Matemática para Administradores PDF

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Maria Teresa Menezes Freitas Volume 1

1
ISBN 978-85-7988-004-9

9 788579 880049 Matemática para Administradores

Matemática para Administradores


CEFET/RJ

Universidade
Federal
Fluminense
Ministério da Educação – MEC
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES
Diretoria de Educação a Distância – DED
Universidade Aberta do Brasil – UAB
Programa Nacional de Formação em Administração Pública – PNAP
Bacharelado em Administração Pública

MATEMÁTICA PARA ADMINISTRADORES

Maria Teresa Menezes Freitas

2010
© 2010. Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. Todos os direitos reservados.
A responsabilidade pelo conteúdo e imagens desta obra é do(s) respectivo(s) autor(es). O conteúdo desta obra foi licenciado temporária e
gratuitamente para utilização no âmbito do Sistema Universidade Aberta do Brasil, através da UFSC. O leitor se compromete a utilizar o
conteúdo desta obra para aprendizado pessoal, sendo que a reprodução e distribuição ficarão limitadas ao âmbito interno dos cursos. A
citação desta obra em trabalhos acadêmicos e/ou profissionais poderá ser feita com indicação da fonte. A cópia desta obra sem autorização
expressa ou com intuito de lucro constitui crime contra a propriedade intelectual, com sanções previstas no Código Penal, artigo 184, Parágrafos
1º ao 3º, sem prejuízo das sanções cíveis cabíveis à espécie.

F866m Freitas, Maria Teresa Menezes


Matemática para administradores / Maria Teresa Menezes Freitas. – Florianópolis :
Departamento de Ciências da Administração / UFSC; [Brasília] : CAPES : UAB, 2010.
204p. : il.

Inclui bibliografia
Bacharelado em Administração Pública
ISBN: 978-85-7988-004-9

1. Matemática – Estudo e ensino. 2. Teoria dos conjuntos. 3. Matrizes (Matemática).


4. Sistemas lineares. 5. Cálculo diferencial. 6. Educação a distância. I. Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Brasil). II. Universidade Aberta do Brasil.
III. Título.

CDU: 51-77:65

Catalogação na publicação por: Onélia Silva Guimarães CRB-14/071


PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Luiz Inácio Lula da Silva

MINISTRO DA EDUCAÇÃO
Fernando Haddad

PRESIDENTE DA CAPES
Jorge Almeida Guimarães

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA


REITOR
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VICE-REITOR
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DIRETOR
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VICE-DIRETOR
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CHEFE DO DEPARTAMENTO
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SUBCHEFE DO DEPARTAMENTO
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SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
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DIRETORIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DIRETOR DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
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COORDENAÇÃO GERAL DE ARTICULAÇÃO ACADÊMICA
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COORDENAÇÃO GERAL DE SUPERVISÃO E FOMENTO
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COORDENAÇÃO GERAL DE INFRAESTRUTURA DE POLOS
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COORDENAÇÃO GERAL DE POLÍTICAS DE INFORMAÇÃO
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COMISSÃO DE AVALIAÇÃO E ACOMPANHAMENTO – PNAP
Alexandre Marino Costa
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Marcos Tanure Sanabio
Maria Aparecida da Silva
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Oreste Preti
Tatiane Michelon
Teresa Cristina Janes Carneiro

METODOLOGIA PARA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


Universidade Federal de Mato Grosso

COORDENAÇÃO TÉCNICA – DED


Tatiane Michelon
Tatiane Pacanaro Trinca
Soraya Matos de Vasconcelos

AUTORA DO CONTEÚDO
Maria Teresa Menezes Freitas

EQUIPE DE DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS DIDÁTICOS CAD/UFSC


Coordenador do Projeto
Alexandre Marino Costa
Coordenação de Produção de Recursos Didáticos
Denise Aparecida Bunn
Supervisão de Produção de Recursos Didáticos
Érika Alessandra Salmeron Silva
Designer Instrucional
Denise Aparecida Bunn
Andreza Regina Lopes da Silva
Auxiliar Administrativa
Stephany Kaori Yoshida
Capa
Alexandre Noronha
Ilustração
Igor Baranenko
Adriano S. Reibnitz
Lívia Remor Pereira
Projeto Gráfico e Editoração
Annye Cristiny Tessaro
Revisão Textual
Gabriela Figueiredo

Créditos da imagem da capa: extraída do banco de imagens Stock.xchng sob direitos livres para uso de imagem.
PREFÁCIO

Os dois principais desafios da atualidade na área


educacional do País são a qualificação dos professores que atuam
nas escolas de educação básica e a qualificação do quadro
funcional atuante na gestão do Estado Brasileiro, nas várias
instâncias administrativas. O Ministério da Educação está
enfrentando o primeiro desafio através do Plano Nacional de
Formação de Professores, que tem como objetivo qualificar mais
de 300.000 professores em exercício nas escolas de ensino
fundamental e médio, sendo metade desse esforço realizado pelo
Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB). Em relação ao
segundo desafio, o MEC, por meio da UAB/CAPES, lança o
Programa Nacional de Formação em Administração Pública
(PNAP). Esse Programa engloba um curso de bacharelado e três
especializações (Gestão Pública, Gestão Pública Municipal e
Gestão em Saúde) e visa colaborar com o esforço de qualificação
dos gestores públicos brasileiros, com especial atenção no
atendimento ao interior do País, através dos Polos da UAB.
O PNAP é um Programa com características especiais. Em
primeiro lugar, tal Programa surgiu do esforço e da reflexão de uma
rede composta pela Escola Nacional de Administração Pública
(ENAP), do Ministério do Planejamento, pelo Ministério da Saúde,
pelo Conselho Federal de Administração, pela Secretaria de
Educação a Distância (SEED) e por mais de 20 instituições públicas
de ensino superior, vinculadas à UAB, que colaboraram na
elaboração do Projeto Político Pedagógico dos cursos. Em segundo
lugar, esse Projeto será aplicado por todas as instituições e pretende
manter um padrão de qualidade em todo o País, mas abrindo
margem para que cada Instituição, que ofertará os cursos, possa
incluir assuntos em atendimento às diversidades econômicas e
culturais de sua região.
Outro elemento importante é a construção coletiva do
material didático. A UAB colocará à disposição das instituições
um material didático mínimo de referência para todas as disciplinas
obrigatórias e para algumas optativas. Esse material está sendo
elaborado por profissionais experientes da área da Administração
Pública de mais de 30 diferentes instituições, com apoio de equipe
multidisciplinar. Por último, a produção coletiva antecipada dos
materiais didáticos libera o corpo docente das instituições para uma
dedicação maior ao processo de gestão acadêmica dos cursos;
uniformiza um elevado patamar de qualidade para o material
didático e garante o desenvolvimento ininterrupto dos cursos, sem
paralisações que sempre comprometem o entusiasmo dos alunos.
Por tudo isso, estamos seguros de que mais um importante
passo em direção à democratização do ensino superior público e
de qualidade está sendo dado, desta vez contribuindo também para
a melhoria da gestão pública brasileira, compromisso deste governo.

Celso José da Costa


Diretor de Educação a Distância
Coordenador Nacional da UAB
CAPES-MEC
SUMÁRIO

Apresentação.................................................................................................... 11

Unidade 1 – Recuperando conceitos

Teoria dos Conjuntos................................................................................... 15


Conjuntos especiais...................................................................... 18
Subconjuntos – relação de inclusão............................................................... 19
Conjuntos Iguais.......................................................................... 20
Conjunto Universo.................................................................... 21
Outras relações entre conjuntos: diferença e complementar......................... 24
Conjuntos Numéricos................................................................................... 31
Conjunto dos Números Naturais (N)........................................................... 32
Conjunto dos Números Inteiros..................................................................... 34
Conjunto dos Números Racionais..................................................... 35
Conjunto dos Números Irracionais..................................................... 36
Conjunto dos Números Reais......................................................... 36
Sistemas de Coordenadas................................................................................... 39
Unidade 2 – Matrizes e Sistemas de Equações Lineares

Introdução a matrizes................................................................................... 47
Matrizes Especiais.......................................................................................... 50
Operações com Matrizes...................................................................................... 54
Igualdade de Matrizes..................................................................................... 54
Adição e Subtração de Matrizes................................................................... 56
Multiplicação de uma matriz por um número real........................................ 59
Multiplicação de Matrizes.............................................................................. 60
Continuando com mais algumas Matrizes Especiais....................................... 67
Introdução a Sistemas de Equações.................................................................... 70

Unidade 3 – Funções

Relação – Variação – Conservação.................................................................... 83


Notação......................................................................................... 86
Funções Especiais................................................................................................ 97
Significado dos coeficientes a e b da função f(x) = ax + b........................... 100
Nomenclaturas Especiais.................................................................................. 103
Interpretação Gráfica.................................................................................. 106
Diferentes nomenclaturas.............................................................................. 115

Unidade 4 – Limite e Continuidade

Introdução: compreendendo o conceito de Limite................................................ 131


Existência de Limite............................................................................................. 142
Caminhos para encontrar o Limite............................................................... 142
Limites no infinito................................................................................................ 143
Introdução ao conceito de continuidade.............................................................. 151
Formalizando conceitos: definição de continuidade de função............................. 155
Unidade 5 – Derivada

Introdução ao conceito de Derivada.............................................................. 165


Taxa de Variação............................................................................ 166
Tipos de Inclinação............................................................................ 167
Definição de Derivada................................................................................ 174
Significado geométrico da Derivada........................................................... 174
Condições de existência da Derivada.............................................................. 177
Regras de Derivação................................................................................ 179
A regra da Potência (x n)..................................................................... 179
Regra do Múltiplo – constante..................................................................... 180
Regra da soma e da diferença..................................................................... 181
A Regra do Produto..................................................................... 184
A Regra do Quociente......................................................................... 185
A Regra da Cadeia..................................................................... 189
Importância da Derivada................................................................................ 190
Pontos Extremos Relativos................................................................................ 202

Considerações finais ................................................................................. 209

Referências.................................................................................................... 210

Minicurrículo.................................................................................................... 212
Matemática para Administradores

10 Bacharelado em Administração Pública


Apresentação

APRESENTAÇÃO

Prezado futuro administrador público, saudações!


Com imensa satisfação o convidamos a participar de uma
aventura muito interessante. Trata-se de uma viagem formativa em
que, juntos, desbravaremos os conhecimentos matemáticos
imprescindíveis para o administrador. Para tanto, contamos com
seu envolvimento para desfrutarmos de todos os momentos desta
jornada com prazer, divertimento e curiosidade.
Veja que essa viagem que estamos prestes a iniciar tem um
diferencial, pois nosso curso será desenvolvido na modalidade a
distância. Trata-se de uma aventura, pois estaremos em uma
constante busca de caminhos que nos levem a ficar bem próximos.
Assim, nas páginas seguintes procuraremos utilizar uma linguagem
adequada que nos aproxime e que busque estabelecer um diálogo
constante para garantirmos a interação, de fato, que tanto
almejamos.
Entusiasme-se e sinta-se predisposto para compreender ideias
e conceitos que, muitas vezes, julgava ser de difícil compreensão.
Nossa intenção aqui é tornar accessível a noção de conceitos
matemáticos para melhor lidarmos com os desafios da profissão
de Administrador.
Durante nossa viagem, faremos algumas paradas para
apreciarmos diferentes paisagens e observarmos detalhes de
conceitos matemáticos que desvelarão caminhos para o melhor
desempenho na administração pública. Em um primeiro momento,
recuperaremos conceitos da Teoria dos Conjuntos e, em seguida,
conheceremos as Matrizes e os Sistemas Lineares. Nossa próxima
parada nos oferecerá as funções como paisagem de fundo. Em

Módulo 2
11
Matemática para Administradores

sequência, conheceremos os Limites e os detalhes de Funções


Contínuas. Por último, nossos caminhos nos levarão à compreensão
do conceito de Derivada de funções e sua aplicabilidade na
administração.
Sempre que necessário, revisaremos conteúdos
anteriormente estudados, e, aos poucos e sem mesmo perceber,
estaremos compreendendo alguns conceitos de Cálculo Diferencial
essenciais para resolver problemas administrativos.
Temos certeza que você já está animado e quase preparando
a máquina fotográfica e arrumando as malas para iniciar nossa
viagem. Vale lembrar o quão importante será estar com caderno,
lápis e caneta à mão para anotar, registrar e resolver os problemas
que aparecerão pelo nosso caminho. O computador também será
de grande valia nessa empreitada.
Contamos com você. Sucesso a todos!

Professora Maria Teresa

12 Bacharelado em Administração Pública


Apresentação

UNIDADE 1
RECUPERANDO CONCEITOS

OBJETIVOS ESPECÍFICOS DE APRENDIZAGEM


Ao finalizar esta Unidade você deverá ser capaz de:
f Utilizar a nomenclatura e simbologia da teoria dos conjuntos
em situações que envolvem contextos administrativos;
f Reconhecer e exemplificar diferentes conjuntos;
f Solucionar problemas que envolvam conjuntos e suas operações; e
f Identificar os conjuntos numéricos e utilizá-los adequadamente
em situações-problemas.

Módulo 2
13
Matemática para Administradores

14 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 1 – Recuperando conceitos

TEORIA DOS CONJUNTOS

Caro estudante,
Nesta Unidade iremos relembrar a Teoria dos Conjuntos.
Como já vimos algumas noções na disciplina Matemática
Básica, agora vamos verificar como aplicá-la no contexto
administrativo.
Pronto para começar?

Inicialmente iremos abordar e/ou rever um conceito de


Matemática importante para o desenvolvimento de quase todo o
conteúdo que se seguirá. Trata-se da ideia de conjunto e suas
respectivas simbologia e notações associadas. Essas formas e
símbolos especiais que utilizamos para denominar, indicar ou
nomear entes matemáticos são necessários para que todos nós
possamos nos comunicar bem e com a mesma linguagem.

Conjunto é considerado um conceito primitivo e, assim,


para compreendermos esse conceito, não
necessitamos de uma definição a partir de outros
conceitos matemáticos.

Para compreender mos o que é conjunto, basta nos


remetermos àquela ideia que a linguagem usual nos leva, ou seja,
uma coleção, ou um agrupamento, de quaisquer elementos. Assim,
um conjunto poderá ter em sua formação pessoas, objetos, numerais
ou qualquer outro elemento ou ideia possível de agrupamento.

Módulo 2
15
Matemática para Administradores

v
Dizemos que um conjunto está bem definido quando
Trataremos em nosso
curso apenas dos podemos estabelecer com certeza se um elemento pertence ou não
conjuntos bem pertence a ele. Assim, o conjunto dos setores da prefeitura da
definidos. cidade X com melhor propaganda ou com mais de duas funcionárias
bonitas não caracteriza um conjunto bem definido, pois melhor
propaganda e funcionária bonita tratam de compreensões que
envolvem a subjetividade.
Ao utilizarmos a linguagem de conjuntos e seus elementos,
surge a chamada relação de pertinência, ou seja, uma vez
determinado um conjunto, este normalmente é designado por uma
letra latina maiúscula (A; B; C...), um elemento pode ou não
pertencer ao conjunto.
Assim, se A é o conjunto dos funcionários do Hospital
Municipal da Cidade Tirolex e Fernando é um funcionário deste
órgão público, então dizemos que Fernando pertence ao conjunto
A e indicamos:

Fernando  A (Lê-se: Fernando pertence ao conjunto A.)

Para o caso de Mauro, que não é um funcionário do Hospital


citado, dizemos que Mauro não pertence ao conjunto A e
indicamos:

Mauro  A (Lê-se: Mauro não pertence ao conjunto A.)

Podemos representar um conjunto explicitando seus


elementos entre chaves e cada um entre vírgulas. Assim, se o
conjunto B é formado pelos números naturais ímpares menores que
10, indicamos:

B = {1, 3, 5, 7, 9}

Utilizando a intuição podemos adotar as reticências como


símbolo para indicar um conjunto com um número muito grande
de elementos ou que tenha uma quantidade sem fim de elementos.
Por exemplo, imagine um dado conjunto C formado pelos números
ímpares naturais menores que 100. Podemos então representar o
conjunto C como:

16 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 1 – Recuperando conceitos

C = {1, 3, 5, 7, 9, 11,..., 99}

Assim, as reticências indicam os elementos não citados entre


chaves e, vale lembrar, ao explicitarmos o numeral 99 como último
elemento, significa que o conjunto tem um número determinado de
elementos.
As reticências são também utilizadas para indicar elementos
não explicitados no conjunto. Alertamos que, para um conjunto
com uma quantidade sem fim de elementos, a notação utilizada se
mantém, porém não se indica um último elemento após as
reticências. Como exemplo para esta situação, tome um conjunto
D formado pelos números naturais ímpares.
D = {1, 3, 5, 7, 9, 11, 13,…} (Note: as reticências indicam
que os elementos continuam infinitamente.)

Poderíamos, então, pensar na seguinte relação entre


elemento e conjunto: 1 D e 2 D

Uma maneira simples de


representar um conjunto pode ser obtida Saiba mais Diagrama de Venn

por meio de uma curva fechada simples O Diagrama de Venn foi criado em 1881 pelo filó-
(não entrelaçada) conhecida como sofo inglês John Venn. A maioria das pessoas pode
Diagrama de Venn. Observe como seria facilmente reconhecer um Diagrama de Venn mes-
a representação do conjunto das vogais: mo sem ter conhecimento de seu nome. Os dia-
gramas se tornaram bem aceitos e conhecidos ten-
X Representação por listagem do se mostrado muito úteis por oferecerem uma
dos elementos. representação visual nas situações em que exis-
tem relações entre vários grupos ou coisas. Fonte:
M = {a, e, i, o, u}
<http://tinyurl.com/lqp65o>. Acesso em: 5 nov. 2009.

Módulo 2
17
Matemática para Administradores

X Representação por Diagrama.

Podemos também representar um conjunto explicitando a


propriedade de seus elementos. Assim, no conjunto M representado
anteriormente, a característica de seus elementos é ser vogal e, logo,
poderíamos representá-lo com a seguinte notação:

M = {x/x é uma vogal} (Lê-se: x tal que x é uma vogal.)

CONJUNTOS ESPECIAIS

Embora a palavra “conjunto” nos leve a pensar em uma


coleção de coisas ou objetos, eventualmente a quantidade de
elementos pertencentes ao conjunto pode ser apenas um ou, por
vezes, o conjunto pode nem ter elemento.

Conjunto com apenas um elemento é denominado


Conjunto Unitário e, para o caso de o conjunto não
possuir elementos, temos o Conjunto Vazio.

Pensemos na situação em que precisemos registrar em cada


semana o conjunto P, cujos elementos são os colaboradores que
compõem a equipe de trabalhadores da Escola Pública X afastados
por licença médica.

18 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 1 – Recuperando conceitos

Note que almejamos que este conjunto não possua elemento


na maioria das semanas registradas, mas eventualmente este
conjunto poderá ter apenas um elemento ou até mais elementos.
Para entender melhor, imagine que na primeira semana o
funcionário Vagner tenha faltado por motivo de saúde, logo:
P1 = {Vagner}.
Já na segunda semana, suponha que não houve falta de
funcionários por motivo de saúde e, assim, o registro ficaria P2 = { }
ou, ainda, podemos representar como P2 = ‡.

SUBCONJUNTOS – RELAÇÃO DE INCLUSÃO

Acreditamos que nesta altura da nossa conversa já estejamos


familiarizados com a relação de pertinência, isto é, a relação
entre elemento e conjunto. Vamos agora relacionar
conjunto com outro conjunto?

Considere o conjunto S formado pelas vogais da palavra


“janeiro” e o conjunto K formado pelas vogais do alfabeto. Teremos:

S = {a, e, i, o}
K = {a, e, i, o, u}

Veja que todo elemento de S é também elemento de K, ou


seja, todo elemento de S pertence também ao conjunto K. Quando
esta particularidade ocorre, dizemos que S é um subconjunto de
K, ou que S é parte de K, e indicamos:

S K (Lê-se: S está contido em K.) ou K Š S (Lê-se: K contém S.)

Se introduzíssemos nessa história o conjunto H, composto


pelas letras da palavra “firma”, teríamos:

H = {f, i, r, m, a}

Módulo 2
19
Matemática para Administradores

Note que existem elementos do conjunto S que não pertencem


ao conjunto H e, assim, S não está contido em H e indicamos:

S ŒH (Lê-se: S não está contido em H.)

Poderíamos também pensar que o conjunto H não contém


o conjunto S e, neste caso, indicaríamos H Ê S.

Um conjunto não está contido em outro se existe pelo


menos um elemento do primeiro que não seja
elemento do segundo.

Geralmente, para o caso em que a inclusão entre dois


conjuntos não existe, utilizamos o símbolo Œ  (não está contido).
Porém, a lógica nos leva a pensar, de um lado, que um conjunto
com menor número de elementos está contido ou não está
contido em outro conjunto com maior número de elementos. Por
outro lado, um conjunto com maior número de elementos contém
ou não contém outro conjunto com menor quantidade de
elementos.
Assim, basta ficarmos atentos aos conjuntos que estamos
relacionando.

CONJUNTOS IGUAIS

Você já ouviu falar em Conjuntos Iguais? O que você entende


por este termo?

Simples, os Conjuntos Iguais fazem referência a dois


conjuntos quaisquer A e B que são iguais quando têm exatamente

20 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 1 – Recuperando conceitos

os mesmos elementos, ou seja, quando todo elemento de A também


pertence a B e todo elemento de B também pertence ao conjunto A.
O símbolo utilizado para indicar a igualdade entre dois
conjuntos é aquele que já estamos acostumados e, assim, indicamos
a igualdade entre os conjuntos por A = B.
Para o caso em que algum elemento de um deles não for
elemento do outro, dizemos que A é diferente de B e indicamos A z B.
Note que se dois conjuntos M e N são iguais, isto é, M = N,
teremos que M N e N M. De outra maneira, poderemos dizer
que se dois conjuntos M e N são iguais, então M é subconjunto de
N e, ao mesmo tempo, vale dizer que N é subconjunto de M.

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES

O conjunto vazio ‡ é considerado como um subconjunto de qualquer conjunto.


Todo conjunto é subconjunto dele mesmo.
Um conjunto formado por todos os subconjuntos de um dado conjunto A é
denominado Conjunto das Partes de A e indicamos por P (A).

CONJUNTO UNIVERSO

É importante estudarmos a procedência dos conjuntos que


estamos trabalhando, ou seja, é fundamental conhecermos o
conjunto do qual podemos formar vários subconjuntos em estudo.
Este conjunto em que todos os outros são subconjuntos dele
em um determinado estudo é denominado Conjunto Universo.
Podemos considerar, por exemplo, como Conjunto Universo
de um determinado estudo o conjunto formado pelos colaboradores
das prefeituras de todas as cidades do Brasil.

Associados a este conjunto podemos determinar vários outros


conjuntos. Você consegue identificá-los?

Módulo 2
21
Matemática para Administradores

Simples, pense no conjunto dos funcionários das prefeituras


das cidades do Estado de Minas Gerais ou, ainda, no conjunto dos
funcionários das prefeituras das cidades do Estado de São Paulo.
Agora, imagine, por exemplo, que nosso universo seja o
conjunto de colaboradores da prefeitura da Cidade X e que façamos
parte da equipe da administração. Em nosso banco de dados,
podemos listar endereços de colaboradores com diferentes
características: menos de 40 anos, sexo feminino, sexo masculino,
moradores do mesmo bairro da sede da prefeitura, moradores do
bairro vizinho etc.

