TCC Pedro Lucas
TCC Pedro Lucas
TCC Pedro Lucas
Centro Universitário
Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo
O SOBRADO DA CUTIA:
Proposta de restauro e reinserção na dinâmica sociocultural da
cidade de Paripiranga
PARIPIRANGA
2021
PEDRO LUCAS BOMFIM DE OLIVEIRA
O SOBRADO DA CUTIA:
Proposta de restauro e reinserção na dinâmica sociocultural da
cidade de Paripiranga
PARIPIRANGA
2021
PEDRO LUCAS BOMFIM DE OLIVEIRA
O SOBRADO DA CUTIA:
Proposta de restauro e reinserção na dinâmica sociocultural da
cidade de Paripiranga
BANCA EXAMINADORA
A Deus, por me guiar e não me deixar desistir nos momentos mais difíceis da caminhada
acadêmica.
Aos meus pais: Elizeu Ferreira de Oliveira e Giselia Alves do Bomfim, que me deram
todo o suporte e apoio em todos esses anos de estudo. Exemplo de pessoas guerreiras e
batalhadoras.
Aos orientadores (as) e arquitetos (as): Elso de Freitas Moisinho Filho, Flávio Novaes
Dantas, Renata Dantas Rosário Sachs e Andréa dos Reis Fontes. Que por vários semestres,
demonstraram generosidade na partilha do conhecimento na área da arquitetura. Todos vocês
são inspirações para mim; exemplos de educadores e profissionais éticos que amam a profissão.
A todos professores que participaram dessa minha jornada acadêmica e somaram
positivamente na minha formação profissional.
A minha tia, historiadora Ana Maria Ferreira de Oliveira, por todo o suporte na pesquisa,
me mostrando caminhos certo em seguir. Obrigada pela troca de conhecimentos, conselhos e
ensinamentos de vida.
Aos meus colegas de classe, pela ajuda mútua, pela parceria sempre nas dificuldades e
nas conquistas; em especial a Dayse Santos Morais, pela amizade e companheirismo; por todo
apoio, e pelos bons conselhos. Obrigada por não me deixar desistir em momentos de ajuda nos
momentos de angústia, na reta final.
A Arisvaldo Geraldo do Nascimento, atual proprietário do Sobrado da Cutia, pela
generosidade em colaborar com a pesquisa, permitindo o acesso e a análise da estrutura do
prédio.
Ao Centro Universitário AGES, a todos aqueles que, de alguma forma, contribuíram
para que este sonho se tornasse real. A todos com quem tive o privilégio de dividir os dias de
trabalho, a minha gratidão.
“Acredito que as coisas podem ser feitas de
outra maneira, que a arquitetura pode mudar a
vida das pessoas e que vale a pena tentar”
Zaha Hadid
RESUMO
Esta monografia aborda uma questão que vem ocupando cada vez mais espaço nas discussões
acerca do patrimônio histórico cultural e da arquitetura: a importância da preservação das
características históricas dos prédios. O desenvolvimento da pesquisa leva ao estudo e a
proposição de uma intervenção restauradora do Sobrado da Cutia, localizado na zona rural da
cidade de Paripiranga, na Bahia. Edifício construído na década de 30, com um estilo
arquitetônico neocolonial. Planejado inicialmente como residência particular, tornou-se ponto
de apoio e proteção das famílias da comunidade da Cutia, durante o período de eminência do
Cangaço e constantes ameaças do bando de Lampião, que aterrorizou a região. Porém, a
degradação visível na estrutura arquitetônica do prédio deve-se à ação do tempo e ao abandono.
O desenvolvimento de um projeto de restauração do Sobrado é motivado pelo reconhecimento
de sua relevância, não só por seu valor arquitetônico - um dos poucos exemplares
remanescentes da arquitetura neocolonial no município, mas também por ser um testemunho
da História Local, fazendo parte da vivência e da memória de várias gerações e, ainda hoje,
uma referência histórica singular. A metodologia utilizada nesse trabalho de conclusão de curso
caracteriza-se como exploratória, com pesquisa de campo, pesquisa documental, levantamento
bibliográfico e procedimento monográfico. Conclui-se que, a restauração e a conservação
propostas para o Sobrado, expressam a importância da preservação do patrimônio cultural como
ação contribuinte para a identidade e coesão social, de modo a proporcionar a reinserção do
Sobrado da Cutia na dinâmica sociocultural da cidade, através de uma nova proposta de
utilidade e uso, que consiste na destinação do seu espaço à criação de um museu voltado para
a História e a cultura paripiranguense.
This monograph addresses an issue that has been occupying more and more space in discussions
about historical and cultural heritage and architecture: the importance of preserving the
historical characteristics of buildings. The development of the research leads to the study and
the proposition of a restoring intervention for the Sobrado da Cutia, located in the rural area of
the city of Paripiranga, Bahia. Building was built in the 1930s, with a neocolonial architectural
style. Initially planned as a private residence, it became a point of support and protection for
the families of the community of Cutia, during the period of eminent cangaço and constant
threats from Lampião's gang, who terrorized the region. However, the visible degradation in
the architectural structure of the building is due to the action of time and abandonment. The
development of a restoration project for the Sobrado is motivated by the recognition of its
relevance, not only for its architectural value - one of the few remaining examples of
neocolonial architecture in the municipality, but also for being a testimony of local history, part
of the experience and memory of several generations and, even today, a unique historical
reference. The methodology used in this course conclusion is characterized as exploratory with
field research, documentary research, bibliographical survey, and monographic procedure. It is
concluded that the restoration and conservation proposed for the Sobrado express the
importance of preserving the cultural heritage as an action that contributes to the identity and
social cohesion in order to provide the reinsertion of the Sobrado da Cutia in the socio-cultural
dynamics of the city, through a new proposal of utility and use that consists in the destination
of its space for the creation of a museum focused on the history and culture of Paripiranguense.
