Conforto Acústico
Conforto Acústico
Conforto Acústico
Autor:
Moema Machado
03 de Abril de 2022
1 - Introdução ....................................................................................................................2
2 - Som ..............................................................................................................................5
2.1 – Propriedades do Som ...............................................................................................................7
2.2 – Natureza ondulatória do Som ................................................................................................18
2.2 - Transmissão x Absorção .........................................................................................................29
3 - NBR 16313:2014 – Acústica – Terminologia ................................................................ 31
4 - NBR 10152:2017 – Acústica – Níveis de Pressão Sonora em Ambientes Internos a
Edificações ...................................................................................................................... 42
5 - NBR 12179 – Tratamento Acústico em Recintos Fechados .......................................... 49
6 - NBR 10151 – Avaliação do Ruído em Áreas Habitadas Visando o Conforto Acústico
(ABNT, 2000) ................................................................................................................... 59
7 - Manual Pro Acústica sobre a Norma de Desempenho.................................................61
7.1 - Instalações, Equipamentos Prediais Sistemas Hidrossanitários ............................................62
7.2 - Sistemas de Pisos ....................................................................................................................63
7.3 - Sistemas de Vedações Verticais Internas | Paredes ...............................................................66
7.4 - Sistemas de Vedações Verticais Externas | Fachadas ............................................................69
7.5 - Sistemas de Coberturas ..........................................................................................................70
8 - Como Atingir o Conforto Acústico? ............................................................................. 71
8.1 – Influências na Propagação do Som ao Ar Livre .....................................................................74
8.2 – Procedimentos para controlar o ruído ...................................................................................86
8.3 – Materiais e Sistemas ..............................................................................................................88
8.4 - Geometria interna dos recintos ..............................................................................................90
9 – Resolução de Questões .............................................................................................. 92
10 – Lista de Questões ................................................................................................... 154
11 – Gabarito ................................................................................................................ 162
12 – Bibliografia ............................................................................................................ 163
Oi!!!!! Preparados para mais uma aula? Vamos aprender muito! Parabéns por estarem correndo
atrás dos seus sonhos!
Esse tema, quando cobrado, normalmente, só apresenta uma questão, no máximo, duas. O custo-
benefício não é tão grande, mas, vale a pena estudar!
1 - INTRODUÇÃO
Para fecharmos esse assunto sobre conforto ambiental, vamos tratar sobre o conforto acústico. E
abordar também, o desempenho acústico das edificações, assim como a questão do ruído e o
desenvolvimento sustentável.
Mas, de uma forma bem breve, pois não é um assunto tão cobrado em provas e quando cobrado,
normalmente, é a respeito de projetos de auditórios e as principais definições e conceitos acerca
do som.
“O ruído das grandes cidades é considerado a terceira maior poluição ambiental: ar, água
e ruído. Efeitos conhecidos do ruído: distúrbio do sono, interferência na fala, desconforto
geral e efeitos cardiovasculares.
Os efeitos adversos iniciam a partir de 45-50 dB. Atualmente mais de 50% da população
mundial vive em cidades. Na Europa, o nível de ruído ambiental (Leq,24h) atinge 60 a 65
dB, produzido por veículos que obedecem a normas de ruído. Em algumas cidades
brasileiras a situação é bem pior, provocada principalmente pela manutenção
insuficiente das vias e dos veículos, aliada ao uso incorreto de buzinas e amplificadores
de som. Redução destes efeitos requer diversas ações em várias áreas, envolvendo
autoridades e indivíduos.
Incentivos para modernização de frota, manutenção apropriada de vias e veículos,
educação para o trânsito e planejamento urbano apropriado, dependem de decisões de
governos.” (Simões, 2011)
Atualmente, vêm sendo discutidas temáticas que abordam a preocupação com o aumento dos
níveis de ruído e queda da qualidade de vida nas grandes cidades.
Quantas vezes fechamos as janelas e ligamos o ar condicionado para evitar a entrada de ruído em
nossos ambientes de trabalho ou repouso?
Aumentamos nosso consumo de energia para obter conforto acústico, mas não seria melhor
diminuir a emissão de ruídos incômodos, atuando nas fontes sonoras?
Fica evidente a incompatibilidade entre conforto térmico (ventilação) e conforto acústico em
grandes centros urbanos.
Fontes responsáveis pelo ruído urbano:
Fontes estacionárias: equipamentos urbanos (discotecas, restaurantes, templos, parques,
bares...), construção civil, fábricas, eletrodoméstico, esportes, diálogos...
Fontes que provêm do tráfego ferroviário.
Já o Desempenho Acústico das Edificações está ligado aos fenômenos de Absorção Acústica e
Transmissão de sons entre ambientes. A Norma de Desempenho ABNT NBR 15575 limita o ruído no
interior dos edifícios. O seu cumprimento é OBRIGATÓRIO e impacta a todos os novos EDIFÍCIOS
RESIDENCIAIS (a partir de julho de 2013).
(Simões, 2011)
O Conforto Acústico envolve aspectos psicológicos e fisiológicos na recepção, como os sons são
percebidos, o que são os Graves e os Agudos e a inteligibilidade das mensagens orais.
Para a obtenção do Conforto Acústico, serão abordadas a produção, a propagação e a recepção dos
sons audíveis para a orelha humana, estudando as características dos materiais de construção, seu
desempenho e sua correta especificação.
Para alcançarmos o conforto acústico no projeto, devemos nos preocupar com as condições
acústicas externas e internas do edifício projetado. Lembrando que, dependendo do uso da
edificação, essa poderá ser fonte de ruído para o entorno ou ficar fragilizada por sua interferência.
O projeto acústico melhora a qualidade do ambiente construído e proporciona edificações
adequadas às suas finalidades.
A Acústica é a ciência que estuda o som. O som é um fenômeno que tem grande predominância em
nossa vida cotidiana. Em forma de palavra, de música, de ruído, é o principal sistema de transmissão
de mensagens.
(Bistafa, 2012)
2 - SOM
Um som é, muitas vezes, a única informação possível para o que ocorre fora do nosso campo visual.
No entanto, enquanto podemos desviar o olhar, para evitar uma visão desagradável, é impossível
selecionar – de forma precisa – o que nos interessa ouvir. A audição complementa a visão na
identificação dos elementos externos do entorno.
(Bistafa, 2012)
Já sabemos que o som é uma onda. Mas, o que é uma onda? É uma perturbação, abalo
ou distúrbio propagado através de um meio gasoso, líquido ou sólido, ou no caso de
algumas ondas, no vácuo.
A principal característica do movimento ondulatório é a propagação. Onda é algo que se movimenta
pelo espaço, transportando energia, sem que, a rigor, haja deslocamento de matéria.
As ondas, quanto a sua natureza, podem ser mecânicas ou eletromagnéticas:
Mecânicas: produzida pela vibração (deformação) do meio material. (ondas na corda, ondas
sonoras, ondas na água);
Eletromagnéticas: Produzidas por variação dos campos elétrico e magnético (ondas de rádio,
micro-ondas, infravermelho, luz visível, ultravioleta, raios-x e raios-gama). Não dependem do
meio para se propagar.
Elementos de uma onda:
Amplitude (A): é o deslocamento máximo vertical da onda; (W/cm2, W/m2, mV, V, m, cm,
mm, etc).
Período (T): corresponde ao tempo necessário para que a onda percorra um ciclo completo
(segundo).
Frequência (f): corresponde ao número de ciclos por unidade de tempo (Hertz).
Fase (φ): corresponde à diferença da posição inicial de vibração da onda em relação à posição
zero no instante inicial.
Ondas periódicas: “Quando a perturbação que produz a onda se repete periodicamente, ou seja,
produz ondas com mesmo período ao longo do tempo.”
O som é uma onda mecânica caracterizada por 3 grandezas físicas: Pressão (P), Intensidade (I) e
Potência (W) Sonoras.
Abaixo, trago trecho do livro “Bê-á-bá da acústica arquitetônica “ (Souza, Almeida, & Bragança, 2016)
Pausa: Mas, professora, por que preciso saber sobre sons agudos e sons graves? Por um acaso isso
aqui virou aula de música? (Não! Mas, um músico irá levar vantagem nessa aula. Rs)
Porque os sons agudos se caracterizam por frequências altas, logo, menor comprimento de onda,
enquanto os sons graves se caracterizam por frequências baixas e maior comprimento de onda. O
comprimento da onda é característica de importância fundamental para o desempenho acústico,
revelando se as superfícies têm dimensões adequadas para que ocorra a distribuição sonora
desejada no ambiente.
Os sons com frequência mais altas são mais fáceis de serem absorvidos e de serem refletidos por
uma barreira.
O comportamento da onda sonora, considerando apenas o som direto (raio sonoro sem
influências das superfícies ou obstáculos), tende a propagar-se esfericamente. Portanto
a intensidade do som (W/m2) decai à medida que se afasta da fonte, pois a área de
distribuição da energia sonora aumenta.