Nos próximos parágrafos, iremos esclarecer a importância da


relação lógica que utiliza as palavrinhas “e” e “ou” associadas
ao Diagrama de Venn. Esteja atento, pois será de grande
importância essa compreensão para vários assuntos que
teremos de abordar. Vamos continuar?

v
Note que alguns dos subconjuntos citados podem se sobrepor
ao outro quando utilizamos a representação por diagramas. Para
entender melhor, imagine que o conjunto A tenha como elementos
A representação por os funcionários com menos de 40 anos e o conjunto B tenha como
meio do Diagrama de elementos os colaboradores do sexo feminino. Ambos podem ter
Venn é feita com círculos elementos comuns e, desta forma, os diagramas terão uma parte
(ou uma linha fechada)
sobreposta. A parte sobreposta é denominada de interseção dos
que representam os
conjuntos.
conjuntos.

22 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 1 – Recuperando conceitos

Assim, a interseção dos conjuntos A e B é formada por


aqueles elementos que pertencem ao conjunto A “e” ao conjunto B
simultaneamente. Portanto, o conjunto interseção tem como
elementos da intersecção colaboradores do sexo feminino com
menos de 40 anos, ou seja, cada elemento do conjunto interseção
tem as duas características ao mesmo tempo: tem menos de 40
anos “e” são do sexo feminino.

A interseção entre dois conjuntos é representada com


o símbolo ˆ. Desta forma, a interseção entre os
conjuntos A e B é indicada por A ˆ B.

Retomando novamente o banco de dados da prefeitura da


cidade X, poderíamos querer listar os funcionários que têm idade
menor que 40 anos “ou” que sejam do sexo feminino. Esta relação
lógica expressa com a palavra “ou” representa a união entre dois
conjuntos e consiste de todos os elementos dos dois conjuntos.
No Diagrama de Venn, a união entre os conjuntos A e B é
indicada por A ‰ B. Representamos a união de dois conjuntos
sombreando os dois conjuntos. O símbolo ‰ representa união.

Muitas vezes nos referimos a União e Interseção como


operações entre conjuntos, mas, atenção: não somamos ou
subtraímos conjuntos como somamos e subtraímos os números.

Módulo 2
23
Matemática para Administradores

O que podemos fazer é somarmos ou subtrairmos a quantidade de


elementos dos conjuntos envolvidos quando necessário.
Diante do exposto, podemos notar a impor tância de

v
compreendermos bem os conceitos relacionados à Teoria dos
Conjuntos, em especial a representação com o Diagrama de Venn,
O Diagrama de Venn
ajuda a motivar e
para ilustrarmos os conceitos de União, Interseção e outros.
esclarecer algumas
definições e leis de
probabilidade quando o
estudo for a Estatística.
OUTRAS RELAÇÕES ENTRE CONJUNTOS:
DIFERENÇA E COMPLEMENTAR

Denominamos diferença entre os conjuntos A e B, indicada


por A – B, o conjunto formado pelos elementos que pertencem ao
conjunto A e não pertencem ao conjunto B.
Podemos, em símbolos, indicar: A – B = {x/x A e x B}.
Observe a representação a seguir, em que A = {0, 1, 3, 4, 5}
e B = {1, 3, 6, 8, 9}:

Para o caso em que B é um subconjunto de A, ou seja, B


está contido em A (B A), a diferença é chamada de complementar
de B em relação a A e pode ser indicada por: CAB.
Desta forma, CAB = A – B (sendo B A).

24 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 1 – Recuperando conceitos

Atividades de aprendizagem
Para verificarmos seu entendimento, faça as atividades a
seguir. Esta também é uma maneira de você se autoavaliar.
Vamos lá?

1. Em uma pesquisa em um setor da secretaria municipal, verificou-


se que 15 pessoas utilizavam os produtos A ou B, sendo que algu-
mas delas utilizavam A e B, ou seja, ambos. Sabendo que o produ-
to A era utilizado por 12 dessas pessoas e o produto B, por 10
delas, encontre o número de pessoas que utilizavam ambos os
produtos.
2. Em um seminário de administradores públicos de certa cidade,
foram servidos, entre diversos salgados, enroladinho de queijo e
coxinha de frango com queijo. Sabe-se que, das 100 pessoas pre-
sentes, 44 comeram coxinha de frango com queijo e 27 comeram
enroladinho de queijo. Também se tem a informação de que 20
pessoas comeram dos dois – enroladinho de queijo e coxinha de
frango com queijo. Ao final do evento, verificou-se que o queijo
utilizado no enroladinho e na coxinha estava com uma bactéria
que provocava desconforto estomacal. Encontre para o
organizador do evento a quantidade de pessoas que não comeu
nem coxinha de frango nem enroladinho de queijo.
3. Imagine que na cantina da escola que você administra trabalham
os seguintes funcionários: Maria, Carlos, Clara e Beatriz. Por curi-
osidade o diretor lhe solicita que encontre todas as possibilida-
des de pedidos de licença de saúde para certo dia de trabalho

Módulo 2
25
Matemática para Administradores

destes funcionários. E, lembre-se: o conjunto vazio é subconjunto


de qualquer conjunto e todo conjunto é subconjunto dele mesmo.
a) Nomeie o conjunto de funcionários da cantina de G e
indique o conjunto G listando todos os seus elementos.
b) Como se denomina o conjunto formado por todos os
subconjuntos de G?
c) Indique e encontre o conjunto das partes de G listando
todos os seus elementos.
4. Considere o diagrama a seguir, no qual: A, B e C são três conjuntos
não vazios. Marque V para a(s) afirmativa(s) verdadeira(s) e F para
a(s) afirmativa(s) falsa(s).
a) ( ) A B
b) ( ) C  B
c) ( ) B  A
d) ( ) A  C
e) ( ) B Œ A
f) ( ) A Œ C
g) ( ) B Š A
h) ( ) A Œ B

Agora, antes de seguirmos para um novo assunto, vamos juntos


resolver o próximo exercício.

Exemplo 1
Em uma seleção de pessoal para uma nova vaga de um setor
público, a equipe responsável recebeu currículos de 60 candidatos.
Os três quesitos principais que seriam analisados são as principais
habilidades de um gestor. Quais sejam: habilidades conceituais;
habilidades humanas; e habilidades técnicas. Do total, 15 deles
tinham habilidades conceituais; 18 tinham habilidades humanas;

26 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 1 – Recuperando conceitos

25 possuíam habilidades técnicas; 6 candidatos tinham tanto


habilidades humanas, quanto conceituais; 08 possuíam tanto
habilidades humanas, quanto técnicas; 2 candidatos possuíam as
três; e 18 não tinham nenhuma das três habilidades. Com base
nessas informações, responda:

a) Quantos candidatos possuíam só habilidades conceituais?


b) Quantos candidatos possuíam só habilidades humanas?
c) Quantos candidatos possuíam só habilidades técnicas?

Resolução
Primeiramente vamos separar os dados do problema.

Com habilidades conceituais (HC) = 15


Com habilidades humanas (HH) = 18
Com habilidades técnicas (HT) = 25

Total de 60 candidatos Sem nenhuma das três habilidades = 18

Com habilidades humanas e conceituais (HH ˆ HC) = 6


Com habilidades humanas e técnicas (HH ˆ HT) = 8

Com as três habilidades (HH ˆ HT ˆ HC) = 2

Agora, vamos elaborar o Diagrama de Venn com os dados e


compreender o que representa cada parte.

Módulo 2
27
Matemática para Administradores

X cinza claro + branco + hachurado + azul claro = 15


= candidatos com HC
X Azul escuro + branco + cinza escuro + hachurado =
25 = candidatos com HT
X Azul claro + preto + hachurado + cinza escuro = 18
= candidatos com HH
X Azul claro + hachurado = candidatos com HC e HH
X Branco + hachurado = candidatos com HC e HT
X Branco + cinza escuro = candidatos com HH e HT

Olhando para o Diagrama de Venn, podemos descobrir a


quantidade de elementos que figuram em cada uma das partes
preenchidas pelas cores: azul claro, hachurado e cinza escuro.
Vejamos com mais detalhes:
O número de candidatos que possuem HH é igual a 18. Para
encontrarmos o número de candidatos que possuem somente a HH,
basta fazermos o seguinte: subtraímos de 18 a quantidade que
corresponde à quantidade de elementos dos conjuntos que
correspondem às partes em – azul claro – cinza escuro – hachurado.
Sabemos que hachurado + azul claro tem 6 elementos (dado
fornecido no enunciado do problema) e que cinza escuro +
hachurado tem 8 elementos (dado fornecido no enunciado do
problema) e que hachurado tem 2 elementos (dado fornecido no
enunciado do problema).
Assim, efetuando os cálculos com os dados que possuímos,
descobrimos que a parte em azul claro tem 4 elementos e que a
parte cinza escuro tem 6 elementos. A ilustração do diagrama poderá
clarear essas ideias.
Para descobrir quantos candidatos possuem apenas a
habilidade humana (região preto), basta retirarmos a quantidade
de elementos correspondentes à parte sombreada com as cores azul,
hachurado e cinza escuro.
Assim: 18 – (4 + 2 + 6) = 18 – 12 = 6, ou seja, 6 candidatos
possuem somente HH.

28 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 1 – Recuperando conceitos

Para descobrirmos quantos candidatos possuem somente


habilidade conceitual e quantos possuem somente habilidade
técnica, vamos chamar a região cinza – que é uma parte de HC –
de y, a região azul escuro – que é uma parte de HT – será
denominada por z e a região branca – que é uma parte da interseção
de HC e HT – será denominada por x.
Veja a representação no diagrama a seguir:

Vamos poder registrar o seguinte sistema de equações com


os dados que possuímos:

Podemos reescrever o sistema da seguinte maneira:

Ainda podemos reescrever o sistema da seguinte maneira:

Módulo 2
29
Matemática para Administradores

Utilizando a informação da equação 1 (x + y = 9) na


equação 3 obtemos:

9 + z = 24 e, assim, obtemos que z = 15.

Sabendo o valor de z, poderemos substitui-lo na equação 2


e, assim, encontramos o valor de x. Substituindo o valor de x na
equação 1, obtemos o valor de y.
Assim teremos:

x=2ey=7

Encontramos, assim, que 15 candidatos possuem somente


habilidade técnica e 7 possuem apenas habilidade conceitual.
Portanto, a resposta de cada item solicitado na questão é:

a) 7 possuem apenas habilidades conceituais.


b) 6 possuem apenas habilidades humanas.
c) 15 possuem apenas habilidades técnicas.

30 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 1 – Recuperando conceitos

CONJUNTOS NUMÉRICOS

No nosso dia a dia os conjuntos numéricos assumem um


lugar de destaque. Estamos constantemente lidando com
quantidades de pessoas, objetos, produtos, preços, porcentagens,
lucros, temperatura etc. Enfim, podemos dizer que vivemos no
mundo dos números.
Contudo, vale lembrarmos que, desde o reconhecimento da
necessidade dos números, foram precisos séculos e séculos de
descobertas e aperfeiçoamentos para chegarmos à atual forma de
escrita e representação deles. A nomenclatura relacionada tem,
muitas vezes, sido confundida e usada indiscriminadamente, mas
parece ser importante alertarmos sobre o significado de alguns
conceitos.
Denominamos de número a ideia de quantidade que nos
vem à mente quando contamos, ordenamos e medimos. Assim,
estamos pensando em números quando contamos as portas de um
automóvel, enumeramos a posição de uma pessoa numa fila ou
medimos o peso de uma caixa.
À palavra “numeral” associamos toda representação de um
número, seja ela escrita, falada ou indigitada.
E a palavra “algarismo” se refere ao símbolo numérico que
usamos para formar os numerais escritos.
Os símbolos – 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 – ficaram conhecidos
como a notação de al-Khowarizmi, de onde se originou o termo
latino algorismus. Daí o nome algarismo. Esses números criados
pelos matemáticos da Índia e divulgados para outros povos pelo
árabe al-Khowarizmi constituem o nosso sistema de numeração
decimal, sendo conhecidos como algarismos indo-arábicos.

Módulo 2
31
Matemática para Administradores

v
Para compreendermos todo o processo de desenvolvimento
dos sistemas de numeração e os aspectos históricos envolvidos,
Seria muito interessante
precisaríamos de um tempo disponível para nos embrenharmos em
e curioso, porém, para o todas as histórias dos povos que fizeram parte deste processo.
nosso curso, Assim, vamos apenas dizer que com o tempo surgiram os
consideramos mais
conjuntos numéricos para especialmente atender às necessidades
conveniente reduzir os
caminhos para
da Matemática. Os conjuntos numéricos receberam a seguinte
conseguirmos chegar a nomeação:
nossa meta, que é
aprender a lidar com a X Conjunto dos Números Naturais (N);
Matemática essencial
X Conjunto dos Números Inteiros (Z);
para o Administrador
Público. X Conjunto dos Números Racionais (Q);
X Conjunto dos Números Irracionais (I); e
X Conjunto dos Números Reais (R).

CONJUNTO DOS NÚMEROS NATURAIS (N)

Agora, vamos ver alguns detalhes de cada um dos conjuntos


referenciados anteriormente, o que certamente não será muita
novidade para você.

Vamos começar relembrando o Conjunto dos Números


Naturais N, que é infinito e contável.

N = {0, 1, 2, 3, 4, 5, …}

Uma notação muito interessante que podemos utilizar é o


asterisco próximo de uma letra que designa um conjunto numérico.
Este símbolo indica que estamos excluindo o zero do conjunto em
questão. Portando, temos:

N* = {1, 2, 3, 4, 5, ...}

32 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 1 – Recuperando conceitos

N* é chamado de conjunto dos números naturais não nulos


e a leitura é simples e óbvia: lê-se N asterisco.

Operações com Números Naturais

X Adição de Números Naturais: é o resultado a que


se chega ao realizarmos a operação de adição partindo
dos números naturais a e b, chamados parcelas, ou
seja, é a soma de a e b (a + b). A soma de dois
números naturais é sempre um número natural, isto é,
se a  N e b  N, então (a + b)  N.
X Subtração de Números Naturais: no conjunto dos
naturais a subtração só é possível quando o primeiro
número (minuendo) for maior ou igual ao segundo
número (subtraendo). O fato de dois números naturais
quaisquer não poderem ser subtraídos de modo a se
obter como resultado outro número natural nos leva a
inferir ser esta uma das razões que despertaram a
necessidade de ampliação do conjunto.
X Multiplicação de Números Naturais: o produto
do número natural a pelo número natural b (“a · b” ou
“a x b”) é o resultado a que se chega ao realizarmos a
operação de multiplicação partindo dos números
naturais a e b denominados fatores.
X Divisão dos Números Naturais: o quociente entre
dois números naturais a e b é o resultado a que se
chega ao realizarmos a operação de divisão partindo
do número natural a, chamado dividendo, e do número
natural b, chamado divisor. Nem sempre é possível
encontrar como resultado da divisão entre dois
números naturais outro número também natural, e
também aqui percebemos a necessidade de ampliação
do conjunto dos naturais.

Módulo 2
33
Matemática para Administradores

CONJUNTO DOS NÚMEROS INTEIROS

O Conjunto dos Números Inteiros pode ser considerado


como uma ampliação do conjunto dos números naturais.
O conjunto formado pelos inteiros positivos, pelos inteiros
negativos e pelo zero é chamado conjunto dos números inteiros e é
representado pela letra Z.

Z = { . . ., -5, -4, -3, -2, -l, O, +1, +2, +3, +4, +5, ...}

Não é preciso sempre escrever o sinal + à frente dos


números positivos. Assim, 1 e +1 indicam o mesmo
numeral.

Podemos identificar alguns subconjuntos dos conjuntos dos


inteiros:

X Retirando do conjunto Z o numeral zero, temos o


conjunto:
Z* = { . . ., -5, -4, -3, -2, -l, +1, +2, +3, +4, +5, ...}
denominado de conjunto dos inteiros não nulos.
X Extraindo de Z os números negativos, temos o conjunto:
Z+ = {0, +1, +2, +3, +4, +5, ...} que constitui o
conjunto dos inteiros não negativos.
X Retirando de Z os números positivos, temos o conjunto:
Z– = { . . ., -5, -4, -3, -2, -l, O} denominado de conjunto
dos inteiros não positivos.
X Extraindo de Z + e de Z –o número zero, temos os
conjuntos:

34 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 1 – Recuperando conceitos

Z* + = { +1, +2, +3, +4, +5, ...} que constitui o


conjunto dos inteiros positivos; e
Z*– = { . . ., -5, -4, -3, -2, -l} que forma o conjunto
dos inteiros negativos.

Logo, Z+ = N e N  Z.

Operações com Números Inteiros

As operações anteriormente descritas para os conjuntos


naturais são também válidas para os Números Inteiros com a
vantagem de que quaisquer dois inteiros podem ser subtraídos
obtendo como resultado um número que também pertence ao
conjunto dos números inteiros.
Contudo, em se tratando da operação de divisão, não
podemos dizer o mesmo, pois nem sempre temos como resultado
de uma divisão um número que também pertença ao conjunto dos
números inteiros. Eis aqui mais uma razão para se justificar a
ampliação, ou seja, a criação de outros conjuntos numéricos, como
veremos a seguir.

CONJUNTO DOS NÚMEROS RACIONAIS

O conjunto constituído pelos números inteiros e pelas frações


positivas e negativas é chamado conjunto dos números racionais,
e é representado pela letra Q.

Q = {a/b: a e b em Z, b diferente de zero}, ou seja,


Q = { ... -2, ..., -5/3, ..., 0, ..., 2/3, ... , +1, ... }

Dentro do conjunto dos racionais, podemos identificar alguns


subconjuntos. Entre estes:

Módulo 2
35
Matemática para Administradores

X Retirando do conjunto Q o zero, obteremos o conjunto:


Q* = Q – {0} denominado de conjunto dos racionais
não nulos.
X Extraindo de Q os números racionais negativos,
obtemos:
Q+ = conjunto dos números racionais não negativos.
X Retirando de Q os números racionais positivos, temos:
Q– = conjunto dos números racionais não positivos.
X Extraindo de Q+ e de Q– o número zero, obtemos:
Q*+ = conjunto dos números racionais positivos; e
Q*– = conjunto dos números racionais negativos.

CONJUNTO DOS NÚMEROS IRRACIONAIS

Existem alguns resultados numéricos que não representam


um número inteiro e também não podem ser representados por uma
fração. Estes são denominados de números irracionais, que têm
uma representação decimal com infinitas casas decimais e não
periódicas. Por exemplo: e S = 3,14159… dentre
outras situações.

CONJUNTO DOS NÚMEROS REAIS

Denominamos de número real qualquer número racional ou


irracional. Podemos dizer, portanto, que número real é todo número
com representação decimal finita ou infinita.

36 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 1 – Recuperando conceitos

A letra que designa o conjunto dos números reais é R, e R*


indica o conjunto dos números reais não nulos, isto é:

R = {x | x é número racional ou irracional}; e


R* = {x | x é número real diferente de zero}

Representação do Conjunto dos Números Reais – Eixo Real

Considerando uma reta r, observe que a cada ponto dessa


reta se associa um único número real, e a cada número real podemos
associar um único ponto dessa reta.
Para melhor compreender, observe os passos descritos a
seguir:

X associe o número 0 (zero) a um ponto O qualquer da


reta r;
X a cada ponto A de uma das semirretas determinadas
por O em r, associe um número positivo x, que indica
a distância de A até O, em uma certa unidade u; e
X a cada ponto A, simétrico de A em relação a O, associe
o oposto de x.

Essa representação recebe o nome de eixo real, cuja origem


é o ponto O e o sentido é o que concorda com o crescimento dos
valores numéricos.

Módulo 2
37
Matemática para Administradores

Subconjunto dos Números Reais

Sejam a e b números reais tais que a < b. Podemos utilizar


uma representação específica para os subconjuntos dos números
reais denominada por intervalos reais. Estes intervalos podem ser:

X Intervalo limitado fechado


{x  R | a d x d b} = [a, b]

Você se lembra como é realizada a leitura do intervalo, expresso


em forma simbólica como apresentado acima? Vamos
relembrar juntos?

Os elementos do conjunto estão designados pela letra


x e, portanto, os símbolos nos dizem que os elementos,
ou seja, os elementos designados por x pertencem ao
conjunto dos reais, e cada elemento x é menor ou igual
ao número b e maior ou igual ao número a.

X Intervalo limitado aberto


{x  R | a < x < b} = ]a,b[
X Intervalo limitado semiaberto
{x  R | a < x d b} = ]a,b]
{x  R | a d x < b} = [a,b[
X Intervalo ilimitado
{x  R | x t a} = [a,+f[
{x  R | x > a} = ]a,+f[
{x  R | x d a} = ]-f,a]
{x  R | x < a} = ]-f,a[
R = ]-f,+ f[

38 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 1 – Recuperando conceitos

SISTEMAS DE COORDENADAS

Para localizarmos precisamente um ponto qualquer de uma

v
figura plana, usamos como referência duas retas numéricas e, assim,
obtemos o que denominamos de coordenadas do ponto. Para isso,
desenhamos duas retas numeradas e perpendiculares entre si que
se cruzam no ponto zero de ambas.
A representação na reta
As retas numeradas, ou eixos, como são comumente numérica nos será muito
nomeadas, dividem o plano em quatro regiões denominadas útil para nossos estudos
quadrantes. O conjunto formado pelas retas e pelos quadrantes no curso de
Administração Pública.
recebe a denominação de sistema de coordenadas. Esta
representação é muito útil para a construção de gráficos conforme
veremos mais adiante no curso.

A localização de cada ponto no plano tem como referência


um par ordenado de números reais em que o primeiro elemento se
relaciona ao eixo horizontal, denominado de abscissa, e o segundo
elemento se relaciona ao eixo vertical, denominado de ordenada
do ponto. O par ordenado se denomina coordenada do ponto.

Módulo 2
39
Matemática para Administradores

Muitas vezes iremos nos referir aos eixos que


compõem o sistema de coordenadas como: eixo das
abscissas e eixo das ordenadas.

O par (0, 0) é denominado origem e é uma importante


referência para o sistema de coordenadas.
Para ilustrar, citamos o ponto P (-4, 2). As coordenadas de
P são -4 e 2. Assim, podemos localizar o ponto P tendo como
referência o sistema de eixos. P está localizado a 4 unidades para a
esquerda do zero e 2 unidades para cima. Isto é, para atingirmos o
ponto P, deslocamos no sistema, a partir da origem, 4 unidades
para a esquerda e, em seguida, 2 unidades para cima.

Vale lembrar a importância da ordem dos números, na qual


as coordenadas são escritas. Por exemplo, o ponto de coordenadas
(2, 4) é diferente do ponto de coordenadas (4, 2).
Desta forma, a posição de qualquer ponto do plano será
determinada por um par de números (x, y) os quais indicam as
distâncias deste ponto às retas de referência (eixo das abscissas e
eixo das ordenadas). Estas distâncias são medidas usando-se a
escala estabelecida a partir de retas paralelas às duas retas de
referência que determinam a malha coordenada.
Considerando apenas uma reta numérica (reta real), é fácil
perceber que encontramos a distância entre dois pontos x e y sobre

40 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 1 – Recuperando conceitos

uma reta por |x – y|. Perceba que utilizamos o módulo da diferença


para garantir que o valor seja positivo, pois se trata de distância
entre dois pontos. Por exemplo, considere os pontos A (x A, y A),
B (xA, yB) e C (xC, yA).

