Entomologia Forense 3
Entomologia Forense 3
Entomologia Forense 3
Recife
Fevereiro 2008
Tadeu Morais Cruz
Recife
Fevereiro 2008
2
Tadeu Morais Cruz
Titulares:
Suplentes:
Recife
Fevereiro 2008
3
Agradecimentos
4
SUMÁRIO
Resumo geral 6
Capítulo 1 7
Apresentação
Capítulo 2 14
Revisão Bibliográfica
Capítulo 3 21
Capítulo 4 39
Diversity and ecological succession of dipterans on a pig carcass in a
rainforest fragment in Northeastern Brazil
Capítulo 5 66
Considerações Finais 86
Anexos e apêndices 88
5
Diversidade e sucessão ecológica de insetos associados à decomposição animal
em um fragmento de Mata Atlântica de Pernambuco
Resumo Geral
A compreensão dos aspectos da diversidade e sucessão ecológica dos insetos envolvidos na
decomposição cadavérica é importante, particularmente, na estimava do intervalo pós-morte
(IPM) nas ciências forenses, apesar de estudos de decomposição em carcaças em ambientes
abertos serem freqüentemente negligenciados em algumas regiões, mesmo fornecendo
informações relevantes. Este estudo objetivou obter a riqueza e a diversidade dos insetos
associados em carcaças suínas, Sus scrofa L, expostas em um fragmento de mata atlântica no
nordeste brasileiro em duas estações, indicando as espécies importantes forensicamente,
examinando comportamento da comunidade de inseto e testando o padrão de colonização da
entomofauna durante todo os estágios de decomposição. Os invertebrados visitantes e
colonizadores foram coletados diariamente e identificados. Foram coletados 10.039 dipteras
que pertencem a 18 famílias (Sarcophagidae, Calliphoridae, Mesembrineliidae, Muscidae,
Anthomyiidae, Fanniidae, Piophilidae, Phoridae, Stratiomyidae, Neriidae, Micropezidae,
Tabanidae, Asilidae, Ropalomeridae, Drosophilidae, Chloropidae, Milichidae, Dixidae). As
espécies Megaselia scalaris, Ophyra chalcogaster, Patonella intermutans e Hemilucilia
segmentaria merecem atenção especial porque o adulto e formas imaturas foram encontrados
em todas as experimentações. Este estudo preliminar da diversidade e da sucessão ecológica
dos dípteros em uma carcaça de porco contribui para estimar o IPM em nossa região.
6
Diversidade e sucessão ecológica de insetos associados à decomposição animal
em um fragmento de Mata Atlântica de Pernambuco
ABSTRACT
7
Capítulo 1
APRESENTAÇÃO
1.1 APRESENTAÇÃO
8
A entomologia forense é a aplicação do estudo de insetos e outros artrópodes para uso
legal, especialmente em processos envolvendo crimes, suicídios ou mortes acidentais (Smith,
1986). A aplicação mais comum da entomologia forense relaciona-se com a investigação de
homicídios, podendo auxiliar na elucidação servindo de elementos-chave como
movimentação do cadáver, possível modo e causa da morte, associação do suspeito à cena do
crime e, principalmente, como ferramenta auxiliando na estimativa de intervalo entre a morte
e a descoberta do corpo (Byrd & Castner, 2001). Este período é conhecido como Intervalo
Pós-Morte (IPM). Para intervalos maiores de 72 horas, o uso da entomologia forense pode ter
uma maior precisão do que técnicas convencionais de tanatoscopia.
O estudo da fauna cadavérica constitui a aplicação mais importante da entomologia
forense, baseado em sucessão entomológica na carcaça. A diferença na exploração do
cadáver ao longo de cada etapa de decomposição e o conhecimento do tempo ocupado por
cada estágio de desenvolvimento do inseto, associados aos parâmetros abióticos, como
temperatura, permitem a utilização desses artrópodes para auxiliar na estimativa do intervalo
pós-morte (Catts & Goff, 1992).
Há essencialmente dois métodos principais para estimar o IPM usando a informação
sobre os artrópodes que visitam um corpo. O primeiro é baseado no estudo da sucessão
faunística dos artrópodes associados à carcaça. Este método consiste na comparação da
composição dos taxa encontrados no cadáver na época da descoberta com a dos insetos
obtidos sob condições controladas em intervalos diferentes do tempo. A composição dos taxa
que são atraídos a uma carcaça geralmente tem um padrão previsível enquanto a
decomposição progride em estágios diferentes. O padrão da sucessão dos insetos é específico
à posição e às circunstâncias ambientais em que uma carcaça ocorre. É imprescindível, para
estimar precisamente o IPM, a identificação dos insetos específicos para uma determinada
área, pois podem variar extremamente de acordo com o local. Um segundo método é baseado
no estágio do desenvolvimento das moscas necrófagas encontradas no corpo, as quais são
usadas para ajudar a indicar o intervalo do tempo entre a morte e a descoberta do cadáver.
Sabe-se, porém, que alguns fatores podem influir nesse tempo, como horário da
morte, o acesso ao cadáver, fatores ambientais, entre outros. Uma vez que as primeiras
espécies colonizadoras forem identificadas, o IPM pode ser estimado comparando o estágio
de desenvolvimento das larvas, ou pupas com os dados do laboratório.
Carcaças animais representam um micro habitat limitado e um recurso alimentar
temporário explorado por uma grande variedade de organismos, desde bactérias até grandes
predadores (Catts & Goff, 1992). A comunidade decompositora de carcaças animais passa
9
por um processo de sucessão ecológica, associado aos vários estágios de decomposição
(Bornemissza, 1957; Smith, 1986). Tal sucessão consiste no acréscimo ou substituição
seqüencial de espécies em uma comunidade, acompanhada de alterações na abundância
relativa das espécies presentes e nas condições físico-químicas locais. A sucessão de fauna
em carcaça está relacionada com a mudança natural que ocorre num corpo após a morte
(Smith, 1986). Catts & Goff (1992) observaram que a fauna de artrópodes numa carcaça em
decomposição muda de forma relativamente previsível. A diferença na ocupação do cadáver
ao longo do tempo faz com que os insetos atuem como um “relógio biológico”, permitindo a
estimativa do intervalo pós-morte (IPM), de modo que os insetos atingem elevada
importância do ponto de vista médico-legal (Catts & Goff, 1992).
10
diferentes levando em conta as fases de decomposição. Por fim, o Capítulo 5 descreve um
levantamento preliminar da fauna de solo associada à carcaça.
1.3 OBJETIVOS
Geral
Analisar a diversidade e sucessão e a ecologia de populações de insetos associados à
decomposição de carcaças animais expostas em ambiente de Mata Atlântica de Recife, PE.
Específicos
1. Estudar a diversidade de espécies associadas à decomposição de carcaça de suínos;
2. Investigar o padrão de “chegada” de insetos necrófagos a uma carcaça, registrando
quais famílias são as primeiras a ocupar o recurso;
3. Analisar a ocorrência de cada espécie nos diferentes estágios de decomposição
animal, estabelecendo um padrão de sucessão ecológica;
4. Investigar quais espécies presentes na carcaça efetivamente usam o recurso para seu
desenvolvimento larval;
5. Verificar diferenças na composição da entomofauna (diversidade de insetos) em
diferentes estações (seca e chuvosa);
6. Verificar diferenças na sucessão ecológica (tempos de ocupação do cadáver) em
diferentes estações (seca e chuvosa);
7. Identificar espécies com potencial para utilização em estudos de determinação de
intervalo post-mortem;
8. Observar se há diferenças na entomofauna de solo em ambientes com e sem a
presença de carcaça animal.
11
1.4 HIPÓTESES
12
Capítulo 2
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
13
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
14
(1997) também enfatizaram a influência das variações sazonais sobre a estrutura da fauna
decompositora, tanto sob o aspecto quantitativo como qualitativo.
Bornemissza (1957) apontou a possibilidade de dividir o processo de decomposição
em estágios, apesar de tratar-se de processo contínuo, unicamente com objetivos didáticos.
Pelo fato da decomposição ser dependente de condições climáticas e sazonais, além de
circunstâncias locais, o número e duração de estágios de decomposição reconhecidos por
diversos autores é extremamente variável. Por exemplo, Howden (1950) nomeou apenas dois
estágios, enquanto Payne (1965) reconheceu seis e Mégnin (1894), oito. O tempo requerido
para decomposição total de um corpo também é variável, podendo ser de dez dias (Cornaby,
1974) até três anos (Mégnin, 1894).
A sucessão faunística que ocorre durante decomposição é relacionada a mudanças que
ocorrem após a morte do corpo. Na fauna cadavérica se destacam os dípteros das famílias
Calliphoridae (especialmente os gêneros Lucilia, Chrysomya, Hemilucilia, Calliphora) e
Sarcophagidae. Existe um complexo de espécies associadas que podem ser agrupadas em
quatro categorias ecológicas segundo Smith (1986). As espécies reconhecidamente
necrófagas são aquelas que se alimentam diretamente dos tecidos da carcaça; os predadores
e/ou parasitóides das espécies necrófagas, como o nome indica, alimentam-se dos necrófagos
e também são bons indicadores do estágio de decomposição de um cadáver. As espécies
onívoras alimentam-se de mais de um tipo de matéria orgânica, incluindo ocasionalmente a
carcaça, e, por último, as espécies “acidentais” visitam a carcaça em busca de refúgio, micro-
ambiente favorável, e local de pouso ou postura (Smith, 1986). Embora apenas o primeiro
grupo seja tradicionalmente utilizado como evidência médico-legal, tanto a diversidade
quanto a abundância da entomofauna associada podem interferir na velocidade de
decomposição de um cadáver (Goff, 2000).
