempre que necessário para fixar o conteúdo.
Aproveite os conteúdos complementares indicados para expandir ainda
mais o seu conhecimento. Caso necessite, procure a tutoria para auxílios.
Ainda que várias ações tenham sido desenvolvidas para se reduzir a desi-
gualdade nas sociedades, ela continua existente. Neste Capítulo nós ve-
remos como a desigualdade se manifesta em seus aspectos econômicos
e sociais especificamente no Brasil, de modo a compreender melhor os
desafios cotidianos de nossa sociedade.
De início, é importante recuperar os conceitos de cidadania, políticas
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 2
gualdades históricas da sociedade brasileira e para promover a cidadania.
É importante ressaltar que, no campo dos direitos civis, houve a crimi-
nalização do racismo, a condenação da tortura, a defesa do consumidor
e a introdução de práticas que propiciam maior transparência dos dados
da administração pública. No que se refere aos direitos políticos, o voto
foi universalizado, incluindo os analfabetos. Efetivamente, o número de
eleitores atingiu patamares proporcionais sem precedentes na sociedade
brasileira. Como se vê no gráfico abaixo, até a década de 1960 menos
de 20% da população participava diretamente dos pleitos para eleger os
Presidentes do Brasil. A Constituição de 1988 foi o marco que elevou a
participação política direta, pela primeira vez, para acima dos 50% do
eleitorado na população.
33
CAPÍTULO 2
da distribuição de renda e de desigualdade de possibilidades de inclusão
econômica e social (BARROS, HENRIQUES & MENDONÇA, 2000).
CAPÍTULO 2
4,5 e 5 milhões de africanos para serem escravizados (ALENCASTRO,
2018). Uma vez desembarcadas e comercializadas no território brasilei-
ro, essas pessoas eram submetidas às mais abusivas condições de traba-
lho, tendo suas realidades humanas ignoradas por seus proprietários. Os
abusos e as violências eram práticas comuns no cotidiano, caracterizado
pelo trabalho extenuante e pela privação de alimentos que resultavam
em uma baixa expectativa de vida dos escravizados.
37
CAPÍTULO 2
nitenciário brasileiro mantido desde 2004 que analisa dados sobre os es-
tabelecimentos penais e a população prisional. Você pode acessar todos os
relatórios pelo site <https://bit.ly/3kFMPCH>.
Como foi possível constatar até aqui, o peso do passado ainda é de-
masiado sobre os negros na sociedade. O que nos demonstra que con-
textos históricos causam danos de longa duração. E, nesse sentido, os
negros não são a única parcela da população que sofrem com o trata-
mento histórico desigual, a seguir veremos dados mais específicos a
respeito da condição feminina na sociedade.
Fonte: Grupo das primeiras eleitoras do Brasil, Rio Grande do Norte (1928) (KA-
RAWEJCZYK, 2019).
Efetivamente, o voto feminino só foi formalizado com a elaboração do
CAPÍTULO 2
Código Eleitoral do Brasil de 1932, que estabeleceu, dentre outras coi-
sas, o voto secreto para os alfabetizados, incluindo explicitamente as
mulheres. Assim, as brasileiras puderam votar e ser votadas em 1933
sob uma legislação atualizada, ocasião em que a médica paulista Car-
lota Pereira de Queirós foi eleita a primeira deputada federal do país. A
bióloga Bertha Luz ainda conquistou uma vaga de suplente pelo Distrito
Federal.
Ainda que uma mulher já tenha sido eleita para a Presidência da Repú-
blica, as mulheres permanecem sub-representadas na política brasileira.
De acordo com dados de 2019 do Mapa Mulheres na Política, da ONU,
o Brasil ocupa a 134º posição no mundo no ranking de representação
feminina no Parlamento. Nesse sentido, vale ressaltar que a mineira Jú-
nia Marise e a roraimense Marluce Pinto foram as primeiras mulheres
eleitas para vagas diretas no Senado, apenas em 1990. E, atualmente, as
mulheres representam somente 15% do Congresso Nacional, uma por-
centagem que está longe de corresponder à formação social brasileira.
(Glossário) Mapa Mulheres na Política: É uma publicação da ONU Mulheres,
CAPÍTULO 2
órgão que foi criado em 2010 para fortalecer e ampliar os direitos humanos
das mulheres no mundo. Possui sede nos Estados Unidos, mas o Brasil conta
com uma representação do órgão localizada em Brasília. Você pode saber
mais sobre a ONU Mulheres e suas ações pelo site <http://www.onumulhe-
res.org.br/>.
