Muitos Cristãos São Como Esta Avó
Muitos Cristãos São Como Esta Avó
Muitos Cristãos São Como Esta Avó
Jesus prometeu àqueles que O seguem: “Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz;
não vo-la dou como o mundo a dá. Não se perturbe o vosso coração, nem se
atemorize” (João 14:27). Ele proferiu estas palavras reconfortantes na noite
mais difícil que enfrentou na terra – a noite antes da Sua crucificação. Sete vezes
no Novo Testamento o nosso Deus é chamado Deus ou Senhor da paz. Essa paz
pode ser constante na vida de um cristão, mesmo na adversidade. No nosso
texto, Paulo, feito prisioneiro, explica-nos como:
Isto significa que, no que toca a lidar com a ansiedade, devemos começar por
confrontar as nossas razões para querer ter paz. Se a razão para desejarmos
estar livres de ansiedade é gozar uma vida tranquila e agradável, o nosso foco é
egocêntrico e, portanto, errado. Muitas pessoas recorrem a Cristo porque se
sentem ansiosas e desejam a paz que Ele oferece. Contudo, se não lidarem com o
facto de que vivem para agradar a si mesmas e não a Deus, acabarão por cair
numa existência egocêntrica, “usando Deus” para sua própria paz e conforto.
Jesus disse: “Pois quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas quem perder a
vida por minha causa e pelo Evangelho, salvá-la-á” (Marcos 8:35). A paz que
Cristo oferece advém de O enaltecer como Senhor e viver para o Seu reino.
Na parábola do semeador (Lucas 8:14), Jesus alerta que a semente caída entre
os espinhos representa aqueles que ouvem o Evangelho e, “ao seguirem o seu
caminho, são sufocados pelas preocupações, pelas riquezas e pelos prazeres
desta vida, e não amadurecem”. Preocupações é o termo relacionado com o verbo
grego andar ansioso no nosso texto. O que assusta nas palavras de Jesus é isto:
no meu entendimento desta parábola, apenas um dos grupos é verdadeiramente
salvo, nomeadamente, aquele que frutifica com perseverança. Aqueles que
afirmam crer, mas que depois são sufocados por preocupações, riquezas e
prazeres nunca tiraram o seu ego do trono das suas vidas para colocar Jesus e o
Seu reino em primeiro lugar. São levados a pensar que são cristãos, mas a
verdade é que vivem com o mesmo foco do mundo, isto é, a procura do prazer e
paz individuais.
Em relação a Filipenses 4:6, isto significa que o texto não se trata de uma
simples fórmula, do género “Se está ansioso, experimente orar; funciona”. Na
verdade, significa que “Se está ansioso, examine a sua falta de fé no Deus vivo,
que prometeu prover as necessidades básicas dos Seus filhos”. Ou “Examine o
seu foco; se vive para Cristo e para o Seu reino, ou se para si mesmo”. Qualquer
que seja a raiz do problema, a ansiedade é um pecado que deve ser confessado a
Deus e abandonado.
Antes de deixarmos este tópico, permita-me clarificar que Paulo não encoraja
uma atitude descuidada, despreocupada ou irresponsável relativamente a
pessoas ou problemas. Já vi cristãos transitarem de um estado de ansiedade
para apatia ou inacção, afirmando que estão a cumprir o mandamento de não
estarem ansiosos. Porém, os cristãos devem preocupar-se profundamente com
as pessoas e os seus problemas, trabalhando arduamente para os resolver. Como
membros do mesmo corpo, devemos ter cuidado mútuo uns com os outros (1
Coríntios 12:25). Paulo menciona a preocupação que suporta diariamente por
todas as igrejas (2 Coríntios 11:28). Ele diz aos Filipenses que Timóteo estava
genuinamente interessado no bem-estar deles (Filipenses 2:20). Em cada um
destes versículos, o termo correspondente a preocupação equivale à palavra
grega para ansioso; porém, não diz respeito a ansiedade pecaminosa, mas a uma
preocupação fundamentada. É adequado pensar no nosso bem-estar futuro, na
medida em que somos responsáveis por planear e poupar para as nossas
necessidades (Provérbios 6:6-11).
Mas a preocupação fundamentada transforma-se em ansiedade pecaminosa
quando deixamos de ter fé no papel de Deus enquanto Senhor Soberano e
provedor, bem como quando nos colocamos no centro, em vez do reino de Deus
e a sua justiça. Assim, o primeiro passo para lidar com a ansiedade é examinar
se a mesma se deve a falta de fé ou a um foco errado em nós mesmos. Confesse a
Deus o seu pecado e submeta-se a Ele.
*Oração – palavra generalista para oração, usada sempre com referência a Deus,
em tom de reverência. Quando Paulo nos diz para apresentarmos os nossos
pedidos “a Deus”, o termo grego significa “cara a cara com Deus”, isto é,
apresentarmo-nos directamente diante d'Ele. Isto significa que, ao orarmos,
devemos recordar que vamos entrar na presença do Deus santo, diante do qual
até os anjos cobrem o rosto e clamam “Santo, santo, santo é o Senhor dos
Exércitos” (Isaías 6:3). Sim, é verdade que Ele nos acolhe na Sua presença tal
como um pai acolhe os filhos. Através do nosso Sumo-sacerdote, o Senhor
Jesus, Deus convida-nos a aproximarmo-nos confiadamente do trono da graça,
a fim de alcançarmos misericórdia e graça para nos auxiliar em tempos de
necessidade (Hebreus 4:16). Porém, devemos recordar que é do trono do
universo e do Deus Soberano e Eterno que nos aproximamos.
Isto implica, como é óbvio, que, sempre que nos aproximamos de Deus em
oração, devemos examinar os nossos corações e confessar e abandonar todo o
pecado. Como declarou o salmista: “Se eu acalentasse o pecado no coração, o
Senhor não me ouviria” (Salmos 66:18). Mas também temos a garantia de que,
se confessarmos os nossos pecados, o sangue de Jesus é suficiente para nos
purificar (1 João 1:7,9).