Embora em termos forenses as ordens Diptera e Coleoptera sejam as mais
importantes, as ordens Lepidoptera, Hymenoptera, Blattodea, Hemiptera, Isoptera e
Dermaptera podem ser consideradas grupos de potencial interesse forense, na medida em que
não são rotineiramente utilizadas em investigações sobre fauna cadavérica. Freqüentemente
as espécies destas ordens encontradas associadas a cadáveres não dispõem de dados
biológicos e comportamentais suficientemente estudados que lhes pudessem garantir
exclusão ou inclusão definitiva como evidência forense. Entretanto, o que se observa
freqüentemente na literatura disponível são apenas descrições de ocorrência de exemplares
destas ordens, sem qualquer tipo de discussão do possível papel destes insetos na carcaça.
15
Os insetos mais freqüentemente utilizados nesses estudos são dípteros pertencentes às
famílias Calliphoridae e Sarcophagidae (Nuorteva, 1974) e coleópteros das famílias
Dermestidae, Silphilidae e Cleridae (Smith, 1986, Cruz & Vasconcelos, 2006). Os
Calliphoridae são encontrados freqüentemente em cadáveres logo após a morte. As espécies
desta família diferem em seus estágios de desenvolvimento, assim para a estimativa correta
do IPM é necessária uma identificação exata de cada espécie. Aos califorídeos certamente foi
dado maior enfoque neste estudo, seja pelo que foi explicitado acima, seja por serem
considerados a maior comunidade formada pelas diferentes populações de moscas
decompositoras de carcaças (Hanski, 1977).
O aumento nas taxas de homicídio em diversos países ao redor mundo demanda em
inovações e multidisciplinaridade nas investigações em casos de morte violenta. Campobasso
& Introna (2001) defenderam uma integração dos esforços entre peritos criminais,
patologistas forenses, antropólogos, entomólogos e outros profissionais, que possuem um
papel crucial em cada etapa da investigação. Entre estes especialistas, os entomólogos
forenses vêm contribuindo cada vez mais nas investigações de homicídios, baseada nos
princípios ecológicos temporais e na colonização ecológica de insetos em cadáveres. A alta
taxa de homicídios registrada em Pernambuco enfatiza a importância desse trabalho conjunto
entre a policia e a universidade. Somente em 2007 foram 1.375 homicídios na cidade do
Recife, ficando atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro no ranking das cidades brasileiras
em números de homicídios, segundo a Rede de Informação de Tecnologia Latino Americana
(RITLA, 2008), tendo taxa superior a Rio de Janeiro e São Paulo se comparada a taxa de
homicídio por 100 mil habitantes, que chegou a 90,9 no ano de 2006.
16
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18
Capítulo 3
Brazil
19
On the initial colonization of an animal carcass by dipterans in a rainforest
fragment in Brazil
1
Department of Zoology, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Recife, Pernambuco
[email protected], [email protected];
2
Departament of Parasitology, Institute of Bioscience, Universidade Estadual Paulista
(UNESP), Botucatu, São Paulo State, 18.618-000, Brazil. Phone number 55 (14) 3811-6239..
20
ABSTRACT. Besides its ecological importance, knowledge on the necrophagous fauna may
be used as a forensic tool, to assist in establishing the conditions of death and to estimate the
in Northeastern states. This study aimed to investigate the occurrence of dipterans that were
State. Adult dipterans were collected at seven timepoints for three hours after the animal’s
highest diversity, with 10 species belonging to the genera Oxysarcodexia, Peckia, Oxyvinia,
Hystricocnema and Sarcophagula. Most of the families were also present during the period of
decomposition of the carcass, during which time they engaged in oviposition and feeding.
This is the first study on forensically-important insects in Northeastern Brazil, and the
database that we have produced on necrophagous dipterans is the first step towards practical
21
INTRODUCTION
represents a temporary and rapidly changing resource to be explored by insects for shelter,
food or oviposition. Insects are among the first and most frequent macro-organisms to
colonize a corpse and knowledge on the diversity and biology of necrophagous species has
enabled their use as evidence in criminal investigations, mainly involving homicides (Catts &
Goff, 1992).
Necrophagous insects can have distinct preferences for a given stage of the
entomological succession. This pattern is a key feature in the estimation of the post-mortem
interval (PMI) because, for certain species, information on abiotic factors combined with the
time interval taken by the larvae to reach each developmental stage can provide reliable
estimates of the time that has elapsed between death and the discovery of the cadaver (Byrd
& Castner, 2001). This is probably the main application of forensic entomology, an applied
science that has grown rapidly in the last several years in a number of countries.
stages, to better understand the physical, chemical and biological phenomena involved.
However, the number of stages varies according to the region, modulated by the season,
climate and other local environmental parameters. Most classifications have been devised in
temperate countries with cool climates, whereas in tropical countries, like Brazil, the high
temperatures and periods of intense rainfall result in very rapid decomposition of the cadaver.
shorter time scales for field surveys of necrophagous entomofauna need to be employed.
22
Recife, the capital of Pernambuco State, in Northeastern Brazil, has one of the highest
rates of homicide per inhabitants in South America. In 2007, 4,585 homicides took place in
2008). This situation calls for applied biological studies that may help criminal experts,
data on necrophagous species in the region. Additionally, because local body decomposition
occurs very rapidly, it is crucial to understand the dynamics of cadaver detection, location
and occupation by insects in the period immediately following death. Although information
regarding the diversity of necrophagous insects in several ecosystems is abundant (Gomes &
Von Zuben, 2006), field studies on entomofauna associated with recently deceased bodies are
scarce. Most references to the early arrival of necrophagous dipterans at a cadaver or carcass
dipterans in the region, this study aimed at surveying the species associated with early corpse
the following questions: (i) Are calliphorids and sarcophagids the first groups of insects to
locate a corpse? and (ii) Do all species that visit the corpse use it as resource for oviposition
METHODS
Field studies were carried out in the Dois Irmãos State Park, a preserved rainforest
fragment, located in one of Brazil’s largest cities, Recife (8º7’30”S; 34º52’30”W, estimated
23
population 3.7 million inhabitants), on the Northeastern coast of Brazil (BRAZIL, 2008). The
park has a total area of 388 ha, with mostly flat topography and an altitude ranging from 30 to
80 m (Coutinho et al. 1998). The local climate is hot and humid, with mean rainfall ca.
2,500mm/year, average annual temperature 25.6 oC and two well defined seasons: dry
higher light penetration; trees are typically tall and occur at different stages of development,
to form distinct mosaic patterns (Guedes, 1998). The most abundant families are: Fabaceae,
Lauraceae, Moracea, Sapotaceae and Euphorbiaceae (Guedes, 1998). The area was chosen
because it is a common repository for the clandestine dumping of cadavers in the Recife
metropolitan zone.
Experimental procedure
We used a pig (Sus scrofa L., ca. 15 kg), which is the model for experiments on
human bodies. The animal was killed with a gunshot to the occipital region as quickly and
disturbance by large scavengers. Around the cage a metal frame (2 m high x 1 m long x 1 m
wide) covered with a fine mesh fabric was placed in order to trap insects that visited the
carcass. A 30 cm gap between the bottom of the net and the soil was left, through which
insects could gain access to the carcass. The field experiment took place in July 2007, in the
rainy season, from 13:00 to 16:00 hrs, as preliminary studies indicated that at this time of day
24
dipterans were active and abundant at the study site. The meteorological conditions during
the experiment were bright cloudless skies, a temperature of 25.2oC, and relative humidity of
84%.
As only early visitors were targeted in this study, the carcass was observed for three
hours immediately after death. At intervals of 30 min, a 5-min collection of adult insects was
performed using an entomological net (20 cm diameter). In total, samples were taken at
seven timepoints: 0 (immediately following death), 30, 60, 90, 120, 150 and 180 min post-
mortem. In order to determine whether the species found immediately after death would
colonize the carcass at later stages of decomposition, we collected dipteran adults present on
the carcass at 24, 48 and 72 h post mortem, using entomological nets. Insects were killed
using ethyl acetate and transferred to the laboratory, were they were immediately mounted
and identified using taxonomic keys (Lopes, 1946; Mc Alpine et al., 1981a,b; Dear, 1985;
RESULTS
A total of 153 adults from the Order Diptera were collected, distributed among 12
(10.7%) and Calliphoridae (10.7%) were the most abundant in the first few hours post-
mortem, together comprising almost two thirds of the dipterans collected, whereas adults of
Sarcophagidae was the most diverse family, with ten species identified, most of which
belonging to the genus Oxysarcodexia (Table 1). Other families were represented by fewer
25
species: Piophilidae (4 species), Anthomyiidae, Fanniidae and Muscidae by three species
each, Calliphoridae, Phoridae and Chloropidae by two species each, and Micropezidae,
From the 21 species identified, 17 (81,0%) have been described as being associated
with the decomposition of animal or human bodies: Oxysarcodexia modesta Lopes, 1946; O.
fluminensis Lopes, 1946; O. intona Curran & Walley, 1934; O. riograndensis Lopes, 1946;
O. avuncula Lopes, 1933; Peckia (Squamatodes) ingens Walker, 1849; Oxyvinia excisa
1952; Dasyphlebomyia stylata Becker, 1914 and Megaselia scalaris (Loew, 1866) (Carvalho
et al., 2000; Oliveira-Costa, 2007). The phorid Megaselia scalaris was the most abundant
species under the conditions tested and was present throughout the three-hour post-mortem
period of sampling. Despite being considerably less abundant, the sarcophagid species O.
modesta and Oxyvinia excisa and the calliphorid H. semidiaphana occurred at different time
Of the 12 families identified, 75% were collected during the first minutes after death,
which refutes the hypothesis that Sarcophagidae and Calliphoridae are are the only families
that visit corpses immediately post-mortem. From that moment on, a different temporal
Calliphoridae and Muscidae, besides being attracted in the early post-mortem period,
continued to exploit the carcass as source of food and oviposition sites for several days after
the animal’s death (Table 2). Meanwhile, families like Chloropidae and Drosophilidae were
initially registered on the carcass but were not found at later stages of decomposition.
