Módulo 4

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Módulo 4 - Quais são as Articulações para Prevenção

e Enfrentamento à Tortura?

Bem-vindos ao Módulo 4.

Este módulo pretende apresentar e diferenciar as responsabilidades e atribuições


entre os diversos órgãos criados para combater à tortura no Brasil. 

MÓDULO 4 - QUAIS SÃO AS AR TICULAÇÕES PAR A PR EVEN ÇÃO E EN FR EN TAMEN TO À TOR TUR A?

1. Sistema Nacional de Prevenção e Combate à Tortura

2. Composição do Sistema Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (SNPCT)

3 . Princípios Norteadores e Diretrizes do Sistema Nacional de Prevenção e Combate à Tortura

4. O Comitê Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (CNPCT) e suas Atribuições

5. O Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (MNPCT)

6. A Coordenação-Geral de Combate à Tortura e à Violência Institucional (CGCTVI)


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1. Sistema Nacional de Prevenção e Combate à


Tortura

Em fevereiro de 2018, integrantes do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura


(MNPCT) realizaram visitas ao estado do Amazonas, apontando que a atuação da Defensoria
Pública do Estado junto às pessoas privadas de liberdade no sistema prisional representava
um dos principais esforços para a melhoria das condições de privação de liberdade.

Leia com atenção, clicando sobre a lupa, um trecho da matéria publicada naquela época acerca
do mecanismo de combate à tortura como sendo um dos esforços para melhoria do sistema
prisional e de assistência jurídica a presos assumidos pela DPE-AM.

Representantes do
MNPCT se reuniram em
Manaus com
representantes do
Judiciário, Executivo,
Ministério Público do
Estado (MP-AM), DPE-AM
e sociedade civil, para
(...)

De acordo com Valdirene Daufemback, uma das representantes do


MNPCT, um relatório foi entregue, na época, contendo as
observações veri cadas durante as visitas de monitoramento. O
relatório também foi encaminhado a todos os órgãos visitados, bem
como às autoridades federais.
Esse monitoramento foi realizado nos três estados brasileiros que
mais sofreram com a crise no sistema prisional em janeiro de 2017
– Amazonas, Rio Grande do Norte e Roraima -, e que resultou na
morte de 126 detentos e ao, menos, 72 presos desaparecidos.

Caso você queira saber mais a respeito do que foi apontado no


relatório, acesse o endereço: 
http://www.amazonas.am.gov.br/2018/02/mecanismo-de-
combate-a-tortura-destaca-como-um-dos-esforcos-para-
melhoria-do-sistema-prisional-a-assistencia-juridica-a-presos-
assumida-pela-dpe-am/

1.1. A Criação do Sistema Nacional de Prevenção e Combate


à Tortura (SNPCT)

As políticas públicas em Direitos Humanos têm sido implementadas em um processo em


construção com diversos atores da sociedade. Por meio do diálogo, da observância dos
direitos expressos na Constituição Federal e do compromisso da agenda governamental, foi
possível avançar na construção de políticas públicas que visavam à garantia e proteção de
direitos a toda sociedade. No caso da prevenção e combate à tortura, estes e novos avanços
foram sintetizados em um Plano de Ações Integradas e na aprovação da Lei nº. 12.847/2013.
Com a Lei n.º 12.847/2013, além do cumprimento de obrigação internacional, o Estado
brasileiro assumiu para si o compromisso de criar um Sistema Nacional de Prevenção e
Combate à Tortura, com respeito ao pacto federativo, por meio da articulação e integração dos
entes federados na criação de uma rede de comitês e mecanismos estaduais de prevenção e
combate à tortura. Tal rede contou com a cooperação e fortalecimento de organizações da
sociedade civil e das instituições públicas relacionadas ao tema com vistas ao enfrentamento
desta grave violação de direitos humanos.

Dito isso, o módulo será direcionado tendo em vista algumas questões essenciais. A saber:

Você sabe quais são as atribuições do Mecanismo Nacional de Prevenção e


Combate à Tortura? Quem o integra?

Com que objetivo foi criado o Sistema Nacional de Prevenção e combate à tortura
(SNPCT)?

Por que alguns especialistas realizam visitas aos estados e para que servem os
relatórios produzidos por eles?

Há algum controle sobre a atuação destes órgãos e dos responsáveis que neles
trabalham?

Este módulo responde a essas perguntas, uma vez que apresenta as articulações sobre
prevenção e enfrentamento à tortura, - o Sistema Nacional de Prevenção e Combate à Tortura,
instituído pela Lei nº. 12.847, de 2013, e dois de seus órgãos estruturantes: o Comitê Nacional
de Prevenção e Combate à Tortura e o Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura.
Para tanto, serão abordadas a criação do sistema, sua composição, atribuições e princípios
norteadores. O módulo também abordará a atuação da Coordenação-Geral de Combate à
Tortura e à Violência Institucional do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos
Humanos na execução de políticas sobre a matéria. Então, mãos à obra!

A Constituição brasileira de 1988, na qualidade de marco da transição da Ditadura Civil-Militar


brasileira para o regime democrático e da institucionalização de Direitos Humanos no país,
estabeleceu a prática da tortura como crime ina ançável e insuscetível de graça ou anistia, por
ela respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-la, se omitirem.