Perceba que os pontos A e B estão sob um segmento paralelo


ao eixo das ordenadas. Assim, podemos considerá-los sob um eixo
e, ao subtrairmos as ordenadas correspondentes, encontramos a
distância entre eles: yB – yA.
Repare que, como foi tomado na subtração o valor maior
menos o menor, garantimos o resultado positivo independentemente
de tomarmos o módulo.
Analogamente, para descobrirmos
a distância de A até C, basta subtrairmos Saiba mais Teorema de Pitágoras
suas abscissas e atentarmos para a
Considerado uma das prin-
particularidade de que A a C estão sob cipais descobertas da Ma-
um segmento que é paralelo ao eixo das temática, ele descreve uma
abscissas: xC – xA. relação existente no triân-
Perceba que a figura nos gulo retângulo. O triângulo
apresenta a forma de um triângulo retângulo é formado por
retângulo e, portanto, para descobrirmos dois catetos e a hipotenusa, que constitui o mai-
a distância de B até C, basta utilizarmos or segmento do triângulo e é localizada oposta

o Teorema de Pitágoras, que consiste em: ao ângulo reto. Considerando catetos (a e b) e


hipotenusa (c) o teorema diz que a soma dos qua-
a² = b² + c², em que o quadrado da
drados dos catetos é igual ao quadrado da
hipotenusa é igual à soma dos quadrados
hipotenusa. Fonte: <http://www.brasilescola.com/
dos catetos.
matematica/teorema-pitagoras.htm>. Acesso em:
9 nov. 2009.

Módulo 2
41
Matemática para Administradores

Atividades de aprendizagem
Conseguiu acompanhar o que foi exposto até aqui?
Verifique fazendo a atividade a seguir. Se aparecer alguma
dúvida, não hesite em consultar o seu tutor.

5. Imagine que um helicóptero do serviço de emergência do Hospi-


tal A esteja situado a 4 km a oeste e a 2 km ao norte de um aciden-
te do carro a serviço da prefeitura em que você trabalha. Outro
helicóptero está posicionado no Hospital B, que está a 3 km a leste
e a 3 km ao norte do acidente. Qual helicóptero deverá ser aciona-
do por estar mais próximo do acidente?
Antes de começar a resolver, veja algu-
Saiba mais Laurence Bardin (1723-1790) mas dicas que preparamos para você:
Embora o plano representado pelo sistema de
f Represente as localizações em um
eixos seja denominado por muitos de Plano
plano cartesiano. Como as localiza-
Cartesiano em homenagem a Descartes, alguns
historiadores revelam que na mesma época de
ções dos hospitais foram fornecidas
Descartes, outro francês, Pierre Fermat (1601-1665), tendo como referência o acidente,
também chegou aos mesmos princípios, isolada- posicione o ponto que representa o
mente. Assim, para sermos justos parece ser im- acidente na origem do sistema de ei-
portante lembrarmos que, na realidade, o estabe-
xos – o ponto O terá como coordena-
lecimento das bases da Geometria Analítica deve-
se a ambos – Descartes e Pierre Fermat. Se você
da (0,0).
desejar conhecer mais sobre conjuntos e conjuntos f Situe os pontos no plano que re-
numéricos, reserve um tempo para passear no site presentam cada local em que se en-
< h t t p : / / b r. g e o c i t i e s . c o m / pa u l o m a r q u e s _ m at h /
contram os helicópteros - HA (-4,2) e
arq11-1.htm> e aproveite para exercitar mais um
pouquinho.
HB (3,3) e encontre as distâncias en-
tre os pontos OHA e OHB.

42 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 1 – Recuperando conceitos

Resumindo
Nesta primeira Unidade aprendemos e relembramos
a nomenclatura e a simbologia da teoria dos conjuntos nu-
méricos.
Evidenciamos a notação a fim de que os símbolos não
se apresentem como empecilho para a sua aprendizagem
no contexto administrativo.
Vimos ainda problemas que envolvem conjuntos nu-
méricos e suas operações.

Módulo 2
43
Matemática para Administradores

Respostas das
Atividades de aprendizagem
1. 7 pessoas utilizavam os dois produtos.
2. 49 pessoas não comeram salgados que continham queijo.
3.
a) G = {Maria, Carlos, Clara, Beatriz} = {Ma, Ca, Cl, Be}
b) Conjunto das partes de G;
c) P (G) = {Ø, {Ma}, {Ca}, {Cl}, {Be}, {Ma, Ca}, {Ma, Cl},
{Ma, Be}, {Ca, Cl}, {Ca, Be}, {Cl, Be}, {Ma, Ca, Cl}, {Ma,
Cl, Be}. {Ca, Cl, Be}, {Ma, Ca, Be}, {Ma, Ca, Cl, Be}.
4. V – F – F – V – V – F – V – F
5. OHB = km, ou seja, está a 4,24 km; e
OHA está à distância de km, ou seja, a 4,47 km. Logo,
o helicóptero que está estacionado no Hospital B está
mais perto do acidente.

44 Bacharelado em Administração Pública


Apresentação

UNIDADE 2
MATRIZES E SISTEMAS DE
EQUAÇÕES LINEARES

OBJETIVOS ESPECÍFICOS DE APRENDIZAGEM

Ao finalizar esta Unidade você deverá ser capaz de:


f Descrever e comentar possibilidades de uso do conceito de Matriz
relacionado ao contexto da Administração Pública;
f Operar problemas, no ambiente da Administração Pública, utilizando
matrizes e suas operações;
f Identificar e resolver Sistemas de Equações Lineares;
f Interpretar situações-problemas relacionadas à Administração
que envolvem matrizes e sistemas lineares de equações; e
f Criar matrizes associadas às informações em situações diversas
nos assuntos administrativos.

Módulo 2
45
Matemática para Administradores

46 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 2 – Matrizes e Sistemas de Equações Lineares

INTRODUÇÃO A MATRIZES

Caro aluno,
Agora vamos conhecer outras formas de se resolver
situações nas quais os dados não estão arrumados. E, antes
de obtermos uma solução para o problema, precisamos
organizar esses dados. A utilização de matrizes e sistemas
de equações lineares quando temos várias informações de
distintas áreas abre muitas possibilidades em nosso dia a
dia organizacional.
Vamos ver como funcionam? Bons estudos!

Muitas vezes nos encontramos diante de uma situação em


que necessitamos organizar dados. Ou seja, temos muitas
informações que nos são apresentadas as quais merecem uma
organização. Por exemplo: as informações sobre o estoque de
remédios do Hospital Escola de uma universidade pública, sobre
os nutrientes de um produto de alimentação das crianças da creche
da prefeitura, sobre os equipamentos fabricados, importados ou
exportados, adquiridos, vendidos, defeituosos, etc. Enfim, são várias
as informações que temos de compreender e que demandam uma
organização.

Matriz é uma representação matemática útil para


resolver problemas em diferentes áreas e se apresenta
como uma tabela retangular de números, parâmetros
ou variáveis organizados em uma ordem significativa.

Módulo 2
47
Matemática para Administradores

Assim, denominamos matriz um grupo ordenado de números


que se apresentam dispostos em forma retangular em linhas e
colunas. Veja o exemplo:

Os componentes (parâmetros ou variáveis) são denominados


elementos da matriz. Os elementos na fileira horizontal constituem
uma linha da matriz e os elementos na fileira vertical constituem
uma coluna da matriz. Como podemos observar, os componentes
de uma matriz se apresentam delimitados por duas linhas curvas
(parênteses ou colchetes).
Reconhecemos a dimensão ou ordem de uma matriz pela
quantidade de linhas e colunas. Assim, podemos dizer que de acordo
com o exemplo anterior a matriz é de ordem 4 x 3 (lê-se quatro por
três), em que o número 4 se relaciona ao número de linhas e o
número 3 se relaciona ao número de colunas. Para você entender
melhor, observe o modelo representado a seguir que traz uma matriz
de 2 x 3 (duas linhas e três colunas).

Note que podemos nos referir a um determinado elemento


da matriz fazendo uso dos índices i, j. O elemento da i-ésima linha
e j-ésima coluna seria indicado por aij.
Genericamente podemos dizer que matriz é uma tabela
retangular de números organizados em m linhas e n colunas.

48 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 2 – Matrizes e Sistemas de Equações Lineares

Com base nos exemplos, podemos dizer que matriz é uma


forma de organizar informações que nos serão úteis para
resolvermos problemas?

Exatamente. Podemos afirmar que a matriz relaciona os


dados ali organizados, já que o número de linhas e colunas da matriz
nos informa o que denominamos de ordem da matriz.
Uma matriz pode ser indicada por A = [ai,j].

Observe que o elemento em destaque na matriz de ordem 3


por 2 (3x2) representada acima se situa na segunda linha e segunda
coluna e, portanto, indicamos este elemento por a2,2, e que neste
caso é igual a 2.

Módulo 2
49
Matemática para Administradores

MATRIZES ESPECIAIS

As matrizes recebem uma denominação especial dependendo


do número de linhas ou colunas que possuem ou por alguma
especificidade de seus elementos.
Veja como a nomenclatura utilizada se apresenta coerente e
de fácil compreensão:

X Matriz linha (ou vetor linha): é uma matriz com apenas


uma linha e pode ser representada genericamente por
. Um exemplo de matriz linha é
[9 -5 7 0].
X Matriz coluna (ou vetor coluna): é uma matriz com
apenas uma coluna, como mostrado a seguir.

X Matriz nula: é uma matriz em que todos os seus

elementos são iguais a zero. Por exemplo .

X Matriz quadrada: é a matriz que possui o mesmo


número de linhas e colunas. Este tipo de matriz
apresenta uma forma semelhante à figura geométrica
conhecida por quadrado. Um exemplo de uma matriz
quadrada seria uma de ordem 2x2. Podemos ainda
dizer que a matriz é quadrada de ordem 2.

50 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 2 – Matrizes e Sistemas de Equações Lineares

Em uma matriz quadrada de ordem qualquer n, os


elementos a 11 , a 22 , a 33 ,..., a nn formam o que
denominamos de diagonal principal da matriz e
representam os elementos aij com i = j. A outra diagonal
é denominada de diagonal secundária da matriz.

X Matriz diagonal: é a matriz quadrada em que todos


os elementos que não pertencem à diagonal principal
são iguais a zero. Por exemplo:

X Matriz identidade In: é a matriz quadrada, de ordem


nxn, em que todos os elementos da diagonal principal
são iguais a um, e todos os outros elementos são iguais
a zero. Observe a seguir o exemplo de uma matriz
identidade de ordem 4x4.

Vamos compreender melhor, com o exemplo a seguir, o que


vem a ser matriz e como esta forma de organizar os dados
pode nos ajudar?

Módulo 2
51
Matemática para Administradores

Supondo que você seja um auditor público e deva proceder


a fiscalização em uma empresa com filiais em vários Estados.
Ao chegarem a uma das lojas, os colaboradores lhe
apresentam algumas tabelas e entre elas há a Tabela 1, a seguir,
que exibe os dados de material para camping para um mês (junho)
de dois produtos.

Tabela 1: Material para camping

ESTOQUE ENTRADA DE PRODUTO


(1º DE JUNHO) VENDA (JUNHO) NOVO (JUNHO )
PEQUENO GRANDE PEQUENO GRANDE PEQUENO GRANDE
Mesa de piquenique 8 10 7 9 15 20
Grelha de churrasco 15 12 15 12 18 24

Fonte: Elaborada pela autora

De acordo com a tabela, note que há o estoque (em 1º de


junho), a venda (durante o mês de junho) e os produtos adquiridos
(entregues no mês de junho). Perceba que podemos representar esses
dados da tabela em diferentes matrizes, por exemplo:
M será a Matriz que representa o estoque da firma em 1º de
junho:

Observe que as linhas nos informam o tipo de produto. Temos


na primeira linha as mesas e na segunda linha, as grelhas.
Já as colunas nos informam o tamanho dos produtos. Na
primeira coluna temos os produtos pequenos e na segunda, os
produtos de tamanho grande.
Da mesma forma, poderíamos representar por uma matriz S
a venda do mês de junho e por D os produtos adquiridos no mês de
junho.

52 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 2 – Matrizes e Sistemas de Equações Lineares

Que tal começarmos pensando genericamente na matriz S?


Que número estaria na primeira linha e segunda coluna?
Ou seja, quem seria o elemento S12?

Se você respondeu que seria o número 9, você está correto.


O que significa que em junho foram vendidas 9 mesas de piquenique
de tamanho grande.

Agora é com você: continue e registre a matriz S e também a


matriz D. Em caso de dúvida, consulte seu tutor. Ele, com
certeza, terá o maior prazer em lhe ajudar. Não carregue dúvidas
com você, pois contamos com o seu entendimento para
continuarmos nossa viagem por este conteúdo. Vamos lá!
Anime-se!

Módulo 2
53
Matemática para Administradores

OPERAÇÕES COM MATRIZES

Nesta seção vamos iniciar uma conversa sobre a álgebra


das matrizes e, por vezes, voltaremos ao nosso exemplo
(em que o auditor se encontrava em uma loja de material
de camping) para ilustrarmos nossos caminhos e buscarmos
uma compreensão deste conteúdo.

As matrizes nos oferecem uma maneira fácil de combinarmos


informações de diferentes tabelas. Para tal, teremos de compreender
como funciona a aritmética das matrizes.
Comecemos compreendendo quando podemos considerar
que duas matrizes são iguais.

IGUALDADE DE MATRIZES

Precisamos inicialmente entender o que significam


elementos correspondentes entre duas matrizes. Trata-se de

v
uma denominação bem intuitiva. Veja a seguir.
Entre matrizes de mesma ordem, os elementos que ocupam
idêntica posição se denominam elementos correspondentes.
Para entender melhor, considere as matrizes A e B expressas
Atenção, só as de
na forma genérica a seguir:
mesma ordem.

54 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 2 – Matrizes e Sistemas de Equações Lineares

Agora, vamos identificar os pares de elementos


correspondentes das matrizes A e B:

a11e b11 a12 e b12


a21 e b21 a22 e b22
a31 e b31 a32 e b32

Uma vez que já compreendemos o significado da expressão


elementos correspondentes de uma matriz, podemos
identificar quando duas matrizes são iguais. Ou seja, duas ou mais
matrizes são iguais se, e somente se, têm a mesma ordem e possuem
seus elementos correspondentes iguais.

Exemplo 1

Verifique se as matrizes M e N a seguir são iguais.

Resolução:
Inicialmente vamos relembrar as características que fazem
com que duas matrizes sejam iguais:

X As duas matrizes devem ser de mesma ordem. Temos


que tanto a matriz M como a matriz N possuem 3 linhas
e 2 colunas e, portanto, ambas são de ordem 3 por 2
(3x2).
X Se simplificarmos os elementos das matrizes M e N
chegaremos, em ambos os casos, como resultado, à
matriz:

Módulo 2
55
Matemática para Administradores

Assim podemos concluir que os elementos correspondentes


das matrizes M e N são iguais. Logo, as matrizes M e N são iguais.

Exemplo 2

Encontre os valores de x e y para que as matrizes abaixo sejam


iguais.

Resolução:
Como a proposta solicita que as matrizes sejam iguais,
devemos observar se estas são de mesma ordem e, além disso,
avaliar as condições em que os elementos que ocupam idêntica
posição sejam iguais. Assim devemos considerar 2x + 4 = 12 e
-3y + 5 = 5y – 3.
Resolvendo as duas equações, encontraremos x = 4 e y = 1.

Tudo bem até aqui? Podemos dar continuidade à Aritmética


das Matrizes?

ADIÇÃO E SUBTRAÇÃO DE MATRIZES

Uma matriz é uma representação visualmente interessante e


útil para o armazenamento de dados. Entretanto, algumas vezes os

56 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 2 – Matrizes e Sistemas de Equações Lineares

dados apresentam mudanças e, assim, sentimos a necessidade de


somar e subtrair matrizes.

Para somar ou subtrair matrizes, estas devem ser de


mesma dimensão, ou seja, ambas devem ser de mesma
ordem, mesmo número de linhas e mesmo número de
colunas.

Para somar ou subtrair duas matrizes de mesma ordem, basta


efetuar a soma ou a subtração dos elementos correspondentes. Veja
os exemplos:

X Soma das matrizes A e B:

X Subtração das matrizes M e N:

Portanto

Módulo 2
57
Matemática para Administradores

Exemplo 3

Retorne ao exemplo em que figuramos, imaginariamente, como


auditor público e retomemos a tabela sobre o estoque (em 1º de
junho), a venda (durante o mês de junho) e os produtos adquiridos
(entregues no mês de junho) da loja de material para camping.
A matriz M representou o estoque da firma em 1º de junho. A matriz
S representou a venda do mês de junho, e a matriz D representou
os produtos adquiridos no mês de junho.
Agora, encontre a matriz resultante da operação M – S + D e
interprete o significado da matriz encontrada.

Resolução:
Note que podemos efetuar a adição e subtração de matrizes
em uma etapa.

Podemos interpretar o resultado da seguinte maneira:


No final de junho, a loja de materiais para camping tem 16
mesas de piquenique pequenas e 21 mesas grandes em estoque.
A loja também tem em estoque 18 grelhas de churrasco de tamanho
pequeno e 24 grelhas de tamanho grande.
Expor informações de tabelas em matrizes por vezes facilita
a visualização e operação com os dados ali dispostos.

58 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 2 – Matrizes e Sistemas de Equações Lineares

MULTIPLICAÇÃO DE UMA MATRIZ POR UM NÚMERO REAL

Em algumas situações será necessário multiplicar uma matriz


por um número real. Este procedimento é muito simples. Acompanhe
a explicação a seguir:
Para multiplicar uma matriz A por um número real, k, basta
multiplicar todos os elementos da matriz A por k. Esta operação é
denominada de multiplicação por um escalar. Na álgebra das
matrizes um número real é muitas vezes chamado de escalar.

Entendeu? Vamos compreender melhor?

Seja k um escalar (um número real diferente de zero) e


A= (aij)mxn uma matriz. Definimos a multiplicação do escalar k pela
matriz A como outra matriz C = k ˜ A, em que cij= k ˜ (aij) para todo
i e todo j. Note que, embora tenhamos utilizado algumas letras e
símbolos, a informação é a mesma, ou seja, multiplicam-se todos
os elementos da matriz pelo número real para se chegar, então, ao
resultado da operação. Acompanhe o exemplo:

No caso particular em que o número real k seja igual


a –1, isto é, k = –1, o produto –1A = -A é denominado
matriz oposta de A.

Note que sendo A = (aij)m x n, a matriz (-A) = (a’ij)m x n é tal que


A + (-A) = 0, em que 0 é a matriz nula do tipo m x n. Temos que
(a’ij) = (-aij). Em outras palavras, os elementos da matriz oposta
(-A) são os opostos dos elementos da matriz A.

Módulo 2
59
Matemática para Administradores

MULTIPLICAÇÃO DE MATRIZES

As operações com matrizes fazem uso dos conhecimentos


básicos da aritmética e da álgebra. A maioria delas, como as
operações adição e subtração, é realizada de uma maneira natural.
Outras operações, como a multiplicação, têm uma lógica que muitas
vezes nos parece um pouco estranha.
Antes de iniciarmos nossa conversa sobre multiplicação de
matrizes, gostaríamos de alertar sobre um detalhe importante ao
qual devemos ficar sempre atentos.

Lembre-se: O produto de duas matrizes só será


possível se o número de colunas da primeira matriz
for o mesmo número de linhas da segunda matriz. Vale
também lembrar que o produto terá o mesmo número
de linhas da primeira matriz e o mesmo número de
colunas da segunda matriz.

Para compreender a lógica da multiplicação de matrizes,


acompanhe a ilustração a seguir considerando os detalhes que
devem ser observados ao multiplicar uma matriz M de ordem 3x2
(três linhas e duas colunas) por uma matriz G de ordem 2x2 (duas
linhas e duas colunas).

Agora imagine que uma prefeitura decida contratar


funcionários para confeccionar brinquedos para sua creche.
A equipe produz 3 tipos de bichos de pelúcia: urso, canguru e coelho.

60 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 2 – Matrizes e Sistemas de Equações Lineares

A produção de cada animal de pelúcia exige o corte do material, a


costura do material e o arremate do produto.
Podemos representar em uma matriz a quantidade de horas
que cada tipo de trabalho requer para a confecção de cada tipo de
brinquedo. Veja a seguir:

Cada elemento da matriz tem um significado. Olhando nossa


matriz podemos encontrar quantas horas de corte são
necessárias na confecção de um coelho de pelúcia?

Exatamente, 0,4, ou 4 décimos de hora.


Já para a costura de um urso de pelúcia são necessários 48
minutos de costura (48 = 0,8 x 60).
Continuemos testando nossa interpretação sobre as
informações que a matriz nos oferece. Podemos encontrar o total
de horas de trabalho necessárias para a produção de dois ursos,
que seria igual a 3,8, ou seja, duas vezes (0,5 + 0,8 + 0,6).
Agora imagine que a equipe contratada tenha recebido uma
solicitação para atender às prefeituras das cidades próximas para
o mês de outubro e novembro. A matriz, a seguir, nos mostra a
quantidade de cada tipo de brinquedo que deverá ser produzido
para atender ao pedido de cada mês.

Módulo 2
61
Matemática para Administradores

Observe que essa matriz também nos traz muitas informações.


Quantos cangurus devem ser produzidos em novembro?
Quantos bichos de pelúcia devem ser produzidos em outubro?

Resolução:
Isso mesmo, em novembro devem ser produzidos 850
cangurus.
Em outubro devem ser produzidos 2.400 bichos de pelúcia
(1000 + 600 + 800 = 2.400).

Agora suponha que a secretaria de Recursos Humanos


solicite saber quantas horas de trabalho de corte dos bichos serão
necessárias em outubro. Pense por etapas:

Resolução:

X Quantas horas são necessárias para o corte dos ursos


em outubro?
500 (0,5 x 1.000 = 500)
X Quantas horas são necessárias para o corte dos
cangurus em outubro?
480 (0,8 x 600 = 480)
X Quantas horas são necessárias para o corte dos coelhos
em outubro?
320 (0,4 x 800 = 320)
X Qual o total de horas de corte de bichos necessárias
em outubro?
500+ 480 + 320 = 1.300

62 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 2 – Matrizes e Sistemas de Equações Lineares

v
Vencida esta etapa, vamos encontrar a quantidade de horas
necessárias para costura em novembro para cada tipo de bicho e,
depois, a quantidade total de horas necessárias para arremate no Não hesite em consultar
mês de outubro. seu tutor em caso de
dúvida.
X horas de costura para urso = 800 (0,8 x 1000)
X horas de costura para canguru = 600 (1,0 x 600)
X horas de costura para coelho = 400 (0,5 x 800)
X total de horas de costura = 1800 (800 + 600 + 400)

O processo utilizado para responder às questões anteriores,


sobre corte e costura, pode ser interpretado como uma operação com
matriz.
Para visualizarmos o número total de horas de arremate para
o mês de outubro é mais fácil, pois basta escrevermos a linha de
arremate da primeira matriz próxima da coluna do mês de outubro
– conforme mostrado a seguir.

Observe como é simples: multiplicamos o primeiro número


(elemento) da primeira matriz pelo primeiro número da segunda
matriz e, depois, multiplicamos o segundo número, o terceiro etc., e
finalmente adicionamos os produtos:

(0,6 x 1.000) + (0,4 x 600) + (0,5 x 800) = 1.240

Vamos neste ponto expressar em uma matriz o total de horas,


no mês de outubro, necessárias para o corte, a costura e o arremate.
Como já encontramos esses dados anteriormente, basta dispormos
em uma matriz.

Módulo 2
63
Matemática para Administradores

Dando continuidade ao exemplo anterior, vamos supor que


o setor de finanças da prefeitura precise calcular o total de horas
de trabalho necessárias (em cada tipo de trabalho) para os dois
meses – outubro e novembro. Volte a olhar as matrizes que nos
informam o tipo de trabalho por tipo de bicho e o tipo de bicho
encomendado por mês. Lá temos já o total de horas de trabalho
necessárias, em cada tipo de trabalho, para outubro.

Mas, você pode estar se perguntando: como encontrar o total


de horas de trabalho – elementos da coluna do mês de
novembro?