26
From the nine most abundant families present during the early stages post-mortem, six
are recognized as mainly necrophagous, whereas necrophagous species are considered rare in
DISCUSSION
Along with the decomposition process, the arrival sequence of arthropods at a corpse
is one of the main factors used to estimate the post-mortem interval. However, a series of
processes occur at a much faster rate, increasing the difficulty in establishing definite
chronological stages and, consequently, the insect community associated with them. For
example, in temperate countries in the northern hemisphere the fresh stage of decomposition
can last a few days (Bornemissza, 1957), while in Brazil, it can have half that duration
Recent studies in Brazil have revealed that the high richness of species can hamper the
task of identifying and rearing forensically important species (Carvalho & Linhares, 2001).
Furthermore, the overlap of insect generations in tropical regions, the multiplicity of habitats
and the complexity of multi-trophic interactions on corpses, that involve not only
necrophagous species, but also predators, parasitoids, omnivores and accidental species,
require that the techniques used elsewhere be adapted to the particular conditions of tropical
countries. Consequently, in a case that involves a recent fatality, information about insect
species attracted to a body in the period immediately following death are crucial since, this
factors related to the species in particular, such as olfactory sensitivity and flight capacity
27
(Greenberg, 1991), environmental characteristics, such as biotic and abiotic factors
(temperature and sunlight among them), and the nature of the corpse itself (Byrd & Castner,
2001). In this study, six forensically important families were recorded: Calliphoridae,
Sarcophagidae, Phoridae, Piophilidae, Anthomyiidae and Fanniidae. The greater part of those
families has been previously related to decomposing bodies, in other regions of Brazil
(Oliveira-Costa, 2007).
are able to reach cadavers within a few minutes of death (Greenberg, 1991), and these
families are generally considered to represent the first colonizers of a corpse. When
conducting field surveys on necrophagous species, it must be considered that the first hours
are of critical importance for the establishment of dipteran populations – and that some
species will continue to explore the cadaver throughout its entire decomposition. In this
study, the early presence of the caliphorids and sarcophagids was confirmed, but groups such
as Phoridae, Muscidae and Piophilidae were observed to arrive as fast as the others, within
the first thirty minutes of the death. Specifically, at our study site, we observed that the
bodies decompose much more rapidly than in southern Brazil - where most of the Brazilian
Sarcophagidae, Calliphoridae and Muscidae, besides being initial colonizers, were also
observed during the later stages of decomposition at least four days post-mortem.
organic matter. Six species of Oxysarcodexia were registered, in higher abundances than the
other flesh fly species. This genus is characteristic of the Neotropical region and the greatest
number of species is found in Brazil, where these flies develop preferentially in faeces
(Lopes, 1946). Salviano (1996) reported rearing Oxysarcodexia larvae in pig faeces, though
no specimens were found in the decomposing tissues of the animal. The most abundant
28
species registered here, Oxyvinia excisa, deserves further study before it is used as an
environments and its mainly coprophagous habits (D'Almeida & Lopes, 1983).
Brazil (Carvalho & Linhares, 2001), Argentina (Centeno et al., 2002) and Britain (Cragg,
1955). The calliphorids found in this survey belong to the genus Hemilucilia, which
comprises six species, four of which are found in Brazil (Thyssen et al., 2005). In this study,
distributed in several countries in Central and South America. Although these species can
thrive in forests, adults are rare in urban areas (Thyssen et al., 2005). Surveys performed
using pig carcasses in forested areas in Southern Brazil demonstrated that these species are
among the most abundant calliphorids (Carvalho et al., 2000; Carvalho & Linhares, 2001),
and that their intimate association with human cadavers may encorage forensic entomologists
The most abundant species registered here, Megaselia scalaris is a small (5 mm)
phorid distributed across several continents that can exploit a wide variety of substrates
(Disney, 1994). Larvae of this species are frequently found in exposed human cadavers and
even those firmly sealed in caskets (Greenberg & Wells, 1998). A cosmopolitan, primarily
detritivorous species, M. scalaris can also act as a facultative predator of immature stages of
other insects (Disney, 1994). Besides their medical importance in causing facultative myiasis
in humans, they can be used in forensic investigations for determining if a death might have
The dipteran families registered here appear to be useful indicators of the presence of
cadavers, but caution must be taken when considering their use in criminal investigations.
Because of the overlap in the temporal occupation of some species, only detailed bionomical
29
studies, especially those that determine the duration of each developmental stage, can lend
support to their use as reliable indicators of PMI. In Pernambuco, this study represents a first
step towards the integration of entomologists and criminal experts and it is hoped that, in the
near future, this type of entomological information can be verified and correctly interpreted
ACKNOWLEDGMENTS
We thank the administration of the Dois Irmãos State Park for permission to perform
the field experiments, to Frederico Maranhão and Sandra Santos (Institute of Criminal
Sciences, Government of Pernambuco State) for logistical support and to Trevor Williams
(INECOL, Xalapa, Mexico) for critical reading of the manuscript. The first author has a
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33
24.4
25
20 18.8
15
12.4
10.7
10 8.7
6.6 6
4.5 4.3
5
0
e
s
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M
lo
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lli
Pi
Ch
rc
Ca
Sa
Figure 1. Percentage of dipteran specimens collected by family at a pig carcass during the
first hours after death, in a rainforest fragment in Northeastern Brazil.
34
Table 1. Abundance of dipteran species collected at a pig carcass in a rainforest fragment in
Pernambuco, Northeastern Brazil, at different times after death.
Family Species Time post-mortem (minutes)
0 30 60 90 120 150 180
Sarcophagidae Oxysarcodexia modesta 1 1 2 1
Oxysarcodexia fluminensis 1
Oxysarcodexia riograndensis 1
Oxysarcodexia intona 1 1
Oxysarcodexia avuncula 1
Oxysarcodexia sp. 1 1
Peckia (Squamatodes) ingens 1
Oxyvinia excisa 2 2 2 1 2
Hystricocnema plinthopyga 1
Sarcophagula sp. 1
Unidentified sp.1 1 1 1 1
Piophilidae Dasyphlebomyia stylata 6 2 1
Piophila bipunctata 1 2 1
Piophila casei 6
Unidentified sp. 1 1
Anthomyiidae Craspedochaeta punctipennis 1
Hylemyioide plurinervis 1 1
Hylemyioide aurifacies 1
Muscidae Parapyrellia maculipennis 1 1 2
Morellia humeralis 1 1
Unidentified sp. 1 1
Fanniidae Fannia sp.1 2 2 2
Fannia sp.2 2 1 3
Fannia sp.3 2 3
Calliphoridae Hemilucilia segmentaria 2 5 1
Hemilucilia semidiaphana 3 5
Phoridae Megaselia scalaris 8 4 3 5 1
Unidentified sp. 1 9 1 2 1
Chloropidae Lasiosina vittata 1
Unidentified sp. 2 1 3 6 1
Micropezidae Taeniaptera lasciva 1 1
Drosophilidae Drosophila melanogaster 1 1 2
Ropalomeridae Unidentified sp. 1
Dixidae Unidentified sp 3
35
Table 2. Pattern of temporal occupation and frequency of necrophagous habits in dipteran
families throughout each stage of decomposition of a pig carcass in Northeastern Brazil.
Dipteran Frequency of Post-Mortem Interval
Necrophagy 3h 24h 48h 72h
Family
Recently Fresh Bloated Fermentative
killed
Phoridae high
Sarcophagidae high
Piophilidae high
Calliphoridae high/moderate
Muscidae high
Fanniidae high
Anthomyidae rare
Chloropidae rare
Drosophilidae rare
Others
36
Capítulo 4
37
Diversity and ecological succession of dipterans on a pig carcass in a rainforest
1
Departamento de Zoologia, Centro de Ciências Biológicas, Universidade Federal de
[email protected], [email protected]
2
Departamento de Parasitologia, Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista
38
ABSTRACT
frequently neglected in some regions, though they provide considerable information. This
study has to investigated the richness and diversity of insects associated to the decomposition
of pigs carcasses´s, Sus scrofa L., which were exposed in a rainforest fragment in
Northeastern Brazil for two seasons to indicate the forensically important species, to examine
whether the insect community presents a seasonal behaviour and the pattern of insect
colonization throughout the decomposition stages. The visiting and colonizing invertebrates
were collected daily and identified. It were collected 10,039 dipterans belonging to 18
special attention because both adult and immature forms were found in all the trials. This
preliminary study on diversity and ecological succession of dipterans associated pig carcass
39
RESUMO
informações relevantes. Este estudo objetivou obter a riqueza e a diversidade dos insetos
segmentaria merecem atenção especial porque o adulto e formas imaturas foram encontrados
dos dípteros em uma carcaça de porco contribui para estimar o IPM em nossa região.
forense
40
INTRODUÇÃO
(2001) defenderam uma integração dos esforços entre peritos criminais, patologistas forenses,
contribuindo cada vez mais nas investigações de homicídios, baseados nos princípios
1987). Este fenômeno foi observado por botânicos e ecologistas, que acompanham na
previamente desmatados, onde vem ocorrendo à formação de mata secundária (Horn, 1974;
Kellman, 1980).
estágios: fresco, inchado, coliquativo e seco (Jíron & Cartín, 1981). De acordo com o modo
muitas espécies são atraídas a estágios específicos e este fenômeno é conhecido como
sucessão entomológica (Catts & Goff, 1992). Entre os insetos necrófagos, os dípteros das
legais por serem os primeiros a chegar após a morte e por terem íntima associação a
dos insetos. A determinação desses fatores e seus efeitos tem sido a área de pesquisa mais
41
ativa na entomologia forense (Wells & Lamotte, 2001). Para que as informações possam ser
das espécies de insetos, razão pela qual os dados gerados em uma região não devem ser
usados para estimar o intervalo pós-morte numa região diferente. As estações do ano
também têm impacto marcante, alterando o clima, flora e fauna de uma região e, por sua vez,
a colonização da fauna na carcaça (Anderson, 2001). Souza & Linhares (1997) também
Estudos de campo fornecem dados que podem servir como base em investigações,
mortes violentas. Muitas observações foram realizadas em regiões de clima temperado (Reed,
1958; Payne, 1965; Johnson, 1975) e poucas de tropical ( Jirón & Cartin, 1981; Carvalho &
Linhares, 2001).