De posse destas informações essenciais agora é necessário que você conheça alguns eventos
ocorridos no Brasil que impulsionaram a criação do SNPCT. Acompanhe!


Decreto nº 40/1991

A convenção que de niu as diretrizes para o enfrentamento à tortura e outros tratamentos ou penas
cruéis, desumanos ou degradantes em todo mundo foi promulgada por esse decreto. 

Lei nº 9.455/1997

A lei de ne o crime de tortura e o Brasil deu um novo passo para o fortalecimento de uma legislação
que visa prevenir e enfrentar a tortura no país. 

Decreto nº 6.085/2007

O Brasil aderiu ao Protocolo Facultativo à Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas
Cruéis, Desumanos ou Degradantes da ONU conhecido como OPCAT.

O protocolo OPCAT tem por objetivo estabelecer um sistema de visitas regulares efetuadas por órgãos
nacionais e internacionais independentes a lugares onde pessoas são privadas de sua liberdade com a
intenção de prevenir a tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes. 

Ainda no ano de 2007 com a adesão do Brasil ao protocolo facultativo OPCAT¹ e a execução do

PAIPCT², o governo federal e a sociedade civil impulsionaram o debate sobre a criação do

Sistema Nacional de Prevenção e Combate à Tortura com apresentação de projeto de lei à


Câmara dos Deputados - o PL nº 2442, de 2011. A construção do projeto de lei foi um processo
longo, mas muito transparente e participativo com a realização de diversas consultas.
Também foi realizado, ainda naquele ano, um seminário nacional, em parceria com a
Associação para a Prevenção da Tortura (APT)  que tratou sobre os princípios gerais de
mecanismos de prevenção e combate à tortura.
 ¹O Protocolo Facultativo à Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas
Cruéis, Desumanos ou Degradantes (tradução para o português) é um tratado, de 1984,
que complementa a Convenção das Nações Unidas Contra a Tortura.

²Plano de Ações Integradas para a Prevenção e o Combate à Tortura no Brasil.

Na proposta do projeto, que segue as orientações do OPCAT, o SNCPT aproximaria órgãos e


entidades públicas e privadas com atribuições legais ou estatutárias de realizar tanto
monitoramento, supervisão e controle de estabelecimentos e unidades onde se encontrem
pessoas privadas de liberdade quanto de promover a defesa dos direitos e interesses dessas
pessoas.

Após dois anos de tramitação no Congresso Nacional, o projeto de lei foi aprovado pelo
Senado em 11 de julho de 2013, instituindo-se a Lei nº. 12.847, de 2013. Assim, a criação do
Sistema Nacional de Prevenção e Combate à Tortura é fruto de uma longa construção
normativa no campo dos Direitos Humanos.

Saiba mais

A íntegra do Projeto de Lei apresentado pelo Poder Executivo ao Congresso Nacional está
disponível em: 
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?
codteor=926266& lename=PL+2442/2011

1.2. Primeiras Iniciativas em Prevenção e Combate à Tortura


Para dar cumprimento às previsões da Convenção contra a Tortura, o governo federal
convidou um grupo de especialistas de diferentes áreas para elaborar o Plano de Ações
Integradas para a Prevenção e o Combate à Tortura no Brasil (PAIPCT).

Esta foi a primeira iniciativa para construir uma política pública de prevenção à tortura após a
promulgação da Constituição Federal de 1988 e da edição da Lei nº. 9455/1997 que tipi ca a
tortura como crime. Lançado em 2006, o objetivo do plano era repensar, redirecionar e
intensi car as ações de prevenção e combate da tortura, no intuito de dotá-las de maior
alcance e e cácia, no Sistema de Justiça Criminal brasileiro.

Na sequência, foi criado, em 2013, o Comitê Nacional para Prevenção e Controle da Tortura no
Brasil (CNPCT), no âmbito da então Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência
da República (que tinha status de ministério).

 Clique a seguir para avançar no conteúdo.


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2. Composição do Sistema Nacional de Prevenção e


Combate à Tortura (SNPCT)

Você já sabe que foi instituído, após alguns anos de tramitação no Congresso Nacional, no
artigo 1º da Lei nº. 12.847, de 2013, o Sistema Nacional de Prevenção e Combate à Tortura
(SNPCT). O Sistema Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (SNPCT) é um conjunto
articulado, orgânico e descentralizado de instrumentos, mecanismos, órgãos e ações que
visam à eliminação de todas as formas de tortura e tratamentos cruéis, desumanos ou
degradantes, bem como o fortalecimento da prevenção e do combate à tortura.

A base do SNPCT é a atuação colaborativa, a participação social e em redes capilarizadas, a


transparência e o diálogo institucional. O funcionamento do SNPCT foi regulamentado pelo
Decreto nº. 8154, de 2013 (posteriormente alterado pelo Decreto nº. 9.831, de 2019),
conferindo a forma de atuação de seus membros no âmbito administrativo. No caso especí co
dos quatro membros do SNPCT, não há hierarquia administrativa, mas atribuições diferentes e
complementares, principalmente em relação ao Comitê Nacional para Prevenção e Controle da
Tortura no Brasil (CNPCT) e ao Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura
(MNPCT). Agora, acompanhe com atenção, a estrutura do Sistema Nacional de Prevenção e
Combate à Tortura.