Exatamente, utilizando o mesmo procedimento anterior.

O processo que fizemos é chamado de produto de


matrizes e, assim, encontramos as informações desejadas na
matriz produto, que nos mostra o total de horas de cada tipo de
trabalho por mês.

64 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 2 – Matrizes e Sistemas de Equações Lineares

Veja a seguir uma ilustração (descontextualizada) de como


efetuar a multiplicação de uma matriz de ordem 2x3 por outra de ordem
3x3. Note que obtemos como resultado uma matriz de ordem 2x3.

Na multiplicação de matrizes, se uma matriz A tem


dimensão mxn e uma matriz B tem dimensão nxr, então
o produto AB será uma matriz de dimensão mxr.

Para encontrarmos o elemento da linha i e coluna j da matriz


produto AB, é necessário encontrar a soma dos produtos dos
elementos que se correspondem na linha i da matriz A e da coluna
j da matriz B. Simbolicamente podemos representar por:

Embora esta notação pareça confusa, ela é simples e bem


fácil de ser compreendida. Pois, em se tratando de matrizes, quando
escrevemos uma letra – no caso a letra c – e dois índices logo abaixo
– no caso i j –, estamos representando um elemento da matriz que
se situa na linha i e coluna j. Neste caso, então, cada elemento da
matriz produto é obtido, ou seja, é igual à somatória – representado
pelo símbolo ¦ – dos produtos dos elementos correspondentes das
duas outras matrizes que se situam na linha i coluna k da primeira
matriz com os elementos da linha k e coluna j da segunda.

Módulo 2
65
Matemática para Administradores

Assim, cada elemento da matriz produto é obtido desta soma


de produtos.

Ci,j = ai,1b1,j + ai,2b2,j + ... + ai,kbk,j

Exemplo 4

Sejam as matrizes A e B. Calcule a matriz C formada pelo


produto da matriz A por B (AB).

Resolução:
Para entender melhor, veja os detalhes dos elementos da
matriz produto e que operações devem ser realizadas para encontrar
cada um destes:

X C 11 – elemento da matriz produto localizado na


primeira linha e primeira coluna;
X C 12 – elemento da matriz produto localizado na
primeira linha e segunda coluna;
X C21 – elemento da matriz produto localizado na segunda
linha e primeira coluna;

C1,1 = a1,1b1,1 + a1,2b2,1 + a1,3b3,1 = 1 ˜ 2 + 0 ˜ 1 + 4 ˜ 3 = 14


C1,2 = a1,1b1,2 + a1,2b2,2 + a1,3b3,2 = 1 ˜ 4 + 0 ˜ 1 + 4 ˜ 0 = 4
C2,1 = a2,1b1,1 + a2,2b2,1 + a2,3b3,1 = 2 ˜ 2 + 1 ˜ 1 + 1 ˜ 3 = 8

E assim por diante…

66 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 2 – Matrizes e Sistemas de Equações Lineares

Exemplo 5

Agora vamos multiplicar as matrizes que seguem:

Antes de iniciar os cálculos, é importante lembrar de verificar se é


mesmo possível multiplicar a matriz A pela matriz B. Como?
Verifique as dimensões das duas matrizes.

C3x2 = A3x3 B3x2

Agora efetue o produto das duas matrizes em seu caderno de registro.


E, em seguida, confira seu resultado.

Resolução

O produto de duas matrizes não é comutativo.


Em outras palavras, para duas matrizes A e B,
AB z BA na maioria das situações.

CONTINUANDO COM MAIS ALGUMAS MATRIZES ESPECIAIS

X Matriz Transposta: quando permutamos as linhas e


colunas de uma matriz, obtemos uma nova matriz,
denominada matriz transposta. Veja o exemplo:

Módulo 2
67
Matemática para Administradores

Logo, se A é uma matriz de ordem mxn, denomina-se


transposta de A a matriz de ordem nxm obtida
trocando-se ordenadamente as linhas pelas colunas.
X Matriz Inversa: seja uma matriz quadrada A que
possui n linhas e n colunas. Se existe uma matriz B
quadrada de mesma ordem (nxn) tal que A˜B = B˜A = In
(em que In é a matriz identidade de ordem nxn), então
A e B são denominadas matriz inversa uma da outra.
A inversa de uma matriz A é denotada por A-1. (Note
que .

Mas, atenção: uma matriz A terá inversa se, e somente


se, o det (A) z0.

A cada matriz quadrada podemos associar um número real


denominado de determinante da matriz.

Você sabe o que é determinante de uma matriz?

Vamos ver juntos como se define o determinante de uma

matriz de ordem 2x2, por exemplo. Seja . O determinante

68 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 2 – Matrizes e Sistemas de Equações Lineares

de A, denotado por det (A) ou , é definido por:

Exemplo 6

Agora vamos calcular o determinante de .

Resolução:

det (A) = (–5)(8) – (–7)(11)


det (A) = –40 – (–77)
det (A) = –40 + 77
Assim, temos que det (A) = 37

Assim como as operações inversas são úteis para solucionar


equações, a matriz inversa será útil para solucionar alguns sistemas
lineares de equações quando expressos por uma multiplicação de
matrizes.

Módulo 2
69
Matemática para Administradores

INTRODUÇÃO A SISTEMAS DE EQUAÇÕES

Sistemas de Equações são frequentemente utilizados para


modelar eventos que acontecem na vida diária e podem ser
adequados para diferentes situações.

Sistema de equações é uma coleção de equações com


as mesmas variáveis.

A solução de um sistema de duas equações lineares em x e y


é todo par ordenado (x, y) que satisfaz ambas as equações. Veremos
mais adiante que (x, y) também representa o ponto de interseção
das retas que representam cada equação do sistema.
Uma equação da forma a 1x 1 + a 2x 2 + ... + a nx n = b é
denominada equação linear.

X a1, a2, ..., an são os coeficientes;


X x1, x2, ..., xn são as incógnitas; e
X b é o termo independente.

Caso o termo independente b seja igual a zero, a equação


linear recebe a denominação de equação linear homôgenea.
Um sistema linear de equações pode ser expresso em
forma matricial como um produto de matrizes. Por exemplo:

70 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 2 – Matrizes e Sistemas de Equações Lineares

Perceba que a multiplicação das matrizes indicadas nos leva


a obter um sistema.

Seja o sistema:

Ele pode ser representado por meio de matrizes, da seguinte


forma:

Exemplo 7

Suponha que, como gerente do departamento de finanças de uma


autarquia, você pretende investir R$ 50.000,00 colocando algum
dinheiro em um investimento de baixo risco, com um pretenso ganho
de 5% ao ano. Também pretende aplicar alguma quantia do dinheiro
em um investimento de alto risco, com possibilidade de ganho de 14%
ao ano. Com essas informações, quanto deve ser investido em cada
tipo de aplicação para que se possa ganhar R$ 5.000,00 por ano?

Resolução:
Inicialmente, vamos “matematizar” as informações.
Denomine x e y as quantias desconhecidas a serem investidas,
assim:

X x a quantia a ser investida a 5%; e


X y a quantia a ser investida a 14%.

Módulo 2
71
Matemática para Administradores

Logo, podemos obter um sistema linear para representar a


situação.

Observe que este sistema pode ser representado por uma


equação com matrizes.

AX = B A o matriz coeficiente
X o matriz variável
B omatriz constante

Representemos o sistema por uma multiplicação de matrizes.

Observe que resolver uma equação matriz da forma AX = B


é muito semelhante a resolver uma equação com números reais
ax = b, com a z 0.

Agora vamos encontrar a matriz inversa. Mas, primeiramente,


precisamos resolver a equação.

72 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 2 – Matrizes e Sistemas de Equações Lineares

Resolução:

Veja que precisaremos encontrar a matriz inversa de A, ou


-1
seja, A e, mais ainda, é importante lembrar que o produto de uma
matriz pela sua inversa resulta na matriz identidade, ou seja,
A · A-1 = I.

Vamos então encontrar a matriz inversa de A?

Igualando os elementos correspondentes, poderemos


encontrar os valores de a, b, c, d e, consequentemente, a matriz
inversa. E, efetuando os cálculos, encontramos a matriz inversa de A.

Ficaremos, então, com a seguinte equação de matrizes:

Módulo 2
73
Matemática para Administradores

X = A-1 · B

Efetuando o produto das matrizes, encontramos a matriz


resultante e, consequentemente, encontramos os valores x e y.

Assim, podemos afirmar que o valor a ser investido é R$


22.222,22 a 5% e R$ 27.777,78 a 14% para que seja alcançada a
meta de ganho de R$ 5.000,00 ao ano.

Você pode estar se perguntando: para solucionar sistemas


lineares utilizamos sempre o mesmo método?

Não. Existem diferentes métodos para solucionar sistemas


de equações lineares. Entre estes destacamos o método de
substituição, que consiste em isolar uma variável de uma das
equações e, por substituição, encontrar a solução.
Outro método muito prático é denominado de método de
escalonamento, que consiste em fazer alterações nas equações
do sistema de modo a obter um novo sistema equivalente ao
primeiro e que seja mais conveniente para encontrar a solução.
Ainda podemos citar a resolução gráfica, que consiste
em encontrar o ponto comum das representações das respectivas
equações.

74 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 2 – Matrizes e Sistemas de Equações Lineares

Vamos ver, com um pouco mais de detalhes, a resolução de


um sistema pelo método de escalonamento. Preparado?
Podemos continuar?

Este processo de resolução envolve a eliminação de


incógnitas. Para escalonar um sistema, podemos usar os seguintes
artifícios:

X trocar as posições de duas equações;


X mudar as incógnitas de posições;
X dividir uma das equações por um número real diferente
de zero; e
X multiplicar uma equação por um número real e
adicionar o resultado a outra equação.

Agora, acompanhe o exemplo proposto, a seguir, para


verificar como tudo acontece.

Exemplo 8

Vamos resolver o seguinte sistema:

Resolução:
Basta trocar de posição a primeira equação com a segunda
equação, de modo que o primeiro coeficiente de x seja igual a 1,

temos:

Para eliminarmos a incógnita x na segunda equação,


precisamos multiplicar a primeira equação por (-2) e somar com a
segunda equação. Obser ve com atenção esse procedimento
conforme mostrado a seguir:

Módulo 2
75
Matemática para Administradores

Para eliminar a incógnita x na terceira equação, multiplica-


se a primeira equação por (-3) e soma-se com a terceira equação:

Agora vamos eliminar a incógnita y na terceira equação.


Para isso, basta multiplicar por (-1) a segunda equação e somar
com a terceira equação.

Então na 3ª equação teremos -2z = -6, que, multiplicando


ambos os membros por (-1), resulta em 2z = 6. Simplificando, tem-

se .
Logo z = 3. E, substituindo o valor de z na segunda equação,
– 7y – 3z = – 2 substitui a incógnita z pelo valor 3.
– 7y – 3(3) = – 2 Ÿ – 7y – 9 = –2 Ÿ – 7y = – 2 + 9 Ÿ

– 7y = 7 Ÿ7y = – 7 Ÿy = Ÿy = –1

v
Agora que temos valores de y e de z, podemos assim encontrar
o valor da incógnita x. Basta substituirmos os valores de y e z na
primeira equação:
Calculamos que y = –1 e
x + 2y + z = 3 Ÿ x + 2(–1) + 3 = 3 Ÿ x – 2 + 3 = 3 Ÿ
z = 3.
x + 1 = 3 Ÿx = 3 – 1 Ÿx = 2

Logo, o conjunto solução do sistema será S = {x, y, z} =


{2, –1, 3}.

76 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 2 – Matrizes e Sistemas de Equações Lineares

Atividades de aprendizagem
Certifique-se que você entendeu como calcular o
determinante fazendo a atividade proposta a seguir.

1. Seja . Calcule o determinante.

Dando continuidade aos nossos estudos, vamos ver como encon-


trar o determinante de uma matriz quadrada 3x3. Para tanto, con-
sidere a matriz genérica B de ordem 3 a seguir:

O determinante é dado por:

Módulo 2
77
Matemática para Administradores

De uma maneira simples, o determinante de uma matriz de or-


dem 3 pode ser obtido pela regra denominada de regra de Sarrus,
que resulta no seguinte cálculo:

Para melhor compreendermos, suponha uma dada matriz

det(A) = 3 . 1 . 4 + 2 . 3 . 2 + 5 . 4 . 3 - 2 . 4 . 4 - 2 . 4 . 4 - 3 . 3 . 3 - 5 . 1 . 2
det(A) = 12 + 12 + 60 – 32 – 27 – 10
det (A) = 15

Complementando....
Amplie seus conhecimentos buscando as leituras propostas a seguir:

ÍMatemática básica para decisões administrativas – de Fernando Cesar


Marra e Silva e Mariângela Abrão. São Paulo: Editora Atlas, 2007.

ÍSistemas lineares. Amplie seus conhecimentos navegando no site <http:/


/www.somatematica.com.br/emedio/sistemas/sistemas.php>. Acesso
em: 15 nov. 2009.

78 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 2 – Matrizes e Sistemas de Equações Lineares

Resumindo
Nesta Unidade vimos que as operações entre matri-
zes estiveram em evidência, assim como a compreensão
sobre sistemas de equações lineares e sua aplicabilidade.
Diante do exposto, foi possível ampliar o seu conheci-
mento sobre matrizes, além de discutir sua aplicação para
os administradores públicos.

Módulo 2
79
Matemática para Administradores

Resposta da
Atividade de aprendizagem
1. 17

80 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 2 – Matrizes e Sistemas de Equações
Apresentação
Lineares

UNIDADE 3
FUNÇÕES

OBJETIVOS ESPECÍFICOS DE APRENDIZAGEM

Ao finalizar esta Unidade você deverá ser capaz de:


f Descrever e comentar possibilidades de associação de relações
entre grandezas com o conceito de Função em contextos
administrativos;
f Analisar gráficos de funções que envolvem relações entre variáveis
de diferentes contextos, em especial, administrativos;
f Resolver problemas utilizando funções;
f Interpretar situações-problemas que envolvem funções; e
f Identificar diferentes tipos de funções e suas particularidades.

Módulo 2
81
Matemática para Administradores

82 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 3 – Funções

RELAÇÃO – VARIAÇÃO – CONSERVAÇÃO

Caro estudante,
Estamos iniciando a Unidade 3 de nossos estudos, na qual
vamos conversar um pouquinho sobre a relação entre
elementos de dois conjuntos. Lembre-se que estamos aqui
para lhe auxiliar, por isso, em caso de dúvida, não hesite
em conversar com o seu tutor.

Na Matemática, bem como em outras ciências, muitas vezes


estabelecemos relações entre conjuntos. Comumente estamos
estabelecendo relações entre grandezas variáveis. A variação é uma

v
importante ideia matemática que pode ser explorada usando as
ferramentas da álgebra.
A relação ocorre quando emparelhamos elementos entre dois
conjuntos. Por exemplo, poderíamos pensar na seguinte relação:
conjunto de pessoas do setor público o qual pertencemos e o Podemos formar pares
conjunto dos diferentes salários do funcionário público. Ou, ainda, ou emparelhar
poderíamos estabelecer uma relação entre os funcionários que elementos para cada

ocupam cargos de chefia da nossa instituição e o número de reuniões situação. Entretanto, as


duas relações
agendadas para um deter minado mês. Perceba que cada
exemplificadas se
funcionário que ocupa cargo de chefia poderia ter participado em diferenciam
mais de uma reunião agendada para um determinado mês, ou quem substancialmente.
sabe não ter participado de reunião alguma. No outro exemplo
temos que, em geral, a cada funcionário público, relacionamos um
único e determinado salário.
No caso em que a relação apresentar a especificidade de
que cada elemento do primeiro conjunto se relacionar a um único
elemento correspondente no segundo, a relação será denominada
de função.

Módulo 2
83
Matemática para Administradores

Na maioria das vezes as funções envolvem conjuntos


numéricos e alguma lei de formação que as regem.
Observe no exemplo apresentado na Tabela 1 a seguir, que
relaciona o peso da correspondência com as tarifas praticadas pelo
correio brasileiro para o envio de carta comercial e cartão-postal.

Tabela 1: Carta não comercial e cartão-postal – Nacional

PESO (EM GRAMAS) VALOR BÁSICO (EM REAIS)


Até 20 0,27
Mais de 20 até 50 0,45
Mais de 50 até 100 0,70
Mais de 100 até 250 1,00
Mais de 250 até 500 2,00

Acima de 500 gramas serão aplicadas as mesmas condições de valor e


prestação do Sedex.
Fonte: Adaptado do Site dos Correios, maio de 2000

Essa tabela nos permite encontrar respostas a várias


perguntas, tais como:

X Qual o valor a ser pago por uma carta que pesa 73 g?


X Qual o peso máximo de uma carta para que sua tarifa
não ultrapasse R$ 1,00?
X É possível que duas cartas com tarifas diferentes tenham
o mesmo peso?
X É possível que duas cartas com pesos diferentes tenham
a mesma tarifa?
Observe que, nesta relação, o peso da carta é a variável
independente, e a tarifa, a variável dependente. Podemos notar,
ainda, que a cada peso de carta a ser enviada corresponde uma
única tarifa. A tarifa depende do peso da carta.
Para facilitar a visualização e compreensão do
comportamento de um fenômeno em estudo, as relações ou funções
geralmente são expressas em tabelas ou gráficos.

84 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 3 – Funções

A relação que é denominada por função, portanto, tem


algumas características especiais:

X a todos os valores da variável independente estão


associados algum valor da variável dependente; e
X para um dado valor da variável independente está
associado um único valor da variável dependente.

As relações que têm essas características são chamadas


funções. Assim, podemos dizer que a tarifa postal é dada em
função do peso da carta.
Em outras palavras, podemos dizer que uma função é uma
relação entre dois conjuntos de variáveis de tal modo que, a cada
valor do primeiro conjunto, associamos exatamente um valor do
segundo conjunto.
Logo, dados dois conjuntos A e B não vazios e f uma relação
de A em B. A relação f será uma função de A em B quando a cada
elemento x do conjunto A está associado um e apenas um elemento
y do conjunto B.

Usualmente denominamos de x a variável


independente, e y é a denominação utilizada para a
variável dependente.

Nem toda relação pode ser considerada uma função.


Acompanhe o exemplo: seja R o conjunto dos funcionários de um
órgão público que constam da lista telefônica da cidade M. Seja T
o conjunto de números de telefone dos residentes na cidade M que
constam da lista telefônica.

Será que a relação que associa os elementos de R ao


correspondente elemento em T é uma função?

Módulo 2
85
Matemática para Administradores

Alguns funcionários têm mais de um número de telefone.


Assim, a relação não é uma função.
Observe que uma equação pode representar uma função.
Por exemplo, a equação y= 2x + 5 representa uma função.
A notação mais utilizada para expressar uma função é f(x). Assim,
teríamos f(x) = 2x + 5.
Mas, como vimos anteriormente, uma tabela também pode
expressar uma relação que é uma função.

NOTAÇÃO

Saiba mais Cupom Resposta Internacional Diante da correspondência entre os


O Cupom Resposta Internacional adquiri-
valores de um conjunto (domínio) x e valores
do no exterior, além de poder ser trocado de outro conjunto y, que é uma função,
por selos (no valor equivalente a um do- dizemos que y = f(x), e o par (x, y) pode ser
cumento prioritário de 20g para o país es- escrito como (x, f(x)).
colhido), também pode ser trocado por um A notação f(x) é lida como “f de x”. O
aerograma internacional ou um envelope número representado por f(x) é o valor da
pré-franqueado Carta Mundial 20g. Fonte: função f em x.
< h t t p : / / w w w. c o r r e i o s . c o m . b r /s e r v i c o s /
Vamos compreender melhor as
precos_tarifas/internacionais/
diferentes maneiras de expressar uma
tarifas_inter.cfm>. Acesso em: 12 nov. 2009.
função.

Por uma tabela


AEROGRAMA INTERNACIONAL
VIGÊNCIA: 09/03/2007
Produtos Internacionais Preços em Reais

Aerograma Internacional R$ 1,70


Envelope Pré-franqueado Carta Mundial 20g R$ 2,00
Envelope Pré-franqueado Carta Mundial 50g R$ 3,70
Envelope Pré-franqueado Carta Mundial 100g R$ 6,70
Cupom Resposta Internacional R$ 5,00

86 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 3 – Funções

A seguir, apresentamos outro exemplo de tabela que também


representa uma função:

X Y
(NÚMERO DE ARTIGOS) (CUSTO OPERACIONAL DIÁRIO, EM R$)
0 500
1 700
2 900
3 1.100
4 1.300

Por uma lei que rege a relação (por uma regra)

Para obter o custo operacional diário no exemplo exposto


anteriormente na forma de tabela, para 0, 1, 2, 3 ou 4 unidades,
multiplique o número de itens por 200 e adicione 500 ao resultado.

Por uma equação

Para obter o custo diário no exemplo anterior, temos


y = 200x + 500, em que x é o número de artigos e y é o custo
operacional diário.

F ique atento! Embora uma função possa ser


representada por uma equação, nem toda equação
representa uma função.

Módulo 2
87
Matemática para Administradores

Por um gráfico

Observe que nem toda representação gráfica


representa uma função!

Para rapidamente identificarmos se um gráfico é uma função,


basta imaginarmos retas verticais, paralelas ao eixo das ordenadas
“y”, passando pelos elementos do domínio.
Se todas as retas que imaginarmos tocarem o gráfico em
apenas um ponto, será uma função. Isto porque com este recurso
identificamos que, para cada x (elemento do domínio), associa-se
apenas um y (imagem de x).

88 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 3 – Funções

A seguir veremos alguns gráficos para uma reflexão sobre o


conceito de função.

Observe, no gráfico anterior, que a cada elemento x, existe


mais de um correspondente y. As retas imaginadas (pontilhadas)
tocam o gráfico mais de uma vez.
Observe que o gráfico anterior representa uma função. E veja
que as retas imaginadas (pontilhadas) tocam o gráfico uma única vez.

Módulo 2
89
Matemática para Administradores

Compreendeu o que vimos nesta seção? Buscando lhe auxiliar,


preparamos uma breve síntese. Em caso de dúvida, faça uma
releitura da seção e converse com seu tutor.

Uma relação entre duas grandezas variáveis em que cada


valor da primeira variável se relaciona a exatamente um valor da
segunda é chamada de função.
Nomeamos de domínio da função o conjunto de todos os
possíveis valores da primeira variável (comporão o primeiro conjunto)
e nomeamos de imagem da função o conjunto dos valores do
segundo conjunto que corresponde a elementos do domínio.

Domínio da função é o conjunto de todos os valores


que a variável independente poderá assumir. Imagem
da função é o conjunto de todos os valores
correspondentes da variável dependente.

Assim, podemos afirmar que uma função f com domínio A e


imagens em B será denotada por f: A o B (função que associa a
valores do conjunto A valores do conjunto B). Logo, x o y = f (x), e
a cada elemento x de A, corresponde um único y de B.
O conjunto A é denominado domínio da função, indicado
por D. O domínio da função, também denominado por campo de
definição, ou campo de existência da função, identifica o conjunto
do contexto envolvido, isto é, os valores possíveis para a variável x.
O conjunto B é denominado contradomínio da função,
que pode ser indicado por CD. No contradomínio, encontram-se os
elementos que podem ser os possíveis correspondentes dos elementos
do domínio.
Cada elemento x do domínio tem um correspondente y no
contradomínio. A esse valor de y nomeamos de imagem de x pela
função f. O conjunto de todos os valores de y que são imagens de
valores de x forma o conjunto imagem da função, que

90 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 3 – Funções

indicaremos por Im. Note que o conjunto imagem da função é um


subconjunto do contradomínio desta.

