6 - Tatiana Lira de Freitas As Percepcoes Dos Estudantes
6 - Tatiana Lira de Freitas As Percepcoes Dos Estudantes
6 - Tatiana Lira de Freitas As Percepcoes Dos Estudantes
CAMPUS OLINDA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
E TECNOLÓGICA – PROFEPT
MESTRADO PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E
TECNOLÓGICA EM REDE NACIONAL
Olinda
2022
TATIANA LIRA DE FREITAS
Olinda
2022
F866p F r e i t a s , Ta t i a n a L i r a d e .
As percepções de estudantes da Educação de Jovens e Adultos
Integrada à Educação Profissional e Tecnológica (PROEJA) sobre a
inclusão digital ao longo da formação. / Tatiana Lira de Freitas. – Olinda,
PE: O autor, 2022.
181 f.: il., color. ; 30 cm.
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA
BANCA EXAMINADORA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA
BANCA EXAMINADORA
A Deus, Aquele em quem confio e que me sustentou durante toda essa jornada.
A minha amada mãe, D.ª Aldeni, que fez crescer minhas asas a cada incentivo e me
fortaleceu para alçar voos mais altos.
Aos meus amores, Kátia e Kali, por compartilharem comigo a vida, as conquistas, os
momentos bons e ruins, sem as quais meus dias teriam sido ainda mais difíceis.
A minha sogra, D.ª Marluce, por todo o cuidado, suporte e acolhimento nos momentos
de refúgio para estudar em seu lar.
A minha querida orientadora, Profa.ª Dra.ª Valquíria Farias B. Barbosa, por quem
conservo profunda admiração e respeito, que me conduziu nessa caminhada com muita
seriedade, profissionalismo e sensibilidade.
A minha psicóloga, Kelly Anny de Oliveira Pinho, pelas escutas e intervenções, desde
as seleções até a conclusão do curso, sempre me fortalecendo nos momentos de insegurança,
angústia e ansiedade.
Aos meus amigos mais próximos, Andréa, Fernanda, Diogo e Rebeca, por todo o apoio
e por acreditarem em mim quando eu mesma não acreditava.
Aos colegas da turma 2019.2, pelo companheirismo nessa jornada de muitas
aprendizagens, em especial Giselli Cavalcanti, uma amiga que o mestrado me trouxe e com
quem compartilhei o desafio de estudar o Proeja.
Aos docentes da turma 2019.2 do Mestrado ProfEPT, ofertado pelo IFPE – Campus
Olinda, que enriqueceram este trabalho ao proporcionar a apropriação do conhecimento a cada
encontro presencial ou remoto.
Aos docentes da banca examinadora, pelas contribuições e direcionamentos que
trouxeram amadurecimento a nossa pesquisa.
Aos docentes que participaram da fase de aplicação e avaliação do Produto
Educacional, por trazerem importantes contribuições ao seu aprimoramento.
Aos estudantes da turma de Refrigeração e Climatização Proeja (2017-2018), pela
disponibilidade para participação da pesquisa e por torná-la possível.
À Coordenação do Proeja Integrado do IFPE – Campus Recife, pela atenção e
celeridade na disponibilização das informações acadêmicas necessárias à pesquisa.
À Direção Geral do IFPE – Campus Recife, por abrir espaço para a construção do
conhecimento por meio da pesquisa.
[...] É possível, então, que eu seja ingênuo. Mas, eu prefiro tombar na
ingenuidade esperançosa de um dia poder mudar, a cruzar os braços hoje na
desistência fatalista de que não é possível mudar (FREIRE, 1995, n. p.).
RESUMO
This professional master's research has the general objective of understanding the
perceptions of students of youth and adult education integrated with professional and
technological education about digital inclusion throughout the technical training of high school.
Specifically, the research aims to: check the students' profile of this modality regarding their
formative paths, facing digital technologies, and their professional trajectories; notice how the
access and use of TDICs happen during training, and its implications for students' social and
educational daily life; and to identify the difficulties faced by students, during training and in
the search for professional (re)insertion, with regard to knowledge and skills for the use of
digital technologies; and to develop a self-instructional and interactive mini course, aimed at
continuing teacher training for the integration of digital technologies and their practices. This
is a qualitative research on the National Program for the Integration of Professional Education
with Basic Education, in the modality Education of Youth and Adults (Proeja). The students of
the Refrigeration and Air Conditioning Technician course (Integrated - Proeja), offered by IFPE
- Campus Recife, participated in the research. Data collection was performed through the online
questionnaire and the semi-structured interview. For data analysis, we used descriptive
statistical analysis and thematic content analysis, based on Bardin (2016). The results reveal the
traditional and technical nature of the training for students of the EJA integrated to the EPT
(Proeja). We verified that teachers do not use technologies in their pedagogical practices, or use
them with difficulty, because they do not have the knowledge and skills necessary to enhance
the teaching and learning process mediated by digital technologies, which indicates the need
for teacher training.The students' perceptions about digital inclusion allowed us to understand
that high-level technical education in the EJA modality integrated with EPT does not favor the
digital inclusion of students throughout training, since technical training causes damage to the
integration of digital technologies in the teaching and learning process. These results supported
the elaboration of the educational product that consists of a self-instructional and interactive
mini-course, intended at the continuing education of teachers linked to the Proeja, entitled
"Introduction to Digital Information and Communication Technologies in Professional and
Technological Education: alternatives oriented to digital inclusion”. The integration of the
teaching and learning process with digital technologies, throughout professional and
technological training, is essential for the promotion of digital inclusion and the integral training
of students inserted in the EJA integrated to the EPT, because it contributes to the formation of
critical, creative and autonomous citizens in the knowledge society. Therefore, the educational
product developed provides opportunities for the continuous teacher training for the didactic-
pedagogical application of digital technologies, in order to overcome the predominance of
educational practices of transmission of contents and promote the integral and omnilateral
training of students.
1 PRIMEIRAS CONEXÕES 16
2 COMPREENDENDO AS EXPERIÊNCIAS VOLTADAS À
INCLUSÃO DIGITAL DOS DISCENTES NO PROEJA 27
2.1 TESES E DISSERTAÇÕES SOBRE S INCLUSÃO DIGITAL DOS
DISCENTES NO PROEJA 27
2.2 ARTIGOS ACADÊMICOS E CIENTÍFICOS SOBRE A INCLUSÃO
DIGITAL DOS DISCENTES NO PROEJA 30
2.3 CONSTRUINDO A PESQUISA: contribuições da revisão de
literatura 32
3 A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: um espaço de luta 40
3.1 DESAFIOS À INTEGRAÇÃO DA EJA À EPT
CARACTERIZADOS NA LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL
BRASILEIRA 42
3.1.1 Caminhos e descaminhos da educação básica articulada à educação
profissional na modalidade de educação de jovens e adultos 44
3.1.1.1 O Proeja Integrado 46
3.2 AS PRÁTICAS DOCENTES E GESTORAS NA EDUCAÇÃO
PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA DIRECIONADAS AO
PROEJA 48
3.3 O PAPEL DA INCLUSÃO DIGITAL NO PROCESSO
EDUCATIVO 51
4 PROCEDIMENTOS TEÓRICO-METODOLOGICOS 57
4.1 COLETA DE DADOS 60
4.2 ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS POR MEIO DOS
QUESTIONÁRIOS 65
4.3 ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS NAS ENTREVISTAS 66
4.4 ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA 67
5 AS TRAJETÓRIAS DE ESCOLARIZAÇÃO E OS DESAFIOS À
INCLUSÃO DIGITAL AO LONGO DA FORMAÇÃO DOS
ESTUDANTES DO PROEJA INTEGRADO 70
6 ACESSO E USO DAS TDICs NO COTIDIANO SOCIAL E AO
LONGO DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL DOS
ESTUDANTES DO PROEJA INTEGRADO 83
6.1 ACESSO E USO DAS TDICs NO COTIDIANO SOCIAL 84
6.2 ACESSO E USO DAS TDICs NA FORMAÇÃO PROFISSIONAL 90
7 PRODUTO EDUCACIONAL: alternativas orientadas à inclusão
digital 101
7.1 ELABORAÇÃO DO PRODUTO EDUCACIONAL 102
7.2 APLICAÇÃO E AVALIAÇÃO DO PRODUTO EDUCACIONAL 106
8 ÚLTIMAS CONEXÕES 109
REFERÊNCIAS 112
APÊNDICE A – ROTEIRO DO QUESTIONÁRIO ON-LINE
COM OS ESTUDANTES 123
APÊNDICE B – CONVITE AO ESTUDANTE 131
APÊNDICE C – ROTEIRO DE ENTREVISTA
SEMIESTRUTURADA COM OS ESTUDANTES 132
APÊNDICE D – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E
ESCLARECIDO 134
APÊNDICE E – ENCARTE DO PRODUTO EDUCACIONAL 138
APÊNDICE F – FORMULÁRIO AVALIATIVO DO PRODUTO
EDUCACIONAL 163
ANEXO A – PARECER CONSUBSTANCIADO DO CAV/UFPE 167
ANEXO B – PROTOCOLO DE SEGURANÇA – INSTITUTO
FEDERAL DE PERNAMBUCO 179
ANEXO C – ARTIGO ACADÊMICO PUBLICADO NO E-BOOK
DO 8º ENCONTRO DE PESQUISA EDUCACIONAL EM
PERNAMBUCO (EPEPE) 181
16
1 PRIMEIRAS CONEXÕES
1
A cultura contemporânea mediada pelas tecnologias digitais constitui a cibercultura e esta, por sua vez, é
possibilitada pela existência do ciberespaço, pelo digital em rede (SANTOS, 2010).
17
2
Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Básica, a Emenda Constitucional nº 59/2009, de
11 de novembro de 2009, estabelece a educação básica obrigatória e gratuita dos 4 aos 17 anos de idade,
assegurada a sua oferta, inclusive, a todos os cidadãos que a ela não tiveram acesso na idade apropriada
(BRASIL, 2013).
19
Nunes (2011) argumentou ainda que, para além das possibilidades do Proeja em
combater as diversas formas de exclusão, a superação da formação para a empregabilidade e
a integração do Programa às demais ações civis e governamentais existentes são necessárias,
com vistas à redução da exclusão social dos estudantes e ao abandono das ações simplistas e
meramente compensatórias.
Em direção semelhante, Mendonça (2016) verificou que apesar da preocupação do
Estado em disponibilizar equipamentos tecnológicos e internet nas escolas do Mato Grosso
que ofertam cursos Proeja, foram identificadas fragilidades na implantação das políticas de
inclusão digital. Essas dificuldades estão relacionadas à infraestrutura escolar, inadequada
para receber os equipamentos, e à falta de formação docente para ministração de aulas
mediadas pelos recursos tecnológicos. Além disso, a pesquisa constatou a ausência de
manutenção dos equipamentos e da conexão à internet, devido à indisponibilidade de
recursos financeiros e humanos para este fim.
Rodrigues (2015) identificou como problemas comuns no ambiente escolar, a
lentidão e a indisponibilidade de internet. Nessa direção, é obrigação do Estado e da escola
a provisão das condições necessárias à inclusão digital dos estudantes do Proeja, de modo
que sejam garantidos os mesmos recursos proporcionados aos estudantes do ensino regular.
Esses recursos estão relacionados à disponibilização de internet, equipamentos tecnológicos
de qualidade e formação continuada docente, visto que são aspectos necessários e urgentes
ao avanço do processo de ensino e aprendizagem em tempos de cultura digital.
A autora reforça que se devem formar cidadãos capazes de viver em uma sociedade
na qual a cultura digital é uma realidade e uma necessidade, desde que a escola cumpra seu
papel na formação para inclusão digital dos sujeitos de maneira dinâmica e colaborativa, com
respeito às necessidades e expectativas dos estudantes da educação de jovens e adultos
trabalhadores na era digital (RODRIGUES, 2015).
É fundamental que as práticas pedagógicas tradicionais sejam superadas, com vistas
ao distanciamento do ensino fragmentado, transmissor de conteúdo e desconectado da
realidade dos estudantes, em benefício da construção do conhecimento e das demandas
educacionais na era digital (RODRIGUES, 2015).
Souza e Santos (2013) percebem a necessidade de adoção de novas posturas por
parte dos profissionais da educação ligados ao Proeja, frente às demandas de formação de
um público marcado por diversas formas de exclusão, inclusive digital, que retorna à escola
por vislumbrar possibilidades de integração entre a educação e o trabalho na busca pela
22
“inclusão numa sociedade, que ainda se apresenta tão injusta” (SOUZA; SANTOS, 2013, p.
88).
As autoras constataram que o Instituto Federal de Alagoas (IFAL) – Campus
Marechal Deodoro não possuía – ou possuía em quantidade insuficiente – recursos humanos,
como professores e monitores capacitados. Tampouco possuía infraestrutura, como
equipamentos funcionais e internet de qualidade, adequada às necessidades de inclusão
digital e formação profissional dos estudantes do Proeja, em detrimento do acesso e uso dos
computadores e da internet durante o processo de ensino e aprendizagem (SOUZA; SANTOS,
2013).
No entanto, ao verificar a prevalência de dificuldades na aprendizagem de
estudantes do Proeja do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS) – Campus Porto
Alegre, quanto ao uso do computador, programas e internet, Springer (2019) argumenta que
não basta dispor de infraestrutura e equipamentos em laboratórios de informática. É preciso
que os estudantes possuam habilidades e autonomia para sua utilização, caso contrário as
atividades propostas pelos professores que utilizam as tecnologias serão prejudicadas e os
estudantes vivenciarão situações de exclusão no ambiente escolar.
Segundo Paiva, Machado e Ireland (2007), a Declaração de Hamburgo de 19973
sobre a educação de jovens e adultos concebe como uma das funções da modalidade a
limitação dos riscos de exclusão de grupos sociais com dificuldades de adaptação à nova
realidade, trazidos pelo desenvolvimento das novas tecnologias da informação e
comunicação, de modo que “a dimensão humana das sociedades da informação se torne
preponderante” (PAIVA; MACHADO; IRELAND, 2007, p. 42).
Em vista disso, é fundamental que as instituições de ensino profissional exerçam um
papel ativo e sensível à nova realidade social permeada pelas tecnologias, na intenção de
proporcionar aos estudantes do Proeja atividades mais significativas e novas práticas
educativas, alinhadas ao uso crítico e criativo das TICs (SOUZA; SANTOS, 2013).
