Manual Reumatologia
Manual Reumatologia
Manual Reumatologia
Reitor
Clay Anderson Nunes Chagas
Vice-Reitor
Ilma Pastana Ferreira
Pró-Reitor de Graduação
Ednalvo Apóstolo Campos
Pró-Reitora de Extensão
Vera Regina Menezes Palácios
Editora filiada
@eduepaoficial
APRESENTAÇÃO
Nas últimas décadas, houve um valioso progresso na difusão
dos conhecimentos acerca da reumatologia. A reumatologia é a espe-
cialidade médica encarregada de estudar, diagnosticar, tratar as afec-
ções do sistema musculoesquelético e do tecido conjuntivo, além de
melhor caracterizar os processos autoimunes e inflamatórios.
As doenças reumáticas são popularmente conhecidas como
reumatismos. Estas perfazem, aproximadamente, 150 doenças, po-
dendo ser agudas ou crônicas, atingindo ambos os sexos e diferentes
idades, variando de crianças pequenas e adolescentes até homens
e mulheres adultos e idosos. Essa especialidade é responsável por
ser uma das principais causas de todas as consultas médicas, bem
como das moléstias que provocam incapacidades, sendo de extrema
relevância para a prática médica, não somente do especialista, mas
também do médico atuante na atenção primária à saúde.
Assim, o grupo de extensão da Universidade do Estado do Pará
(UEPA), chamado reumato UEPA, idealizou a criação deste manual com o
objetivo de aproximar a reumatologia da figura do médico generalista,
abordando as principais doenças, fomentando a aquisição de conheci-
mentos, o desenvolvimento de habilidades e de competências para o
diagnóstico e manejo das patologias reumatológicas mais prevalentes.
Ademais, auxiliar na formação acadêmica durante a graduação,
propiciando uma educação médica de qualidade que possibilite aos
discentes/médicos identificar, diagnosticar e construir um plano te-
rapêutico adequado para cada paciente.
Identificação
Essa etapa inicial é de suma importância epidemiológica, des-
tacando-se a idade e o sexo, pois há diferenças nas distribuições das
doenças reumatológicas. Na infância são mais frequentes a febre reu-
mática e a artrite idiopática juvenil em ambos os sexos. Nos adultos
jovens do sexo masculino predominam a artrite reativa e a espondili-
te anquilosante, enquanto nas mulheres o lúpus eritematoso sistêmi-
co (LES) e a artrite reumatoide (AR). Na meia idade nos homens a gota,
enquanto nas mulheres osteoartrite, osteoporose e artrite reumatói-
de. Nos idosos a polimialgia reumática, osteoartrite, osteoporose e
artrites associadas às neoplasias.
A atividade profissional é relevante, pois o motivo da consulta
pode estar relacionado à sua ocupação, configurando doença ocupa-
cional. Dentre elas pode-se citar: lombalgia nas atividades que reque-
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rem muitos esforços físicos como os pedreiros e marceneiros; posturais
como motoristas; artesões e digitadores com tenossinovites; síndrome
do túnel do carpo nos operadores de britadeiras.
A procedência do paciente deve levar em conta as doenças endêmi-
cas daquela região como Chikungunya, hanseníase, dengue, entre outras.
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Também pode-se observar dores com irradiação sem trajeto definido,
como na síndrome da dor miofascial. Nas patologias de quadril o pa-
ciente geralmente apresenta dor na virilha, que pode se irradiar pela
face anterior da coxa até o joelho e/ou nádega.
As dores articulares são geralmente secundárias às doenças in-
flamatórias e devem ser caracterizadas quanto a: presença de fator de-
sencadeante, localização, intensidade, tipo de início, fatores de melhora
e piora, ritmo e suas características (se inflamatórias ou mecânicas). O
paciente deve ser questionado quanto a fator desencadeante que pode
ser um trauma ou carregar peso, como nas lombalgias. Quanto à loca-
lização, as dores difusas sugerem fibromialgias, síndromes miofasciais,
miopatias e não doenças articulares, enquanto as dores localizadas são
observadas nas artrites e nos reumatismos de partes moles (tendinites,
bursites e epicondilites). Quanto à intensidade elas podem ser leves,
moderadas ou intensas ou utilizar a escala visual analógica para dor en-
tre 0 e 10, em que zero é sem dor e 10 é a dor mais intensa. A intensidade
comumente se relaciona com o grau de inflamação e de destruição arti-
cular. Quanto ao tipo de início: súbito (minutos) são característicos das
fraturas e lesões meniscais e ligamentares, agudo (horas a 1-2 dias) nas
artrites sépticas, gota, artrites reativas ou agudização das doenças de-
generativas e insidioso nas osteoartrites, artropatias inflamatórias (AR)
e tumores ósseos. As doenças de causas mecânicas pioram com os mo-
vimentos e melhoram com repouso. As dores com ritmo inflamatório são
mais intensas pela manhã, diminuindo durante o dia e piorando no meio
da tarde e exacerba-se à noite, podendo despertar o paciente. Enquanto
as dores de ritmo mecânico pioram durante o dia, com a movimentação e
sobrecarga articular e melhora com repouso. A dor protocinética é carac-
terizada por ser mais intensa no início dos movimentos e diminuir após
algum tempo, como na osteoartrite.