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................... 11
2 RESTAURO............................................................................................................................... 13
2.1 Definição de Patrimônio Histórico.................................................................................. 13
2.2 Marco Teórico ................................................................................................................. 15
2.3 Cartas Patrimoniais e recomendações ............................................................................. 18
2.4 Métodos e técnicas de restauro ....................................................................................... 25
2.4.1 Restauro Contemporâneo - Recomendações do IPHAN ......................................... 25
APENDICE ........................................................................................................................................ 71
ANEXO ............................................................................................................................................... 75
11
1 INTRODUÇÃO
do século XIX e início do século XX por imigrantes Italianos que povoaram essa região do país.
O processo de restauro teve como objetivo preservar uma construção do século passado e toda
a sua identidade local, utilizando o método de revitalização, foram construídos dois anexos em
volta do Moinho, de modo a preservar sua arquitetura original, e transformá-lo em um museu
que une i passado com o presente, dando-lhe uma nova utilidade, preservando o patrimônio
histórico cultural do local sendo ele material e imaterial.
O capitulo quatro, traz a análise feita a partir das visitas técnicas realizadas ao edifício.
Essa etapa do projeto é a mais importante de todo o processo, pois o recolhimento correto dos
dados é fundamental para o decorrer do trabalho. O conhecimento adquirido acerca do Sobrado
é o que vai confirmar que realmente o edifício é um patrimônio histórico para a cidade, e que
precisa ser restaurado para manter viva a história a importância do prédio para a comunidade,
no tempo presente, bem como para as gerações futuras. Posteriormente, realizou-se o
diagnóstico geral sobre o estado de conservação do Sobrado, através de fotografias e mapa de
danos e patologias; bem como a identificação do tipo de arquitetura correspondente. A partir
dessa análise, observa-se o que realmente está degradado para que, na proposta de restauro,
possa-se recuperá-lo e deixa-lo o mais próximo possível de sua estrutura, e de sua aparência
original.
Por se tratar de um edifício que faz parte da história da cidade de Paripiranga/Ba, o
trabalho em geral tem como finalidade realizar uma intervenção de restauro de acordo com o
IPHAN, gerar um documento e fazer o pedido de tombamento do edifício, e além disso
transformar o local em um museu que levará o nome do primeiro dono e idealista da construção:
“Casa de Memória Ananias Oliveira Carvalho”.
13
2 RESTAURO
Em meados de 1870, o Estados Unidos mesmo sem participar das reuniões sobre
patrimônio histórico que aconteciam apenas com países da Europa, deu um grande passo e se
torna o primeiro país a proteger o seu patrimônio. Diferente das três categorias ditas
anteriormente, os edifícios históricos preservados pelos Americanos foram residências de
grandes personalidades nacionais, como casas de antigos políticos e artistas famosos, assim
como alguns edifícios governamentais dos Estados Unidos.
No século XX, ocorreram eventos importantes onde foram reestabelecidos critérios
para que hoje um monumento se torne um patrimônio histórico. A primeira Conferência
Internacional para a Conservação de Monumentos Históricos ocorreu em 1931, na cidade de
Atena; esse evento contou com a participação apenas de países da Europa e foi dado inícios a
uma serie de criações de Cartas Patrimônios que servem de orientação para a realização de
intervenções de restauro, assim como a definição dos elementos importantes que um edifício
ou que os centros urbanos precisam ter para serem considerados Patrimônio Histórico.
Mais tarde, em 1964, aconteceu a Segunda Conferência Internacional, na cidade de
Veneza. Nessa Conferência teve a participação de três países distantes desse centro Europeu,
que foram: Peru, México e Tunísia. De acordo com Choay (2001), a parti desse evento, diversos
outros países começaram a perceber a importância de preservar o seu patrimônio histórico e,
15 anos mais tarde, 80 países assinaram a Convenção do Patrimônio Mundial.
Com essas mudanças, o patrimônio histórico passou a constituir-se não apenas edifícios
como estabelecido pelas três categorias definidas pela comissão de monumentos Históricos que
ocorreu na França. Foram acrescentadas as aglomerações de edifícios que fazem parte de uma
malha urbana envolvendo, uma arquitetura marcante para a determinada época da construção,
bem como preservação de toda a paisagem que envolve um contexto único. Um dos principais
exemplos desse contexto é a preservação e o tombamento da cidade Ouro Preto, em Minas
Gerais. Um conjunto de arquitetura colonial que compõe uma cidade marcante para fatos
históricos que aconteceram no Brasil.
É também de fundamental importância destacar a definição de monumento e
monumento histórico nos dias atuais. O uso da palavra monumento se refere a uma obra
construída que tem o objetivo de durar por tempo indeterminado na memória da população; se
refere a qualquer edificação com uma enorme estrutura, belíssima estática e que chame a
atenção das pessoas; já os monumentos históricos são edifícios que trazem às lembranças de
fatos históricos, que marcaram toda uma sociedade. São elementos que fazem parte de um
contexto histórico e são titulados a obrigatoriedade de preservação e tombamento.
15
Dessa forma, é possível identificar através de relatos, os fatos históricos, para hoje se
tenha um conceito definido sobre o que é Patrimônio Histórico e que são Monumentos
Históricos. Tendo início na França, em 1837, a definição de que elementos arquitetônicos
também são considerados Patrimônio, seguiu uma linha do tempo, e a realização da Conferência
Internacional de Conservação dos Monumento Históricos, possibilitou a criação das cartas
patrimoniais e novas definições do que pode ser considerado Patrimônio Histórico.
Na atualidade, o Patrimônio Historio pode ser identificado entre os bens materiais e
imateriais, documentos, edifícios, sítios arqueológicos, cidades, centros urbanos, edifícios
arquitetônicos, e toda uma paisagem que aglomere fatores históricos de um determinado local.
Envolvendo toda um serie de importância para uma população sendo um ligar de memória para
a cidade, região ou até mesmo para o país inteiro.
degradada, mantendo as características e usando materiais que foi utilizado na época, o restante
seria preservado assim como toda a parte restaurada.