Nessa esteira de entendimento, defendemos a importância de dispor de uma
educação profissional e tecnológica “comprometida com a formação de um sujeito com
autonomia intelectual, ética, política e humana" (BRASIL, 2007b, p. 32). Os Institutos
Federais (IFs) possuem um papel fundamental na construção de uma educação profissional
e tecnológica por e para todas as pessoas, de maneira inclusiva e atenta às particularidades
3
V Conferência Internacional sobre Educação de Adultos – V CONFINTEA, promovida pela Unesco, em julho
de 1997, na cidade de Hamburgo, Alemanha (PAIVA; MACHADO; IRELAND, 2007).
23
4
Nunes (2011) chama atenção para a questão geracional existente no âmbito da educação de jovens e adultos,
ao considerar que grande parte dos estudantes adultos não esteve em contato com as tecnologias digitais desde
a infância ou adolescência figurando, portanto, como migrantes da geração analógica para a geração digital,
permeada por tecnologias mais sofisticadas e complexas.
25
formação continuada docente para integração das tecnologias digitais as suas práticas.
A presente dissertação traz importantes contribuições à linha de pesquisa Práticas
Educativas em Educação Profissional e Tecnológica e ao macroprojeto Práticas Educativas
no Currículo Integrado, por oportunizar a fala dos estudantes, a fim de melhor compreender
suas necessidades formativas. Ademais, esta dissertação está dividida em seis capítulos:
No capítulo 1, trazemos a introdução deste trabalho, que é composta pela
delimitação do objeto de pesquisa, a justificativa e o problema de pesquisa, além dos
objetivos gerais e específicos que norteiam a investigação empírica.
No capítulo 2, recorremos à revisão de literatura para levantamento dos artigos
publicados em revistas e periódicos acadêmicos e científicos, bem como das dissertações de
mestrado e teses de doutorado, no recorte temporal de 2011 a 2021, na intenção de
compreender as experiências voltadas à inclusão digital de estudantes da EJA integrada à
EPT (Proeja). Ademais, expomos as contribuições da revisão de literatura para a pesquisa.
No capítulo 3, trazemos o referencial teórico que fundamenta a pesquisa, no qual
discutimos a EJA integrada à EPT (Proeja) como um espaço de luta e os desafios que se
apresentam a essa integração, à luz da legislação brasileira para a educação básica. Também
refletimos sobre as contribuições das práticas docentes e gestoras para a apropriação de
conhecimentos pelos estudantes do Proeja na sociedade atual, fundamentalmente conectada,
e sobre o papel da inclusão digital no processo educativo.
No capítulo 4, apresentamos os procedimentos teórico-metodológicos da pesquisa,
orientada à pesquisa de abordagem qualitativa, do tipo estudo de caso exploratório e
descritivo, a partir dos procedimentos de análise dos questionários e das entrevistas aplicados
como instrumentos para coleta de dados.
No capítulo 5, contemplamos a análise dos dados coletados por intermédio do
questionário on-line, a partir da análise estatística descritiva em Gil (2008), para discussão
das trajetórias de escolarização e os desafios à inclusão digital antes do ingresso dos
estudantes no curso Técnico de Refrigeração e Climatização (Integrado – Proeja), ofertado
pelo IFPE – Campus Recife.
No capítulo 6, contemplamos as análises dos dados coletados por intermédio da
entrevista semiestruturada, orientada à análise de conteúdo temática, com base em Esteves
(2006) e Bardin (2016), para discussão das categorias e subcategorias que emergiram do
material coletado, dos estudos recuperados na revisão de literatura e das experiências da
pesquisadora em sala de aula.
26
Dorisdei Valente
Transiarte: a arte de transição 2015 UnB Tese
Rodrigues
Fonte: Elaboração da autora (2022), com base nas informações disponibilizadas nos repositórios
acadêmicos acessíveis pelo Google Acadêmico https://scholar.google.com.br
estudantes", obtivemos quatro resultados. Contudo, após leitura dos resumos, não
identificamos trabalhos com transversalidades ou similaridades com o tema central deste
estudo, motivo pelo qual não foram incluídos.
Na sequência, recorremos ao Catálogo de Teses & Dissertações de Capes, na
intenção de identificar as pesquisas catalogadas e disponibilizadas para download, por meio
da Plataforma Sucupira.
A partir do cruzamento dos descritores escolhidos, recuperamos, ao total, 72
trabalhos entre teses e dissertações. Ao final das combinações, procedemos à leitura dos
resumos e incluímos no levantamento os estudos que trataram do tema central proposto.
Os trabalhos publicados anteriormente à criação da Plataforma Sucupira, sem
disponibilização dos arquivos para download ou de informações mais detalhadas pela Capes,
foram acessados por meio dos respectivos repositórios institucionais e incluídos no Quadro
1.
Primeiramente, realizamos a busca com a combinação dos descritores Proeja AND
“inclusão digital” e obtivemos quatro resultados dos quais, após leitura dos resumos,
selecionamos duas dissertações de mestrado para leitura integral, detalhadas no Quadro 2.
4.
Fonte: Elaboração da autora (2022), a partir das informações presentes nos repositórios científicos
acessíveis pelo Google Acadêmico, disponível em https://scholar.google.com.br, 2021
de estudo de caso. Para a coleta de dados utilizou-se das técnicas de observação, do grupo
focal, das entrevistas semiestruturada e estruturada.
Para o autor, desde que utilizadas como recursos didáticos, as tecnologias digitais
podem contribuir favoravelmente com as condições socio temporais e com os estágios de
formação dos estudantes do Proeja. Nessa direção, o estudo se aproximou da nossa
investigação empírica e trouxe contribuições à análise dos dados ao possibilitar a
fundamentação das subcategorias A1 e A2, que serão discutidas no capítulo 6.
Rodrigues (2015) sistematizou em sua tese, a partir do olhar reflexivo sobre as
experiências vividas na oficina “A arte de transição”, realizada em 2014, como a práxis da
transiarte5 pode transformar o fazer pedagógico tradicional por intermédio da cultura didática
digital, no contexto da educação de jovens e adultos, pelo que se aproxima da nossa pesquisa.
Em sua pesquisa de doutorado, Rodrigues (2015) desenvolveu um percurso
metodológico orientado pela pesquisa-ação, a partir da qual a autora utiliza como
instrumentos de coleta de dados a observação participante, a entrevista, o diário de itinerância
e registros visuais (fotos e vídeos).
Salientamos que, embora os sujeitos da pesquisa sejam os estudantes da EJA
Estadual, a pesquisadora atuava no grupo de pesquisa Proeja-Transiarte, criado por
professores da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB) em 2007. O
principal objetivo do grupo de estudo foi estimular a investigação dos processos de
implementação da Educação Profissional e Tecnológica integrada à EJA no Distrito Federal.
Mendonça (2016) desenvolveu sua pesquisa de mestrado com o objetivo geral de
analisar a implantação e a execução das políticas estaduais de inclusão digital nas unidades
de ensino, a partir da disponibilização de equipamentos, internet e recursos humanos nas
escolas técnicas de nível médio do município de Cuiabá-MT. Essas escolas ofertam a
Educação Profissional Técnica de Nível Médio (EPTNM), nas modalidades de ensino médio
integrado e Proeja.
A pesquisadora buscou verificar se houve alinhamento entre as políticas e sua
execução nas escolas que ofertam as modalidades de ensino, e de que modo as TICs foram
incorporadas nas escolas estaduais do município, na intenção de refletir sobre a efetividade
da inclusão digital. A iniciativa da Secretaria de Educação do Estado no Mato Grosso (Seduc-
MT) visava possibilitar a inclusão digital induzida dos estudantes e da comunidade escolar
5
A transiarte pode ser entendida como uma forma de ciberarte pensada a partir da arte digital colaborativa
(RODRIGUES, 2015).
34
(MENDONÇA, 2016).
Contudo, Mendonça (2016) verificou que não houve efetividade na inclusão digital
pretendida pelo governo estadual do Mato Grosso, pois foi realizada às margens do
planejamento. Tampouco houve alinhamento das políticas implementadas pela Secretaria
com a sua execução no Proeja e no Ensino Médio integrado à Educação Profissional (EMIEP),
ofertados nas unidades pesquisadas.
A pesquisa de Mendonça (2016) traz contribuições singulares ao delineamento dessa
pesquisa de mestrado e ao levantamento dos programas e políticas direcionados à promoção
da inclusão digital da sociedade brasileira até 2016, como também à discussão sobre as ações
do governo federal realizada no capítulo seguinte (Quadro 6).
Ademais, sua pesquisa contribuiu com a compreensão do conceito de inclusão
digital espontânea e induzida, com base em Lemos e Costa (2005), com o roteiro do
questionário on-line para a coleta de dados e com a definição das categorias de análise
relevantes à discussão dos resultados no capítulo 6.
Springer (2019) verificou, em sua pesquisa de Mestrado Profissional em Informática
na Educação, a prevalência de dificuldades na aprendizagem dos estudantes do Proeja no
IFRS – Campus Porto Alegre, quanto ao uso das ferramentas tecnológicas, como
computadores, softwares e internet, durante os processos formais de ensino. Nesse sentido, o
estudo trouxe importantes contribuições a nossa fundamentação teórica ao referenciar autores
como Bonilla e Pretto (2011) e Freire (2014).
Springer (2019) desenvolveu uma pesquisa exploratória de abordagem qualitativa.
Como instrumento de coleta de dados recorreu ao questionário, que foi aplicado aos
professores e estudantes do curso Técnico em Administração – Proeja. Esse questionário
proporcionou o levantamento do perfil dos estudantes e das dificuldades enfrentadas no uso
das tecnologias. Os dados coletados subsidiaram a elaboração do Manual de Informática
Amigável, produto educacional inédito criado para auxiliar os estudantes no uso das
tecnologias na intenção de facilitar o processo de aprendizagem.
Segundo a autora, a integração das tecnologias ao cotidiano escolar dos estudantes
do Proeja pode representar aos sujeitos historicamente excluídos do sistema de ensino e que
enfrentam situações de vulnerabilidade, inclusive socioeconômica, a inclusão na era digital.
Nesse sentido, a escola deve ter a percepção das dificuldades enfrentadas pelos estudantes
quanto à falta de habilidade para uso dos recursos tecnológicos da atualidade, na intenção de
proporcionar a aprendizagem no uso das tecnologias para a formação e a vida em sociedade
35
(SPRINGER, 2019).
Gonçalves (2015) analisou a educação digital de jovens e adultos com os princípios
de uma educação emancipatória, por meio da participação dos estudantes no
desenvolvimento de um ambiente virtual de aprendizagem. O Projeto Nutrieja, de natureza
extensionista, é voltado à aprendizagem significativa, a partir da promoção do acesso à
informação, da construção do conhecimento e da socialização com a comunidade externa,
por meio da utilização das redes digitais.
A autora adotou a pesquisa participante aliada à abordagem qualitativa e às
orientações da multirreferencialidade. Como instrumentos de coleta de dados, a pesquisadora
utilizou a observação participante e a entrevista semiestruturada, além da análise de conteúdo
como técnica de análise de dados. O estudo contou com a participação de 12 estudantes do
Curso Técnico de Cozinha na modalidade Proeja do IF Baiano – Campus Catu.
Segundo a autora, a participação no Projeto motivou os estudantes e proporcionou
significação à aprendizagem no uso das tecnologias, a elevação da autoestima e o
fortalecimento da identidade do grupo. Resultou, como produto, a construção coletiva do site
www.nutrieja.com.br. O campo de pesquisa mostrou-se um potencial espaço
multirreferencial de aprendizagem por abarcar diversas práticas, dotadas de desejos,
necessidades e interesses múltiplos dos participantes (GONÇALVES, 2015).
Em direção semelhante, Lima (2016) buscou compreender, em sua pesquisa de
mestrado profissional, as itinerâncias formativas, escolares e profissionais dos estudantes do
Proeja, identificando os valores, significados e as experiências de aprendizagem atribuídos à
aquisição e aos usos das TICs, na intenção de contribuir com a melhoria da educação
profissional no estado da Bahia.
A pesquisa de Lima (2016) aproxima-se da nossa em suas categorias de análise sobre
vivências, sentidos, autonomia, preparação para o mundo do trabalho e valorização dos
conhecimentos sobre as tecnologias para o contexto social, educacional e laboral dos
estudantes do Proeja. Desse modo, tal como Gonçalves (2015), o estudo de Lima (2016)
trouxe importantes contribuições ao delineamento das nossas subcategorias de análise A1 e
B2.
Teles (2014) demonstra em seu artigo, que tem como campo de pesquisa o projeto
Proeja-Transiarte, o potencial formativo e inovador existente na transiarte, ou arte de
transição, por promover a ressignificação e a redefinição das expressões artísticas
tradicionais (não digitais) existentes, a partir das quais são criadas expressões artísticas
36
digitais.
O estudo traz contribuições ao nosso referencial teórico, ao vislumbrar as
tecnologias digitais como aliadas e o ciberespaço como suporte para compartilhamento e
cocriação no contexto do Proeja.
A prática da transiarte integrada ao processo de aprendizagem e ao ensino das novas
tecnologias, demandadas antes e durante as produções artísticas digitais dos estudantes, atuou
como eixo integrador, entre outros aspectos, por possibilitar o desenrolar de novos itinerários
formativos ligados às tecnologias da informação e comunicação. O projeto teve impactos
positivos para o processo de aprendizagem e de inclusão digital ao integrar a transiarte ao
currículo escolar dos jovens e adultos trabalhadores (TELES, 2014).
Santos e Almêda (2017) realizaram um estudo com 12 estudantes do curso de
Informática para idosos (Proeja), ofertado em Florânia/RN. O objetivo principal foi analisar
o uso das TICs por estudantes idosos e aprofundar a compreensão sobre os impactos da
utilização dos recursos tecnológicos em seu cotidiano.
Os pesquisadores constataram que o uso das TICs trouxe impactos positivos para a
vida dos estudantes idosos, ao provocar mudanças em seu cotidiano pessoal, familiar e
educacional. Além disso, chamaram atenção para a necessidade de metodologias de ensino
adequadas às necessidades discentes e sensíveis as suas limitações físico-cognitivas, de modo
que sejam capazes de induzir a inclusão digital contínua desse público (SANTOS; ALMÊDA,
2017).
Souza e Santos (2013) compartilharam, em seu artigo, os resultados do estudo, que
teve por objetivo verificar como ocorre o acesso e o uso das tecnologias digitais, em particular,
do computador e da internet, a partir das percepções dos estudantes do Proeja no IFAL –
Campus Marechal Deodoro.
O intuito da pesquisa foi investigar se a instituição de ensino possui recursos
humanos, estruturais e metodológicos adequados ao atendimento da demanda de acesso e
uso das TICs para inclusão digital dos estudantes do Proeja. Como instrumento de coleta de
dados foi utilizado o questionário (SOUZA; SANTOS, 2013).