Além da dor, é importante caracterizar os sinais e sintomas as-
sociados, pois ajudam a diferenciar as variadas causas de dores mus-
culoesqueléticas. Dentre eles, a rigidez matinal que pode ser referido
pelos pacientes como enrijecimento nos movimentos das articulações
“travamento” ao acordar ou após um período de repouso. De acordo,
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com a sua duração em minutos, podemos distinguir as artropatias
inflamatórias das mecânicas. As dores secundárias as doenças infla-
matórias caracterizam-se por serem de longa duração (> 30 minutos),
enquanto as dores mecânicas têm curta duração (< 30 minutos).
Tabela 1: Diferenciação entre doenças inflamatórias e mecânicas
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Tabela 2: Diferenciação do padrão de acometimento articular
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na hanseníase, psoríase na artrite psoriásica, lesões vesicopustulares
ou pápulas hemorrágicas na artrite gonocócica, fibrose intersticial di-
fusa e artrite na esclerose sistêmica, fibrose apical na espondilite an-
quilosante, xerostomia e xeroftalmia na síndrome de Sjögren.
Após o relato da história do paciente, explique ao mesmo que precisa
de um tempo para realizar suas anotações no prontuário, e só nesse mo-
mento redija a história clínica de forma cronológica, organizada e sucinta.
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deve se estender à outras doenças autoimunes como vitiligo, Hashimo-
to e outras.
Os hábitos de vida devem ser investigados por conta de suas re-
lações com a possível fator desencadeante ou agravantes da doença;
como o tabagismo na artrite reumatoide, o etilismo e a gota e o seden-
tarismo na fibromialgia.
Após a coleta de todas essas informações, elabora-se as princi-
pais hipóteses diagnósticas e complementa-se com a etapa seguinte
que é o exame físico.
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Cabeça: alopécia, aftas orais, boca seca, olhos secos (areia),
descamação couro cabeludo.
Respiratório: dor torácica, tosse seca, dispnéia.
Cardiovascular: palpitações, dor precordial.
TGI: azia, dor abdominal, diarréia, sangramento retal. Hábi-
to intestinal.
TGU: urina espumosa, disúria, coloração urina.
Pele: rash malar, fotossensibilidade, bolhas, manchas, des-
camações. Problemas nas unhas.
Neurológico: cefaleia, dormência, perda de força.
Hematológico: sangramentos, linfonodos.
Psiquiátrico: sono, irritabilidade, labilidade emocional, alu-
cinações.
AMF: fatores genéticos: doenças auto-imunes na família?
Psoríase? Lúpus? Artrite reumatoide? Vitiligo? Hipotiroidis-
mo? OA de mãos?
Agregação familiar para fatores ambientais/sócio-econômico?
AMP:
Infecções: Tuberculose, hanseníase. Amidalite/escarlatina
precedendo quadro de oligo/poliartrite migratória criança.
Litíase renal em homem.
⇒ Contato sexual, sem preservativo, em jovem, (poliartralgia
migratória c/ febre)
⇒ Neoplasia em idoso (poliartrite aguda).
⇒ Intercorrências obstétricas: aborto, óbito fetal, eclampsia.
⇒ Transfusão sanguínea (HTLV, hepatites, HIV)
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Menopausa: Fratura (baixo ou alto impacto)
⇒ Medicamentos em uso: hidroclorotiazia (gota), AINES e CE po-
dem mascarar as doenças, lúpus induzido por drogas (isonia-
zida, a-TNF, procainamida, hidralazina)
⇒ Hábitos: tabagismo (AR), etilismo (gota)
⇒ Alergias medicamentos: quadros de farmacodermias
Exame Físico: Geral:
⇒ C e P: Couro cabeludo; Linfonodos; Tireóide:
⇒ AP Respiratório: Ap Cardiovascular:
⇒ PA: FC: saturação: nas doenças pulmonar intersticial
⇒ Abdome; Osteoarticular; Pele; Neurológico.
⇒ Hipótese diagnóstica (HD):Resumo dos achados positivos/
AMF/ AMP/Ex FIS
⇒ HD sindrômico: mono, oligo, poliartrite, lombalgia, colageno-
se ...
⇒ Diagnósticos diferenciais: o por que de cada HD?
⇒ Condutas:
Planejamento de investigação diagnóstica:
⇒ Exames laboratoriais: e o que eu espero encontrar?
⇒ Exames de imagem: Achados típicos da doença.
Planejamento de TTO:
TTO não medicamentoso:
⇒ Educação do paciente (doença, fator de risco, adesão ao TTO),
Fisioterapia (descrever),
⇒ TTO medicamentoso: Indicação, dose, contraindicações, efei-
tos adversos.
Indicação de TTO cirúrgico: quando indicar?
Prognóstico:
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REFERÊNCIAS
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2
EXAME FÍSICO DO SISTEMA
Capítulo
MUSCULOESQUELÉTICO
(SME)
Roberta Vilela Lopes Koyama, Gilberto Toshimitsu Yoshikawa
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tância na elaboração das hipóteses diagnósticas a serem levantadas
durante a avaliação da história clínica de um paciente.
A semiotécnica do exame geral é composta da realização de for-
ma sistemática das etapas de inspeção, palpação e movimentação, e
em raras ocasiões, percussão. Realizando-se todas as etapas de forma
comparativa e bilateral, buscando identificar a simetria dos achados
encontrados durante o exame, o que facilita a identificação de altera-
ções patológicas, quando presentes de forma assimétrica.
