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ESCOLA E COMUNIDADE NA CONSTRUÇÃO DO PROJETO


POLÍTICO PEDAGÓGICO1

A intenção desse texto é constituir-se em um material pedagógico para


subsidiar a comunidade escolar e local, no planejamento para construção e/ou
reformulação do Projeto Político Pedagógico das unidades escolares, durante a 1ª
Etapa da Jornada Pedagógica de 2017.
Iniciaremos a discussão a partir da temática “Escola e Comunidade”,
evidenciando a relação que estabelecemos entre elas, como dimensões fundantes
da formação do sujeito. Em seguida, apresentaremos a concepção sobre Projeto
Político Pedagógico, enquanto instrumento de planejamento para a efetivação da
ação educativa.

ESCOLA E COMUNIDADE

A escola como uma instituição construída por meio da participação dos


profissionais envolvidos no processo de ensino e de aprendizagem tem um papel
fundamental na sociedade. Cabe a ela a produção e disseminação de
conhecimentos produzidos pela humanidade. Mas não é só isso! Ela tem a
responsabilidade de educar o sujeito para a sua inserção no mundo, contribuindo
para a produção, socialização, cooperação, construção de valores e o convívio com
outros, experimentando relações humanas estruturantes e contraditórias que
formam o sujeito na sua integralidade.
As relações interpessoais que permeiam o espaço interno e externo da
unidade escolar consideram o aspecto histórico, pessoal e social de cada um dos
sujeitos ali presentes (as histórias de vida, os valores, visão de mundo, crenças e
sonhos, dentre outros), que muitas vezes diferem de pessoa para pessoa, e é
somente considerando a individualidade de cada um que será possível criar uma

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Texto elaborado por gestores da Superintendência de Política para Educação Básica – SUPED, para subsidiar
as discussões da proposta de construção e reformulação do Projeto Político Pedagógico.
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sintonia, no qual o grupo fortalecido e em comunhão somará esforços para que o


êxito das ações pensadas e planejadas para o sucesso do processo do ensino e da
aprendizagem, seja construído por todos os envolvidos. (FONSECA & ESPÍRITO
SANTO, 2014).
Conviver em grupo requer a construção de um processo de respeito às
diferenças e às singularidades inerentes à convivência humana. Os sentimentos de
empatia ou de transferências (positivas e/ou negativas) que circulam no grupo
devem ser legitimados e discutidos, para que se crie um espaço de convivência
democrática na escola e seja cultivado um clima escolar respeitoso e harmônico,
onde seja possível:

• respeitar as diversas individualidades.


• criar e socializar regras comuns que norteiem as relações vividas no âmbito
escolar.
• fomentar as relações de cooperação, baseadas e reforçadas no respeito
mútuo entre todos os envolvidos no processo.
• organizar o convívio dentro da escola de maneira que os conceitos de justiça,
respeito, retidão e solidariedade sejam vivificados e compreendidos.

O lugar que a escola ocupa, enquanto espaço social, tem como função
primordial a produção e socialização do conhecimento historicamente construído
pela humanidade, é legitimado pela sociedade como uma extensão do compromisso
com a educação plena do sujeito. A comunidade espera que a escola acolha, proteja
e promova a aprendizagem dos estudantes, levando em consideração seu contexto
real de vida e por essa razão, faz-se mister o fortalecimento das relações da escola
com as diversas configurações familiares e com a comunidade local.
Nos quadros a seguir, apresentamos a percepção de sujeitos sociais que,
com vivências diversas, mostram-nos e ampliam o nosso olhar sobre esse espaço
chamado escola.
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“Se pensarmos na escola como um lugar de convivência,


de troca de experiência e de emoções, um lugar em que a
imaginação e a criatividade são estimuladas, então
estamos falando de algo que é imprescindível para a
formação do ser humano”.

Moacyr Scliar

“O valor da escola é imensurável, mas precisa se conectar


à juventude do século XXI, de forma que exercite os
gostos, aptidões e habilidades dos estudantes, utilizando o
esporte, a cultura, as tecnologias, os diálogos, a coragem
e os sonhos da juventude para produzir conhecimento e
transformar vidas.”

