TCC Materiais UFSC BNU Giselly Bandeira Gomes Dias de Lima
TCC Materiais UFSC BNU Giselly Bandeira Gomes Dias de Lima
TCC Materiais UFSC BNU Giselly Bandeira Gomes Dias de Lima
CAMPUS DE BLUMENAU
COORDENADORIA ESPECIAL DE ENGENHARIA DE MATERIAIS
CURSO DE ENGENHARIA DE MATERIAIS
BLUMENAU - SC
2019
Giselly Bandeira Gomes Dias de Lima
Blumenau - SC
2019
AGRADECIMENTOS
1 INTRODUÇÃO
O aço inoxidável martensítico AISI 420 é uma liga amplamente utilizada
na indústria petroquímica e de geração de energia, principalmente em contato
com substâncias agressivas. Cita-se, como exemplo, componentes de reatores
químicos, os quais tem como meio de trabalho soluções contendo ácidos nas
mais variadas concentrações. Reatores resistentes a ácidos para
processamento químico e uso em laboratório são frequentemente expostos a
ambientes ácidos altamente corrosivos, como ácido sulfúrico concentrado
(H2SO4) e ácido clorídrico (HCl).
Pode-se também citar unidades termogeradoras à carvão, onde o gás de
combustão das caldeiras contém vapor de água em alta concentração com
presença de óxidos de enxofre (SOX). Em temperaturas abaixo do ponto de
orvalho de 38 a 57°C, ocorre uma mistura líquida de água e ácido sulfúrico sobre
as superfícies metálicas em mais baixa temperatura, que causam intensa
degradação.
Comumente esses equipamentos são fabricados de aços inoxidáveis, os
quais tendem a apresentar uma maior resistência à corrosão. Nas aplicações
onde, além da resistência à corrosão, há a necessidade também de uma maior
resistência mecânica, são utilizados os aços inoxidáveis martensíticos. Estes
materiais, no estado recozido possuem uma microestrutura que contém
carbonetos esferoidizados em uma matriz ferrítica (DUBEY et al., 1998). Após o
tratamento de têmpera, dependendo da composição química e do histórico de
processamento do aço, pode ser que ele contenha uma estrutura amplamente
martensítica ou austenita retida, o que influencia na sua resistência à corrosão.
Após a têmpera, é realizado o tratamento térmico de revenimento, para que haja
redução na dureza e tensão interna no material. Objetiva-se com esse trabalho
a análise da influência que a temperatura de austenitização e de revenimento
exercem na resistência à corrosão em solução de ácido sulfúrico (H 2SO4) do aço
inoxidável martensítico AISI 420.
12
2 OBJETIVOS
3 REFERENCIAL TEÓRICO
por materiais mais resistentes à corrosão. Esses aços são divididos em classes,
dependendo da composição química que, influencia em propriedades mecânicas
e eletroquímicas, entre elas, a corrosão. Essas classes podem ser denominadas
como: inoxidáveis austeníticos, ferríticos, duplex, martensíticos, entre outras.
Tabela 1 Teores dos principais elementos de liga dos aços inoxidáveis ferríticos, martensíticos
e austeníticos
mecânica muito mais alta. São muito usados na fabricação de artigos de cutelaria
(CALLISTER; RETHWISCH, 2015).
A microestrutura martensítica possui reticulado tetragonal de corpo
centrado (TCC), conforme ilustrado na Figura 3, e é obtida a partir do
resfriamento rápido da austenita.
Figura 4. Diagrama esquemático TRC equivalente do aço inoxidável martensítico AISI 420
ser escolhido deve estar relacionado com a endurecibilidade do aço, que está
diretamente ligada ao teor de C e com a presença de elementos de liga. O
objetivo desse tratamento é a obtenção da estrutura martensítica que começa a
ser formada a aproximadamente 300 ºC, como ilustrado na Figura 4.
Como o objetivo final é a transformação para a estrutura martensítica,
espera-se que haja mudanças nas propriedades mecânicas do aço tratado, ou
seja, aumento na dureza e na resistência à tração. Essa dureza alcançada varia
com a profundidade na peça e, está diretamente ligada com a temperabilidade
do aço, que relaciona a capacidade do aço formar martensita a partir da
austenita, relacionando a profundidade dessa transformação (CARVALHO,
2004). O C é um dos fatores que contribui para o endurecimento da martensita,
a Figura 5 ilustra a influência do teor de C com a dureza, de acordo com estudos
de vários autores.
tensões internas que podem ocasionar falhas no material, tais como: deformação
e empenamento (CHIAVERINI, 2008).