Brasil. A ênfase foi dada na abundância dos adultos; ocorrência de determinadas espécies em
diferenças na fauna em duas condições abióticas diferentes num mesmo ambiente e processos
42
decompositores; além da identificação de espécies de possível potencial forense. Buscou-se
investigar a hipótese de que existe uma grande diversidade de insetos associados a carcaças e
exploração da carcaça, caracterizando uma sucessão ecológica de acordo com cada estágio de
decomposição. Sendo essa composição da fauna necrófaga variando de acordo com os fatores
MATERIAIS E MÉTODOS
W). Esta unidade de conservação possui relevo levemente ondulado e altitude de 30 a 80m,
Vermelho Amarelo Álico (Coutinho et al,. 1998). O clima está classificado como quente e
úmido, apresentando estação úmida entre março e setembro e estação seca no período de
A vegetação é classificada como floresta ombrófila densa, sendo uma das formações
que compõem a floresta atlântica brasileira (Veloso et al., 1991). O estrato arbustivo é
escasso e o herbáceo está presente em áreas semi-abertas com maior penetração de luz
(Guedes, 1998). A mata apresenta o estrato superior com porte alto e diferentes estágios de
43
número de espécies são: Fabaceae, Lauraceae, Moraceae, Sapotaceae e Euphorbiaceae
(Guedes, 1998).
período de janeiro e fevereiro de 2007 e úmida, nos meses de julho e agosto de 2007. Foram
utilizados dois porcos domésticos (Sus scrofa Linnaeus, 1758) pesando aproximadamente
15kg cada. Este animal é utilizado como modelo nas investigações de sucessão cadavérica
humanos. Os porcos foram mortos por disparos de arma de fogo na região occipital. O
Pernambuco.
A carcaça foi colocada em gaiola de metal (60cm x 40cm x 40cm), que permitia a
entrada de insetos, mas impedia o acesso de predadores de grande porte. Sob a gaiola foi
colocada uma bandeja contendo serragem, para coletar larvas, que se dispersavam quando se
encontravam prestes a empupar. Sobre as gaiolas foi montada uma armadilha em forma de
cone (funil invertido) feita com armação de PVC (2,0m de altura 1,0m x 1,0m) recobertas
com organza, resguardando uma abertura inferior a 30cm do solo para permitir a entrada de
insetos adultos.
coletas diárias durante os primeiros dias, e em dias alternados após este período. As coletas
foram realizadas sempre entre 13h e 14h, devido à maior atividade de dípteros nesse horário,
observada em teste piloto. Os insetos adultos aprisionados nas armadilhas foram coletados
com a ajuda de um puçá, durante 20 minutos, mortos em frascos mortíferos com acetato de
44
potes plásticos contendo carne bovina moída e mantidas em laboratório em temperatura
ambiente até a emergência dos adultos. A identificação dos adultos foi realizada com o
auxílio de chaves taxonômicas (Lopes, 1946; Mc Alpine et al., 1981; Mc Alpine et al. 1987;
presenças de insetos e outros animais, assim como observações de fatores abióticos como
preferência de insetos, foi usado o índice de especialização de nicho de Levins (b). A fim de
comparar a similaridade das fases de decomposição e das estações chuvosa e seca foram
total encontrada no local de estudo e em cada estação, foram calculados os índices faunísticos
(IF) das principais famílias coletadas. Para verificar a diversidade das espécies coletadas,
utilizado o programa Ecological Methodology (Kenny & Krebs, 2000) versão 5.2 com o nível
de significância de 0,05.
RESULTADOS
estações (28,1ºC a 30,9ºC no período seco e 22,9ºC a 26,9ºC no chuvoso) (Tabela 1). A
umidade relativa sempre esteve acima de 60% variando entre 61% a 73% no período seco e
45
de 71% a 93% no chuvoso. A chuva acumulada durante o período seco foi de 25mm, quase
seco, o estágio fresco durou as primeiras 24 horas, enquanto no chuvoso durou um dia a mais
(Tabela 1). A fase coliquativa e seca foram atingidas nos 3o e 4o dia respectivamente, na
respectivamente. Após 25 dias (estação seca) e 30 dias (chuvosa), não havia mais tecidos na
pertencentes a 18 famílias de Diptera foi coletado durante o experimento (Tabela 2). Insetos
de outras ordens também foram coletados, mas em pequenas proporções (< 1.7%) e por isso
foram excluídos das análises. As famílias com maior riqueza de espécies foram
sarcofagídeos foram listados em nível de família. Quando possível sua identificação em nível
Oxysarcodexia intona Curran & Walley, 1934; Oxysarcodexia avuncula Lopes, 1933;
Oxysarcodexia sp.; Peckia (Squamatodes) ingens Walker, 1849; Oxyvinia excisa Lopes,
Sarcophagula sp.
de 80% do total de espécimes coletados (Fig. 1): Calliphoridae, com 3.106 indivíduos (30,2%
dos espécimes), Muscidae com 3.956 (40,8%) e Sarcophagidae com 1.707 adultos (18%). A
espécie Ophyra chalcogaster (Muscidae) foi a mais abundante durante o estudo, com 3.569
46
adultos coletados na sua grande maioria na estação chuvosa, seguida por Chrysomya albiceps
recurso em todos os estágios de decomposição (Tabela 2). O estágio seco atraiu maior
número de espécies (34), seguido do fresco (32), inchado (30) e coliquativo (23). Em relação
à abundância, uma maior quantidade de adultos foi coletada no estágio inchado (5.804
espécimes) seguido do coliquativo (2.013), seco (1.017) e por último o fresco (611 insetos).
Bray-Curtis revelou uma baixa similaridades entre as estações chuvosas e seca (Tabela 4), e
seguidos pelas fase fresco, inchado e coliquativo (Tabela 5). Através do índice de Levin’s (>
exemplo, Ophyra chalcogaster que possui hábitos necrófago e predador, juntamente com
Dos insetos coletados e identificados nas fases de larva e/ou pupa durante o
47
chalcogaster, Patonella intermutans e Hemilucilia segmentaria, e mais três que estão em
processo de identificação.
DISCUSSÃO
2001; Souza & Linhares, 1997) foi confirmada neste experimento. Segundo Payne (1965), a
período chuvoso pode ser parcialmente explicado pela diminuição na temperatura local. A
mesmo em regiões tropicais, em que há menor variação entre estações (Carvalho & Linhares,
lixiviação, aceleraram os processos de desprendimento de tecidos do corpo. Isto, por sua vez,
bacteriana - um dos principais fatores responsáveis pelo estágio de inchamento dos cadáveres
(Reed, 1958; Jirón & Cartin, 1981). Padrões de atividade de dípteros também podem ser
afetados por condições climáticas, como radiação solar e nebulosidade, além do próprio
horário de coleta.
48
Padrões gerais de riqueza, diversidade e abundância - O fato de Calliphoridae,
Sarcophagidae e Muscidae serem os grupos mais bem representados neste trabalho confirma
1999).
necrófagos), as larvas dessas três famílias ocupam habitats extremamente variados, como
Normalmente essas famílias utilizam-se de substratos discretos e efêmeros para posturas dos
ovos e para alimentação das larvas (Hanski, 1987; Peschke et al., 1987).
alimentar (Denno & Cothran, 1975). Os Calliphoridae, por outro lado, são ovíparos,
depositando seus ovos em locais específicos da carcaça. Enquanto varejeiras fêmeas adultas
precisam manter contato direto com a carcaça, os sarcofagídeos são capazes tanto de
associadas a carcaças e cadáveres para onde são atraídas por substâncias em fermentação,
sangue e feridas (Pamplana & Couri, 1989). As duas primeiras são moscas fortemente
(Skidmore, 1985) e apresentam como característica uma rápida dispersão. Causam ainda
49
impacto negativo sobre populações autóctones, deslocando espécies nativas do Brasil, como
Cochliomyia macellaria (Faria et al.,1999). Isso se deve ao fato de predarem outras larvas,
& Poorbaugho, 1964; Peck, 1969; Skidmore, 1985; Geden et al.,1988), o que diminui a
sobrevivência de espécies nativas e inibe sua oviposição. Com isso é cada vez menor a taxa
Apesar de não ter uma estratégia competitiva tão agressiva, a alta abundância de H.
semidiaphana resulta do fato de ser uma espécie assinantrópica, não competindo diretamente
áreas urbanas (Thyssen et al., 2005). Trabalhos semelhantes revelam que essas espécies são
(Carvalho et al., 2000; Carvalho & Linhares, 2001). Por serem exclusivamente necrófagas,
possuem enorme potencial forense, pois podem colonizar cadáveres humanos, além de
trabalho confirma-se uma diferença nos índices de diversidade de acordo com o estágio de
(Carvalho & Linhares, 2001; Jirón & Cartin, 1981), sendo o estágio fresco o menos atrativo
tecidos são ácidos e imprestáveis para alimentação das larvas, que se alimentam dos líquidos
presentes entre as fibras musculares; assim, quando os tecidos se tornam alcalinos, as larvas
passam a utilizá-los como alimento. Já no estágio seco ocorre uma diminuição de até 90% na
50
biomassa, especialmente de músculos e tecidos disponíveis para alimentação de dípteros
diferentes aspectos dos recursos alimentares fornecidos por um cadáver (Hanski, 1987).
processo discreto, implica que deve haver mais similaridade na composição de espécies,
Isto ocorre devido à separação temporal de espécies, que são atraídas, especialmente, por uma
sucessão entomológica, propondo que este padrão seria contínuo, e não discreto, o que não
caracterizando uma sucessão ecológica de acordo com cada estágio de decomposição. O que
ocorreu foi que a sucessão é um processo discreto, como em toda comunidade efêmera.