Figura 1 : Composição da Semioténica do exame geral.
A primeira etapa do exame deve ser a inspeção, que deve ser rea-
lizada observando-se 5 itens: aumento de volume, rubor (que quando
muito acentuado deve-se ficar atento à infecção), alterações no trofismo
da musculatura adjacente, desalinhamento articular e outros, como alte-
rações ungueais ou cutâneas. Sempre de forma comparativa com o lado
homólogo da articulação. É de suma importância antes da realização da
palpação, visto que nesta etapa há identificação das principais áreas al-
teradas que devem receber especial atenção durante a palpação.
Figura 2: Inspeção no Exame Físico Geral.
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A segunda etapa consiste na palpação das articulações, que deve
ser realizada sobre a interlinha articular e suas adjacências. Deve-se
atentar para 4 itens: temperatura, aumento de volume, dor e crepitações.
A temperatura local deve ser avaliada com o dorso da mão sobre a inter-
linha articular comparando com a musculatura adjacente, visto que as
primeiras devem ser mais frias, pela escassa vascularização, e em segui-
da compara-se com a temperatura das articulações homólogas; aumento
de volume e sua respectiva consistência que pode ser em decorrência de
aumento de partes moles (tendões, bursas), proliferação sinovial (como
na artrite reumatoide), líquido (quando há derrame articular), prolifera-
ção óssea (como na osteoartrite em decorrência dos osteófitos), sólida
(sensação de areia, como no tofo gotoso). Enquanto se faz a palpação da
articulações e suas estruturas periarticulares, faça contato visual com
o paciente e pergunte se ele sente dor, dado extremamente importante
para o diagnóstico e avaliação de atividade em algumas doenças, como
a artrite reumatoide, bem como fortalece a relação médico paciente,
demonstração de empatia para com o mesmo. Por fim, utilizando-se da
combinação da palpação com a movimentação passiva, deve-se avaliar
se há crepitação das articulações, colocando-se a mão do examinador
acima da articulação a ser avaliada, e realizando-se movimentos em sua
maioria das vezes, de flexoextensão. A presença de crepitação indica uma
deterioração da cartilagem articular, como pode ocorrer na osteoartrite.
Figura 3: Palpação no Exame Geral.
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lado contralateral e com a amplitude de movimento habitual daquela
articulação. Inicia-se pela movimentação ativa, em que o paciente rea-
liza o movimento sem a ajuda do examinador, apenas repetindo os mo-
vimentos demonstrados por aquele. Quando o paciente conseguir rea-
lizar o movimento ativo completo, não há necessidade de se realizar o
exame passivo, visto que, o ativo testa a função integrada da inervação
intacta, músculo, tendão e mobilidade articular. Entretanto, quando o
paciente apresentar alguma dificuldade ou limitação na sua realização,
o examinador deve tentar realizar os movimentos de forma passiva,
com muita delicadeza e cautela, visto que o paciente pode estar sen-
tindo dor e ter comprometimento dessas estruturas. Dessa forma, ave-
riguando apenas o comprometimento da mobilidade articular. Durante
a movimentação também é importante se atentar para dor do paciente.
Figura 4: Movimentação das Articulações.
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MEMBROS SUPERIORES (MMSS)
PUNHOS
MÃOS
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ras em polpas digitais na esclerose sistêmica. Antes da palpação
propriamente dita pode-se realizar o teste do aperto ou squeeze
através da compressão das MCfs do paciente pela mão do examina-
dor para avaliação de dor nessas articulações. Seguido da tempera
e palpação propriamente dita de cada articulação, iniciando-se de
uma extremidade a outra. A técnica utilizada pode ser a bidigital,
com os dois polegares, ou em pinça, formada pelo polegar e o indi-
cador da mesma mão. Na palpação das MCFs utiliza-se preferencial-
mente a segunda, deslizando a pinça para cima e para baixo pela
articulação, tentando sentir as proeminências ósseas anatômicas
(osso→ espaço articular → osso, pelo lado medial e lateral) que
quando difícil de serem percebidas, apresentando consistência
macia obliterando as estruturas. pode ser decorrente de prolifera-
ção sinovial. Realiza-se a palpação do lado direito e depois do es-
querdo, de forma evitar que se esqueça de examinar alguma delas.
A técnica utilizada para palpar as IFPS e IFDs é a mesma, segura-se
de forma firme a articulação IFP do paciente utilizando-se o pole-
gar, da mão esquerda do examinador, pressionando a face dorsal e
o indicador a face palmar, com alguma pressão, em seguida faz-se
a palpação das faces medial e lateral da mesma utilizando-se o
indicador e polegar da mão direita do examinador, avaliando se há
dor e aumento de volume e qual a consistência desse volume que
pode ser mole, sólido ou ósseo; como os nódulos de bouchard (IFP)
e heberden (IFD) na osteoartrite. Todas as 18 interfalângicas devem
ser examinadas. Por fim, deve-se pedir ao paciente para fazer a
flexão as MCFs, depois flexão das IFPs e IFDs, que em indivíduos sa-
dios, conseguem tocar as pontas dos dedos, distalmente a segunda
linha palmar, seguido de movimentos combinados de abdução e
extensão dos dedos ao pedir para o paciente abrir as mãos, adução
(dedos se aproximam). Além desses movimentos, o polegar realiza
o movimento de oponências, que é o movimento em pinça, ou seja,
tocando as polpas digitais dos outros dedos.
