Epilepsia Propolis
Epilepsia Propolis
Epilepsia Propolis
FACULDADE DE MEDICINA
DEPARTAMENTO DE FISIOLOGIA E FARMACOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FARMACOLOGIA
FORTALEZA
2020
2
FORTALEZA
2020
3
4
BANCA EXAMINADORA
________________________________________
Profa. Dra. Marta Maria de França Fonteles
Universidade Federal do Ceará (UFC)
_________________________________________
Profa. Dra. Francisca Cléa Florenço de Sousa
Universidade Federal do Ceará (UFC)
_________________________________________
Prof. Dra. Jamile Magalhães Ferreira
Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB)
5
A Deus.
Aos meus pais, Regiane e Orlando.
6
AGRADECIMENTOS
Ao meu amado Deus por ter me cedido o dom da Vida. Obrigado meu Deus por
acompanhar cada passo meu e por nunca me abandonar. Você me mostrou o amor mais
genuíno, me deu forças e coragem para continuar sempre. Sem o senhor nada disso seria
possível.
Aos meus pais, Regiane e Orlando, e meu irmão Matheus por serem a minha
base e o meu motivo maior de amor. Vocês são o que eu tenho de mais precioso e importante
na minha vida.
Ao meu amigo Daniel Moreira por ser não apenas o meu companheiro de pós-
graduação, mas da vida. Obrigado por tantos momentos compartilhados e por todas as viagens
realizadas juntos. Amo você.
As minhas amigas do ensino médio Juliana Maria e Paloma Ferreira por todos
os momentos compartilhados e pelo apoio de sempre. Amo vocês.
À amiga Michele de Carvalho por ser uma das melhores pessoas que eu conheço.
Sou muito grato por ter conhecido alguém como você. Um agradecimento especial a você e a
sua amizade que é tão importante para mim.
Por fim, a todos que de alguma forma contribuem com meu crescimento e tornam
a minha caminhada mais leve e feliz!
7
RESUMO
ABSTRACT
Epilepsy is a neurological disorder that affects approximately 1% of the world population and
can lead to cognitive deficit, neuronal dysfunction, behavioral and social problems. This
disease is capable of generating recurrent seizures, where currently 30 to 40% of all patients
do not respond to any type of therapy. Previous studies have shown that the seizure is
positively related to inflammatory and pro-oxidant pathways, which can be both the cause and
the consequence. Red propolis from hives located on the stems of mangrove shrubs located in
Northeastern Brazil is rich in flavonoids with proven anti-inflammatory and antioxidant
activities. Previous research has proven the neuroprotective activity of the hydroalcoholic
extract of red propolis (EHPV). The objective of this work was to study the neuroprotective
and anticonvulsant potential of EHPV in mice submitted to the seizure models induced by
pilocarpine (PILO) and pentylenetetrazole (PTZ). Male Swiss mice (20-29g) were pre-treated
with EHPV (10 and 100 mg / kg, ip., N = 8) in repeated dose treatment for 7 days. Half an
hour after the last dose of EHPV, seizures were induced in the animals by administering PILO
400 mg / kg, i.p. or PTZ 85 mg / kg i.p. In the behavioral analysis, the parameters were
evaluated: first seizure latency, interval between the first seizure and death and death latency.
After the tests, the brain areas: prefrontal cortex, hippocampus and striatum were dissected.
Oxidative stress parameters were measured: malondialdehyde, nitrite and reduced glutathione
(GSH) and IL-1β was measured. The project was approved by the Animal Use Ethics
Committee (CEUA) of the Federal University of Ceará (UFC) filed under CEUA nº
1057050220. The results showed that the EHPV in the two tested doses, 10 and 100 mg / kg
was able to significantly increase behavioral parameters: first seizure latency, interval
between first seizure and death and death latency in animals submitted to the two seizure
models (PTZ and PILO) evaluated in this study. In addition, EHPV 10 and 100 mg / kg,
significantly reduced lipid peroxidation and nitrite levels, as well as being able to
considerably increase the levels of reduced glutathione in the three brain areas studied, in
animals submitted to seizure models. induced by PTZ and PILO. In assessing anti-
inflammatory activity, EHPV considerably decreased the levels of IL-1β in the hippocampus
of animals that received injections of seizure-inducing agents, PTZ and PILO. These data are
expected to expand information on the role of inflammation and oxidative stress in seizures
and on the anticonvulsant and neuroprotective role of EHPV. The results obtained in this
study may open perspectives for the development of new and effective pharmacotherapeutic
approaches for epilepsy and about possible mechanisms of action of EHPV and its
constituents.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Classificação dos Tipos de Crises da ILAE 2017: Esquema simplificado ...... 18
Figura 2 Classificação dos Tipos de Crises da ILAE 2017: Esquema expandido ........... 18
LISTA DE GRÁFICOS
LISTA DE TABELAS
ACh Acetilcolina
BDZ Benzodiazepínicos
CE Corpo Estriado
CG Cromatografia Gasosa
EEG Eletroencefalograma
EO Estresse Oxidativo
HP Hipocampo
i.p. Intraperitoneal
MDA Malondialdeído
NO Óxido Nítrico
PILO Pilocarpina
PTZ Pentilenotetrazol
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 17
1.1 Epilepsia e convulsão ........................................................................................ 17
1.2 Sistemas de neurotransmissão e o processo convulsivo ................................. 20
1.2.1 Neurotransmissão GABAérgica ........................................................................ 20
1.2.2 Neurotransmissão colinérgica ........................................................................... 22
1.3 Modelos experimentais de convulsão ................................................................ 24
1.4 Processo convulsivo e Estresse oxidativo ........................................................ 25
1.5 Processo convulsivo e Neuroinflamação ......................................................... 28
1.6 Produtos Naturais ............................................................................................. 31
1.7 Própolis ............................................................................................................... 32
1.8 Própolis Vermelha Brasileira ........................................................................... 33
