Princípios Institucionais PDF
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Introdução:
• Art. 134. A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do regime
democrático, fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos
individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º desta Constituição Federal.
• Regulamentação constitucional:
• Na Constituição Federal: artigo 134 e parágrafos.
• Na Constituição Estadual: art. 179 e seguintes.
• Assistência jurídica integral e gratuita vs. gratuidade de justiça: “A análise do exercício do direito à assistência jurídica integral e gratuita incumbe exclusivamente ao
Defensor Público, independentemente do teor da decisão judicial acerca da gratuidade de justiça” (art. 1º).
• Art. 3° - O serviço de assistência jurídica integral e gratuita também deverá ser prestado aos hipossuficientes, assim consideradas as pessoas que não tenham
condições econômicas de contratar advogado e de pagar as custas judiciais, a taxa judiciária, os emolumentos ou outras despesas, sem prejuízo do sustento próprio
ou de sua família.
• Art. 11 - A caracterização da hipossuficiência econômica, de acordo com os parâmetros estabelecidos nesta Deliberação, poderá ser excepcionada pelo Defensor
Público: (...)
• II - para postular tutela de urgência que exija imediata intervenção para evitar o perecimento do direito fundamental do interessado;
• Parágrafo Único - Na hipótese do inciso II, salvo se houver modificação na condição econômica da parte, cessada a condição de urgência, o Defensor Público
informará ao interessado e ao juízo a impossibilidade de continuidade da assistência jurídica, requerendo a fixação de honorários sucumbenciais proporcionais à
atuação da Defensoria Pública no processo.
• E as pessoas jurídicas? A Defensoria Pública pode prestar assistência jurídica às pessoas jurídicas que preencham os requisitos constitucionais. STF. Plenário. ADI
4636/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 3/11/2021 (Info 1036).
Quem são os “necessitados”?
• Art. 2° - A Defensoria Pública prestará o serviço de assistência jurídica integral e gratuita em todos os graus, judicial e
extrajudicial, incumbindo-lhe a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a mais ampla defesa dos direitos
fundamentais individuais, coletivos, sociais, econômicos, culturais e ambientais, sendo admissíveis todas as espécies de ações
capazes de sanar a situação de risco, propiciando a adequada e efetiva tutela das pessoas em situação de vulnerabilidade,
destacando-se:
• I - crianças e adolescentes;
• II - idosos;
• III - pessoas com deficiência;
• IV - mulheres vítimas de violência doméstica ou familiar;
• V - consumidores superendividados;
• VI - pessoas vítimas de discriminação por motivo de etnia, cor, gênero, origem, raça, religião ou orientação sexual;
• VII - pessoas privadas de liberdade em razão de prisão ou internação;*
• VIII- vítimas de graves violações de direitos humanos.
• *Art. 9° - Nos casos de atuação da Defensoria Pública no âmbito penal - processos de conhecimento, cautelar e de execução
penal - ficando demonstrado que o interessado não preenche os requisitos estabelecidos na presente Deliberação, incumbirá
ao Defensor Público com atribuição para atuar no processo requerer ao juízo competente a fixação de honorários advocatícios,
a serem revertidos em favor do Centro de Estudos Jurídicos da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, na forma da Lei
Estadual n° 1.146/87.
Regime jurídico da instituição: autonomias.
• Breve histórico do desenvolvimento da autonomia institucional:
• Exigência em provas: “Fere a autonomia funcional e administrativa da Defensoria Pública a ordem judicial para a
implementação de determinadas unidades/sedes.” Certo ou errado? CERTO! DPEPR / Banca própria / 2022.
• A posição do STF: “Ofende a autonomia administrativa das Defensorias Públicas decisão judicial que determine a lotação
de defensor público em localidade desamparada, em desacordo com os critérios previamente definidos pela própria
instituição, desde que observados os critérios do art. 98, caput e § 2º, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias –
ADCT.” STF. Plenário. RE 887671/CE, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Ricardo Lewandowski, julgado em
08/03/2023 (Repercussão Geral – Tema 847) (Info 1086).
