Módulo 4
Módulo 4
Módulo 4
e Enfrentamento à Tortura?
Bem-vindos ao Módulo 4.
MÓDULO 4 - QUAIS SÃO AS AR TICULAÇÕES PAR A PR EVEN ÇÃO E EN FR EN TAMEN TO À TOR TUR A?
Leia com atenção, clicando sobre a lupa, um trecho da matéria publicada naquela época acerca
do mecanismo de combate à tortura como sendo um dos esforços para melhoria do sistema
prisional e de assistência jurídica a presos assumidos pela DPE-AM.
Representantes do
MNPCT se reuniram em
Manaus com
representantes do
Judiciário, Executivo,
Ministério Público do
Estado (MP-AM), DPE-AM
e sociedade civil, para
(...)
Dito isso, o módulo será direcionado tendo em vista algumas questões essenciais. A saber:
Com que objetivo foi criado o Sistema Nacional de Prevenção e combate à tortura
(SNPCT)?
Por que alguns especialistas realizam visitas aos estados e para que servem os
relatórios produzidos por eles?
Há algum controle sobre a atuação destes órgãos e dos responsáveis que neles
trabalham?
Este módulo responde a essas perguntas, uma vez que apresenta as articulações sobre
prevenção e enfrentamento à tortura, - o Sistema Nacional de Prevenção e Combate à Tortura,
instituído pela Lei nº. 12.847, de 2013, e dois de seus órgãos estruturantes: o Comitê Nacional
de Prevenção e Combate à Tortura e o Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura.
Para tanto, serão abordadas a criação do sistema, sua composição, atribuições e princípios
norteadores. O módulo também abordará a atuação da Coordenação-Geral de Combate à
Tortura e à Violência Institucional do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos
Humanos na execução de políticas sobre a matéria. Então, mãos à obra!
De posse destas informações essenciais agora é necessário que você conheça alguns eventos
ocorridos no Brasil que impulsionaram a criação do SNPCT. Acompanhe!
Decreto nº 40/1991
A convenção que de niu as diretrizes para o enfrentamento à tortura e outros tratamentos ou penas
cruéis, desumanos ou degradantes em todo mundo foi promulgada por esse decreto.
Lei nº 9.455/1997
A lei de ne o crime de tortura e o Brasil deu um novo passo para o fortalecimento de uma legislação
que visa prevenir e enfrentar a tortura no país.
Decreto nº 6.085/2007
O Brasil aderiu ao Protocolo Facultativo à Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas
Cruéis, Desumanos ou Degradantes da ONU conhecido como OPCAT.
O protocolo OPCAT tem por objetivo estabelecer um sistema de visitas regulares efetuadas por órgãos
nacionais e internacionais independentes a lugares onde pessoas são privadas de sua liberdade com a
intenção de prevenir a tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes.
Ainda no ano de 2007 com a adesão do Brasil ao protocolo facultativo OPCAT¹ e a execução do
Após dois anos de tramitação no Congresso Nacional, o projeto de lei foi aprovado pelo
Senado em 11 de julho de 2013, instituindo-se a Lei nº. 12.847, de 2013. Assim, a criação do
Sistema Nacional de Prevenção e Combate à Tortura é fruto de uma longa construção
normativa no campo dos Direitos Humanos.
Saiba mais
–
A íntegra do Projeto de Lei apresentado pelo Poder Executivo ao Congresso Nacional está
disponível em:
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?
codteor=926266& lename=PL+2442/2011
Esta foi a primeira iniciativa para construir uma política pública de prevenção à tortura após a
promulgação da Constituição Federal de 1988 e da edição da Lei nº. 9455/1997 que tipi ca a
tortura como crime. Lançado em 2006, o objetivo do plano era repensar, redirecionar e
intensi car as ações de prevenção e combate da tortura, no intuito de dotá-las de maior
alcance e e cácia, no Sistema de Justiça Criminal brasileiro.
Na sequência, foi criado, em 2013, o Comitê Nacional para Prevenção e Controle da Tortura no
Brasil (CNPCT), no âmbito da então Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência
da República (que tinha status de ministério).