Para fixarmos bem, vamos ver, abaixo, as propriedades do som à luz do Guia Procel Edifica.
3 PROPRIEDADES DO SOM
Quando o som se propaga pelo ar, a velocidade é influenciada também por sua umidade
relativa e pela temperatura. A absorção sonora varia em função da frequência e do grau
de umidade relativa do ar. Quanto mais alta a frequência (mais agudo), maior será a
absorção acústica. Por isso, ao aproximar-se de uma festa, ouve-se primeiro os sons
graves, que possuem mais energia, e à medida que se aproxima da fonte sonora, começa-
se a se ouvir os sons médios e posteriormente os sons agudos.
Como os sons graves têm mais energia, eles se transmitem com maior facilidade através
dos materiais de construção, sendo necessário o conhecimento do espectro do ruído para
dimensionar adequadamente o isolamento acústico.
A intensidade ou volume do som é chamado de Nível de Pressão Sonora e pode ser medida
em Pascal, em bar ou em deciBell. Esta última leva o nome do grande inventor do telefone
Graham Bell, em reconhecimento por sua contribuição à ciência. Como um Bell é muito
grande, utiliza-se o deciBell, dB, ou decibel, um décimo de Bell.
O NPS diminui em 6 (seis) dB cada vez que dobra a distância da fonte, facilmente
compreendida pela observação da figura 1, acima. A uma distância L1 da fonte, tem-se o
NPS P1. Dobrando esta distância, L1 x 2 = L2, teremos o nível P1 divido por quatro, P1 / 4
= P2. Como a escala deciBell (ou decibel) é uma escala logarítmica, onde a metade da
pressão sonora representa uma diminuição de 3 (três) dB, um quarto da pressão sonora
representaria uma diminuição de 6 (seis) dB no nível medido.
Apresenta-se na tabela 2 a escala decibel, logarítmica, na sua ponderação mais usual,
em dBA, com exemplos de níveis de ruído.
Nosso sistema auditivo não responde de modo linear aos estímulos que recebe, mas sim
de forma logarítmica. Dessa forma, o uso do decibel, em escala logarítmica, simplifica a
avaliação dos níveis de pressão.
Qualquer situação acústica envolve, necessariamente, três elementos: fonte sonora, meio de
propagação e receptor.
O nível sonoro percebido pelo receptor depende da quantidade de energia sonora emitida pela
fonte e das características do meio de propagação – o chamado campo sonoro.
CONCEITOS BÁSICOS
• GRANDEZAS SONORAS
– POTÊNCIA SONORA, capacidade de energia possível de ser liberada por uma fonte, (W)
Pessoal, repeti os conceitos de várias formas para que vocês possam assimilar melhor, já que são
conceitos básicos. Eu, particularmente, gosto de entender o porquê das coisas, pois assim, consigo
assimilar o conhecimento, sem esquecer e poder resolver qualquer questão a respeito.
Agora, vamos entender a natureza ondulatória do som: reflexão, refração, difração, interferência,
superposição e ressonância.
A reflexão do som pode dar origem ao reforço, à reverberação ou ao eco, dependendo do intervalo
de tempo entre a percepção do som direto e do refletido.
Reforço: ocorre quando a diferença entre os instantes de recebimento do som refletido e do
som direto é praticamente nula. O ouvinte apenas percebe um som mais intenso (maior
quantidade de energia);
Reverberação: ocorre quando a diferença entre os instantes de recebimento dos dois sons,
propagando-se no ar, é pouco inferior a 0,1 segundos. Ou seja, o obstáculo deve estar a uma
distância menor de 17 metros;
Eco: ocorre quando os dois sons, direto e refletido, são recebidos num intervalo de tempo
superior a 0,1 segundos. Ou seja, o obstáculo que refletirá o som, no ar, deve estar a uma
distância maior de 17 metros;
Eco palpitante: Eco resultante de sucessivas reflexões entre paredes paralelas muito
próximas.
O ouvido humano só consegue distinguir dois sons que chegam a ele com um intervalo de tempo
superior a um décimo de segundo (0.1 s). Se, em algum ponto de uma sala, a diferença de caminhos
entre o som direto e o refletido for muito grande, a audição será confusa, pois o receptor receberá
dois sons.
(Costa, 2003)
Acima, temos a utilização de superfícies refletoras no forro, com orientação tal que as ondas
refletidas atinjam os ouvintes, com intervalos de tempo reduzidos em relação ao som direto.
Na prática, o tempo de reverberação corresponde a uma queda de 60 dB no nível sonoro, queda
suficiente para que o som não seja mais ouvido. Ao cessar a emissão da fonte sonora, as sucessivas
reflexões ainda podem ser percebidas como um prolongamento do som.
Do mesmo modo que a luz, os “raios sonoros” têm seu ângulo de reflexão igual ao de incidência,
como se sua origem fosse um espelho.
A figura a seguir apresenta um método gráfico para traçar os raios refletidos, determinando a
localização da fonte imagem e, a partir dela, traçando o caminho inverso do raio sonoro refletido.
(Simões, 2011)
Para que a reflexão sonora ocorra, é necessário que o espelho acústico tenha sua superfície maior
que o comprimento de onda do som emitido.
2.2.2 - Refração
A refração em uma onda ocorre quando ela passa de um meio para outro com índice de refração
diferente, ocorrendo, dessa forma, a variação da velocidade de propagação e a variação do
comprimento de onda, mas nunca a variação da frequência, pois se trata de uma característica da
fonte que está emitindo a onda.
Quando uma onda que se propaga num dado meio encontra uma superfície que separa esse meio
de outro (interface), essa onda pode retornar ao meio em que estava se propagando (reflexão) e/ou
propagar-se no outro meio (refração).
2.2.3 - Difração
r = λ/d
Quanto maior for a razão, maior será a extensão da curva de difração. Esse é o fenômeno que explica
o fato de podermos ouvir atrás da porta quando uma pessoa fala do outro lado dela, além de ser
um acontecimento largamente aplicado nas montagens de sistemas de alto-falantes. (SANTOS, 2017)
As ondas sonoras apresentam valores elevados para o comprimento de onda (2cm - 20 m) para
ondas audíveis no ar. Por isso, elas se difratam com relativa facilidade, contornando muros,
esquinas, etc.
Pelo contrário, a difração da luz é pouca acentuada, por que o comprimento de ondas luminosas é
muito pequena (ordem de 10 m), só ocorrendo quando as dimensões dos obstáculos são
pequenas.
Se a largura da fenda for menor ou igual ao comprimento de onda incidente, ela transpõe o
obstáculo.
Reparem bem nessa figura acima. Temos o som passando quando a barreira é menor que o
comprimento de onda, temos a sombra acústica quando a barreira é maior que o comprimento de
onda, temos a reflexão, a difração, ...
Difração é o fenômeno que explica o funcionamento das barreiras acústicas, muito importantes
para o controle de ruído urbano.
As ondas sonoras são formadas de zonas alternadas de pressão alta (compressões) e baixa
(rarefações). Quando ondas de fontes diferentes se chocam, ocorre a interferência. Este fenômeno
pode ser observado num tanque de ondas na água.
Suponha que você e um colega mantenham uma corda esticada, cada um segurando uma das
extremidades.
Se cada um produzir uma onda, elas irão se propagar pela corda e acabarão inevitavelmente por se
encontrar.
No ponto em que ocorre a superposição de duas ou mais ondas, o efeito resultante é a soma dos
efeitos que cada onda produziria sozinha nesse ponto.
Após a superposição, cada onda continua sua propagação através do meio, como se nada tivesse
acontecido.
Nesse caso, ao serem sobrepostas resultam em uma onda com amplitude nula.
2.2.5 - Ressonância
Todas as estruturas mecânicas têm uma ou mais frequências naturais de oscilação. Se a estrutura
for submetida a uma força externa periódica cuja frequência coincida com uma das frequências
naturais, a amplitude da oscilação atingirá valores elevados que podem levar ao colapso da
estrutura. Este fenômeno é denominado ressonância.
O fenômeno de ressonância é muito importante na compreensão das propriedades dos
instrumentos musicais e o modo como eles produzem seu som característico.
O ar contido numa cavidade possuirá uma série de frequências de ressonância associadas aos
modos normais de vibração, constituindo uma cavidade acústica ressonante.
Nos teatros antigos e nas igrejas da idade média se encontram cavidades, chamadas de vasos
acústicos. Nos teatros, estes ressonadores serviam para amplificar a voz dos atores. Nas igrejas eles
tinham uma função de absorção, contribuindo para atenuar a reverberação na região de baixas
frequências (a frequência de ressonância destes vasos é da ordem de 200 Hz).