Exemplo 1

Dados os conjuntos A = {-1, 0, 1, 3} e B = {-1, 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7},


qual o conjunto imagem da função f: A oB definida por:

f(x) = 2x + 1.

Resolução
Vamos determinar o valor correspondente de cada elemento
do domínio (A):

f(-1) = 2 (-1) + 1 = -1
f(0) = 2 (0) + 1 = 1
f(1) = 2(1) + 1 = 3
f(3) = 2(3) + 1 = 4
Agora, observe o diagrama a seguir:

Im: {-1, 1, 3, 7}
f: A oB
x o y = f (x)
D = A, CD = B, Im = {y  CD | y é o elemento
correspondente de algum valor de x}

Módulo 2
91
Matemática para Administradores

Exemplo 2

Seja a função dada por , encontre seu domínio.

Resolução
Devemos sempre estar atentos para elementos de x em que
possa existir dificuldade para encontrar a imagem y da função.

Com base na lei da função, teremos: ,o

que não é definido no conjunto dos números reais.


Portanto, nunca podemos considerar x = 5 no domínio dessa
função.
Assim, D = {x R | x z5} e CD = R.
Ou seja, qualquer número real faz parte do domínio, exceto o 5.

92 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 3 – Funções

Atividades de aprendizagem
Antes de prosseguirmos, vamos verificar se você entendeu
tudo até aqui! Para sabermos, procure, então, atender às
atividades a seguir.

1. Encontre o dominío das funções abaixo:

a)

b) y = 4x – 17
c)
d) y = x² + 99

De acordo com nosso estudo, podemos afirmar que em


muitas situações a função é apresentada pela sua lei de formação.
Isto significa que nos é apresentada uma sentença ou equação que
nos dá condições de encontrarmos a correspondência entre as
variáveis.
Neste caso, convenciona-se que o domínio é o maior
conjunto onde se pode definir a referida função.

Mas você sabe o que significa então encontrar o domínio de


uma função quando se conhece a sua lei de formação?

Significa que teremos de encontrar o maior conjunto, isto é,


o conjunto cujos elementos são todos os possíveis valores x para os
quais existe um único y em correspondência.

Módulo 2
93
Matemática para Administradores

E o que é necessário para esboçar o gráfico de uma função?

Nem sempre temos à mão recursos como programas de


computadores e calculadoras científicas para construção de um
gráfico; portanto, conhecermos alguns pontos especiais desta
representação nos possibilita encontrarmos uma boa aproximação
do gráfico da função.
E lembre-se: nesta representação é importante identificarmos
os pontos em que o gráfico intercepta os eixos. Sempre
considerando que:

X Os pontos sobre o eixo das abscissas são do tipo (x,0),


isto é, y = 0; e
X Os pontos sobre o eixo das ordenadas são do tipo (0,y),
isto é, x = 0.

Vale lembrarmos, ainda, que os valores de x em que f(x) = 0


(ou seja, y = 0) são chamados de zeros, ou raízes da função.

Exemplo 3

Vamos representar graficamente a função y = x + 2, ou


seja, f(x) = x +2.

X 1° passo: atribuindo valores a x (por exemplo: -3, -2,


-1, 0, 1, 2), encontraremos a respectiva imagem. Claro
que poderíamos atribuir a x alguns valores
fracionários, mas para facilitar a construção do gráfico
atribuímos valores mais convenientes, ou seja,
atribuiremos alguns valores inteiros. Assim, temos:

x -3 -2 -1 0 1 2
y -1 0 1 2 3 4

94 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 3 – Funções

Também podemos dispor a tabela na vertical:

X Y

-3 -1
-2 0
-1 1
0 2
1 3
2 4

Assim, temos os pares ordenados (-3, -1); (-2, 0); (-1, 1);
(0, 2); (1, 3); (2, 4).

X 2° passo: agora vamos representar os pares ordenados,


encontrados na tabela anterior, por pontos no plano
cartesiano.
A (-3, -1); B (-2, 0); C (-1, 1); D (0, 2); E (1, 3); f (2, 4).

Módulo 2
95
Matemática para Administradores

v
X 3°passo: trace o esboço do gráfico ligando os pontos
encontrados e que satisfazem a lei y = x + 2. Perceba
Dependendo do contexto que é uma reta:
que representa a
função, os pontos não
poderão ser ligados,
como veremos mais
adiante.

Diante do exposto podemos afirmar que existem vários


termos relacionados a função. Observe a Figura 1:

Figura 1: Termos relacionados a função


Fonte: Elaborado pela autora

96 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 3 – Funções

FUNÇÕES ESPECIAIS

Algumas funções recebem nomes especiais que variam de


acordo com seu comportamento.

X A função definida por uma equação da forma:


f(x) = a0 + a1x + a2x² + a3x³ + ... + a n-1x n-1 + anxn é
chamada de função polinomial. A representação
gráfica da função polinomial de grau zero ou de grau
um é uma reta.
X A função f(x) = ax + b (a z 0; b z 0) recebe o nome de
função afim. Tomando como exemplo a função
f(x) = 2x + 1, então a = 2 e b = 1. Veja a seguir a
representação gráfica.

Módulo 2
97
Matemática para Administradores

X A função f(x) = ax é denominada função linear. Por


exemplo, f(x) = 2x (a=2).

X A função f(x) = x é denominada função identidade.


A função identidade associa um valor do domínio x
com o mesmo valor na imagem.

98 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 3 – Funções

X A função f(x) = k recebe o nome de função constante.


Por exemplo, f(x) = 2.

Observe que a função constante associa a cada valor


x um mesmo valor na imagem, que neste exemplo é o 2.
X A função polinomial f(x) = ax² + bx + c com az0
recebe o nome de função quadrática , e sua
representação gráfica é uma curva denominada parábola.
Veja abaixo a representação gráfica de f(x) = x².

Módulo 2
99
Matemática para Administradores

É importante destacarmos ainda que:

X A representação gráfica das funções polinomiais: afim,


linear, identidade e constante é uma reta.
X Podemos pensar que a função linear f(x) = ax e a função
identidade f(x) = x são casos particulares da função
afim f(x) = ax + b.

SIGNIFICADO DOS COEFICIENTES a E b DA FUNÇÃO


f(x) = ax + b

A imagem do zero é b, isto é, o gráfico contém o ponto (0,


b), que é o ponto em que a reta corta o eixo das ordenadas.

f(0) = a (0) + b, ou seja, f (0) = b

Logo, o coeficiente b é chamado coeficiente linear, e


representa a ordenada do ponto em que o gráfico intercepta o eixo
das ordenadas.

100 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 3 – Funções

Agora vamos compreender o significado do coeficiente a na


função y = ax + b. Para tanto, tomemos dois pontos A e B
pertencentes ao gráfico da função, isto é, as coordenadas dos pontos
satisfazem a lei da função.

A (x1,y1) e B (x2, y2)


y1= ax1 + b e y2 = ax2 + b

Logo, y 1 = ax 1 + b(1) e y 2 = ax 2 + b(2). Para entender


melhor, observe atentamente a ilustração gráfica a seguir:

Observe os pontos A (x1,y1) e B (x2, y2) da ilustração gráfica


e perceba a formação do triângulo retângulo. Lembre-se que a
tangente do ângulo é obtida pela razão entre os catetos.

Assim, (também conhecido como quociente

da diferença)
Subtraindo as equações (1) e (2),
y1 = ax1 + b (1)
y2 = ax2 + b (2)

Módulo 2
101
Matemática para Administradores

Perceba que o coeficiente a é igual à tangente de D e,


portanto, só depende do ângulo D. Veja também que Dé responsável
pela inclinação da reta em relação ao eixo das abscissas (eixo x) e,
assim, a é denominado coeficiente angular.

102 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 3 – Funções

NOMENCLATURAS ESPECIAIS
Vamos dar continuidade aos nomes especiais de funções e
aos respectivos comportamentos quando ilustrados
graficamente. Respire fundo e se concentre para obter a
compreensão que almejamos!

A função que associa cada valor de x ao módulo de x, isto é,


f(x) = |x|, recebe o nome de função módulo, ou função valor
absoluto. Portanto, pela definição de módulo teremos para todo x
real:

Ainda sobre comportamentos de função, é importante


destacarmos que, muitas vezes, as funções assumem

Módulo 2
103
Matemática para Administradores

comportamentos diferentes em intervalos do domínio. Assim,


dependendo do comportamento em um intervalo do domínio I,
poderemos classificar a função em crescente ou decrescente.
A função f é crescente em um intervalo I se, para quaisquer
que sejam x1 e x2 de I com x1 < x2, obtiver em correspondência
f(x1) < f(x2). Logo, podemos dizer que a função é crescente em um
determinado intervalo do domínio quando, ao tomarmos valores
maiores de x, tivermos em correspondência valores maiores em y.
Por exemplo, suponha uma função y = 2x – 4, ou seja,
f(x) = 2x – 4. Note que para x1 = 1 temos f(x1) = -2; para x2 =2
temos f(x 2) = 0. Para entender melhor, observe a representação
gráfica a seguir:

A função f é decrescente em um intervalo I se, para


quaisquer que sejam x 1 e x 2 de I com x 1 < x 2 , obtiver em
correspondência f(x1) > f(x2). Em outras palavras, dizemos que a
função é decrescente em um determinado intervalo do domínio
quando, ao tomar mos valores maiores de x, tiver mos em
correspondência valores menores em y.

104 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 3 – Funções

Então, suponha a função y = -2x – 4 , ou seja, f(x) = -2x – 4,


sendo que para x1 = -1, temos f(x1) = -2; para x2 = -3, temos f(x2) = 2.

A esta altura da nossa conversa, começamos a perceber que


as relações entre variáveis expressas, seja em tabelas, ilustração
gráfica ou mesmo por meio de uma equação, podem caracterizar
uma função e nos revelam importantes informações.

Módulo 2
105
Matemática para Administradores

INTERPRETAÇÃO GRÁFICA

Nesta seção vamos conversar sobre o crescimento e


decrescimento de uma função quadrática. Relaxe um pouco
para que possamos continuar.
Preparado?

O vértice da parábola que representa uma função quadrática


evidencia também os intervalos nos quais a função é crescente e
nos quais ela é decrescente.
As coordenadas do vértice V(xv, yv) da parábola de equação
y = ax² + bx + c são dadas por:

Para você compreender melhor, vamos observar o que ocorre,


por exemplo, com a função y = x² – 2x – 3.

a = 1 > 0 oconcavidade para cima


x² – 2x – 3 = 0
' = 16 > 0 odois zeros reais distintos

xv = –b/2a = 2/2 = 1 é o ponto de mínimo


yv = –'/4a = –16/ 4 = –4 é o valor de mínimo

106 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 3 – Funções

Podemos representar graficamente por:

Vamos entender o comportamento das duas partes do gráfico?

Módulo 2
107
Matemática para Administradores

Diante do exposto, podemos notar que o vértice determina a


mudança de comportamento dessa função. Logo:

X f(x) é decrescente para {x R | x d1}.


X f(x) é crescente para {x R | x t1}.

Exemplo 4

Imagine que, no setor público onde você trabalha, seu


coordenador queira oferecer celulares para toda a equipe. Para
tanto, ele pede para que você busque algumas companhias
telefônicas recém-ingressantes no mercado de telefonia e avalie qual
seria a melhor escolha. Imagine que as informações, a seguir, sejam
divulgadas na propaganda com o preço em moeda americana
(dólar):

X Empresa Fique Ligado oferece serviço de telefonia por


uma taxa mensal de $ 20,00 mais $ 0,10 por cada
minuto usado.

108 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 3 – Funções

X Empresa Bate-papo não cobra taxa básica mensal,


mas cobra $ 0,45 por minuto.

Foi informado, também, que ambas as companhias têm uma


tecnologia que permite cobrar pelo tempo exato utilizado.
Contudo, seu coordenador havia solicitado a outro
funcionário que começasse a avaliar as possibilidades e, assim,
você recebe a tabela e os gráficos apresentados a seguir.

MINUTOS 0 10 20 30 40 50 60
Fique Ligado $ 20,00 $ 21,00 $ 22,00 $ 23,00 $ 24,00 $ 25,00 $ 26,00
Bate-papo $ 0,00 $ 4,50 $ 9,00 $ 13,50 $ 18,00 $ 22,50 $ 27,00

E então seu coordenador levanta vários questionamentos


sobre a situação:

a) Quanto cobraria cada companhia por 25 minutos?


E por 100 minutos?
b) Seria legítimo unirmos os pontos do gráfico?
c) Por que apenas uma das representações gráficas inclui
a origem (0,0)?
d) Como encontrar o custo para qualquer quantidade de
minutos para cada companhia?

Módulo 2
109
Matemática para Administradores

Resolução

Reflita e anote sua resposta antes de continuar. Teste você


mesmo! Depois confira.

a companhia Fique Ligado cobraria $ 22,50.


Por 25 minutos
a companhia Bate-papo cobraria $ 11,25.

a companhia Fique Ligado cobraria $ 30,00.


Por 100 minutos
a companhia Bate-papo cobraria $ 45,00.

Supondo que a companhia calcule qualquer quantidade de


minutos fracionários para sua cobrança, seria legítimo unirmos
os pontos do gráfico considerando-se que cada custo da
ligação de uma companhia corresponde a uma única
quantidade de minutos?

Um gráfico contém a origem (0,0) e outro não, pois mesmo


que o cliente da companhia Fique Ligado não utilize o serviço de
ligação, pagará uma taxa básica mensal de $ 20,00. Já na
companhia Bate-papo o cliente não paga uma taxa básica mensal.
Encontramos o custo para qualquer quantidade de minutos
em cada companhia substituindo a quantidade desejada nas
seguintes equações:

X y = 20,00 + 0,10x (Fique Ligado)


X y = 0,45x (Bate-papo)

Fazendo y representar o custo em $ (dólar) e x representar a


quantidade em minutos.

110 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 3 – Funções

A partir dessa situação, podemos delimitar outras perguntas,


tais como:

e) Será que podemos então dizer que em qualquer


momento que se fale ao telefone por um minuto se paga
$ 0,10 a mais (ou $ 0,45 a mais)?
f) Qual companhia seria mais econômica se não se
pretende demorar muito em cada ligação?
g) Caso uma pessoa não queira gastar mais de $ 50,00
por mês, mas almeja falar o máximo possível, qual
seria a melhor escolha?

Mais uma vez alertamos para que reflita e anote sua resposta
antes de continuar. Teste você mesmo!

Resolução

e) Sim, podemos dizer que, em qualquer momento que se


fale ao telefone por um minuto, se paga $ 0,10 a mais
(ou $ 0,45).
f) Se não se pretende fazer uso do telefone com frequência,
a companhia Bate-papo é mais econômica.
g) Caso uma pessoa não queira gastar mais de $ 50,00
por mês, a melhor escolha é a companhia Fique Ligado.

Podemos relacionar todas essas informações de diferentes


maneiras. Como exemplo, a apresentação a seguir da empresa Bate-
Papo:

Módulo 2
111
Matemática para Administradores

Agora, imagine que você descubra outra companhia, Tempo


Rápido – que faz propaganda para o uso mensal de telefone celular
por $ 0,50 o minuto para os primeiros 60 minutos e somente $ 0,10
o minuto por cada minuto depois de decorrido esse tempo –, e assim
também comece a avaliar sua proposta. Considere que a
propaganda informa que a Tempo Rápido também cobra pelo tempo
exato utilizado.
Vamos obser var algumas maneiras de relacionar as
informações da companhia Tempo Rápido por meio de gráficos.

112 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 3 – Funções

O salto se justifica porque, depois de 60 minutos de ligação,


o custo da ligação por minuto falado fica mais barato. Observe
algumas possíveis representações das relações entre as grandezas
contidas nas informações da companhia Tempo Rápido e os
questionamentos que surgem.

Módulo 2
113
Matemática para Administradores

Observando o gráfico podemos notar que, a partir de 60


minutos, ocorre uma variação de custo na quantidade de minutos
falados. Graficamente podemos visualizar que de 0 a 60 minutos a
variação é maior. Perceba que o custo a pagar à companhia
telefônica depende do tempo de conversa ao telefone. Em outras
palavras, podemos dizer que o custo a pagar está em função do
tempo de conversa.

114 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 3 – Funções

DIFERENTES NOMENCLATURAS

Algumas funções recebem nomes especiais de acordo com


o contexto ao qual se relacionam.

3 Funções racionais

As funções racionais são expressas pela forma:

, em que f(x) e g(x) são funções polinomiais.

Para entender melhor, vejamos a função racional expressa

por:

Agora, observe, na demonstração a seguir, os valores que


f(x) assume ao variarmos o valor de x.

v
Perceba que o gráfico se torna cada vez mais próximo da Mais adiante no livro,

reta que representa os pontos em que x = 2. Esta reta recebe a conversaremos com mais
detalhes sobre gráfico de
denominação de assíntota vertical do gráfico. Observe também que,
funções que possuem
à medida que os valores de x se tornam muito grandes ou muito assíntotas.

Módulo 2
115
Matemática para Administradores

pequenos, os pontos gráficos se aproximam da reta y = 0. A reta


y = 0 é denominada por assíntota horizontal. Por fim, vemos que a
reta em que y = 0 coincide com o eixo das abscissas – eixo x.

Função composta

Para identificá-la, suponha uma dada uma função f definida


de A em B e uma dada função g definida de B em C. Denominamos
então a função composta de g com f a função h, definida de A em
C, tal que h(x) = g(f(x)) para todo x pertencente a A.
Logo, a função composta de g e f é indicada por gof (x)
(lê-se: g bola f), em que gof (x) = g(f(x)).

Exemplo 5

Dadas as funções de domínio real f(x) = x² – 5x + 6 e


g(x) = x + l, determine valores de x para que tenhamos f(g(x)) = 0.
Resolução

g(x) = x + l, temos que f(g(x)) = f(x + 1)


Logo, f(x + 1) = (x + l)² – 5(x + 1) + 6
x² + 2x + 1 – 5x – 5 + 6 = x² – 3x + 2
Assim, f(g(x)) = x² – 3x + 2 = 0

116 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 3 – Funções

' = (-3)² – 4 ˜1 ˜2 = 9 – 8 = 1

Por fim, temos x = l ou x = 2.

Exemplo 6

Sejam as funções reais f e g definidas respectivamente por f (x) = x + l


e g(x) = 2x2 – 3. Determine:

a) f(g(x)) e g(f(x)); e
b) os valores de x para que se tenha f(g(x)) = g(f(x)).
Resolução:
a) f(g(x)) = f(2x² – 3) = 2x² – 3 + 1
f(g(x)) = 2x² – 2
g(f(x)) = g(x + 1) = 2(x + 1)² – 3 = 2(x² + 2x + 1) – 3
g(f(x)) = 2x² + 4x – 1
b) f(g(x))=g(f(x))
2x² – 2 = 2x² + 4x – 1
4x = –l Ÿ x = –1/4

Função Custo

Pense em x como a quantidade produzida de um produto.


Verificamos que em geral existem alguns custos que não dependem
da quantidade produzida, por exemplo: aluguel, seguro etc.
Quando os custos não dependem da quantidade produzida,
costumam ser denominados de custo fixo (Cf). A parcela do custo
que depende de x chamamos de custo variável (Cv).

Módulo 2
117
Matemática para Administradores

O Custo total (Ct) pode ser expresso por:

Ct(x) = Cf + Cv

Exemplo 7

Suponhamos que o custo fixo de fabricação de um produto seja de


500.000 u.m. (unidade monetária) e o custo variável por unidade,
10.000 u.m.

Resolução
Ct (x) = 500.000 + 10.000x (função afim)

Graficamente podemos representar por:

Note que, para um produto indivisível (rádios, carros, etc.),


os valores de x poderiam ser: 0, 1, 2,... n. E, caso o produto fosse
divisível (exemplo: toneladas de aço), os valores de x variariam nos
reais não negativos.
As representações gráficas, em ambas as situações, serão
pontos alinhados, porém, no caso de o produto ser indivisível, não
seria possível unir os pontos obtendo linha contínua.

118 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 3 – Funções

Em geral, quando nada é dito, admitimos o produto em


questão divisível e o gráfico, uma curva contínua.

Função Receita

Supondo que x unidades do produto sejam vendidas.


A receita de vendas depende de x. A função que relaciona receita
com quantidade é nomeada função receita (R).
Logo, temos um produto vendido a 15.000 u.m. a unidade
(preço constante). A função receita será dada por:

R(x) = 15.000x (função linear)

Função Lucro

Chamamos função lucro (L) a diferença entre a função


receita (R) e a função custo total (Ct), isto é:

L(x) = R(x) – Ct(x)

Sendo que para:

R (x) > Ct(x), temos lucro positivo;


R (x) < Ct(x), obtemos lucro negativo (prejuízo); e
R (x) = Ct(x), o lucro será nulo.

Diante do exposto, podemos observar que, na função receita


R(x), admitimos o preço constante e trabalhamos com a função
receita de 1º grau. Vale lembrar que o preço pode sofrer variações
conforme a demanda e que o valor de x para o qual o lucro é nulo
é chamado ponto crítico, ou ponto de nivelamento R(x) = C(x).

Margem de contribuição por unidade é dada pela


diferença entre o preço de venda e o custo variável
por unidade.

Módulo 2
119
Matemática para Administradores

Exemplo 8

Dado que C t (x) = 500.000 + 10.000x (custo total) e


R(x) = 15.000x (receita total), encontre o ponto crítico.
Resolução
O ponto crítico será o valor de x, tal que:

R(x) = Ct(x)
15.000x = 500.000 + 10.000x
x = 100
Logo, se x >100, haverá lucro positivo e se x< 100, lucro
negativo.
Podemos encontrar, ainda, a margem de contribuição por
unidade:

15.000 – 10.000 = 5.000

É importante destacarmos, também, o custo médio de


produção, ou custo unitário (Cm), que faz referência ao valor
obtido pelo custo total dividido pela quantidade. Verifique a
expressão matemática a seguir:

Função Demanda

Facilmente podemos perceber que a quantidade de um


produto com demanda no mercado é função de muitas variáveis,
como preço por unidade do produto, preços de bens substitutos,
renda do consumidor, preferências etc.
Para melhor compreender, considere p o preço por unidade
de certo bem oferecido a um mercado e x a quantidade desse bem
com demanda pelos consumidores. O que geralmente acontece é
que p depende de x, ou seja, temos uma função p = f(x). Essa

120 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 3 – Funções

função denominamos de função demanda, e o seu gráfico recebe a


denominação de curva de demanda.
Normalmente, quanto menor o preço, maior a quantidade
demandada – função decrescente.

Função Oferta

A quantidade x de um produto colocada no mercado por


produtores relaciona-se com o preço por unidade p desse produto.
Verificamos que, em geral, quanto maior o preço, maior a
quantidade do produto oferecida. Temos, então, uma função
(crescente) g, p = g(x), a qual é denominada função de oferta.
O gráfico da função de oferta recebe a denominação de curva de
oferta.

O ponto de interseção P e dos gráficos da função


demanda e da função oferta relacionados a um mesmo
produto é denominado ponto de equilíbrio: Pe ( xe, ye).

Função Exponencial

A função que a cada x real associa a potência bx, sendo b


um número real positivo e diferente de um (1), é denominada função
exponencial de base b, isto é: f(x) = bx, b > 0 e b z 1.

Módulo 2
121
Matemática para Administradores

Graficamente

É importante observarmos que, em uma função exponencial


f(x) = bx, b > 0 e b z 1, teremos:

X Para b > 1, a função representa um crescimento; e


X Para 0 < b < 1, a função representa um decrescimento.

