Santos Mariana Souza TCC
Santos Mariana Souza TCC
Santos Mariana Souza TCC
São Carlos
2018
MARIANA SOUZA E SANTOS
São Carlos
2018
AUTORIZO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO,
POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS
DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Prof. Dr. Sérgio Rodrigues Fontes da
EESC/USP com os dados inseridos pelo(a) autor(a).
Primeiramente aos meus pais, por todo amor, amizade e carinho incondicionais que não
mediram esforços para eu chegar à esta etapa da minha vida.
Agradeço o companheirismo e a amizade dos meus amigos Bruna Mazzi, Edson Gabriel
Santin, Felipe Batistão, Isabela Ygula, Kleber Damasceno, os quais me possibilitaram chegar
muito mais longe do que imaginei.
Ao meu namorado, Daniel Santos, por ter estado do meu lado em todos os momentos,
por ter me incentivado e me dado forças para seguir em frente.
Aos meus colegas da MAGMA ENGENHARIA, que estiveram ao meu lado, e me
fizeram acreditar na minha capacidade.
Ao professor doutor Haroldo Cavalcanti Pinto, pela orientação apoio e confiança.
Ao meu orientador, professor doutor Marcelo Falcão de Oliveira, por me aceitar como
orientanda e por compartilhar os seus conhecimentos e ideias.
À Universidade de São Paulo, pelas oportunidades de aprendizados proporcionadas.
RESUMO
SANTOS, M. S. Optimization of the simulation parameters of GGG40 cast iron for the
prediction of microstructure and properties. 2018. Monograph - School of Engineering of
São Carlos, University of São Paulo, São Carlos, 2018
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 1
3. MATERIAIS E MÉTODOS......................................................................................... 16
5. CONCLUSÃO ............................................................................................................. 31
6. REFERÊNCIAS........................................................................................................... 31
1
1. INTRODUÇÃO
1.2. Objetivo
O trabalho em questão tem como objetivo principal correlacionar a simulação da
nodulização de um ferro fundido com dados experimentais analisando um corpo de prova
2
padrão. Esta correlação visa prever microestrutura e propriedades mecânicas do ferro fundido
GGG40.
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
ferros fundidos, com diferentes combinações de propriedades, cada qual adequada para um a
aplicação específica.
2.5. Inoculação
A inoculação dos ferros fundidos se baseia na introdução de pequenas quantidades de
material composto de partículas nucleantes no metal fundido, pouco antes ou durante o
vazamento deste, buscando controlar a microestrutura final e, consequentemente, as
propriedades mecânicas do material.
Nos ferros fundidos a inoculação é utilizada primeiramente para evitar a formação de
carbonetos na estrutura. O efeito da inoculação é muito maior do que poderia se esperar pela
simples mudança de composição química causada pela sua adição, e de fato ele proporciona o
aumento de núcleos disponíveis para a formação de grafita. Este aumento dos núcleos
disponíveis reduz o super-resfriamento necessário na solidificação facilitando a solidificação
segundo o eutético estável. [POZZI, 2009]
O objetivo da inoculação é fornecer núcleos extras ao banho. A existência de um número
maior de núcleos potenciais para a nucleação e crescimento da grafita permite a obtenção de
uma estrutura mais refinada, que resulta em melhores propriedades físicas e mecânicas.
Em ferros fundidos nodulares, onde o número de núcleos é extremamente importante
para as propriedades do material, a adição de inoculante no banho tem por objetivo aumentar o
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simular a interação das fases de um determinado volume de controle. A CFD utiliza equações
de conservação de grandezas físicas, as quais possuem origem na teoria de fenômenos de
transporte.
É importante levar em consideração que simulações CFD, com as adequadas condições
de contorno, procuram aproximar os comportamentos reais, ou seja, os dados de entrada dos
programas e as equações utilizadas por ele devem atender à maior parte das variáveis
envolvidas. Na maioria das áreas ainda é necessário o desenvolvimento de modelos mais
precisos para descrever em detalhe a geometria do domínio de cálculo.
A CFD é uma técnica útil para auxiliar na busca de soluções para problemas reais, desde
que se conheça suas capacidades e suas limitações. Para o presente trabalho foi utilizado o
software de simulação computacional Magma Soft® versão 5.3, desenvolvido pela empresa
alemã MAGMA GmbH. A escolha deste software deve-se, principalmente, pela interface
voltada para o processo de fundição de ferro fundido em moldes de areia, executada pelo
módulo MAGMAiron. O Magma Soft® utiliza o método de volumes finitos.