Na perspectiva do arquiteto italiano Cesare Brandi (2008), um dos principais
idealizadores do restauro crítico; o restauro precisa ser eficiente, dando uma nova vida ao
edifício, oferecendo uma funcionalidade, em que a naturalidade da intervenção de restauro
sempre deverá ter um foco exclusivo para ressuscitar um monumento abandonado. Dessa
forma, Brandi (2008) criou 02 axiomas, que constituem as diretrizes a serem tomadas na
realização da pratica do restauro. O primeiro afirma que o restauro deve acontecer apenas na
matéria do edifício, sem modificar e interferir a sua forma original, mas, deixando a amostra
que foi realizando um restauro com outros tipos de materiais, evitando cometer um falso
histórico.
Foi dito que a obra de arte goza de uma dúplice historicidade, ou seja, aquela que
coincide com o ato de sua formulação, o ato da criação, e se refere, portanto, a um
artista, a um tempo e a um lugar, e uma segunda historicidade que provém do fato de
insistir no presente de uma consciência, e, portanto, uma historicidade que se refere
ao tempo e ao lugar em que está naquele momento. (BRANDI, 2008, p. 32)
O segundo axioma de Brandi (2008), diz que o edifício restaurado não pode voltar com
as características no momento da sua criação, irá preservar a forma, mas não o uso das mesmas
matérias primas e técnicas utilizadas no passado. É preciso que o monumento carregue as
marcas que o tempo lhes deixa. “A restauração constitui o momento metodológico do
reconhecimento da obra de arte na sua consistência física e na sua dúplice polaridade estética e
histórica, com vistas à sua transmissão para o futuro” (BRANDI, 2008, p. 30).
Alois Riegl (2014) foi um Australiano historiador que que tinha como principal objetivo
de estudo, entender o valor de um monumento para sociedade. Sua característica é um pouco
parecida com a teoria de Ruskin (2008), seguindo a linha da conservação, porém aceita a
restauração se for justificável de acordo com as leis naturais.
O monumento histórico para Riegl (2014) é uma obra criada pelo ser humano, e dessa
maneira é preciso conservar para sempre. Dessa forma, só assim é possível que as gerações
futuras tenham o conhecimento de uma determinada obra; como por exemplos as construções
da Idade Média que se tornaram símbolos de uma época totalmente diferente de hoje (século
XXI). O monumento é ligado a memória coletiva de uma localidade.
“(...) tudo aquilo que foi, e não é mais hoje em dia. No momento atual, nós
acrescentamos ainda a esse termo a idéia de que aquilo que foi não poderá jamais se
reproduzir, e que tudo aquilo que foi constitui um elo insubstituível e intransferível
de uma cadeia de desenvolvimento”. (RIEGL, 2014, p. 49)
18
Observando toda essa opinião de cada teórico sobre como pode e deve ser realizado uma
obra de restauro, deve ser analisado que todo tinha uma única preocupação que é valorizar o
edifício histórico. Nessa perspectiva, conclui-se que única forma errada de se realizar um
restauro é praticando um falso histórico, e denegrindo a imagem pura do monumento histórico.
A preservação e o restauro servem para deixar viva as marcas do passado no presente, para que
assim as pessoas possam ter o determinado do monumento como referência cultural e história
dos seus antepassados.
1
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del0025.htm. Acesso em 10 de janeiro de 2021.
19
as obras das Belas Artes, e quarto livro do tombo, obras que se incluírem na categoria das artes
aplicadas, nacionais e internacionais.
Art. 5º O tombamento dos bens pertencentes à União, aos Estados e aos Municípios
se fará de ofício, por ordem do diretor do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional, mas deverá ser notificado à entidade a quem pertencer, ou sob cuja guarda
estiver a coisa tombada, afim de produzir os necessários efeitos. (BRASIL, Decreto-
Lei nº 25/37, 1937, On-line)
2
IPHAN. Carta de país – Recomendação da Conferência Geral das Nações Unidas Disponível em:
http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Recomendacao%20de%20Paris%201962.pdf. Acesso em 20
de janeiro de 2021
20
3
IPHAN. Carta de Veneza. II Congresso Internacional de Arquitetos e Técnicos dos Monumentos Históricos.
Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Carta%20de%20Veneza%201964.pdf.
Acesso em 10 de janeiro de 2021
4
IPHAN. Compromisso de Brasília. 1º Encontro dos Governadores de Estado, Secretários Estaduais da Área
Cultural, Prefeitos de Municípios Interessados, Presidentes e Representantes de Instituições Culturais. Disponível
em: http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Compromisso%20de%20Brasilia%201970.pdf. Acesso
em 10 de janeiro de 2021
21
legislação eficaz para tornar mais visível a importância do bem tombado, e estabelecer critérios
de proteção mais competentes. (IPHAN – Compromisso de Salvador, 1971)5.
Em 1972 foi criada a Carta do Restauro, nela contem 12 artigos com diretrizes
orientadoras do processo de restauração em todos os tipos de patrimônios cultural. Nesta carta,
define-se a pratica de restauração como qualquer intervenção, aquelas envolvendo a
revitalização (dar uma funcionalidade), proteger os edifícios históricos facilitando a leitura do
passado no presente. (IPHAN – Carta do Restauro, 1972)6. Neste mesmo ano de 1972 foi criada
a Declaração de Estocolmo, relacionada ao meio ambiente. Reconhecendo que a paisagem em
conjunto com o meio ambiente também faz parte de um patrimônio cultural, a Declaração de
Estocolmo traz uma grande preocupação com as gerações futuras, e dessa forma, o seu principal
foco é destacar ações que preservem esse meio ambiente, envolvendo todos os recursos
naturais, terra, ar, água, fauna, flora, e todo o ecossistema.