1.8.1 Composição Química ......................................................................................... 34
1.8.2 Propriedades biológicas e Farmacológicas ....................................................... 36
1.8.3 Perfil toxicológico .............................................................................................. 38
2 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA ............................................................. 39
3 OBJETIVOS ..................................................................................................... 41
4 METODOLOGIA ............................................................................................. 42
4.1 Animais .............................................................................................................. 42
4.2 Drogas ................................................................................................................ 42
4.3 Extrato Hidroalcóolico de Própolis Vermelha ................................................ 42
4.4 Protocolo experimental ..................................................................................... 43
4.5 Avaliação comportamental ............................................................................... 45
4.5.1 Modelo de convulsão induzido por PTZ ............................................................ 45
4.5.2 Modelo de convulsão induzido por PILO .......................................................... 46
4.6 Avaliação Neuroquímica ................................................................................... 47
4.6.1 Dissecação da áreas cerebrais ........................................................................... 47
4.6.2 Determinação dos parâmetros de estresse oxidativo ......................................... 47
4.6.2.1 Determinação dos níveis de nitrito/nitrato ......................................................... 47
4.6.2.2 Determinação da peroxidação lipídica ............................................................... 48
4.6.2.3 Determinação da concentração de glutationa reduzida (GSH) .......................... 48
4.7 Avaliação da atividade anti-inflamatória do EHPV ....................................... 48
17
1 INTRODUÇÃO
GABA na homeostasia e funcionamento das células neuronais, essa interação sugere um papel
do NO na regulação da excitabilidade neuronal e sua transição para os fenômenos de
hiperexcitabilidade (FERRARO et al., 2004).
Como exposto, o estresse nitrosativo/oxidativo possui variados alvos biológicos e
os lipídios são uma das classes de biomoléculas mais envolvida nesse contexto. A oxidação
lipídica dá origem a vários produtos secundários e o malondialdeído (MDA) é o principal e
mais estudado produto da peroxidação de ácidos graxos poliinsaturados (RIO et al., 2005). A
peroxidação lipídica pode ser descrita geralmente como um processo pelo qual oxidantes,
como radicais livres, atacam lipídios contendo ligações duplas carbono-carbono,
especialmente ácidos graxos poliinsaturados (AYALA et al., 2014).
O MDA é uma molécula altamente tóxica e deve ser considerado mais do que
apenas um marcador de peroxidação lipídica. Sua interação com o DNA e proteínas tem sido
frequentemente referida como potencialmente mutagênica e aterogênica (RIO et al., 2005).
Em condições tóxicas resultantes de taxas de peroxidação lipídica médias ou altas, a extensão
do dano oxidativo sobrecarrega a capacidade de reparo e as células induzem a morte celular
programada, levando a danos celulares e moleculares que podem facilitar o desenvolvimento
de diversos estados patológicos, como a epilepsia (VOLINSKY et al., 2013).
Entre os muitos aldeídos que podem ser formados como produtos secundários
durante a peroxidação lipídica o MDA parece ser o produto mais mutagênico da peroxidação
lipídica e tem sido amplamente utilizado por muitos anos como um biomarcador conveniente
para a peroxidação lipídica dos ácidos graxos devido à sua reação fácil com o ácido
tiobarbitúrico (TBA) (AYALA et al., 2014).
Por outro lado, existem moléculas importantes na defesa antioxidante das células,
uma delas é a glutationa (GSH), que é um antioxidante endógeno cujo seu desequilíbrio redox
está bastante envolvido em distúrbios cerebrais, o déficit enzimático relacionado a GSH está
envolvido na patologia do autismo, esquizofrenia, transtorno bipolar, doença de Alzheimer,
doença de Parkinson, epilepsia, entre outros (GU et al., 2015).
A GSH é o antioxidante mais abundante nas células aeróbicas, presente nas
concentrações micromolares (microM) nos fluidos corporais e nas concentrações milimolares
(mM) nos tecidos, sendo muito relevante para proteger o cérebro do estresse oxidativo,
atuando como eliminador de radicais livres e inibidor da peroxidação lipídica (OWEN et al.,
2010).
A diminuição de GSH pode levar a anormalidades no metabolismo da metilação e
na função das mitocôndrias. Alguns estudos mostraram que um déficit de GSH ocorre antes
28
A liberação de fatores inflamatórios por essas células é regulada pela produção de moléculas
neuroativas, como o óxido nítrico, prostaglandinas, neurotransmissores clássicos e
neurotrofinas (VAN VLIET et al., 2018). Esse processo ocorre de forma semelhante em
modelos animais de convulsão e epilepsia induzidos por estimulação elétrica ou por fármacos
quimoconvulsivantes que apresentam uma resposta neuroinflamatória em áreas cerebrais
afetadas pela lesão primária, principalmente no hipocampo. Essa resposta de início rápido (em
minutos) envolve a liberação de diversas moléculas inflamatórias, dentre elas, a IL-1β, por
células gliais ativadas, neurônios e componentes celulares da barreira hematoencefálica, como
pericitos e células endoteliais (figura 6) (CHENG et al., 2018; MARCHI; LERNER-NATOLI,
2012; GIANNONI et al., 2018; VAN VLIET et al., 2018; KLEMENT et al., 2019).
neuronal ou os efeitos indiretos mediados por alterações da fisiologia das células endoteliais e
gliais. Esses mecanismos representam vias não convencionais ativadas por mediadores
inflamatórios no tecido doente que alteram a neurotransmissão e contribuem para o aumento
da excitabilidade e para a neuropatologia (TERRONE et al., 2020).