O estudo de Souza e Santos (2013) trouxe contribuições importantes à construção
da nossa fundamentação teórica ao referenciar o documento base do Proeja, além de
contribuir, tal como o estudo de Santos e Almêda (2017), com a construção das subcategorias
B1 e B2, que serão discutidas no capítulo 6.
Fernandes (2014) trouxe em seu artigo os resultados, iniciais e intermediários, de
37
Educação (PNE), o que acaba por fragilizar a formação integral dos estudantes prevista
BNCC (KLEIMAN; MARQUES, 2018).
O estudo trouxe contribuições importantes a nossa pesquisa, relacionada aos
documentos norteadores do Proeja e da educação básica, como também ao chamar as escolas
à responsabilidade de trazer soluções eficazes às demandas formativas dos trabalhadores, a
exemplo do letramento digital, na intenção de não mais serem reprodutoras das desigualdades
sociais.
Ferreira, Teixeira e Amorim (2019) analisam o desenvolvimento da aprendizagem
dos estudantes da EJA e do Proeja diante do uso das TICs no processo educativo, com vistas
à identificação dos aspectos relevantes sobre como estudantes e professores lidam com o
avanço das tecnologias na contemporaneidade. No intuito de alcançar os objetivos do estudo,
os autores recorreram à pesquisa de cunho empírico-qualitativo de abordagem colaborativa.
O estudo indicou a necessidade de mudança da postura dos docentes da EJA e do
Proeja, tanto em relação à limitação do uso das TICs apenas aos laboratórios de informática
quanto em relação à superação da formação tecnicista e tradicional. Os autores defendem que
a assunção das TICs no âmbito da EJA favorece a inclusão sociodigital dos sujeitos, na
direção a uma educação emancipatória (FERREIRA; TEIXEIRA; AMORIM, 2019).
Ladeira (2020) relata em seu artigo uma prática pedagógica realizada na disciplina
de Geografia que teve o espaço virtual como tema. Essa prática, desenvolvida no semestre
letivo de 2019, foi materializada por intermédio de um seminário intitulado “O espaço virtual:
riscos e possibilidades”, realizado em três aulas da turma do segundo período do curso
técnico de Metalurgia na modalidade Proeja, ofertado pelo Instituto Federal do Espírito Santo
(IFES) – Campus Vitória.
O estudo de Ladeira (2020) trouxe contribuições à fundamentação teórica desta
pesquisa e do produto educacional, ao referenciar autores de renome, a exemplo de Demo
(2011) e Masetto (2013). Ademais, o estudo se propôs a oportunizar as falas dos participantes
da pesquisa e a valorizar suas reflexões sobre o tema proposto, tal qual a presente pesquisa,
que busca compreender as percepções dos estudantes do Proeja.
Após a revisão de literatura sobre as produções relacionadas à inclusão digital de
estudantes da EJA integrada à EPT (Proeja), verificamos que nos últimos 10 anos pouco se
produziu a respeito do tema. Tal fato justifica a importância de empreender investigações na
intenção de contribuir com a produção de novos conhecimentos a respeito de um tema tão
necessário e urgente na sociedade contemporânea que é, sobretudo, conectada.
39
A década de 1990 se mostrou de grande importância para a EJA, por ter sido palco
de resistências e lutas, intensas e contínuas, que contaram com a participação de vários atores
sociais, nacionais e internacionais, na intenção de construir uma educação emancipatória,
unitária e de qualidade.
O engajamento de sujeitos históricos relevantes dos diferentes setores da sociedade,
como o segmento público, especialmente no âmbito municipal; as universidades; as
organizações não governamentais (ONGs); os sindicatos; o sistema “S”; os educadores e os
educandos da EJA; e os organismos internacionais, com destaque para a Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e a Organização dos Estados
Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI), foi de fundamental
importância para o avanço das pautas de discussões acerca de como a Educação de Jovens e
Adultos deveria ser posta em prática pelos organismos governamentais (MACHADO, 2016).
Dessa relação entre diferentes entes da sociedade civil e os formuladores de políticas
públicas, com adesão do Ministério da Educação (MEC) em 2004, em torno de um objetivo
em comum, embora nem sempre consensual, surgiram os Fóruns de Educação de Jovens e
Adultos. No espaço democrático dos Fóruns, as questões concernentes à EJA até hoje
demandam habilidade de diálogo, negociação, enfrentamentos de conflitos e disputas de
poder no Estado Ampliado6 (PAIVA, 2009; MACHADO, 2016).
Os fóruns de EJA, atualmente presentes em todos os estados brasileiros, promovem
encontros nacionais na intenção de construir a EJA como uma política que “no sentido
etimológico, diz respeito à participação do povo nas escolhas necessárias aos assuntos
coletivos da cidade e do território” (MACHADO, 2016, p. 441).
Machado (2016) ressalta que a importância da Educação de Jovens e Adultos no
Brasil e demais países emergentes da América Latina vai muito além de apenas escolarizar
jovens e adultos trabalhadores, com propostas de ensino aligeiradas e imediatistas porque,
6
Machado (2016) se fundamentou no conceito de Gramsci (2000) sobre o Estado Ampliado, que envolve a
articulação entre a sociedade política, composta pelos aparelhos político e econômico do Estado, e a sociedade
civil, composta pelos sindicatos, partidos políticos, movimentos sociais, Igreja, os sistemas de comunicação
e escola, inclusive escolas e universidades.
43
opcional da oferta de EJA articulada à EPT, quando em seu Art. 37, § 3º, expressa que “‘A
educação de jovens e adultos deverá articular-se, preferencialmente, com a educação
profissional, na forma do regulamento’” (BRASIL, 1996, redação dada pela Lei nº
11.741/2008, grifo nosso).
É evidente que o caminho percorrido pela sociedade civil e política juntamente, com
estudantes e pelos profissionais ligados à EJA, é marcado por fracassos e conquistas, ao longo
dos anos, em busca de uma educação de qualidade e comprometida com as especificidades
dos sujeitos trabalhadores.
Portanto, embora a mera formação de mão de obra para o mercado de trabalho e os
interesses do capital tenham se sobressaído em alguns momentos, com o apoio dos diferentes
governos, a modalidade tem se mantido viva e atuante na luta contra-hegemônica por
reconhecimento e justiça social em prol da classe trabalhadora. Os sujeitos que foram
excluídos do sistema educacional, por motivos diversos, devem ter o direito de retornar à
escolar em busca de formação e oportunidades de inserção nas várias dimensões da sociedade.
Entendido como uma das formas de oferta de Educação Básica (EB) articulada à
educação profissional, o Proeja Integrado, nos termos do art. 4º, § 1º, inciso I, do Decreto
nº 5.154/2004, é ofertado aos estudantes que já concluíram o ensino fundamental “[...] sendo
o curso planejado de modo a conduzir o aluno à habilitação profissional técnica de nível
médio, na mesma instituição de ensino, contando com matrícula única para cada aluno”
(BRASIL, 2004, n.p.).
Sá, Moura e Henrique (2020) deixam explicita, em seu estudo, a possibilidade da
garantia do direito de jovens e adultos a uma educação geral integrada à profissionalização,
concebido o ensino integrado como, “[...] a integração entre a denominada educação geral
(ciências, letras e artes) e a formação profissionalizante, desenvolvida em um currículo único
na mesma instituição educacional, tendo como referência conceitual a formação integral dos
sujeitos” (SÁ; MOURA; HENRIQUE, 2020, p. 16).
Entretanto, tal possibilidade apenas será possível a partir da elevação do Programa
a uma política pública permanente, que não esteja subordinada às ideologias dos diversos
governos, à lógica capitalista e ao pensamento neoliberal, mas que tenha como objetivo a
promoção da justiça social e educacional. Para os autores, é papel do Estado a garantia do
47
direito dos sujeitos da EJA de ser parte do mundo do trabalho para, assim, produzir a
existência coletivamente e garantir sua própria subsistência como forma de atuar no mundo
e transformá-lo (SÁ; MOURA; HENRIQUE, 2020).
Os pesquisadores destacam ainda os avanços históricos para educação de jovens e
adultos, quando em governos de centro-esquerda, e retrocessos por descontinuidades ou
enfraquecimentos em governos de direita, além de decisões ancoradas nos interesses do
mercado de trabalho e das economias nacional e internacional, pelo que é possível constatar
o caráter ideológico, mercantilista e hegemônico da agenda política para a modalidade (SÁ;
MOURA; HENRIQUE, 2020).
Contudo, tal constatação vai de encontro à finalidade do Proeja, já que, de acordo
com o Documento Base (2007b),
(LEAL, 2005; SAVIANI, 2015), devem ser capazes de materializar práticas curriculares
comprometidas com as necessidades formativas dos estudantes e com a realidade na qual
estão inseridos, em direção à integração da formação humana, a partir de soluções didáticas
e ético-políticas mais adequadas ao contexto escolar e social (ARAÚJO; FRIGOTTO, 2015).
Tais práticas devem estar apoiadas na concepção de formação integral dos sujeitos
aprendentes, concebida tal formação como a integração entre trabalho, cultura e ciência
(RAMOS, 2008).
Consequentemente, é de fundamental importância a existência de atitudes docentes
integradoras, na construção de práticas pedagógicas atentas às transformações sociais e
contrárias à lógica do ensino pragmático (ARAÚJO; FRIGOTTO, 2015). Essas práticas
devem caminhar na contramão das práticas tradicionais e bancárias de ensino, contribuindo
para as aprendizagens significativas e para o desenvolvimento da capacidade de ser mais dos
sujeitos que, conscientes de sua inconclusão no mundo, se abrem à permanente busca pelo
conhecimento (FREIRE, 2011, 2013a, 2013b).
Entretanto, para que isso seja possível, é preciso dispor de um ambiente favorável à
superação dos vários desafios institucionais existentes, quais sejam: de gestão, pedagógicos,
culturais, de condições materiais e de ensino, entre outros (ARAÚJO; FRIGOTTO, 2015).
Para além de práticas pedagógicas comprometidas com a formação humana integral,
ressaltamos a importância de investimentos, por parte do governo federal, na formação de
docentes e gestores, bem como em infraestrutura adequada ao alcance dos objetivos
formativos aqui defendidos.
Segundo Kleiman e Marques (2018), a escola precisa ter clareza de suas práticas e
dos caminhos a percorrer, sempre atenta às necessidades e limitações dos estudantes da
modalidade, o que depende também de disponibilização, pelo poder público, de infraestrutura
adequada, professores capacitados e em condições de trabalho ideais.
As autoras chamam atenção para a cautela necessária às práticas educativas, no caso
específico da educação de jovens e adultos, a fim de que as tecnologias digitais não sejam
mais uma causa da evasão dos estudantes, mas potencializadora e forte aliada no processo
formativo de cidadãos críticos e politizados (KLEIMAN; MARQUES, 2018).
No mundo atual, as novas relações de trabalho, a cultura e a ciência são fortemente
influenciadas pelas tecnologias digitais emergentes e pela internet, que vem evoluindo e
ganhando espaço na sociedade, em larga escala, desde a segunda metade do século XX
(LÉVY, 1999, 2010).
50
Nesse sentido, é essencial que a escola cumpra seu papel na formação integral dos
sujeitos, de modo que atuem criticamente no mundo do trabalho e na cibercultura. Segundo
Gemignani (2012), as Diretrizes Curriculares Nacionais para a EPT estabelecem que,
conectividade, mas não possuir expertise para utilizar, de maneira crítica, sistemática e
consciente, as informações acessadas no cotidiano laboral, doméstico ou educacional, para
melhoria das próprias condições de vida.
Principalmente os dois últimos pontos, trazidos por Castells, convergem com as
argumentações de Lévy (1999) quanto aos obstáculos humanos a serem superados para que
inclusão digital seja alcançada,
desafio, ao contrário do que ocorre com os estudantes mais jovens, nascidos a partir de 1990
e classificados como nativos digitais ou geração digital, por terem crescido e se formado
imersos na era digital (PRENSKY, 2001; FRANCO, 2013; COSTA; DUQUEVIZ;
PEDROZA, 2015).
No caso específico do Proeja, entendemos que a realidade tende a ser bastante
singular, visto que muitos sujeitos inseridos hoje no Programa abandonaram a escola e o
ensino regular antes dos anos 1990, quando as tecnologias digitais ainda não estavam
disponíveis nos espaços escolares. Ao retornarem aos sistemas de ensino da atualidade, os
recursos tecnológicos não só se encontram disponíveis como possuem um nível maior de
complexidade.
É importante considerar, também, que as turmas do Proeja são compostas por
estudantes de diversas idades e de gerações distintas e que muitos, embora jovens, não
possuem condições socioeconômicas favoráveis ao acesso e utilização das TICs (NUNES,
2011; LEITE, 2012). Dessa forma, professores e gestores precisam assumir o compromisso
constante de pensar e executar os processos de ensino e aprendizagem atentos às
particularidades dos sujeitos do Programa, apoiados pelo Estado no cumprimento da
obrigação de proporcionar a todas as pessoas o acesso a uma educação de qualidade.
Reconhecemos e defendemos, aqui, a necessidade de educar os estudantes para o
uso crítico e consciente da grande quantidade de informação disponível no ciberespaço e das
tecnologias digitais existentes na cibercultura, ou cultura digital (BEZERRA; AQUINO,
2011; PRETTO, 2011; COSTA; DUQUEVIZ; PEDROZA, 2015).
Nessa direção, é necessário e urgente o abandono do ensino meramente instrumental
e transmissivo, para assunção de processos formativos inovadores, comprometidos com a
aprendizagem significativa, com a autonomia intelectual e com as necessidades formativas
dos sujeitos já que, segundo Nunes (2011, p. 24), “[...] trabalho e tecnologia andam juntos,
consequentemente formação e qualificação profissional demandam, atualmente, a
apropriação de tecnologias digitais”.
Para Pinheiro (2007), a inclusão digital contribui com exercício pleno da cidadania
dos sujeitos e com a construção do conhecimento a partir das informações acessíveis em rede,
pelo que combater a exclusão digital é caminhar em direção à inclusão social dos indivíduos.
A esse respeito, a autora expressa que,
digital não pode ser ignorado, pela intensificação do gap entre os que têm
o monopólio do pensamento, da transformação da informação em
conhecimento e os que estão excluídos desse exercício (PINHEIRO, 2007,
n.p.).
A autora expõe a necessidade de uma definição clara por parte do governo brasileiro
sobre conceito de inclusão digital que faça o País participar, efetivamente, da Sociedade da
Informação e adverte que “ter a infraestrutura é condição sine qua non para se iniciar o
processo, mas é preciso condições econômicas e educacionais que garantam a competência
que realmente inclui” (PINHEIRO, 2007, p. 12, grifo da autora).