Os painéis acústicos atuam como absorvedores de baixas frequências. Montados à frente de uma
parede, funcionam como um sistema massa/mola. Se a frequência da onda incidente for igual à
frequência própria do dispositivo ressonante, haverá a máxima transferência de energia,
diminuindo a onda refletida.
Ocorre quando há movimento relativo entre a fonte sonora e o receptor. Por exemplo, a sirene de
uma ambulância passando por um ouvinte parado na calçada. Nota-se que, à medida que a fonte
se aproxima, o som vai se tornando mais agudo e, à medida que a fonte se afasta, o som vai se
tornando mais grave.
Explicação do fenômeno:
Quando há aproximação da fonte sonora do receptor, há um número maior de frentes de ondas na
unidade de tempo. Portanto, há um aumento de frequências ouvidas.
Quando há afastamento, há um número menor de frentes de ondas na unidade de tempo. Portanto,
há uma diminuição da frequência ouvidas.
Ocorre quando a velocidade de movimento da fonte (vF) é menor que a velocidade do som (vS) no
meio.
2.2.7 - Difusão
(Simões, 2011)
A transmissão da energia sonora entre ambientes pode ser classificada em dois tipos conforme o
meio em que o ruído se propaga, sendo estes: ruído aéreo e ruído estrutural.
Chama-se ruído aéreo, todo ruído que se propaga pelo ar. A velocidade de transmissão no ar é de
aproximadamente 340 m/s (metros por segundo).
O ruído estrutural se propaga pela estrutura das edificações, sendo gerado pelas vibrações de
máquinas e equipamentos ou por impactos que atingem a estrutura do prédio. O ruído estrutural
possui uma velocidade de propagação maior do que a do ar, sendo da ordem de: 4.000 a 6.000 m/s.
Vamos nos aprofundar mais no controle no nosso último item sobre como atingir o conforto
acústico.
(ABNT, 2014)
Introdução
Esta Norma estabelece os procedimentos técnicos a serem adotados na execução de
medições de níveis de pressão sonora em ambientes internos a edificações, bem como os
valores de referência para avaliação dos resultados em função da finalidade de uso do
ambiente.
O ruído em ambientes internos a edificações deve ser avaliado conforme prescrito nesta
Norma.
Os valores de referência apresentados nesta Norma são estabelecidos de acordo com a
finalidade de uso do ambiente no local onde a medição for executada, visando a
preservação da saúde e do bem-estar humano.
Recomenda-se aos construtores, empreendedores, incorporadores, projetistas, usuários
e ao poder público a adoção de tais valores de referência para o adequado uso dos
diferentes ambientes internos de uma edificação.
3 Termos e definições
Para os efeitos deste documento, aplicam-se os termos e definições da ABNT NBR 16313
e os seguintes.
3.1 ajuste
conjunto de operações efetuadas no sistema de medição, de modo que ele forneça
indicações prescritas correspondentes aos valores da grandeza a ser medida
3.2 verificação
confirmação de que as propriedades relativas ao desempenho ou aos requisitos legais
são satisfeitas pelo sistema de medição
NOTA 1 Convém não confundir a calibração com o ajuste de um sistema de medição nem
com a verificação da calibração.
NOTA 2 Definições adaptadas do vocabulário internacional de metrologia [1].
4 Símbolos
Para os efeitos deste documento, aplicam-se os símbolos da Tabela 1.
O nível de pressão sonora é expresso em decibels.
O acréscimo de um pós-escrito para indicar a ponderação em frequência, por exemplo,
dB(A), é incorreto. Esta informação deve ser incluída no símbolo de grandeza, por
exemplo, LAeq,T e o seu resultado expresso em decibels (dB).
NOTA 1 Esta orientação está em conformidade com a ISO 80000-8:2007 (8-22a) – “NOTE:
The addition of a postscript to indicate the frequency weighting, e.g. dB(A), is incorrect.
This information should be carried by quantity symbol”. [9]
NOTA 2 Esta representação está conforme ao Quadro Geral de Unidades – QGU [7].
5 Instrumentação
(...)
6 Calibração
(...)
7 Procedimento de medição
(...)
8 Incerteza de medição
(...)
9 Procedimento de avaliação
A avaliação sonora de um ambiente interno de uma edificação é realizada pela
comparação de seus níveis de pressão sonora representativos com os respectivos valores
de referência para ambientes internos de uma edificação, de acordo com suas finalidades
de uso.
Quando o ambiente avaliado for considerado inadequado pelo método simplificado, não
há necessidade de aplicação do método detalhado.
Havendo suspeita de ocorrência de som tonal ou sons predominantes nas bandas de
frequências sonoras inferiores a 250 Hz, mesmo no caso do ambiente avaliado ser
considerado adequado pelo método simplificado, deve-se aplicar o método detalhado.
(...)
Anexo A
(normativo)
Método objetivo para a avaliação da ocorrência de som tonal
(...)
Anexo B
(normativo)
Certificados de calibração
(...)
Anexo C
(informativo)
Expressão da incerteza expandida de medição
NBR 12179:1992
DEFINIÇÕES
Tempo necessário para que um som deixe de ser ouvido, após a extinção
da fonte sonora, e expresso em segundos.
Tempo de reverberação
O tempo de reverberação é medido como o tempo necessário para que
o som sofra um decréscimo de intensidade de 60 dB.
1 Objetivo
1.1 Esta Norma fixa as condições exigíveis para avaliação da aceitabilidade do ruído em comunidades,
independente da existência de reclamações.
1.2 Esta Norma especifica um método para a medição de ruído, a aplicação de correções nos níveis medidos se
o ruído apresentar características especiais e uma comparação dos níveis corrigidos com um critério que leva
em conta vários fatores.
1.3 O método de avaliação envolve as medições do nível de pressão sonora equivalente (LAeq), em decibels
ponderados em "A", comumente chamado dB(A), salvo o que consta em 5.4.2.
3 Definições
Para os efeitos desta Norma, aplicam-se as seguintes definições:
3.1 nível de pressão sonora equivalente (LAeq), em decibels ponderados em “A” [dB (A)]: Nível obtido a partir
do valor médio quadrático da pressão sonora (com a ponderação A) referente a todo o intervalo de medição.
3.2 ruído com caráter impulsivo: Ruído que contém impulsos, que são picos de energia acústica com duração
menor do que 1 s e que se repetem a intervalos maiores do que 1 s (por exemplo martelagens, bate-estacas,
tiros e explosões).
3.3 ruído com componentes tonais: Ruído que contém tons puros, como o som de apitos ou zumbidos.
3.4 nível de ruído ambiente (Lra): Nível de pressão sonora equivalente ponderado em “A”, no local e horário
considerados, na ausência do ruído gerado pela fonte sonora em questão.
Considerações:
Os limites de horário para o período diurno e noturno da tabela 1 podem ser definidos pelas
autoridades de acordo com os hábitos da população. Porém, o período noturno não deve
começar depois das 22 h e não deve terminar antes das 7 h do dia seguinte. Se o dia seguinte
for domingo ou feriado o término do período noturno não deve ser antes das 9 h.
O nível de critério de avaliação NCA para ambientes internos é o nível indicado na tabela 1
com a correção de - 10 dB(A) para janela aberta e - 15 dB(A) para janela fechada.
Se o nível de ruído ambiente Lra, for superior ao valor da tabela 1 para a área e o horário em
questão, o NCA assume o valor do Lra.
A partir da publicação da norma ISO 6241 – Performance standards in building - Principles for their
preparation and factors to be considered, em 1980, o desempenho acústico das edificações, em
vários países, acabou se tornando exigência de leis e códigos de obras, tendo em vista seu impacto
sobre a saúde humana.
Porém, da segunda metade da década de 80 em diante o contexto econômico do Brasil foi
desfavorável a uma evolução no desempenho das edificações.
Com a escassez de recursos para financiar a produção de edificações, em especial habitacionais, o
foco em toda a cadeia produtiva, face à baixa escala de produção diante das necessidades do País,
foi a racionalização e redução de custos.
Essa racionalização, traduzida em redução de espessuras de paredes, pisos, ausência de algumas
soluções construtivas e não no caminho para uso de sistemas construtivos industrializados, resultou
numa perda do desempenho acústico que, ainda que intuitivamente, os sistemas tradicionalmente
usados até os anos 1980 tinham.
A NBR 15575 veio definir, a partir dos níveis admissíveis previstos na NBR 10152, os níveis de
desempenho que os sistemas construtivos devem ter para atenuar a transmissão dos ruídos gerados
externa e internamente nas edificações habitacionais.
Regulam-se assim os níveis de desempenho acústico das paredes externas, das esquadrias utilizadas
em dormitórios, das paredes internas que separam duas unidades, das paredes internas que
separam as unidades das áreas comuns, do conjunto de paredes e portas que separam duas
unidades, e dos sistemas de pisos com relação ao ruído aéreo e de impacto.