Nadson Rodrigues, Presidente da Associação Baiana


Estudantil Secundarista (ABES).
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A Escola é minha, é sua, é nossa casa. Um lugar que produz


e reproduz conhecimentos e cultura, sendo capaz de nos
levar além das fronteiras do nosso convívio familiar e de um
mundo material. Ela é e precisa ser viva, pois está
permeada de relações interpessoais, afetivas e sociais, que
contribuem para a criação de espaços fraternos e
potencializadores de aprendizagens, realizando, assim, de
forma concreta o seu papel de formação do cidadão.

Adson Moradillo da Silva - Gestor do Colégio Estadual


Governador Roberto Santos

“O colégio é uma das instituições sociais de mais


importância para o jovem, pois ali, naquele espaço de
convivência diária é onde ocorre a troca de
conhecimento, que em sua grande maioria serão
aplicados durante a vida toda, seja essa troca do
professor para o aluno ou vice versa."

Raimundo Neto – estudante do Colégio Estadual


Edvaldo Brandão Correia.
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A comunidade é caracterizada por um conjunto de pessoas de um mesmo


espaço geográfico que compartilham de objetivos e expectativas comuns.
Parafraseando Milton Santos (1994), compreendemos que a comunidade é um
espaço do acontecer solidário. Estas solidariedades definem usos e geram valores
de múltiplas naturezas: culturais, antropológicos, econômicos, sociais, financeiros,
para citar alguns. Podemos ainda afirmar que esse espaço é marcado por uma
interdependência crescente entre os sujeitos sociais.
Neste sentido, a relação que emana entre a escola e a comunidade é de
pertença, já que a escola se constitui como uma comunidade, composta por
diferentes segmentos, e pertencente à outra: à comunidade local.
A escola é formada por pais/mães e responsáveis, gestores/as,
professores/as, estudantes e funcionários/as onde cada um tem um papel específico
que se complementa para o cumprimento da sua função social. Por sua vez, a
comunidade local é composta por representantes da sociedade civil organizada, das
associações de bairros, de sindicatos e de lideranças locais que esperam da escola
o atendimento às suas demandas e necessidades.
O reconhecimento de que a escola pertence à comunidade traz
implicações para a efetividade do processo educativo. Nele não devem ser
desconsiderado a história, o contexto, a cultura, o legado dos sujeitos que compõem
a comunidade na qual a escola está inserida e que a torna singular.
A partir dessa compreensão, entendemos que a escola deve debruçar-se
sobre a riqueza desse legado da comunidade para a elaboração do seu Projeto
Político Pedagógico, enquanto documento norteador da ação educativa. Mas, o que
é mesmo o Projeto Político Pedagógico? Qual o seu papel? De que forma deve ser
construído?
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PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO

Na etimologia da palavra, projeto vem do latim projectu e significa lançar


para adiante. Político refere-se ao compromisso com a formação do cidadão para
um tipo de sociedade, enquanto que pedagógico diz respeito às ações educativas da
escola no cumprimento dos seus propósitos e intencionalidades.
Segundo Veiga (2004, p. 37), “o Projeto Político Pedagógico é, em suma,
um instrumento clarificador da ação educativa da escola em sua totalidade”. De
posse dessa definição, entendemos o Projeto Político Pedagógico como um
instrumento de gestão que possibilita o uso da autonomia da escola para considerar,
na sua elaboração, a riqueza histórica, social, política e cultural do legado da
comunidade a que pertence.
O Projeto Político Pedagógico busca retratar a identidade da escola em
sua especificidade, identificando em que momento da história ela se encontra, o que
já construiu, ao tempo em que favorece o processo educativo para projetar-se para o
futuro. Tem como papel a organização da prática educativa, dando uma unidade no
que se refere sua concepção de educação. Fundamenta-se em princípios
norteadores da ação educativa como: igualdade, liberdade, autonomia, qualidade,
gestão democrática e valorização dos profissionais da educação.
O princípio da igualdade diz respeito às condições de acesso e
permanência na escola. Contudo, há o reconhecimento da importância do respeito
às diferenças de gênero, raça/etnia, religiosidade, faixa etária, que também precisam
ser consideradas no Projeto Político Pedagógico. Aprendemos com Boaventura de
Sousa Santos (2002) que é necessário “defender a igualdade sempre que a
diferença gerar inferioridade e defender a diferença sempre que igualdade implicar
descaracterização”.
A liberdade refere-se ao ato de ser livre para a tomada de decisões com
responsabilidade e autonomia. No que diz respeito ao Projeto Político Pedagógico
da escola, são tomadas decisões para concretização da ação educativa,
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observando-se a legislação vigente e as necessidades do coletivo em atendimento