Participação Obrigatória:
Participação Facultativa:
Por ora, é importante que você xe essa estrutura. Mais adiante falaremos de cada uma delas
com maior profundidade. 

2.1. Órgãos Estruturantes com Participação Obrigatória no


SNPCT

Alguns órgãos estruturantes do SNPCT possuem participação obrigatória enquanto outros


possuem participação facultativa, conforme de nido na Lei nº 12.847/2013.

Acompanhe quais são os órgãos estruturantes com participação obrigatória:


Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP)

O CNPCP é o órgão colegiado do Ministério da Justiça e Segurança Pública, com poderes
consultivos e deliberativos, responsável por propor as diretrizes da política criminal quanto à
prevenção do delito, administração da Justiça Criminal e execução das penas e das medidas de
segurança, promover estudos, sugerir metas e prioridades para a política criminal e
penitenciária, promover avaliação periódica do sistema criminal e buscar adequá-lo à realidade
do país, entre outras atribuições.

O Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária foi criado pela Lei de Execução Penal
(Lei nº. 7.210, de 1984). Para saber mais sobre a atuação do CNPCP, acesse:
https://www.gov.br/depen/pt-br/composicao/cnpcp

Departamento Penitenciário Nacional (Depen)



O Depen é o órgão administrativo-executivo da política penitenciária nacional, com função de
acompanhar a aplicação das normas de execução penal em todo o país, inspecionar e scalizar
periodicamente os estabelecimentos e serviços penais, assistir tecnicamente às unidades
federativas na implementação dos princípios e regras estabelecidos na Lei de Execução Penal e
colaborar com as unidades federativas na implantação de estabelecimentos e serviços penais
mediante convênios.

O Depen também foi criado pela Lei de Execução Penal (Lei nº. 7.210, de 1984). Para saber
mais sobre a atuação do Departamento Penitenciário Nacional, visite:
https://www.gov.br/depen/pt-br.

Comitê Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (CNPCT)



Criado em 2006, por meio de Portaria, é composto por membros do governo federal e da
sociedade; Tem as atribuições de avaliar e acompanhar ações, programas, projetos e planos
relacionados ao enfrentamento à tortura no Brasil; propor mecanismos preventivos nacionais
independentes para a prevenção da tortura; acompanhar a tramitação de projetos de lei
relacionados com o enfrentamento à tortura; recomendar a elaboração de estudos e pesquisas
e incentivar a realização de campanhas relacionadas ao enfrentamento à tortura; apoiar a
criação de comitês ou comissões assemelhadas na esfera estadual para monitoramento e
avaliação de ações locais. 

Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (MNPCT)



O MNPCT é responsável pela prevenção e combate à tortura e a outros tratamentos ou penas
cruéis, desumanos ou degradantes. Dentre as suas atribuições estão realizar visitas regulares e
periódicas, elaborar relatórios sobre estas visitas e relatórios anuais de suas atividades, elaborar
recomendações e propostas legislativas. É composto por onze peritos, que devem ser pessoas
com notório conhecimento e formação de nível superior, atuação e experiência na área de
prevenção e combate à tortura e a outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou
degradantes. Os peritos são escolhidos pelo CNPCT.

A Lei nº 12.847/2013 buscou garantir prerrogativas de uma instituição de Direitos Humanos,


seguindo o modelo do Comitê contra a Tortura e do Subcomitê de Prevenção à Tortura da
ONU, por meio dos seus princípios e diretrizes, bem como garantindo mandato, autonomia de
trabalho, maioria de participação social e possibilidade de relacionamento internacional.

2.2. Órgãos com Participação Facultativa no SNPCT

A Lei nº. 12.847/2013 também previu a participação facultativa de outras entidades e órgãos. A
menção expressa de alguns órgãos representa um incentivo para que integrem o SNPCT como
forma de permitir a cooperação e comunicação entre elas com vistas à prevenção e o combate
da tortura.

Vamos destacar alguns órgãos do Poder Legislativo, Poder Judiciário, Conselhos de


comunidade e Conselhos penitenciários que facultativamente participam do SNPCT. Mas,
antes de conhecê-los, talvez você esteja se perguntando: Por que a participação deles é
facultativa?
Bem, a cooperação dessas entidades no sistema é facultativa porque muitas delas integram
outros poderes ou se encontram na esfera dos estados. Além disso, a Lei nº. 12.847/2013, que
é de iniciativa do Poder Executivo Federal, limitou-se apenas a abrir a possibilidade de
participação por respeito ao pacto federativo (BRASIL, Presidência da República. Secretaria de
Direito Humanos, 2015).

O Poder Legislativo poderá participar por meio de suas respectivas comissões de direitos
humanos, tanto do âmbito federal, estadual, distrital, como municipal. Participam também, de
maneira facultativa, os órgãos do Sistema de Justiça (Poder Judiciário, Ministério Público e
Defensoria Pública).