De forma não obrigatória a NBR 15575 também estabelece parâmetros para os ruídos de
equipamentos. Estes parâmetros explícitos em um anexo informativo visam estabelecer referência
para o empreendedor dar tratamento aos ruídos gerados por equipamentos sem, no entanto,
serem parâmetros obrigatórios.
No atendimento destes requisitos, o empreendedor deve definir o nível de critério a atender, sendo
o mínimo o nível obrigatório para qualquer padrão de empreendimento, em função da tecnologia
viável para cada nível - mínimo, intermediário ou superior – e em função das características de
mercado do empreendimento.
Conforme definido nas incumbências dos intervenientes previstos na NBR 15575, cabe aos
fabricantes de sistemas construtivos de vedações internas (paredes de alvenaria, drywall, etc) ou
Requisitos:
A NBR 15575-1 (E.5.2) e NBR 15575-6 (B.1.2) estabelecem os limites de ruído em dormitórios para
instalações e equipamentos prediais, assim como para sistemas hidrossanitários, classificados em
três níveis de desempenho informativos, Mínimo (M), Intermediário (I) e Superior (S).
Existem requisitos tanto para os ruídos integrados durante um período de tempo correspondente
ao ciclo de operação do equipamento (Laeq,nt) como para os níveis sonoros máximos produzidos
instantâneos (Lasmax,nt). Recomenda-se que sejam observados simultaneamente para atender a
um nível de desempenho.
Os sistemas de vedação vertical interna são as paredes que separam as diferentes unidades
habitacionais autônomas. Estes devem garantir nas edificações um desempenho adequado de
isolamento acústico ao ruído aéreo (conversações, TV, música, etc.).
Sistema
Os sistemas de vedações verticais internas estão compostos pelos seguintes elementos:
Elemento base:
1. Parede: Diversas morfologias:
Massivos: Alvenaria (bloco de concreto, cerâmico ou de gesso), concreto pré-moldado
ou moldado “in loco”. Seu desempenho de isolamento ao ruído aéreo (Dnt,w) depende
fundamentalmente da sua densidade superficial para paredes simples.
Leves: Sistemas drywall. Seu desempenho de isolamento ao ruído aéreo depende de
sua composição (número de placas, perfis, banda acústica perimétrica), espessura da
cavidade e presença de material absorvente na cavidade.
Elementos opcionais:
1. Revestimentos: De gesso, argamassa ou cerâmicos aplicados sobre as paredes.
Requisitos:
A NBR 15575-4 estabelece os limites mínimos de isolamento acústico ao ruído aéreo (Tabela
18 Item 12.3.2.2.), assim como define níveis de desempenho informativos, Intermediário (I) e
Superior (S) que proporcionam um maior conforto (Anexo F.6.1.2).
Os sistemas de vedação vertical externa (fachadas) que separam dormitórios do exterior devem
garantir um desempenho adequado de isolamento acústico ao ruído aéreo (tráfego, aviões, trens,
etc.). O desempenho mínimo adequado é exigido em função do ruído exterior existente no entorno
do empreendimento.
Sistema
Os sistemas de vedações verticais externas estão geralmente compostos pelos seguintes elementos:
1. Parede: Diversas morfologias.
2. Esquadrias: É o ponto mais fraco de isolamento acústico de uma fachada.
Requisitos
A NBR 15575-4 estabelece os limites normativos de isolamento acústico ao ruído aéreo
(Tabela 17 Item 12.3.1.2.), assim como define níveis de desempenho informativos, Intermediário
(I) e Superior (S) que proporcionam um maior conforto (Anexo E, tabela F.9).
Requisitos
Para isso é necessário que o ambiente não apresente acidentes acústicos (ecos, focos) e que o ruído
de fundo e o Tempo de Reverberação sejam adequados às atividades a que o espaço se destina.
Para tanto, primeiramente, é necessário que se levantem os dados acústicos (níveis de ruído e
tempos de reverberação) e os dados do sistema construtivo da edificação ou projeto em estudo,
para posterior análise e elaboração dos projetos de isolamento e condicionamento acústico.
As necessidades podem estar divididas em duas modalidades básicas:
• Condicionamento acústico: adequar a acústica interna ao tipo de atividade realizada (cultos,
musicais, palestras, etc.);
• Isolamento acústico: adequar os níveis sonoros emitidos ou imitidos do meio ambiente, conforme
Normas e leis de cada município.
O projeto de condicionamento acústico contempla quatro parâmetros acústicos básicos, sendo
estes:
• Tempo de Reverberação
• Acústica Geométrica
• Inteligibilidade da Palavra
• Ruído de Fundo
O isolamento acústico consiste em dificultar a transmissão sonora. Um bom isolante deve ser rígido,
compacto, pesado. A capacidade que um elemento de vedação (parede, divisória, esquadria, ...)
tem de se opor à transmissão do ruído depende de seu Índice de Redução Sonora.
Além desses passos, deve-se checar prioridades em demais áreas de conforto (higrotérmico,
lumínico, qualidade do ar, ...) que possam interferir no comportamento acústico esperado e
administrá-las em conjunto.
A tabela abaixo já nos ajudar a seguir por um caminho:
(Simões, 2011)
Dito isso, trago, abaixo, os mecanismos mais significativos da atenuação sonora ao ar livre segundo
Sylvio Bistafa.
8.1.1 - Vento
Vamos falar um pouco sobre a influência das características climáticas do ambiente às quais o som
está sujeito quando se fala na sua propagação ao ar livre.
O vento tem influência marcante na propagação e determinação da área de alcance sonoro e,
secundariamente, a temperatura.
Quando o vento está na mesma direção do som, a velocidade do som fica acrescida da velocidade
do vento.
8.1.2 - Temperatura
A velocidade do som é maior no ar quente. Como a frequência do som não se altera, o comprimento
de onda λ aumenta. A frente de onda se inclina e altera a direção de propagação.
Segundo Léa et. Al, o gradiente de temperatura do ar pode apresentar-se sob duas condições:
positivo e negativo. O gradiente negativo, mais comum durante o dia, é aquele para o qual o ar se
mostra mais aquecido nas regiões mais próximas ao solo, apresentando menores temperaturas à
medida que aumenta a altitude. Essa situação pode causar deflexão do som para a região superior,
de forma a criar sombras acústicas próximas ao solo. Para o gradiente positivo, o oposto se verifica,
tendendo a intensificar o som próximo ao solo. Isso ocorre porque quanto maior a temperatura,
maior a velocidade de propagação da onda no ar.
8.1.4 - Entorno
==1a111b==
• Frequência dos sons – são eficazes para os sons de alta frequência, porque estes tendem
a se refletir, enquanto para os sons de baixa frequência a tendência é que ocorra difração
no topo da barreira acústica, diminuindo sua eficiência;
• Proximidade desta em relação à fonte ou ao receptor – quanto mais próxima da fonte
ou do receptor, melhor será o desempenho acústico;
• Altura do elemento utilizado – quanto mais alta a região existente entre a projeção do
raio sonoro direto incidido sobre o receptor e o topo do elemento de barreira, maior sua
eficiência;
• Massa da estrutura – elementos mais sólidos, com menor capacidade de vibração, são
mais eficazes. Quanto maior a espessura de uma barreira, menor sua capacidade de
vibração;
• Estanqueidade – como os sons de baixa frequência propagam-se facilmente por
pequenas aberturas, a barreira acústica deve ser estanque para evitar esse tipo de
propagação;
• Consideração de aspectos subjetivos – o acesso visual à fonte sonora, apesar de difícil
comprovação numérica, parece influenciar na percepção do ruído. A eliminação de
barreiras que numericamente não são eficientes aumenta a percepção do incômodo
sonoro por parte do ouvinte. Este é o caso da utilização de vegetação como elemento de
barreira acústica, pois, a não ser que se constitua de extensa massa vegetativa, a
vegetação, apesar de diminuir a reflexão sonora que retorna à fonte, não é uma barreira
eficiente;
Segundo Régio Carvalho, as barreiras acústicas são anteparos posicionados entre a fonte produtora
do ruído e a recepção, e são muito utilizadas em escritórios, autoestradas, cabeceiras de pistas de
decolagem de aviões à jato, em vários tipos de atenuadores de ruídos, etc. Sua massa deve ser
considerada de acordo com a necessidade de isolamento e, para seu dimensionamento, aplica-se o
princípio da difração.
Achei essa publicação “Sistemas de Controle das Condições Ambientais de Conforto”, do Ministério
da Saúde, de grande valia para nosso estudo. A mesma trata sobre estabelecimentos de saúde,
porém isso não fará diferença para nós e vou sintetizá-la abaixo no que tange ao conforto acústico.
Segue link para baixar a publicação, para quem quiser e puder se aprofundar: (Oliveira & Ribas, 1995)
http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/manuais/conforto.pdf
Como já vimos, os ruídos em um ambiente interno podem ser decorrentes de atividades externas
ou de atividades internas à edificação. Sendo ruído de fundo, os gerados no próprio ambiente e o
ruído ambiente, os gerados por atividades externas ao ambiente considerado. Para ambientes mais
comuns, isolar é reduzir a intensidade sonora transmitida para dentro dos ambientes, sem que isso
represente a extinção total do ruído.
