Anatomia Macroscópica Do Sistema Nervoso Central
Anatomia Macroscópica Do Sistema Nervoso Central
Anatomia Macroscópica Do Sistema Nervoso Central
Anatomia
macroscópica
do sistema
nervoso central
Leonardo Mateus Teixeira de Rezende
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
A anatomia humana é estudada desde a Renascença, quando pensadores como
Leonardo da Vinci dissecavam cadáveres buscando compreender o corpo humano.
Então, com os avanços tecnológicos, fomos conhecendo cada vez mais as estruturas
do corpo humano e suas respectivas funções. No último século, a compreensão
das estruturas e das funções do sistema nervoso aumentou exponencialmente,
possibilitando o entendimento de questões básicas inerentes à vida humana, como,
por exemplo, a aprendizagem, o pensamento, o comportamento, os movimentos
do corpo, entre muitas outras. Hoje entendemos exatamente como acontece o
processo de embriologia e neurulação do sistema nervoso, além de sabermos
quais são as estruturas presentes no cérebro humano maduro.
2 Anatomia macroscópica do sistema nervoso central
Neste capítulo, você vai conhecer a anatomia do sistema nervoso central (SNC)
e do sistema nervoso periférico (SNP). Além disso, você poderá compreender o
processo de formação do tecido nervoso, que acontece durante a gestação.
Cérebro Sulcos
Fissuras
Diencéfalo
Cerebelo
Tronco
encefálico Medula
espinhal
Mesencéfalo
Ponte
Bulbo
Plano sagital
Plano coronal
Posterior
Superior
Inferior
Medial
Proximal
Distal
Superior
Anterior Posterior
Coronal
(ou rostral) (ou caudal)
Sagital Inferior
A B
Cérebro
Correspondendo à maior parte do encéfalo, o cérebro dos homens adultos
pesa em média 1.600 g, e o das mulheres, 1.400 g. Essa diferença não está
relacionada com nenhuma distinção de capacidade cognitiva ou desenvolvi-
mento de inteligências, devendo-se apenas à diferença de dimensão corporal
existente entre homens e mulheres — ou seja, quanto maior for o tamanho
do corpo, maior será o do cérebro (TORTORA; DERRICKSON, 2016).
O cérebro é separado em dois hemisférios cerebrais pela fissura longi-
tudinal (ou sagital). Na superfície desses hemisférios, estão evidenciadas
dobras, chamadas de “giros”, e fendas, conhecidas como “sulcos”, que dividem
o cérebro em lobos, descritos a seguir.
6 Anatomia macroscópica do sistema nervoso central
Cerebelo
O cerebelo é a segunda maior estrutura do centro nervoso superior, sendo
menor em tamanho apenas em comparação ao cérebro. Localiza-se na região
Anatomia macroscópica do sistema nervoso central 7
Tronco encefálico
Situado entre o encéfalo e a medula espinhal, o tronco encefálico é composto
por mesencéfalo, ponte e bulbo (DANGELO; FATTINI, 2005). O mesencéfalo está
localizado entre o diencéfalo e a ponte, e é fundamental para conectar os
centros nervosos superiores e inferiores, contribuindo para o desempenho
de funções como analgesia, controle de reflexos oculares, coordenação de
movimentos da cabeça, controle motor dos membros, entre outras. Já a ponte,
como o nome sugere, é determinante no processo de retransmissão de infor-
mações; localizada entre o mesencéfalo e o bulbo, ela consiste em uma região
saliente do tronco encefálico. Por fim, o bulbo corresponde à porção inferior
do tronco encefálico, ligando as estruturas superiores à medula espinhal.
Além de sua importância no processo de condução de informação neural, o
bulbo é determinante no controle de reflexos autonômicos importantes para
a homeostasia corporal, como o controle de variáveis cardiovasculares, o que
inclui a frequência cardíaca e a dilatação dos vasos sanguíneos. Ademais,
ele também está envolvido na regulação de centros respiratórios, como, por
exemplo, o controle da deglutição (TORTORA; DERRICKSON, 2016).
O tronco encefálico é uma região complexa, em que os neurônios atuam
principalmente como retransmissores, ao receber as informações aferentes
e transmiti-las para o cerebelo ou receber a mensagem eferente e conduzi-la
para a medula espinhal. Contudo, não podemos esquecer que essa região tam-
bém exerce outras funções muito importantes, como a realização de ajustes
autonômicos, o que é determinante para a manutenção da vida (AIRES, 2013).
8 Anatomia macroscópica do sistema nervoso central
Medula espinhal
A medula espinhal é envolta pela coluna vertebral, estendendo-se em sentido
crânio-caudal, partindo do forame magno — logo abaixo do bulbo — até a
primeira vértebra da coluna lombar (DANGELO; FATTINI, 2005). É responsável
por conduzir as informações aferentes para os centros nervosos superiores
e as informações eferentes para os órgãos e/ou tecidos destinatários. Dessa
forma, a medula espinhal promove a conexão entre o SNC e o SNP.
Tanto a medula quanto o encéfalo são envoltos por meninges, membranas
especializadas que oferecem proteção e estabilidade. Essas meninges são
compostas por três camadas: dura-máter, aracnoide e pia-máter. A dura-máter
consiste em tecido conectivo denso e é o revestimento mais externo, sendo
muito resistente e fibrosa. A aracnoide é a camada intermediária, consistindo
em epitélio pavimentoso simples; separa-se da pia-máter por meio do espaço
subaracnóideo, que contém o líquido cerebrospinal, muito importante na
proteção contra impactos. A pia-máter representa a camada mais interna,
sendo a mais delicada; nela, estão localizados os vasos responsáveis pela
irrigação do local (TORTORA; DERRICKSON, 2016).