Pelo Poder Judiciário podem integrar o Conselho Nacional de Justiça, os juízes da infância,
adolescência, militar e de execução penal e, por extensão, os juízes responsáveis pela
supervisão das unidades de prisão preventiva, cuja participação deve ser incentivada.

A referência aos órgãos do Ministério Público dá-se sobretudo em função de suas atribuições
institucionais de scalização das instituições públicas, com destaque para as polícias e
estabelecimentos de privação da liberdade, especialmente na repressão à tortura.

Já a participação da Defensoria Pública se torna importante, pois frequentemente é o defensor


público que mantém contato imediato com a pessoa privada de liberdade ou com seus
familiares e pode vir a ter acesso mais facilmente a ocorrências de tortura.

A importância da atuação dos órgãos do Sistema de Justiça nas


ações de prevenção e enfrentamento à tortura e,
consequentemente, no SNPCT, é tamanha que, em 2003, o governo
federal em parceria com a Embaixada Britânica, o British Council e
a Universidade de Essex editaram o manual para magistrados e
membros do Ministério Público para combate à tortura. 
A íntegra da obra está disponível em:
https://www.ibanet.org/Document/Default.aspx?
DocumentUid=AD094B4A-D38A-4A97-89A3-8A4FB582AC30

Os conselhos da comunidade e os conselhos penitenciários estaduais têm atribuição


especí ca para realizar visitas a unidades prisionais no âmbito das comarcas e estados por
exigência da Lei de Execução Penal. Esses dois órgãos são fonte de informação acerca do
tratamento aos presos nas unidades prisionais dos estados e no âmbito das comarcas, dada a
sua proximidade com elas.

A Lei de Execução Penal dispõe que haverá, em cada comarca, um Conselho da Comunidade,
composto, no mínimo, por um representante de associação comercial ou industrial, um
advogado indicado pela seção da Ordem dos Advogados do Brasil e um assistente social
escolhido pela Delegacia Seccional do Conselho Nacional de Assistentes Sociais.

Na falta da representação prevista, cará a critério do juiz da execução a escolha dos


integrantes do Conselho.

Cabe ao Conselho da Comunidade:

Visitar, pelo menos mensalmente, os estabelecimentos penais existentes na comarca;


entrevistar presos; apresentar relatórios mensais ao juiz da execução e ao Conselho
Penitenciário; e diligenciar a obtenção de recursos materiais e humanos para melhor
assistência ao preso ou internado em harmonia com a direção do estabelecimento.

Cabe ao Conselho Penitenciário:

O Conselho Penitenciário também está previsto na Lei de Execuções Penais. É um órgão


auxiliar da Justiça, tendo função scalizadora e consultiva da pena, servindo como uma
ligação entre os poderes Executivo e Judiciário.
Então, cabe ao Conselho Penitenciário: emitir parecer sobre indulto e comutação de pena,
excetuada a hipótese de pedido de indulto com base no estado de saúde do preso; inspecionar
os estabelecimentos e serviços penais; apresentar, no primeiro trimestre de cada ano,
relatório dos trabalhos efetuados no exercício anterior ao Conselho Nacional de Política
Criminal e Penitenciária; supervisionar os patronatos, bem como a assistência aos egressos.

No quadro a seguir, acompanhe um resumo de como a Lei nº 12.847/2013 estabelece os


princípios para a participação de entidades no SNPCT:

Participação Entidades Públicas Entidades Privadas

Comitê Nacional de Prevenção


e Combate à Tortura (CNPCT);

Mecanismo Nacional de
Prevenção e Combate à Tortura
– (MNPCT);
Obrigatória/ Não tem participação
Estruturante Conselho Nacional de Política obrigatória.
Criminal e Penitenciária
(CNPCP);

Departamento Penitenciário
Nacional (DEPEN).

Facultativa Ter atribuição legal ou


Comitês e mecanismos estatutária de
estaduais e distrital de monitorar,
prevenção e combate à tortura; supervisionar e
Órgãos do Poder Judiciário com controlar lugares de
atuação nas áreas de infância, privação de liberdade,
de juventude, militar e de ou atuar na defesa dos
execução penal; direitos humanos e
interesses das pessoas
Comissões de direitos privadas de liberdade.
humanos dos poderes
legislativos federal, estaduais,
distrital e municipais;

Órgãos do Ministério Público


com atuação no controle
externo da atividade policial,
pelas promotorias e
procuradorias militares, da
infância e da juventude e de
proteção ao cidadão ou pelos
vinculados à execução penal;

Defensorias públicas;

Conselhos da comunidade e
conselhos penitenciários
estaduais e distrital;

Corregedorias e Ouvidorias de
Polícia, dos sistemas
penitenciários federal,
estaduais e distrital e demais
ouvidorias com atuação
relacionada à prevenção e
combate à tortura, incluídas as
agrárias;

Conselhos estaduais,
municipais e distrital de
direitos humanos;

Conselhos tutelares e
conselhos de direitos de
crianças e adolescentes.