Assim com esse estudo, outros autores chegaram essa mesma conclusão (Payne, 1965; Lane,
51
também poderiam levar ao padrão espacial encontrado, como uma possível especialização de
competição por exploração (Nicholson, 1957). Uma intensa competição pelo recurso comum
(Gagné, 1981; Erzinçlioglu, 1983; Wells & Greenberg, 1992; Wells & Greenberg, 1994).
Todas estas interações têm forte impacto na comunidade de dípteros, principalmente quando
a competição severa ocorre (Hanski, 1987; Wells & Greenberg, 1992), o que pode gerar altas
o esperado por acaso (Roughgarden, 1983, Schoener, 1990, Pianka, 1996). Segundo Ullyet
(1950), antes da completa exaustão dos recursos cada larva procura ingerir o máximo
possível de alimento. Durante o estágio larval ocorre competição por esses recursos,
1994).
forenses, pois além de serem necrófagas possuem uma alta incidência em cadáveres humanos
(Moura et al., 1997; Carvalho et al., 2000). Essas espécies foram observadas por Carvalho e
Linhares (2001) no sudeste brasileiro ovipositando em carcaça; o mesmo foi observado neste
52
experimento, embora apenas Pantonella intermutan e Hemilucilia segmentaria
desenvolveram em laboratório. A não emergência das demais pode ser explicada pela falta
das condições ideais para o seu desenvolvimento. Além dessas, larvas de Megaselia scalaris
e Ophyra chalcogaster foram criadas em laboratório com sucesso até emergência de adultos.
local de morte. Partindo desse levantamento, o primeiro da Região Nordeste, o próximo passo
é estudar a bionomia das espécies verdadeiramente necrófagas, para que os bancos de dados
53
gerados por entomologistas possam ser efetivamente utilizados por peritos criminais na
resolução de homicídios.
AGRADECIMENTOS
Professor Armando Samico), pelo suporte logístico e à CAPES, pela bolsa fornecida ao
primeiro autor, permitindo a realização deste trabalho. Aos estagiários Ana Mayer, Roberta
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58
Tabela 1. Condições ambientais e estágio de decomposição de carcaça de suíno durante o
experimento no Parque Estadual Dois Irmãos, Recife, Brasil.
Seco Chuvoso
Dia Estágio Temp UR Pluv Tempo Estágio Temp UR pluv Tempo
(ºC) (%) (mm) (ºC) (%) (mm)
0 Fresco 28.1 64 0 Fresco 26.6 82 7 Nublado
1 Inchado 30.3 63 0 Sol Fresco 26.7 90 4 Nublado
2 Inchado 30.5 64 0 Sol Fresco 26.9 70 7 Sol
3 Coliquativo 29.7 61 0 Sol Inchado 25.8 71 1 Sol
4 Seco 30.1 70 0 Sol Inchado 26.3 82 5 Sol
5 Seco 29.7 65 0 Sol Coliquativo 26.5 91 4 Nublado
6 Seco 29.5 72 0 Sol Seco 26.9 93 62 Chuva
7 Seco 29.8 64 0 Sol Seco 26.0 71 2 Nublado
8 Seco 29.5 73 2 Sol Seco 26.1 71 1 Chuva
9 Seco 29.1 65 0 Sol Seco 23.5 71 4 Nublado
10 Seco 28.6 65 0 Sol Seco 23.8 78 1 Sol
15 Seco 29.6 69 1 Nublado Seco 23.9 81 51 Chuva
20 Seco 29.5 68 1 Sol Seco 22.9 93 43 Nublado
25 Seco 30.9 71 21 Nublado Seco 23.5 83 26 Sol
Seco 23.5 90 12 Nublado
1%
2%2%2%
4% 20%
Sarcophagidae
Calliphridae
Muscidae
Mesembrinellidae
Piophilidae
37% Phoridae
Micropezidae
32% Outros
59
Tabela 2. Sucessão de dípteras associadas a carcaça de suíno durante janeiro, fevereiro, julho
e agosto de 2007, Parque Estadual Dois Irmãos, nordeste brasileiro.
Família Espécie Total Fresh Bloat Decay Dry
Sarcophagidae Não identificada (ver texto) 1.984 213 827 679 265
Calliphoridae Chrysomya megacephala Fabricius, 1794 551 3 484 50 14
Chrysomya albiceps Wiedemann, 1819 1.803 9 1.643 17 134
Chrysomya putoria Wiedemann, 1819 34 0 31 2 1
Hemilucilia semidiaphana Rondani, 1850 655 142 356 79 78
Hemilucilia segmentaria Fabricius, 1805 59 9 33 9 8
Cochliomyia macellaria Fabricius, 1775 3 0 2 0 1
Lucilia eximia Wiedemann, 1819 1 0 1 0 0
Mesembrinellidae Mesembrinella bellardiana Séguy, 1925 346 15 77 132 122
Muscidae Parapyrellia maculipennis Macquart, 1843 116 3 49 8 56
Morelia humeralis Stein, 1898 110 5 48 4 53
Musca domestica Linnaeus, 1758 4 1 2 0 1
Ophyra chalcogaster Wiedemann, 1824 3.569 10 2.043 1.465 51
Anthomyidae Craspedochoeta punctipennis Wiedemann, 1830 22 8 2 0 12
Hylemyiode plurinervis, Albuquerque, 1958 8 2 0 0 6
Hylemyiode aureficies, Albuquerque, 1952 7 1 0 0 6
Fannidae Fannia obscurinervis Stein, 1900 11 7 1 0 3
Fannia sp.1 5 3 1 0 1
Fannia sp.2 5 2 0 1 2
Fannia sp.3 2 1 0 0 1
Piophilidae Dasyphlebomyia stylata Becker, 1914 35 18 11 0 6
Piophila bipunctata, Fallen, 1810 11 5 3 2 1
Piophila casei Linnaeus, 1758 140 17 48 35 40
Phoridae Megaselia scalaris Loew, 1866 164 20 68 51 25
Phoridae Spp. 33 12 6 7 8
Stratomyidae Hermetia illucens Linnaeus, 1758 38 0 0 1 37
Neriidae Odontoloxozus longicornis Coquillett, 1904 6 1 3 2 1
Micropezidae Taeniaptera lasciva, Fabricius, 1798 98 32 20 28 18
Cardiophepala sp1 116 52 28 26 10
Cardiocephala sp2 15 0 3 0 12
Tabaniidae Tabaniidae ssp. 12 2 2 3 5
Tabanus sp. 1 0 1 0 0
Asiliidae Erox sp. 6 0 2 2 2
Ropalomeridae Ropalomeridae ssp. 4 2 0 0 2
Drosophilidae Drosophila melanogaster Meigen, 1830 4 4 0 0 0
Chloropidae Lasiosina vittata, Malloch, 1913 8 0 0 2 6
Chloropidae ssp. 4 3 1 0 0
Milichiidae Milichiidae ssp. 45 6 8 2 29
Dixidae Dixidae ssp. 3 3 0 0 0
Total 10 038 611 5804 2607 1017
60
Tabela 3- Famílias de insetos coletados em carcaça de porcos durante janeiro, fevereiro, julho
agosto de 2007, Parque Estadual Dois Irmãos, nordeste brasileiro.
Predadora/ Freqüência de associação
Família Necrófago Onívoro Parasita Acidental a cadáver
Calliphoridae X X X Alta
Sarcophagidae X X Alta
Muscidae X X X X Alta
Phoridae X X X X Alta
Piophilidae X X X X Média
Micropezidae X Baixa
Mesebrinelidae X X X Média
Anthomyiidae X X X Média
Fannidae X X Média
Stratiomydae X X X Média
Neriidae X X Baixa
Tabaniidae X X Baixa
Drosophilidae X Rara
Asiliidae X Baixa
Ropalomeridae X Baixa
Chloropidae X Baixa
Millichidae X Rara
Dixidae X Rara
61
Tabela 4. Sucessão de dípteras por dia de coleta, associadas a carcaça de suíno durante a estação chuvosa (julho e agosto
de 2007), Parque Estadual Dois Irmãos, nordeste brasileiro..