A partir do exposto, concebemos a inclusão digital como o acesso às tecnologias
digitais existentes na sociedade, aliadas às habilidades individuais e coletivas para manuseio
autônomo, crítico e democrático das informações disponíveis na rede. Desse modo, a
utilização das TDICs no cotidiano escolar, social e laboral deve contribuir para a melhoria
das condições de vida e trabalho de cada estudante digitalmente incluso e possibilitar a
construção de novos conhecimentos na sociedade do conhecimento.
Mendonça (2016) elenca alguns programas e políticas direcionados à promoção da
inclusão digital da sociedade brasileira, especialmente das classes desprivilegiadas,
implementados pelo governo federal, em parceria com estados, municípios e outras entidades,
conforme demonstramos no Quadro 6.
Quadro 6 – Programas e projetos de inclusão digital implementados no Brasil até o ano de 2016
(continua)
PROGRAMA OU PROJETO ENTIDADES PARCEIRAS
Ministério da Educação (MEC), Agência
Nacional de Telecomunicações (Anatel),
Ministério das Comunicações (MCOM),
Programa Banda Larga nas Escolas (PBLE)
Ministério do Planejamento, Orçamento e
Gestão (MPOG), Secretaria Estaduais e
Municipais de Educação
Secretaria de Ciência e Tecnologia para
Inclusão Social do Ministério da Ciência e
Tecnologia e Inovações (Secis/MCTI),
Casa Brasil
Universidade de Brasília (UnB) e Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq)
Centros de Recondicionamento de Secretaria de Inclusão Digital do Ministério das
Computadores (CRCs) Comunicações (SID/MCOM)
Secretaria de Inclusão Digital do Ministério das
Comunicações (SID/MCOM), Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG),
Cidades Digitais
Telebrás, Inmetro e Banco Nacional de
Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES)
55
Quadro 7 – Programas e projetos de inclusão digital implementados no Brasil até o ano de 2016,
2022 (conclusão)
PROGRAMA OU PROJETO ENTIDADES PARCEIRAS
Ministério das Comunicações (MCOM),
Computadores para Inclusão Ministério do Planejamento, Orçamento e
Gestão (MPOG) e Telecentros.br
Secretaria de Inclusão Digital do Ministério das
Inclusão digital da juventude rural Comunicações (SID/MCOM) e Secretaria
Nacional da Juventude
Oficina para a Inclusão Digital e Participação Movimento Nacional de Inclusão Digital e
Social Participação Social
Projeto Cidadão Conectado – Computador Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações
para Todos (MCTI)
Programa Governo Eletrônico – Serviço de Secretaria de Inclusão Digital do Ministério das
Atendimento ao Cidadão (Gesac) Comunicações (SID/MCOM)
Programa de Implantação de Salas de Secretaria de Educação Especial do Ministério
Recursos Multifuncionais da Educação (SEESP/MEC)
Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações
Programa de Inclusão Social e Digital
(MCTI)
Programa Nacional de Tecnologia Ministério da Educação (MEC), Estados,
Educacional (ProInfo) Distrito Federal e Municípios
Secretaria de Inclusão Digital do Ministério das
Redes Digitais da Cidadania
Comunicações (SID/MCOM)
Programa de Inclusão Digital do Ministério da
Telecentros
Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI)
Territórios Digitais Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA)
Projeto Um Computador por Aluno Fundo Nacional do
(ProUCA) Desenvolvimento da Educação (FNDE)
Programa Brasil Profissionalizado (PBP) Ministério da Educação (MEC)
Fonte: Elaboração da autora (2022), adaptado de Mendonça (2016)
Entretanto, a autora verifica que grande parte desses projetos e programas apresenta
fragilidades e desarticulações, motivadas por diversos fatores como as trocas de mandato
governamental, a distribuição por secretarias e ministérios distintos e a falta de informações
atualizadas nos respectivos sites (MENDONÇA, 2016). Além disso algumas dessas
iniciativas apresentam um caráter meramente compensatório à exclusão digital existente no
Brasil (BONILLA; OLIVEIRA, 2011).
Segundo Pinheiro (2007), embora muitos países como o Brasil tenham se
empenhado no desenvolvimento de projetos de inclusão digital, visando ao uso das TICs para
participação nacional nas redes de informação e comunicação, muitos desses projetos foram
descontinuados por motivos diversos, como as mudanças governamentais, por exemplo.
Nessa direção, percebemos que os problemas identificados nas políticas de inclusão
digital, no contexto brasileiro, se assemelham aos problemas anteriormente identificados na
política de educação de jovens e adultos, também marcadas por descontinuidades.
56
4 PROCEDIMENTOS TEÓRICO-METODOLOGICOS
A metodologia adotada para esta pesquisa, que tem por objetivo principal de
compreender as percepções de estudantes da educação de jovens e adultos integrada à
educação profissional e tecnológica sobre a inclusão digital ao longo da formação técnica de
nível médio, foi a pesquisa de abordagem qualitativa, do tipo estudo de caso exploratório e
descritivo.
De acordo com Minayo, “[...] compreender: este é o verbo da pesquisa qualitativa.
Compreender relações, valores, atitudes, crenças, hábitos e representações e, a partir desse
conjunto de fenômenos humanos gerados socialmente, interpretar a realidade” (MINAYO,
2016, p. 23).
Nessa direção, entendemos que a abordagem escolhida melhor se adequou aos
direcionamentos feitos no decorrer do processo de investigação da realidade escolar, ao passo
que permitiu uma análise interpretativa mais aberta das particularidades que permeiam o
problema de pesquisa (FLICK, 2013).
Contudo, a análise interpretativa só foi possível a partir da compreensão das
subjetividades dos participantes da pesquisa, pois, ao longo da investigação, foi possível
dialogar com os mesmos, a fim de captar as diferentes visões, bem como o detalhamento da
realidade em diferentes níveis, a partir das expressões de cada indivíduo (FLICK, 2013). No
entendimento de Minayo,
realidade empírica (MINAYO, 2016), bem como das percepções dos participantes,
possibilitadas durante a pesquisa, posto que a oportunidade de fala “capta as nuanças da
percepção dos entrevistados para ampliar a compreensão da realidade vivida pelos
respondentes e aprofunda a questão de como as pessoas percebem os fenômenos estudados”
(CÂMARA, 2013, p. 180).
O lócus da pesquisa foi o Instituto Federal de Pernambuco – Campus Recife, que
oferta cursos técnicos, nas formas de oferta integrada ou concomitante ao ensino médio e
subsequente, além de cursos superiores de licenciatura e bacharelado. O cenário escolhido
para a pesquisa foi o Curso Técnico de Refrigeração e Climatização (Integrado – Proeja),
ofertado desde 2006 na forma de oferta integrada por força do Decreto nº 5.154/2004 (IFPE,
2016).
Essas escolhas se justificam pela proximidade da pesquisadora com o Campus
Recife, no qual é servidora do quadro técnico-administrativo, e por ser o único curso Proeja
do IFPE – Campus Recife, ofertado na forma integrada ao ensino médio. É importante
ressaltar que o curso possui apenas uma turma remanescente do Proeja Integrado, posto que
os estudantes matriculados ingressaram na instituição nos anos de 2017 e 2018 e não foram
ofertadas novas turmas nos anos seguintes.
Inicialmente denominado “Curso Técnico em Refrigeração e Ar-condicionado”, à
época ofertado pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Pernambuco (Cefet/PE), na
modalidade regular, o curso passou à atual denominação a partir da Resolução nº 44/2016-
Consup, de 22 de dezembro de 2016, em atendimento à atualização do Catálogo Nacional de
Cursos Técnicos de Nível Médio – Edição 2014, pela Resolução CNE/CEB nº 1, de 5 de
dezembro de 2014 (IFPE, 2016).
Pertencente ao eixo tecnológico “Controle e Processos Industriais”, o curso é
ofertado pelo IFPE – Campus Recife nas formas presencial e integrada ao ensino médio, na
modalidade de educação de jovens e adultos, ou presencial subsequente ao ensino médio, na
modalidade regular. Contudo, apenas a primeira forma de oferta é o foco desta pesquisa. O
curso possui duração mínima de 3 anos e meio, com integralização mínima de 6 anos e meio
e máxima de 13 anos, pelo que possui 7 semestres letivos com oferta de 40 vagas por turma
e no turno da noite (IFPE, 2016).
De acordo com o Projeto Pedagógico do Curso (PPC), atualizado em 2016, o
objetivo geral do curso é oportunizar, a partir do currículo integrado,
pela ausência de acesso e utilização das tecnologias digitais, pelos estudantes que concluíram
a escolaridade de 2000 a 2016, motivo pelo qual optamos por incluir esses estudantes na
pesquisa.
Embora a proposta inicial de dividir os participantes em Grupo A (estudantes
matriculados) e Grupo B (egressos e integralizados) tenha sido considerada, não obtivemos
resposta dos participantes elegíveis para o Grupo B, pelo que descartamos a divisão dos
participantes em grupos.
Por fim, participaram da pesquisa 10 estudantes do Proeja dos quais 4 participantes
tinham entre 30 e 39 anos, 2 participantes tinham entre 40 e 49 anos e 3 participantes tinham
entre 50 e 59 anos. Apenas 1 participante tinha entre 20 e 29 anos.
foram elaborados buscando responder ao problema de pesquisa, com base nos roteiros dos
questionários e entrevistas disponíveis nos estudos incluídos na revisão de literatura, a
exemplo de Nunes (2011) e Mendonça (2016), bem como assim da leitura dos demais
trabalhos e dos autores neles referenciados.
Ademais, a sequência das perguntas e as questões levantadas no questionário e no
roteiro das entrevistas trazem aspectos da experiência e observação da pesquisadora em sala
de aula, com as turmas do Pronatec no ano de 2018, que apresentaram semelhanças quanto
ao perfil formativo dos estudantes do Proeja Integrado.
Portanto, as etapas para elaboração questionário e do roteiro das entrevistas, que
precederam à coleta dos dados, obedeceram à sequência apresentada na Figura 1:
Revisão de Testagem
Elaboração Revisão Versão final
literatura
Quadro 8 – Procedimentos utilizados na análise dos dados coletados, de acordo com os objetivos
específicos definidos, 2022
OBJETIVOS ESPECÍFICOS PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE DOS DADOS
1º objetivo específico: Descrever o perfil dos Análise estatística descritiva dos dados coletados
estudantes da modalidade quanto aos seus por intermédio dos questionários on-line, com
percursos formativos, frente às tecnologias base em Gil (2008).
digitais, e às suas trajetórias profissionais.
Os procedimentos de análise dos dados serão abordados nos subtópicos 4.2 desta
seção, referente aos dados coletados por meio dos questionários on-line, e no subtópico 4.3,
referente aos dados coletados por meio das entrevistas semiestruturadas.
65
Para análise dos dados coletados por meio dos questionários, recorremos à análise
estatística descritiva com base em Gil (2008), na intenção de descrever e analisar os padrões
de frequência identificados, além de destacar os aspectos relevantes para a investigação
empírica.
A partir da técnica de análise estatística descritiva, o pesquisador tem a possibilidade
de: caracterizar aspectos típicos de determinado grupo ou confrontar aspectos distintos entre
dois ou mais grupos; indicar o grau de semelhança ou diferença dos indivíduos de um grupo;
e verificar como esses indivíduos se distribuem em relação a determinadas variáveis. Nessa
direção, recorremos aos gráficos e às tabelas de dupla entrada para descrição e análise dos
dados tabulados (GIL, 2008).
Findo o prazo total de 38 dias para aplicação do questionário on-line, enviado ao e-
mail institucional dos 33 estudantes matriculados na turma do 7º módulo do Curso Técnico
de Refrigeração e Climatização (Integrado – Proeja), ofertado pelo IFPE – Campus Recife,
iniciamos o tratamento dos dados coletados por intermédio de 13 questionários on-line
respondidos.
Face às inconsistências identificadas nas respostas de alguns participantes, fez-se
necessário estabelecer contato, via ligação telefônica e Whatsapp Messenger®, para
esclarecimentos e ajustes, com a finalidade de garantir a fidedignidade dos dados utilizados
na análise. Ademais, aproveitamos os encontros presenciais para realização das entrevistas e
solicitamos outros esclarecimentos quanto às respostas dos participantes ao questionário.
A constatação das inconsistências foi possível a partir do cruzamento das respostas
às perguntas do questionário, a exemplo de “nome da instituição de ensino anterior x ano de
conclusão do ensino anterior”, “rede de ensino anterior x nome do curso anterior”, “existência
de equipamentos/dispositivos tecnológicos x acesso aos equipamentos/dispositivos
existentes”, “situação acadêmica x ano de conclusão do curso Proeja”, entre outras
combinações.
Após ajuste dos dados coletados, julgamos necessário descartar um questionário, no
qual o estudante referiu ter sido reprovado no componente curricular “Informática Básica”,
posto que esse foi um dos critérios de exclusão estabelecidos. Também descartamos um
questionário com inconsistências, pois não conseguimos contato com o estudante para ajustes,
além de um questionário respondido por um estudante pertencente à antiga matriz do curso
66
Segundo Flick (2013), na pesquisa qualitativa, a análise das falas guiadas pelas
entrevistas e dos eventos e ações documentados a partir das observações feitas em campo,
fazem parte do processo de interpretação da realidade.
Com vistas à interpretação dos dados coletados e à compreensão do objeto de
pesquisa a partir das falas dos participantes e dos documentos que norteiam o Proeja
Integrado na instituição escolhida, optamos pelo método de análise de conteúdo em Bardin
(2016). O método é definido pela autora como:
Tabela 2 – Nível de escolaridade concluído por modalidade de educação, anterior ao ingresso no IFPE,
dos estudantes matriculados no Curso Técnico de Refrigeração e Climatização (Integrado – Proeja) do
IFPE – Campus Recife, 2022, n=10
EJA Regular
N % N %
Ensino Fundamental completo 3 30% 3 30%
puderam concluí-la. Em contraponto, os autores revelam, a partir dos relatos dos estudantes,
que refazer o ensino médio representa a busca por uma educação de qualidade que não fora
ofertada nas escolas públicas de origem, dado o descompasso entre o grau de escolaridade e o
grau de conhecimento dos estudantes (MOURA; HENRIQUE, 2012).
Quanto às expectativas formativas iniciais dos estudantes egressos da EJA,
demonstradas no Gráfico 1, foi possível identificar relação com a atual situação de desemprego
na qual esses estudantes se encontram:
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
que 3 participantes (60%) nunca trabalharam, dos quais 2 estudantes (33,3%) são do sexo
feminino. Todos esses estudantes se declararam desempregados, o que justifica a intenção de
inserção no mercado de trabalho expressada pelos estudantes.