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3 . Princípios Norteadores e Diretrizes do Sistema


Nacional de Prevenção e Combate à Tortura

A Lei n°. 12.847/2013 de niu, em seu artigo 4º, os princípios norteadores do SNPCT, alguns
previstos expressamente no Protocolo Facultativo à Convenção contra a Tortura e outros
Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes (OPCAT). 
Proteção da dignidade da pessoa humana

Envolve as dimensões da pessoa (reputação, pro ssão, imagem), a sua individualidade
(privacidade, intimidade, autoestima) e, também, sua pertença ao gênero humano, aspecto
físico, sua etnia, cultura. Esse princípio tem um aspecto operacional, uma vez que o SNPCT
deve atuar de forma a promover e proteger os direitos fundamentais da pessoa privada de
liberdade. Por exemplo, de acordo com esse princípio, a impossibilidade de ingresso dos
membros do MNPCT em locais de privação de liberdade sob o argumento da segurança não
pode ocorrer (BRASIL, Presidência da República. Secretaria de Direito Humanos, 2015). 

O princípio da imparcialidade

Os órgãos do SNPCT devem atuar de forma transparente e sem atender a interesses de
partidos, governos, grupos ou pessoas. Impõe ainda que o CNPCT estabeleça critérios públicos
e participativos para a escolha dos membros do MNPCT. E, relacionado com a imparcialidade,
está a objetividade que obriga os órgãos do SNPCT a atuarem com isenção. Os relatórios do
MNPCT, por exemplo, devem re etir o princípio da objetividade nos seus relatos, constatações
e recomendações (BRASIL, Presidência da República. Secretaria de Direito Humanos, 2015). 

Princípios da universalidade e da não seletividade



Estão previstos no OPCAT. Os órgãos do SNPCT devem atuar em relação a todos os estados
brasileiros e em todas as unidades de privação de liberdade. 

Princípios da igualdade e da não discriminação



Baseiam-se na Constituição Federal, que prevê a igualdade de todos perante a lei, sem
distinção de qualquer natureza.

As diretrizes do SNPCT organizam o sistema para que melhor alcance seus objetivos,
assegurando seu bom funcionamento. São elas:

Respeito integral aos direitos humanos, em especial aos direitos das pessoas privadas de
liberdade.

Articulação com as demais esferas de governo e de poder e com os órgãos responsáveis


pela segurança pública, pela custódia de pessoas privadas de liberdade, por locais de
internação de longa permanência e pela proteção de direitos humanos.

Adoção das medidas necessárias, no âmbito de suas competências, para a     prevenção e o


combate à tortura e a outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes.

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4. O Comitê Nacional de Prevenção e Combate à


Tortura (CNPCT) e suas Atribuições

O CNPCT detém atribuições para projetar e articular a política de prevenção à tortura. É um


órgão colegiado, com representação da sociedade civil e dos órgãos de governo, responsável
por acompanhar, avaliar e propor ações aos programas, aos projetos e aos planos do tema;
propor medidas legislativas; elaborar e publicar relatório das atividades bem como subsidiar o
mecanismo nacional com informações e participar da implantação das suas recomendações.

As principais atribuições do Comitê são as seguintes:

Avaliar a Política de Prevenção e Combate à Tortura



Acompanhar, avaliar e propor aperfeiçoamentos às ações, aos programas, aos projetos e aos
planos de prevenção e combate à tortura e a outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos
ou degradantes desenvolvidos em âmbito nacional. 

Supervisionar a Política de Prevenção e Combate à Tortura



Acompanhar, avaliar e colaborar para o aprimoramento da atuação de órgãos de âmbito
nacional, estadual, distrital e municipal cuja função esteja relacionada com suas nalidades. 
Acompanhar Ações Judiciais de Tortura

Veri car o estágio em que se encontram apurações de denúncias emblemáticas e exigir o
compromisso dos órgãos do Sistema de Justiça e celeridade na nalização dos processos
judiciais. 

Realizar Acompanhamento Legislativo



Acompanhar a tramitação das propostas do MNPCT ou de outros atores políticos que integram
o SNPCT. 

Promover Estudos e Campanhas



Recomendar a elaboração de estudos e pesquisas e incentivar a realização de campanhas.

Apoiar a Criação de Comitês e Mecanismos Estaduais e Distritais



Apoiar a criação de comitês ou comissões semelhantes na esfera estadual e distrital para o
monitoramento e a avaliação das ações locais.

Em novembro de 2018, o CNPCT editou a Recomendação n. 5 que dispõe sobre as diretrizes


para a criação e fortalecimento de comitês e mecanismos de prevenção e combate à tortura
nas unidades da federação.

A íntegra está disponível em: Clique aqui


Realizar Cooperação internacional

Avaliar e acompanhar os projetos de cooperação rmados entre o governo brasileiro e
organismos internacionais no âmbito da prevenção e enfrentamento à tortura.

Realizar Articulação Internacional



Articular com organizações e organismos locais, regionais, nacionais e internacionais, em
especial no âmbito do Sistema Interamericano e da Organização das Nações Unidas, visando o
diálogo e a cooperação mútua, com o envio de relatórios sobre a tortura, troca de informações
e cooperação técnica por meio de cursos de capacitação, publicação de manuais e informes.