A dureza alcançada com o processo de têmpera ocorre pela dissolução
do C no Fe , austenita. Porém, no Fe α é pouco solúvel, pois há pouco espaço
entre os átomos de Fe no reticulado cúbico de corpo centrado (CCC) (Figura
6.a), havendo deformação do reticulado quando átomos de C estão introduzidos
no meio. Dessa forma, a solubilidade do C no Fe α é baixa, diferentemente da
solubilidade no Fe . O reticulado cúbico de face centrada (CFC) (Figura 6.b),
presente na austenita, permite um maior espaço para que os átomos de C se
acomodem, sem causar grandes distorções, se comparado com o que ocorre no
Fe α.
3.3 CORROSÃO
Fonte: ICZ
𝑀 → 𝑀+𝑛 + 𝑛𝑒 −
(Equação 1)
A reação catódica em corrosão metálica pode ser definida de acordo com
a Equação 2.
𝑀+ + 𝑒 − → 𝑀
(Equação 2)
31
nos tubos das caldeiras pode gerar a ruptura do material, gerando problemas e
parada de produção, para que a falha seja resolvida.
O processo corrosivo pode acontecer como resultado do acúmulo de
substâncias que reduzem a transferência de calor dos gases quentes para o
vapor, reduzindo, dessa forma, a eficiência da máquina.
Nas caldeiras de usinas termelétricas em que o carvão é utilizado no
processo, em baixas temperaturas a corrosão é acelerada pela presença de
enxofre, contido no combustível. Ocorre a formação do ácido sulfúrico (H2SO4)
quando o produto de reação de combustão do carvão reage com água presente
no meio em que a troca de calor acontece. O H2SO 4 ocasiona corrosão nas
regiões dos trocadores de calor (ANDRES, 2012).
O ácido sulfúrico (H2SO 4) é uma das substâncias mais produzidas pela
indústria química, isso está muito relacionado à produção de outras substâncias
a partir do H 2SO4. Uma das principais aplicações desse ácido é na produção de
fertilizantes, indústria automobilística e indústria química. Muitas vezes, a
presença de H2SO 4 atua como um subproduto, ocasionando corrosão nos
materiais metálicos sendo, portanto, um meio indesejado para tais ambientes
(PARONI, 2015).
Estudos estão sendo desenvolvidos com o objetivo de determinação da
faixa de passividade das ligas metálicas em geral. A corrosão dos aços
inoxidáveis quando expostos a ambientes com presença de H 2SO4 é
influenciada pela composição química do aço e pela concentração de ácido
presente (GREENE, et al., 1962 apud. PARONI, 2015).
Como resultado de estudos desenvolvidos, na Figura 9 está demonstrada
a curva de polarização para o aço inoxidável ferrítico S43000 em 1N H 2SO4, com
corrente crítica de, aproximadamente, 10-2 A/cm2. Por questão de comparação,
estudos também foram realizados no aço inoxidável austenítico UNS S30403,
conforme indicado na Figura 10, com diferentes concentrações de H 2SO4. Pode-
se concluir que os valores de corrente aumentam conforme a concentração de
ácido sulfúrico aumenta. Ao comparar as Figuras 9 e 10, observa-se que os
valores de corrente crítica para a liga UNS S30403 são menores que para a liga
UNS S43000, para a mesma concentração de ácido, ou seja, 1N de H 2SO4.
Portanto, pode-se concluir que a composição química da liga influencia no
34
3.6.1 Polarização
η = E´ − E (Equação 3)
caindo até chegar no ponto C, que é identificado como sendo o valor de corrente
de passivação e potencial de passivação. Essa região de passivação, a corrente
resultante permanece baixa, pois o material está protegido por camada de filme
que é formado na superfície, proporcionando uma baixa velocidade de corrosão.
O ponto D representa condições oxidantes agressivas, havendo propagação de
ataque localizado no material pois ocorre a ruptura da camada passiva, fazendo
com que a densidade de corrente comece a crescer novamente. Em seguida, o
material entra na região de transpassivação, local em que a corrosão ocorre em
um ou mais pontos da superfície do metal (SOUZA, 2011).