122 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 3 – Funções

Exemplo 9

Imagine que a informatização de um setor da prefeitura com 128


servidores acarretou na diminuição no quadro de funcionários.
O programa de demissões proposto era assustador e havia uma
previsão de demissões anuais em um setor durante cinco anos.
Em cada ano, metade do quadro de funcionários seria demitido.
Pergunta-se: seriam mesmo necessários cinco anos dessa política
de demissões, uma vez que o setor necessitava de um mínimo de
10 funcionários para dar continuidade ao serviço?

Resolução

ANO 1 2 3 4 5
Números de trabalhadores
64 32 16 8 4
remanescentes

a = quantidade inicial antes das demissões iniciarem;


y = a (1 – r)x r = taxa de decrescimento; e
x = Tempo (anos).
y = 128 (1 – 0,50) x x varia de 1 a 5 para este problema.

Módulo 2
123
Matemática para Administradores

Outra situação a ser observada é que o crescimento de uma


aplicação financeira a juros compostos é exponencial. Pois, ao
aplicar um capital inicial (principal), este pode aumentar, como
bem sabemos, de acordo com os juros e segundo duas modalidades:

X Juros simples: ao longo do tempo, somente o principal


rende juros.
X Juros compostos: após cada período, os juros são
incorporados ao principal e passam, por sua vez, a
render juros. Também conhecidos como juros sobre
juros.

Vamos entender a diferença entre os crescimentos de um


capital através dos juros simples e juros compostos por meio
de um exemplo?

Para tanto, suponha que R$ 100,00 são empregados a uma


taxa de 10% a.a.

PRINCIPAL = 100 JUROS SIMPLES JUROS COMPOSTOS


Nº de anos Montante simples Montante composto
1 100 + 0,1 (100) = 110 100 + 0,1 (100) = 110,00
2 110 + 0,1 (100) = 120 110 + 0,1 (110) = 121,00
3 120 + 0,1 (100) = 130 121 + 0,1 (121) = 133,10
4 130 + 0,1 (100) = 140 133,1 + 0,1 (133,1) = 146,41
5 140 + 0,1 (100) = 150 146,41 + 0,1 (146,41) = 161,05

Observe que o crescimento do principal segundo juros simples


é linear, enquanto o crescimento segundo juros compostos é
exponencial; portanto, tem um crescimento muito mais “rápido”.

124 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 3 – Funções

Já no que diz respeito a juros compostos, considere o capital


inicial (principal P) $ 1.000,00 aplicado a uma taxa mensal de juros
compostos ( i ) de 10% (i = 10% a.m.). Vamos calcular os montantes
(principal + juros), mês a mês:

X Após o 1º mês, teremos:


M1 = 1.000 x 1,1 = 1.100 = 1.000(1 + 0,1)
X Após o 2º mês, teremos:
M2 = 1.100 x 1,1 = 1.210 = 1.000(1 + 0,1)²
X Após o 3º mês, teremos:
M3 = 1.210 x 1,1 = 1.331 = 1.000(1 + 0,1)³

Observação de interesse

Observe as funções y = x² e y = 2x. Nas duas expressões


temos uma base e um expoente.
Entretanto, a função y = x² é denominada de função
quadrática, e y = 2x recebe a denominação de função exponencial.

Módulo 2
125
Matemática para Administradores

Complementando....
Amplie seus conhecimentos fazendo as pesquisas propostas:

ÍMatemática básica para decisões administrativas – de Fernando Cesar


Marra e Silva.
Í Portal Só Matemática: <http://www.somatematica.com.br/emedio/
funcao1/funcao1.php>. Acesso em: 15 nov. 2009.

126 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 3 – Funções

Resumindo
Nesta Unidade você foi convidado a reconhecer e com-
preender funções em suas diferentes características e
especificidades. As diversas maneiras de representar uma
função e suas respectivas interpretações estiveram em evi-
dência como aliadas do processo de compreensão da rela-
ção entre diferentes grandezas variáveis.

Módulo 2
127
Matemática para Administradores

Respostas das
Atividades de aprendizagem
1. a) {x : x z -5}
b) {x : x  R}
c) {x : x t -9}
d) { x : x  R}

128 Bacharelado em Administração Pública


Apresentação

UNIDADE 4
LIMITE E CONTINUIDADE

OBJETIVOS ESPECÍFICOS DE APRENDIZAGEM

Ao finalizar esta Unidade você deverá ser capaz de:


f Resolver limite de função graficamente e algebricamente no
contexto administrativo;
f Interpretar situações-problemas que envolvam a noção de li-
mite de funções;
f Descrever e reconhecer os tipos e o significado de desconti-
nuidade de uma função no contexto administrativo;
f Relacionar descontinuidade de uma função com seu limite; e
f Explicar o significado da definição de continuidade de função.

Módulo 2
129
Matemática para Administradores

130 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 4 – Limite e Continuidade

INTRODUÇÃO: COMPREENDENDO O
CONCEITO DE LIMITE

Caro estudante!
O que vamos aprender nesta Unidade tem grande
importância, não apenas em Matemática, como também em
sua vida profissional. Vamos dar uma aquecida na nossa
conversa com o exemplo ilustrativo sobre a noção de limite?

A noção de limite é um dos conceitos mais básicos e

v
poderosos em toda a Matemática. A Diferenciação e Integração,
que complementam o estudo de cálculo, são conceitos relacionados
ao limite, o qual pode ser considerado como a pedra fundamental
do cálculo e, como tal, se apresenta como a base de tudo o que se
seguirá. É muito importante que
Antes de continuarmos nossa conversa, achamos você compreenda bem a

interessante dizer que a álgebra trata de uma matemática “estática” noção de limite de uma
função para que
e não pode ser utilizada para analisar a dinâmica de um objeto em
possamos caminhar
movimento, por exemplo. A matemática do cálculo, entretanto, tem juntos pelos
a capacidade de fazer tais análises. O principal conceito que nos conhecimentos
permite fazer a transição da álgebra (estática) para o cálculo relacionados ao cálculo.

(dinâmico) é o de limite de uma função.


O cálculo se torna necessário quando precisamos encontrar
a variação matemática. E esse conceito é de vital importância em
Física, em Administração, em Engenharia e em várias outras áreas
de estudo.

Módulo 2
131
Matemática para Administradores

Exemplo 1

Imagine que exista uma fogueira com chamas ardentes. À medida


que você se aproxima do local onde está a fogueira, a distância x
entre você e o fogo diminui. A qualquer distância, x, você sente o
calor na sua face. Deixemos que a temperatura da superfície de
sua pele facial seja denominada por f(x). Teremos então:

X x o distância até a fogueira; e


X f(x) o temperatura da superfície da sua face.

Percebe que, à medida que nos aproximamos da fogueira, a


sensação de calor aumenta.

Logo, você realmente não gostaria de ter o valor de x igual a 0


(x = 0), certo?

Mas, mesmo não tendo x =0, podemos imaginar qual seria


a temperatura da superfície de sua pele se o fizesse.
Com este exemplo simples, gostaríamos que você fizesse uma
analogia com a noção de limite, que não precisa assumir o valor de
x, mas é preciso conhecer o que acontece na vizinhança de x.

v
De uma maneira bem simples, poderíamos dizer que a noção
de limite se relaciona ao valor de y ou à altura (y) que a função tem
intenção de atingir.
Amplie seus
conhecimentos através
Normalmente temos lidado com funções bem-comportadas
do site <http:// e, desta maneira, não nos parece ter sentido dizer a altura (y) que a
www.somatematica.com.br/ função tenciona atingir.
superior/limites/
Vamos observar uma função bem simples e conhecida,
limites.php>.
f(x) = x², cujo gráfico é uma parábola.

132 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 4 – Limite e Continuidade

Note que a função f(x) atinge certa altura (y) à medida que
variamos x por todo seu domínio. Assim, se tivermos x igual a 2, a
função atinge o valor 4 quando x assume o valor 2.

Você deve estar se perguntando: Mas como assim?

Então, isso é muito simples, pois basta que substituamos o


lugar de x na função por 2. Ou seja: f(2) = (2)², isto é, f(2) = 4.

Então, apresentando nossa primeira afirmação utilizando os


termos de limite, temos que: o limite da função f(x) quando x tende
a 2 é igual a 4.
Isso significa dizer que, quando estamos chegando bem
próximos de 2, a função está se aproximando cada vez mais de 4.
Até aqui tudo está muito simples e tranquilo na nossa
conversa, mas a situação pode mudar quando nossa função for
outra, não tão bem-comportada e que não necessariamente atinja
a altura que parece pretender atingir.

Vamos pensar na função .

Módulo 2
133
Matemática para Administradores

Façamos uma tabela para avaliar o comportamento da

função na vizinhança de – 4.

x f(x)
-4.1 8.1
-4.01 8.01

v
-4,001 8.001

D: {x Üx z – 4} -4 Indefinido
Note que, quando x se -3.999 7.999
aproxima de – 4, a -3.99 7.99
função f(x) se aproxima
-3.9 7.9
de 8.
Atenção! Isto nos será
útil para
Agora, dê uma olhadinha no esboço do gráfico da função a
compreendermos limite.
seguir.

Observe que o gráfico contém um buraco, pois a função não


está definida para o valor de x = - 4, ou seja, o valor - 4 não faz
parte do domínio da função.

134 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 4 – Limite e Continuidade

Você percebe por que isso acontece? E o que acontece quando


substituímos x por (-4)?

Vejamos:

Sabemos que este quociente não é uma boa ideia, pois

quebra algumas normas da Matemática e trata-se de um valor


indefinido. Assim, não podemos encontrar o valor do limite ou o
valor que a função tem intenção de atingir quando o x se aproxima
de (-4) por substituição simples, como havíamos feito anteriormente
para a função quadrática.
Entretanto, percebemos pela tabela e pelo gráfico que a função
parece ter a intenção de atingir o valor 8 quando x se aproxima de (-
4), tanto pela direita, quanto pela esquerda. Observe o gráfico:

Para encontrarmos o limite de uma função, não nos interessa


o valor que ela assume no valor de x, mas sim o valor que a função
tende a atingir.

Lembra que não foi preciso atingir a fogueira?

Módulo 2
135
Matemática para Administradores

Assim, vamos procurar encontrar outra forma de escrever a


função e que seja equivalente à primeira quando x z– 4. Para tal,
vamos nos lembrar do conceito de fatoração.

Lembra que queremos encontrar =?

Teremos, após fatoração e supondo que x não assume o valor


-4 =?

A função, quando expressa nesta nova forma, propicia


utilizarmos a substituição para encontramos o limite, e, assim,
podemos obter como resultado o valor 8.
Fique atento, pois a alteração realizada é apenas para o
cálculo de limite. Para fazermos o esboço do gráfico da função,
devemos lembrar que nele continua existindo o buraco quando
temos x = – 4, pois esse valor não faz parte do domínio da função.

136 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 4 – Limite e Continuidade

Em cálculo, nos interessa irmos além da função, por isso


focamos nos limites destas funções. O limite envolve o estudo
do comportamento (ou tendência) de uma função em
vizinhanças bem pequenas em volta de um determinado valor
x = a.
Mas, imagine passar o gráfico de uma função por um
microscópio. Podemos dizer que isto é o que acontece quando
procuramos pelo limite de uma função. Queremos encontrar
o que acontece com a função quando nos aproximamos de um
determinado valor de x.
Expressando simbolicamente, temos que:

o limite de uma função lim f(x)

…descreve o comportamento da função conforme a entrada… x

…aproxima… o
…de um valor particular c.

Portanto, o limite de uma função descreve o comportamento


da função quando a entrada aproxima de um valor particular. Veja
como simbolicamente expressamos o limite de uma função f(x)
quando x tende a c.

Diante do exposto, podemos dizer que o limite nos dá uma


informação pontual sobre a função. Ele indica para onde
tende a função em um ponto no qual ela não está definida, ou nos
fornece o valor da função em um ponto onde a função está definida.

O limite de uma função em um ponto se baseia no


comportamento local da função na vizinhança deste
ponto.

Módulo 2
137
Matemática para Administradores

Em outras palavras, o limite seria o valor que a função


assumiria se considerássemos os valores da vizinhança próxima
de x, mas não no próprio ponto.

Exemplo 2

Dada a função . Encontre o limite da função.

Resolução
Inicialmente pode não parecer tão simples quanto o exemplo
anterior. Mas, a substituição de 4 em x para avaliar a função não
parece ser uma boa ideia, pois teremos zero (0) no denominador.
Também pensar em fatoração não se apresenta como uma
boa opção. Vamos então tentar a multiplicação pelo conjugado
da parte onde aparece o radical.

Você pode estar se perguntando: mas o que vem a ser


conjugado?

Conjugado é a mesma expressão, porém com a operação


inversa. Assim, o conjugado de seria . Então,
tentaremos multiplicar e dividir por este valor para não alterarmos
a função. Estaremos multiplicando por 1, que não altera, pois 1 é o
elemento neutro da multiplicação. Observe a seguir:

138 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 4 – Limite e Continuidade

Assim, multiplicando por 1, não alteramos o valor da fração.


Veja como este ar tifício de multiplicar e dividir pelo
conjugado nos ajudará a encontrar o limite. Obteremos uma função
equivalente quando consideramos x diferente de 4. Vale lembrar
que em limite o que nos interessa é o que acontece na vizinhança
do ponto, ou seja, na vizinhança de 4.

Note que obtemos no numerador e no denominador a


expressão (x – 4). Ao considerarmos x diferente de 4, poderemos
simplificar, pois = 1.

Ficaremos, então, com a seguinte função para calcular o


limite:

Agora podemos, com a substituição, avaliar a função, pois,


ao substituirmos x por 4, obteremos .

Logo,

Neste ponto já temos uma boa ideia do que vem a ser o


limite de uma função. Contudo, é importante lembrar que a função
terá limite quando, fazendo x tender a um determinado ponto c na
sua vizinhança, a função tende para um mesmo valor L, ou seja, a
função tende a assumir uma mesma altura (no gráfico).

Módulo 2
139
Matemática para Administradores

Mas será que o limite sempre existe? Que condições garantem


a existência do limite?

Acompanhe a história a seguir, que


tenta ilustrar esta ideia de existência do
limite:
Imagine que você e seu amigo, que
moram em cidades próximas, tenham
marcado um jantar em um restaurante que
fica entre as duas cidades. Você sai de carro de sua
casa e toma uma estrada rumo ao restaurante. Seu amigo faz o
mesmo: entra no carro e toma uma estrada para encontrar você no
restaurante combinado.
Pense agora que a estrada represente graficamente uma
função. Se vocês de fato chegarem ao restaurante, quando você
tomou o caminho que aproxima pela direita e o seu amigo se
aproximou pelo da esquerda, também chegando ao local
combinado, teremos a ideia de existência do limite. Se um de vocês,
vindo de uma das direções (direita ou esquerda – leste/oeste), não
chegar ao destino, o limite não existe.
Observe que, na função representada no gráfica a seguir, o
limite para x tendendo ao valor c não existe. Para melhor
compreender, imagine que a função represente, em cada parte, as
estradas que cada um tomou para chegar ao restaurante combinado,
que se localizava em (c, f(c)). Logo, neste caso você e seu amigo
não se encontrariam.

140 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 4 – Limite e Continuidade

Veja o gráfico da função f(x). Ele nos mostra que o limite de


f(x) não existe para x tendendo ao valor c.
Podemos observar que, se caminhamos pela direita no
gráfico, chegamos a uma altura R do gráfico, e, quando caminhamos
pela esquerda, chegamos a uma altura diferente, que denominamos
por L. Isso significa que o limite da função em c não existe.
Chamamos a altura a que chegamos vindo pela direita de
limite da direita e indicamos com o símbolo +. Para a altura
que chegamos vindo da esquerda, denominamos limite à
esquerda e indicamos com o símbolo –. Para que o limite exista,
os limites à esquerda e à direita devem ser iguais, ou seja:

É importante dizermos que, embora a função f(x)


representada, conforme demonstração, não possua limite em x = c,
isto não significa que a função não tenha limites para x tendendo a
outros valores. Veja que a função tem uma quebra em x = c. Esta
quebra é que nos leva à não existência do limite.

Módulo 2
141
Matemática para Administradores

EXISTÊNCIA DE LIMITE

O limite de f(x), quando x tende a c existe se, e

somente se, ambos os limites laterais existem e são iguais ao mesmo


número L.
Voltando à história do restaurante no meio das duas cidades,
imagine que vocês se dirijam para o restaurante vindo de diferentes
direções (leste/oeste – esquerda/direita) e, ao chegarem ao local
combinado, o restaurante não estivesse mais lá (pegou fogo, por
exemplo).
Matematicamente o limite nesta situação existe, ainda que a
função tenha um buraco. O que interessa no cálculo do limite não é
se o ponto está lá, mas interessa que cheguem ao mesmo local.

CAMINHOS PARA ENCONTRAR O LIMITE

Como vimos anteriormente, quando existe o limite, os caminhos


mais comuns para encontrarmos o limite de uma função são:

X Substituição: quando é possível avaliar a função


substituindo o valor de x.
X Fatoração: quando não é possível avaliar a função
por substituição, mas a expressão do numerador
possibilita a fatoração.
X Multiplicação pelo conjugado: indicado para
expressões que contêm radical.

142 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 4 – Limite e Continuidade

LIMITES NO INFINITO

Vamos nesta seção conversar sobre o mistério e a relação que


existem entre limite e infinito.

Vamos avaliar algumas funções em determinados valores de


x. Note que chegaremos a alguns resultados um tanto curiosos.

Examinemos juntos a função .

Observe que, ao substituirmos x por 3, obteremos o valor .

Vimos anteriormente a situação em que encontramos e,


para driblarmos e encontrarmos o limite, recorremos à fatoração,
substituição e multiplicação pelo conjugado.
A situação que se apresenta neste momento é um tanto

diferente. Observe .
Quando obtemos um número diferente de zero divido por
zero, isto indica a presença de uma assíntota* vertical. Vamos *Assíntota – uma reta
acompanhar pelo gráfico o que acontece com a função na imaginária que se apro-
xima da curva, mas nun-
vizinhança do valor x = 3.
ca a toca. Fonte: Elabo-
rado pela autora.

Módulo 2
143
Matemática para Administradores

Podemos observar com facilidade que os limites da direita e


da esquerda, quando x se aproximam de 3, são diferentes.
Note que na medida em que nos aproximamos de 3 pela
direita, a função cresce infinitamente e poderíamos dizer que o limite
de f(x) pela direita é infinito (+ f).
Entretanto, à medida que nos aproximamos de 3 pela
esquerda, a função decresce negativamente infinitamente, e
poderíamos dizer que o limite de f(x) de x tendendo a 3 pela
esquerda é menos infinito (–f).

3,5 14
3,4 17
3,3 22
3,2 32
3,1 62
3,05 122
3,01 602
3,0001 60002

144 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 4 – Limite e Continuidade

2,5 -10
2,6 -13
2,7 -18
2,8 -28
2,9 -58
2,95 -118
2,98 -298
2,999 -5998
2,9999 -59998

Assim, podemos identificar que não existe o limite da função


quando x tende a 3, pois os limites laterais são diferentes.

As assíntotas horizontais também se relacionam com o


infinito de uma maneira diferente. Vamos analisar a função

e seu gráfico:

Módulo 2
145
Matemática para Administradores

Note que não pertence ao domínio da função e também

não existe o limite da função quando x tende a . Veja que temos

uma assíntota vertical em x = .

Observemos, também, o que acontece quando x tende para


valores infinitamente grandes. Percebemos que a função tende a
assumir valores próximos a 2, isto é, a função se aproxima da altura
y = 2.
Matematicamente, isto significa que o limite da função
quando x tende a infinito é 2.

10.000 2,0001
10.000.000 2,0000001
100.000.000 –
100.000.000.000 –
100.000.000.000.000 –

Também podemos identificar que, quando a função tende a


assumir valores negativos e infinitamente pequenos, a função
também se aproxima da altura 2.

Assim, podemos dizer que o limite existe e é igual a 2. Ou

seja, .

Agora que já compreendemos como se comporta o limite no


infinito, vamos conhecer uma maneira prática de calcular o
limite no infinito. Preparado para continuar?

146 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 4 – Limite e Continuidade

Para calcularmos o limite no infinito, isto é, , basta


compararmos o grau – maior expoente – das expressões do
numerador e denominador. Se o limite existe, a função terá uma
assíntota horizontal no limite.
No caso em que o grau do numerador da fração que expressa
a função que queremos calcular o limite for o mesmo, então o limite
será o número resultante dos coeficientes destes termos. Retornando

ao nosso exemplo , note que o grau da expressão do

numerador e denominador é 1 (lembre-se: quando não está expresso

o expoente, subentende-se ser o expoente 1, ou seja, ).

Assim, temos como coeficientes – no numerador, 4 e no

denominador, 2. Desta forma, teremos o coeficiente , que ao ser


simplificado chega ao resultado 2. Veja que confere com o resultado
que pudemos observar no gráfico exibido anteriormente.
E, se o numerador for maior que o grau do denominador,
teremos como resultado f, ou seja, . Vale observar que,

quando dizemos que o limite é infinito, tecnicamente estamos dizendo


que o limite não existe, pois o limite deve ser um número real.

É mais correto dizer que o limite não existe, pois cresce


infinitamente, em vez de dizer que o limite é igual a
infinito).

Contudo, se o grau do denominador for maior que o grau do


numerador, teremos . Retomando o que dissemos

anteriormente:

Módulo 2
147
Matemática para Administradores

X Quando , a função f terá uma

assíntota vertical em x = c.

X Quando ou existe, então

f(x) tem uma assíntota horizontal em y = d.

Agora, vamos refletir um pouquinho sobre a função


.

Note que existe uma assíntota vertical no x que anula o


denominador, portanto em x = 4. Note que x = 4 não pertence ao
domínio da função e que também não teremos o limite da função
quando x tende a 4. Já a assíntota horizontal, teremos em y = 1.
Observe o esboço do gráfico da função a

seguir:

Reserve um tempo para observar a função e seu


gráfico esboçado a seguir:

148 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 4 – Limite e Continuidade

Então, qual seria o Eo A função

apresenta assíntotas? Vertical? Horizontal?


Temos certeza que você não teve nenhuma dúvida para
responder às questões acima. Mas, se por acaso tiver alguma
dificuldade, faça uma releitura cuidadosa da Unidade e solicite
auxílio de seu tutor.

Exemplo 3

Suponha que um atacadista venda para a cantina da prefeitura um


produto por quilo (ou fração de quilo) e, se o pedido contemplar
menos do que 10 kg, o preço estipulado é R$ 1,00 por quilo. Contudo,
para estimular grandes pedidos, o atacadista cobrará somente
R$ 0,90 por quilo, se a solicitação for de mais do que 10 quilos.
Desta forma, se x quilos do produto forem comprados e C(x) for o
custo total da compra, teremos:

Módulo 2
149
Matemática para Administradores

Qual o limite da função C(x) quando aproxima de 10? O limite


existe? Por quê?

Resolução:

Mas antes de cair na tentação de olhar a resolução, tente


resolvê-lo. Combinado?

Vamos avaliar o limite da função na vizinhança de 10, isto


é, vamos encontrar os limites laterais – x tendendo a 10 pela
esquerda – x tendendo a 10 pela direita.

Calculando os limites, temos que o limite de C(x) pela


esquerda é 10 e o limite pela direita de C(x) é 9. Percebemos que os
limites laterais não coincidem, portanto o limite não existe. Observe
no gráfico a seguir:

150 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 4 – Limite e Continuidade

INTRODUÇÃO AO CONCEITO DE
CONTINUIDADE

Uma vez compreendido o conceito de limite de uma função


na seção anterior, vamos conversar daqui em diante sobre o que
vem a ser função contínua e, consequentemente, abordaremos
também a descontinuidade de uma função.
Importante ressaltar que o cálculo está fortemente apoiado
na existência do que denominamos por função contínua. De fato,
muitos teoremas importantes no cálculo incluem a exigência da
existência da função contínua para que o teorema possa ser aplicado.
Como exemplo, podemos citar o Teorema do Valor Médio e, se
preciso for, voltaremos aos detalhes relacionados a ele.