Implementar as recomendações do MNPCT



Considerando que o objetivo nal do monitoramento dos locais de privação de liberdade é o
incentivo às autoridades para realizarem melhorias no tratamento pessoas privadas de
liberdade e nas condições de privação, as autoridades devem se posicionar frente ao relatório,
para o qual deve ser dado um tempo razoável para que tomem posição com relação a qualquer
crítica ou recomendação feita. Quando não há manifestação em resposta ou interesse em
considerar as recomendações, por parte das autoridades, cabe ao CNPCT adotar providências,
indicando inclusive alternativas para implementação as recomendações.

Realizar Atribuições Executivas



Entre as atribuições executivas estão a edição da Resolução nº. 1, de 14 de agosto de 2014, que
aprova o Regimento Interno do Comitê Nacional de Prevenção e Combate à Tortura.

E a Resolução nº. 4, de 9 de maio de 2016, que dispõe sobre deliberações, uxos de


informações e notas públicas relativos à prevenção e ao combate à tortura e outros
tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes, no âmbito do CNPCT.
Outra atribuição executiva é criar e manter banco de dados com informações sobre a atuação
dos órgãos governamentais e não governamentais na prevenção e enfrentamento a tortura e
difusão de boas práticas e experiências exitosas na prevenção e combate à tortura.

Elaborar Relatório Anual de Atividades



Cabe ao CNPCT relatar publicamente as atividades realizadas, re etindo em que medida
realizou as atribuições previstas em lei.

4.1. Composição e escolha dos membros do CNPCT

O CNPCT é composto por 23 membros que representam órgãos governamentais e a sociedade


civil organizada, que tem maioria na sua composição. Os membros são escolhidos e
designados pelo Presidente da República. on.
O comitê é presidido pela Ministra ou Ministro de Estado do Ministério da Mulher, Família e
dos Direitos Humanos. O vice-presidente deve ser eleito pelos demais membros do CNPCT,
com mandato de um ano e alternância entre os representantes do Poder Executivo federal e os
representantes de conselhos de classes pro ssionais e de organizações da sociedade civil.

Representantes do Ministério Público, do Poder Judiciário, da Defensoria Pública e de outras


instituições públicas podem participar do CNPCT em caráter permanente na condição de
convidados e com direito à voz. Também podem participar das reuniões do CNPCT, a convite
de seu Presidente, e na qualidade de observadores, especialistas e representantes de
instituições públicas ou privadas que exerçam atividades relevantes no enfrentamento à
tortura.

Sobre a escolha dos membros de classe e da sociedade civil, a Lei nº.12.847/2013 assegurou a
realização de prévia consulta pública para a escolha dos membros de classe e da sociedade
civil, observadas a representatividade e a diversidade da representação.
Diferentemente da composição do antigo Comitê Nacional para
Prevenção e Controle da Tortura no Brasil – CNPCT que era
integrado por até cinco representantes de entidades não-
governamentais e escolhidas pelo então Secretário Especial dos
Direitos Humanos, a Lei nº.12.847/2013 estabeleceu uma
composição maior de entes, organizações e instituições não-
governamentais mediante consulta pública, considerando a
representatividade e diversidade de representação. Trata-se de
uma medida fundamental para garantir maior participação da
sociedade civil nas políticas de enfrentamento à tortura. 

Devido à sua composição de caráter transversal e interdisciplinar, contando com a


participação de órgãos governamentais e podendo contar com os órgãos do Sistema de Justiça
responsáveis por ações relativas ao enfrentamento à tortura, o CNPCT tem um papel
importante no diálogo e em avanços para o cumprimento de recomendações do MNPCT e dos
organismos internacionais.

Ainda, ao atuar para a estruturação de informações, da elaboração de relatórios e do


acompanhamento de medidas, o Comitê representa a garantia da transparência em relação à
prevenção e combate à tortura.

 Clique a seguir para avançar no conteúdo.


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5. O Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à


Tortura (MNPCT)

São muitas siglas estudadas até agora, certo? Falaremos de mais uma delas. Trata-se do
Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (MNPCT). Se você já é integrante de
algum Comitê Estadual de proteção e combate à tortura já deve estar familiarizado com o
MNPCT.

Este é um órgão integrante da estrutura do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos


Humanos, responsável pela prevenção e combate à tortura e a outros tratamentos ou penas
cruéis, desumanos ou degradantes, nos termos do artigo 3º do OPCAT que dispõe o seguinte:

“Cada Estado-Parte deverá designar ou manter em nível doméstico um ou mais

órgãos de visita encarregados da prevenção da tortura e outros tratamentos ou


penas cruéis, desumanos ou degradantes (doravante denominados mecanismos
preventivos nacionais).”

Acompanhe quais são as atribuições do MNPCT: 

Realizar Visitas Regulares e Periódicas



Cabe ao Mecanismo planejar, realizar e monitorar visitas periódicas e regulares a pessoas
privadas de liberdade, em todas as unidades da Federação, para veri car as condições de fato e
de direito a que estão submetidas.
As visitas são o elemento-chave no processo de monitoramento e prevenção da tortura, pois
elas funcionam como um duplo aviso. De um lado, comunicam aos privados de liberdade que
alguém vela por sua integridade física e mental e, de outro, alertam os agentes responsáveis
pela custódia de pessoas de que eventuais violações cometidas poderão ser identi cadas e seus
perpetradores responsabilizados (BRASIL, Presidência da República. Secretaria de Direitos
Humanos, 2015).