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Figura 6: Palpação da articulação metacarpofalangeana.
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Figura 9: Flexão de punhos.
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Figura 12: Flexão dos dedos.
COTOVELOS
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o trofismo dos músculos bíceps. E com os braços cruzados, identifique
a interlinha articular, que fica entre o olécrano da ulna e o epicôndilo
lateral, onde ser sentido a temperatura e realizado a palpação propria-
mente dita, com os polegares. Seguido da movimentação, mostrando
ao paciente a flexão, extensão, pronação e supinação (mãos para cima)
dos cotovelos em paralelo para comparação da simetria da amplitude
de seus movimentos.
Figura 14: Movimento de flexão dos cotovelos.
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Figura 16: Movimento de pronação dos cotovelos.
OMBROS
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pode ser um indício de derrame articular. Dificilmente percebe-se aumen-
to de temperatura do ombro, por se tratar de uma articulação profunda.
Deve-se palpar a articulação esterno clavicular com técnica bidigital ou
com o polegar direito e esquerdo, depois acrômio-clavicular, facilmente
identificada em indivíduos longilíneos, como proeminência óssea acima
do ombro, e em indivíduos mais obesos ou com musculatura mais desen-
volvida sua palpação pode ser facilitada através da palpação da clavícula
em direção ao ombro até a sua localização. E a articulação glenoumeral
pode ser palpado através da mão espalmada sobre o ombro, com o pole-
gar para baixo à 90 graus e identificação através da palpação do processo
coracoide, ficando uma polpa digital abaixo e lateral ao mesmo. Durante a
palpação dele procuramos avaliar dor, aumento de volume e crepitações.
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sos das vertebras toracolombar (L5 a T7). Já com o ombro em
abdução em 90º, o paciente roda o antebraço na direção do
solo. Amplitude articular: 0º a 90º.
Em todo os movimentos deve-se comparar com o lado oposto, já
que a flexibilidade capsulo-ligamentar varia individualmente.
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Figura 20: Palpação da articulação esternoclavicular.
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Figura 22: Movimento de extensão do ombro.
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Figura 25: Movimento de rotação externa do ombro.
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inferior suporte o peso e possibilita o avanço do corpo sobre o membro
que está sustentando. Esta fase é composta de cinco etapas, na sequên-
cia: toque do calcanhar (contato inicial), apoio completo do pé (resposta
a carga), apoio médio (deslocamento anterior da tíbia), saída (elevação)
do calcanhar (apoio terminal) e propulsão (saída dos dedos).
A fase de balanço é dividida em três etapas: balanço inicial (ace-
leração), balanço médio e balanço final (desaceleração).
Deve-se observar as fases de balanço e apoio, em busca de qual-
quer claudicação, alteração de ritmo ou assimetria da marcha.
QUADRIL
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examinador segurando o joelho do paciente e a outra na tíbia, faz-se
a rotação interna e externa do mesmo, tomando como referência a vi-
rilha do paciente. Lembrando-se que o primeiro movimento alterado
quando do comprometimento do quadril é a rotação interna (joelho
para dentro).
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Figura 29: Flexão do quadril.
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Figura 32: Rotação externa do quadril.
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JOELHOS
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Avalie a temperatura da articulação do joelho;
Figura 35: Avaliação da temperatura dos joelhos.
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Figura 38: Sinal da tecla rotuliana.
TORNOZELOS
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Figura 39: Palpação do tendão de Aquiles.
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Figura 42: Inversão passiva do retropé – avalia a articulação talocalcânea.
PÉS
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As deformidades mais comumente observadas no pé são:
⇒ Pé eqüino - o apoio é feito na ponta do pé e não em toda a
superfície plantar.
⇒ Pé calcâneo - o apoio é feito com o calcanhar e não com o
restante da superfície plantar.
⇒ Pé valgo - há inclinação medial excessiva do tornozelo.
⇒ Pé varo - há inversão da inclinação medial do tornozelo e
apoio na borda lateral.
⇒ Pé cavo - acentuação do arco plantar.
⇒ Pé plano - ausência do arco plantar.
⇒ Hálux valgo: é um desvio lateral acentuado do primeiro podo-
dáctilo ou dedão do pé.
⇒ Dedo em martelo: a primeira falange está em extensão e a
segunda em flexão sobre a primeira.
Realiza-se a inspeção, procurando por aumento de volume no dorso
do médio-pé e sobre cada articulação do ante-pé. Em seguida faz-se a pal-
pação das articulações do médio-pé em busca de aumento de temperatura,
volume e dor. As articulações do ante-pé são palpadas de forma semelhante
às articulações das mãos (vide acima). A movimentação consiste em inversão
e eversão do pé, com a mão esquerda do examinador segurando o tornozelo
e a mão direita, o ante-pé. A movimentação do ante-pé consiste e, flexão
das MTFs, depois das IFPS e em seguida extensão e abdução dos dedos.
Figura 44: Compressão das articulações metatarsofalangianas – Teste de squeeze.
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Figura 44: Palpação do pé.