Mas, afinal, o que faz com que uma função possa ser
considerada uma função contínua?

De uma maneira bem simples, podemos dizer que uma


função contínua é uma função previsível e observamos que seu
gráfico:

X não apresenta pontos indefinidos;


X não apresenta quebras/interrupções;
X não apresenta buracos; e
X não apresenta saltos.

Módulo 2
151
Matemática para Administradores

Você entendeu o que caracteriza uma função contínua? E uma


função descontínua?

Para compreender melhor, observe as representações gráficas


a seguir de uma dada função que representa uma estrada na qual
você está dirigindo.

Neste primeiro exemplo acima, note que a “estrada” é bem-


comportada e podemos passar pelos caminhos tranquilamente.
Logo, temos um gráfico que representa uma função contínua.

Note que a “estrada” neste segundo gráfico não se apresenta


tão comportada. Temos um buraco e, assim, a função representa

152 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 4 – Limite e Continuidade

uma descontinuidade de ponto, também denominada


descontinuidade removível.

Nesta terceira representação gráfica acima podemos


observar que a “estrada” imaginada por nós representa a função,
que neste caso também não é tão tranquila. Temos uma assíntota
vertical e poderíamos ser jogados para fora da “estrada”. Este gráfico
ilustra uma descontinuidade denominada por descontinuidade
infinita.

Já neste quarto exemplo, a “estrada” que imaginamos


representar a função também não parece ser tranquila. Percebemos

Módulo 2
153
Matemática para Administradores

que a função dá um salto e poderíamos também ser jogados para


fora da estrada. Este gráfico ilustra uma descontinuidade
denominada por descontinuidade de salto.
Assim, podemos concluir que uma função contínua é
essencialmente uma função que não contém buraco. Ou seja,
podemos traçar seu gráfico sem levantar o lápis do papel, em um
traçado único.

Para compreender melhor a observação em destaque no


gráfico acima, lembre-se da definição de limite! Note que os dois
limites laterais, quando x se aproxima de 6 tendem a um mesmo
valor, ou seja, se aproximam de um mesmo valor.
Anteriormente, afirmamos que uma função contínua é
previsível, o que implica pelo menos duas coisas importantes
relacionadas ao gráfico que representa a função. São elas:

X nenhuma quebra no gráfico (O limite deve existir para


qualquer valor de x); e
X nenhum buraco no gráfico (O gráfico não possui
assíntota vertical).

Mas, como podemos dizer se isso acontece?

Na verdade, pode ser muito fácil identificar. Geralmente, se


pudermos avaliar qualquer limite da função f(x) utilizando apenas
o método de substituição, teremos então uma função contínua.

154 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 4 – Limite e Continuidade

FORMALIZANDO CONCEITOS: DEFINIÇÃO


DE CONTINUIDADE DE FUNÇÃO

Uma função f é contínua em um valor c se e somente se:

X f (c) é definida;
X ambos os limites laterais existem e são os mesmos; e
X o limite L da função, quando x tende a c, e a imagem
da função em c coincidem.

Logo, se uma função f(x) é contínua, para qualquer x = c da


função teremos:

Exemplo 5

Ao assumir o cargo como administrador de um setor público,


veiculou-se uma informação de que se houver entre 40 e 80 lugares
no café-restaurante geral, o lucro diário será de R$8,00 por lugar.
Contudo, se a capacidade de assentos estiver acima de 80 lugares,
o lucro diário de cada lugar decrescerá em R$ 0,04, para cada
lugar ocupado acima de 80. Se x for o número de assentos
disponíveis, expresse o lucro diário como função de x. Verifique se
a função é contínua em 80.

Resolução:
Temos que x é o número de assentos e L(x), o lucro diário.
Deste modo, obtemos L(x) multiplicando x pelo lucro por lugar.

Módulo 2
155
Matemática para Administradores

Assim, quando 40 d x d 80, R$ 8,00 é o lucro por lugar, logo


L(x) = 8x.
Contudo, quando x > 80, o lucro por lugar é x[8 – 0,04 (x – 80)].
Obtemos então:

L(x) = x [8 – 0,04 (x – 80)]


L(x) =x [8 – 0,04x + 3,2]
L(x) =x[11,2 – 0,04x²]
L(x) =11,2x – 0,04x²

v
Feito isso, precisamos encontrar em qual ponto a função
L(x) = 11,2x – 0,04x² é igual a zero.
Logo, L(x) = 11,2x – 0,04x² = 0 Ÿ x (11,2 – 0,04x) = 0.
Para resolver, recorde Assim, x = 0, ou 11,2 – 0,04x = 0 Ÿ -0,04x = -11,2 Ÿ
seus conhecimentos
sobre a função 0,04x = 11,2 Ÿ Ÿx = 280.
quadrática.
Observe que, para x > 280, a função 11,2x – 0,04x² é
negativa e poderíamos desconsiderar. Portanto, pensemos no café-
restaurante, que trabalha com capacidade mínima de 40 e máxima
de 280 assentos ocupados.

Mas, você pode estar se perguntando: como verificar se a


função é contínua?

Para a função ser contínua, é preciso atender às condições


descritas a seguir:

X Ser definida em a, isto é, f(a) deve existir;

X deve existir; e

156 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 4 – Limite e Continuidade

Diante destas condições, temos que L(80) = 8˜80 = 640.


Logo, f(a) = L(80) existe.
Sendo assim, para verificar se o limite de x tendendo a 80
existe, basta analisar se os limites laterais são iguais, ou seja;

Temos então:

Portanto, o limite de x tendendo a 80 existe.


Temos que

De tal modo, podemos concluir que L(x) é contínua em 80.


Observe a seguir o comportamento da função quando
representada graficamente.

Módulo 2
157
Matemática para Administradores

Complementando.....
Para aprofundar os conceitos estudados nesta Unidades, consulte:

ÍMatemática básica para decisões administrativas – de Fernando Cesar


Marra e Silva e Mariângela Abrão.

158 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 4 – Limite e Continuidade

Atividades de aprendizagem
Agora é com você! verifique como foi seu entendimento
até aqui? Uma forma simples de verificar isso é você realizar
as atividades a seguir.

1. Analise com atenção a função apresentada graficamente abaixo e


encontre os limites solicitados quando existirem.

a)

b)

Módulo 2
159
Matemática para Administradores

c)

d)

e)

2. Encontre o limite das funções:

a)

b)

c)

d)

e)

3. Verifique se as funções abaixo são continuas em x =c. Caso consi-


dere que alguma delas não seja contínua, justifique.

a)

b)

c)

160 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 4 – Limite e Continuidade

Resumindo
Nesta Unidade você esteve envolvido com a compre-
ensão do conceito de limite de funções. Diferentes estraté-
gias para encontrar o limite foram apresentadas a você res-
saltando a potencialidade da representação gráfica para fa-
cilitar o entendimento e a visualização. O mistério que
permeia a relação entre o limite e o infinito também esteve
em destaque.
Exemplos ilustrativos tentaram fazer uma analogia
com a ideia de continuidade de funções para auxiliar na com-
preensão do conceito. A definição de continuidade foi apre-
sentada para formalizar o tema em questão.

Módulo 2
161
Matemática para Administradores

Respostas das
Atividades de aprendizagem
1. a) 2
b) 0
c) Não existe (limites laterais são diferentes)
d) 2
e) 0

2. a)

b)

c) 3
d) 5
e) -5
3. a) A função não é contínua, pois não está definida em
x = 5, ou seja, f(5) não está definida, pois 5 não perten-
ce ao domínio da função.
b) Não é continua, pois embora exista e tam-

bém a função esteja definida em x =1, esses dois valo-


res não são iguais. Em outras palavras z f (1)

c) Sim é contínua, pois

162 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 4 – Limite eApresentação
Continuidade

UNIDADE 5
DERIVADA

OBJETIVOS ESPECÍFICOS DE APRENDIZAGEM

Ao finalizar esta Unidade você deverá ser capaz de:


f Descrever e comentar o significado de taxa de variação;
f Associar o conceito de taxa de variação à derivada de uma função;
f Calcular a derivada de uma função pela definição;
f Calcular a derivada utilizando as regras de derivação e associar
aos contextos administrativos; e
f Resolver problemas que envolvam a derivada de uma função.

Módulo 2
163
Matemática para Administradores

164 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 5 – Derivada

INTRODUÇÃO AO
CONCEITO DE DERIVADA

Prezado estudante!
Como você sabe, nosso objetivo nesta Unidade é aprofundar
os conhecimentos sobre derivadas, seu significado e
aplicação no contexto administrativo. Para tanto, é muito
importante que você procure aproveitar todos as seções
apresentadas a seguir. Em caso de dúvida, lembre que
estamos aqui para lhe auxiliar. Não deixe de consultar seu
tutor e tampouco de trocar informações e curiosidades com
seus colegas de curso.
Bons estudos!

A derivada é uma das grandes ideias do cálculo e tem

v
relação tanto com a taxa de variação da função, que por vezes se é
representada graficamente por um curva, como se relaciona
também com a tangente da curva. Vale lembrar que a tangente à
curva existe em qualquer ponto e, ainda, que – a inclinação da
tangente representa a taxa de variação daquele ponto.
A tangente é uma reta
Em cálculo, a derivada é a inclinação da reta tangente em que toca o gráfico f(x) em
um determinado ponto da curva que representa a função f(x). A um determinado ponto.

derivada de uma função f(x) pode ser indicada por f’(x).

Como imaginar que uma curva possui uma reta tangente em


cada um dos seus pontos que a representa?

Módulo 2
165
Matemática para Administradores

Poderíamos associar com uma sensação de viajar ao longo


da curva que representa a função f(x) – aproximando um limite,
passeando de montanha-russa.

Para encontrarmos a taxa de variação ou a inclinação de


uma reta tangente a uma curva, precisaremos rever o importante
quociente da diferença. Vimos como encontrar este quociente
na Unidade 3, quando compreendemos o significado dos coeficientes
da função afim representada graficamente por uma reta.

TAXA DE VARIAÇÃO

A Taxa de variação é uma razão relacionada a uma reta


que compara a variação vertical com a horizontal. Comumente
simbolizada por m ou a.
Existem várias maneiras de se pensar na taxa de variação;
a aproximação geralmente depende da situação.
Para compreender melhor, considere algumas versões
demonstradas a seguir para indicar a taxa de variação.

166 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 5 – Derivada

Para qualquer função, poderemos encontrar a inclinação para


dois pontos do gráfico. Isto é a taxa média de variação da função
no intervalo de x1 a x2.

Note que temos aqui uma reta secante, pois toca a curva em
mais de um ponto.
Assim, podemos dizer que a taxa média de variação de
f(x) em um intervalo [a,b] é dada pelo quociente

TIPOS DE INCLINAÇÃO

Temos quatro possibilidades de inclinação.

X Inclinação positiva, visto que teremos +/+ ou –/– para

. Graficamente representada por:

Módulo 2
167
Matemática para Administradores

X Inclinação negativa, visto que teremos +/– ou –/+ para


. Observe sua representação gráfica:

X Inclinação nula (0), visto que teremos 0/– ou 0/+ para


. Representado graficamente por:

168 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 5 – Derivada

X Inclinação indefinida, visto que teremos +/0 ou –/0 para


. Sendo sua representação gráfica dada

por:

Diante do exposto até aqui, podemos dizer


que tanto a taxa de variação, como a inclinação
são vitalmente importantes em cálculo. Por
exemplo, pense que a função representa
uma montanha-russa e você
experimenta a sensação de mudar de
inclinação quando se move na
montanha-russa – da esquerda para
a direita. Nessa situação, você estaria
vivenciando a base para a derivada.
Perceba que, na vida, podemos considerar os constantes
fatores de mudança, entre estes, a mudança na economia. Preços
sobem e descem. Oferta e demanda flutuam. Inflação, recessão, e
outras variáveis econômicas e financeiras estão constantemente
mudando dentro do sistema econômico. Quando uma ou mais
dessas características mudam dentro do sistema, disparam uma
série de mudanças em algum setor da economia. A derivada nos
ajuda a lidar com isto.

Módulo 2
169
Matemática para Administradores

Vimos que é bem tranquilo encontrarmos a taxa média de


variação, que representa a inclinação da reta secante que passa
por dois pontos. Mas como encontrar a inclinação da reta
tangente?

Para entender melhor, acompanhe as representações gráficas


a seguir.

170 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 5 – Derivada

Na representação anterior, encontrando a inclinação para a


reta secante, temos que:

Agora, analisemos juntos a representação a seguir.

Como encontrar a inclinação da reta tangente?

Primeiramente, note o que acontece quando diminuímos


cada vez mais a distância entre x = 3 e x = 1

Módulo 2
171
Matemática para Administradores

Teoricamente, repetiríamos esse processo várias vezes. A


cada vez, a inclinação da reta secante aproximaria mais e mais da
inclinação da reta tangente.
Logo, temos uma secante que se aproxima da tangente. O
que nos permite dizer que a distância entre os valores de x na
tangente e a secante móvel irá eventualmente diminuir/desaparecer,
pois estará na mesma localização.

E quando a distância entre eles fosse quase zero. Não podemos


dividir por zero. Então, o que fazer?

Neste caso, a variação horizontal seria zero porque o segundo


ponto na secante estaria eventualmente sobre o ponto de tangência.
Então… poderemos encontrar a inclinação da reta tangente se
obtivermos o limite da secante móvel quando se aproxima da
tangente.
Teremos, então, que a inclinação da reta tangente seria:

172 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 5 – Derivada

Em Matemática o acréscimo muitas vezes é denominado por


'x. Portanto, x + 'x é o mesmo que x + h.

Módulo 2
173
Matemática para Administradores

DEFINIÇÃO DE DERIVADA

A derivada de uma função y = f(x) no ponto (x, f(x)) é


definida como:

A derivada pode ser representada pelas seguintes notações:

X f’(x) ou y’

X ou

SIGNIFICADO GEOMÉTRICO DA DERIVADA

Para entender o significado geométrico da derivada, teremos


de recorrer ao conceito de coeficiente angular da reta.
Considerando a função y = f(x) contínua e definida no
intervalo A, cujo gráfico é representado pela curva C, sendo x e x0
elementos desse intervalo, com x zx0.
Se a reta s, secante à curva C, é determinada pelos pontos
P0(x0, f(x0)) e P(x, f(x)), podemos dizer que o coeficiente angular de

174 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 5 – Derivada

s é , que corresponde à razão incremental de

f(x) no ponto x0.

Observe que se 'x tende a 0, ou seja, se x tende a x0, o


ponto P se aproxima de P 0 e a reta secante s tenderá à reta t,
tangente à curva C no ponto P0.
Se a reta s tende à reta t, então D tende a E. Portanto,

Então, concluímos que:

f’(x) = tgE

A derivada da função f(x) no ponto x0 é igual ao coeficiente


angular (tg E) da reta t, tangente ao gráfico da função f(x) no ponto
P(x0, f(x0)).
A equação da reta t pode ser assim representada: f(x) – f(x0) =
f’(x0) ˜ (x – x0), ou, ainda, se f (x) = y, temos:

y – f(x0) = f’(x0) ˜ (x – x0)

Módulo 2
175
Matemática para Administradores

Exemplo 1

Encontre a taxa de variação instantânea para f(x) = 5x + 1 em


x = 3.

Resolução:
Vamos lembrar que taxa de variação instantânea é a derivada
e, assim, devemos encontrar o limite do quociente quando h tende
a zero. O que, em símbolos, implica em:

Portanto, a taxa de variação instantânea em x = 3 é


igual a 5.

Diante do exposto, dizemos que diferenciar f significa


encontrar a derivada de f. Assim, se existe f ’(a),
dizemos que f é diferenciável em x = a.

176 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 5 – Derivada

CONDIÇÕES DE EXISTÊNCIA
DA DERIVADA

Uma função é dita diferenciável em x se existe o limite

. Para tanto, a derivada não existe em três

situações. Basicamente, onde a tangente não existe ou onde a


inclinação da tangente é indefinida. Ou seja, aqui a sugestão é que
você pense na tangente e em sua inclinação.

X Em uma descontinuidade o nenhuma tangente para


usar;
X Em uma ponta (em forma de V) o inclinação
indefinida; e
X Em um ponto de inflexão vertical o inclinação
indefinida.

Assim, podemos dizer que se o gráfico de uma função


contínua possui uma tangente em um ponto onde sua concavidade
muda de sentido, então o ponto é denominado ponto de inflexão.
Quando a tangente é vertical, estamos nomeando este ponto de
ponto de inflexão vertical.

Para entender melhor, veja a seguir a relação de conceitos que


separamos para você relembrar.

Módulo 2
177
Matemática para Administradores

X Limite: a altura (coordenada y) de uma função para


uma dada entrada (coordenada x); você às vezes não
poderá encontrar essa altura exatamente por causa
dos buracos, da assíntota etc.; algumas vezes, você
ainda pode “aproximar” daquele valor, apesar dos
buracos.
X Taxa Média de Variação: a inclinação entre dois
pontos de uma secante – reta que intercepta a curva
em dois pontos.
X Taxa de Variação Instantânea: a inclinação da
reta tangente na curva.
X Derivada: a inclinação da reta tangente à curva;
semelhante à taxa de variação instantânea.
É importante lembrarmos que precisamos do limite para
encontrarmos a derivada de uma função e que observar o gráfico
também foi fundamental para nossa compreensão.
Entretanto, seria impraticável depender do gráfico para cada
derivada. E consumiria muito tempo usar a taxa de variação
instantânea a todo momento. Precisamos aprender como encontrar
a inclinação da reta tangente por outras técnicas legítimas.
Passemos às regras de diferenciação, ou regras de
derivada.

Vamos deixar um pouco de pensar na representação gráfica


da derivada. Vamos chegar a isso por uma aproximação
diferente?

178 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 5 – Derivada

REGRAS DE DERIVAÇÃO

Caminho mais curto. Método mais simples. Regras que nos


atraem. São estes temas que trataremos nessa seção.

A REGRA DA POTÊNCIA (xn)

Para qualquer expoente constante n, temos que:

Veja os exemplos, a seguir:

E se tivermos uma constante c? Como resolver?

Módulo 2
179
Matemática para Administradores

Mais simples ainda. Para qualquer constante c, temos que:

Observe os dois exemplos, a seguir, para que você mesmo


veja o quanto é simples.

Espere! Vamos pensar sobre essa regra da constante?

Cada uma das constantes seria representada graficamente


por uma reta horizontal, isto é, paralela ao eixo x.
Por exemplo, f(x) = 7, que é o mesmo que y = 7 e é
representada por uma reta paralela ao eixo x. Ou seja, todas as
retas horizontais (paralelas ao eixo x) não têm inclinação, ou seja,
nestas a inclinação é zero.

A derivada é a inclinação da reta tangente. Então, deveria ter


inclinação zero, também. Concorda?

REGRA DO MÚLTIPLO – CONSTANTE

Para qualquer constante c, temos que:

180 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 5 – Derivada

Compreenda melhor analisando os exemplos a seguir:

REGRA DA SOMA E DA DIFERENÇA

Note que ambas as regras – soma e diferença – se


assemelham muito:

Assim, podemos observar que calcular a derivada de uma


soma ou de uma diferença de uma função é muito semelhante. A
atenção deve estar voltada para o sinal de soma ou diferença.
Observe nos exemplos que seguem.

Módulo 2
181
Matemática para Administradores

Agora, vamos dar um intervalo nas regras por alguns


instantes e entrar um pouquinho em dois outros itens bem simples:

X derivada no ponto; e
X uma aplicação de derivada.

Avaliar ou encontrar o valor no ponto simplesmente


significam substituir e simplificar.
Primeiro encontramos a derivada e depois avaliamos a
função, isto é, encontramos o valor da função no ponto. Existem
diferentes notações para derivada no ponto (usando x = 2):

Suponha que uma empresa pública tenha calculado funções


representando sua receita (renda), seu custo, e seu lucro (da
produção e venda) como representado abaixo:

X R(x) = Total receita da venda x unidades;


X C(x) = Total custo da produção x unidades; e
X L(x) = Total lucro x unidades.
O termo custo marginal significa o custo adicional da
produção de uma unidade a mais. Isto é, essencialmente a função
custo avaliada para uma unidade a mais que x.

C(x + 1) – C(x)

Claro que, se dividíssemos toda a expressão por 1, não mudaria


o resultado. Certo?

Ou seja, teríamos , que parece ser familiar,

concorda?

182 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 5 – Derivada

Exatamente, é o calculo da taxa de variação média.


Semelhante ao quociente da diferença. Semelhante à inclinação.
Assim, temos que quanto mais unidades (x) produzidas,
menor se apresenta h = 1 se comparado com o x. E, h se aproxima
de zero.

Esta expressão também parece familiar?

Acer tou, representa a taxa instantânea de variação.


Semelhante à derivada. Semelhante à inclinação da tangente.
Então, podemos afirmar que cada função na versão marginal
é a derivada da função original. Observe as representações a seguir.

Custo Marginal Cmg (x) = C’ (x)

Renda Marginal Rmg (x) = R’ (x)

Lucro Marginal Lmg (x) = L’ (x)

Uma vez que compreendemos a necessidade de encontrarmos


a derivada, nos parece importante conhecermos os caminhos
mais curtos para se chegar até ela. Certo? Preparado?

Módulo 2
183
Matemática para Administradores

A REGRA DO PRODUTO

O produto das derivadas é igual à derivada da primeira


função multiplicada pela segunda função mais a primeira função
multiplicada pela derivada da segunda função.

v
Não entre em pânico, vamos utilizar o truque da ajuda memória.
Para compreender, considere a função p(x) = (x² + x + 2)(3x – 1).
Perceba que esta é uma função expressa como produto de duas
1’ ˜ 2 + 1 · 2’
funções.
Usando o caminho mais curto para se chegar à derivada,
isto é, usando a fórmula do produto para encontrar a derivada,
teremos:
p’(x) = (x² + x + 2)’(3x – 1) + (x² + x + 2) ˜ (3x – 1)’
(lembre da ajuda memória!)
p’(x) = (2x + 1) ˜ (3x – 1) + (x² + x + 2) ˜ 3
p’(x) = 6x² – 2x + 3x – 1 + 3x² + 3x + 6
p’(x) = 9x² + 4x + 5
Entretanto, poderíamos expandir p(x), ou seja, efetuar a
multiplicação e chegando à função expressa como:
p(x) = 3x³ + 2x² +5x – 2. Desta forma, usando os caminhos para
derivar potência e soma de funções obteríamos, também, a derivada:

p’(x) = 9x² + 4x + 5.

184 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 5 – Derivada

A REGRA DO QUOCIENTE

A derivada do numerador vezes o denominador menos o


numerador vezes a derivada do denominador, tudo divido pelo
denominador ao quadrado. Ou seja,

v
Calma! Novamente, vamos utilizar o truque da ajuda memória:
Para uma melhor compreensão, considere a derivada da

função . Agora, utilizando o caminho mais curto (regra)


e o nosso truque (ajuda memória) teremos:

Portanto

Para entender melhor, acompanhe o raciocínio: Suponha que


a prefeitura tenha calculado funções representando sua receita
(renda), seu custo e seu lucro (da produção e venda) da produção
de sua gráfica como representado a seguir:

Módulo 2
185
Matemática para Administradores

R(x) = Total receita da venda x unidades;


C(x) = Total custo da produção x unidades; e
L(x) = Total lucro x unidades.

