QUASE PARÓQUIA SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS

Quarta feira Santa 2021

SERMÃO DO ENCONTRO

Introdução:

Nas Sagradas Escrituras é encontrado o relato da Paixão de Cristo, quando

muitas

pessoas acompanhavam Jesus no caminho do calvário. Certamente sua Mãe

Santíssima

também O acompanhava neste caminho doloroso. Para relembrar este

momento tão

emocionante, a piedosa tradição criou a Procissão e Sermão do Encontro.

Mais um ano rezamos uma Semana Santa diferente dos anos anteriores, a
realidade da

Pandemia se faz presente no caminho do Calvário.

-Convido você a reportar, e tentar se colocar junto com aquele povo a caminho
do

Gólgota acompanhando Jesus que está prestes a ser crucificado. É um

momento forte e

requer um profundo momento de oração e reflexão.

Esse piedoso exercício nos faz refletir sobre o sentido de encontro. Vemos
Maria firme

na companhia de Seu Filho Amado. Esta firmeza de Maria a aproxima do Filho

sofredor

e se encaminha com Ele para a cruz. Maria é, portanto, a discípula fiel que não
deixa o

Senhor sozinho. Jesus é vítima da violência contida no coração dos homens, é

vítima do

abandono por parte dos amigos, da rejeição por parte da classe religiosa da
época, do
escárnio dos romanos que irão executar uma pena arquitetada contra um
inocente.

Sinal da Cruz

A Sagrada Escritura inteira não é senão a narrativa do amor de Deus pela

criatura

humana. A nossa fé nos mostra o ser humano em busca de Deus e nos ensina
o que Ele

fez a si mesmo por nós. Como se adiantou em todos os tempos para firmar
aliança com

seu Povo e, na plenitude dos tempos, mostra-se definitivamente comprometido

conosco, em seu filho Jesus Cristo, que sofre a paixão e morte de cruz para
que

tenhamos vida e vida em plenitude. Assim Deus amou o mundo, não poupou a
vida de

seu Filho, mas a entregou pela nossa salvação.

Neste tempo forte de penitência, oração e conversão, tempo de volta a Deus,

a Igreja,

Mãe e Mestra, atenta às necessidades de seus filhos e filhas, chama a nossa

atenção

para os sinais dos tempos e nos convida a uma adesão total a Jesus Cristo, há
uma

renovação do nosso compromisso de vida fraterna:

“Nisto reconhecerão que vós sois os meus discípulos se vos amardes uns aos
outros

como eu vos amei” (Jo 13,34-35).

Irmãos e irmãs, nosso Deus se encarnou, entrou na história para se encontrar

conosco.

Como vemos nos evangelhos, Jesusse encontrou com mulheres e homens,se

encontrou

com o pecado e com a virtude, com o amor e o ódio, com a vida e a morte…
Seus
encontros nos deixaram lições admiráveis de amor, acolhimento, justiça,
misericórdia e

Perdão… provocando em todos um novo sentido de vida e uma nova

compreensão das

coisas.

De fato, irmãos e irmãs, a história nos ensina: quem verdadeiramente encontra

o Cristo,

d’Ele dá testemunho e também de seu projeto de vida e salvação. A história

nos ensina

que para viver as alegrias da Páscoa, da Ressurreição de Jesus, é preciso,

antes, viver as

dores da crucificação. Não há páscoa, sem cruz!

Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem. (Lc 23,34 a);

Quantos de nós nos vemos perdidos e confundidos com tantas informações e

tantas

notícias trágicas... Números de mortos cada vez maiores... Leitos de UTI

insuficientes...

Um vírus que está em mutação...

Use máscara! Use álcool... tenha distanciamento social... fechem tudo, fechem
as

igrejas... Muitos respeitam, outros tantos não estão nem aí... Pai, perdoa-lhes,
eles não

sabem o que fazem! Eles não sabem o que estão perdendo;

Ao tirar de nós o que temos de mais precioso que nosso Senhor, nos vemos
em um

caminho sem rumo, sem uma esperança de salvação.

Senhora das Dores, olha por nós, ainda que perdidos nesses caminhos
sombrios, cheios

de incertezas e de medo, olha por nós que sofremos ainda hoje com decretos e
sanções

que dividem o povo de Deus.

Hoje estarás comigo no paraíso. (Lc 23,43);

Batemos recordes de mortes dia após dias! Tantos não tem tempo de visitar,
de

aproveitar da família... agora já dá... vem o choro, o desespero, a lágrima seca

e

amarga da perda precoce e veloz.

O distanciamento social de quem amamos é algo diabólico, algo que nos fere,
é um

mal que vem acompanhado de outros males... estar distante e estar apáticos...
sem fé.

Senhor dos Passos, caminha com estes que estão entubados e seja-lhes
companhia,

estão também em um caminho de sofrimento, em muitos casos, imerecido.

Senhora

das Dores acalenta a dor de tantos filhos que estão perdendo suas famílias.

Mulher, eis aí o teu filho, filho, eis aí a tua mãe. (Jo 19,26-27);

A frieza de um leito hospitalar... a tormenta de não conseguir respirar... a

intubação de

forma agressiva... o distanciamento social mais uma vez marcando

dolorosamente

presença.