Dentre esses efeitos, a ativação exacerbada de células gliais (principalmente
microglia e astrócitos) é considerada uma característica fundamental da neuroinflamação e foi
um dos primeiros achados morfológicos bem descritos em pacientes com resistência aos
medicamentos anticonvulsivantes e em modelos animais de convulsão e epilepsia (VAN
VLIET et al., 2018).
O aumento dos níveis de IL-1 está diretamente relacionado com a exacerbação de
vários tipos de crises convulsivas, incluindo a Síndrome de Epilepsia Relacionada à Infecção
Febril (FIRES). Uma das primeiras evidências demonstrando que a sinalização de receptores
de IL-1β (IL-1R) contribui para a geração e intensificação de convulsivas foi fornecida por
estudos que mostraram que a injeção intra-hipocampal de IL-1β aumentou de forma
significativa a atividade convulsiva aguda em roedores que receberam injeções intracerebrais
de agentes quimioconvulsivantes. (VEZZANI et al., 2011)
Estudos realizados em animais demonstraram efeitos anticonvulsivantes e
antiepileptogênicos promissores de drogas que interferem diretamente com a atividade da IL-
1β, como o anakinra que é um antagonista do receptor de IL-1R, ou o canaquinumabe, um
anticorpo monoclonal que inativa a IL-1β. (DILENA et al., 2019; KENNEY-JUNG et al.,
2016). Paralelamente a isso, ensaios clínicos utilizando esses mesmos anticorpos monoclonais
no tratamento de crianças diagnosticadas com FIRES, demonstraram que houve redução
significativa das convulsões constantes nas fases aguda e crônica da doença, enquanto outras
drogas anticonvulsivantes, dieta cetogênica ou corticosteroides foram ineficazes. Outro estudo
demonstrou que o anakinra reduziu convulsões resistentes a medicamentos em adolescentes
com epilepsia associada a uma etiologia inflamatória (DESENA; DO; SCHULERT, 2018;
JYONOUCHI; GENG, 2016).
A neuroinflamação foi identificada também, antes mesmo do início das crises
epilépticas, tanto no cérebro humano, (PRABOWO et al., 2012; PAULETTI, et al., 2017),
como em modelos animais de convulsão. Além disso, a expressão de mediadores
inflamatórios, como a IL-1β e marcadores de estresse oxidativo, como a enzima óxido nítrico
sintase induzível (iNOS) foram observados no hipocampo de pacientes que morreram de
status epilético. Os padrões de expressão dessas moléculas, tanto nos neurônios, quanto nas
células gliais foram semelhantes aos dos modelos de status epilepticus induzidos em roedores.
31
Essa evidência apoia o fato de que a neuroinflamação não é apenas uma consequência do
processo convulsivo, mas está envolvida também na geração das convulsões (PAULETTI, et
al., 2017).
Além disso, a neuroinflamação está diretamente relacionada com a disfunção da
barreira hematoencefálica (VEZZANI et al., 2011a; FRIEDMAN; HEINEMANN, 2012). A
infiltração de células imunes periféricas através dessa barreira já foi descrita no processo
convulsivo. Os macrófagos provenientes da circulação sanguínea são mais comumente
observados no cérebro durante o processo convulsivo (IYER et al., 2010; CHOI; KOH, 2008;
BAUER et al., 2017; BIEN et al., 2012). Somado a eles, os neutrófilos, monócitos ou
linfócitos do sangue, que porventura venham a se infiltrar no espaço perivascular do cérebro
podem contribuir para a resposta neuroinflamatória (BAUER et al., 2017; VARVEL et al.,
2016).
Os monócitos que se infiltram no cérebro de camundongos após a indução de
status epilepticus expressam níveis mais altos de IL-1β do que nos camundongos do grupo
controle, contribuindo, dessa forma, para a elevação do nível de citocinas pró-inflamatórias no
tecido cerebral epileptogênico. Foi demonstrado que a prevenção do recrutamento de
monócitos acelera a recuperação do peso dos animais e reduz a degradação da barreira
hematoencefálica, atenuando os danos neuronaise e aliviando, dessa maneira as
consequências deletérias do status epilepticus (VARVEL et al., 2016).
Os produtos naturais vêm sendo utilizados pelo ser humano, como alternativa
terapêutica, desde a idade antiga com a finalidade de aliviar e curar as doenças (LIU et al.,
2019). O Brasil é considerado o país líder em biodiversidade, apresentando mais de 20% das
espécies do planeta, constituindo, dessa forma, uma reserva inigualável de matérias-primas
com potencial aplicabilidade terapêutica nas mais diversas enfermidades (BRASIL et al.,
2016).
A descoberta de novos compostos bioativos agrega um valor claramente
reconhecido aos produtos naturais, pois 28% dos novos fármacos aprovadas desde 1983 até
1994 pelo Food and Drug Administration (FDA) e entidades compatíveis em outros países,
procedem integralmente de produtos naturais, 39% são de derivados de produtos naturais e
33% são substâncias de origem sintética (NEWMAN et al., 2003).
A busca contínua por novos compostos anticonvulsivantes justifica-se pelo grande
32
1.7 Própolis
A PVB pertence ao 13° grupo de própolis no Brasil e nos últimos anos tem sido
alvo de diversos estudos farmacológicos (SILVA et al., 2008; SIQUEIRA et al., 2008; LIO et
al., 2010; PICCINELLI et al., 2011; FRANCHI et al., 2012). O grande potencial biológico e
farmacológico da PVB vem atraindo o interesse de diversas indústrias farmacêuticas e
cosméticas internacionais e isso tem gerado alta demanda de PVB por parte de nações como
Japão, China, Rússia, França e Alemanha. A produção e a comercialização de PVB estão
atualmente em expansão no mercado internacional, induzindo uma modernização cada vez
maior de seus derivados e um progressivo interesse na produção e padronização de produtos à
base de PVB (AZEVEDO et al., 2018; DO NASCIMENTO et al., 2016; SALATINO, 2018).