Você já sabe que foi instituído, após alguns anos de tramitação no Congresso Nacional, no
artigo 1º da Lei nº. 12.847, de 2013, o Sistema Nacional de Prevenção e Combate à Tortura
(SNPCT). O Sistema Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (SNPCT) é um conjunto
articulado, orgânico e descentralizado de instrumentos, mecanismos, órgãos e ações que
visam à eliminação de todas as formas de tortura e tratamentos cruéis, desumanos ou
degradantes, bem como o fortalecimento da prevenção e do combate à tortura.
Participação Obrigatória:
Participação Facultativa:
Por ora, é importante que você xe essa estrutura. Mais adiante falaremos de cada uma delas
com maior profundidade.
O Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária foi criado pela Lei de Execução Penal
(Lei nº. 7.210, de 1984). Para saber mais sobre a atuação do CNPCP, acesse:
https://www.gov.br/depen/pt-br/composicao/cnpcp
O Depen também foi criado pela Lei de Execução Penal (Lei nº. 7.210, de 1984). Para saber
mais sobre a atuação do Departamento Penitenciário Nacional, visite:
https://www.gov.br/depen/pt-br.
A Lei nº. 12.847/2013 também previu a participação facultativa de outras entidades e órgãos. A
menção expressa de alguns órgãos representa um incentivo para que integrem o SNPCT como
forma de permitir a cooperação e comunicação entre elas com vistas à prevenção e o combate
da tortura.
O Poder Legislativo poderá participar por meio de suas respectivas comissões de direitos
humanos, tanto do âmbito federal, estadual, distrital, como municipal. Participam também, de
maneira facultativa, os órgãos do Sistema de Justiça (Poder Judiciário, Ministério Público e
Defensoria Pública).
Pelo Poder Judiciário podem integrar o Conselho Nacional de Justiça, os juízes da infância,
adolescência, militar e de execução penal e, por extensão, os juízes responsáveis pela
supervisão das unidades de prisão preventiva, cuja participação deve ser incentivada.
A referência aos órgãos do Ministério Público dá-se sobretudo em função de suas atribuições
institucionais de scalização das instituições públicas, com destaque para as polícias e
estabelecimentos de privação da liberdade, especialmente na repressão à tortura.
A Lei de Execução Penal dispõe que haverá, em cada comarca, um Conselho da Comunidade,
composto, no mínimo, por um representante de associação comercial ou industrial, um
advogado indicado pela seção da Ordem dos Advogados do Brasil e um assistente social
escolhido pela Delegacia Seccional do Conselho Nacional de Assistentes Sociais.
Mecanismo Nacional de
Prevenção e Combate à Tortura
– (MNPCT);
Obrigatória/ Não tem participação
Estruturante Conselho Nacional de Política obrigatória.
Criminal e Penitenciária
(CNPCP);
Departamento Penitenciário
Nacional (DEPEN).
Defensorias públicas;
Conselhos da comunidade e
conselhos penitenciários
estaduais e distrital;
Corregedorias e Ouvidorias de
Polícia, dos sistemas
penitenciários federal,
estaduais e distrital e demais
ouvidorias com atuação
relacionada à prevenção e
combate à tortura, incluídas as
agrárias;
Conselhos estaduais,
municipais e distrital de
direitos humanos;
Conselhos tutelares e
conselhos de direitos de
crianças e adolescentes.
A Lei n°. 12.847/2013 de niu, em seu artigo 4º, os princípios norteadores do SNPCT, alguns
previstos expressamente no Protocolo Facultativo à Convenção contra a Tortura e outros
Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes (OPCAT).
Proteção da dignidade da pessoa humana
–
Envolve as dimensões da pessoa (reputação, pro ssão, imagem), a sua individualidade
(privacidade, intimidade, autoestima) e, também, sua pertença ao gênero humano, aspecto
físico, sua etnia, cultura. Esse princípio tem um aspecto operacional, uma vez que o SNPCT
deve atuar de forma a promover e proteger os direitos fundamentais da pessoa privada de
liberdade. Por exemplo, de acordo com esse princípio, a impossibilidade de ingresso dos
membros do MNPCT em locais de privação de liberdade sob o argumento da segurança não
pode ocorrer (BRASIL, Presidência da República. Secretaria de Direito Humanos, 2015).