ao bem comum.
A autonomia, por sua vez, diz respeito, sobretudo à capacidade da escola
de gerenciar os processos de ensino e da aprendizagem, de forma que os/as
professores/as tenham as condições necessárias para o exercício da prática
docente e que os/as estudantes construam os conhecimentos necessários para sua
inserção no mundo, de acordo com a faixa etária e etapa e/ou modalidade de
escolarização.
A qualidade é um princípio dinâmico e em permanente construção e diz
respeito ao que a escola vai oferecer para todos/as, acionando recursos (humanos,
materiais, físicos, sociais, financeiros, relacional, entre outros) que possibilitem a
concretização do projeto proposto. Sendo dinâmico, muda com o tempo e deve
atender aos interesses da comunidade local e especificidades de cada escola.
O princípio da gestão democrática é a base da concretização do Projeto
Político Pedagógico, pois a sua construção requer envolvimento, escuta efetiva,
participação e engajamento de todos os segmentos da escola e da comunidade.
Para tanto, há mecanismos que são fundamentais para efetividade da gestão
democrática tais como: Colegiado Escolar, Lideranças Estudantis, Associações de
Pais, entre outros.
O princípio da Valorização dos Profissionais da Educação diz respeito às
condições de trabalho (formação, remuneração, recursos físicos e materiais, entre
outros), necessárias ao exercício das diferentes funções. Este princípio constitui-se
em um dos pilares da qualidade de ensino socialmente referenciada. A valorização
dos profissionais perpassa pela garantia da formação continuada e em serviço,
considerando a atuação de cada profissional no processo educativo.
Assegurar a efetivação dos princípios mencionados possibilitará a
atuação de uma escola democrática, autônoma e de qualidade que busca educar
para uma transformação social e local.
Nessa perspectiva e concordamos com Zanini (2008) quando diz que “é
na construção democrática do Projeto Político Pedagógico que a escola tem o
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espaço para efetuar escolhas e definir ações, que implementadas e executadas,


contribuem para desenvolver e ofertar uma educação de qualidade”.
A elaboração do Projeto Político Pedagógico exige a estruturação de uma
metodologia, de forma a contemplar o coletivo da escola: gestores/as,
professores/as, estudantes, funcionários/as, pais/mães, responsáveis e comunidade
local. No texto Orientações Pedagógicas para o Ano Letivo de 2017 (SUPED, 2017),
é proposto às unidades escolares a elaboração de uma metodologia de trabalho
para a construção e/ou reformulação do Projeto Político Pedagógico. Para fazê-lo
torna-se necessário uma discussão sobre as bases que o fundamenta, já
explicitadas nesse texto, quanto à concepção e princípios.
Com a compreensão de que estrutura é constituída por elementos que
organizam o Projeto Político Pedagógico, de forma a dar clareza ao que se pretende
e de que não existe uma estrutura única, recomendamos, para a sua construção, as
orientações da Resolução do Conselho Estadual de Educação Nº 26, de 15 de
março 2006, apresentada no Capítulo III, Seção V, conforme descrito a seguir:

O Projeto Político Pedagógico deverá contemplar os seguintes elementos:

I - diagnóstico da comunidade local em que a escola se inserirá;


II - fundamentação teórico-filosófica e metodológica da Proposta
Pedagógica;
III - objetivos e fins da Instituição;
IV - descrição da organização curricular: componentes curriculares da base
nacional comum e parte diversificada, ementas das áreas do conhecimento
ou disciplinas, cargas horárias, opções metodológicas e organizacionais,
distribuição temporal e espacial dos componentes curriculares, formas de
integração, atividades e projetos didáticos pedagógicos;
V - descrição do processo de planejamento, acompanhamento e avaliação
da Proposta Pedagógica e do desenvolvimento dos estudantes;
VI - critérios de acesso e de promoção dos estudantes;
VII - órgãos Colegiados; e
VIII - gestão escolar: relação escola x comunidade, órgãos representativos
dos segmentos escolares e nos órgãos colegiados, liberdade de
organização estudantil por meio de grêmios, instâncias de decisão e suas
atribuições, direitos e deveres dos membros da comunidade escolar.