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29
Chrysomya megacephala 2 6 87 52 37 1 1 0 7 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0
Chrysomya albiceps 4 17 143 51 50 0 7 0 16 0 0 0 3 0 1 0 0 0 0 0
Chrysomya putoria 0 3 5 2 2 0 0 0 2 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0
Hemilucilia semidiaphana 8 141 144 69 76 32 4 7 9 1 3 40 4 7 1 1 0 1 0 0
Hemilucilia segmentaria 8 6 9 6 9 7 0 0 0 0 0 0 2 0 0 1 0 0 0 0
Cochliomyia macellaria 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Lucilia eximia 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Mesembrinella bellardiana 0 14 40 22 124 6 3 10 24 8 3 6 14 0 3 0 0 0 0 0
Parapyrellia maculipennis 4 0 0 7 5 15 5 2 0 3 5 0 0 0 3 2 0 0 5 0
Morelia humeralis 2 0 0 3 1 3 5 0 12 0 3 0 3 5 3 2 0 0 2 0
Musca domestica 1 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Ophyra chalcogaster 1 7 532 1512 1465 31 12 3 5 2 0 1 5 2 0 2 3 0 2 2
Craspedochoeta punctipennis 1 7 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Hylemyiode plurinervis 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Hylemyiode aureficies 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Fannia obscurinervis 0 4 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Fannia sp.1 6 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Fannia sp.2 6 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Fannia sp.3 5 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Dasyphlebomyia stylata 9 7 7 9 0 0 3 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Piophila bipunctata 4 1 2 0 2 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Piophila casei 6 10 25 20 35 1 1 0 4 0 1 3 0 6 3 2 1 1 0 0
Megaselia scalaris 21 1 33 18 45 3 2 2 7 1 2 2 0 0 0 0 0 0 0 2
Phoridae Spp. 14 2 4 1 7 0 0 2 0 0 0 0 2 0 0 1 0 0 1 0
Hermetia illucens 0 0 1 3 0 1 2 2 1 0 3 3 0 2 2 3 0 0 0 0
Odontoloxozus longicornis 0 1 0 4 2 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Taeniaptera lasciva 2 18 6 2 28 0 0 0 5 0 0 0 1 21 7 7 0 0 0 0
Cardiophepala sp1 0 20 21 1 26 0 0 0 4 0 0 0 20 23 6 13 3 0 0 0
Cardiocephala sp2 0 0 5 0 0 0 0 0 3 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0
Tabaniidae ssp. 0 0 0 0 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Tabanus sp. 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Erox sp. 0 0 1 0 2 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Ropalomeridae ssp. 0 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1
Drosophila melanogaster 4 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Lasiosina vittata 1 0 0 0 0 0 0 0 3 0 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Chloropidae ssp. 13 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Milichiidae ssp. 0 2 2 4 3 3 15 0 3 0 2 0 0 1 0 1 0 0 0 0
Dixidae ssp. 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Tabela 5. Sucessão de dípteras por dia de coleta, associadas a carcaça de suíno durante a estação seca (janeiro e
fevereiro de 2007), Parque Estadual Dois Irmãos, nordeste brasileiro.
01 02 03 04 05 06 07 08 10 12 14 16 18 20 22 24
Chrysomya megacephala 81 264 4 12 0 1 0 0 0 0 21 0 1 0 0 0
Chrysomya albiceps 415 1032 13 42 4 1 2 1 14 84 55 2 0 1 0 0
Chrysomya putoria 10 14 2 0 0 1 0 0 0 3 5 0 0 0 0 0
Hemilucilia semidiaphana 23 10 3 7 2 1 1 0 3 0 34 3 2 0 0 0
Hemilucilia segmentaria 14 4 0 4 0 0 0 0 0 2 26 2 0 0 0 0
Cochliomyia macellaria 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0
Lucilia eximia 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Mesembrinella bellardiana 6 1 3 7 2 1 3 3 0 0 8 5 0 5 0 0
Parapyrellia maculipennis 11 36 4 14 3 6 2 3 0 0 0 1 0 1 0 0
Morelia humeralis 6 52 0 12 6 4 1 2 4 2 0 0 0 1 0 0
Musca domestica 1 0 2 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Biopyrellia bipuncta 0 2 1 5 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0
Ophyra chalcogaster 6 17 12 11 0 1 1 0 1 0 5 3 0 8 0 0
Fannia obscurinervis 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Fannia sp.1 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Dasyphlebomyia stylata 0 0 2 0 0 0 2 0 1 0 0 0 0 0 0 0
Piophila bipunctata 0 0 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0
Piophila casei 0 0 3 7 0 3 0 3 5 0 0 0 1 2 0 2
Megaselia scalaris 0 0 7 5 2 0 2 0 0 2 0 2 0 0 2 0
Phoridae Spp. 0 0 1 0 0 0 0 1 2 0 2 0 0 0 0 0
Hermetia illucens 0 0 1 3 0 6 1 3 2 4 2 2 0 1 0 2
Odontoloxozus longicornis 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Tabaniidae ssp. 2 1 1 1 0 0 1 0 1 1 0 0 0 0 0 0
Tabanus sp. 0 1 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Erox sp. 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0
Milichiidae ssp. 0 0 2 0 0 0 0 3 0 4 0 0 0 0 0 0
63
Tabela 5. Índices de diversidade de dípteras associadas a carcaça de suíno durante janeiro de
2007 a setembro de 2007, Parque Estadual Dois Irmãos, nordeste brasileiro.
Simpson-Yule Shannon-Weiner
Fresco 0,839 3.569
Inchado 0,707 2.295
Coliquativo 0,414 1.572
Seco 0,907 3.912
65
Capítulo 5
66
LEVANTAMENTO PRELIMINAR DA ENTOMOFAUNA DE SOLO
Tadeu Morais Cruz 1 , Patrícia J. Thyssen 2, Ana Cecília Mayer 1, Simão Dias Vasconcelos 1
67
RESUMO
68
INTRODUÇÃO
temporário explorado por uma grande variedade de organismos, envolvendo desde bactérias e
decomposição. Neste caso, existe uma seqüência de espécies em uma comunidade específica,
sucessão ecológica e podem ser abruptas ou graduais nas comunidades (Carvalho & Linhares,
2001).
como refúgio, local de pouso ou postura. Embora apenas o primeiro grupo seja
Apesar de ter sua importância reconhecida desde o século XIX na Europa, no Brasil, a
principalmente na região Sudeste (Souza & Linhares, 1997; Carvalho & Linhares, 2001),
havendo carência de pesquisas em outras regiões do país. Neste contexto, o presente trabalho
teve como objetivo analisar a comunidade de insetos de solo associados a uma carcaça animal
69
de uma carcaça sobre a composição faunística de insetos de solo; b) Analisar o efeito da
MATERIAL E MÉTODOS
vermelho-amarelo (Coutinho et al., 1998). O clima tropical costeiro tem estação úmida entre
escasso e o herbáceo está presente em áreas semi-abertas com maior penetração de luz
(Guedes, 1998). A mata apresenta o estrato superior com porte alto e diferentes estágios de
O estudo foi realizado em duas estações: seca (janeiro e fevereiro de 2007) e chuvosa
(julho e agosto de 2007). As coletas se realizaram em duas áreas distantes 1 km entre si, uma
com a isca (porco) e outra sem isca para servir de controle. Os locais dos experimentos foram
Foram utilizadas oito armadilhas de solo (pitfall) em cada estação, que consistiam de copos
solo, e contendo álcool a 70% com algumas gotas de detergente. As armadilhas foram
70
colocadas eqüidistantes 1 metro entre si, em formato circular, tanto nas áreas com porco (1,5
m ao redor da carcaça) como na controle. A carcaça foi colocado em gaiola de tela de metal
com 1 × 1 × 1m, que permitia a entrada de insetos, mas impedia o acesso de predadores de
Foram utilizados dois porcos domésticos (Sus scrofa Linnaeus 1758) pesando cerca de
15 kg cada, mortos por disparos de arma de fogo na região occipital, etapa realizada por
perito da Polícia Científica de Pernambuco. Este animal é utilizado por ter as proporções
O estudo durou 25 dias, tempo suficiente para que porcos nas duas estações
coliquativa, o tecido se rompe com escape de gases, havendo forte odor de putrefação. Na
fase seca a velocidade de decomposição diminui, e a carcaça seca até se esqueletizar por
por causa da escassez de taxonomistas na região, este trabalho priorizou uma análise
71
Coleoptera e Hymenoptera, havendo, quando possível, descrição de níveis taxonômicos mais
refinados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
somente um dia no período seco e dois no período chuvoso (Tabela 1). As temperaturas
variaram pouco entre as estações; a umidade relativa variou entre 61% e 73% no período seco
para a seca e 30 dias para a chuvosa, sendo o processo acelerado na estação seca. Isto porque
períodos mais quentes e diminuindo sua velocidade em épocas frias. Em países de clima
temperado, a decomposição pode durar meses (Arnaldo et al., 2006), enquanto no Brasil
Carvalho & Linhares (2001) observaram no sudeste que o processo pode variar de 25 a 49
dias dependendo da época do ano. A pequena variação de 25 a 30 dias para a estação seca e
chuvosa justifica-se pelo fato do clima local ter pequena variação na região amostrada ao
pluviométrica.
Foi coletado um total de 5.019 espécimes de artrópodes adultos, sendo que a Classe
Diptera (21,8%) foram as mais abundantes, somando 84,0% de toda a fauna coletada (Tabela
72
Lepidoptera e Blattodea (Insecta), Opiliones, Scorpiones e Araneae (Arachnida), além de
abundância neste estudo reflete o tipo de armadilha utilizada. Estudos recentes conduzidos
. Apesar de a maioria possuir hábito fitófago ou predador, muitas espécies de coleópteros são
carcaça, têm sido objeto de poucos trabalhos sobre sua importância em investigações
alteração das condições associadas a este processo (Cruz & Vasconcelos, 2006). Ocupam
diversas guildas ecológicas, e podem atuar como decompositores, predadores, onívoros; neste
os primeiros colonizadores de um cadáver (Catts & Goff, 1992; VER CAPÍTULO 2).
que compõem a comunidade necrófaga variam sazonalmente, e esta variação temporal afeta
Alguns grupos têm variação sazonal (Figuras 4 e 5), como os Scarabaeidae. Reflete
aumento da precipitação pluvial faz emergir os adultos (Stumpf, 1986; Louzada & Lopes
73
1997). Segundo Silva et al (2007) houve uma captura muito menor de adultos de
escarabeídeo, o que sugere que o grande porte dos indivíduos represente uma característica
período seco o mesmo ocorrendo em nosso trabalho (tabela 2). A manutenção do equilíbrio
hídrico pelo inseto deve ser possível quando a pluviosidade atinge um nível que permita a
por evaporação. Isso faz com que a utilização dessa espécie ganhe importância por ser
A influência exercida pela carcaça é mais evidente em alguns grupos, como Diptera,
Coleoptera e até mesmo Dermaptera (Figs. 2 e 3). Os dermápteros, por serem predadores
carcaça, aumentando sua abundância na presença daquele recurso. Nos dípteros, a ligação se
deve pelo fato da carcaça fazer parte do seu ciclo de desenvolvimento. Nas primeiras horas de
vida, adultos recém-emergidos não possuem a capacidade de voar, por isso acabam sendo
capturados nas armadilhas de solos (observação pessoal). Neste estudo, os dípteros recém-
emergidos ocorreram apenas nos estágios inchado e coliquativo devido ao seu papel exercido
Scarabaeidae, podem ser atraídas pela carcaça, exercendo papel tanto de predador como
necrófago.