Atuar de Forma Cooperativa com o Subcomitê de Prevenção da Tortura da ONU



O MNPCT deve se articular com o Subcomitê de Prevenção da Tortura da Organização das
Nações Unidas, de forma a dar apoio as suas missões no território nacional, e uni car as
estratégias e políticas de prevenção da tortura e de outros tratamentos e práticas cruéis,
desumanos ou degradantes. 

Requerer Investigação, Perícias e Produzir Provas



O Mecanismo pode requerer à autoridade competente que instaure procedimento criminal e
administrativo mediante a constatação de indícios da prática de tortura e de outros
tratamentos e práticas cruéis, desumanos ou degradantes veri cados durante suas visitas. 

Elaborar Relatórios de Visita e Recomendações



Deve, também, elaborar relatório circunstanciado de cada visita realizada no prazo máximo de
30 (trinta) dias, apresentá-lo ao CNPCT, à Procuradoria-Geral da República e às autoridades
responsáveis pela detenção e outras autoridades competentes. Deve ainda publicar os relatórios
de visitas periódicas realizadas e promover a difusão deles.
Um exemplo de relatório de visita está disponível em: clique aqui.  Trata-se da visita feita pelo
MNPCT à unidade de internação em Santa Maria no Distrito Federal.

Elaborar Relatório Anual



O Mecanismo deve elaborar, anualmente, relatório circunstanciado e sistematizado sobre o
conjunto de visitas realizadas e recomendações formuladas, além de comunicado sobre o teor
completo do relatório ao dirigente imediato do estabelecimento ou da unidade visitada, e ao
dirigente máximo do órgão ou da instituição a que esteja vinculado o estabelecimento ou
unidade visitada.
Isso vale para qualquer dos entes federativos (União, Distrito Federal, estados ou municípios)
ou ao particular responsável. O objetivo desta comunicação é de solucionar os problemas
identi cados e aprimorar o sistema.

O MNPCT deve ainda publicar o relatório anual e promover sua divulgação.


Relatório anual de 2017-2018 está disponível em: http://pfdc.pgr.mpf.mp.br/temas-de-
atuacao/tortura/relatorios-mnpc/mnpct-relatorio-anual-2017-2018

Elaborar Recomendações

O MNPCT deve fazer recomendações e observações às autoridades públicas ou privadas, com
vistas a garantir a observância dos direitos das pessoas privadas de liberdade.

Elaborar Proposições Legislativas



O MNPCT deve atuar articuladamente com o CNPCT na proposição e acompanhamento
legislativo, pois cabe ao Comitê monitorar as propostas normativas concernentes ao tema da
tortura e tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes em locais de privação da liberdade.
Elaborar seu Regimento Interno

O Regimento Interno do MNPCT foi aprovado pela Portaria nº. 20, de 12 de janeiro de 2016, do
então Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos e está disponível
em: Clique aqui

Todos os relatórios e documentos elaborados pelo MNPCT em sua


atuação estão publicados em:

Clique aqui

5.1. Composição e Escolha dos Membros do MNPCT

O MNPCT é composto por onze peritos, escolhidos pelo CNPCT e nomeados pelo Presidente da
República. Desde a criação do MNPCT, os onze peritos foram selecionados por meio de
processo seletivo para assumir cargos comissionados, com remuneração e impossibilidade de
exoneração, salvo nos casos previstos por lei.

Devem ser pessoas com notório conhecimento e formação de nível superior, atuação e
experiência na área de prevenção e combate à tortura e a outros tratamentos ou penas cruéis,
desumanos ou degradantes. Têm mandato xo de três anos, permitida uma recondução.

Independência dos Peritos do MNPCT e Garantia do Mandato

A independência é uma característica fundamental do MNPCT, sem a qual sua efetividade


estaria comprometida. Os elementos que fundamentam a independência são:
1. Processo de escolha aberto e participativo;

2. A garantia do mandato;

3. Liberdade de atuação sem interferência direta de autoridade pública ou privada;

4. Garantia de recursos nanceiros.

Por isso, não podem gurar como peritos pessoas que exerçam cargos executivos em
agremiação partidária ou que não tenham condições de atuar com imparcialidade no exercício
das competências do MNPCT.

A Lei nº. 12.847/ 2013 (art. 8º) garante independência de atuação e de mandato aos membros
do MNPCT, os quais não serão destituídos senão pelo Presidente da República nos casos de
condenação penal transitada em julgado, ou de processo disciplinar, em conformidade com as
Leis nº. 8.112/1990, e nº 8.429/1992.

A liberdade de atuação não signi ca que o Mecanismo não deve prestar contas de sua atuação:
seus membros devem se reunir periodicamente com o CNPCT e prestar contas de suas
atividades anualmente, além de submeter seus relatórios e recomendações ao Comitê.

Os relatórios e prestações de contas também devem ser publicados, permitindo à sociedade


civil exercer o controle social sobre as atividades do MNPCT.

A provisão de recursos materiais, humanos, nanceiros e logísticos constitui um dos pontos


importantes para o bom funcionamento do mecanismo. A Lei nº. 12.847/2013 determina que o
governo federal deve garantir apoio técnico, nanceiro e administrativo necessários ao
funcionamento do MNPCT, bem como do CNPCT e do SNPCT.