Método dos volumes finitos (MVF) é a técnica na qual podemos discretizar a lei geral
da conservação das grandezas físicas diretamente no domínio de um problema, ou seja,
considera os princípios físicos da conservação de certa grandeza através de volumes finitos,
conseguindo resolver problemas complexos. Em um sistema conservativo, é possível aplicar o
método, onde o domínio do problema é dividido em células e aplicada a lei da conservação para
cada uma, e assim, o equilíbrio total de todo o problema será atendido.
Apesar da existência de métodos como diferenças finitas e elementos finitos, cada
método especializou-se em resolver problemas com características particulares: o método das
diferenças finitas trata as não linearidades, como aqueles presentes nas equações de Navier-
Stokes, porém não trabalhava com geometrias irregulares. Por outro lado, o método dos
elementos finitos especializou-se em problemas onde as não linearidades eram secundárias, mas
desenvolveu-se bem em geometrias irregulares. O MVF surgiu na década de 70 como uma
ferramenta para solucionar problemas onde termos não lineares, como as acelerações
convectivas presentes nas equações de Navier-Stokes estão presentes, mas inicialmente em
coordenadas ortogonais e cartesianas.
Este método é aplicado na simulação de mecânica dos fluidos computacional por ser
aplicado em malhas não estruturadas. O MVF é baseado no Teorema da Divergência (Equação
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1), no qual integrais de volume numa equação diferencial parcial que contenham termos
divergentes são convertidas em integrais de superfície e assim avaliados como fluxos na
superfície de cada volume, ou seja, permite transformar integrais de contorno em integrais de
domínio.
Equação 1
! 𝜗⃗𝑛%⃗ 𝑑𝑆 = ! ∇
%⃗𝜗⃗ 𝑑𝑉
não estruturadas
um fluido em uma cavidade sólida, ou seja, equações governantes para a mecânica dos fluidos
e a transferência de calor.
As equações governantes na sequência são apresentadas na forma diferencial e para
coordenadas retangulares para um volume de controle genérico, como o mostrado na Figura 6,
seguindo como referência a estrutura geral para uma equação de transporte genérica, descrita
na Equação 2, (PATANKAR, 1980).
Equação 2
+(-.
%%⃗)
%⃗. (𝑝. 𝑢
+∇ %⃗. 7Γ. . ∇
%⃗) = ∇
%⃗. 𝜑 %⃗. 𝜑
%⃗9 + 𝑆.
+0
Essas equações podem ser encontradas em diversos textos clássicos de mecânica dos
fluidos e transferência de calor computacional, como os de Patankar (1980) e Versteeg e
Malalasekera (2007), de onde podem ser obtidas informações mais detalhadas sobre sua
derivação.
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Equação 3
𝑁= = 𝐴. ∆𝑇 A
seja formado; (II) crescimento controlado por uma reação na interface a/grafita; e (III)
crescimento controlado por difusão através do invólucro de ferrita.
Na primeira etapa, assumiu-se que a ferrita cresce apenas pela difusão a granel de
carbono na austenita. O crescimento da camada de ferrita no esferóide de grafita foi calculado
como:
Equação 4
H
H
𝑑𝐿C 𝐷 (𝐶 C − 𝐶 HKLMN )
= E G H C O
𝑑𝑡 C
𝑆 (𝐶 − 𝐶 )
C H
H
Onde 𝐿C é o comprimento da camada de ferrita, 𝑆 C é a sua espessura, 𝐷G é coeficiente
P
de difusão de carbono na austenita, 𝐶 Q é a solubilidade da ferrita em equilíbrio com a
Q
austenita, 𝐶 P é a solubilidade da austenita em equilíbrio com a ferrita, 𝐶 HKLMN é o teor de
carbono na austenita.
O crescimento durante o segundo estágio é controlado por uma reação de interface na
interface a / Gr. O crescimento da espessura da concha foi calculado como:
Equação 5
C
𝑑𝑆 C 𝜌C R𝐶 CS − 𝐶 H T 𝑟WX
= H C U Y∗𝜇
𝑑𝑡 𝑟WX + 𝑆 C
𝜌H R𝐶 C − 𝐶HT
Onde 𝐻𝐵C , 𝐻𝐵- , 𝐻𝐵WX , 𝐻𝐵`ab G , 𝐻𝐵`a são as durezas da ferrita, perlita, grafita,
carboneto e ferro puro, respectivamente; 𝜆- é o espaçamento lamelar da perlita; 𝐶S e n são
constantes que devem ser obtidas experimentalmente.
3. MATERIAIS E MÉTODOS
A metalúrgica Candeia, situada em Santa Rosa- RS, gentilmente forneceu os materiais
utilizados nesse estudo, bem como os resultados dos ensaios.