Parte dos estudantes do Proeja é composta por sujeitos que retornam ao sistema de
ensino com expectativas diversas e encontram na educação profissional técnica de nível médio
a oportunidade de pleitear um lugar no mundo do trabalho, a partir da formação técnica e da
elevação da escolaridade.
Outro dado importante surgiu a partir das respostas sobre a modalidade de emprego
atual pois, embora a totalidade dos participantes egressos da EJA esteja em situação de
desemprego, 3 estudantes (60%) se declararam “autônomos(as)”, o que revela que a percepção
de ocupação se sobrepõe à percepção de emprego, propriamente.
Quanto às expectativas formativas dos 5 estudantes provenientes do ensino regular, foi
possível verificar diferenças significativas, se comparadas às expectativas dos estudantes
oriundos da EJA (gráfico 1), conforme demonstra o Gráfico 2:
Gráfico 2 – Expectativas dos participantes oriundos do ensino regular, matriculados no Curso Técnico
de Refrigeração e Climatização (Integrado – Proeja) do IFPE – Campus Recife, 2022, n=5
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Gráfico 3 – Redes de ensino frequentadas pelos estudantes antes do ingresso no Curso Técnico de
Refrigeração e Climatização (Integrado – Proeja) do IFPE – Campus Recife, 2022, n=10
10%
20%
70%
Com relação à rede de ensino municipal, 2 estudantes (20%) relataram a parceria entre
a EJA e o Projovem no ano de conclusão do nível fundamental, em 2010 e 2015. Apenas 1
participante (10%) é egresso da rede privada de ensino. Todas as escolas de origem estão
localizadas em áreas urbanas.
Ante ao perfil socioeconômico da maioria dos estudantes, que ingressaram no curso
em busca do ensino médio integrado à formação técnica de nível médio, as oportunidades
formativas proporcionadas pelo Proeja podem representar um caminho para a melhoria das suas
condições de vida, trabalho e renda (NUNES, 2011; SPRINGER, 2019).
Na intenção de compreender como se deu o acesso e uso das TDICs com conectividade
à internet pelos estudantes, durante suas trajetórias formativas nas escolas de origem, coletamos
dados relacionados à existência e utilização desses recursos no ambiente escolar. Os dados são
representados na Tabela 3, a partir das respostas de múltipla escolha ao questionário on-line:
Participantes egressos de
1 10% - 1 10%
escolas públicas municipais
Participantes egressos de
- 1 10% -
escolas privadas
4 40% 2 20% 4 40%
Fonte: Elaboração da autora (2022)
Diante dos dados coletados, verificamos que em 4 das 10 escolas de origem (40%) dos
participantes da pesquisa, não havia equipamentos ou dispositivos tecnológicos da informação
e comunicação – como computadores de mesa (desktops), notebooks, tablets, entre outros –
tampouco conectividade à internet.
Embora em 6 escolas (60%) existissem TDICs, em 2 (20%) dessas instituições de
ensino não existia conectividade à internet. Nesse sentido, foi possível verificar que 6 (60%)
das escolas de origem dos participantes da pesquisa não dispunham de conectividade à internet.
Os dados revelam que apenas 4 das 10 escolas (40%) dispunham de TDICs com
conectividade à internet. Contudo, é importante ressaltar que, desse percentual, apenas 1
76
participante (25%), oriundo de escola pública estadual, respondeu que vivenciou o acesso pelos
estudantes aos equipamentos/dispositivos tecnológicos digitais e à internet existentes na
instituição de ensino, desde que com auxílio de um(a) professor(a).
De acordo com Toschi (2019), partir de 1997, com o início do Programa Informática
na Educação (ProInfo)7, as TDICs começaram a ser incorporadas nas escolas públicas. Contudo,
a autora afirma que muitos projetos e programas dessa natureza não foram bem-sucedidos,
devido aos desafios que permeiam as políticas de inserção das tecnologias digitais nos
ambientes escolares.
A Figura 2 apresenta um breve histórico sobre as iniciativas materializadas em
programas ou políticas educacionais de inovação e tecnologia na educação, de 1970 a 2017.
7
A 1ª etapa do Programa criado pela Portaria nº 522/MEC, de 1997, com o objetivo de disseminar o uso pedagógico
das tecnologias de informação e comunicação (TICs) nas redes públicas estadual e municipal da educação básica,
tinha como principais ações: a montagem de laboratórios de informática nas escolas e a promoção de cursos de
formação sobre tecnologia educacional. Em 2007, em sua 2ª etapa, o Proinfo Integrado (Decreto nº 6.300, de
2007) ampliou a meta de inclusão digital, na intenção de beneficiar a comunidade escolar e a população do
entorno (DELLAGNELO, 2017; CGI, 2017).
77
Apenas na secretaria
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Quanto aos ambientes escolares nos quais os recursos tecnológicos estavam alocados,
nas escolas frequentadas pelos estudantes antes do ingresso no IFPE, em 3 escolas (50%) as
TDICs existiam apenas nos laboratórios de informática. Cabe salientar que essas escolas
pertencem à rede pública estadual de ensino.
Em apenas 1 escola (16,7%), pertencente à rede pública estadual, existiam TDICs no
laboratório de informática e na sala dos professores. Enquanto 1 escola (16,7%), da rede pública
municipal, dispunha de TDICs apenas na sala dos professores e 1 escola (16,7%), da rede
privada, apenas na secretaria.
Esses dados nos permitiram verificar que em 4 escolas (66,7%) os recursos
tecnológicos estavam alocados em ambientes onde o acesso pelos estudantes poderia ter sido
proporcionado. Entretanto, ao analisarmos a totalidade das respostas dos participantes quanto
ao acesso e utilização das TDICs e da internet nas escolas de origem, verificamos que 9
78
estudantes (90%) não tiveram acesso a esses recursos tecnológicos, embora existissem em mais
da metade das instituições de ensino.
Sobre a presença de computadores com conectividade à internet nas escolas públicas
em 2016, último ano de conclusão da escolaridade anterior relatado pelos estudantes, a pesquisa
TIC Educação 2016, do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) revela que:
partir das percepções dos estudantes ao longo da formação, uma vez que todos os participantes
indicaram que existem TDICs nos espaços institucionais. O Gráfico 5 apresenta os ambientes
do IFPE – Campus Recife onde as tecnologias estão alocadas:
informática durante o ensino fundamental regular, embora curtas e com pouca duração, e 1
participante (33,3%) informou ter realizado um curso de qualificação profissional no Serviço
Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), em 2013, no qual era possível utilizar a internet
disponível na Instituição.
O Gráfico 6 apresenta as condições de acesso dos estudantes à internet disponível no
IFPE – Campus Recife:
50% 20%
Não tenho ou nunca tive acesso
30%
Cinco estudantes (50%) relataram que necessitam do auxílio dos docentes para acessar
a internet disponível na Instituição, enquanto 3 participantes (30%) referiram que utilizam a
internet sem auxílio dos docentes. Apenas 2 estudantes (20%), Q6 e Q10, referiram que nunca
tiveram acesso à internet disponível no IFPE – Campus Recife, embora ambos tenham
respondido que têm ou já tiveram acesso aos dispositivos e equipamentos tecnológicos digitais
existentes.
O Gráfico 7 apresenta as principais finalidades relatadas pelos estudantes quanto ao
acesso e uso das TDICs e da internet disponíveis no IFPE Campus Recife:
81
Gráfico 7 – Principais finalidades de acesso e uso das TDICs e internet disponíveis no IFPE – Campus
Recife, segundo os estudantes matriculados na turma do 7º módulo do curso técnico de Refrigeração e
Climatização (Integrado – Proeja), 2022, n=10
10
9
8
7
6
50%
5
4
30%
3
20%
2
10% 10% 10% 10% 10%
1
0
Uso pessoal Participação Pesquisas Utilização do Estudos Comunicação Trabalho com Não
nas aulas em online q-acadêmico com a turma softwares responderam
geral
presentes em 40% das residências, cada. O percentual de estudantes que possuem mais de um
recurso voltado ao uso das TDICs em suas residências alcança 70% e todos os participantes
referiram que utilizam a internet. Contudo, 1 estudante relatou que possui apenas o smartphone
(10 %), mas que não sabe utilizar o dispositivo, ao passo que 1 estudante referiu que não possui
nenhum recurso destinado ao uso das TDICs (10%).
Verificamos que as trajetórias escolares anteriores ao ingresso no curso técnico do
Proeja no Campus Recife não favoreceu a inclusão digital dos estudantes, devido à ausência de
acesso e uso das TDICs durante o processo de ensino e aprendizagem. A ausência se deu,
principalmente, pela falta de infraestrutura tecnológica adequada – como computadores e
internet – nos diversos espaços escolares, em detrimento da apropriação dos conhecimentos e
habilidades necessários ao acesso e uso das tecnologias pelos estudantes com autonomia e
criticidade.
De acordo com Coelho e Cruz (2008, n. p.), negar a esses estudantes, que retornam ao
processo de escolarização, “[...] a possibilidade de adquirir os conhecimentos necessários a este
novo código de comunicação da sociedade tecnológica é negar-lhes o direito à plena cidadania”,
uma vez que as tecnologias digitais estão inseridas em todos os espaços sociais da atualidade.
Nesse sentido, oportunizar a esses estudantes o acesso e uso das tecnologias digitais,
ao longo da formação, pode representar um passo importante para a aquisição de habilidades e
conhecimentos sobre as TDICs e para a redução da situação de desigualdade digital na qual
estão inseridos.
83
Quadro 9 – Categorias e subcategorias de análise, estabelecidas a partir dos núcleos temáticos das
entrevistas semiestruturadas realizadas com os estudantes do 7º módulo do curso técnico de
Refrigeração e Climatização (Integrado – Proeja), IFPE – Campus Recife, 2022, n=5
CATEGORIAS SUBCATEGORIAS NÚCLEOS TEMÁTICOS FREQUÊNCIA
Dependência do suporte tecnológico
05
relacionado às TDICs no cotidiano social
A1) Sentidos, Precariedade ou falta de acesso às TDICs 05
vivências e
significados para Desenvolvimento social e facilidades nas
A) Acesso e uso 04
os discentes atividades humanas
das TDICs
Sentimento quanto à pouca habilidade para uso
no cotidiano 03
das TDICs
social
Desenvolvimento de habilidades necessárias à
05
A2) Autonomia autonomia social
discente no uso Presença das TDICs no cotidiano educacional 04
das TDICs
Segurança digital 03
Uso de hardware/software como apoio ao ensino 05
B1) Formação técnica Práticas com uso das TDICs durante a formação 05
e mediação
pedagógica Uso das TDICs durante o ensino remoto 05
B) Acesso e uso Problemas institucionais relacionados à
das TDICs 03
infraestrutura e manutenção das TDICs
na formação
Presença das TDICs no cotidiano laboral 05
profissional
B2) Habilidades no Conhecimentos sobre as TDICs necessários ao
uso das TDICs e 05
mercado de trabalho
mundo do Desenvolvimento de conhecimentos e
trabalho habilidades em TDICs necessárias à prática 05
profissional
Fonte: Elaboração da autora (2022), a partir dos relatos dos estudantes que participaram da etapa de
entrevistas
84
[...] eu sou autônomo, trabalho com pintura, com elétrica, e alguns clientes me
pagam em dinheiro para comprar material para reforma, alguma coisa desse
tipo... quando aparece, né (ESTUDANTE E1).
[Utilizo] Em coisas essenciais... pagamento... hoje em dia na questão de ter
troco, em muitos locais, é bem complicado. E, também o uso do celular porque
qualquer serviço, qualquer atividade que eu faço, eu passo o relatório para o
cliente no celular e fica registrado ali o dia que eu fui, o horário e o que foi
feito (ESTUDANTE E4).
[...] é que meu esposo, como ele trabalha fixo, quando ele larga... Pronto!
Nesse período que a gente estava de pandemia, a gente aproveitou quando
começou liberar a entrada nos apartamentos, para fazer serviço [...] ele
[esposo]: “-Oh, se ajeita! Separa ferramenta, tal...”. Então, assim, me ajudava
muito (ESTUDANTE E5).
Na percepção dos estudantes, ser digitalmente incluso está diretamente relacionado à
autonomia no uso das tecnologias digitais existentes na sociedade, desde a habilidade para
acessar as funcionalidades de um caixa eletrônico à facilidade de acesso às informações
disponíveis na rede mundial de computadores, ou à possibilidade de compartilhamento dos
conteúdos formativos e de comunicação entre os pares.
De acordo com Cruz (2004, p. 9, grifo nosso), “a inclusão digital deve favorecer a
apropriação da tecnologia de forma consciente, que torne o indivíduo capaz de decidir quando,
como e para que utilizá-la”. Nessa linha de entendimento, a inclusão digital requer, entre outros
aspectos, a apropriação de conhecimentos e o domínio de habilidades necessárias à utilização
das tecnologias digitais com autonomia, responsabilidade e postura crítica frente às
informações acessadas (PISCHETOLA, 2016), uma vez que permeiam o cotidiano social,
educacional e laboral dos estudantes, como referido nos excertos:
Inclusão digital, para mim [...] é obrigação em si, assim, do Estado né, de
incluir as pessoas para que possam [...] não ficar, como eu disse antes, atrás
86
dos outros, né [...] Não ficar dependendo de outras pessoas. [...] Creio que seja
importantíssimo, né, para todos ter esse acesso digital (ESTUDANTE E1).
[...] eu restrinjo muito a não ir a banco, para utilizar sempre a parte digital do
celular, com relação aos app de banco, para fazer todos os pagamentos [...] E,
também, na base de estudo, também, que você pesquisa alguma coisa que quer
fazer... (ESTUDANTE E3).
Eu creio que seja você estar apto para usar as plataformas digitais sem
dificuldade (ESTUDANTE E4).
A inclusão digital, para mim, ela ajuda no dia a dia, né, quando você sabe
utilizar ela [...] Tipo, você falta uma aula, né, aí o teu amigo está lá, ele tira
foto, te envia “-Oh, estuda assim...” ou, talvez, depois te explique
(ESTUDANTE E5).
Os estudantes do Proeja se percebem como pessoas incluídas no mundo digital seja
por necessidade de acompanhar o constante avanço das tecnologias e as demandas educacionais
da sociedade atual, ou como resultado das vivências com as tecnologias digitais antes do
ingresso no curso:
[...] eu me sinto incluído porque [...] quando eu era mais novo, eu tive acesso
a computadores [...] e aí eu fui aprendendo, né (ESTUDANTE E1).