O princípio da imparcialidade
–
Os órgãos do SNPCT devem atuar de forma transparente e sem atender a interesses de
partidos, governos, grupos ou pessoas. Impõe ainda que o CNPCT estabeleça critérios públicos
e participativos para a escolha dos membros do MNPCT. E, relacionado com a imparcialidade,
está a objetividade que obriga os órgãos do SNPCT a atuarem com isenção. Os relatórios do
MNPCT, por exemplo, devem re etir o princípio da objetividade nos seus relatos, constatações
e recomendações (BRASIL, Presidência da República. Secretaria de Direito Humanos, 2015).
As diretrizes do SNPCT organizam o sistema para que melhor alcance seus objetivos,
assegurando seu bom funcionamento. São elas:
Respeito integral aos direitos humanos, em especial aos direitos das pessoas privadas de
liberdade.
Sobre a escolha dos membros de classe e da sociedade civil, a Lei nº.12.847/2013 assegurou a
realização de prévia consulta pública para a escolha dos membros de classe e da sociedade
civil, observadas a representatividade e a diversidade da representação.
Diferentemente da composição do antigo Comitê Nacional para
Prevenção e Controle da Tortura no Brasil – CNPCT que era
integrado por até cinco representantes de entidades não-
governamentais e escolhidas pelo então Secretário Especial dos
Direitos Humanos, a Lei nº.12.847/2013 estabeleceu uma
composição maior de entes, organizações e instituições não-
governamentais mediante consulta pública, considerando a
representatividade e diversidade de representação. Trata-se de
uma medida fundamental para garantir maior participação da
sociedade civil nas políticas de enfrentamento à tortura.
São muitas siglas estudadas até agora, certo? Falaremos de mais uma delas. Trata-se do
Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (MNPCT). Se você já é integrante de
algum Comitê Estadual de proteção e combate à tortura já deve estar familiarizado com o
MNPCT.
Elaborar Recomendações
–
O MNPCT deve fazer recomendações e observações às autoridades públicas ou privadas, com
vistas a garantir a observância dos direitos das pessoas privadas de liberdade.
Clique aqui
O MNPCT é composto por onze peritos, escolhidos pelo CNPCT e nomeados pelo Presidente da
República. Desde a criação do MNPCT, os onze peritos foram selecionados por meio de
processo seletivo para assumir cargos comissionados, com remuneração e impossibilidade de
exoneração, salvo nos casos previstos por lei.
Devem ser pessoas com notório conhecimento e formação de nível superior, atuação e
experiência na área de prevenção e combate à tortura e a outros tratamentos ou penas cruéis,
desumanos ou degradantes. Têm mandato xo de três anos, permitida uma recondução.
2. A garantia do mandato;
Por isso, não podem gurar como peritos pessoas que exerçam cargos executivos em
agremiação partidária ou que não tenham condições de atuar com imparcialidade no exercício
das competências do MNPCT.
A Lei nº. 12.847/ 2013 (art. 8º) garante independência de atuação e de mandato aos membros
do MNPCT, os quais não serão destituídos senão pelo Presidente da República nos casos de
condenação penal transitada em julgado, ou de processo disciplinar, em conformidade com as
Leis nº. 8.112/1990, e nº 8.429/1992.
A liberdade de atuação não signi ca que o Mecanismo não deve prestar contas de sua atuação:
seus membros devem se reunir periodicamente com o CNPCT e prestar contas de suas
atividades anualmente, além de submeter seus relatórios e recomendações ao Comitê.
Saiba mais
–
Para saber mais sobre a estruturação do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos
Humanos, a íntegra do decreto está disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/decreto/d10174.htm
Conclusão
Tal rede contou com a cooperação e fortalecimento de organizações da sociedade civil e das
instituições públicas relacionadas ao tema com vistas ao enfrentamento desta grave violação
de direitos humanos.
ˀ Referências
–
BRASIL. Lei nº. 12.847, de 2 de agosto de 2013. Institui o Sistema Nacional de Prevenção
e Combate à Tortura; cria o Comitê Nacional de Prevenção e Combate à Tortura e o
Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura; e dá outras providências.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-
2014/2013/Lei/L12847.htm
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virtual.