Segundo Régio Carvalho, isolar acusticamente um recinto fechado consiste em bloquear os ruídos
externos a patamares compatíveis com a atividade desenvolvida no seu interior.
A variação da pressão acústica de um determinado ambiente induz os anteparos/superfícies nas
imediações a vibrarem. É esse processo vibratório que gera, do outro lado da superfície, uma fonte
sonora secundária.
Quanto maior a massa da superfície, menor a probabilidade de ela vibrar e, consequentemente, de
transmitir. (lei de massa)
A lei de massa se adequa mais às frequências mais altas de ondas. Pois, para interromper uma onda
sonora de baixa frequência (comprimento de onda muito grande), precisar-se-ia de um aumento de
massa muito grande.
Por isso, o efeito massa/mola/massa é de grande valia.
Percebe-se, pela figura acima, que ao gerarmos espaços vazios ou preenchidos com material
absorvente acústico, melhoramos muito o desempenho, sem termos que aumentar a massa da
estrutura, otimizando o peso da mesma. Dois aspectos relevantes:
Quanto maior a massa da mola, maior a capacidade de isolamento acústico do sistema.
Quanto maior o afastamento entre as placas externas, melhor o isolamento acústico às
baixas frequências.
Bons absorventes acústicos são necessariamente materiais macios, porosos ou fibrosos, que têm
capacidade de absorver sons que neles incidem:
Os materiais absorventes têm seu desempenho conforme a frequência do som, sendo, de forma
geral, melhores absorventes às altas frequências.
O comportamento acústico dos materiais também varia em função da sua aplicação, como,
diretamente sobre superfície rígida ou elástica, afastados de superfícies, afastamento entre apoios,
etc.
São essenciais para o condicionamento acústico adequado do recinto. Em conjunto com a aplicação
de materiais absorventes, adequam o tempo de reverberação do ambiente, contribuem para a
inteligibilidade da palavra e distribuição uniforme do som.
Aspectos importantes a serem considerados:
Superfícies muito próximas e paralelas podem gerar eco palpitante.
Distância muito grandes entre as paredes podem ocasionar ecos.
Afastamentos muito grandes entre o palco e as últimas fileiras prejudicam a audibilidade.
Diferenças de percursos dos sons diretos e os refletidos, superiores a 17m, comprometem a
boa audibilidade.
O volume deve ser adequado à atividade. Volumes impróprios às destinações dos ambientes
dificultam a correção do tempo de reverberação, requerendo o uso substancial de materiais
absorventes e/ou refletores, elevando dessa forma o custo final do investimento; deve-se
buscar uma relação coerente do volume per capita em função da destinação do recinto:
9 – RESOLUÇÃO DE QUESTÕES
Comentários
Guia Procel Edifica – Acústica Arquitetônica:
É praticamente impossível propor um espaço que atenda a todos os usos (palestras, teatro, música,
etc.).
Para um projeto de auditório de uso múltiplo, a flexibilidade do espaço é um grande definidor do
projeto inicial.
Em espaços multiusos, onde apresentações artísticas de diversos tipos acontecem, deve-se prever
algum sistema que permita variar o tempo de reverberação, com o fim de obter o melhor
desempenho acústico do local para cada atividade.
Em geral, os requisitos necessários para que o bom desempenho acústico de uma sala
ocorra correspondem a: boa inteligibilidade do som, ausência de interferência de ruídos
externos sobre o som de interesse, distribuição sonora uniforme, difusão sonora e tempo
de reverberação adequado. Para casos em que a fonte sonora de interesse é de potência
limitada em relação ao volume da sala, como no caso de auditórios e teatros com grandes
audiências, o reforço sonoro por meio de equipamentos de amplificação também
corresponde a um requisito indispensável.
Enquanto salas destinadas a auditórios, conferências, aulas ou peças teatrais têm como
fonte sonora a palavra falada, para salas de concerto, orquestras e óperas, a fonte sonora
é a música. Essas fontes diferenciam-se pela potência, frequência e intensidade,
determinando diferentes prioridades e níveis para os requisitos citados. Enquanto para a
palavra falada a propagação e o decaimento sonoros são importantes, para a música, o
crescimento e a sequência das reflexões sonoras também são essenciais.
(...)
Muitas vezes, no entanto, o espaço é destinado a múltiplos usos, tendo como fontes tanto
a palavra falada como a música. Caberá ao arquiteto estabelecer a melhor forma de
abordagem para o problema, uma vez que as fontes exigem do espaço características
diferentes entre si. Para esse tipo de problema, a previsão de superfícies móveis, de forma
que possam ser alterados o volume, a planta e os materiais do ambiente, representa uma
Gabarito: alternativa A
Comentários
(A) As superfícies côncavas promovem a focalização dos sons e as convexas, a dispersão. As
focalizações se produzem quando o som refletido se concentra numa região, provocando
uma excessiva energia sonora no local. A causa principal é a existência de superfícies
côncavas: cúpulas parabólicas ou circulares, plantas elípticas, etc.
G.R. Vilarroig, J.M. Marzo Diez Tectónica, vol. 14: Acústica (ATC ediciones, Madrid, 1995)
(B) Errada. Arestas que formam ângulos agudos ou retos não evitam as reflexões sonoras.
A reflexão do som pode dar origem ao reforço, à reverberação ou ao eco, dependendo
do intervalo de tempo entre a percepção do som direto e do refletido.
Neste exemplo, figura 17, pode-se observar a localização da fonte e do receptor, o raio
direto e as diversas reflexões nas superfícies da sala.
As reflexões chamadas curtas, que chegam à orelha dentro do intervalo de 50
milissegundos, são as que contribuem para uma melhor compreensão das palavras e são
as que devem ser buscadas no projeto arquitetônico. Normalmente, as reflexões laterais
são as mais adequadas.
Para música, dependendo do autor e do tipo de composição, aumenta-se esse limite para
80 ou 100 ms.
(Simões, 2011)
(C) Errada. A adição de materiais com maior absorção acústica nas frequências necessárias
contribui para baixar o tempo de reverberação a níveis ótimos. Ou seja, ajudam a evitar
o eco, já que haverá uma porção absorvida maior e, consequentemente uma porção
refletiva menor.
Eco é o som secundário, gerado por reflexão, que chega ao ouvido do receptor com um
atraso de 1/15 segundos em relação ao som direto. Considerando uma temperatura de
22° C, este percurso corresponde a, aproximadamente, 22 metros. Os ecos podem ser
evitados pelo uso de materiais absorventes ou pela colocação de anteparos
intermediários quando a distância entre a fonte e a superfície refletora for superior a 11
metros.
(Simões, 2011)
(D) Certa. A existência de paralelismo entre as paredes opostas pode acarretar o surgimento
de ondas estacionárias, diminuindo o desempenho acústico interno. Lembrando que
ondas estacionárias são resultantes da superposição de duas ondas de mesma
frequência, comprimento de onda e mesma amplitude, que se propagam ao longo de
uma direção, mas de sentidos opostos, gerando, no seu encontro, amplitude zero.
A difusão ou reflexão difusa consiste na reflexão em uma superfície irregular, fazendo
com que as ondas sonoras se espalhem em diversas direções, promovendo uma
distribuição mais uniforme da pressão sonora e um ganho no conforto acústico. Embora
haja fórmulas para cálculos precisos, de forma geral, um elemento arquitetônico (viga,
balcão, pilar) será mais eficiente para provocar a difusão se sua largura for igual ao
comprimento da onda sonora e a profundidade das irregularidades de sua superfície igual
à sétima parte desse comprimento.
(E) Errada. A maioria das fontes sonoras caracteriza-se por apresentar direcionalidade.
Tomando-se como exemplo a voz humana, enquanto as médias e baixas frequências
distribuem-se mais uniformemente, com ângulos mais abertos em relação à fonte, as
altas tendem a se concentrar no eixo longitudinal da fonte.
Em ambientes com fonte sonora de interesse (auditórios, por exemplo), os melhores
lugares para a recepção do som direto são aqueles localizados próximos ao eixo
longitudinal.
Gabarito: alternativa D
I. Quanto maior o espaço de ar entre elas, maior o isolamento acústico, podendo melhorar um
pouco a faixa de abrangência das baixas frequências.
II. Para que uma parede dupla ofereça o isolamento apropriado, é necessário que suas paredes
estejam o mais acopladas possível entre si.
III. O uso de elementos estruturais inflexíveis para amarração entre as paredes duplas tendem
a aumentar a eficiência do isolamento acústico dessas paredes.
Está correto o que se afirma em:
(A) somente I;
(B) somente II;
(C) somente III;
(D) somente I e III;
(E) I, II e III.