A fim de se avaliar o efeito da nodulização utilizou-se uma liga da classe GGG40
(FE42012 pela norma ABNT), o material foi escolhido por ser um dos mais utilizados na
metalúrgica. Segundo CHIAVERINI (2008) este material não tem uma composição química
bem definida por norma, sendo a composição estabelecida como um acordo mútuo entre
fornecedor e cliente, mas deve atender a solicitações mecânicas mínimas: limite de resistência
à tração 420 MPa e 12% de alongamento.
Com a intenção de conhecer o material: avaliar a composição e verificar propriedades
mecânicas, foi confeccionado um modelo de “bloco em Y”, seguindo a norma ASTM A536,
pode-se observar um esboço do modelo na figura 8.
O molde foi confeccionado através do processo de cura a frio ou Cold Box. Inicialmente,
misturou-se, com o auxilio de um misturador manual, a areia branca junto ao catalisador, a
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Figura 10: Coquilha refrigerada para obtenção de amostras para análise química
Após a solidificação a moeda coquilhada foi preparada para o ensaio químico com o
auxilio de uma retífica.
A composição química foi avaliada com o auxílio de um espectrômetro ICP, modelo
SPECTROMAXx, da marca AMETEK.
A amostra com a superfície a ser analisada foi presa contra a mesa cobrindo
completamente o orifício da mesma, conforme se observa na figura 11.
Figura 11: Amostra posicionada no aparelho ICP para ensaio de composição química
O bloco em Y foi seccionado, com o auxilio de uma Serra de Fita Horizontal da marca
FRANHO modelo FM-500A, para a retirada dos corpos de prova necessários à realização
dos ensaios.
As amostras utilizadas para a avaliação microestrutural foram lixadas e polidas, com
auxílio de uma politriz metalográfica da marca SOLOTEST. O processo de lixamento foi
executado em cinco etapas, e em cada etapa utilizou-se uma lixa de SiC de granulometria
diferente, foram utilizadas, respectivamente, lixas #mesh 220, 400, 600, 1000, 1200.
O polimento foi realizado utilizando-se pano de polimento e alumina 1 µm. A fim de
limpar as superfícies polidas utilizou-se um algodão embebido em álcool, posteriormente
as amostras foram secadas com um secador de cabelo doméstico para remoção de qualquer
umidade.
No caso, as amostras utilizadas para avaliação de microestrutura, após o polimento,
foram atacadas quimicamente com Nital a uma concentração de 2% de HNO3.
As imagens foram obtidas por meio de um microscópio óptico da marca TOPCON, com
ampliação padrão, segundo a norma ABNT NBR 15454, e auxílio do software
computacional Working Advanced Light para a análise das imagens capturadas.
comprimento útil para análise de deformação do material após efetuar o ensaio de tração,
conforme ilustra a figura 13.
A seguir, o corpo de prova foi posicionado na máquina. Os dados gerados com o mesmo
foram anotados no software que está vinculado à máquina de ensaio de tração e através dele
foram obtidos os relatórios para as análises. Utilizou-se a norma ABNT NBR ISO 6892-1
e, antes da realização de cada ensaio, mediu-se o diâmetro menor do corpo de prova para
conferir a dimensão da área que sofreria o alongamento e ruptura. Feito isso, o valor do
diâmetro verificado foi adicionado ao banco de dados do software.
Após a realização do ensaio mediu-se novamente o diâmetro próximo à área onde o
material se rompeu e o valor conferido também foi adicionado ao banco de dados do
software para a formulação do relatório final dos corpos de prova ensaiados.
Nesta etapa foi necessário definir cada peça do conjunto a ser considerado na simulação,
ou seja, cada elemento foi divido em ID's (identidade para cada arquivo) para que o software
identificasse a função de cada geometria. Por se tratar de uma peça única com geometria
simples, os ID´s considerados foram somente o da peça (casting) e o do molde (sand mold).
O cálculo da simulação foi realizado a partir das inúmeras células em que foi dividido
o conjunto peça/molde. O refinamento da malha é proporcional às dimensões dos modelos,
pois representa a quantidade de dados em cada volume finito. Neste caso, por se tratar de
uma geometria bastante simplificada, não foi necessária uma malha muito refinada.
A malha em questão apresentou aproximadamente 51 mil volumes de controle para a
cavidade (figura 16) e aproximadamente 224 mil para o conjunto do molde.