[...] eu me vejo como uma pessoa incluída, porque eu utilizo muito...
frequentemente, não rede social [...], mas eu utilizo muito em comunicação,
em obter também alguns cursos (ESTUDANTE E3).
[...] a gente, vamos dizer, é forçado realmente [...] a utilizar o q-acadêmico,
a utilizar aplicativos de aula, fazer... estudar por videochamada. Então, acaba
você melhorando a cada dia a sua inclusão digital (ESTUDANTE E4).
Então... eu me sinto incluída porque eu forço, né, a aprendizagem um
pouco, mas excluída por conta da minha opção. [...] me sinto incluída
forçadamente porque muitas das coisas, tipo notícia, “não sei o quê” do IF...
Então você é obrigado a entrar no portal, olhar... então, você é incluída
porque tem necessidade (ESTUDANTE E5).
No entanto, parte desses estudantes relata que, embora possua os equipamentos e
dispositivos tecnológicos digitais com acesso à internet, como smartphone, notebook e tablet,
enfrenta dificuldades relacionadas à atualização, manutenção e utilização das tecnologias
digitais. Nesse sentido, enfrenta ainda em seu cotidiano social a precariedade no acesso às TDIC,
como referido nos excertos:
Mal! Me senti mal porque eu queria conseguir, além de fazer, ter o acesso
(ESTUDANTE E2).
[...] me senti... tipo, faltando alguma coisa... de que se eu, realmente, não
tivesse uma pessoa próxima para ajudar eu, talvez, não concluiria o que eu
estava planejando. Eu ia ficar, tipo, de “mãos abanando” que eu não ia poder
concluir (ESTUDANTE E4).
[...] quando a gente se vê em alguma situação no qual você não consegue
resolver você sente um pouco inútil, entendeu? Na questão do caixa
eletrônico, pronto! Meu esposo adoeceu, eu não podia ir porque eu não sabia
mexer. [...] Na sala de aula, [...] eu achava que tipo, assim, eu estava
incomodando muito em pedir “-Professora, me ajuda! Professora, me
ajuda!...”. É uma sala assim repleta de gente. Então, assim, ela não poderia
voltar só a mim (ESTUDANTE E5).
De acordo com Lemos e Costa (2005), existem duas formas de inclusão digital:
espontânea e induzida. A inclusão digital espontânea ocorre quando os cidadãos que vivem na
era tecnológica são obrigados a utilizar, minimamente, as diversas tecnologias digitais presentes
no cotidiano, para a realização de atividades corriqueiras, a exemplo dos saques em caixas
eletrônicos, a emissão de documentos digitais, o acesso às informações em sites governamentais,
entre outros.
Em sentido contrário, na inclusão digital induzida são propostas situações específicas
de aprendizagem, materializadas por projetos, programas ou dinâmicas educacionais de
inclusão digital, por iniciativas governamentais, não governamentais e parcerias privadas,
voltadas à formação para o acesso e o desenvolvimento de habilidades para a autonomia no uso
das tecnologias digitais (LEMOS; COSTA, 2005; MENDONÇA, 2016).
A inclusão digital induzida envolve três categorias fundamentais: técnica, que envolve
a destreza no acesso às TDICs, softwares e internet; cognitiva, que envolve autonomia e
independência no uso complexo das TDICs, visão crítica e consciente dos meios, a prática
social transformadora e consciente, entre outros aspectos; e econômica, relacionada às
condições financeiras para aquisição e manutenção das TDICs e custeio de rede e softwares.
Desse modo, compreendemos que as significações e vivências dos estudantes os
88
Sim. [é importante] Pelo cotidiano que a gente vive, né. Nessa era digital a
gente tem que estar antenado a tudo, né, para não ficar, no caso, para trás
(ESTUDANTE E1).
[É importante] Demais! Se você souber usar, você não vai precisar pedir
uma orientação a outra pessoa (ESTUDANTE E4).
É, sim, importante. Agora, apesar de que para ir ao caixa eletrônico eu não
vou só. Entendeu? Me sinto um pouco insegura, eu também eu não sei
mexer bem. Eu sempre confio 100% do meu esposo e ele que me auxilia
nessas questões (ESTUDANTE E5).
Contudo, foi possível perceber que os estudantes não dispõem de tecnologia adequada
para utilização no cotidiano social ou educacional, tampouco de habilidades necessárias à
autonomia no uso das TDICs e da internet presentes nos diversos espaços sociais, como relatado
nos excertos:
[Dificuldade] para utilizar, não; para ter acesso, sim. Fora do curso, ou
trazendo para cá [referência ao IFPE], o negócio da monitoria mesmo,
precisava entregar e não tinha como, em casa, terminar com o notebook. Eu
tive que ir em outro local fazer para poder entregar (ESTUDANTE E2).
Algumas [tecnologias], sim. Na questão de celular, aplicativo de banco é
bem... tranquilo. Mas, na questão usar e-mail, usar computador, notebook,
essas coisas, eu não tenho o dia a dia de usar por isso que eu sou um pouco
“travado” (ESTUDANTE E4).
89
[...] às vezes eu... eu peço para meu filho [...] “-Você tem como procurar pra
ver se você consegue baixar algum livro pra mim?”, aí ele vai e baixa [...] hoje
em dia eu não tenho tanta [dificuldade] por conta do meu filho né, mas,
tipo, às vezes: “-Ah, como é que eu faço tal coisa, não sei o quê...”, aí me
perco. Aí, “-Salvei!"... Eu acho que eu não salvei certo, aí estou digitando, aí
perdi o arquivo. [...] Você tem que saber o passo a passo para você não perder
os seus... o que você está digitando, tal... Então, assim, muito disso
(ESTUDANTE E5).
Os estudantes relataram que a autonomia é importante, principalmente, por questões
de segurança digital no uso de caixas eletrônicos, aplicativos de internet banking e
compartilhamento de dispositivos móveis, conforme destacado:
É fundamental! Porque tendo em vista, por exemplo, a minha mãe... ela não
sabe, então ela sempre precisa de alguém para fazer para ela, e eu não acho
que isso seja algo legal... (ESTUDANTE E2).
É importante porque, mesmo para você não cair em certas “armadilhas”,
você precisa dominar as situações de segurança e fazer a coisa correta, com
segurança. (ESTUDANTE E3).
[...] muitas pessoas, em questão de caixa eletrônico, levou muito golpe porque
não sabia usar, pediram a orientação de estranho e acabava informando a
senha... às vezes clonava cartão. Então, é essencial você usar para não
depender de outras pessoas para fazer algo (ESTUDANTE E4).
[...] como meu filho entende um pouco, ele diz assim: “-Mãe, você não dá o
seu telefone a todo mundo. Existe clonagem, existe muita coisa...”. E, às
vezes, é gente tão próximo a você e que você não imagina (ESTUDANTE
E5).
Os relatos nos permitiram verificar que, embora se percebam como incluídos no
mundo digital, por necessidade de acompanhar o ritmo social e educacional ou por experiências
com tecnologias anteriores à formação profissional, os estudantes não dispõem de condições
socioeconômicas favoráveis à aquisição de equipamentos e dispositivos atualizados. Tampouco
dispõem de habilidades suficientes à autonomia para uso das tecnologias às quais têm acesso,
o que vai de encontro aos pilares básicos para a inclusão digital, defendida por Silva Filho
(2010), a saber: tecnologias, renda e educação.
De acordo com Moran (2012, p. 25), “[...] somente podemos educar para a autonomia
e para a liberdade, valendo-nos de processos fundamentalmente participativos, interativos,
libertadores, que respeitem as diferenças”. Nesse sentido, educar os estudantes do Proeja para
a autonomia requer atenção às singularidades dos sujeitos, às condições socioeconômicas, às
trajetórias formativas e às demandas de formação para o trabalho e para a vida.
90
você tem que entender um pouco para poder manusear. E é o futuro [...] cada
vez a tecnologia invadindo mais a área de Refrigeração (ESTUDANTE
E1).
É importante! Foi importante na formação e vai ser importante no futuro
também. [...] a finalização não para por ali. Não para só por conta de ter obtido
um diploma, uma certificação, mas você tem que ir em busca de aprimorar
(ESTUDANTE E3).
Positivo! Porque como o mundo hoje gira muito em torno das plataformas
digitais [...] eu já peguei uma ocasião que chega uma peça nova de ar-
condicionado [...] em alguns modelos ela encaixava, perfeitamente, e em
outros modelos ela não encaixava. [...] Aí [a secretária] teve que passar um
relatório para o fabricante [coreano]. [...] através das plataformas você
consegue isso com muita rapidez (ESTUDANTE E4).
[...] [É importante] porque muita coisa que você usa tem aplicativo para te
ajudar [...] alguns professores: “-Oh, esse aplicativo aqui vai te ajudar. Baixa
ele no teu celular, ele vai ser útil para ti...” [...] e tem muitas funções que você
[...] baixa, de metragem, [...] tudo isso facilita, um pouco... (ESTUDANTE
E5).
A maioria dos estudantes referiu que as práticas e aprendizagens sobre o uso das TDICs
ao longo da formação ocorreram, principalmente, na disciplina de Informática Básica
(formação geral) e das disciplinas técnicas que demandavam a utilização das TDICs, a exemplo
de Eletrônica Básica, Eletrônica Digital e Desenho Técnico – CAD:
[...] a gente teve aula de Informática, né, teve uma base, [...] ela repassou
muitas instruções para a gente, [...] softwares, utilização de software de
edição, [...] tivemos agora, há pouco, Eletrônica Básica, Eletrônica Digital,
onde foi abordado muita coisa sobre tecnologia, [...] Acionamentos Elétricos
também... (ESTUDANTE E1).
[...] Informática Básica, com [nome do docente omitido]. É... Autocad e
outras, nas cadeiras técnicas, com o professor de Refrigeração, [nome do
docente], ele ajudou muito (ESTUDANTE E2).
[...] alguns trabalhos nossos, que foram feitos tanto em equipe como
individual, foi necessário a utilização de tecnologia, busca e pesquisa, [...] a
base todinha de Informática daqui foram duas cadeiras de Informática, tanto
uma avançada e a outra básica, [...] Eletrônica digital, [...] Automação do
sistema [...] que vai envolver muito o digital... (ESTUDANTE E4).
Foi Autocad, com [nome do docente omitido], e [nome do docente omitido]
de Informática, teve... usou muito na questão de abrir e-mail, é... arquivar,
salvar, enviar para alguma pasta... então a gente explorou muito essas
atividades (ESTUDANTE E4).
[...] foi no início quando a gente teve Informática, [...] mesmo a gente tendo
dificuldade, mas a gente aprendeu lá [...] depois, foi pra Autocad, [...] Então a
gente sabe que aquela função ali [...] ajudou com Autocad, com arquivo
computacional... (ESTUDANTE E5).
[...] boa parcela dos professores, sim. [Utilizavam] Datashow, [...] suporte de
um... um televisor, né, um computador, [...] eu acho que deveria ter alguma
cadeira abordada, especificamente, para isso... para que a gente pudesse
trabalhar com softwares de verdade [...] porque a gente via muita coisa, mas
era na teoria, né (ESTUDANTE E1).
[...] no início do curso [...] era mais difícil [...] o trabalho era... seria em cima
de... Datashow, utilização de equipamento digital mesmo, entendeu? [...] Eles
realmente capturavam as coisas e entregavam para a gente...
(ESTUDANTE E3).
Tudo dependia da necessidade da matéria. [Utilizavam] Datashow, muito
na aula de Autocad [...], na aula de Biologia, [...] na aula de Informática. [...]
Só em algumas matérias que não precisava, que era as cadeiras normais do
ensino médio... (ESTUDANTE E4).
[...] era de acordo com o período [...] no começo do período a gente estudou
muito Datashow aí depois, na prática pouco, né. [...] Eu acho que poderia ser
oferecido mais. [...] tem gente que está aqui [no IFPE] há muitos anos [...]
8
O documento concebe a tecnologia como “um conjunto de ferramentas, conhecimentos técnico-científicos,
processos e materiais criados e/ou utilizados a partir de tal conhecimento” (IFPE, 2014, p. 5).
93
aprendeu em 2018 e ainda está aqui em 2022. Então, assim, demorou um prazo
assim para ele, tipo, praticar. Algumas coisas mudaram [...] então ele viu aqui
no começo e está vendo aqui, já no final [...] eu acho que tudo que você
aprende, você tem que praticar. Se você não pratica, você acaba esquecendo
(ESTUDANTE E5).
Os relatos dos estudantes revelam o caráter tecnicista do ensino para uso das
tecnologias digitais em situações específicas, relacionadas especialmente às demandas do
mercado de trabalho e qualificação da mão de obra, nesse caso, para a área de Refrigeração
(BONILLA; SOUZA, 2011; LIMA, 2016).
De modo semelhante, entendemos que a aprendizagem ampla no uso das TDICs para
a autonomia dos estudantes trabalhadores, inseridos na dinâmica de uma sociedade tecnológica,
não é priorizada nas demais áreas do conhecimento, no contexto do curso Proeja.
Tal constatação vai de encontro ao princípio pedagógico da interdisciplinaridade,
presente na Política de Tecnologias Educacionais que, com base no Projeto Político Pedagógico
Institucional (PPPI) 2009-2013, considera que “[...] as práticas interdisciplinares contribuem
para a formação simultânea do estudante nos aspectos técnico e prático, pluralista e crítico”
(IFPE, 2012, p. 35).
De igual modo, o caráter tecnicista do ensino ofertado aos estudantes do Proeja fere o
princípio da contextualização, por impossibilitar que os saberes construídos pelos estudantes,
ligados as suas vivências com as tecnologias no cotidiano social, educacional e laboral sejam
consideradas na construção do conhecimento (IFPE, 2014).
Segundo Kleiman e Marques (2018), todas as áreas do conhecimento devem
compartilhar a responsabilidade sobre as diversas aprendizagens, inclusive sobre os recursos
digitais, na intenção de favorecer a criticidade e a dialogicidade nos processos de ensino e
aprendizagem, bem como a cultura interdisciplinar de produção do conhecimento.
Contudo, empregar as tecnologias digitais na mediação pedagógica vai além da mera
utilização de equipamentos e recursos audiovisuais, como Datashow e PowerPoint, para
favorecimento das aulas expositivas e da transmissão de informações e conhecimentos,
marcantes no modelo de ensino tradicional (FREIRE; GUIMARÃES, 2013; MASETTO,
2013).
Ademais, foi possível verificar que, além dos estudantes do Proeja, parte dos
professores vinculados ao programa, mas que não lecionam em componentes curriculares nos
quais a prática com TDICs é inerente, enfrentam dificuldades para integrar as tecnologias
digitais às práticas didático-pedagógicas.