3. Autonomia financeira (art. 134, §2º e 3º, da CRFB).
• Iniciativa de proposta orçamentária:
• Exigência em provas: “É inconstitucional a Lei Orçamentária Anual na qual Governador do
Estado, ao encaminhar o projeto para a Assembleia Legislativa, reduziu a proposta
orçamentária elaborada pela Defensoria Pública e que estava de acordo com a Lei de
Diretrizes Orçamentárias.” Certo ou errado? CERTO! DPEPR / Banca própria / 2022.
• Debates sobre a cobrança de honorários em face do MESMO ENTE POLÍTICO (ex: Estado do RJ) e a posição clássica do STJ e do TJ/RJ:
• Súmula n. 421 do STJ: “Os honorários advocatícios não são devidos à Defensoria Pública quando ela atua contra a pessoa jurídica de direito público à qual pertença.”
• Súmula n. 80 do TJ/RJ: “A Defensoria Pública é órgão do Estado do Rio de Janeiro. Logo, a este não pode impor condenação nos honorários em favor daquele Centro
de Estudos, conforme jurisprudência iterativa do STJ.”
• Súmula n. 322 do TJ/RJ: “Não cabe a condenação, nem a execução, de autarquias estaduais ou fundações autárquicas estaduais a pagar honorários advocatícios em
favor do Centro de Estudos Jurídicos da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro.”
• Argumentos:
• 1) O instituto civilístico da confusão deve ser aplicado com cautela no âmbito do Direito Público;
• 2) A Defensoria Pública não pode ser considerada como um mero órgão da Administração Direta. A Defensoria Pública goza de autonomia funcional, administrativa
e orçamentária, o que a faz ter o status de órgão autônomo. Assim, a Defensoria Pública possui orçamento e fundos próprios, bem como autonomia para geri-los;
• 3) O art. 4º, inciso XXI, da LC n. 80/94 é expresso no sentido de que é função institucional “executar e receber as verbas sucumbenciais decorrentes de sua atuação,
inclusive quando devidas por quaisquer entes públicos”.
• 4) “os honorários hão de servir como desestímulo à oposição de resistência injustificada, revelada por meio da interposição de recursos inviáveis e protelatórios por
parte do ente público sucumbente.” (Barroso)
Regime jurídico da instituição: autonomias.
• É inconstitucional, por violar o art. 134, § 2º, da CF/88, lei estadual que traga as
seguintes previsões:
• a) A DPE integra a Administração Direta;
• b) O Governador do Estado é auxiliado pelo Defensor Geral do Estado;
• c) O Defensor Público-Geral é equiparado a Secretário de Estado.
• As Defensorias Públicas gozam de autonomia funcional e administrativa. Por essa
razão, qualquer medida normativa que suprima essa autonomia da Defensoria
Pública, vinculando-a a outros Poderes, em especial ao Executivo, implicará
violação à Constituição Federal.
• STF. Plenário. ADI 4056/MA, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 7/3/2012
(Info 657).
Regime jurídico da instituição: iniciativa de lei.
• Art. 134, §4º, da CRFB: determina que sejam aplicadas à Defensoria Pública as disposições dos artigos 93 e 96, inciso II, da CRFB, que preveem a
iniciativa privativa dos Tribunais para propor projetos de lei que versem sobre matérias institucionais, como a iniciativa privativa atribuída ao STF
sobre o Estatuto da Magistratura.
• Art. 61, §1º, inciso II, alínea d, da CRFB: prevê que são de iniciativa privativa do PRESIDENTE DA REPÚBLICA as leis que disponham sobre
organização da Defensoria Pública da União, bem como normas gerais para a organização da Defensoria Pública dos Estados, do Distrito Federal e
dos Territórios.
• Situação 1. Normas sobre o regime jurídico da DPU: competência concorrente entre o Presidente da República e o Defensor Público-Geral
Federal.