ISOLIQUIRITIGENINA
Fonte: Adaptado de Bueno-Silva et al., (2013).
37
FORMONONETINA
2 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA
3 OBJETIVOS
4 METODOLOGIA
4.1 Animais
4.2 Drogas
PILO400 Tratado com PILO 400 mg/kg i.p. + solução tween 2% v.o.
EHPV10 + PTZ85 Tratado com PTZ 85 mg/kg i.p. + EHPV 10 mg/kg v.o.
EHPV100 + PTZ85 Tratado com PTZ 85 mg/kg i.p. + EHPV 100 mg/kg v.o.
EHPV10 + PILO400 Tratado com PILO 400 mg/kg i.p. + EHPV 10 mg/kg v.o.
EHPV100 + PILO400 Tratado com PILO 400 mg/kg i.p. + EHPV 100 mg/kg v.o.
O pré-tratamento oral (v.o.) realizado via gavagem com EHPV, nas doses de 10
mg/kg e 100 mg/kg ocorreu durante sete dias consecutivos e a indução das convulsões com
PTZ e PILO via intraperitoneal (i.p.) aconteceu no sétimo dia, 30 e 60 minutos,
respectivamente, após o tratamento com EHPV. Os parâmetros comportamentais: latência de
convulsão, latência de morte e intervalo de tempo entre a 1ª convulsão e a morte foram
avaliados por um período de 30 minutos, para os animais que receberam PTZ e de 60
minutos, para os animais que receberam PILO, após a administração desses agentes
44
Grupos experimentais
Legenda:
Grupo veículo: tratado apenas com tween 80 2% v.o. e salina 0,9% i.p.
Grupos PTZ85 ou PILO400: grupos tratados com tween 80 2% v.o. e PILO400 ou PTZ85 i.p.
Grupos EHPV 10 ou 100 + PILO400 ou PTZ85: grupos tratados com EHPV 10 ou 100 mg/kg v.o.
e PILO400 ou PTZ85 i.p.
PARÂMETROS CARACTERÍSTICAS
Latência de convulsão Tempo, em segundos, para o aparecimento da primeira convulsão.
A peroxidação lipídica nas áreas cerebrais foi avaliada por meio da quantificação
dos níveis de malonildialdeído (MDA), conforme o método sugerido por Draper et al.,
(1990).
Os homogenatos das áreas cerebrais foram preparados a 10% em tampão fosfato
de potássio monobásico 50 mM, pH 7,4 e 63μL destes foram adicionados a 100 μL de ácido
perclórico 35% em microtubos de centrifugação de plástico que foram centrifugados a 10.000
rpm por 10 minutos a 4ºC.
Em seguida, 150 μL do sobrenadante foram adicionados a 50 μL de ácido
tiobarbitúrico 1,2%, que ficaram em banho-maria a 95ºC por 30 minutos. Por fim, 150 μL da
mistura foram adicionados aos poços da placa de ELISA e, posteriormente, foi feita a leitura
a 535nm. Os resultados foram expressos em µg de MDA/g de tecido.
A análise estatística dos dados foi realizada através do software GraphPad Prism
versão 6.0 para Windows (GraphPad Software®, San Diego Califórnia EUA). Inicialmente,
os resultados foram submetidos ao teste de Shapiro-Wilk, para verificar a normalidade da
amostra. Para os testes com mais de três grupos, foi utilizado o teste de análise de variância
(ANOVA) seguido do teste de Tukey (post hoc) para resultados paramétricos. Em todas as
análises estatísticas, os valores foram representados pela Média ± Erro Padrão da Média
(EPM) com valores significativos quando p<0,05.
50
5 RESULTADOS
Gráfico 1 - Efeito da administração de EHPV (10 ou 100 mg/kg) sobre a latência de primeira
convulsão induzida por PTZ (85 mg/kg).
Os animais (n=8 animais/grupo) foram tratados durante 7 dias com extrato hidroalcoólico de própolis vermelha.
No 7º dia do protocolo experimental, os animais foram submetidos ao modelo agudo de convulsão induzido por
pentilenotetrazol, sendo avaliado o tempo para a ocorrência da 1ª convulsão. Os valores estão representados
como média ± EPM.; aaap<0,001 vs PTZ85. Teste ANOVA, seguido do Tukey como post hoc. Abreviações:
PTZ85: Pentilenotetrazol 85 mg/kg; EHPV10: extrato hidroalcoólico de própolis vermelha 10 mg/kg; EHPV100:
extrato hidroalcoólico de própolis vermelha 100 mg/kg.
51
Gráfico 2 - Efeito da administração de EHPV (10 ou 100 mg/kg) sobre a latência de morte
induzida por PTZ (85 mg/kg).
Os animais (n=8 animais/grupo) foram tratados durante 7 dias com extrato hidroalcoólico de própolis vermelha.
No 7º dia do protocolo experimental, os animais foram submetidos ao modelo agudo de convulsão induzido por
pentilenotetrazol, sendo avaliada a latência de morte. Os valores estão representados como média ± EPM.;
aa
p<0,01 vs PTZ85; aaap<0,001 vs PTZ85. Teste ANOVA, seguido do Tukey como post hoc. Abreviações:
PTZ85: Pentilenotetrazol 85 mg/kg; EHPV10: extrato hidroalcoólico de própolis vermelha 10 mg/kg; EHPV100:
extrato hidroalcoólico de própolis vermelha 100 mg/kg.
quanto na dose de 100 mg/kg, quando comparados aos animais do grupo controle PTZ85
(EHPV10 + PTZ85: 348,3 ± 22,13 vs PTZ85: 128,2 ± 30,01, P < 0,01; EHPV100 + PTZ85:
433,9 ± 55,45 vs PTZ85: 128,2 ± 30,01, P < 0,001). Os resultados estão representados no
Gráfico 3.