Comentários
I. Correta
II. Incorreta
(Simões, 2011)
III. Incorreta. Seria o uso de elementos estruturais flexíveis. A rigidez pode gerar pontes
acústicas.
Vamos ao livro “Bê-á-bá da acústica arquitetônica”
(Souza, Almeida, & Bragança, 2016)
Algumas vezes, a solução mais apropriada pode ser a composição de paredes duplas. Em
geral, quanto maior o espaço de ar entre elas, maior o isolamento sonoro, podendo
melhorar um pouco a faixa de abrangência do isolamento das baixas frequências. Para
as médias e altas frequências, o isolamento é maior.
Para que uma parede dupla ofereça o isolamento apropriado, é necessário que suas
partes estejam o mais isoladas possível entre si. Elementos estruturais para amarração
entre as paredes duplas tendem a diminuir a eficiência do isolamento acústico dessas
paredes, e quanto mais inflexíveis ou rígidos esses elementos, menor é a atenuação do
ruído. De preferência, os dois panos da parede não devem ser solidários. Na tabela 7 são
mostradas várias soluções construtivas e seus respectivos isolamentos sonoros.
Gabarito: alternativa A
Comentários
(A) Errada. A melhor posição da barreira é a mais próxima da fonte.
Gabarito: alternativa C
III. superfícies côncavas, para evitar o efeito de eco, promovendo a concentração de reflexões
em diferentes pontos.
O arquiteto deverá empregar o(s) seguinte(s) procedimento(s):
(A) somente I;
(B) somente II;
(C) somente III;
(D) somente II e III;
(E) I, II e III.
Comentários
I. Correta.
II. Errada. Espelhos acústicos difusores sem acentuada curvatura, para evitar que a perda de
energia seja muito acentuada.
Os espelhos acústicos difusores, normalmente, são formados por várias superfícies planas,
orientadas para direcionar as reflexões para a plateia. A difusão ou reflexão difusa consiste na
reflexão em uma superfície irregular, sendo a direção da dispersão das ondas refletidas
independente do ângulo de incidência.
A denominação “Concha Acústica” induz a erros de interpretação, pois as conchas que
encontramos na natureza são superfícies côncavas.
Nos espaços ao ar livre, a distância da fonte aos ouvintes mais afastados, e a consequente perda
de intensidade, são os principais problemas que devemos ter em conta nos estudos acústicos.
Nestes casos a única opção para reforçar o som direto é dotar o palco com concha acústica ou
refletores acústicos.
Na figura, a seguir, é apresentada a concha acústica do Auditório Araújo Vianna, em Porto
Alegre - RS, que conforme se pode observar, constitui-se de vários planos.
III. Errada. As superfícies côncavas focalizam as reflexões fazendo com que se concentrem em uma
região, e não, em diferentes pontos.
No exemplo acima, temos concentrações sonoras numa sala hemisférica com teto refletivo. As
focalizações se produzem quando o som refletido se concentra numa região, provocando uma
excessiva energia sonora no local. A causa principal é a existência de superfícies côncavas: cúpulas
parabólicas ou circulares, plantas elípticas, etc.
Essa configuração também pode ocasionar o eco, pois o raio refletido pode chegar bem depois do
raio direto.
Em uma área de esportes na qual a cobertura seja em forma de um domo (abóbada), o ponto focal
do espelho acústico pode ser o centro do campo, fazendo com que os jogadores, técnicos e árbitros,
por exemplo, não consigam se comunicar.
Superfícies côncavas também podem causar o efeito de eco, uma vez que promovem a
concentração de reflexões num mesmo ponto. Por esse motivo, quando projetadas para
um ambiente, estas devem ser devidamente analisadas para que não se tornem
prejudiciais à função acústica do espaço. Normalmente, desde que a área de recepção
sonora esteja afastada da região de focalização dos raios, o eco não é percebido. Desde
que nem a fonte nem o receptor estejam dentro da projeção do círculo que contém a
superfície côncava, a reflexão dessa superfície é acusticamente aceitável e pode agir
como dispersora do som.
Analogamente, enquanto os raios sonoros tendem a se concentrar ao serem refletidos
por uma superfície côncava, as superfícies convexas tendem a difundi-los. A difusão
corresponde ao espalhamento dos raios sonoros, de forma que a área de abrangência
dos raios refletidos é maior que aquela promovida por uma superfície plana. Para uma
onda sonora de mesma intensidade, essa maior abrangência dos refletores convexos, em
contrapartida, resulta em uma onda sonora refletida de menor intensidade que aquela
promovida por um refletor plano, porque a área de distribuição da energia sonora torna-
se maior. Trata-se também de valioso instrumento para o arquiteto, uma vez que é
possível projetar espelhos acústicos difusores, porém sua curvatura nunca deve ser
exagerada, para que a perda de energia não seja muito acentuada.
Gabarito: alternativa A
(C) Diferentemente dos materiais, as pessoas agem como elementos absorvedores do som.
(D) No ambiente vazio, são ouvidas reflexões reduzidas, o que torna o som confuso.
(E) Como o som direto tende a perder sua intensidade, os espelhos acústicos colaboram na
intensificação do nível sonoro.
Comentários
(A) Errada. A queda da intensidade sonora ocorre em decorrência da distância, e do tipo de material
utilizado. Quanto mais absorvente for o material, mais parte do som será absorvido e menos
será refletivo.
(B) Quanto maior é o número de reflexões sofridas por um raio sonoro, menor sua intensidade.
(C) Como os materiais, as pessoas agem como elementos absorvedores do som.
(D) No ambiente vazio, haverá mais reflexões, o que torna o som confuso.
(E) Correta.
Vamos ao livro “Bê-á-bá da acústica arquitetônica”
(Souza, Almeida, & Bragança, 2016)
Gabarito: alternativa E
Comentários
Conforme a nota da tabela 1 da referida Norma, o valor inferior da faixa representa o nível sonoro
para conforto, enquanto que o valor superior significa o nível sonoro aceitável para a finalidade.
Níveis superiores são considerados de desconforto.
Analogamente, a resposta é a alternativa (C).
Vamos à NBR 10152/1987 (cancelada e substituída pela NBR 10152/2017):
Gabarito: alternativa C
Comentários
O tempo de reverberação é o tempo de permanência do som no ambiente, o qual depende do
volume do recinto, do tipo, forma e número de superfícies e da capacidade de absorção sonora do
ambiente.
Guia Procel Edifica – Acústica Arquitetônica
Gabarito: alternativa B
(A) 2-III − Proteção das superfícies verticais e horizontais com espumas de poliéster de células
abertas ou fibras cerâmicas e de vidro, tecidos e carpetes, atenuará o fenômeno sonoro.
(B) 1-IV − Proteção das paredes com materiais leves, fibrosos ou porosos, aplacará o fenômeno
sonoro.
(C) 3-II − Proteção das paredes e pisos com concreto e chumbo, atenuará o fenômeno sonoro.
(D) 2-I − Proteção das superfícies verticais com espumas de poliéster de células abertas e das
horizontais, com tecidos e carpetes, reverberará o fenômeno sonoro.
(E) 1-IV − Proteção das superfícies verticais e das horizontais com tecidos e carpetes, ecoará o
fenômeno sonoro.
Comentários
1. Se a divisória tem altura parcial e a energia sonora está sendo transmitida pelo teto, piso e
paredes de fechamento da área, o som está sendo transmitido por reflexão através desses
elementos, não havendo som direto. A solução é tratar o teto, piso e paredes com materiais
absorventes.
2. Nesse segundo caso, além da reflexão, que tratamos na situação 1, temos a transmissão (o
som passa pela divisória) e temos a difração, pois, o som passa por cima, por baixo e pelos
lados da mesma, contornando o obstáculo (divisória), característica da difração. Nesse caso,
além do uso de materiais absorventes, o ideal seria aumentar a superfície da divisória e sua
altura.
3. Nesse caso temos a transmissão, pois o teto rígido de placas de gesso forma uma ponte
acústica, deve-se adotar conexões elásticas.
Gabarito: alternativa A
Comentários
Biblioteca de escola, conforme a NBR 10152 tem 35 dB(A) como nível sonoro de conforto acústico
e 45 como nível sonoro aceitável. Logo, a resposta é a alternativa (C).
A norma atualizada também tem esse limite de 45.
Vamos à NBR 10152/1987 (cancelada e substituída pela NBR 10152/2017):
Gabarito: alternativa C
Comentários
Primeiro ponto a ser analisado, fonte e receptor estão em um mesmo ambiente ou em ambientes
diferentes?
Nesse caso, fonte e receptor em ambientes diferentes, o fenômeno a ser tratado é o de transmissão
o qual exige o isolamento acústico.