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Figura 47: Movimento de dorsiflexão
COLUNA VERTEBRAL
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O examinador deve avaliar o triângulo de Talhe, formada entre os
mmss do examinador e seu tronco, em busca de assimetrias sugestivas de
escoliose, em seguida realizar o teste da inclinação anterior (Teste da Giba
ou Adams), pedindo-se ao paciente para realizar a flexão do tronco e obser-
vando se há formação de uma giba na coluna, sugestiva de escoliose estru-
tural, pois quando há alteração do triângulo de Talhe e não há a formação
da giba, a escoliose é funcional. Ainda na inspeção observa-se a pele para
verificar a presença de lipomas, neurofibromas, bolhas (herpes zoster), pla-
cas pilosas na região lombosacral (podendo estar associada à anormalida-
des congênitas da coluna lombossacra). Para a palpação é importante a lo-
calização do processo espinhoso de C7 (o mais proeminente), assim palpar,
com o polegar, todos os processos espinhosos da coluna vertebral em toda
sua extensão para avaliar a sensibilidade dolorosa, em seguida palpar, com
os dois polegares, os processos transversos, deixando os processos espi-
nhosos no centro. Seguido de palpação do trapézio e de toda a musculatura
paravertebral, avaliando quanto a presença de contraturas musculares.
Realiza-se a percussão da coluna quando na suspeita de fratura,
infecção ou neoplasia local, que é extremamente doloroso no local.
A movimentação da coluna deve ser realizada a fim de avaliar-se a
ADM dos seus respectivos seguimentos. Na coluna cervical solicita-se que o
paciente faça flexão, tentando encostar o queixo no peito, extensão (olhan-
do para o teto), rotação (olhando para trás) direita e esquerda e depois a
lateralização (tentando encostar a orelha no ombro). A coluna dorsal apre-
senta pouca mobilidade, portanto, pede ao paciente para sentar e realizar a
rotação da mesma. Durante amobilização da coluna lombar pede-se ao pa-
ciente para flexionar o tronco em direção ao chão, com os joelhos estendi-
dos, depois com a bacia imobilizada pelo examinador, pede-se ao paciente
para realizar a extensão, e ainda segurando a bacia, a rotação para direita e
esquerda, seguido da lateralização para ambos os lados.
O exame da coluna deve ser complementado com um breve exa-
me neurológico. Pede-se ao paciente para andar nas pontas dos pés
e nos calcanhares, testando-se as raízes de S1 e L5 respectivamente.
Seguido da pesquisa dos reflexos patelar (raiz de L4) e Aquilleu (S1).
Com o paciente em decúbito dorsal o examinador realiza o Laségue,
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por meio da elevação passiva do membro, e caso o paciente apresente
compressão de raiz nervosa, referirá dor num ângulo de elevação entre
30 e 70 graus. Também se faz importante a pesquisa da força muscular.
Figura 49: Exame do paciente pela face posterior.
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Figura 51: Palpação da coluna.
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Figura 53: Movimento de extensão cervical.
51
Figura 55: Movimento de rotação cervical.
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Figura 57: Rotação torácica direita.
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Figura 59: Movimento de extensão lombar.
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EXAME FÍSICO REGIONAL DO SME
O exame regional do SME compreende os principais testes e as
manobras utilizadas na prática médica diária para uma boa avaliação
clínica, permitindo informações necessárias para o diagnóstico correto.
POSIÇÃO ANATÔMICA
MÃOS E PUNHOS
Testes especiais:
⇒ Teste de Phalen: indicado para síndrome do túnel do carpo.
Consiste na reprodução da dor com a flexão forçada dos pu-
nhos por 1 minuto. O examinador sustenta o antebraço dis-
talmente, com a mão contra lateral. Com a outra, ele segura
a mão do paciente para flexão máxima do punho e a mantém
por aproximadamente 1 minuto.
Figura 61: Manobra de Phalen.
55
Figura 62: Teste de Phalen invertido.
.
Fonte: Google Imagens, 2021.
56
Figura 64: Teste de Finkelstein.
COTOVELOS
57
Testes especiais:
⇒ Teste de Cozen: indicado para epicondilite lateral, também
conhecida como cotovelo do tenista. O teste é realizado com
o cotovelo em 90º de flexão e com o antebraço em pronação.
Pede-se ao paciente que realize a extensão ativa do punho
contra a resistência que será imposta pelo examinador. O tes-
te será positivo quando o paciente referir dor no epicôndilo
lateral, origem da musculatura extensora do punho e dedos.
Figura 66: Teste de Cozen.
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⇒ Teste para epicondilite medial: paciente sentado, estende o
cotovelo e supina a mão; paciente vai flexionar o punho con-
tra resistência do examinador. O teste será positivo se o pa-
ciente referir dor no epicôndilo medial.
Figura 68: Teste para epicondilite medial.
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Figura 70: Manobra para avaliar cotovelo de golfista.
OMBROS
Testes especiais:
⇒ Teste do arco doloroso de Simmonds: Avalia os processos in-
flamatórios do tendão do músculo supraespinhal e as bolsas
sinoviais do ombro. A manobra consiste na elevação ativa do
ombro no plano da escápula (frontal) com o membro em rota-
ção medial. É positivo quando apresenta dor entre 70º e 120º.
O atrito do tendão supraespinhal sob o arco coracoacromial é o
mecanismo que produz a dor. Se a dor ocorre entre 140º e 180º,
provavelmente a origem é na articulação acromioclavicular.
Figura 71: Teste do arco doloroso de Simmonds.