Em 1876, foi criada pelo Conselho Internacional dos Monumentos e dos Sítios
(ICOMOS) a Carta de Turismo Cultural7. Ela define o turismo cultural como sendo uma forma
das populações terem o conhecimento de monumentos e sítios histórico-artísticos que fizeram
parte do antepassado, gerando também economia, envolvimento social e cultural entre a nova
e antiga geração. Dessa forma, esse turismo cultural incentiva que haja esforços a favor de
preservação e manutenção do patrimônio histórico e artístico, e para que realmente se tenha
essa preservação, é preciso que se aplique medidas políticas em instrumentos básicos para ter a
continuação da manutenção.
O turismo cultural é aquela forma de turismo que tem por objetivo, entre outros fins,
o conhecimento de monumentos e sítios-artísticos. Exerce um efeito realmente
positivo sobre estes tanto quanto contribui – para satisfazer seus próprios fins – a sua
5
IPHAN. Compromisso de Salvador. II Encontro de Governadores para a Preservação do patrimônio Histórico,
Artístico, Arqueológico e Natural do Brasil – Ministério da Educação e Cultura. 1971. Disponível em:
http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Compromisso%20de%20salvador%201971.pdf. Acesso em
10 de janeiro de 2021
6
IPHAN. Carta de Restauro. Ministério da Instrução Pública – Governo da Itália. Disponível em:
http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Carta%20do%20Restauro%201972.pdf. Acesso em 10 de
janeiro de 2021
7
IPHAN. Carta do Turismo Cultural. ICOMOS; Bruxelas, Bélgica; 08 de novembro de 1976. Disponível em:
http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Carta%20de%20Turismo%20Cultural%201976.pdf. Acesso
em 10 de janeiro de 2021.
22
manutenção e proteção. Esta forma de turismo justifica, de fato, os esforços que tal
manutenção e proteção exigem da comunidade humana, devido aos benefícios
socioculturais e econômicos que comporta para toda a população implicada. (IPHAN
– Carta do Turismo Cultural, 1976, p. 02).
8
IPHAN. Recomendação de Nairóbi. 19º Sessão UNESCO – Recomendação Relativa à Salvaguarda dos Conjuntos
Históricos e sua Função na Vida Contemporânea. Nairóbi, Quênia; novembro de 1976. Disponível em:
http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Recomendacao%20de%20Nairobi%201976.pdf. Acesso em
10 de janeiro de 2021.
23
A Declaração de Tlaxcala 1982 fala sobre os perigos que existe sobre os patrimônios
histórico de toda a América, existindo uma falta importância e tornando assim vários
monumentos depredados. Essa declaração recomenda-se que:
(...) qualquer ação que vise à conservação e a revitalização das pequenas localidades
seja inserida em um programa que leve me contra os espetos históricos,
antropológicos, sociais e econômicos da região e as possibilidades de revitalizá-la,
sem o que a referida ação será condenada à superficialidade e à ineficácia. (IPHAN –
Declaração de Tlaxcala, 1982, p. 03).
[...] a forma urbana definida pelo traçado e pelo parcelamento; as relações entre os
diversos espaços urbanos, espaços construídos, espaços abertos e espaços verdes; a
forma e o aspecto das edificações (interior e exterior) tais como são definidas por sua
estrutura, volume, estilo, escala, materiais, cor e decoração; as relações da cidade em
seu entorno natural ou criado pelo homem; as diversas vocações da cidade adquiridas
ao longo de sua história. (IPHAN – Carta de Washington, 1986, p. 02).
A carta de Brasília, criada em 1995, discute a autenticidade e a sua relação com outros
conceitos com identidade, mensagem, contexto e materialidade. No entendimento dos
representantes dos países do Cone Sul, todas essas nações têm uma cultura sincretista, e são
perceptíveis as heranças deixadas pelos povos do passado:
publicações existente sobre o assunto); fontes orais (entrevista com pessoas que presenciaram
etapas das construção e história do edifício); saber o contexto histórico em que a edificação foi
construída, datas especificas e intervenções que foram feitas no local; quem foram os autores
do projeto; o tipo de arquitetura existente; quais métodos de construção foram utilizados; quais
as funções que o edifício teve no passado, e a atual utilização do mesmo na atualidade.
Ainda nessa mesma etapa do projeto, se inicia o levantamento físico. “Compreende as
atividades de leitura e conhecimento da forma da edificação. Obtidos por meio de vistorias e
levantamentos, representados gráfica e fotograficamente”. (BRASIL, 2005, p. 21)
Indo até o edifício, é iniciado o levantamento cadastral detalhado, com o máximo de
informações e medidas possíveis, para que sejam criadas as plantas baixas; planta de situação;
localização; fachadas; cortes; plantas de cobertura; topografia do terreno; fotos internas e
externas. A partir de então, inicia-se uma análise tipológica do edifício, identificando os
materiais que foi utilizado e como foi o seu sistema construtivo.
(...) consiste basicamente na análise dos materiais existentes na edificação, por meio
de ensaios e testes requeridos pelas necessidades do projeto, tanto para compreender
os danos dos materiais, como para definir a intervenção, a exemplo de: limpeza de
pedras, definição do traço de argamassas. (BRASIL, 2005, p.29)
Recomenda-se que esta etapa final do Projeto seja desenvolvida após aprovação
preliminar do Projeto Básico junto ao IPHAN, e a outras instituições de preservação,
quando for o caso, aos órgãos públicos, em especial a Prefeitura Municipal,
concessionárias de serviços públicos, Corpo de Bombeiros e outros. (BRASIL, 2005,
P. 35)
Conclui-se que para ser realizada uma intervenção em edifico histórico, é necessário ter
bastante embasamento teórico e estar por dentro de todas as recomendações do IPHAN.