Um dos dados mais alarmantes diz respeito à violência sofrida pela po-
pulação feminina no Brasil. Conforme a Organização Mundial de Saúde
(OMS), o país é o quinto do mundo em número de feminicídios. As
mulheres brasileiras convivem cotidianamente com o assédio e a obje-
tificação. Os dados do Datafolha de 2019 sobre o impacto da violência
contra as mulheres no Brasil apontaram que 1,6 milhões de mulheres
foram espancadas no país entre 2018 e 2019 e 22 milhões de mulheres
sofreram algum tipo de assédio no mesmo período. Destaca-se que 42%
dos casos de violência foram registrados no próprio ambiente doméstico
e 52% das mulheres não denunciaram ou procuraram qualquer tipo de
ajuda por medo das consequências. Isso porque em 76,4% dos casos os
43
agressores são conhecidos.
Vimos até aqui que a desigualdade no Brasil tem cor, classe e gênero. Re-
duzir essas disparidades só é possível com um grande empenho nacional
comprometido em superar um passado profundamente marcado pelas
desigualdades. Não há dúvida que avançar nesse sentido é fundamental
CAPÍTULO 2
para o progresso integrado da nação e da sociedade, melhorando nossa
qualidade de desenvolvimento humano.
SAIBA MAIS
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é uma medida com-
parativa criada em 1990 que classifica os países de acordo com os
respectivos níveis de desenvolvimento humano, dado pela relação
entre a expectativa de vida, a qualidade da educação e a renda mé-
dia por indivíduo. O IDH é utilizado desde 1993 no relatório anual
no Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
Atualmente, o Brasil ocupa a 79ª posição do ranking de IDH global.
Por sua vez, as políticas sociais foram e são importantes para proteção
dos indivíduos frente aos riscos e desafios da vida e da desigualdade
social no Brasil. Portanto, o conjunto dessas políticas sociais também
pode ser chamado de políticas de proteção social, com o intuito de
tornar a sociedade responsável pela redução ou pela neutralização de
determinados riscos sobre os indivíduos ou sobre a própria sociedade.
Elas surgiram como uma espécie de compensação por parte do Estado
em função das desigualdades inerentes à sociedade capitalista, sendo
comprometidas com a promoção da justiça social e com a concretização
da cidadania. Logo, as políticas sociais são os instrumentos utilizados
pelo Estado para redistribuir a riqueza na sociedade atendendo a classes
historicamente menos favorecidas (HULLEN, 2018, p. 224-225).
CAPÍTULO 2
sociedade. Logo, o debate reside em estabelecer condições e critérios
para que os programas sociais se efetivem como políticas públicas de
promoção da justiça social e da cidadania (HULLEN, 2018).
Muitas das políticas públicas, por sua vez, são resultado da ação de movi-
mentos sociais, que são organizações coletivas que lutam por mudanças
nas sociedades a partir da proposição de algo novo ou pelo questiona-
mento de mudanças em curso. O Brasil também conta com uma estru-
tura de conselhos, que são compostos por representantes dos governos
e da sociedade civil, nos quais são decididos os destinos das políticas
públicas e o uso dos recursos. O número de membros desses conselhos
é variável e eles podem atuar de modo consultivo, assessorando e mo-
nitorando políticas públicas sem as gerir, ou deliberativo, com atuação
direta na gestão das políticas públicas.
CAPÍTULO 2
• Conselho Nacional de Combate à Discriminação de LGBT (CNCD-
-LGBT)
Bolsa Família
49
O Programa Bolsa Família foi instituído pelo Governo Federal como Me-
dida Provisória no dia 20 de outubro de 2003 pelo então presidente Luiz
Inácio Lula da Silva e convertido em lei no dia 9 de janeiro de 2004. O
programa unificou e ampliou programas anteriores criados no governo
de Fernando Henrique Cardoso como o Bolsa Escola (2001), o Cadas-
tramento Único do Governo Federal (2001), o Bolsa Alimentação (2001)
e o Programa Auxílio-Gás (2002), juntamente ao Programa Fome Zero,
criado em 2003, já no governo de Lula.
Fonte: Rio+20.