Gráfico 3 - Efeito da administração de EHPV (10 ou 100 mg/kg) no intervalo de tempo entre
a primeira convulsão e a morte dos animais submetidos ao modelo de convulsão induzido por
PTZ (85 mg/kg).
Os animais (n=8 animais/grupo) foram tratados durante 7 dias com extrato hidroalcoólico de própolis vermelha.
No 7º dia do protocolo experimental, os animais foram submetidos ao modelo agudo de convulsão induzido por
pentilenotetrazol, onde foi avaliado o intervalo de tempo entre a primeira convulsão e a morte. Os valores estão
representados como média ± EPM.; aap<0,01 vs PTZ85; aaap<0,001 vs PTZ85. Teste ANOVA, seguido do Tukey
como post hoc. Abreviações: PTZ85: Pentilenotetrazol 85 mg/kg; EHPV10: extrato hidroalcoólico de própolis
vermelha 10 mg/kg; EHPV100: extrato hidroalcoólico de própolis vermelha 100 mg/kg.
Gráfico 4 - Efeito da administração de EHPV (10 ou 100 mg/kg) sobre a latência de primeira
convulsão induzida por PILO (400 mg/kg).
Os animais (n=8 animais/grupo) foram tratados durante 7 dias com extrato hidroalcoólico de própolis vermelha.
No 7º dia do protocolo experimental, os animais foram submetidos ao modelo agudo de convulsão induzido por
pilocarpina, sendo avaliado o tempo para a ocorrência da 1ª convulsão. Os valores estão representados como
média ± EPM.; ap<0,05 vs PILO400; aaap<0,001 vs PILO400; bp<0,05 vs EHPV10 + PILO400. Teste ANOVA,
seguido do Tukey como post hoc. Abreviações: PILO400: Pilocarpina 400 mg/kg; EHPV10: extrato
hidroalcoólico de própolis vermelha 10 mg/kg; EHPV100: extrato hidroalcoólico de própolis vermelha 100
mg/kg.
dose de 100 mg/kg, quando comparados aos animais do grupo controle PILO400 (EHPV10 +
PILO400: 661,4 ± 39,68 vs PILO400: 512,0 ± 25,23, P < 0,05; EHPV100 + PILO400: 810,3
± 52,44 vs PILO400: 512,0 ± 25,23, P < 0,001). Além disso, observou-se que a dose de 100
mg/kg de EHPV foi significativamente superior à dose de 10 mg/kg (EHPV100 + PILO400:
810,3 ± 52,44 vs EHPV10 + PILO400: 661,4 ± 39,68, P < 0,05). Os resultados estão
representados no Gráfico 5.
Gráfico 5 - Efeito da administração de EHPV (10 ou 100 mg/kg) sobre a latência de morte
induzida por PILO (400 mg/kg).
Os animais (n=8 animais/grupo) foram tratados durante 7 dias com extrato hidroalcoólico de própolis vermelha.
No 7º dia do protocolo experimental, os animais foram submetidos ao modelo agudo de convulsão induzido por
pilocarpina, sendo avaliada a latência de morte. Os valores estão representados como média ± EPM.; ap<0,05 vs
PILO400; aaap<0,001 vs PILO400; bp<0,05 vs EHPV10 + PILO400. Teste ANOVA, seguido do Tukey como post
hoc. Abreviações: PILO400: Pilocarpina 400 mg/kg; EHPV10: extrato hidroalcoólico de própolis vermelha 10
mg/kg; EHPV100: extrato hidroalcoólico de própolis vermelha 100 mg/kg.
mg/kg, quando comparado aos animais do grupo controle PILO400 (EHPV100 + PILO400:
209,8 ± 46,85 vs PILO400: 60,13 ± 10,66, P < 0,001). O grupo pré-tratado com EHPV 10
mg/kg não obteve diferença significativa quando comparado ao grupo controle PILO400
(EHPV10 + PILO400: 109,4 ± 16,70 vs PILO400: 60,13 ± 10,66, P > 0,05). Observou-se
também que a dose de 100 mg/kg de EHPV foi significativamente superior à dose de 10
mg/kg (EHPV100 + PILO400: 209,8 ± 46,85 vs EHPV10 + PILO400: 109,4 ± 16,70, P <
0,05). Os resultados estão representados no Gráfico 6.
Gráfico 6 - Efeito da administração de EHPV (10 ou 100 mg/kg) no intervalo de tempo entre
a primeira convulsão e a morte dos animais submetidos ao modelo de convulsão induzido por
PILO (400 mg/kg).
Os animais (n=8 animais/grupo) foram tratados durante 7 dias com extrato hidroalcoólico de própolis vermelha.
No 7º dia do protocolo experimental, os animais foram submetidos ao modelo agudo de convulsão induzido por
pilocarpina onde foi avaliado o intervalo de tempo entre a primeira convulsão e a morte. Os valores estão
representados como média ± EPM.; aaap<0,001 vs PILO400; bp<0,05 vs EHPV10 + PILO400. Teste ANOVA,
seguido do Tukey como post hoc. Abreviações: PILO400: Pilocarpina 400 mg/kg; EHPV10: extrato
hidroalcoólico de própolis vermelha 10 mg/kg; EHPV100: extrato hidroalcoólico de própolis vermelha 100
mg/kg.
56
5.2.1.1 Grau de peroxidação lipídica no hipocampo, córtex pré-frontal e corpo estriado, por
meio da dosagem de malondialdeído (MDA)
A B
Os animais (n=8 animais/grupo) foram tratados durante 7 dias com extrato hidroalcoólico de própolis vermelha.