• Situação 2. Normas gerais nacionais sobre as DPEs e a DPDF: competência privativa do Presidente da República.
• Situação 3. Normas estaduais específicas sobre a DPE e a DPDF: competência privativa do Defensor Público-Geral do Estado ou do Distrito
Federal.
• Previsão na CERJ, por meio da EC n. 72 de 2019:
• Art. 112 A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da Assembleia Legislativa, ao Governador
do Estado, ao Tribunal de Justiça, ao Ministério Público, a Defensoria Pública e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta
Constituição.
• Art. 181-A Compete à Defensoria Pública, dentro de sua autonomia funcional, administrativa e financeira, nos limites dispostos no artigo 213
desta Constituição, propor à Assembleia Legislativa a criação e extinção de seus cargos e serviços auxiliares, bem como a fixação de
vencimentos de seus membros e servidores.
Princípios institucionais:
• Fundamento constitucional:
• Constituição Federal: “São princípios institucionais da Defensoria Pública a unidade, a indivisibilidade e a independência funcional,
aplicando-se também, no que couber, o disposto no art. 93 e no inciso II do art. 96 desta Constituição Federal.” (art. 134, § 4º)
• Constituição do RJ: “São princípios institucionais da Defensoria Pública a unicidade, a impessoalidade e a independência funcional.”
(art. 179, §2º, da CERJ)
• Exigência em provas: “A Emenda Constitucional nº 80/2014 trouxe significativas alterações ao perfil constitucional da Defensoria Pública,
prevendo, entre outras inovações, a (...) constitucionalização dos princípios institucionais da Defensoria Pública.” Certo ou errado? CERTO!
DPESC / FCC / 2022 = DPEPB / FCC / 2022.
• 1. Unidade:
• Conceito: a unidade indica que a Defensoria deve ser vista, sob o prisma funcional, como instituição única, compondo seus membros
um mesmo todo unitário.
• Ex 1: “A Defensoria Pública da União deverá firmar convênios com as Defensorias Públicas dos Estados e do Distrito Federal, para que
estas, em seu nome, atuem junto aos órgãos de primeiro e segundo graus de jurisdição referidos no caput, no desempenho das
funções que lhe são cometidas por esta Lei Complementar.” (art. 14, §1º, da LC n. 80/94).
• Ex 2: A DPU só pode atuar nos processos das Defensorias Públicas estaduais que tramitam em Tribunais Superiores se a respectiva
Defensoria Pública estadual: • não tiver representação em Brasília; e • não tiver aderido ao Portal de Intimações Eletrônicas do STJ.
(STJ. 5ª Turma. PET no AREsp 1513956/AL, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 17/12/2019) – DPESE / Cespe / 2022.
Princípios institucionais:
• 2. Indivisibilidade (“impessoalidade” – art. 179, §2º, da CRFB):
• Conceito: já a indivisibilidade, corolário da unidade, significa que os membros da Defensoria formam um todo indivisível. Quando um
membro atua, quem na realidade está atuando é a Defensoria Pública, havendo razoável fungibilidade entre seus membros (por isso
também denominada por alguns como “impessoalidade”).
• 3. Independência funcional:
• Autonomia vs. independência funcional.
• “(...) a independência funcional garante ao Defensor autonomia em sua atividade-fim, funcionalmente livre de interferências,
inclusive do escalão superior da instituição, devendo obediência apenas ao ordenamento jurídico e sua consciência.
• Esta (independência funcional) constitui princípio institucional tendente a salvaguardar o livre exercício das funções institucionais,
voltada ao Defensor individualmente, inclusive contra ingerências da administração superior. Aquela (autonomia funcional), por
sua vez, é instituto direcionado para a Defensoria globalmente considerada, garantindo sua autonomia frente aos demais poderes
ou ingerências externas em matérias interna corporis.”