A medula espinhal é dividida em função das regiões da coluna vertebral:
cervical, torácica, lombar e sacral. A substância cinzenta forma um eixo cen-
tral contínuo, em forma de “H”, que contém os corpos dos neurônios e a
neuroglia. Esses corpos celulares apresentam tipologias relacionadas à sua
função. Existem os neurônios motores (eferentes) e os sensitivos (aferentes),
localizados anterior e posteriormente na medula, respectivamente. A subs-
tância branca está localizada nas regiões periféricas da medula e é dividida
em funículos (posteriores, anteriores e laterais), e cada funículo tem tratos
em que os axônios compartilham informações. Essas vias são importantís-
simas para a condução dos impulsos nervosos — e convém ressaltar que os
axônios de um trato conduzem informações na mesma direção. Dessa forma,
os tratos ascendentes levam informações em direção aos centros nervosos
superiores, e os tratos descendentes conduzem a resposta eferente (GUYTON;
HALL, 2017). A medula se comunica com o SNP por meio dos nervos espinhais
e cranianos, que se associam à medula pelos gânglios de raiz dorsal ou de
raiz ventral (Figura 4).
Anatomia macroscópica do sistema nervoso central 9
Nervos
Encéfalo cranianos
SNC
Medula
espinhal
SNP
Nervos
espinhais
Medula espinhal
A Nervo espinhal
Receptor sensorial
Neurônio motor
Nervo espinhal
Nervos Função
cranianos primária Origem Inserção
Glossofaríngeo Mista Língua e artérias carótidas no pescoço Núcleo sensitivo do bulbo (sensitivo)
(sensitivo) Músculos da faringe (motores)
Anatomia macroscópica do sistema nervoso central
(Continua)
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(Continuação)
Nervos Função
cranianos primária Origem Inserção
Vago Mista Faringe, orelha, diafragma, vísceras torácica Núcleos sensitivos e centros autonômicos do
e abdominal (sensitivo) bulbo (sensitivos)
Núcleos motores no bulbo (motores) Músculos do palato mole e da faringe,
vísceras respiratórias, cardiovasculares e
digestórias (motores)
Acessório Motora Núcleos motores da medula espinhal e do Músculos voluntários do palato mole, laringe
bulbo e faringe; músculo esternocleidomastóideo
e trapézio
Nesta seção, você pôde compreender que o SNP atua em parceria com o
SNC, tendo como função primordial promover o fluxo de informação neural
aferente e eferente. Até atingir uma formação madura, capaz de manter todas
as funções aqui apresentadas, o sistema nervoso passa por um processo de
desenvolvimento morfológico e maturação funcional, que se inicia durante a
gestação, no processo de embriologia do encéfalo, como vamos apresentar
a seguir.
minado prega neural. Essa prega é fechada e separada das cristas neurais
em um processo de fusão, dando origem a uma estrutura fechada conhecida
como tubo neural. Todos os elementos do SNC se originam a partir desse
tubo neural oco (cujo formato lembra o da medula espinhal), ao passo que
as cristas neurais — previamente separadas do tubo — serão responsáveis
por originar os componentes do SNP.
Placa neural
Placa neural
Notocorda
Somito
Sulco neural
Prega neural
Tubo neural
Neurocele
Crista neural
Célula de
Schwann
Neurônios sensitivos
Neurônios do SNC
Astrócitos e
Células ependimárias oligodentrócitos
Porção superior
do tubo neural
Tubo neural
Referências
AIRES, M. M. Fisiologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.
CAZETTA, V.; OLIVEIRA, R. G.; TAVARES, J. M. Os atlas anatômicos como pedagogia cultural
e o pós-vida das imagens. Educação & Realidade, v. 44, n. 3, p. 1–26, 2019. Disponível
em: https://www.scielo.br/j/edreal/a/GL38YxDnY7tD4KkCrTpndcG/?lang=pt. Acesso
em: 17 jul. 2021.
DANGELO, J. G.; FATTINI, C. A. Anatomia humana sistêmica e segmentar. 2. ed. São Paulo:
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GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de fisiologia médica. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017.
MARTINI, F. H.; TIMMONS, M. J.; TALLITSCH, R. B. Anatomia humana. 6. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2009.
MCARDLE, W. D.; KATCH, F. K.; KATCH, V. L. Fisiologia do exercício: energia, nutrição e
desempenho humano. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.
REFINETTI, R.; LISSEN, G. C.; HALBERG, F. Procedures for numerical analysis of circadian
rhythms. Biological Rhythm Research, v. 38, n. 4, p. 275–325, 2007. Disponível em: https://
www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3663600/. Acesso em: 17 jul. 2021.
TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Princípios de anatomia e fisiologia. 14. ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.
VANPUTTE, C. L.; REGAN, J. L.; RUSSO, A. F. Anatomia e fisiologia de Seeley. 10. ed. Porto
Alegre: Artmed, 2016.
Leituras recomendadas
BEAR, M. F.; CONNORS, B. W.; PARADISO, M. A. Neurociências: desvendando o sistema
nervoso. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
MARIEB, E. N.; HOEHN, K. Anatomia e fisiologia. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008.