No 7º dia do protocolo experimental, os animais foram submetidos ao modelo agudo de convulsão induzido por
pentilenotetrazol e as áreas cerebrais foram dissecadas para avaliar a dosagem de malondialdeído (MDA) no
hipocampo (A), córtex pré-frontal (B) e corpo estriado (C). Os valores estão representados como média ± EPM.
a
p<0,05 vs VEÍCULO; bp<0,05; bbp<0,01; bbbp<0,001 vs PTZ85. Teste ANOVA, seguido do Tukey como post
hoc. Abreviações: PTZ85: pentilenotetrazol 85 mg/kg; EHPV10: extrato hidroalcoólico de própolis vermelha 10
mg/kg; EHPV100: extrato hidroalcoólico de própolis vermelha 100 mg/kg.
58
A B
Os animais (n=8 animais/grupo) foram tratados durante 7 dias com extrato hidroalcoólico de própolis vermelha.
No 7º dia do protocolo experimental, os animais foram submetidos ao modelo agudo de convulsão induzido por
pentilenotetrazol e as áreas cerebrais foram dissecadas para avaliar a dosagem de nitrito/nitarto no hipocampo
(A), córtex pré-frontal (B) e corpo estriado (C). Os valores estão representados como média ± EPM. aap<0,01,
aaa
p<0,001 vs VEÍCULO; bbp<0,01; bbbp<0,001 vs PTZ85. Teste ANOVA, seguido do Tukey como post hoc.
Abreviações: PTZ85: pentilenotetrazol 85 mg/kg; EHPV10: extrato hidroalcoólico de própolis vermelha 10
mg/kg; EHPV100: extrato hidroalcoólico de própolis vermelha 100 mg/kg.
60
Gráfico 9 - Efeito da administração de EHPV (10 ou 100 mg/kg) sobre a dosagem de GSH no
hipocampo, córtex pré-frontal e corpo estriado de animais submetidos ao modelo de
convulsão induzido por PTZ.
61
A B
Os animais (n=8 animais/grupo) foram tratados durante 7 dias com extrato hidroalcoólico de própolis vermelha.
No 7º dia do protocolo experimental, os animais foram submetidos ao modelo agudo de convulsão induzido por
pentilenotetrazol e as áreas cerebrais foram dissecadas para avaliar a dosagem de glutationa reduzida (GSH) no
hipocampo (A), córtex pré-frontal (B) e corpo estriado (C). Os valores estão representados como média ± EPM.
aaa
p<0,001 vs VEÍCULO; bp<0,05; bbp<0,01; bbbp<0,001 vs PTZ85. Teste ANOVA, seguido do Tukey como post
hoc. Abreviações: PTZ85: pentilenotetrazol 85 mg/kg; EHPV10: extrato hidroalcoólico de própolis vermelha 10
mg/kg; EHPV100: extrato hidroalcoólico de própolis vermelha 100 mg/kg.
62
5.2.2.1 Grau de peroxidação lipídica no hipocampo, córtex pré-frontal e corpo estriado, por
meio da dosagem de malondialdeído (MDA)
Gráfico 10 - Efeito da administração de EHPV (10 ou 100 mg/kg) sobre a dosagem de MDA
no hipocampo, córtex pré-frontal e corpo estriado de animais submetidos ao modelo de
convulsão induzido pela pilocarpina.
63
A B
Os animais (n=8 animais/grupo) foram tratados durante 7 dias com extrato hidroalcoólico de própolis vermelha.
No 7º dia do protocolo experimental, os animais foram submetidos ao modelo agudo de convulsão induzido pela
pilocarpina e as áreas cerebrais foram dissecadas para avaliar a dosagem de malondialdeído (MDA) no
hipocampo (A), córtex pré-frontal (B) e corpo estriado (C). Os valores estão representados como média ± EPM.
a
p<0,05, aaap<0,001 vs VEÍCULO; bbp<0,01; bbbp<0,001 vs PILO400. Teste ANOVA, seguido do Tukey como
post hoc. Abreviações: PILO400: Pilocarpina 400 mg/kg; EHPV10: extrato hidroalcoólico de própolis vermelha
10 mg/kg; EHPV100: extrato hidroalcoólico de própolis vermelha 100 mg/kg.
64
A B
Os animais (n=8 animais/grupo) foram tratados durante 7 dias com extrato hidroalcoólico de própolis vermelha.
No 7º dia do protocolo experimental, os animais foram submetidos ao modelo agudo de convulsão induzido pela
pilocarpina e as áreas cerebrais foram dissecadas para avaliar a dosagem de nitrito/nitarto no hipocampo (A),
córtex pré-frontal (B) e corpo estriado (C). Os valores estão representados como média ± EPM. aaap<0,001 vs
VEÍCULO; bbbp<0,001 vs PILO400. Teste ANOVA, seguido do Tukey como post hoc. Abreviações: PILO400:
pilocarpina 400 mg/kg; EHPV10: extrato hidroalcoólico de própolis vermelha 10 mg/kg; EHPV100: extrato
hidroalcoólico de própolis vermelha 100 mg/kg.
66
Gráfico 12 - Efeito da administração de EHPV (10 ou 100 mg/kg) sobre a dosagem de GSH
no hipocampo, córtex pré-frontal e corpo estriado de animais submetidos ao modelo de
convulsão induzido pela pilocarpina.
67
A B
Os animais (n=8 animais/grupo) foram tratados durante 7 dias com extrato hidroalcoólico de própolis vermelha.