60
⇒ Teste do músculo supraespinhal de Jobe: Esse teste é rea-
lizado com o paciente em pé ou sentado, com o ombro em
abdução de 90º, anteflexão de 30º e rodado medialmen-
te no plano da escápula (rotação interna). O examinador
exerce uma força para baixo dos membros superiores do
paciente tentando aduzir. O teste positivo é o apareci-
mento da dor na face ântero-lateral do ombro acompa-
nhada ou não de diminuição da força ou incapacidade de
realizar o movimento. Significado: tendinite ou ruptura do
supraespinhal.
Figura 72: Teste de Jobe.
61
Figura 73: Teste de Neer.
62
⇒ Teste de Hawkins: o paciente deverá ficar de pé de costas para
o examinador. Este deverá apoiar a sua mão no ombro do pa-
ciente e com a outra mão conduzir o cotovelo em flexão de 90º
e fazer uma manobra rápida de rotação externa para interna,
provocando atrito do tendão supraespinhal contra a borda an-
teroinferior do acrômio e ligamento coracoacromial. A presen-
ça de dor ou diminuição da força caracteriza o exame positivo
sugerindo bursite e/ou tendinite do supraespinhal.
Figura 75: Teste de Hawkin.
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⇒ Teste de Speed ou palm-up test: avalia o tendão da cabeça
longa do bíceps. Realizado através da flexão do ombro con-
tra resistência, estando o antebraço estendido e supinado. O
teste será positivo se provocar dor na cabeça longa do mús-
culo bíceps braquial (sulco intertubercular e o braço).
Figura 77: Teste de Speed.
64
Figura 79: Sinal de Hueter.
65
QUADRIL
Testes especiais:
⇒ Teste de Trendelenburg: este teste é executado para verificar
se há insuficiência do músculo glúteo médio. Este músculo
estabiliza a pelve, impedindo o infra desnivelamento da pel-
ve no lado oposto a contração muscular durante a fase de
oscilação da marcha. Essa manobra é realizada solicitando
ao paciente em pé que flexione o quadril e o joelho de um
lado, enquanto se observa o nível das cristas ilíacas. O teste
é positivo quando ocorre a queda da pelve para o lado não
apoiado, denotando insuficiência do glúteo médio do lado
oposto. Durante a marcha a queda da pelve também pode ser
observada. Na tentativa de compensar essa queda, o pacien-
te inclina o tronco para o lado oposto, permitindo a elevação
do membro (sinal de Trendelenburg).
Figura 80: Teste de Trendelenburg.
66
Figura 81: Teste de Thomas.
67
Figura 83: Teste de Patrick ou Fabere.
JOELHOS
Testes especiais:
Instabilidade articular:
68
Figura 84: Avaliação da intebilidade articular.
69
do ligamento cruzado anterior, a tíbia desliza, anormalmente, para a
frente (sinal da gaveta anterior positivo). Quando há lesão do cruzado
posterior, a tíbia desliza para trás (sinal da gaveta posterior positivo).
Figura 86: Teste da gaveta posterior.
Manobras meniscais:
⇒ Manobra de McMurray: possibilita diagnosticar as lesões do
corno posterior dos meniscos. É realizada com o paciente em
decúbito dorsal, com quadril em flexão de 90º e o joelho em
flexão maior que 90º. O examinador segura o pé na região
do calcanhar e com a outra mão sobre a articulação do joe-
lho nas interlinhas medial e lateral. O pé é levado da posição
de abdução e rotação externa para adução e rotação interna.
Dor com ou sem estalido na interlinha medial no final da ro-
tação lateral pode sugerir lesão do menisco medial. Dor com
ou sem estalido na interlinha lateral ao final da rotação me-
dial sugere lesão do menisco lateral.
70
Figura 87: Teste McMurray.
71
Figura 89: Manobra de Steinmann.
TORNOZELO E PÉ
⇒ Teste da ponta dos pés: usado para avaliar a integridade
dos tendões calcâneos e tibial posterior. Com o paciente
em apoio bipodálico é solicitado colocar-se nas pontas
dos pés (apoiado sobre os MTFs), enquanto se observa as
faces medial e posterior do tornozelo e do pé. O resulta-
do esperado consiste em se obter a elevação suave e si-
métrica dos calcanhares, acompanhado de uma variação
progressiva do retropé à medida que aumenta sua eleva-
ção em relação ao solo.
Sinal dos “muitos dedos”: indica deformidade em abdução do
antepé em relação aos demais seguimentos. Esse sinal geralmente
se relaciona com a pronação do retropé em decorrência da insufi-
ciência do tendão tibial posterior (pode ocorrer na artrite reuma-
toide).
72
Figura 90: Sinal dos “muitos dedos”.
COLUNA VERTEBRAL
Testes especiais:
⇒ Teste de compressão: com o paciente em posição sentada,
realiza-se a compressão progressiva da cabeça. Tal manobra
causa o aumento na dor cervical, em razão do estreitamento
foraminal secundário, aumento da pressão na raiz acometida,
sobrecarga nas facetas articulares e maior sensibilização mus-
cular. Evita-se o teste na suspeita de instabilidade cervical.
Figura 91: Teste de Compressão.
73
⇒ Manobra de Spürlling: Consiste na extensão e rotação con-
juntas da cabeça para o lado acometido, resultando na re-
produção ou aumento da dor radicular. Teste específico, mas
pouco sensível para compressão ou irritação radicular.
Figura 92: Manobra de Spürlling.