• Requisitos:
• Membros estáveis da carreira;
• Maiores de 35 anos;
• Escolhidos por lista tríplice;
• Nomeados pelo Governador;
• Mandato de 2 anos, permitida UMA recondução.
• Aprovação pela Assembleia Legislativa? NÃO! “É vedada à legislação estadual submeter à aprovação prévia da
Assembleia Legislativa a nomeação de dirigentes de Autarquias, Fundações Públicas, Presidentes de Empresas de
Economia Mista, Interventores de Municípios, bem como de titulares de Defensoria Pública e da Procuradoria-Geral do
Estado; por afronta à separação de poderes.” [ADI 2.167, red. do ac. min. Alexandre de Moraes, j. 3-6-2020, P, DJE de 11-
11-2020.]
Chefia institucional: regulamentação na LC/RJ n. 6/77.
• Art. 7º A Chefia da Defensoria Pública é exercida pelo Defensor Público Geral, nomeado pelo Governador do Estado, dentre os integrantes estáveis da carreira,
maiores de 35 (trinta e cinco) anos, indicados em lista tríplice, para mandato de 2 (dois) anos, permitida uma recondução.
• § 1º A lista de que trata o presente artigo será composta em eleição a ser realizada na primeira quinzena do mês de novembro do último ano do mandato do
Defensor Público Geral em exercício, mediante voto direto, plurinominal, obrigatório e secreto de todos os membros da Defensoria Pública, considerando-se
classificados para integrá-la os 3 (três) concorrentes que obtiverem a maior votação.
• § 2º Em caso de empate será considerado classificado para integrar a lista o candidato mais antigo na carreira, ou, permanecendo o empate, o mais idoso.
• § 3º A lista mencionada no caput será enviada ao Governador do Estado nos 5 (cinco) primeiros dias do ano subsequente à eleição para o cargo de Defensor
Público Geral.
• § 4º Ainda que haja número inferior a 3 (três) candidatos, a lista de que trata o caput será enviada em ordem de votação, para a escolha de 1 (um) de seus
integrantes.
• § 5º Caso o Chefe do Poder Executivo não efetive a nomeação do Defensor Público Geral nos 15 (quinze) dias corridos que se seguirem ao recebimento da lista
tríplice, será investido automaticamente no cargo o Defensor Público mais votado para exercício do mandato.
• § 6º Vagando-se, no curso do biênio, o cargo de Defensor Público Geral, proceder-se -á, dentro de 30 (trinta) dias corridos, nova eleição para elaboração de lista
tríplice salvo se a vacância ocorrer a menos de 6 (seis) meses do final do mandato, caso em que, deverá ser nomeado para o cargo, pelo Governador do Estado,
o Subdefensor Público Geral de Gestão, o Subdefensor Público Geral Institucional ou o Corregedor Geral da Defensoria Pública, obedecida esta ordem, para
complementação do mandato interrompido;
• § 7º O Conselho Superior da Defensoria Pública estabelecerá normas complementares, regulamentando o processo eleitoral para a elaboração da lista tríplice a
que se refere este artigo.
• § 8º O Defensor Público Geral, assegurada a ampla defesa, poderá ser destituído pelo voto de 2/3 (dois terços) dos membros da Assembleia Legislativa em caso
de abuso de poder, conduta incompatível ou grave omissão nos deveres do cargo e mediante:
• I – representação de 1/3 (um terço) dos Deputados Estaduais, ou;
• II – representação do Governador do Estado, ou;
• III – representação de 2/3 (dois terços) dos membros, em atividade, da Defensoria Pública.
• Art. 105-B. O Ouvidor-Geral será escolhido pelo Conselho Superior, dentre cidadãos
de reputação ilibada, não integrante da Carreira, indicados em lista tríplice formada
pela sociedade civil, para mandato de 2 (dois) anos, permitida 1 (uma) recondução.