Material n
Ferro fundido nodular 1,26
A constante de nucleação A, pode ser obtida através de uma relação linear segundo
WESSÉN (1997). O software utiliza a seguinte relação para definir a constante A:
Figura 17: Gráfico de coordenadas paralelas, no qual cada uma das linhas representa um
design e os respectivos valores calculados para os objetivos definidos.
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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir dos ensaios realizados obtiveram-se os resultados descritos na tabela 4.
Nota-se que utilizando o filtro em apenas 2 dos objetivos já foi possível selecionar o
design desejado, clicando sobre a linha, que representa o design, consegue-se obter mais
informações, conforme se observa na figura 19.
Figura 19: Informações do design selecionado a partir do filtro. Fonte: próprio autor
𝑁k = 632. ∆𝑇 g,hp
Na figura 20 pode-se observar, além das curvas de resfriamento, que representam uma
inoculação boa e ruim, a curva de uma simulação que utiliza modelos térmicos macroscópicos
(curva em vermelho).
Segundo STURM (2018), nas simulações que utilizam modelos térmicos macroscópicos
as propriedades do material (propriedades termofísicas) são fixas para a liga utilizada, em um
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micromodelamento essas propriedades são determinadas a cada passo de tempo e para cada
ponto da peça como uma função da formação das fases. Isso influencia a liberação do calor
latente e, finalmente, a forma das próprias curvas de resfriamento local, conforme figura 20. As
temperaturas de super-resfriamento, recalescência e crescimento, que dependem das condições
metalúrgicas e térmicas locais, são resultados das simulações. Da mesma forma que uma curva
de resfriamento real é usada como uma medida para a qualidade da fusão, a "curva de
resfriamento simulada" é uma prova da qualidade dos modelos usados.
Apesar das vantagens da simulação utilizada, o modelo possui algumas limitações, no
que tange a resultados qualitativos da microestrutura. A simulação fornece dados da quantidade
de nódulos presente em cada região da peça, mas não prevê tamanho e formato desses nódulos.
No caso da liga estudada, por se tratar de uma liga de composição hipereutética, na qual
a grafita é a fase primária (a grafita nodular precipita-se no liquido), irá existir uma diferença
no tamanho dos nódulos, essa diferença pode ser observada na figura 21. Segundo SANTOS E
BRANCO (1989) os nódulos maiores são os correspondentes aos que se formaram entre as
temperaturas liquidus hipereutética e a do eutético, enquanto os menores são provenientes da
reação eutética.
Figura 21: Micrografia mostrando nódulos de grafita de diferentes diâmetros para uma liga
hipereutética.
5. CONCLUSÃO
A partir de dados experimentais de um corpo de prova padrão foi possível obter a
nodulização do material. A correlação da nodulização na simulação foi obtida através dos dados
experimentais e de um planejamento de experimentos.
O planejamento de experimentos foi uma ferramenta importante para conhecer a
influência dos parâmetros m e y, referentes à inoculação. A partir dele pôde-se comparar os
resultados e selecionar valores, de m e y, que correspondiam à prática. Os parâmetros estão
relacionados ao número de nódulos calculado pelo software, número este que permite estimar
a razão entre os microconstituintes ferrita e perlita, e, consequentemente, as propriedades
mecânicas que dependem da microestrutura.
Os desafios encontrados no desenvolvimento deste estudo estiveram relacionados à
obtenção das referências e fórmulas utilizadas no interior do software. Apesar da dificuldade
em obter essas informações, elas auxiliaram na compreensão do funcionamento do software e
das teorias utilizadas pelo mesmo.
Devido à forte interdependência entre a composição da liga, inoculação, fases,
microestruturas que se formam e as propriedades resultantes do material, simular o ferro
fundido não é uma tarefa trivial, e para que a simulação deste material tão largamente
empregado seja útil, e represente a realidade, deve ser feito um estudo prévio de correlação.
6. REFERÊNCIAS
CHIAVERINI, V. Aços e ferros fundidos. São Paulo, Associação Brasileira de Metalurgia e
Materiais, 2008
PATANKAR, S. V. Numerical heat transfer and fluid flow. New York, McGraw Hill Book
Company, 1980.
POZZI, R. J.; Estudo comparativo de dois incoulantes em ferro fundido nodular. Joinville,
Instituto superior Tupy mestrado em engenharia mecânica, 2009.
STURM, J. C.; SCHAFER, W.; “Cast Iron – A Predictable Material” 25 Years of Modelling
the Manufacture, Structures and Properties of Cast Iron, Material Science Forum, vol 925, pp
451-464, 2018.
WESSÉN, M.; On the mechanisms of structure formation in nodular cast iron – Doctoral
Thesis, Department of Materials Processing, The Royal Institute of Technology, Stockholm,
1997