74
⇒ Manobra de Laségue: paciente em decúbito dorsal, pernas
estendidas, musculatura relaxada. A mão esquerda do exami-
nador deve imobilizar o ilíaco e a mão direita elevar o mem-
bro inferior segurando-o na altura do tornozelo. A positivida-
de da manobra (sinal de Lasegué) se traduz por dor na face
posterior da coxa em um ângulo de 30º a 70°. Abaixo de 30º
deve-se suspeitar de somatização e acima de 70º a dor é co-
mum e sem significado clínico.
Figura 94: Manobra de Laségue.
75
⇒ Teste de Schober: avalia a flexibilidade do segmento lombar.
Com o paciente em pé, faz-se uma marca na região lombar, no
meio de uma linha imaginária unindo as duas espinhas ilíacas
póstero-superiores. Faz-se uma nova marca 10 cm acima da
primeira. Pede-se para o paciente fletir o tronco ao máximo,
mantendo os joelhos estendidos. Mede-se a distância entre
as duas marcas. A distância normal deve ultrapassar 15 cm.
Figura 96: Teste de Schober.
Punhos
⇒ Inspeção – dorso e palma
76
⇒ Volume, rubor, desalinhamento, pele.
⇒ Trofismo muscular da região tenar e hipotenar
Palpação:
⇒ interlinha articular (sua identificação pode ser facilitada
com movimentos de flexo-extensão do punho.
⇒ dorso do punho- avaliar se tem artrite: temperatura (dorso
mão), aumento de volume (consistência) dor e crepitações.
⇒ Movimentação: avaliar dor e limitação de amplitude de
movimentos (ADM)
⇒ Flexão, extensão dos punhos
⇒ Flexão, extensão, abdução e adução.
Mãos
⇒ Inspeção – dorso e palma
⇒ Volume, rubor, hipotrofia de musculatura interóssea, desali-
nhamento dos dedos e outros (nódulos /unhas)
⇒ Palpação: avaliar se tem artrite
⇒ Teste Squeeze ou aperto de mão nas MCFs DIR e ESQ
⇒ Examinar na sequência MCFs è IFPs èIFDs DIR e ESQ
⇒ Movimentação: avaliar dor e limitação de amplitude de mo-
vimentos (ADM)
⇒ Flexão das MCFs e IFPs, extensão, abdução, adução dos dedos
Cotovelos
⇒ Inspeção (pele, nódulos, edema, rubor, cicatrizes, nódulos)
⇒ Trofismo dos bíceps.
⇒ Palpação (avaliar se tem artrite: calor, edema, dor...)
⇒ Interlinha articular (entre epicôndilo e o olécrano)
⇒ Movimentação (avaliar dor e ADM)
⇒ Flexão/extensão/supinação/ pronação
77
Ombros
⇒ Inspeção (simetria, atrofia músculos deltoide e peitoral), sul-
co deltopeitoral, desalinhamento)
⇒ Palpação
⇒ Articulações esternoclavicular, acrômio-clavicular, glenou-
meral
⇒ Crepitações
⇒ Movimentação
⇒ Flexão/ extensão/abdução/adução/rotação externa/interna
Quadris
⇒ Inspeção – paciente em posição ortostática e a marcha.
⇒ Trofismo muscular dos glúteos
⇒ Palpação:do trocânter maior DIR e ESQ (bursa trocantérica)
⇒ Movimentação (avaliar dor e ADM): flexão/ extensão/rotação
externa/interna
Joelhos
⇒ Inspeção – primeiro paciente de pé (varo/valgo)
⇒ Trofismo muscular – quadríceps, (simetria)
⇒ Edema, rubor, pele, cicatrizes
Palpação
⇒ Interlinha articular borda da patela e tendão infrapatelar
(avaliar artrite) e crepitações.
⇒ Pesquisa de derrame articular (Sinal da onda/ tecla)
⇒ Movimentação (avaliar dor, crepitação e ADM): flexão/ extensão
78
Tornozelos
⇒ Inspeção
♦ Interlinha: região inframaleolar medial e lateral ao centro
no dorso (Edema, calosidades, rubor, tendão calcâneo)
⇒ Palpação: artrite, fáscia plantar e tendão calcâneo
⇒ Movimentação (avaliar dor e ADM)
⇒ Flexão/ extensão/eversão/inversão (movimentar apenas o
calcâneo)
⇒ Pés: inspeção e palpação semelhante ao exame das mãos.
⇒ Flexão/ extensão/eversão/inversão (esgurando a ponta do pé)
Coluna vertebral
⇒ Cervical
⇒ Inspeção: lordose (normal/ retificada)
⇒ Palpação (avaliar dor): processos espinhosos, transverso, tra-
pézio e musculatura paravertebral
⇒ Movimentação: Flexão/ extensão /Rotação/Lateralização
⇒ Dorsal
⇒ Inspeção
♦ Pele (manchas), cifose (normal/ aumentada)
♦ Escoliose: convexidade destro/sinistro
♦ Triângulo de Talhe – Teste da inclinação anterior (Giba/
Adams)
⇒ Palpação (avaliar dor)
⇒ Processo espinhoso, transverso e musculatura paravertebral
⇒ Expansibilidade torácica
⇒ Movimentação (avaliar dor e ADM)
⇒ Rotação Dir/Esq
79
Lombar
⇒ Inspeção
♦ Pele (manchas), lordose (normal/ retificada)
♦ Simetria das pregas subcostais, cristas ilíacas, pregas
glúteas
⇒ Palpação: processos espinhosos, transversos e musculatura
paravertebral
⇒ Movimentação: avaliar dor e limitação
⇒ Flexão/ extensão/rotação DIR e ESQ/Lateralização DIR e ESQ
⇒ Exame neurológico: pontas pé e calcanhar, reflexos patelar e
Aquilleu, força muscular, Laségue.