• Art. 20-B - O Ouvidor-Geral será escolhido pelo Conselho Superior, dentre cidadãos de reputação ilibada, não integrante da
Carreira, indicados em lista tríplice formada pela sociedade civil, para mandato de 2 (dois) anos, permitida 1 (uma) recondução.
(...)
• § 3º - O Ouvidor-Geral será nomeado pelo Defensor Público-Geral do Estado, no prazo de quinze dias após a escolha.
• § 4º - O cargo de Ouvidor-Geral será exercido em regime de dedicação exclusiva.
• Contudo, Municípios podem instituir serviço de assistência jurídica à população de baixa renda. STF. Plenário. ADPF 279/SP, Rel. Min. Cármen
Lúcia, julgado em 3/11/2021 (Info 1036).
1. Competência comum de todos os entes de combater a pobreza e promover justiça social (art. 23, inciso X).
2. Competência concorrente para legislar sobre assistência jurídica e Defensoria pública (art. 24, inciso XIII).
3. Possibilidade de os Municípios legislarem sobre assunto de interesse local e suplementar a legislação federal e estadual (art. 30, incisos I e
II).
4. A Defensoria Pública não detém o monopólio da assistência jurídica gratuita. Ex: escritórios modelos.
5. Quanto mais prestação de assistência jurídica gratuita, melhor.
• Críticas:
1. Os Municípios NÃO possuem competência constitucional (nem mesmo suplementar) para legislar sobre a matéria (art. 24, inciso XIII, da
CRFB);
2. O modelo de assistência jurídica integral e gratuita adotado pela Constituição é o MODELO PÚBLICO DEFENSORIAL, sendo sim exclusivo;
3. Em decorrência do paralelismo necessário, se não há Poder Judiciário ou Ministério Público municipal, tampouco pode haver “Defensoria
Pública Municipal”;
4. O art. 98 do ADCT prevê que até o presente ano (2022), deveria haver Defensoria Pública em TODAS as unidades jurisdicionais do país. Por
isso, argumentos de insuficiência do serviço público prestado pela Instituição deveriam ser superados pelo reconhecimento da
normatividade e imperatividade do texto constitucional, impondo-se mais investimento para a efetiva implementação da vontade do Poder
Constituinte Derivado decorre da EC n. 80/14;
5. A assistência jurídica municipal e os respectivos advogados, dificilmente, serão contratados por concurso público. Provavelmente, servirão
como “cabide eleitoral” de prefeitos e dificilmente prestarão o serviço com a autonomia e independência necessárias.
Regime jurídico dos Membros: ingresso na carreira.
• Regramento constitucional (CRFB):
• Art. 134, § 1º Lei complementar organizará a Defensoria Pública da União e do Distrito Federal e dos Territórios e
prescreverá normas gerais para sua organização nos Estados, em cargos de carreira, providos, na classe inicial,
mediante concurso público de provas e títulos (...).
• Regramento para as DPEs: ausência de exigência de prática jurídica na legislação nacional (art. 112).
• Ex: DPERJ - Art. 47 – O Regulamento do concurso exigirá dos interessados os seguintes requisitos: (...)
• IV – ter 3 (três) anos de atividade jurídica;
• Parágrafo único. Considera-se atividade jurídica o exercício da advocacia, o cumprimento de estágio em direito
reconhecido por lei, o exercício de cargo, emprego ou função que exija bacharelado em direito ou proíba o
exercício da advocacia.
Regime jurídico dos Membros: garantias.
• Inamovibilidade (art. 134, §1º, da CRFB):
• Previsão expressa na Constituição Federal (art. 134, §1º, da CRFB) e na Constituição Estadual (art. 181, inciso II, da CERJ).
• “A inamovibilidade visa garantir a independência funcional do defensor público, que terá a liberdade de litigar contra autoridades locais, sem o
risco de ser removido arbitrariamente da lotação onde atua, contra sua vontade.” (Flávio Martins)
• Exceção legal (LC n. 80/94):
• Art. 118. Os membros da Defensoria Pública do Estado são inamovíveis, salvo se apenados com remoção compulsória, na forma da lei
estadual.