𝑀.𝐴 𝑥 𝑖𝑐𝑜𝑟𝑟 𝑥 𝑡
𝑇𝐶 = (Equação 6)
𝑛𝑥𝐹𝑥𝐴𝑥𝑑
Sendo que:
M.A = Massa atômica do material (g/mol);
T = tempo (s);
n = número de elétrons transferidos;
39
F = constante de Faraday;
TC = Taxa de corrosão (mm/ano);
d = densidade do material (g.cm-3);
icorr = corrente de corrosão (µA);
A = Área do eletrodo de trabalho em contato com o eletrólito (cm 2).
A corrente de corrosão é então calculada conforme demonstrado na
equação 7.
𝛽𝑎 𝑥 𝛽𝑐
𝑖𝑐𝑜𝑟𝑟 = (Equação 7)
2,303 𝑥 𝑅𝑝 𝑥 (𝛽𝑎 +𝛽𝑐)
Onde:
Rp = resistência à polarização (KΩ);
Βa = constante de Tafel anódica (mV.dec -1);
Βc = constante de Tafel catódica (mV.dec -1);
icorr = corrente de corrosão (A).
η = a + b log 𝑖 (Equação 9)
Sendo que,
Onde:
4 MATERIAIS E MÉTODOS
0,3230 0,2880 0,4520 11,8300 0,2230 0,0198 0,0198 0,0100 0,0477 86,6000
45
4.2 MÉTODOS
4.2.1 Preparação das amostras
prato de polimento girava. Esse procedimento foi realizado até que a superfície
da amostra estivesse polida e com boa reflexão da luz incidida.
O ataque químico, com reagente Vilella, foi realizado com o objetivo de
revelar os contornos de grãos no material. A superfície das amostras foi imersa
nesse reagente durante 10 segundos, sendo, em seguida, lavada com água
corrente e álcool e seca com secador de amostras. Dessa forma, viabilizou-se a
análise microestrutural do material, que será discutida na seção de resultados.
Parâmetros
Eletrólito 0,1 molL-1 H2SO4
Potencial de circuito aberto (OCP) 3600 s
Potencial inicial -0,1 V
Potencial final 0,1 V
Taxa de varredura 0,001 V/s
Eletrodo de referência Ag/AgCl
Contra eletrodo Platina
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
5.2 DUREZA
Tempo (min) - Têmp.:900 ºC/ Têmp.:900 ºC/ Têmp.:1100 ºC/ Têmp.:1100 ºC/
Revenimento Rev.:600 ºC Rev.:450 ºC Rev.:600 ºC Rev.:450 ºC
0 46,7 46,7 53,9 53,9
30 28,7 45,1 32 49,3
60 28,6 44,3 30,3 45,8
65
Têmp.:900ºC/ Rev.:600ºC
60 Têmp.:900ºC/ Rev.:450ºC
Têmp.:1100ºC/ Rev.:600ºC
55 Têmp.:1100ºC/ Rev.:450ºC
50
45
Dureza (HRC)
40
35
30
25
20
15
0 10 20 30 40 50 60
Tempo (min)
55
Rev. 450ºC-30min
50 Rev. 450ºC-60min
Rev. 600ºC-30min
45 Rev. 600ºC-60min
Só têmpera
40
35
i(A)
30
25
20
15
10
55
Têmp. 900ºC - Rev. 450ºC
50 Têmp. 900ºC - Rev. 600ºC
Têmp. 1100ºC - Rev. 450ºC
Têmp. 1100ºC - Rev. 600ºC
45
40
35
i (A)
30
25
20
15
10
30 35 40 45 50 55 60
Tempo (min)
Fonte: Elaborado pela Autora, 2019
59
Figura 29. Aspecto da superfície das amostras, revenidas em 450 ºC/ 60min, após ensaio de
corrosão
Figura 30. Aspecto da superfície das amostras, revenidas em 600 ºC/ 60min, após ensaio de
corrosão
-3,0
-3,5
-4,0
Log i (A)
-4,5
-5,0
-5,5
Têmpera 900ºC
Têmpera 1100ºC
-6,0 Têmpera 900ºC / Revenimento 450ºC - 1h
Têmpera 1100ºC / Revenimento 450ºC - 1h