O ruído é aéreo ou estrutural? No caso, em questão, é aéreo, pois se propaga pelo ar. Em geral,
isola-se o ruído aéreo com elementos verticais, tais como paredes, esquadrias e antecâmaras, e o
ruído estrutural com elementos horizontais, como pisos, lajes e forros.
O som é de baixa ou alta frequência? O problema em questão está nos sons de baixa frequência.
Como já foi visto, os sons de baixa frequência (sons graves) são mais difíceis de serem controlados.
Como os sons graves têm mais energia, eles se transmitem com maior facilidade através dos
materiais de construção, sendo necessário o conhecimento do espectro do ruído para dimensionar
adequadamente o isolamento acústico.
Para o controle do isolamento acústico, é utilizada a lei de massa e a lei de massa-mola-massa.
Os materiais absorventes controlam a energia sonora refletida, mas, não influem na parcela
transmitida.
Na figura 31, mais à direita, tem-se outra parede com R igual a 60 dB. Logo, o ruído
interno diminui para 20 dB, com o nível externo de 80 dB.
1. Lei de Massa:
Cada vez que se duplica a massa de uma parede, o isolamento acústico aumenta entre 4
a 5 dB, o que significa um aumento considerável da carga na estrutura das construções.
2. Lei de Massa-Mola-Massa:
“Em sistemas com paredes duplas, a incorporação de um espaço de ar de 15 a 200 mm
fornece um aumento na perda de transmissão de aproximadamente 6 dB acima da soma
aritmética das perdas de transmissão de cada uma das duas paredes.”
“... é recomendado o preenchimento deste espaço com material de absorção acústica
para eliminar as ressonâncias da cavidade.”
“É também recomendado usar paredes com diferentes espessuras e/ou materiais para
evitar a excitação das duas paredes simultaneamente.”
Mediante a aplicação de uma segunda massa (no caso MDF de 25mm fixado em
montantes metálicos), com lã de vidro na câmara de ar formada entre as duas massas,
mudamos da lei de massa da parede original em alvenaria de tijolos cerâmicos, para a lei
da massa-mola-massa, aumentando o isolamento acústico com o uso do sistema.
Gabarito: alternativa C
Comentários
A resposta é a letra C, a divisória deve ser erguida até o teto, pois, se for erguida até o forro, o som
será transmitido entre o forro e o teto de concreto.
Gabarito: alternativa C
Comentários
(A) Errada. Com ênfase na reflexão.
(D) Correta.
(E) Incorreta.
Vamos ao Livro Acústica Arquitetônica de Régio Paniago Carvalho: (Carvalho)
Gabarito: alternativa D
B Os plásticos leves e impermeáveis, por sua baixa densidade, não possuem alto poder de
absorção sonora.
C A absorção acústica é a capacidade de manter as ondas sonoras em um mesmo ambiente,
impedindo-as de passar de um recinto a outro.
D Os materiais considerados bons isolantes térmicos são também bons isolantes acústicos.
E Espumas de poliestireno expandido ou extrudado são excelentes isolantes acústicos.
Comentários
(A) Correta.
(B) Errada. Materiais leves possuem alto poder de absorção sonora. Para evitar a reverberação
excessiva, deve-se fazer uso de materiais absorventes, porosos e elásticos, que impeçam a
reflexão sonora; mas, para evitar a transmissão, é necessário que se faça uso de materiais com
elevada massa, que dissipem a energia, sem vibrar com ela.
(C) Errada. A absorção acústica interfere na reflexão no mesmo ambiente, não afetando a
transmissão para outros ambientes.
(D) Errada. Os bons isolantes acústicos retêm as ondas sonoras as transformando em calor que é
dissipado para o ambiente.
(E) Errada. Poliestireno expandido (EPS) = isopor – bom isolante térmico, mas não contribui para o
isolamento acústico, a não ser quando combinado com outros materiais.
Poliestireno extrudado (XPS) = espuma rígida de poliestireno (PS) com estrutura celular fechada
e homogênea. Este fator lhe confere excelentes características de isolação térmica.
Gabarito: alternativa A
A partir do trecho acima, julgue os itens subsequentes, acerca dos aspectos referentes a
projeto de auditório e acústica.
Comentários
Correta! Quanto maior o volume, maior o tempo ótimo de reverberação recomendado.
Podemos observar essa relação pelo gráfico abaixo:
Comentários
As esquadrias em geral são um ponto crítico no isolamento acústico entre ambientes, devido à sua
pouca massa e falta de uma vedação adequada.
As esquadrias de vidro duplo são boas para o isolamento térmico, pois, para atingir o isolamento
acústico, precisam de uma camada de ar grande entre os vidros, vide tabela abaixo.
Já a madeira, por ser mais densa, apresenta maior desempenho acústico (lei de massa). A madeira
é uma boa alternativa para tratamento acústico por apresentar características isolantes e
absorvedoras.
As janelas com esquadrias em madeira, também, são termicamente mais vantajosas do que as de
aço ou alumínio, desde que essas mesmas esquadrias sejam suficientemente espessas.
Por sua vez, o alumínio, além de ser muito leve, é um material com extrema condutibilidade térmica.
E isso é muito negativo para o desempenho das janelas, mesmo que o perfil seja muito simples e
compacto. As esquadrias das janelas transformam-se facilmente numa ponte térmica com o
exterior.
Guia Procel Edifica – Acústica Arquitetônica
Comentários
Segundo Régio Paniago, o projeto de acústica arquitetônica deixou de ser um tema acadêmico,
enclausurado entre quatro paredes, para tornar-se real. Passa a ser necessário, simultaneamente
com o projeto de arquitetura de edifícios, estruturas portantes, instalações prediais, tratamento
térmico, etc.
A vibração da estrutura, por exemplo, pode ocasionar fontes secundárias de ruídos.
São importantes bases elásticas, conexões elásticas, etc...
Gabarito: alternativa CERTA.
Comentários
Correta. Mas, vamos aproveitar e trazer o assunto para a acústica, falando sobre pisos flutuantes.
Vamos ao livro “Bê-á-bá da acústica arquitetônica”
(Souza, Almeida, & Bragança, 2016)
Os materiais porosos e fibrosos são os mais indicados para resolver aspectos de acústica em
um auditório, para qualquer frequência, como reverberação, absorção e reflexão.
Comentários
Errada.
Lembrando que a tabela 2 da NBR traz os índices de absorção de acordo com as faixas de
frequência:
Comentários
Vamos lá! Fazendo as contas…
Posição da última fileira: 3,00 m +(9 x 1,00 m) = 12,00 m.
Altura da última fileira em relação ao piso: 9 x 0,15 = 1,35 m.
Altura da última fileira em relação ao palco: 1,35 – 0,90 = 0,45 m.
“Conforto em auditórios: proposta de procedimento para o projeto”
(Soler & Kowaltowski)
O palco deve se situar entre 70 e 90 cm em relação ao piso, uma vez que o espectador da
primeira fileira tem sua visão a 1,10 m, em média. Um palco muito baixo cria dificuldades
por exigir uma grande inclinação da plateia, mas a altura excessiva também é obstáculo
aos bons preceitos de ergonomia. A visão normal, em descanso, tem um ângulo de
caimento em relação à linha horizontal de 15 graus. Quando o posicionamento do palco
ou da tela de projeção são definidos em ângulos acima dessa linha, o espectador é
obrigado a forçar a musculatura do olho ou do pescoço, o que é desconfortável e
cansativo (MELENDEZ, 1996).
Comentários
Pessoal! Essa deu trabalho! Fiquei obcecada para descobrir o porquê de as plantas para música
serem retangulares.
Já sabia das diferenças de exigências em função da potência da fonte sonora (que é bem maior que
a da palavra falada), da importância do tempo ótimo de reverberação ser maior (provocando
prolongamento dos sons), da necessidade de o músico receber o retorno do que está cantando e/ou
tocando, o que faz a sala dever ter um volume maior, mais reflexões, reflexões para o palco, …
Também descobri que o melhor formato é shoe box, mas por quê?
Podemos só entender os conceitos e gravar que, para música, o formato retangular é melhor.
Mas, para quem é curioso e gosta de entender, trago, abaixo, parte da dissertação que conseguiu
me elucidar a respeito.
Vamos à dissertação “Influência das características arquitetônicas na qualidade acústica de salas
de concerto”
(Takahashi, 2010)
http://repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/258533
Para Siebein e Kinzey (1999) a escolha do formato de caixa de sapato se deve às reflexões
laterais iniciais que essa forma proporciona e que chegam ao ouvinte nos dois lados da
cabeça logo depois do som direto, causando sensações no ouvinte que contribuem para
a qualidade acústica das salas como: envolvimento, intimidade, e impressão espacial.
Dentre as 15 melhores salas de concerto consideradas no ranking de Beranek (2004)
como excelentes, dois terços dela possuem uma forma conhecida como “shoebox”, ou
seja, um formato retangular. Estudos de Marshall, Keppler (1999), Barron (1993),
Beranek (2004), mostraram que paredes paralelas asseguram reflexões laterais na
audiência principal, que é de essencial importância para o sentimento de espacialidade
da plateia.