Parágrafo único. A proposta curricular, parte integrante do Projeto Político


Pedagógico, fundamenta e sistematiza a organização do conhecimento no
currículo, com os fundamentos conceituais, metodológicos e abordagens
avaliativas de cada área de conhecimento da Matriz Curricular, bem como
os conteúdos de ensino nela dispostos de acordo com as Diretrizes
Curriculares.
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O detalhamento dos elementos supracitados para a elaboração do Projeto


Político Pedagógico deverá acontecer por meio do processo de formação continuada
para gestores/as e coordenadores/as pedagógicos, previsto para ser realizado pelo
Instituto Anísio Teixeira, em 2017. Até o início desse processo, recomendamos às
equipes das unidades escolares a elaboração da proposta para a
construção/reformulação do Projeto Político Pedagógico, contemplando a seleção de
materiais que embasam a Política Nacional e Estadual de Educação, momentos de
estudo, definição de cronograma para atualização de dados, análise de indicadores,
constituição de grupos de trabalho para o redimensionamento e/construção dos
elementos do Projeto Político Pedagógico.
O Projeto Político Pedagógico, enquanto documento norteador da ação
educativa deve ser resultado de um trabalho coletivo que traduza os interesses e as
necessidades da comunidade a que serve. Não pode ser um instrumento
meramente burocrático e, sim, vivo no sentido de dialogar permanentemente com o
contexto. Revisitar o Projeto Político Pedagógico, analisando o que já foi feito, o que
precisa ser feito para ajustá-lo, quando necessário, são procedimentos fundamentais
para que ele cumpra o seu papel de elemento estruturante da identidade da unidade
escolar.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Escola é um espaço social, instituído formalmente, que tem a função de


produzir e socializar o conhecimento historicamente construído pela humanidade.
Assume um papel importante de intercambiar saberes, como também valores
culturais, morais e, sobretudo, éticos, já legitimados pela sociedade.
A partir desse entendimento, a parceria entre escola e comunidade torna-
se indispensável para um processo de transformação de ambas. Para isso, faz-se
necessária uma boa relação entre gestores/as, família, professores/as, estudantes,
funcionários/as e comunidade local. É preciso que se estabeleçam vínculos
duradouros e significativos, a partir de atividades intra e extraescolares. Uma
parceria construída em bases sólidas favorecerá o ensino e a aprendizagem dos/das
estudantes onde a família, em um processo de inserção e pertencimento, será co-
partícipe da ação educativa.
O processo de construção do Projeto Político Pedagógico requer a
articulação de diversos segmentos que, na sua especificidade, mas com um
propósito comum, buscam assegurar a identidade da unidade escolar.
Nesse sentido, ações consistentes, regulares e exequíveis, voltadas para
o fortalecimento da relação escola, família e comunidade, precisam estar previstas
no Projeto Político Pedagógico para Educar e Transformar.
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INDICAÇÃO PARA CONSULTA

AZANHA, José Mário Pires. Proposta pedagógica e autonomia da escola.


Disponível em:
http://www3.fe.usp.br/secoes/inst/novo/acervo_jmpa/PDF_SWF/63.pdf. Acesso em:
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político pedagógico: um desafio para intervenção. Disponível em
http://www.diadiaeducacao.br.gov.br/portals/pde/arquivos/680-4.pdf.acesso em: 11
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//www.udemo.org.br/RevistaPP_01_02Dezesseis%20Passos.htm>. Acesso em: 09
jan. 2017

SANTIAGO, Anna Rosa F. Projeto político-pedagógico e organização curricular:


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político-pedagógico ao cotidiano da sala de aula. São Paulo: Libertad, 2009.

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pedagógico: elementos metodológicos para elaboração e realização. 10. Ed.São
Paulo: Libertad. 2008.

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REFERÊNCIAS

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Básica (SUPED) para o ano letivo de 2017, 2017.

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VEIGA, Ilma Passos Alencastro (Org.). Projeto Político Pedagógico: educação


superior. Campinas, SP: Papirus, 2004.

ZABALA, Antoni. Enfoque globalizador e pensamento complexo: uma proposta


para o currículo escolar. Porto Alegre: ARTMED, 2002.

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