As dificuldades se relacionam, principalmente, à falta de habilidades e conhecimentos
94
suficientes para lidar com essas tecnologias em suas práticas pedagógicas, bem como às
limitações de infraestrutura. A esse respeito os estudantes afirmaram:
9
Durante do estado de pandemia de COVID-19, o ensino remoto foi adotado excepcionalmente em substituição
ao ensino presencial e não deve ser confundido com a Educação a Distância (EaD), posto que tal modalidade
tem características próprias e pré-estabelecidas e coexiste, na forma de oferta regular, com a modalidade de
Educação Presencial (SAVIANI; GALVÃO, 2021).
96
sobre o desenvolvimento de habilidades para uso das TDICs nos espaços de trabalho
proporcionaram a construção da subcategoria B2) Habilidades no uso das TDICs e mundo do
trabalho.
Nessa esteira de entendimento, percebemos que a formação tecnicista acaba por
alimentar o interesse estritamente instrumental dos estudantes do Proeja com relação às
tecnologias digitais, voltado à empregabilidade e ao suporte tecnológico em situações pontuais
de trabalho. Sobre essa questão, os estudantes referiram:
[...] creio que os professores devem abordar mais, [...] trabalhar mesmo com
os softwares que eles passam para a gente, que eles explicam. E, para que
quando vá para o mercado de trabalho, vá para o campo mesmo, possa
executar corretamente, né... (ESTUDANTE E1).
[...] O PROEJA, em si, já é difícil... já é um negócio encurtado. E aí, você
precisa se esforçar mais para aprender mais, para quando sair... sair mais
preparado. [...] todos os programas, eu acho que é importante aprender.
Principalmente, nessa área [Refrigeração], porque a gente precisa
desenvolver... diagrama (ESTUDANTE E2).
Facilita muito, na questão de a gente enviar um e-mail... se eu lhe disser agora
que eu tenha uma facilidade de enviar um e-mail para outra pessoa, eu
digo que eu não tenho [...] talvez, elaborar alguma planilha, elaborar alguma
atividade em relação a computador (ESTUDANTE E4).
[...] Eu não sabia que ela [a tecnologia] tinha tanta importância... que tipo,
assim, ela iria me prejudicar, entendesse, no futuro (que foi agora no caso, né,
durante a entrevista). Ele [o empregador] queria que eu fosse habilitada a
essas coisas, [...] Autocad, planilha... tudo isso eu acho que você tem que...
99
focar. Pronto, agora eu estou vendo por conta que precisei, que nem eu disse
a você (ESTUDANTE E5).
A partir dos relatos foi possível verificar que embora existam componentes
curriculares de formação geral, os componentes de formação técnica, a exemplo de Informática
Básica, Eletrônica Digital e Desenho Técnico – CAD, que abordam conhecimentos específicos
sobre o uso das tecnologias. Mesmo assim os estudantes demonstraram que não desenvolveram
habilidades suficientes, ao longo da formação, que possam ser aplicadas à prática profissional.
Segundo Saviani e Galvão (2021), a educação não se limita ao ensino, todavia a escola
tem um papel fundamental na socialização dos conhecimentos historicamente acumulados, para
que os indivíduos possam se apropriar do patrimônio cultural do gênero humano. Contudo, não
basta ofertar os conteúdos sem estabelecer uma mediação que abarque as múltiplas dimensões
e determinações que incidem sobre o contexto social e laboral dos indivíduos. Nesse sentido,
as tecnologias figuram como extensões das capacidades humanas na sociedade do
conhecimento (KENSKI, 2012; SAVIANI; GALVÃO, 2021).
A investigação empírica nos possibilitou captar os sentidos, sentimentos e significados
atribuídos pelos estudantes, às vivências frente à pouca autonomia para uso das tecnologias
digitais no contexto social e educacional, como inutilidade e incompletude. Desse modo,
embora se percebam como digitalmente inclusos, o são de forma espontânea, dada a
necessidade de acompanhar as mudanças tecnológicas impostas pela sociedade atual.
No contexto formativo, verificamos que o acesso e uso das TDICs ocorrem em
disciplinas e atividades nas quais o uso desses recursos é inerente, limitado às aulas expositivas
e ao treinamento técnico. Nas demais disciplinas gerais e específicas não houve menção por
parte dos estudantes a abordagens sobre o acesso e uso das TDICs.
Tal constatação revela o caráter tecnicista da formação profissional e tecnológica
ofertada aos estudantes do curso Proeja, o que fere os princípios pedagógicos da
interdisciplinaridade e da contextualização, presentes na Política de Tecnologias Educacionais
do IFPE.
Além disso, os estudantes enfrentam dificuldades relacionadas à pouca habilidade no
uso das TDICs, o que se mostrou um obstáculo à inserção profissional de alguns estudantes em
situação de desemprego; e à obtenção e manutenção de dispositivos e internet de qualidade, o
que trouxe prejuízos à aprendizagem durante a pandemia de COVID-19
Observamos que, apesar de perceberem a importância da obtenção de conhecimentos
e habilidades para autonomia e criticidade no uso das TDICs, os estudantes demonstram
interesse estritamente instrumental pelas facilidades proporcionadas por essas tecnologias ao
100
Tabela 4 – Respostas registradas pelos docentes às perguntas fechadas nos formulários de avaliação
do produto educacional, 2022, n=4 (continua)
CONCORDAM CONCORDAM
PARÂMETROS CONCORDAM
TOTALMENTE PARCIALMENTE
N % N % N %
1- Alinhamento dos conteúdos aos
3 75% 1 25%
objetivos do minicurso:
2- Bibliografia atualizada e adequada
3 75% 1 25%
aos conteúdos:
3- Adequação dos conteúdos ao
3 75% 1 25%
público-alvo:
4- Adequação do design gráfico ao
3 75% 1 25%
público-alvo:
107
Tabela 5 – Respostas registradas pelos docentes às perguntas fechadas nos formulários de avaliação
do produto educacional, 2022, n=4 (conclusão)
CONCORDAM CONCORDAM
PARÂMETROS CONCORDAM
TOTALMENTE PARCIALMENTE
8 ÚLTIMAS CONEXÕES
Por outro lado, as percepções dos estudantes nos permitiram compreender que parte
dos professores não utiliza tecnologias em suas práticas pedagógicas, ou utiliza com
dificuldade, por não possuírem conhecimentos e habilidades necessários à potencialização
do processo de ensino e aprendizagem mediatizado pelas tecnologias digitais. Nesses
aspectos, se distanciam dos princípios pedagógicos e dos eixos norteadores presentes na
Política de Tecnologias Educacionais do IFPE e indicam a necessidade de formação
continuada docente.
Portanto, as percepções dos estudantes do IFPE Campus Recife sobre a inclusão
digital nos permitiram compreender que o ensino técnico de nível médio ofertado à EJA
integrada à EPT não favorece a inclusão digital dos estudantes ao longo da formação,
considerando que a formação tecnicista causa prejuízos à integração das tecnologias digitais
no processo de ensino e aprendizagem.
Essa compreensão subsidiou a elaboração do produto educacional, que consiste no
minicurso autoinstrucional e interativo “Introdução às Tecnologias Digitais da Informação e
Comunicação na Educação Profissional e Tecnológica: alternativas orientadas à inclusão
digital”.
O minicurso traz a Política de Tecnologias Educacionais do IFPE ao conhecimento
dos professores, além das tecnologias educacionais e metodologias ativas como alternativas
à integração das tecnologias digitais na mediação do ensino-aprendizagem, no intuito de
contribuir com a formação continuada dos docentes vinculados ao Proeja.
Há, também, problemas de gestão que precisam ser superados, relacionados à
indisponibilidade de infraestrutura adequada. Entre as possíveis causas pode-se mencionar a
falta de investimentos em equipamentos e internet de qualidade e a escassez de ações que
promovam a formação continuada docente para uso crítico das tecnologias digitais, sem os
quais é impossível integrar os recursos tecnológicos às práticas pedagógicas.
A pesquisa abriu caminho para outras questões de estudo, como as razões para
descontinuidade de oferta de novas turmas para o curso Técnico de Refrigeração e
Climatização (Integrado – Proeja) desde o ano de 2018, assim como sobre a não oferta de
outros cursos técnicos Proeja integrados ao ensino médio.
Os resultados também trazem como possível nova questão de estudos a relação de
gênero e as exigências do mercado de trabalho, que afloraram no relato de uma estudante do
sexo feminino, no que concerne às habilidades para uso das TDICs nos ambientes de trabalho
para ocupar postos de trabalho específicos.
111
É certo que há um longo caminho a percorrer para que a EJA integrada à EPT receba
a devida atenção no âmbito da RFEPCT, e para que se garanta aos estudantes uma educação
profissional e tecnológica apoiada em políticas públicas contínuas e adequadas à concepção
de formação humana integral.
Entendemos que o objetivo a ser alcançado é o de transformação da realidade
educacional em favor das maiorias, compostas por trabalhadores que almejam melhores
condições de vida, educação e trabalho, coerentes com a sociedade do conhecimento e com
a cultura em todas as suas dimensões, inclusive a digital.
A transformação a qual nos referimos precisa estar pautada na busca pela superação
das desigualdades educacionais e pela conquista da equidade de oportunidades na educação
profissional e tecnológica e no mundo do trabalho. Nessa perspectiva, ser digitalmente
incluso é possuir os conhecimentos e habilidades necessárias ao acesso e uso crítico, criativo
e consciente das tecnologias digitais existentes na sociedade, além de equipamentos e renda.
Portanto, os Institutos Federais de Educação Profissional e Tecnológica podem ser
um lugar privilegiado para a promoção da inclusão digital dos estudantes trabalhadores
inseridos na EJA integrada à EPT, desde que apresentem condições reais de proporcionar a
esses sujeitos, há muito invisibilizados e cerceados de direitos, a uma educação de qualidade,
pautada na formação integral para o trabalho e para a vida em sociedade.
112
REFERÊNCIAS
nov. 2021.
PINHEIRO, Marta Macedo Keer. Observatório da inclusão digital: Descrição e avaliação
dos indicadores adotados nos programas governamentais de infoinclusão. Encontro
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seminário promovido pela Secretaria de Educação do Estado do Pará nos dias 08 e 09 de
maio de 2008, 2008. Disponível em:
http://forumeja.org.br/go/sites/forumeja.org.br.go/files/concepcao_do_ensino_medio_integr
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RAMOS, Moacyr Salles; STAMPA, Inez. Políticas de formação para o trabalho e a
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RODRIGUES, Dorisdei Valente. Transiarte: a arte de transição. 2016. Tese (Doutorado em
Educação) – Faculdade de Educação, Universidade de Brasília, Brasília, 2015. Disponível
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RUMMERT, Sonia Maria; ALGEBAILE, Eveline; VENTURA, Jaqueline. Educação da
classe trabalhadora brasileira: expressão do desenvolvimento desigual e
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Profissional em Políticas Públicas) – Centro de Filosofia e Ciências Humanas,
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SAVIANI, Dermeval. Sobre a natureza e especificidade da educação. Germinal: Marxismo
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SAVIANI, Dermeval; GALVÃO, Ana Carolina. Educação na pandemia: a falácia do
“ensino” remoto. Universidade e Sociedade, ANDES/SN, [S. l.], Ano 31, n. 67, p. 36-49,
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falacia-do-ensino-remoto/. Acesso em: 11 fev. 2022.
SEYMOUR PAPERT E PAULO FREIRE: uma conversa sobre informática, ensino e
aprendizagem. Produção de Márcia Moreno; Marco Aurélio Del Rosso. São Paulo: TV
PUC-SP, 1995. 1 Vídeo (49min.). Disponível em:
http://acervo.paulofreire.org:8080/xmlui/handle/7891/395. Acesso em: 25 jun. 2021.
SILVA FILHO, Antonio Mendes da Silva. Inclusão digital requer inclusão social:
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2022.
SOUZA, Beatriz Alves; SANTOS, Maria do Socorro Ferreira. Uso das tecnologias da
informação e comunicação – TICS por alunos e alunas do PROEJA do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia de Alagoas (IFAL) – campus Marechal Deodoro. Revista
Educação e Fronteiras On-Line, Dourados, v. 3, n. 8, p. 73- 90, maio/ago. 2013.
Disponível em: https://ojs.ufgd.edu.br/index.php/educacao/article/view/2279. Acesso em:
23 dez. 2020.
122
APÊNDICES
Campus Olinda
QUESTIONÁRIO ON-LINE
E-mail: *
Abaixo de 20 anos
Entre 20 e 29 anos
Entre 30 e 39 anos
124
Entre 40 e 49 anos
Entre 50 e 59 anos
Acima de 60 anos
Feminino
Masculino
Outro:
Outro:
2.3 Qual o nome da instituição de ensino onde você concluiu o último nível de
escolaridade? *
Você deve informar o nome da ESCOLA, CENTRO, ORGANIZAÇÃO NÃO GOVERNAMENTAL (ONG) ou
INSTITUTO onde concluiu o nível de ensino informado na PERGUNTA 2.1.
2.4 Qual o nome do seu último curso técnico ou qualificação profissional concluído?
Responder APENAS se o curso informado PERGUNTA 2.1 se tratar de CURSO TÉCNICO, FORMAÇÃO
INICIAL E CONTINUADA ou QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL em uma escola estadual, municipal, federal,
privada ou ONG.
2.5 Em qual rede de ensino você cursou o último nível de escolaridade CONCLUÍDO?
125
Marcar a opção referente à rede de ensino na qual CONCLUIU o nível de escolaridade que você informou na
PERGUNTA 2.1.
Rede privada
Outro:
Sim, na biblioteca.
Outro:
2.7 Você tinha acesso aos computadores, notebooks, tablets e/ou demais dispositivos
tecnológicos existentes na escola onde CONCLUIU sua ESCOLARIDADE ANTERIOR
ao curso técnico PROEJA atual? *
Você deve responder a essa pergunta APENAS se respondeu "SIM" na pergunta anterior
(2.6).
Outro:
2.8 Com quais finalidades você costumava utilizar os computadores, notebooks, tablets
e/ou demais dispositivos tecnológicos existentes na escola onde CONCLUIU sua
ESCOLARIDADE ANTERIOR ao curso técnico PROEJA atual?
Você deve responder a essa pergunta APENAS se respondeu "SIM" na pergunta anterior (2.7).
126
Sim, na biblioteca.