Principalmente, é necessário ter todo o conhecimento do Bem, analisar as suas degradações,
pensar em uma proposta que acrescente positivamente para a sociedade local sem realizar falso
histórico e não agredir a cultura local. O restauro é importante para manter vivos edifícios que
fazem parte da história de um povo, de uma cultura, uma tradição; o restauro é simplesmente
mantar vivas nas vidas das pessoas, os sentimentos, e determinadas ações que ocorreram no
passado têm influenciado bastante os dias atuais.
29
3 REFERÊNCIA ARQUITETÔNICA
Hoje, no Brasil, uma das principais referências de Museu premiado e elogiado por todos
que o visitam e por profissionais da área de arquitetura e especialistas em restauro, é o Museu
do Pão. Situado na cidade de Ilópolis, no estado do Rio Grande do Sul, essa é uma obra de
revitalização de um Moinho Colonial, construído entre o final do século XIX e do século XX,
por imigrantes de vários países, como: Japão, Alemanha, Polônia, Itália, Líbano e Ucrânia.
antes de se tornar o Museu do Pão, além de ser restaurado, teve a preservação de um acumulo
de peças e utensílios diretamente ligados aos colonizadores italianos (figura 2). Por se tratar de
um conjunto de condicionantes, com uma arquitetura diferenciada e que se envolve diretamente
com a cultura daquela região, o Museu do Pão é considerado um patrimônio material e
imaterial.
Conforme exposto, a iniciativa do projeto do Museu do Pão, aliada à proposição de
valorização cultural do Caminho dos Moinhos, constitui um primeiro passo no sentido
da viabilização da rota cultural. O Moinho Colognese, por sua arquitetura, atua como
patrimônio material e imaterial. Sua imagem é capaz, de maneira iconográfica, de
representar a memória cultural da região. Neste sentido, entende-se a preexistência,
por seu potencial iconográfico, como um elemento passível de salvaguarda e interesse
cultural. (EDELWEISS; BORTOLI; VOLPATTO, 2015, p. 09)
A preocupação dos arquitetos que realizarão o restauro do Moinho, era planejar uma
restauração que não provocasse a perda da identidade do local. Com isso, os dois blocos que
foram construídos para fazer parte do Museu, levam uma arquitetura contemporânea, a base de
concreto e vidro, formando um (L) em volta do moinho e utilizando passagem entre os anexos,
com estrutura de madeira, fazendo assim uma ligação entre os dois tipos de arquitetura
presentes, e, de certa forma, também deixando perceptível para os visitantes que no processo
de restauro houve uma implantação. A imagem 03 mostra o 3D da implantação no local, e na
imagem 04, amostras da finalização do projeto.
Para conectar os novos anexos construídos, foi utilizado “o concreto armado, em sua
fabricação, tem o emprego de fôrmas de ripas de madeira, estabelecendo um diálogo com o
desenho das ripas verticais do Moinho existente”. (EDELWEISS; BORTOLI; VOLPATTO,
2015, p. 10). É de suma importância que haja essa conexão, para que assim é criado elementos
33
que fazem uma harmonia entre a construção antiga com o contemporâneo, isso se pode observar
na imagem 06.
4.1 Paripiranga/Ba
9
Ver site: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/ba/paripiranga/panorama
10
Ver site: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/ba/paripiranga/panorama
37
O edifício que se tornou objeto de estudo deste trabalho monográfico, e onde será
realizada a intervenção de restauro, situa-se no povoado Cutia, há aproximadamente 2.5km do
perímetro urbano do município de Paripiranga/BA. Popularmente conhecida como ‘O Sobrado
da Cutia’, a residência foi construída no ano de 1933, por Ananias Oliveira Carvalho,
idealizador da obra e primeiro morador do prédio, um dos mais antigos do município.
Segundo Antônio Ferreira de Oliveira (2011) sobrinho do senhor Ananias, a construção
do Sobrado deu-se pela ação dos próprios familiares, contando com a participação de pessoas
da comunidade.
O Zé, o Tio José, o Zé pai de Eliezer, que era o pedreiro que trabaiava lá, Tio José é
irmão de Ti Nania... E, os outro eu num sei... Eu era muito pequeno, num tenho
lembrança não; mas Tio José, eu me lembro de Tio José trabaiando lá! E Ti Nania já
12
Ver site: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/ba/paripiranga/panorama
39
tinha a budega, fez a budeginha do lado onde tem.... No lado onde hoje tem a murada,
que abandonaram e já caiu. (OLIVEIRA, 2011, p. 05)
O Tio José mencionado Por Antônio Ferreira (2011) é José Martins de Santana, Irmão
do Senhor Ananias, Conhecido na região como Zé Pedralhão, apelido que lhe foi concedido por
conta de suas habilidades como exímio pedreiro e mestre de obras, considerado um dos
melhores na função. Coube ao Zé Pedralhão a responsabilidade de conduzir as obras de
construção o Sobrado, contando com apoio de tios, irmãos, primos e vizinhos. Ao final, ergueu-
se um prédio imponente, cuja estrutura arquitetônica e beleza estática, destoava e ainda destoa
de todas as existentes no Povoado Cutia, e muito rara no município.
De acordo com Antônio Ferreira (2011), o Sobrado foi construído apenas para moradia
do proprietário Ananias, mas a sua estrutura já foi pensada como proteção caso acontecessem
ataques de cangaceiros, uma vez que o bando de Lampião agia nas redondezas da cidade. Ao
lado do prédio, já existia uma pequena casa que servia como comercio do próprio Ananias; lá
ele trabalhava com venda de ouro (anel, brincos, colares, etc.), além de bebidas e gêneros
alimentícios e remédios. Ou seja, uma Bodega e um espaço para Cabeleireiro. Na atualidade,
restam apenas ruínas desses ambientes. Na figura 11, o registro fotográfico de 2014 mostra
40
apenas das paredes da Bodega e da Barbearia. A figura 12, captura fotográfica do sobrado
datada do ano de 2019, verifica-se a ausência das paredes da antiga Bodega e da barbearia.
Resultado da situação e abandono em que se encontra o prédio, desde o início dos anos 90.