Apesar disso Marshall e Keppler (1999) colocam que o sucesso acústico não é garantido
somente com o formato de uma caixa de sapato, particularmente se uma insuficiente
difusão for empregada. A caixa de sapato pode ser um bom início por causa de inúmeras
qualidades, mas outros aspectos acústicos devem ser considerados como: configuração
da área de performance, controle de eco, proporção de volume, boa linha de visão e
adequada difusão. Um exemplo disso é a sala de concertos do Tokyo Opera City (TOC) no
Japão, que apesar de uma planta retangular traz como uma nova solução arquitetônica
um teto piramidal, indicando que não é necessário replicar precisamente salas já
existentes e bem sucedidas para alcançar excelentes resultados.
É necessário que o arquiteto seja criativo na hora de conceber novas formas para as salas
de concertos, criando novas experiências e sensações para a audiência. A partir dessa
necessidade de inovações, como aproximar a plateia da orquestra, ou maximizar o
espaço da audiência é que surgem salas em formato de leque, e as salas com plateias
envolventes.
O formato em leque (fan-shaped) surgiu com a criação do cinema por volta de 1920, onde
havia a necessidade de maximizar o tamanho da plateia. Logo esse formato foi adotado
para salas de concerto, mas acabou não fazendo jus a perfomance musical (BARRON,
1993).
Barron (1993) coloca que o problema mais óbvio desse formato de sala foi a formação de
uma parede do fundo curva, que gerava uma focalização sonora no palco. Uma solução
para esse problema foi a fragmentação da parede com materiais difusores e absorventes
para diminuir esse grau de focalização, mas mesmo assim as vezes não era o suficiente.
Outro problema eram as poucas reflexões iniciais laterais que a forma proporcionava
como pode ser ver na figura 3.10.
As reflexões laterais provêm das paredes laterais. Nas salas em forma de leque
(fanshaped) essas reflexões alcançam o ouvinte mais na direção frontal se comparada
com as salas retangulares, como podemos observar na Figura 3.11 (a) e (b), ou seja, a
lateralidade do som nas salas de leque é pobre o que não favorece as salas de concerto
limitando o grau de impressão espacial e o envolvimento. Já as salas em leque invertido
(reverse fan-shaped) há um aumento dessa lateralidade sonora até mesmo maior que as
salas retangulares como mostrado na Figura 3.11 (c) (METHA et.al, 1999).
Algumas soluções criadas ao longo dos anos para aumentar essas reflexões laterais e
colaborar com o aumento da sensação de espacialidade, intimidade e envolvimento
foram os balcões laterais em balanço (Figuras 3.12 e 3.13) que colaboram para a difusão
sonora.
Comentários
O mesmo da questão anterior.
Vamos à dissertação “Simulação acústica de uma sala multiuso para a prática musical:
possibilidades de adaptação ao uso”
(Lima & Vergara)
1. INTRODUÇÃO
Para que o músico desfrute de uma experiência satisfatória no ambiente de sua prática
musical, um projeto acústico específico é essencial.
A experiência satisfatória do usuário em um determinado ambiente está associada a
diversos fatores, objetivos e subjetivos. No que diz respeito ao ambiente adequado ao
ensino e prática musical, além dos requisitos mínimos de projeto (como conforto térmico,
lumínico, ergonômico, acessibilidade), um projeto acústico específico é essencial para a
performance do músico. Rocha (2012) afirma que a experiência da música não pode ser
separada da acústica do espaço na qual ela é executada, isso tanto no ensaio e
aprendizagem, quanto na apresentação.
O aparente descaso com a funcionalidade do espaço tem resultado em projetos cada vez
mais multifuncionais, o que pode vir a prejudicar a sonoridade e a qualidade da
performance artística. As mesmas salas utilizadas para a palavra falada cada vez mais
têm abrigado também a prática musical, porém essas atividades exigem requisitos
acústicos distintos (TAKAHASHI, 2010).
(...)
5. CONCLUSÕES
O trabalho permitiu verificar que salas de aula multiuso podem se adequar à prática
musical com a efetivação de algumas intervenções, desde que um adequado estudo
acústico seja realizado a fim de garantir padrões aceitáveis de qualidade ao uso para o
qual a sala se destina.
A simulação computacional possibilitou criar um modelo computacional para a sala, fiel
ao real, flexível a testes de diferentes combinações de modelos adaptados da sala com o
objetivo de propor aquele que melhor se adequasse as necessidades da prática musical,
permitindo a inserção e remoção de materiais e dispositivos acústicos, conforme os
resultados mostravam necessários ou não tais elementos. Com o modelo computacional
resultante, é possível adaptar a sala modelada para diferentes realidades, seja de prática
musical ou qualquer outro uso que possa vir a ser dado a sala, considerando que com
esse modelo pode se testar diferentes possibilidades de inserção e/ou remoção de
materiais acústicos.
Abraço,
Profa. Moema Machado
10 – LISTA DE QUESTÕES
(FGV – ALERJ/RJ - 2016)
No projeto de um auditório destinado a múltiplos usos, tendo como fonte sonora tanto a
palavra falada como a música, o arquiteto, para alcançar a qualidade acústica no ambiente,
independentemente do custo, deve optar por superfícies:
(A) móveis;
(B) convexas;
(C) paralelas;
(D) fixas;
(E) côncavas.
III. O uso de elementos estruturais inflexíveis para amarração entre as paredes duplas tendem
a aumentar a eficiência do isolamento acústico dessas paredes.
Está correto o que se afirma em:
(A) somente I;
(B) somente II;
(C) somente III;
(D) somente I e III;
(E) I, II e III.
(E) I, II e III.
D) É necessário substituir o forro de todo o andar por um outro forro composto que seja bom
absorvente e com isolamento
acústico, erguendo divisórias com boa absorção acústica até o nível do forro.
E) N.R.A.
A partir do trecho acima, julgue os itens subsequentes, acerca dos aspectos referentes a
projeto de auditório e acústica.
Os materiais porosos e fibrosos são os mais indicados para resolver aspectos de acústica em
um auditório, para qualquer frequência, como reverberação, absorção e reflexão.
Parabéns guerreiros!
11 – GABARITO
1. A 12. C
2. D 13. D
3. A 14. A
4. C 15. CERTA
5. A 16. ERRADA
6. E 17. CERTA
7. C 18. CERTA
8. B 19. ERRADA
9. A 20. ERRADA
Parabéns guerreiros!
12 – BIBLIOGRAFIA
ABNT. (1992). NBR12179 de 04/1992. Tratamento acústico em recintos fechados - Procedimento.
Rio de Janeiro.
ABNT. (Junho de 2000). NBR10151 de 06/2000. Acústica - Avaliação do ruído em áreas habitadas,
visando o conforto da comunidade - Procedimento. Rio de Janeiro.
ABNT. (24 de 11 de 2014). NBR 16313. Acústica - Terminologia.
ABNT. (24 de Novembro de 2017). ABNT NBR 10152. Acústica — Níveis de pressão sonora em
ambientes internos a edificações. Rio de Janeiro.
Akkerman, E. J. (Novembro de 2013). Manual ProAcústica sobre a Norma de Desempenho. Guia
prático sobre cada uma das partes relacionadas à área de. ProAcústica Associação Brasileira
para a Qualidade Acústica.
Bistafa, S. (2012). Acústica aplicada ao controle do ruído. São Paulo: Blucher.
Carvalho, R. P. (s.d.). Acústica Arquitetônica.
Costa, E. C. (2003). Acústica Técnica. Blücher.
FAURO, D., & ROCHA, B. d. (s.d.). A INFLUÊNCIA DA FORMA NO DESEMPENHO ACÚSTICO DOS
AMBIENTES. Santa Maria, Rio Grande do Sul.
Goulard, F., & al, e. (s.d.).
Lima, P. R., & Vergara, E. F. (s.d.). SIMULAÇÃO ACÚSTICA DE UMA SALA MULTIUSO PARA A PRÁTICA
MUSICAL: POSSIBILIDADES DE ADAPTAÇÃO AO USO.
Oliveira, T. A., & Ribas, O. T. (1995). Sistemas de Controle das Condições Ambientais de Conforto.
Brasília.
SANTOS, M. A. (13 de 12 de 2017). Fonte: Brasil Escola:
<http://brasilescola.uol.com.br/fisica/reflexao-refracao-som.htm>
Simões, F. M. (2011). Acústica Arquitetônica - Procel Edifica.
Soler, C., & Kowaltowski, D. C. (s.d.). CONFORTO EM AUDITÓRIOS: PROPOSTA DE PROCEDIMENTO.
Souza, L. C., Almeida, M. G., & Bragança, L. (2016). Bê-á-bá da acústica arquitetônica. EdUFSCar.