Outro:
2.10 Você tinha acesso à INTERNET disponível na escola onde concluiu sua
ESCOLARIDADE ANTERIOR ao curso técnico PROEJA atual? *
Outro:
2.11 Com quais finalidades você utilizava a INTERNET existente na escola onde
CONCLUIU sua ESCOLARIDADE ANTERIOR ao curso técnico PROEJA atual?
Você deve responder a essa pergunta APENAS se respondeu "SIM" na pergunta anterior (2.10).
3.1 A qual curso técnico PROEJA do IFPE Campus Recife você está vinculado
atualmente? *
Você deve responder com o NOME DO CURSO TÉCNICO PROEJA mais recente, ofertado pelo IFPE Campus
Recife, no qual está matriculado, integralizado ou é egresso.
3.2 Qual a sua situação com relação ao curso técnico PROEJA do IFPE Campus Recife?
127
Matriculado e cursando.
Matrícula vínculo.
Outro:
3.3 Em que ano você INICIOU o curso técnico PROEJA no IFPE Campus Recife? *
Você deve responder com o ano de início do curso informado na PERGUNTA 3.1.
3.4 Qual período/módulo do curso técnico PROEJA você está cursando atualmente no
IFPE Campus Recife?
Não responder caso tenha marcado o status "Matrícula Vínculo", "INTEGRALIZADO" ou "EGRESSO" na
PERGUNTA 3.2.
3.5 Em que ano você CONCLUIU o curso técnico PROEJA mais recente, do IFPE
Campus Recife?
Você deve responder APENAS se marcou a opção "EGRESSO" na PERGUNTA 3.2. Se ainda NÃO CONCLUIU
o curso, deixar a pergunta em branco.
3.6 Qual a sua situação com relação à disciplina INFORMÁTICA BÁSICA, que compõe
as disciplinas do seu curso técnico PROEJA no IFPE Campus Recife? *
Matriculado e cursando.
Aprovado.
Reprovado.
Outro:
3.7 Durante o seu curso técnico PROEJA no IFPE Campus Recife, existem/existiam
computadores, notebooks, tablets e/ou outros equipamentos/dispositivos tecnológicos
digitais disponíveis nos laboratórios de informática, salas de aula, sala dos professores
e/ou bibliotecas? *
Esta pergunta PERMITE MAIS DE UMA RESPOSTA.
Sim, na biblioteca.
Outro:
3.8 Você tem ou já teve acesso aos computadores, notebooks, tablets e/ou demais
equipamentos/dispositivos tecnológicos digitais existentes na escola durante o seu curso
técnico PROEJA no IFPE Campus Recife?
Você deve responder APENAS se a resposta da pergunta anterior (3.7) foi "SIM".
Outro:
3.9 Com quais finalidades você utiliza ou utilizava os computadores, notebooks, tablets
e/ou demais equipamentos/dispositivos tecnológicos digitais disponíveis durante o seu
curso técnico PROEJA no IFPE Campus Recife?
Você deve responder APENAS se a resposta da PERGUNTA ANTERIOR (3.8) foi "SIM".
3.10 Você tem ou já teve acesso à INTERNET disponível no IFPE Campus Recife
durante seu curso técnico PROEJA mais recente? *
Considerar o curso técnico PROEJA informado na pergunta 3.1.
Outro:
3.11 Com quais finalidades você utiliza ou utilizava a INTERNET disponível no IFPE
Campus Recife durante o seu curso técnico PROEJA mais recente?
Você deve responder APENAS se a resposta da PERGUNTA ANTERIOR (3.10) foi "SIM".
Smartphone
Notebook
Tablet
Outro:
Outro:
Sim
Não
Sim
Não
Informal
Autônomo(a)
Voluntário
Servidor público
Outro:
Outro:
4.5 Quais são as suas expectativas profissionais APÓS TER CONCLUÍDO o seu curso
PROEJA no IFPE Campus Recife?
Responder apenas se for estudante EGRESSO do curso técnico em Refrigeração e Climatização (PROEJA) do
IFPE Campus Recife. Se ainda não concluiu o curso, deixar a resposta em branco.
Campus Olinda
CONVITE AO ESTUDANTE
Caro(a) estudante,
Contudo, antes de responder às perguntas do questionário on-line, é importante que você leia e
concorde com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido disponível na página seguinte.
Você poderá ser também convidado para uma segunda etapa de coleta de dados, que será realizada
por meio de entrevista presencial. Nesse caso, a pesquisadora fará um segundo contato confirmando
este convite. A entrevista será uma conversa particular e sigilosa entre você e a pesquisadora.
Sua participação é muito importante! Contamos com você!
Campus Olinda
ROTEIRO DE ENTREVISTA
ENTREVISTA E
[1] Para você o que são as tecnologias digitais? O que elas representam para você?
[2] Você costuma utilizar as tecnologias digitais (como notebook, caixa eletrônico,
aplicativos de banco no celular), entre outros, no seu dia a dia? Com qual finalidade?
[3] Saber utilizar as tecnologias digitais (como caixa eletrônico, smartphone, notebook, entre
outros), é importante para você? Por quê?
[4] Você sente dificuldade para utilizar as tecnologias digitais no seu dia a dia? Quais são as
maiores dificuldades que você tem ou que você sente?
[5] Você já precisou pedir ajuda para utilizar as tecnologias digitais às pessoas mais próximas?
Como se sentiu na ocasião?
[8] Você se vê como uma pessoa incluída ou excluída do mundo digital? Por quê?
[9] Saber utilizar as tecnologias digitais com acesso à internet (como notebook, computador,
tablet, smartphone, entre outros), é importante para a sua formação técnica? Por quê?
[10] O que você esperava aprender sobre as tecnologias digitais ao início do seu curso
PROEJA? Suas expectativas estão sendo/foram atendidas?
133
[11] Os professores do seu curso PROEJA costumavam utilizar as tecnologias digitais como
apoio durante as aulas (Exemplo: tablets, quadro digital, Datashow, notebook, entre outros)?
Quais eram as principais tecnologias utilizadas?
[13] Quais aulas ou atividades realizadas durante seu curso te ajudaram a aprender sobre
como utilizar melhor as tecnologias digitais?
[14] Que sugestões você daria para melhorar o ensino sobre o uso das tecnologias no seu
curso técnico PROEJA?
[15] Nos últimos 2 anos, com a pandemia de COVID-19, você teve dificuldades para utilizar
as tecnologias digitais durante o seu curso PROEJA? Quais as principais dificuldades?
[16] Durante as entrevistas de emprego, você já precisou falar sobre o seu conhecimento ou
habilidades para uso das tecnologias digitais?
[17] Após ser contratado para trabalhar, você já precisou demonstrar conhecimentos ou
habilidades para uso das tecnologias digitais? Como se sentiu na ocasião?
Pesquisadora: [19] Você já precisou pedir ajuda aos colegas de trabalho para utilizar as
tecnologias digitais? Como se sentiu na ocasião?
[20] Você entende que as tecnologias digitais são úteis no seu ambiente de trabalho? Por quê?
[21] O que você considera importante aprender sobre as tecnologias digitais durante o seu
curso técnico PROEJA, para utilização no seu ambiente de trabalho?
[22] Para você, saber utilizar as tecnologias digitais é importante para o seu crescimento
profissional? Por quê?
Local e data:
134
Campus Olinda
Você é nosso (a) convidado (a) a participar como voluntário (a) da pesquisa, que tem como
finalidade “compreender as percepções de estudantes da educação de jovens e adultos
integrada à educação profissional e tecnológica sobre a inclusão digital ao longo da formação
técnica de nível médio”.
Ressaltamos que, mesmo após consentir em participar da pesquisa, você poderá desistir e
retirar o seu consentimento a qualquer tempo, sem a necessidade de justificativas ou
explicações sobre sua decisão. Decidir por não participar é um direito seu! Dessa forma, caso
você desista de participar, não será prejudicado (a) de nenhuma maneira.
a sua decisão.
Você poderá se reservar no direito de não responder às perguntas com as quais não se sinta
confortável, sem a necessidade de explicação ou justificativa. Contudo, ao optar por não
responder às PERGUNTAS OBRIGATÓRIAS, sua possível participação na etapa de
entrevistas será inviabilizada.
O e-mail com o link de redirecionamento para o convite e para o questionário on-line foi
enviado no formato de lista em cópia oculta (Cco), a fim de garantir o sigilo do contato dos
candidatos a participantes. De modo que as suas informações de contato não sejam
visualizadas pelos demais candidatos, mas apenas pelas pesquisadoras, tanto no e-mail de
envio do link quanto após a resposta ao questionário on-line.
Você poderá ser também convidado para uma segunda etapa de coleta de dados, que será
realizada por meio de entrevista. Nesse caso, a pesquisadora fará um segundo contato
confirmando o convite. A entrevista será uma conversa particular entre a pesquisadora e o (a)
estudante, para resposta a 14 perguntas sobre suas percepções com relação à inclusão digital
ao longo da sua formação técnica de nível médio e as contribuições de tal inclusão para a sua
(re)inserção no mundo do trabalho.
Durante a entrevista, haverá a necessidade de gravação das suas falas, que serão
posteriormente transcritas, duas vezes corrigidas e os áudios descartados. Contudo, você
poderá se reservar no direito de não responder às perguntas com as quais não se sinta
confortável, sem a necessidade de explicação ou justificativa, sem prejuízo de qualquer
natureza.
A entrevista poderá ser realizada em um local escolhido por você, onde se sinta mais
protegido e confortável, com a privacidade necessária para responder às perguntas que serão
realizadas. A data e o horário de realização da entrevista serão combinados com você, para
não atrapalhar sua rotina profissional, pessoal e estudantil. A duração da entrevista será de
cerca de 45-60 minutos.
136
Ademais, será disponibilizada uma sala do IFPE – Campus Recife, com ventilação natural e
com possibilidade de distância mínima de 2 metros entre pesquisadora e participante, de
acordo com os protocolos de prevenção e enfrentamento à COVID-19, definidos pelo
Ministério da Saúde e pelo IFPE.
Ainda como forma de minimizar os riscos da sua participação, as suas informações serão
mantidas em sigilo, de modo que será usada uma sigla correspondente ao número da sua
entrevista (exemplo: E1, E2, E3...), durante todas as etapas da pesquisa. Lembramos que a
sua participação é de livre e espontânea vontade e que você poderá se retirar da pesquisa
quando achar oportuno, não havendo nenhum tipo de prejuízo, de qualquer natureza.
Em virtude da utilização do ambiente virtual e dos meios eletrônicos, para suprir a demanda
por coleta de dados de forma não presencial, e das limitações das tecnologias utilizadas, há
o risco de violação e vazamentos dos dados coletados dos participantes, por ocasião da
possibilidade de ações de hackers contra a privacidade da conta de e-mail e de
armazenamento em nuvem, vinculadas ao endereço de e-mail
<[email protected]>, pertencente à pesquisadora responsável, durante a coleta de
dados. Há também o risco de perda ou roubo do notebook pessoal da pesquisadora e de acesso
ao teor das informações por terceiros, após a coleta de dados. Ademais, a garantia de total
confidencialidade dos dados coletados limitam-se à política de Privacidade do Gmail
Google®, que pode ser acessado por meio do link https://policies.google.com/privacy?hl=pt-
BR.
Como forma de reduzir esses riscos, os dados e informações bem como os relatos escritos e
os registros de consentimento livre e esclarecido, coletados por intermédio do questionário
on-line e da entrevista, serão arquivados pelo período de cinco anos, sob a guarda da
pesquisadora responsável, Tatiana Lira de Freitas.
O local de armazenamento dos dados, após a coleta, será o notebook pessoal da pesquisadora,
na unidade (D:) do disco rígido de uma das contas locais do dispositivo, denominada
“Pesquisa”, que será protegida com senha e será reservada, exclusivamente, para esta
pesquisa de Mestrado Profissional. Após a finalização da coleta de dados, todos os dados ou
registros coletados serão mantidos apenas na conta local do notebook pessoal, após download,
e deletados do armazenamento em nuvem e do Formulários Google®.
A conta local do dispositivo será acessada apenas pela pesquisadora e pela orientadora, ou
pelo Comitê de Ética em Pesquisa, em caso de solicitação formal. O download dos dados
coletados virtualmente e armazenados em nuvem, bem como a conectividade à internet na
conta local destinada à pesquisa, se darão por meio de rede de internet particular ou
137
institucional, a fim de evitar acesso ao tráfego de dados por terceiros não autorizados.
Salientamos, ainda, que será reservada uma pasta local e individual correspondente a cada
participante (Exemplo: P1, P2, P3, P4...), na unidade (D:) do disco rígido, como forma de
guardar o sigilo das informações pessoais dos demais participantes nas ocasiões de
solicitação de acesso ao teor do material coletado. Cada participante poderá acessar apenas a
pasta corresponde aos seus próprios relatos e informações.
A divulgação dos resultados obtidos com a pesquisa será feita por meio da disponibilização
do material produzido aos participantes da pesquisa, por meio de arquivo em PDF, enviado
via e-mail, bem como ficarão à disposição da instituição pesquisada uma cópia por escrito
(conforme a Resolução CNS 510/16, Art. 10º).
Esclarecemos que o (a) estudante não receberá pagamento por sua participação na pesquisa,
assim como não terá despesas financeiras relacionadas às etapas da pesquisa. Caso o (a)
estudante julgue que sofreu qualquer tipo de dano decorrente da sua participação na pesquisa,
terá o direito de ser indenizado(a).
Em caso de dúvidas relacionadas aos aspectos éticos da pesquisa, você poderá consultar o
Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos do Centro Acadêmico de Vitória
(CAV) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), localizado na Rua Dr. João Moura,
92 – Bela Vista, Vitória de Santo Antão/PE (CAV- ANEXO) – CEP: 55.612-440. Você poderá
entrar em contato através do telefone (81) 3114 -4152 ou do e-mail <[email protected]>.
(assinatura da pesquisadora)
138
Campus Olinda
QUESTIONÁRIO AVALIATIVO
E-mail: *
CONVITE AO AVALIADOR(A)
Caro(a) Professor(a),
E-mail institucional: *
Nome completo: *
Docente
Pedagoga(o)
Coordenador(a) de curso
Estudante
Não se aplica
Outro:
Caso não tenha vínculo com o IFPE, a qual instituição está vinculado?
Nível de titulação: *
Marque as opções de melhor se aplicam.
Graduação
Especialização
165
Mestrado
Doutorado
Pós-doutorado
Outro:
AVALIAÇÃO DO MATERIAL
1 2 3 4 5
1 2 3 4 5
1 2 3 4 5
1 2 3 4 5
1 2 3 4 5
1 2 3 4 5
166
1 2 3 4 5
1 2 3 4 5
1 2 3 4 5
1 2 3 4 5
Formulários
167
ANEXOS