Em 2019, a atuação de peritos passou a ser considerada prestação


de serviço público relevante, não mais remunerada, de acordo com
o Decreto nº 9.831/2019.
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6. A Coordenação-Geral de Combate à Tortura e à


Violência Institucional (CGCTVI)

Se você já é integrante do Comitê Estadual de Proteção e Combate à Tortura ou está engajado


como defensor dos diretos humanos, possivelmente, já tem alguma noção do que faz a CGVTI.

A CGVTI ou Coordenação Geral de Combate à Tortura e a Violência Institucional é a unidade


administrativa que integra a estrutura da Secretaria Nacional de Proteção Global do ministério.
Ela é a responsável pela efetivação das ações e programas que visam à prevenção e o combate
à tortura.
De acordo com o Decreto n. 9.673, de 2019, a CGCTVI tem duas grandes atribuições:
coordenar ações de prevenção e combate à tortura e a todas as formas de tratamento cruel,
desumano e degradante e realizar ações relativas ao Sistema Nacional de Prevenção e Combate
à Tortura. Acompanhe os detalhes a seguir. 

Coordenar ações de prevenção e combate à tortura e a todas as formas de tratamento cruel,


desumano e degradante

A CGCTVI é responsável por realizar ações de prevenção e combate à tortura, coordenando-as


e articulando-as com outros órgãos do Poder Executivo, Poder Legislativo e Sistema de
Justiça, tanto no âmbito federal como estatual. Um exemplo da atuação da coordenação nesse
campo é o acompanhamento do Pacto para Prevenção e Combate à Tortura, o incentivo à
criação de Comitês e Mecanismos e articulação de ações sobre a temática no Governo Federal.

Realizar ações relativas ao Sistema Nacional de Prevenção e Combate à Tortura

Tais ações consistem em apoio à estruturação do SNPCT, através de medidas de incentivo à


criação, adesão e participação dos comitês e mecanismos estaduais de prevenção e combate à
tortura e por estratégias integradas, baseadas em informações quali cadas que permitam
garantir políticas e cientes para o enfrentamento da tortura. Cabe ainda à coordenação,
exercer a função de Secretaria-Executiva do Comitê Nacional de Prevenção e Combate à
Tortura.

Saiba mais

Para saber mais sobre a estruturação do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos
Humanos, a íntegra do decreto está disponível em: 

https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/decreto/d10174.htm
Conclusão

Já vimos que as políticas públicas em Direitos Humanos foram implementadas em um


processo em construção com diversos atores da sociedade. Por meio do diálogo, da
observância dos direitos expressos na Constituição Federal e do compromisso da agenda
governamental, foi possível avançar na construção de políticas públicas que visavam à
garantia e proteção de direitos a toda sociedade.

No caso da prevenção e combate à tortura, estes novos avanços foram sintetizados em um


Plano de Ações Integradas e na aprovação da Lei nº. 12.847/2013. Com a Lei n.º 12.847/2013, o
Estado brasileiro assumiu para si o compromisso de criar um Sistema Nacional de Prevenção e
Combate à Tortura.

O Sistema Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (SNPCT) é um conjunto articulado,


orgânico e descentralizado de instrumentos, mecanismos, órgãos e ações que visam o
fortalecimento da prevenção e do combate à tortura, bem como à eliminação de todas as
formas de tortura e tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes.

Já o Comitê Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (CNPCT) detém atribuições para


projetar e articular a política de prevenção à tortura. É um órgão colegiado, com representação
da sociedade civil e dos órgãos de governo. Possui responsabilidades de acompanhar, avaliar e
propor ações aos programas, aos projetos e aos planos do tema; propor medidas legislativas;
elaborar e publicar relatório das atividades bem como subsidiar o mecanismo nacional com
informações e participar da implantação das suas recomendações.

Tal rede contou com a cooperação e fortalecimento de organizações da sociedade civil e das
instituições públicas relacionadas ao tema com vistas ao enfrentamento desta grave violação
de direitos humanos.
ˀ Referências

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 5 de outubro de 1988.


Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm

BRASIL. Decreto nº. 40, de 15 de fevereiro de 1991. Promulga a Convenção Contra a


Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/D0040.htm

BRASIL. Lei nº. 9.455, de 7 de abril de 1997. De ne os crimes de tortura e dá outras


providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9455.htm

BRASIL. Lei nº. 12.847, de 2 de agosto de 2013. Institui o Sistema Nacional de Prevenção
e Combate à Tortura; cria o Comitê Nacional de Prevenção e Combate à Tortura e o
Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura; e dá outras providências.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-
2014/2013/Lei/L12847.htm

Brasil. Presidência da República. Secretaria de Direito Humanos. Questões fundamentais


para prevenção à tortura no Brasil/ Coordenação Geral de Combate à Tortura (ORG) – 1.
Ed – Brasília. Secretaria de Direitos Humanos, 2015. Disponível em:
https://www.gov.br/mdh/pt-br/centrais-de-conteudo/promocao-e-defesa/questoes-
fundamentais-para-prevencao-a-tortura-no-brasil/view

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