No 7º dia do protocolo experimental, os animais foram submetidos ao modelo agudo de convulsão induzido pela
pilocarpina e as áreas cerebrais foram dissecadas para avaliar a dosagem de glutationa reduzida (GSH) no
hipocampo (A), córtex pré-frontal (B) e corpo estriado (C). Os valores estão representados como média ± EPM.
aaa
p<0,001 vs VEÍCULO; bp<0,05; bbp<0,01; bbbp<0,001 vs PILO400. Teste ANOVA, seguido do Tukey como
post hoc. Abreviações: PILO400: pilocarpina 400 mg/kg; EHPV10: extrato hidroalcoólico de própolis vermelha
10 mg/kg; EHPV100: extrato hidroalcoólico de própolis vermelha 100 mg/kg.
68
Gráfico 13 - Efeito da administração de EHPV (10 ou 100 mg/kg) sobre a dosagem de IL-1β
no hipocampo de animais submetidos ao modelo de convulsão induzido por PTZ
Os animais (n=8 animais/grupo) foram tratados durante 7 dias com extrato hidroalcoólico de própolis vermelha.
No 7º dia do protocolo experimental, os animais foram submetidos ao modelo agudo de convulsão induzido por
PTZ e as áreas cerebrais foram dissecadas para avaliar a dosagem de IL-1β no hipocampo. Os valores estão
representados como média ± EPM. aaap<0,001 vs VEÍCULO; bbbp<0,001 vs PTZ85. Teste ANOVA, seguido do
Tukey como post hoc. Abreviações: PTZ85: pentilenotetrazol 85 mg/kg; EHPV10: extrato hidroalcoólico de
própolis vermelha 10 mg/kg; EHPV100: extrato hidroalcoólico de própolis vermelha 100 mg/kg.
69
Gráfico 14 - Efeito da administração de EHPV (10 ou 100 mg/kg) sobre a dosagem de IL-1β
no hipocampo de animais submetidos ao modelo de convulsão induzido por pilocarpina
Os animais (n=8 animais/grupo) foram tratados durante 7 dias com extrato hidroalcoólico de própolis vermelha.
No 7º dia do protocolo experimental, os animais foram submetidos ao modelo agudo de convulsão induzido por
pilocarpina e as áreas cerebrais foram dissecadas para avaliar a dosagem de IL-1β no hipocampo. Os valores
estão representados como média ± EPM. aaap<0,001 vs VEÍCULO; bp<0,05 vs PILO400. Teste ANOVA, seguido
do Tukey como post hoc. Abreviações: PILO400: pilocarpina 400 mg/kg; EHPV10: extrato hidroalcoólico de
própolis vermelha 10 mg/kg; EHPV100: extrato hidroalcoólico de própolis vermelha 100 mg/kg.
70
6 DISCUSSÃO
mg/kg. O aumento desses três parâmetros indica que o EHPV nas duas doses testadas,
apresenta ação neuroprotetora importante e, até mesmo, possíveis propriedades
anticonvulsivantes.
A investigação do mecanismo anticonvulsivantes pela via colinérgica, foi
realizada através do modelo da pilocarpina, um agonista muscarínico, que em doses elevadas
induz alterações comportamentais, como convulsões e lesões cerebrais em ratos e
camundongos devido a uma superestimulação cortical promovida por esse agente (FREITAS
et al, 2006). As análises comportamentais para a latência de convulsão e morte nos permitem
sugerir que o EHPV pode possuir um provável mecanismo anticonvulsivante pela via
colinérgica.
A ativação colinérgica se mostra essencial para o início do processo convulsivo
em modelos de epilepsia do lobo temporal, uma vez que este processo convulsivo pode ser
inibido pelo pré-tratamento com o antagonista muscarínico atropina (MARINHO et al.,
1998). O agosnista muscarínico pilocarpina exacerba a atividade colinérgica, provavelmente
por influência direta, aumentando a ação da ACh circulante, modificando o binding dos
receptores muscarínicos (HRUSKA et al., 1984) e diminuindo a atividade
acetilcolinesterásica (IMPERATO et al., 1998).
O pré-tratamento com EHPV nas duas doses testadas, 10 e 100 mg/kg em doses
repetidas foi capaz de aumentar consideravelmente os parâmetros comportamentais: tempo
para o início da primeira convulsão, intervalo de tempo, em segundos, entre a ocorrência da
primeira convulsão e a morte dos animais e latência de morte, nos animais do grupo EHPV10
+ PTZ85 e EHPV100 + PTZ85 quando comparados aos animais tratados apenas com
pentilenotetrazol 85 mg/kg.
Sabendo que o sistema GABAérgico apresenta participação direta na manutenção
e/ou propagação do processo convulsivo, uma vez que a diminuição da hiperpolarização
promovida pelo GABA, e o consequente aumento da excitação glutamatérgica ainda são
considerados uns dos principais mecanismos envolvidos na geração de crises convulsivas.
(KANDEL et al., 2014), podemos inferir que o aumento significativo desses três parâmetros
comportamentais observados no modelo induzido por PTZ indica que o EHPV, nas duas doses
testadas, apresenta ação neuroprotetora importante e, até mesmo, possíveis propriedades
anticonvulsivantes pela via GABAérgica.
Além dos parâmetros comportamentais, latência de primeira convulsão e latência
de morte, avaliar o intervalo de tempo entre o aparecimento da 1ª convulsão e a morte do
animal, torna-se importante, uma vez que extrapolando esse modelo experimental de
72
convulsão para uma situação clínica hipotética, quanto mais tempo existir entre o da 1ª
convulsão e a possibilidade óbito do paciente decorrente do processo convulsivo, maiores e
melhores podem ser as intervenções que podem ser realizadas e o prognóstico do paciente.
Neste contexto, pode-se dizer que a PVB possui um efeito neuroprotetor importante capaz de
aumentar de forma significativa esse parâmetro (CRUZ, 2012)
A hiperexcitabilidade neuronal e a lesão oxidativa produzida por uma produção
excessiva de radicais livres podem desempenhar um papel importante na epilepsia, uma vez
que o cérebro é um órgão extremamente suscetível ao estresse oxidativo, sendo considerado o
órgão mais aerobicamente ativo do corpo devido às suas altas demandas metabólicas
(GERONZI et al., 2018).