O ponto de vista de Carregosa (2019), o sobrado representa uma marca viva da presença
do cangaço na cidade de Paripiranga e proximidades, servindo durante anos como fortaleza para
abrigar famílias da comunidade dando proteção contra a violência do cangaço, que aterrorizou
boa parte do Nordeste entre 1920 a 1940.
Além de abrir as portas da sua residência, Ananias foi pessoalmente até o comandante
da Volante responsável pela segurança da cidade, e solicitou armamentos e munição para os
moradores da Cutia. De acordo com Antônio Ferreira de Oliveira (2011), o comandante da
Volante cedeu armamento para mais ou menos 15 pessoas, que, todas as noites iam para o
Sobrado e fazer rondas pelas redondezas garantindo a segurança dos moradores. Existiam
também pontos de apoio em outras comunidades próximas, e a forma de comunicação eram
através de fogo de artificio, quando alguém tinha notícias de Lampião ou outro grupo de
cangaço, enviava o sinal com três tiros ou três foguetes, para que as comunidades vizinhas
viessem em auxilia na emboscada. Com a morte de Lampião e o fim do Cangaço em 1938,
todas as armas foram devolvidas a polícia da cidade de Paripiranga.
42
Iracema Maria Oliveira (2011), segunda esposa de Ananias Oliveira Carvalho, afirma
que o grupo de Lampião passou por povoados de Paripiranga (Povoado 07 Portas, Taquara e
Lagoa Preta, Quixaba, Serra do Capitão), mas ao saber que a população do povoado Cutia e
moradores da cidade estavam bem armados e protegidos, não houve uma aproximação do
cangaceiro Lampião a essas localidades, apesar das constantes ameaças de invasão, e “recados”
enviados ao Sr. Ananias Oliveira que sempre respondia em tom desafiador, afirmando que o
povoado estava preparado para defender-se do possível ataque.
Desde de 1932 até 1940, o sobrado serviu como fortaleza e defensa da população do
povoado. Nesse período não há relatos de nenhum tipo de confrontos entre Volantes ou
moradores contra cangaceiros, de modo que as ameaças frequentes não evoluíram para ações
concretas. Logo após o fim do cangaço, e em decorrência do falecimento de sua primeira
esposa, uma jovem de saúde muito frágil, Ananias vendeu o sobrado mudou-se para a zona
urbana de Paripiranga-Ba.
Após a venda, O Sobrado da Cutia foi propriedade de três famílias diferentes. O primeiro
a comprar foi a família de José Ferreira; a segunda família a possuir foi a de Vitor Conde de
Santana, e hoje em dia é propriedade de Arisvaldo Geraldo do Nascimento. Com o decorrer dos
anos, o edifício passou por algumas reformas e manutenções realizadas por cada um dos
moradores, para adaptar o Sobrado às suas necessidades, deixando-o com características de
moradia da época, e, de certo modo preservando a edificação. Atualmente, a residência serve
como deposito de materiais agrícolas. Todos os donos possuíam relação de afetividade ou
parentesco com o construtor, e a consciência de se tratar de uma edificação histórica, o que
contribuiu para que ao menos sua estrutura original fosse mantida, mesmo sem conhecimento
técnico ou orientação educativa voltada para a Educação Patrimonial.
4.2.2 Metodologia
(...) estilo da era colonial já acomodado à paisagem: casas quadradas, de quatro águas,
o beiral com as pontas orientalmente arrebitadas em asas de pombo ou cornos de lua.
Datam também dos princípios do século XIX os sobrados com cornijas construídas a
molde; o estuque; as vergas de alvenaria. (FREYRE, Gilberto, 1936, p. 285)
Dessa forma, foi dado início nesse período uma cultura que predomina em todo território
brasileiro até os dias atuais. Essas construções de Sobrados no período colonial, serviam para
duas funções, na parte térrea existiam comercio (onde eram vendidos ouro, alimentos, remédios
e entre outros produtos), já no primeiro pavimento servia como moradia. Todas essas
características ditas vêm do período colonial no Brasil e duram até a atualidade.
No início século XX, o estilo arquitetônico que predominava no Brasil, principalmente
no Nordeste, era o neocolonial, mas era perceptível que a cada construção que era realizada,
estavam ocorrendo algumas modificações em suas características. Segundo FREYRE (1936), a
partir do ano de 1839, vieram alguns profissionais europeus para o Brasil (Mecânico, pedreiros
e carpinteiros) e começaram a modificar aos poucos a arquitetura predominante, e, com o
decorrer do tempo, verificou-se uma mistura entra arquitetura neocolonial e a arquitetura
europeia, que marcava o início da entrada do modernismo no Brasil.
Embora a década a que remonta essa edificação seja a mesma que marcou o início da
entrada do modernismo no Brasil, suas características apresentam peculiaridades próprias de
uma arquitetura um pouco fora do contexto, tendo em vista o que era produzido nas grandes
46
O neocolonial aparece mais como referência quase obrigatória aos que se debruçam
sobre a arquitetura do século XX do que propriamente como objeto principal das
atenções; uma das etapas finais na longa sequência de modismos que se estende do
Brasil Colônia à modernidade. (KESSEL, 2011, p.03)
Dessa maneira, pode considerar que o edifício analisado sobre o qual se debruça a
proposta de restauro para a implantação de um Museu, tem como estilo principal o Neocolonial,
mas também pode ser considerado uma Arquitetura Nordestina, por que esse tipo de construção
apresenta fatores únicos do Nordeste, que influenciaram bastante ao estilo arquitetônico, de
modo a se tratar de obras raras na região. Observando as imagens abaixo, pode observar alguns
traços marcantes da época.