Partindo do pressuposto de que o custo médio (CM) é


encontrado dividindo o custo total C(x) pelo número de unidades x.
Temos que:

Deste modo, dizemos que a derivada da função custo médio


é denominada custo médio marginal, ou CMmg, e esta pode ser
representada da seguinte maneira:

E que as derivadas semelhantes descrevem a renda média


marginal como RMmg(x) e o lucro médio marginal como LMmg(x).

Exemplo 2

Imagine que custa à editora da prefeitura R$ 12,00 para produzir


cada livro que será utilizado para divulgar informações do Posto de
Saúde. Sabemos que existe um gasto fixo de R$ 1.500,00. Desta
forma, a função custo seria:

C(x) = 12x + 1.500, em que x é a quantidade de livros.


Queremos encontrar o custo médio CM, o custo médio marginal
CMmg e o custo médio marginal em x = 100 CMmg(100). Também
queremos interpretar o resultado obtido.

Resolução:
Para resolver este exemplo, temos três situações a serem
determinadas.

186 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 5 – Derivada

Encontrar o custo médio CM, o CMmg e o CMmg em


x = 100.

X Vamos encontrar o CM para C(x) = 12x + 1.500.

X Vamos encontrar o CMmg do CM(x), ou seja, vamos


encontrar a função derivada.

X Vamos calcular o CMmg em x = 100. Para tanto basta


avaliarmos a função obtida anteriormente em x = 100.

Feitos estes cálculos, vamos interpretar o resultado obtido,


ou seja, CMmg em x = 100. Este resultado quer dizer que, quando
100 livros forem produzidos, o custo médio por livro é decrescente
(indicado pelo sinal negativo) de aproximadamente 15 centavos
por livro adicional produzido.
Apesar de o custo total aumentar quando se produz mais, o
custo médio por unidade decresce devido à economia de produção
em massa.

Módulo 2
187
Matemática para Administradores

Esperamos que tenha gostado e que tenha compreendido. Em


caso de dúvida, lembre de que seu tutor terá o maior prazer
em lhe atender.

Agora vamos recordar alguns conhecimentos sobre função


composta, que é fundamental para compreendermos a próxima
regra de derivação.
De uma maneira bem simples, poderíamos dizer que funções
compostas são simplesmente funções de funções.
Uma função g(x) é colocada “dentro” de outra f(x). Isto é
expresso da seguinte maneira: f(g(x)). Observe a Figura 1:

Figura 1: Função g(x) entra em f(x)


Fonte: Elaborada pela autora

188 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 5 – Derivada

Para entendermos melhor, vamos olhar alguns exemplos. Para


tanto, considere f(x) = x² e g(x) = 4 – x.
Diante desta condição, calculando f(g(x)), temos que f(g(x))=
(g(x))², o que resulta em f(g(x)) = (4 – x)². (Basta substituir no lugar
de x de f a função g(x)). Agora vamos calcular g(f(x)). Então, teremos
que g(f(x)) = 4 – f(x), o que resulta em g(f(x)) = 4 – x².

Sente-se mais preparado para continuar nossos estudos? Então,


vamos acrescentar mais duas regras – regra da cadeia e a regra
generalizada da potência – ao nosso arsenal de técnicas?

A REGRA DA CADEIA

Para começarmos, imagine que precisemos encontrar a


derivada da função f(g(x)) = (x² – 5x + 1)10
Claro que não vamos utilizar a regra da potência e multiplicar
10 vezes a base (x² – 5x + 1). Vamos utilizar a regra da cadeia.
Esta regra nos diz que para duas funções diferenciáveis

Logo, basta que reconheçamos as funções envolvidas.


Observe na sequência como é simples.

Módulo 2
189
Matemática para Administradores

IMPORTÂNCIA DA DERIVADA

Poderemos nos valer de todas as informações que a derivada


nos oferece para esboçarmos a curva de uma função. Também
poderemos utilizar as informações para trabalharmos com problemas
de otimização. Trabalhamos com otimização quando procuramos
encontrar o maior ou menor valor de uma função. Por exemplo:
maximizar o lucro ou minimizar o risco etc.

As informações que a derivada nos fornece para avaliar


seus aspectos gráficos serão de grande valia para o
trabalho com otimização.

Para compreender melhor, imagine que uma empresa


pública, após vários estudos, concluía que o Lucro Bruto poderia ser
expresso pela função LB = 0,1672x³ – 4,306x² + 35,635x – 93,646,
para uma produção entre x=4 e x=15 unidades. Ao longo da
experiência como administrador, o funcionário percebeu que, à
medida que a produção saía de 4 unidades e se aproximava de 7
unidades, os resultados iam melhorando, fazendo com que a
empresa saísse do prejuízo e começasse a dar lucro.
No entanto, quando a produção continuava aumentando, a
partir de 7 unidades, e ia à direção de 11 unidades, o resultado
voltava a piorar, chegando até a apresentar prejuízo novamente.
Somente a partir de 12 unidades ele percebia que a tendência de
melhora do resultado voltava a acontecer.

190 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 5 – Derivada

Conhecida a expressão que representa o lucro bruto e


utilizando o que aprendemos sobre derivadas, podemos verificar se
o sentimento do proprietário com relação aos resultados pode ser
confirmado pela análise da primeira e da segunda derivadas da
função. Para isto, basta analisarmos a primeira e a segunda derivadas.

Como assim?

Vamos pensar com calma. Temos a função lucro bruto.

LB = 0,1672x³ – 4,306x² + 35,635x – 93,646 4 d x d 15

Será verdade que nos intervalos descritos a seguir acontece


mesmo o que pressentia o funcionário?

X [4, 7] = melhorando – saindo prejuízo e tendo lucro


X ]7, 11[ = piorava – saía do lucro e apresentava prejuízo
X ]12, 15] = melhorava o resultado

Para analisar melhor, imagine uma função como uma


montanha-russa indo da esquerda para a direita. Na subida, teremos
inclinação positiva (> 0), logo, uma função crescente.

Módulo 2
191
Matemática para Administradores

Já na descida, com inclinação negativa (< 0), teremos uma


função decrescente.

Note que a derivada de uma função nos dá a inclinação do


gráfico. Para visualizar a situação, volte a refletir sobre o exemplo
da montanha-russa.
Outro ponto importante de destacarmos diz respeito aos
números críticos de uma função. Estes dizem respeito às
localizações onde o valor da derivada é zero – inclinação horizontal
para a tangente – ou indefinido – inclinação indefinida para a
tangente, ou a derivada não existe.
Sendo que se f’ > 0 (positiva) em um intervalo, então f é
crescente neste intervalo.

192 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 5 – Derivada

E, se f’ < 0 (negativa) em um intervalo, então f é decrescente


neste intervalo.

Vejamos a descrição a seguir.

Mas, como podemos usar o cálculo para determinar a


concavidade?

Módulo 2
193
Matemática para Administradores

Então, é aí que a segunda derivada entra em cena. A segunda


derivada – a derivada da derivada – nos fornece a taxa de variação
da inclinação. Em outras palavras, a segunda derivada mostra se a
inclinação está crescendo ou decrescendo.
Quando encontramos a segunda derivada, podemos usar as
seguintes relações para nos auxiliar na construção do gráfico:

X f ” > 0 (derivada segunda positiva) o inclinação


aumentando o concavidade para cima
X f” = 0 (derivada segunda nula) o sem inclinação o
ponto de inflexão
X f ” < 0 (derivada segunda negativa) o inclinação
decrescente o concavidade para baixo

O teste da primeira derivada:


Se uma função f tem o ponto c como ponto crítico,
Saiba mais Ponto crítico então em x = c a função tem:

O ponto crítico de uma fun- X um máximo relativo se f’ >0 um pouquinho antes de


ção f é um valor de x do do- c e f’<0 um pouquinho depois de c (lembre da
mínio de f em que acontece
montanha-russa); e
uma das situações: f’(x) = 0
ou f’(x) é indefinida. Fonte: X um mínimo relativo se f’ <0 um pouquinho antes de c
Elaborado pela autora. e f’ >0 um pouquinho depois de c (pense na
montanha-russa).

O teste da segunda derivada:


Se x = c é um ponto crítico da função f na qual f” está
definida, então a função tem:

X um mínimo relativo se f” (c) > 0 em x = c; e


X um máximo relativo se f” (c) < 0 em x = c.

Voltemos ao nosso caso e comecemos calculando a derivada


primeira da função LB.

LB = 0,1672x³ – 4,306x² + 35,635x – 93,646


LB’ = 3 ˜ 0,1672x² – 2˜4,306x + 35,635 – 0

194 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 5 – Derivada

LB’ = 0,5016x² – 8,612x + 35,635

Igualemos a derivada primeira a zero e resolvamos a equação


para achar os pontos críticos.

0,5016x² – 8,612x + 35,635 = 0

x’ = 6,9562 e x” = 10,2128

Como não há valores de x para os quais LB’ não seja


definida, decorre que x=6,9562 e x = 10,2128 são os únicos pontos
críticos.
Assim, os intervalos que devem ser testados são:

]4; 6,95[ ; ]6,95; 10,21[ e ]10,21; 15[

O Quadro 1 apresenta o resultado do teste desses três


intervalos. Analise-o:

INTERVALO 4 < X < 6,95 6,95 < X < 10,21 10,21 < X < 15
Valor (livre) x=5 x=8 x = 13

Sinal de 5,115 > 0 -1,1586 < 0 8,4494 > 0


f’(x) f’(x) > 0 f’(x) < 0 f’(x) > 0

Conclusão Crescente Decrescente Crescente

Sinal de – 3,596) < 0 - 0,5864 < 0 4,4296 > 0


f”(x) f”(x) < 0 f”(x) < 0 f”(x) > 0

Conclusão Concavidade p/ Concavidade p/ bai- Concavidade p/


baixo cresce cada xo decresce cada cima cresce cada
vez mais devagar. vez mais devagar. vez mais devagar.

Quadro 1: Resultado do teste dos intervalos previstos


Fonte: Elaborado pela autora

Assim, as observações do funcionário foram confirmadas


utilizando as derivadas primeira e segunda.

Módulo 2
195
Matemática para Administradores

LB’ = 0,5016x² – 8,612x + 35,635 LB” = 1,0032x – 8,612


Para x = 5, LB’ = 5,115 LB” = -3,596
Para x = 8, LB’ = 14,8414 LB” = -0,5864
Para x = 13, LB’ = 8,4494 LB” = 4,4296

Ainda sobre o mesmo caso, poderíamos identificar o mínimo


e máximo relativo no período considerado. Para isso deveremos
determinar os extremos relativos de uma função.

Vamos fazer o teste da derivada primeira?

Seja f uma função contínua e derivável em intervalo (a, b),


exceto possivelmente em c  (a, b):

X Se f’ passa de positiva para negativa em c, então f(c) é


máximo relativo de f. Assim, o máximo relativo de f é
f(6,25) = 2,1561.
X Se f’ passa de negativa para positiva em c, então f(c) é
mínimo relativo de f. Logo, o mínimo relativo de f é
f(10,21) = -0,7314.

E ainda sobre o mesmo caso. Responda-nos qual é exatamente


o intervalo em que a contribuição marginal é negativa? Ou
seja, neste trecho um acréscimo na produção significa uma
redução no resultado?

Lembremos que CM = derivada da função lucro. Que neste


situação foi negativa, ou seja, CM < 0.
Para compreender este resultado, vamos estudar os sinais
desta função e observar onde a função é negativa.

196 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 5 – Derivada

LB’ = 0,5016x² – 8,612x + 35,635


x’ = 6,9562 ou x” = 10,2128

Assim, o intervalo em que a contribuição marginal é negativa


seria entre os valores 6,9562 e 10,2128.
Dando continuidade, podemos mostrar matematicamente os
trechos em que a função lucro bruto é crescente e quando é
decrescente. Então, considerando que o lucro bruto está definido no
intervalo de 4 a 15 unidades, e que os pontos críticos (onde f ‘(x) = 0)
são:
x’ = 6,9562 (máximo relativo) e x” = 10,2128 (mínimo
relativo).
Podemos mostrar o crescimento e decrescimento da função
substituindo x na função lucro bruto. Vamos tomar valores
próximos.

LB = 0,1672x³ – 4,306x² + 35,635x – 93,646

X No intervalo de 4 a 7
Para x = 4 LB = –9,3012
Para x = 6,95 LB = 2,1561
Para x = 7 LB = 2,1546
Função crescente até seu máximo relativo.
Crescente [4; 6,95[
Observe que para x1 < x2 temos f(x1) < f(x2) (ou seja
se x cresce, y cresce).
X No intervalo de 6,95 a 10,21
Para x = 6,95 LB = 2,1561
Para x = 10,21 LB = -0,731
Função decrescente no intervalo de 6,95 a 10,21.
Observe que para x1 < x2 temos f(x1) > f(x2) (ou seja
se x cresce, y decresce).

Módulo 2
197
Matemática para Administradores

X No intervalo de 10,21 a 15
Para x = 10,21 LB = -0,731
Para x = 11 LB = -0,1438
Para x = 12 LB = 2,8316
Função crescente no intervalo de 10,21 a 15.
Observe que para x1 < x2 temos f(x1) < f(x2) (ou seja
se x cresce, y cresce).

Com base na análise conjunta da derivada primeira e da


derivada segunda da função, qual é a produção mínima para
garantir que a partir deste número os resultados tendem sempre
a melhorar, dentro do domínio analisado?

Pela análise realizada podemos dizer que seria a partir do


mínimo local 10,21. Observe o gráfico da função lucro bruto:

198 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 5 – Derivada

Veja a seguir o gráfico da função derivada


LB’ = 0,5016x² – 8,612x + 35,635:

Agora, note o gráfico da derivada segunda expressa por


LB” = 1,0032x – 8,612, mostrado a seguir:

Observe também um resumo da situação no Quadro 2,


apresentado a seguir:

Módulo 2
199
Matemática para Administradores

INTERVALO 4 < X < 6,95 6,95 < X < 10,21 10,21 < X < 15
Valor (livre) x=5 x=8 x = 13

Sinal de 5,115 > 0 -1,1586 < 0 8,4494 > 0


f’(x) f’(x) > 0 f’(x) < 0 f’(x) > 0

Conclusão Crescente Decrescente Crescente

Sinal de (x) f ''(6.95) < 0 ________ f ''(10.2128) > 0


nos pontos críticos (- 1,6335402<0) (1,63348>0)

Conclusão Concavidade Concavidade


para baixo (pon- para cima (pon-
to máximo) to mínimo)

Quadro 2: Resultado do domínio analisado


Fonte: Elaborado pela autora

Muitas vezes, necessitamos otimizar a função encontrando


seus valores máximos ou mínimos. Vamos esclarecer o significado
de alguns termos utilizados:

X O valor máximo absoluto de uma função é o maior


valor da função em seu domínio.
X O valor mínimo absoluto de uma função é o menor
valor da função em seu domínio.
X O valor extremo absoluto de uma função é o valor que
é ou max abs ou min abs da função.

Outro aspecto importante que devemos estudar faz referência


ao intervalo fechado de uma função contínua. Pois, uma função
contínua f num dado intervalo [a, b] tem valores máximos e mínimos
absolutos. Para encontrá-los:

X busque os pontos críticos de f em [a, b]; e


X avalie f na abscissa do ponto crítico e também nos
extremos do intervalo a e b; os valores máximo e
mínimo são os maiores e menores valores encontrados.

200 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 5 – Derivada

Note, que basicamente, para encontrarmos os valores


extremos da função, precisamos dos pontos críticos e dos extremos
do intervalo.

X Somente um ponto crítico no intervalo? Então,


precisamos encontrá-lo e usar o teste da segunda
derivada para saber se f atinge neste valor um máximo
ou um mínimo.
X O intervalo é fechado? Então, avalie f em todos os
pontos críticos e extremos do intervalo; os valores
máximo e mínimo são os maiores e menores valores
encontrados.

Módulo 2
201
Matemática para Administradores

PONTOS EXTREMOS RELATIVOS

Numa curva temos o ponto mais alto e o ponto mais baixo.


O ponto mais alto denominamos de ponto máximo relativo e o ponto
mais baixo de uma região de uma curva nomeamos de ponto
mínimo relativo.
Concavidade é a ideia do gráfico “entortar” para baixo (como
um franzido) ou “entortar” para cima (como um sorriso). Como
mostra a Figura 2:

Figura 2: Concavidade para cima e para baixo


Fonte: Elaborado pela autora

O momento dessas alterações de “para cima” para “para


baixo”, ou ainda, de “para baixo” para “para cima” chamamos de
ponto de inflexão. Observe na Figura 3.

Figura 3: Situação em que o ponto de inflexão acontece


Fonte: Elaborado pela autora

202 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 5 – Derivada

É importante relembrarmos que números críticos de uma


função são as localizações onde o valor da derivada é zero
(inclinação horizontal para a tangente) ou a derivada é indefinida
(inclinação indefinida para a tangente ou a derivada não existe).

Exemplo 3

Considerando que a plantação de eucalipto da empresa que você


administra tem permissão para produção para t anos. Sabe-se que
o valor da madeira cresce proporcionalmente à raiz quadrada de t,
enquanto o custo de manutenção é proporcional a t. Queremos
encontrar o tempo necessário para que a produção atinja o seu
máximo.

Resolução:
Com base nas informações, podemos construir a função, a
seguir, que descreve o valor da plantação após t anos onde a e b
são constantes. Acompanhe:

milhões de reais para t > 0

E, utilizando a função a seguir, vamos encontrar quando a


função atinge seu máximo.
Para t > 0

Agora, fazendo a derivada igual a zero, vamos encontrar o


valor de t:

Módulo 2
203
Matemática para Administradores

Como existe um único ponto crítico, vamos usar o teste da


segunda derivada:

Vamos avaliar em t = 64:

Claramente percebemos que V”(64) é negativo. Logo, V(t)


tem um máximo em t = 64.

O valor da plantação atinge o máximo em 64 anos. Qual será


o valor nesta época?

Como a função descrevia a quantia em milhões de reais,


V(64) = 384 significa que a resposta é R$ 384.000,00!

204 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 5 – Derivada

Complementando.....
Divirta-se e aprofunde seus estudos passeando pelas leituras indicas a
seguir:

ÍMatemática básica para decisões administrativas – de Fernando Cesar


Marra e Silva e Mariângela Abrão.

Í Derivadas – para saber mais consulte o site <http://


pessoal.sercomtel.com.br/matematica/superior/calculo/derivada/
derivada1.htm>.

ÍCálculo de máximo e mínimo – busque mais informações consultando


o site <http://pessoal.sercomtel.com.br/matematica/superior/maxmin/
mm01.htm>.

Í Teste da primeira derivada – para saber mais, consulte <http://


pessoal.sercomtel.com.br/matematica/superior/maxmin/mm02.htm>.

ÍTeste da primeira derivada – explore mais sobre o tema no site <http:/


/pessoal.sercomtel.com.br/matematica/superior/maxmin/mm03.htm>.

Módulo 2
205
Matemática para Administradores

Atividades de aprendizagem
1. Encontre a derivada das funções abaixo:
a) f(x) = (3x + 1)²

b) f(x) =

c) f(x) =

d) f(x) =

2. Resolva o problema abaixo utilizando seus conhecimentos de


máximos e mínimos e também de derivada.
Imagine que um setor da prefeitura de sua cidade cuida de um
pomar para suprir as necessidades de maças das escolas munici-
pais da região. Sabe-se que há 50 árvores (macieira) no pomar e
que cada macieira produz 800 maças. Os agrônomos informaram
que para cada árvore adicional plantada no pomar, a produção
por arvore diminuirá em 10 frutas.
Encontre a quantidade de árvores (macieiras) que devem ser acres-
cidas (plantadas) no pomar de modo a maximizar a produção de
maçãs.
3. Funcionários da fabrica do estado, se reuniram para angariar fun-
dos para organizar a escola que atenderá os jovens e adultos da
região. Para tanto, se propuseram a vender artigos bordados, pro-
duzidos por voluntários (na maioria esposas dos funcionários).
Sabe-se que o lucro resultante da venda de x unidades de um
artigo é dado por P(x) = 0,0002x³ + 10 x.
Encontre o lucro marginal para uma produção de 50 unidades.

206 Bacharelado em Administração Pública


Unidade 5 – Derivada

Resumindo
Nesta Unidade, esforços foram destinados a captar sua
atenção e sensibilizá-lo para a compreensão do conceito de
derivada. Exemplos ilustraram a ideia de derivada e sua apli-
cação. As regras de derivação foram apresentadas como um
caminho mais curto de se chegar à derivada de uma função
sem fazer uso de limite da taxa de variação da função. Pro-
blemas de otimização ilustraram a aplicabilidade do concei-
to de derivada.

Módulo 2
207
Matemática para Administradores

Respostas das
Atividades de aprendizagem
1. a) 6(3x+1)

b)

c)

d)

2. Com mais 15 árvores plantadas a produção atingirá o seu


máximo que é 42 250.
3. R$ 11, 50 por unidade

208 Bacharelado em Administração Pública


Considerações
Unidade Finais
5 – Derivada

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Bem, vamos ficar por aqui.


Claro que seria interessante continuarmos pelos caminhos
mais profundos de Cálculo, mas terá de ficar para outra
oportunidade.
Recomendamos, entretanto, que visitem as páginas do livro
“Matemática Básica para Decisões Administrativas”, que trata sobre
o temas integrais. Em uma maneira bem simples poderíamos pensar
que a integral de uma função desfaz o que a derivada fez. Ficou
curioso? Anime-se e mergulhe nas páginas do livro.
Desejamos a todos muito sucesso nos estudos e no trabalho!

Módulo 2
209
Matemática para Administradores

Referências
¨
BOULOS, Paulo. Cálculo diferencial e integral. V. 1. São Paulo: Makron
Books, 1999.

HOFFMANN, Laurence D. Cálculo: um curso moderno e suas aplicações.


Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos , 1999.

LARSON, Roland E.; HOSTETLER, Robert P.; EDWARDS, Bruce H.


Cálculo com aplicações. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1998.

MARRA e SILVA, Fernando Cesar; ABRÃO, Mariângela. Matemática


básica para decisões administrativas. São Paulo: Atlas, 2007.

MORETTIN, Pedro Alberto; BUSSAB, Wilton de Oliveira; HAZZAN,


Samuel. Cálculo: funções de uma variável. 3. ed. São Paulo: Atual,
1987.

WHIPKEY, Kenneth L.; WHIPKEY Mary Nell. Cálculo e suas múltiplas


aplicações. 3. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1982.

210 Bacharelado em Administração Pública


Considerações Finais

Módulo 2
211
Matemática para Administradores

M INICURRÍCULO
Maria Teresa Menezes Freitas

Graduada em Licenciatura Plena em Matemá-


tica pela Universidade Federal de Uberlândia (1974),
especialista em Matemática Superior pela Univer-
sidade Federal de Uberlândia com parceria com Uni-
versidade Federal de Minas Gerais (1982), mestre
em Educação pela Universidade Federal de Uberlândia (2000) e dou-
tora em Educação Matemática pela Universidade Estadual de Campi-
nas (2006). Atualmente é professora associada 2 da Universidade Fe-
deral de Uberlândia da Faculdade de Matemática e diretora do Núcleo
de Educação a Distância da UFU, sendo representante da Universida-
de Aberta do Brasil – UAB. Tem experiência na área de Educação, com
ênfase em Educação Matemática. Atua principalmente nos seguintes
temas: Formação de Professor de Matemática, Educação Matemática,
Professor de Matemática, Escrita na Formação do Professor e Desen-
volvimento Profissional.

212 Bacharelado em Administração Pública


Maria Teresa Menezes Freitas Volume 1

1
ISBN 978-85-7988-004-9

9 788579 880049 Matemática para Administradores

Matemática para Administradores


CEFET/RJ

Universidade
Federal
Fluminense

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