A família Staphylinidae foi mais abundante que todas as outras reunidas (Tabela I).
Paulo, Gnaspini et al. (2000) citaram que Staphylinidae compôs a maior parte dos exemplares
74
capturados. Estafilinídeos também foram coletados em grande número em carcaças de porco
Assim, sua ocorrência nas imediações da carcaça pode estar associada à grande quantidade de
A família Histeridae, apesar de não ser uma das mais abundantes, praticamente só foi
que lhes servem de alimento. Esta predação, por sua vez, pode reduzir a velocidade da
decomposição animal. Wolff et al. (2001), na Colômbia, encontrou Hister sp. nos estágios de
decomposição ativa, avançada e seca. Saprinus patagonicus Blanchard, 1842 e Hister sp.
foram encontrados por Centeno et al., (2002), na Argentina, associadas a carcaças cobertas e
descobertas. Adultos de Saprinus aeneus (Fabricius, 1775) foram encontrados por Iannacone
porco. O gênero Hister também foi encontrado nesse estudo, estando mais associado ao
Carvalho & Linhares (2001) encontraram espécies não identificadas da família em carcaças
de porco. Souza & Linhares (1997) encontraram as espécies Saprinus azureus (Sahlberg,
1823), Euspilotus sp. e Omalodes sp. nos estágios de putrefação, putrefação escura e
sp. e Omalodes sp. em área de floresta na mesma cidade. Ainda em relação à guilda de
períodos crepusculares a noturnos, voando sobre o alimento por curtos períodos de tempo até
75
Assim como Scarabaeidae e Bostrichidae, foram abundantes na carcaça assim como
necrófagos. Scarabaeidae são amplamente relatadas como ocupadoras de carcaças (Cruz &
para evitar predadores ou competidores que normalmente ocorrem nesse tipo de ambiente.
A família Formicidae apresentou uma maior riqueza, com 20 espécies e uma maior
al., 2007). Quando atuam como necrófagas, as formigas não só afetam a decomposição e a
colonização por insetos, mas também podem produzir artefatos post-mortem que podem ser
tomados por mutilações ou ferimentos (Moretti & Ribeiro, 2006), induzindo a erros em
decomposição (Early & Goff 1986, Wells & Greenberg 1991). Segundo Martínez et al.
desta comunidade.
(Anderson 1995). Goff & Win (1997) estimaram o IPM (intervalo post-mortem) de restos
76
por uma colônia de Anoplolepsis longipes Jerdon. Clark & Blom (1991) discutem a
importância de carcaça de vertebrados como fonte de alimento adicional para formigas que se
Wells & Greenberg (1994) discutem as possíveis interferências de Solenopsis invicta Buren
animais.
devido ao seu desenvolvimento não estar completo não foi possível a sua identificação.
Goff, 1992). Por terem o ciclo biológico limitado a condições específicas do cadáver, são
também os insetos mais utilizados na determinação do intervalo post-mortem. Uma vez que o
objetivo deste estudo era inventariar a entomofauna de solo, não era esperada a presença de
dípteros adultos. Além dessas famílias outros indivíduos adultos foram capturados, como das
Diplopoda, ocorreram em pequena escala. Considerando seu hábito alimentar – por exemplo,
77
associada aos insetos verdadeiramente necrófagos, porque há referências de que grandes
Penereiro, 1987). Segundo esses autores, a sucessão ecológica ocorre em etapas bem nítidas,
decomposição, atuando como indicadores forenses. A maioria desses estudos, entretanto, foi
conduzida em regiões de clima temperado, com estações bem definidas, onde as populações
de insetos têm, em geral, um único ciclo ao ano. No caso de Pernambuco, com temperaturas
decomposição. Além disso, fases descritas como “seca” em outros estudos não são idênticas
em Pernambuco, uma vez que a elevada umidade relativa do ar na estação chuvosa favorece a
esqueletização.
Rodriguez & Bass (1983) encontraram Histeridae na fase inchada e no começo da fase
fase seca, também coincidindo com o encontrado por aqueles autores. Archer (2003), em
experimento com porcos na Austrália, verificou que os insetos colonizam o cadáver conforme
ano e estação.
Os dípteros recém emergidos são necrófagos que utilizaram a carcaça enquanto fase
larval e que tendem a se afastar do cadáver. Porém, nas primeiras horas pós-emergência são
78
incapazes de voar e não têm características morfológicas suficientemente desenvolvidas que
normais do cadáver para o seu próprio desenvolvimento, sendo os dípteros na fase larval
hospedeiros bastante disponíveis. Este grupo inclui formigas, vespas e coleópteros das
presentes se alimenta do cadáver em estágios mais tardios de decomposição, o que pode ser
produzida por larvas de Calliphoridae. Outro grupo onívoro que possui papel importante no
processo de decomposição são as formigas, presentes em todo processo e que também podem
cadáver praticamente como uma extensão do habitat normal estão Arachnida (Araneae, Acari
e Scorpionida), e Chilopoda.
expostas durante estudo na região Sudeste dos Estados Unidos. Staphylinidae apresenta
larvas e adultos de hábitos predadores; larvas de dípteros são seu alimento preferencial, mas
podem alimentar-se de outras formas imaturas e adultas que ocorrem nos cadáveres. Chegam
em poucas horas após a morte e permanecem ativos até os estágios finais da decomposição
(Early & Goff, 1986), apesar de serem mais abundantes nos estágios de putrefação, quando é
79
predadoras, tanto larvas quanto adultos, que podem ser encontradas em carcaças durante todo
laboratório, enquanto opiliões, sob certas condições, podem alimentar-se de carcaças animais.
predação na dieta de uma determinada espécie pode ter importante significado ecológico, na
medida em que estas duas modalidades de aquisição de energia possuem impactos diferentes
tratar de um estudo pioneiro, abre precedentes para estudos na região no qual necessita-se um
AGRADECIMENTOS
Professor Armando Samico), pelo suporte logístico e à CAPES, pela bolsa fornecida ao
primeiro autor, permitindo a realização deste trabalho. Aos estagiários Roberta Oliveira e
80
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
81
Goff, M.L. & B.H. Win. 1997. Estimation of postmortem interval based on colony
development time for Anoplolepsis longipes (Hymenoptera: Formicidae). Journal. Forensic
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Wolff, M.; A. Uribe; A. Ortiz & P. Duque. 2001. A preliminary study of forensic entomology
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83
Tabela 1. Estágio de decomposição e características ambientais durante o experimento no
Parque Estadual Dois Irmãos, Recife, Brasil.
Seco Chuvoso
Dia Estágio Temp UR Pluv Tempo Estágio Temp UR pluv Tempo
(ºC) (%) (mm) (ºC) (%) (mm)
0 Fresco 28.1 64 0 Fresco 26.6 82 7 Nublado
1 Inchado 30.3 63 0 Sol Fresco 26.7 90 4 Nublado
2 Inchado 30.5 64 0 Sol Fresco 26.9 70 7 Sol
3 Coliquativo 29.7 61 0 Sol Inchado 25.8 71 1 Sol
4 Seco 30.1 70 0 Sol Inchado 26.3 82 5 Sol
5 Seco 29.7 65 0 Sol Coliquativo 26.5 91 4 Nublado
6 Seco 29.5 72 0 Sol Seco 26.9 93 62 Chuva
7 Seco 29.8 64 0 Sol Seco 26.0 71 2 Nublado
8 Seco 29.5 73 2 Sol Seco 26.1 71 1 Chuva
9 Seco 29.1 65 0 Sol Seco 23.5 71 4 Nublado
10 Seco 28.6 65 0 Sol Seco 23.8 78 1 Sol
15 Seco 29.6 69 1 Nublado Seco 23.9 81 51 Chuva
20 Seco 29.5 68 1 Sol Seco 22.9 93 43 Nublado
25 Seco 30.9 71 21 Nublado Seco 23.5 83 26 Sol
Coleoptera
1%2% 0%3% 1%
9% Diptera
39% Hymenoptera
Hemiptera
Lepidoptera
Dermaptera
23%
Opiliones
Aranaea
22% Scorpiones
Figura 1 Abundância geral dos artrópodes coletados em armadilha de solo com e sem a
presença de carcaça de porcos durante os meses de janeiro, fevereiro, julho e agosto de 2007,
Parque Estadual Dois Irmãos, Pernambuco.