As casas e sobrados com estilos Coloniais e Neocoloniais, eram construídas em todo o
limite do terreno, sem o uso de recuos, as telhas eram feitas manualmente de barro, em olarias
artesanais existentes nas comunidades vizinhas; bem maiores do que as telhas de cerâmicas
atuais e com total falta de simetria, já que não haviam formas para padronização de tamanhos
e espessuras; o modelo de cobertura era apenas em “duas águas”, uma para frente da casa e
outra para trás. O uso do concreto não é perceptível, de modo que se observa em sua estrutura
a construção com blocos de adobe e barro, pedras, taipa de pilão, troncos, entre outros materiais
aproveitados da própria natureza ao redor; as escadas e lajes eram feitas todas de madeira de
lei, resistente ao tempo e a ação e pragas; o beiral que representava o nível financeiro da família;
uso de cornija e outras formas artísticas nas fechadas. Analisando as imagens abaixo, pode
observar alguns traços do Sobrado da Cutia como as telhas de barro, telhado em duas águas,
beiral, cornijas na fachada frontal, estrutura de bloco de adobe e barro; escada e laje de madeira,
entre outros elementos comprovam a construção tem o estilo Neocolonial ou como foi dito
anteriormente, uma arquitetura Nordestina.
47
Como foi dito anteriormente, de acordo com as orientações do IPHAN, é preciso seguir
uma sequência idealizada por eles para se chegar a um resultado final de qualidade e sem ferir
o monumento histórico. O levantamento de dados faz parte da segunda fase desse processo, que
comtempla a Identificação e conhecimento do bem a ser restaurado, e neste tópico será
demonstrado todo o levantamento cadastral do atual estado da edificação.
No tópico anterior, que se inicia a segunda fase do processo, foi dito sobre a história do
sobrado, as suas características arquitetônicas, datas da construção e a sua importância para a
localidade e o porquê de o sobrado ser considerado um patrimônio histórico para a cidade de
Paripiranga. Todas essas analises foram feitas através de pesquisas por pessoas que moram na
comunidade e que possuem relação próxima de parentesco os primeiros donos do sobrado.
A edificação possui uma localização estratégica em um ponto mais elevado do terreno e
em uma encruzilhada (cruzamento entre três estradas de acessos), com sua fachada frontal e
acessos principais voltados para a estrada (via) mais íngreme possibilitando um maior ângulo
de visão das áreas externas frontais.
50
Sua configuração arquitetônica consiste em pavimento térreo contendo sala de estar frontal (1),
hall de acesso (2) em baixo da escada, sala de jantar (3), quarto (4), sala de apoio a cozinha (5)
e cozinha (6); mais um único cômodo no superior o quarto do casal (9). Além da escada de
acesso composta por base de quatro degraus em cimento e o restante em tabuas madeira fixadas
entre as paredes laterais. Ao lado do sobrado existe um curral (7) e um deposito (8), com
materiais: madeira, adobe de argila queimada e argila e água.
52
de argila queimada assentado em barro (massa de argila e água) com paredes extensas e sem
pilares estruturais, havendo apenas nos fechamentos das portas peças em madeira maciça.
Nessa segunda etapa do processo de restauro foi realizado o levantamento de dados do
edifício a sofrer o processo de intervenção. Como foi dito anteriormente, essa etapa é a base de
um bom projeto de restauro que será apresentada futuramente; pois seguindo o passo a passo
estabelecido pelo manual do IPHAN, se chega a um documento rico de informações e bem
detalhado com o levantamento cadastral de todo o edifício e as dimensões do terreno.
Para um levantamento de dados ainda mais detalhado, era necessário uso de materiais
fundamentais para realizar os procedimentos de prospecções e o levantamento topográfico do
terreno. As demais plantas (seguindo as normas da ABNT) como localização, situação, plantas
baixas, cortes, planta de cobertura, fachadas, representações em 3D serão apresentadas em
anexo, junto com demais fotografias referentes ao Sobrado da Cutia e o seu real estado de
conservação.
Figura 23: Foto em Perspectiva mostrando a pintura da lateral da fachada e também a construção do curral e
do depósito
Fonte: Acervo Digital do LEPH, UniAGES, Paripiranga/BA
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Essa fase do processo é fundamental ser bastante detalhada, é a partir daqui que será
analisado o estado de conservação do edifício. Através do mapa de danos e fotografia, deverá
ser mapeada a parte externa e interna do Sobrado da Cutia, demostrando todos os danos
existentes; aqueles que foram causados supostamente por interferência humana ou por
abandono do bem.
Portanto, sob o ponto de vista operativo, mapas de danos são instrumentos eficazes de
auxílio tanto para o planejamento das diretrizes projetuais de restauro/conservação
(limpeza, consolidação ou mesmo de substituição controlada de materiais ou de partes
extremamente degradadas) e das previsões orçamentárias, como podem também
instruir ações de monitoramento preventivo para garantir a boa conservação dos
artefatos no tempo. (TIRELLO; CORREA, 2012 p. 17)
Com as análises feitas nas fachadas (Frontal, Laterais e fundo), de acordo com a legenda
abaixo foram identificados 5 tipos de patologia.
A possível causa desses danos, certamente foi a falta de cuidados ao longo do tempo,
por se tratar de uma construção antiga. A pintura das paredes externas, portas e janelas do
sobrado estão danificadas por manchas de sujeiras, e de acordo com uma rápida análise das
visitas realizadas, chega-se a uma conclusão que a principal causa deste dano é a grande
quantidade de chuva que ocorre na região causando infiltrações, além do fato que nunca existiu
uma manutenção na pintura. Em relação ao problema das fissuras, elas apenas atingem a parte
do reboco sem alcançar na alvenaria.
Todos esses danos não são de gravidade alta, chegasse a uma conclusão que a falta de
manutenção é a principal causa de todos eles. Com a busca e tendo essas informações sobre o
estado de conservação das fachadas, os tipos de danos encontrados são de baixa gravidade e
não atingem o sistema estrutural do Sobrado, facilitando assim o processo de intervenção e
criação de uma proposta de restauro.