• Art. 120. A remoção compulsória somente será aplicada com prévio parecer do Conselho Superior, assegurada ampla defesa em processo
administrativo disciplinar.
• Aspecto físico + aspecto funcional.
• Vitaliciedade? NÃO! “Aos defensores públicos é garantida a estabilidade, e NÃO a vitaliciedade, apesar de críticas doutrinárias.” (Flávio Martins)
Regime jurídico dos Membros: prerrogativas.
• Art. 128. São prerrogativas dos membros da Defensoria Pública do Estado, dentre outras que a lei local estabelecer:
• I – receber, inclusive quando necessário, mediante entrega dos autos com vista, [1] INTIMAÇÃO PESSOAL em qualquer
processo e grau de jurisdição ou instância administrativa, [2] contando-se-lhes EM DOBRO TODOS OS PRAZOS;
• Prazo em dobro no processo penal? SIM!
• X - REQUISITAR de autoridade pública ou de seus agentes exames, certidões, perícias, vistorias, diligências, processos,
documentos, informações, esclarecimentos e providências necessárias ao exercício de suas atribuições;
• A recente posição do STF: A prerrogativa de requisição conferida aos membros da Defensoria Pública é constitucional. STF.
Plenário. ADI 6852/DF e ADI 6862/PR, Rel. Min. Edson Fachin, julgados em 18/2/2022 (Info 1045).
Poder de requisição e a posição do STF:
• Defensor Público não é advogado!
• Prerrogativa essencial para o exercício das funções institucionais (teoria dos poderes implícitos):
• “ao conceder tal prerrogativa aos membros da Defensoria Pública, o legislador buscou propiciar condições
materiais para o exercício de seu mister, não havendo que se falar em qualquer espécie de violação ao texto
constitucional, mas ao contrário, em sua densificação.” (p. 5)
• Obs: mesmo fundamento para a investigação direta pelo MP (p. 5-6).
• A prerrogativa de requisição não viola a isonomia, mas sim a promove (p. 9).
• Poder de requisitar os autos de inquérito já existente vs. poder de requisitar a instauração de inquérito:
• É INconstitucional norma estadual que confere à Defensoria Pública o poder de requisição para
instaurar inquérito policial. STF. Plenário. ADI 4346/MG, Rel. Min. Roberto Barroso, redator do acórdão
Min. Alexandre de Moraes, julgado em 13/03/2023 (Info 1086).
• Poder de requisição de imagens das câmeras corporais e das viaturas de agentes de segurança:
• “deve o Estado do Rio de Janeiro, no prazo de 30 dias, a contar da data de publicação desta decisão,
adotar todas as providências técnicas necessárias para garantir (i) o acesso nos casos em que há
investigações em andamento; (ii) o envio imediato das mídias ao MPRJ; (iii) a regular disponibilização à
DPERJ; (iv) e o efetivo acesso às vítimas da ocorrência e seus familiares, por meio de seus
representantes legais.” (decisão monocrática do Min. Edson Fachin na ADPF 635, noticiada em 5 de
junho de 2023)
Funções institucionais: tutela coletiva.
• Leitura altamente recomendável! DELIBERAÇÃO CS/DPGE nº 125 de 20 de dezembro de 2017
(https://defensoria.rj.def.br/uploads/arquivos/9e90b5c541d640de99d9e8a46fda5bb1.pdf)
• Art. 5º, inciso II, da Lei 7.347/85 (LACP), incluído pela Lei n. 11.448/07.
• EC n. 80/14 e a nova redação do art. 134, caput, da CRFB: “direitos individuais e coletivos”.
• Declaração de constitucionalidade legitimidade ativa da Defensoria Pública para ajuizar ação civil pública pelo STF: ADI 3.943, rel. min.
Cármen Lúcia, j. 7-5-2015, P, DJE de 6-8-2015.