O cérebro do ser humano necessita consumir pelo menos 20% do oxigênio total
basal para sustentar a atividade neuronal excessiva que é dependente de ATP. Entre os motivos
que tornam o cérebro bastante suscetível ao estresse oxidativo está a alta concentração de
ácidos graxos insaturados que contribuem com a formação exarcebada de radicais livres, que
consequentemente leva ao aumento do processo de lipoperoxidação, tendo como um dos
principais produtos de liberação da membrana celular lesada, o malondialdeído (MDA)
(PALTA et al., 2014; SIWEK et al., 2013; COBLEY et al., 2018).
Neste estudo, a concentrações de MDA no hipocampo, córtex pré-frontal e corpo
estriado foram significativamente maiores nos grupos que receberam apenas pentilenotetrazol
ou pilocarpina quando comparados ao grupo VEÍCULO. Menon et al. (2012) investigou se o
aumento dos níveis de estresse oxidativo em pacientes com epilepsia é resultado da própria
doença ou está relacionado à ação dos agentes anticonvulsivantes. Os resultados
demonstraram que houve um aumento significativo nos níveis de MDA em pacientes com
epilepsia, em comparação com os grupos controles. Os achados do presente estudo
corroboram com a literatura e mostram que a administração aguda de pentilenotetrazol ou de
pilocarpina causa um aumento acentuado de MDA, sugerindo assim o aumento da liberação
de metabólitos reativos de oxigênio e consequente ataque oxidativo em ácidos graxos
poliinsaturados, que estão muito presentes no cérebro.
Além disso, estudos pré-clinicos realizados anteriormente demonstraram que a
administração de pilocarpina 400 mg/kg e/ou pentilenotetrazol 85 mg/kg aumentou de forma
significativa os níveis de MDA no córtex pré-fronral, hipocampo e corpo estriado de
camundongos submetidos à modelos agudos de convulsão induzidos por esses agentes
convulsivantes, quando comparados aos animais dos grupos veículos CARVALHO et al.,
2019; CAVALCANTE, 2017).
73
anti-inflamatórios e antioxidantes do pré-tratamento com EHPV, por via oral, durante 7 dias
consecutivos, nas doses de 10 e 100 mg/kg em roedores submetidos a um modelo de colite
ulcerativa induzido por ácido acético. Os resultados obtidos no estudo demonstraram que os
animais tratados com EHPV, em ambas as doses testadas, apresentaram redução de danos
causados pela ação das espécies reativas de nitrogênio (nitrito/nitrato), devido à diminuição
significativa da expressão de iNOS nos animais pré-tratados com EHPV. Esses dados
corroboram de forma importante com os nossos achados.
A Glutationa reduzida é uma das principais enzimas que fazem parte das defesas
endógenas do corpo contra o estresse oxidativo (PALTA et al., 2014; SIWEK et al., 2013).
Dessa forma, o aumento dos níveis de GSH está relacionado com a redução do desequilíbrio
oxidativo em doenças neurodegenerativas (VASCONCELOS et al., 2015; LIMA, 2016;
SOUSA et al., 2015).
A disfunção mitocondrial está intimamente ligada ao estresse oxidativo e acredita-
se que seja importante em lesões agudas e no desenvolvimento de epilepsia crônica adquirida
(YUEN et al., 2018). Dessa forma, aferir a concentração de GSH em modelos experimentais
com drogas promissoras para tratamento de doenças do SNC, como na epilepsia, é uma
excelente maneira de avaliar a eficácia terapêutica potencial na manutenção do potencial
redox celular (OWEN et al., 2010).
No estudo em questão, as concentrações de GSH nas áreas cerebrais, hipocampo,
córtex pré-frontal e corpo estriado foram significativamente menores nos animais dos grupos
que receberam apenas os agentes quimioconvulsivantes, quando comparados aos animais do
grupo veículo. Esses achados estão de acordo com os resultados da pesquisa conduzida por
Carvalho et al., (2019) que demontrou que a administração aguda de pilocarpina 400 mg/kg
foi capaz de rezudir significativamente os níveis de glutationa reduzida no hipocampo e
córtex pré-frontal de camundongos.
O pré-tratamento com extrato hidroalcóolico de própolis vermelha na dose de 10
mg/kg por sete dias consecutivos foi capaz de aumentar de forma significativa, os níveis de
glutationa reduzida nas três áreas cerebrais estudadas: hipocampo, corpo estriado e córtex pré-
frontal nos dois modelos de convulsão analisados (pilocarpina e pentilenotetrazol). Já o pré-
tratamento com EHPV 100 mg/kg em doses repetidas foi capaz de aumentar
significativamente, os níveis de GSH, apenas no hipocampo e no córtex pré-frontal dos
animais submetidos aos modelos de convulsão induzidos por PTZ e PILO. Não houve
diferença significativa nos níveis de GSH corpo estriado em ambos os modelos de convulsão.
75
7 CONCLUSÃO
O extrato hidroalcóolico de própolis vermelha, nas doses de 10 e 100 mg/kg foi capaz
de reduzir consideravelmente a ocorrência de convulsões em animais pré-tratados por
sete dias consecutivos e, logo após, submetidos a indução de convulsão por PTZ e
PILO.
O extrato hidroalcóolico de própolis vermelha, nas doses de 10 e 100 mg/kg foi capaz
de aumentar significativamente a latência de morte em animais pré-tratados por sete
dias consecutivos e, logo após, submetidos a indução de convulsão por PTZ e PILO,
demonstrando, dessa forma, possuir considerável ação anticonvulsivante.
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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ANEXO A