5 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
sobrado, e fazer uma limpeza na área externa, para desfaze o pasto existente; na parte interna
do Sobrado, todas as portas (exceto a da escada) que tem menos de 0.90cm de largura serão
deixadas com essa determinada largura e em forma de vãos; na sala de exposição 02, será aberta
uma porta dede acesso à parte externa, com dimensão aproximada de 0.90 x2.10. Também será
retirada a parede que divide a cozinha de um quarto, deixando um ambiente único e que será a
sala de exposição 03. No pavimento superior, a única modificação será a abertura de um vão
para o elevador que vai ser implantado para acesso de deficientes.
Em relação a escada e a laje que tem uma estrutura de madeira, é preciso uma análise
mais detalhada com materiais específicos para tirar conclusões sobre o seu estado de
conservação. A pintura de toda a parte interna do edifício vai ser na cor branca, assim como
está atualmente, e em toda a parte externa na cor amarela (atualmente só tem amarelo na fachada
principal). O piso interno precisa ser modificado na sala de exposição 03, pois em algumas
partes está quebrado ou pisos há pisos ausentes.
Para a ampliação, a proposta prevê a construção de anexo na lateral do edifício. Com
um estilo contemporâneo, o anexo deixará evidente aos olhos do visitante que ali existiu uma
interferência de restauro e poderá identificar os tipos de arquitetura presentes no local: a
arquitetura do Sobrado que é neocolonial e a arquitetura do anexo que é contemporânea.
O anexo, contará ainda com um auditório com capacidade para 100 pessoas; banheiros
masculino e feminino; uma loja para vendas de artesanato; sala para administração, um elevador
com capacidade para duas pessoas que dá acesso à parte superior do Sobrado, e um café
(contemplando cozinha, despenca, e praça de alimentação interna e externa).
As fachadas, nesse novo anexo, terão um revestimento amadeirado com uma pintura na
cor de areia, e na parte interna, uma pintura na cor branca; as janelas e portas serão de vidro; pé
direito de 03 metros, laje com espessura de 0,12cm, e cobertura de telha de fibrocimento 8mm
(10% de inclinação).
Em cima dos banheiros, foi projetado para obter 4 caixas d’água com 5.000L cada,
totalizando 20.000L para abastecer os banheiros, cozinha e café. As fachadas da administração
e loja de artesanato, além do piso amadeirado, terão detalhes de madeira deixando todo o
ambiente com harmonização.
A praça de alimentação externa terá uma cobertura de pergolado com cobertura de
policarbonato, assim como o pergolado em frente ao auditório, e o pergolado que une o Sobrado
com a o novo anexo. Na lateral que dá acesso a estrada, ter construir-se-á um estacionamento
com ângulo de 45° e capacidade para 07 carros, além de e mais um estacionamento para no
máximo 05 motos.
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Figura 30: Lateral e Fundo do Sobrado da Cutia, com vista para o Estacionamento
Fonte: construção do autor
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
de informar aos visitantes sobre a história local e os espaços do museu. No segundo bloco
projetou-se uma lanchonete, loja de artesanatos e um depósito.
Ainda na primeira fase do projeto, foi observado que o prédio contava com algumas
características da arquitetura neocolonial, como telhas de barro, telhados em duas águas, beiral,
escada e laje de madeira, entre outras especificações. A construção foi feita a partir de adobe
de argila queimada, unidos com barro e rebocada com areia e cal; sem risco presente de
desabamento, pois não foram encontrados indícios de rachaduras.
Quanto às modificações ocorridas ao longo do tempo, percebeu-se que o formato
arquitetônico foi alterado, adicionando duas portas na frente da edificação, e janelas; como
também, retirou-se um muro de proteção na lateral direita. No entanto, pisos e telhados não
foram modificados, e sua pintura atual é branca nas laterais e nas partes internas, o amarelo
predomina na fachada.
Na segunda fase do projeto, ou melhor dizendo, no diagnóstico da edificação, foram
mapeados os danos da construção; tais como: na sua pintura, coberta por manchas e
degradações; perda de alguns elementos estéticos; degradação do reboco; manchas em portas e
janelas; fissuras por algumas partes da sua estrutura. Tais danos surgiram, principalmente, por
conta da falta de manutenção estrutural e dos agentes naturais.
Na proposta de intervenção de restauro ao Sobrado da Cutia haverá a remoção do
deposito e curral que não compõem a parte interna. O projeto prevê ainda a construção de um
anexo de apoio, composto por: auditório, banheiros masculino e feminino, loja de artesanato,
sala da administração e um café tendo praça de alimentação interna e externa, cozinha e
despenca; além de um pequeno estacionamento com 07 vagas para carros e 05 vagas para
motos. No fundo do Sobrado e em frente ao auditório, será plantado uma muda de Coitezeira
Arvore de cuia, na língua Tupi), planta símbolo da cidade de Paripiranga de acordo com o
projeto de lei nº 15/2017, de 13 de dezembro de 2017.
Toda as interferências realizadas estão de acordo com as normas do IPHAN, de modo a
serem cumpridas todas as etapas do processo, a partir da fundamentação teórica até a análise
do estado de conservação. A proposta de restauro definida estará respeitando toda a cultura
local, preservando o Sobrado da Cutia que é o bem maior, e dando uma funcionalidade ao
edifício, trazendo-o de volta ao contexto sociocultural de Paripiranga, como já ocorreu no início
do século XX.
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7 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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OLIVEIRA, Ana Maria Ferreira de. Sob o signo da cruz, a Malhada Vermelha Floresce: a
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Publicação Independente. 2005. 278 p.
71
APENDICE
72
ANEXO
76
TERMO DE RESPONSABILIDADE
Eu, Elaine Gonçalves Santos Viana, declaro inteira responsabilidade pela tradução do
Resumo (Abstract/Resumen/Résumé) referente ao Trabalho de Conclusão de Curso
(Monografia), intitulado:
77
Assinatura do tradutor
TERMO DE RESPONSABILIDADE
Assinatura do revisor