84
Scarabaeidae
Staphylinidae
Nitidulidae
1% 6% Bostrichidae
32% 22% Curculionidae
Trogidae
Histeridae
2% 10% Calliphoridae
1% 12% 8% Sarcophagidae
3% 2% Phoridae
Formicidae
1%
Outros
Scarabaeidae
Staphylinidae
5% 3% 4% 10% Nitidulidae
29% Bostrichidae
12%
Curculionidae
Drosophilidae
1% Phoridae
14% Otitidae
3% 19%
Formicidae
Outros
85
800
700
600
500
400
300
200
100
0
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Sc
Dr
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450
400
350
300
250
200
150
100
50
0
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ap
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Ca
Cu
B
Sc
86
Tabela 2- Artrópodes coletados em armadilha de solo com e sem a presença de carcaça de
porcos durante os meses de janeiro, fevereiro, julho e agosto de 2007, Parque Estadual Dois
Irmãos, Pernambuco.
ORDEM Riqueza Período Seco Período chuvoso
FAMÍLIA de Porco Controle Porco Controle
espécies
Scarabaeidae 12 46 7 47 53
Staphylinidae 3 129 71 251 25
Nitidulidae 3 109 167 53 52
Carabidae 1 2 1 0 8
Bostrichidae 3 48 42 79 216
Curculionidae 1 3 2 27 307
Cerambicidae 1 1 0 0 1
Trogidae 1 2 0 10 0
Tenebrionidae 1 1 1 1 3
Histeridae 1 7 0 42 1
Outros 1 0 0 1 3
Coleoptera Total 28 442 325 511 668
Calliphoridae 8 20 0 187 1
Sarcophagidae 3 8 0 8 0
Drosophilidae 1 0 196 2 207
Phoridae 2 0 17 34 39
Milichiidae 2 0 0 1 0
Micropezidae 1 0 1 2 0
Otitidae 1 0 0 6 18
Recém-emergido - 196 0 6 0
Outros 8 29 0 80 36
Diptera 26 253 214 326 301
Formicidae 18 236 524 320 91
Apidae 2 0 1 5 0
Vespidae 1 1 0 1 0
Hymenoptera Total 20 237 525 325 91
Hemiptera 2 217 59 9 174
Lepidoptera 1 0 1 13 25
Dermaptera 2 46 1 56 18
Opiliones 2 5 14 3 2
Araneae 7 29 46 24 30
Scorpiones 1 14 15 0 1
TOTAL 1243 1200 1267 1310
87
Tabela 3-Padrão geral de ocorrência das três ordens mais abundantes de insetos, de acordo
com a fase de decomposição de uma carcaça de suíno na Reserva de Dois Irmãos, Recife –
PE.
ORDEM FASE DE DECOMPOSIÇÃO
Fresco Inchado Coliquativo Seco
Coleoptera X X X X
Díptera - X X -
Hymenoptera X X X X
88
CONSIDERAÇÕES FINAIS
89
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo da fauna necrófaga serve de subsídios para aplicações mais importantes da
do inseto, associado os parâmetros abióticos como temperatura, nos permite a dar uma
efeito em relação a velocidade são importantes para uma expectativa para aplicação prática a
nível local. Os dados ainda são muito limitados, esperamos que com o tempo os nossos
homicídios.
90
91
ANEXOS E APÊNDICES
92
Applied Entomology and Zoology
1. Submission of Manuscripts
2. Preparation of Manuscripts
2-1. Style and Format
Prepare the manuscript typed on one side of high quality paper of approximately 20 x
30 cm, double spacing throughout, including quoted matter, references,
acknowledgements, and tables. All pages of the manuscript, except for the figures and
tables, must have consecutive line numbers. Number pages consecutively. Wide
margins (approximately 3 cm at the top and sides) are requested to allow room for
editing.
2-3. Title
Titles should give the type of study, organisms involved, and geographical areas if
pertinent. Scientific names in the title should be accompanied by the order and family
names of the animals as follows: scientific name (name of the order: name of the
family).
The manuscript should carry a shortened version of the paper's title, not exceeding 40
letters in length, on the upper right-hand corner of the title page.
Write the authors' names and their institutions where the investigation was carried out.
Items 2-3, 4, 5 and necessary footnotes should be written on the first page.
93
Chun Xiao,1,2 Peter C. Gregg3 and Zhongning Zhang1,*
1
State Key Laboratory; 100080, P.R. China
2
China-Japan Cooperative Center of Technology and Research; 434103, P.R. China
3
School of Rural Science & Natural Resources Chemistry; NSW2351, Australia
*
E-mail address of corresponding author should be written as a footnote.
†, ‡, § and ¶ should be used in turn if authors have to show present address as a
footnote.
2-6. Abstract
An English abstract should be written in less than 200 English words. In addition, a
Japanese abstract in less than 400 Japanese characters including the title and the
author's name should be written in a separate sheet. Foreign contributors can disregard
the Japanese synopsis.
A list of not exceeding 5 key words is to be provided directly below the abstract.
2-8. Footnotes
Number text footnotes consecutively with superscript Arabic numerals and type them
in separate paragraphs at the bottom of each page. Indicate table footnotes with
superscript lower-case letters. Type table footnotes alphabetically in separate
paragraphs at the bottom of each table.
It is preferable to use scientific names throughout. When common names are used,
they should conform to the standard usage. The first time a common name is used it
should be accompanied by the scientific name.
SI units should be used principally. Tentative exceptions are: min, h (hour), d (day), y
(year), °C, a, ha, t, Da, l(dm3), m (mol/dm3), Ci, R, °, ', ".
2-12. Tables
94
2-13. Illustrations
At least one set of the figures must be glossy photographs, high-quality computer
output created using a laser printer, or originals not requiring any additional artwork
or typesetting. One illustration should be no larger than 20 x 30cm. Illustrations that
must be reproduced should be approximately twice the size of the final printed
illustration size. Number all illustrations consecutively using Arabic numerals.
Legends should be typed together using double-spaced formatting on a separate sheet.
Do not incorporate the legend into the figure itself. The place where an illustration is
to be inserted in the text should be indicated on the margin of the manuscript. Write
the illustration number (Fig. 1, etc.) near the bottom edge of the illustration, together
with the author's name and abbreviated title.
2-14. References
References in the text should be indicated by the author(s) and year: dual authorship
by the use of the name of both authors, and multiple authorship by the name of the
first author followed by "et al." List only papers actually cited under the heading
"References", which have been arranged alphabetically by the author's last name,
double spaced. Do not list articles as "in press" unless accepted for publication by the
journal concerned. Examples of references for journal articles, books, and book
chapters are as follows.
• Inoue, M. (1990) Prevention of spider mite disperal with creased vinyl. Jpn. J.
Appl. Entomol. Zool. 34: 49-53 (in Japanese with English summary).
• Gotoh, T. and K. Noguchi (1990) Developmental success and reproductive
incompatibility among populations of the European red mite, Panonychus
ulmi (Acari: Tetranychidae). Exp. Appl. Acarol. 10: 157-165.
• Ôtake, A. (1981) Proposal for terminology of plants associated with the life
history of fruit-piercing stink bugs. Plant Prot. 35: 39-41 (in Japanese).
When journal name is regulated in English and another language, the English
name only should be used.
References in the text should conform to the following, either Suzuki (1967), Saito
and Mori (1980) and Shibata et al. (1995), or (Kuno, 1968; Yasuda and Naito, 1991)
and (Sabelis et al., 1994).
95
Scientific names of genera, species, subspecies, and varieties must be single
underlining for Italics. Authors should indicate type face for mathematical formulas
and equations.
3. Galley Proof
Authors will receive proofs for correction when their contributions are first set;
further proofs will be sent at the discretion of the Editor. Alterations from the original
manuscript are never allowed. In case of multiple authorship, the proof will be sent to
the first author unless otherwise indicated.
4. Reprints
Fifty reprints of each paper will be supplied free of charge. Additional copies can be
obtained at cost if ordered with the submission of manuscript. Write the number of
reprints required (including 50 free copies) in red ink on the upper left-hand corner of
the title page of the manuscript. Reprint orders from abroad must be paid in advance
at proof reading.
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JOURNAL OF LEGAL MEDICINE
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98
Revista Brasileira de Entomologia
Publicação de
Sociedade Brasileira De Entomologia
99
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utilizar Times New Roman 11, com o número colocado à direita e abaixo.
Isto só deve ser aplicado para as pranchas quando em seu tamanho final
de publicação. A fonte Times New Roman deve ser usada também para
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utilizados para indicar nomes das estruturas, abreviaturas etc.) e em
tamanho apropriado de modo que em seu tamanho final não fiquem
mais destacados que as figuras propriamente ditas. As figuras originais
não devem conter nenhuma marcação. A Comissão Editorial poderá
fazer alterações ou solicitar aos autores uma nova montagem. Fotos
(preto e branco ou coloridas) e desenhos a traço devem ser montados
em pranchas distintas. As legendas das figuras devem ser apresentadas
em página à parte. O custo da publicação de pranchas coloridas deverá
ser arcado pelos autores.
1. Periódicos (os títulos dos periódicos devem ser escritos por extenso e
em negrito, assim como o volume do periódico):
2. Livros:
Michener, C. D. 2000. The Bees of the World. Baltimore, Johns
Hopkins University Press, xiv+913 p.
3. Capítulo de livro:
Ball, G. E. 1985. Reconstructed phylogeny and geographical history of
genera of the tribe Galeritini (Coleoptera: Carabidae), p. 276–321. In:
G. E. Ball (ed.). Taxonomy, Phylogeny and Zoogeography of
Beetles and Ants. Dordrecht, W. Junk Publishers, xiii+514 p.
100
itens (Material e Métodos, Resultados e Discussão). Inclua o Abstract e o
Resumo seguidos das Keywords e Palavras-Chave.
101
Cruz, Tadeu Morais.
Diversidade e sucessão ecológica de insetos associados à decomposição
animal em fragmento de Mata Atlântica de Pernambuco / Tadeu Morais Cruz. –
Recife: O Autor, 2008.
102