Tantos pacientes aguardando vagas, outros tantos tendo como uma nova
família as

equipes médicas... quantos médicos, enfermeiros, técnicos envolvidos a tal

ponto com

pacientes que acabaram se tornando a nova família que eles tem...

Profissionais

sobrecarregados de tantas histórias, vidas que estão sob sua

responsabilidade...

Maria, Mãe, eis-nos aqui... acolhei-nos, amparai-nos. Jesus nosso irmão nesse
caminho

doloroso, ajudai-nos a carregar nossa pesada cruz.

Meu Deus, Meu Deus, por que me abandonastes? (Mc 15,34);

Parece que Deus está deixando a humanidade perecer... NÃO! Deus não
desampara.

Muitas vezes somos fracos, nos vemos cercados de uma realidade nova, de
um novo

normal, muitas incertezas e mudanças que tem desestabilizado nossa

percepção de

quanto temos sido fortes pelo simples fato de não ter perdido nossa fé.

Tudo parece estar ruindo, acabando os estoques de remédios, leitos,

autoridades

perdidas, um caos se formando... mas Deus, que tudo vê e tudo sabe olha por
nós.

Jesus, homem do caminho de paciência, homem da confiança, mostra-nos que

o

caminho tem tantas cruzes mas há um Pai e senhor que guia nossa história.
Maria,

Senhora do Sim, ajuda-nos a ter a fé necessária para compreender os planos

de Deus.

Tenho sede. (Jo 19,28 b);

Queremos uma cura! Queremos tratamento...... Queremos nossas missas,

encontros...

nossa vida de volta!

Estamos engatinhando nos tratamentos e imunização. Ainda hoje vemos

soldados que

nos trazem vinagre para tapear nossa verdadeira sede e nos causar ainda mais

amargor... Muitos discursos avinagrados. Muito se fala e pouco de concreto se

faz.

Senhor dos Passos, ensina como sofrer e ainda sim caminhar, ensina-nos a ter
a

paciência histórica de aceitar aquilo que não está ao nosso alcance mudar.
Virgem

Dolorosa dai-nos parte de seu coração que sabe tudo guardar...

Tudo está consumado. (Jo 19,30 a);

Parecemos estar em meio de uma guerra, tantasforças em todos oslados e nós

acuados

e temerosos no meio de tamanho fogo cruzado. Tudo parece já estar definido

como o

fim do mundo e da humanidade.

É sim um tempo difícil, um tempo de verdadeira purificação... tempo de muitas

dúvidas

e poucas conclusões acertadas. Muitas mudanças e muitos números

assustadores.

Muita distração tirando nosso foco da tragédia lá fora(Televisão, internet,

celular...).

Cristo caminhante, dá-nosforças em sua força. Senhora do silêncio orante, faz

de nossas

incertezas prece e oração...

Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito. (Lc 23,46 b).

Estar em casa parece ser algo difícil e enfadonho, as mesmas coisas, pessoas,
trabalhos

e história.

É momento de redescobrir a alegria de poder se reunir com aqueles que

realmente

importam... de lebrar da pureza da infância que com a ingenuidade de criança

pequenos

gestos eram grandes aventuras... tempo de ser criativo em família.

Jesus e Maria com vocês nos entregamos, o que temos e somos nesse
doloroso e

necessário caminho. Estamos com você Jesus, temos você conosco Maria...
Deus

sustentai-nos.

Abramos, Sim, abramos nosso coração a Deus para que a Palavra divina
penetre em
nossas vidas como a água em terreno seco e frutifique como a semente em
terra boa.

Queira Deus que esta semana seja marcada pelo encontro de todos nós com o
Perdão

de Deus, com a sua Palavra e o seu Amor, que nos torna livres (Jo 8,31) e nos
faz, no

mundo, ser instrumentos d’Ele a serviço da vida e da esperança.

Meu irmão, minha irmã: contemple, mais uma vez, o Senhor dos Passos e a
Senhora das

Dores para você aprender a perdoar, para você aprender a não odiar o teu
próximo,

para você aprender a amar e a servir.

Vamos construir em nossos lares, em nossa comunidade, encontros de

fraternidade, de solidariedade e de Paz. Deixemo-nos educar pela sabedoria

do

evangelho. Assumindo a cruz do dia-a-dia, caminhemos com Jesus e Maria até

ao

Calvário. Com um gesto de total entrega e confiança, procuremos amá-los por

toda vida.

Guardemos a fé, vivamos com amor a nossa vida e a nossa missão. Não
podemos ficar

em cima do muro. Que resposta, então, dar ao chamado de Deus, ao Amor de

Deus?

• Como a do Povo: crucifica-o, crucifica-o?

• Como a de Judas: a traição?

• Como a de Pedro: não conheço este homem?

• Como a de Pilatos: lavar as mãos?

• Como a de Herodes: zombaria?

• Ou como a do Centurião que diante da cena do calvário não pôde dizer outra
coisa

senão: “Verdadeiramente este era o Filho de Deus”.

Que este encontro nos torne conscientes de que, para o encontro maior com o
Cristo,
não podemos seguir de mãos vazias. Amém.