Têmpera 900ºC / Revenimento 450ºC - 30 min
Têmpera 1100ºC / Revenimento 450ºC - 30 min
-6,5
-0,60 -0,55 -0,50 -0,45 -0,40
Potencial (V)
Fonte: Elaborado pela Autora, 2019
62
-3,0
-3,5
-4,0
Log i (A)
-4,5
-5,0
-5,5
Têmpera 900ºC
Têmpera 1100ºC
-6,0 Têmpera 900ºC / Revenimento 600ºC - 1h
Têmpera 1100ºC / Revenimento 600ºC - 1h
Têmpera 1100ºC / Revenimento 600ºC - 30 min
Têmpera 900ºC / Revenimento 600ºC - 30 min
-6,5
-0,60 -0,55 -0,50 -0,45 -0,40
Potencial (V)
Fonte: Elaborado pela Autora, 2019
160
140
120
-Z'' ()
100
80
60
40
20
-20
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650
Z' ()
Fonte: Elaborado pela Autora, 2019
120
100
80
-Z'' ()
60
40
20
-20
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SCHEUER, C.j. et al. AISI 420 martensitic stainless steel corrosion resistance
enhancement by low-temperature plasma carburizing. Electrochimica Acta,
v. 317, p.70-82, set. 2019. Elsevier BV;
a)
Desvio
Medida 1 Medida 2 Medida 3 Média
Amostra Padrão
HV HRC HV HRC HV HRC HV HRC HV HRC
Só têmpera (1) 464,2 46,5 460,0 46,1 458,7 46,0 460,9 46,2 2,9 0,3
Só têmpera (2) 480,1 47,8 473,7 47,2 462,2 46,2 472,0 47,1 9,1 0,8
Rev.600 ºC/1h (3) 295,4 29,1 293,5 28,9 294,2 29,0 294,4 29,0 1,0 0,1
Rev.600 ºC/1h (4) 283,3 27,8 288,0 28,2 290,3 28,5 287,2 28,2 3,6 0,4
Rev.450 ºC/1h (5) 422,8 42,9 430,8 43,8 433,4 43,9 429,0 43,5 5,5 0,6
Rev.450 ºC/1h (6) 447,5 45,1 445,2 44,9 446,0 45,0 446,2 45,0 1,2 0,1
Rev.600 ºC/30min (7) 301,4 29,9 292,2 28,7 301,9 29,9 298,5 29,5 5,5 0,7
Rev.600 ºC/30min (8) 290,1 28,5 284,3 27,7 277,4 26,7 283,9 27,6 6,4 0,9
Rev.450 ºC/30min (9) 434,4 44,0 447,7 45,1 447,6 45,1 443,2 44,7 7,6 0,6
Rev.450 ºC/30min (10) 441,8 44,6 453,7 45,6 458,9 46,0 451,5 45,4 8,8 0,7
50
40
Média
30
20
10
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Amostra
73
b)
Desvio
Medida 1 Medida 2 Medida 3 Média
Amostra Padrão
HV HRC HV HRC HV HRC HV HRC HV HRC
Só têmpera (1) 635,8 57,1 616,3 56,1 624,1 56,5 625,4 56,6 9,8 0,5
Só têmpera (2) 521,9 50,5 557,6 52,8 514,1 50,0 531,2 51,1 23,2 1,5
Rev.600 ºC/1h (3) 297,2 29,4 307,9 30,7 287,3 28,1 297,5 29,4 10,3 1,3
Rev.600 ºC/1h (4) 316,4 31,8 307,6 30,7 307,8 30,7 310,6 31,0 5,0 0,6
Rev.450 ºC/1h (5) 457,7 45,9 468,1 46,7 472,3 47,1 466,0 46,6 7,5 0,6
Rev.450 ºC/1h (6) 461,5 46,2 459,1 46,0 418,2 42,5 446,3 44,9 24,3 2,1
Rev.600 ºC/30min (7) 351,7 35,7 325,9 32,8 318,2 32,0 331,9 33,5 17,5 1,9
Rev.600 ºC/30min (8) 310,2 31,0 309,1 30,8 299,2 29,6 306,2 30,5 6,0 0,8
Rev.450 ºC/30min (9) 512,3 49,9 514,0 50,0 509,3 49,7 511,9 49,9 2,4 0,2
Rev.450 ºC/30min (10) 496,9 48,9 477,4 47,4 509,8 49,7 494,7 48,7 16,3 1,2
50
40
Média
30
20
10
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Amostra
74
a)
b)