• 2. Possibilidade de convocação de audiências públicas (art. 4º, inciso XXII, da LC n. 80/94). Finalidades (Deliberação n. 125):
• Art. 28. Os órgãos da Defensoria Pública poderão, no curso do procedimento de instrução, realizar audiências públicas, com a finalidade de
garantir a participação popular na tomada de decisões de interesse coletivo; buscar informações gerais junto à comunidade envolvida a respeito
do conflito coletivo apurado (espécie de dano, sua amplitude e consequências); identificar aspirações e necessidades coletivas em determinada
questão; repartir com a comunidade interessada a responsabilidade quanto às decisões que se impõem ao membro da Defensoria Pública; buscar
o entendimento com os contendores cujas ações ou omissões vêm afetando a comunidade e defender a obediência, pelos Poderes Públicos e
pelos serviços de relevância pública e social, dos direitos e garantias constitucionais. ]
• 4. Possibilidade de celebrar Termos de Ajustamento de Conduta-TAC (art. 5º, §6º, da LACP c/c Deliberação n. 125):
• Art. 30. Os Defensores Públicos integrantes dos órgãos previstos nos arts. 2º e 7º da presente Deliberação deverão, antes ou após a judicialização
do conflito, empreender esforços para tomar do interessado compromisso quanto ao ajustamento de sua conduta às exigências legais, impondo-
lhe o cumprimento das obrigações necessárias à reparação do dano ou prevenção do ilícito.
• Art. 134, §1º, parte final, da CRFB: “vedado o exercício da advocacia fora das atribuições institucionais.”
• É inconstitucional a exigência de inscrição do Defensor Público nos quadros da Ordem dos Advogados do Brasil. STF. Plenário. RE 1240999/SP,
Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 3/11/2021 (Repercussão Geral – Tema 1074) (Info 1036).
• Argumentos:
• 1) O art. 134, §1º, da CRFB, determina que a Defensoria seja regulamentada por intermédio de Lei Complementar. Sendo o Estatuto da OAB
lei ordinária, não poderia dispor sobre a instituição (inconstitucionalidade formal);
• 2) Defensor Público não é advogado. Com a EC 80/14, essa separação ontológica entre a Defensoria e advocacia comum acabou sendo
definitivamente explicitada na Constituição, com a regulamentação em seções distintas;
• 3) A capacidade postulatória dos Defensores decorre exclusivamente da posse no cargo. Nesse sentido o art. 4º, §6º, da LC 80/94, dispositivo
posterior (critério cronológico) e especial (critério da especialidade);
• 4) A função constitucional exercida pela Defensoria não comporta qualquer espécie de vinculação ou subordinação a entidades externas.
• II - requerer, advogar, ou praticar em Juízo ou fora dele, atos que de qualquer forma colidam com as funções inerentes ao seu cargo, ou com os preceitos
éticos de sua profissão;
• III - receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, honorários, percentagens ou custas processuais, em razão de suas atribuições;
• É inconstitucional a legislação do Estado de São Paulo que prevê a celebração de convênio exclusivo e obrigatório entre a
Defensoria Pública de SP e a OAB-SP. Esta previsão ofende a autonomia funcional, administrativa e financeira da Defensoria
Pública estabelecida no art. 134, § 2º, da CF/88. STF. Plenário. ADI 4163/SP, Rel. Min. Cezar Peluso, julgado em 29/2/2012 (Info
656).
• O Defensor Público, atuando em nome da Defensoria Pública, possui legitimidade para impetrar MS em defesa das funções
institucionais e prerrogativas de seus órgãos de execução; essa legitimidade não é exclusiva do Defensor Público-Geral. STJ. 4ª
Turma. RMS 64917/MT, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 7/6/2022 (Info 742).
• É inconstitucional lei estadual que fixa o tempo de serviço público como critério de desempate na aferição da antiguidade para a
promoção e a remoção de Defensores Públicos. STF. Plenário. ADI 7.317/RS, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 3/5/2023 (Info
1092).