Sistema de Cotas
No que diz respeito às cotas raciais é errado dizer que elas se aplicam
apenas à população negra. Na verdade, elas são cotas étnicas que in-
cluem também os indígenas e seus descendentes. Muito embora as co-
tas para negros sejam mais difundidas em todo o território brasileiro,
em determinadas regiões que contam com a presença de populações
indígenas elas são fundamentais.
As denominadas cotas raciais existem, portanto, para oferecer condições
CAPÍTULO 2
iguais para indivíduos desiguais na sociedade. Dessa maneira, elas são
ações afirmativas para oportunizar condições para populações historica-
mente prejudicadas na sociedade brasileira, como é o caso dos afrodes-
cendentes e dos indígenas. Como vimos nos indicadores anteriores, os
negros, que representam a maior parte da população brasileira, ocupam
a menor parte dos espaços sociais considerados importantes, tendo qua-
lificação estudantil e profissional muito inferior aos brancos. Elementos
que contribuem para a perpetuação da pobreza na medida em que al-
cançam rendas menores. Ademais, as cotas procuram democratizar o
acesso à universidade incluindo mais grupos formadores da população
brasileira.
Seja por meio das cotas sociais ou das cotas raciais, o sistema tem con-
tribuído para a criação de mais oportunidades na sociedade brasileira,
atendendo populações economicamente mais carentes ou mais discrimi-
nadas historicamente. Como exemplo, em 1997, apenas 1,8% dos jovens
negros até os 24 anos de idade haviam ingressado no ensino superior.
Esse número saltou para 55,6% em 2018. Em 2000, apenas 2,2% dos
negros haviam concluído uma graduação. Após a introdução do sistema
de cotas, esse percentual saltou para 9,3% em 2017. Um incremento de
quase cinco vezes que é muito significativo, porém ainda muito distante
dos 78,8% dos jovens brancos até os 24 anos de idade que ingressaram
no ensino superior e os 22% dos brancos que são diplomados, conforme
dados do IBGE de 2019. Atualmente, os negros passaram a representar a
maioria nas universidades públicas, 50,3% dos estudantes, enquanto os
brancos perfazem 53,4% dos matriculados na rede privada.
CAPÍTULO 2
flagrante ou a prisão preventiva dos agressores, adotando medidas mais
específicas que determinam a remoção do agressor da residência e a
proibição de se aproximar da mulher agredida. Destaca-se ainda que
a violência doméstica é apenas uma das formas de violência contra as
mulheres, então a Lei Maria da Penha define também outras categorias
como a violência patrimonial, a violência sexual, a violência física, a vio-
lência moral e a violência psicológica.
Leitura Complementar
Amplie seus conhecimentos com os conteúdos indicados a seguir:
56 Resumindo
CAPÍTULO 2
social, segregando indivíduos em situações de maior precariedade na
sociedade. Abordamos, especificamente, os casos da população afro-
descendente e da população feminina no Brasil para refletir a respeito
da discriminação histórica e da violência sofrida por esses grupos na
sociedade.
ATIVIDADES
Vamos conferir se você teve um bom entendimento do que foi tra-
tado neste Capítulo. Realize as atividades propostas e, caso tenha
alguma dúvida, entre em contato com o seu tutor.
Por sinal, vimos que a desigualdade econômica é uma das graves maze-
las da realidade brasileira, promovendo grande concentração de renda
em uma pequena parcela da população. Existe no país significativa quan-
tidade de pessoas em condição de pobreza ou de extrema pobreza, o
que dificulta o desenvolvimento mais igualitário do Brasil.
Todos os assuntos abordados nos dois capítulos desta disciplina estão inti-
mamente articulados para a compreensão dos esforços empreendidos no
decorrer do tempo para a promoção da igualdade e a superação da discri-
minação na sociedade. De tal maneira que procuramos refletir a respeito
da condição atual em que a sociedade brasileira se encontra nessa difícil
tarefa. Agora, você possui uma noção mais clara do que significam nossos
desafios cotidianos para expansão dos direitos sociais e da cidadania.
FÓRUM ECONÔMICO MUNDIAL. Mind the 100 Year Gap. Cologny, 2019.
Disponível em: https://www.weforum.org/reports/gender-gap-2020-re-
port-100-years-pay-equality. Acesso em 7 de novembro de 2020.
LOWI, T. Four Systems of Policy, Politics, and Choice. In: Public Adminis-
tration Review, 32: 298-310, 1972.
ORGANIZAÇÃO
neaD
núcleo de EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO
OFERECIMENTO