REFERÊNCIAS
80
periféricas. 1ª ed. São Paulo (SP): Manole; 2001.
ORTIZ J. Semiologia da coluna vertebral. Revista Brasileira de Ortope-
dia. V. 27, n. 3, p. 93-100. Março 1992.
PORTO C. C. Semiologia médica. 6ª ed. São Paulo (SP): Guanabara Koo-
gan; 2009.
VIEIRA W.P., SANTOS W.S. Exame físico. In: VASCONCELOS J. T. S. (editor)
Livro da Sociedade Brasileira de Reumatologia. 1. ed. Barueri - São Pau-
lo: Manole. p.18-24. 2019.ALAPONT E.A. Exploración del aparato locomo-
tor en Reumatología Pediátrica. Protocolos diagnósticos y terepéuticos
em Reumatología pediátrica. n. 2, p. 1-16. 2020.
VOLPON J.B. Semiologia ortopédica. Medicina Ribeirão Preto. v. 21, p.
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YOSHIKAWA G., CASTRO R.C. Semiologia osteoarticular. In: Manual de
Semiologia Médica, a prática do exame físico. v.1, p. 150-171. 2018.
OSCE Skills. Musculoskeletal medicine. Medistudents, 2018. Disponível
em:<URL> https://www.medistudents.com/osce-skills. Acesso em: 24,
abril de 2021.
OSCE Skills. Musculoskeletal medicine. Medistudents, 2017. Disponível
em:<URL> https://www.medistudents.com/osce-skills/spine-examina-
tion. Acesso em: 24, abril de 2021.
81
Capítulo
3 EXAMES LABORATORIAIS
EM REUMATOLOGIA
Mainã Cristina Santos dos Santos, Vinícius de Paula Ueoka dos Anjos Barros,
Juliana Lasmar Ayres do Amaral
Introdução
NÚCLEO .........................................................................................................................................................................REAGENTE
NUCLEOLO ..........................................................................................................................................................NÃO REAGENTE
CITOPLASMA ......................................................................................................................................................NÃO REAGENTE
APARELHO MITÓTICO .......................................................................................................................................NÃO REAGENTE
PLACA METAFÁSICA CROMOSSÔMICA ....................................................................................................................REAGENTE
PADRÃO ................................................................................................................................................NUCLEAR HOMOGÊNEO
TÍTULO ..................................................................................................................................................................................1/640
82
Lembrar que nem todo FAN positivo deve ser interpretado como
doença!
Tabela com os principais autoanticorpos e moléculas que o clínico geral pode solicitar
e suas respectivas doenças relacionadas:
Esclerose sistêmica Anti Scl-70 (anti topoisomerase I) Anti centrômero, anti RNP
Algumas observações:
83
ma doença autoimune, principalmente se o autoanticorpo for especí-
fico para uma determinada doença. Portanto é aconselhável acompa-
nhar esses pacientes, de forma criteriosa.
84
⇒ Complementos (C3 e C4): São proteínas de membrana plas-
mática, sendo os principais mediadores humorais do pro-
cesso inflamatório junto com os anticorpos. Sua ativação
por complexos imunes que se depositam em múltiplos ór-
gãos, está diretamente ligada à fisiopatogenia do Lúpus
Eritematoso Sistêmico. Ficar atento em relação à algumas
doenças que podem diminuir complemento sérico, como
por exemplo: algumas vasculites, angioedema e artrite
reativa pós estreptocócica.
Transparência Claro
Cor Incolor
Algumas observações:
⇒ Líquidos purulentos podem ser viscosos.
⇒ Quanto mais opaco o líquido, mais leucócitos ou hemácias
contem nele o que pode significar mais inflamação ou san-
gramentos, inclusive acidente de punção.
⇒ Pode ser encontrado uma quantidade baixa de leucócitos,
85
inclusive < 2000/mm3 em alguns acometimentos não infla-
matórios, como por exemplo na hemocromatose. Os líquidos
sinoviais inflamatórios geralmente apresentam mais de 2000
leucócitos/mm3.
⇒ O líquido sinovial séptico contem entre 50-150.000 leucóci-
tos/mm3, com predomínio de células polimorfonucleares
(geralmente ≥ 70%).
⇒ A presença de eosinofilia no líquido sugere infecção parasitá-
ria, Lyme ou neoplasias.
86
Mapa mental:
87
REFERÊNCIAS
88
4
Capítulo
MONOARTRITES
Danilo Jun Kadosaki, Elias Goes Salviano, Juliana Lasmar Ayres do Amaral
Caso clínico:
Identificação: AIJ, homem, 58 anos, taxista, casado, procedente de Be-
lém/PA.
Queixa principal: Dor e inchaço no joelho direito há 2 dias.
História da Doença Atual: Paciente relata dor no joelho direito há 2
dias, evoluindo com piora, inicialmente de intensidade 5 (0-10) e hoje
está 10 (0-10), sendo bastante limitante. Não irradia e nega fatores de
piora, com melhora ao uso de ibuprofeno. Associa atualmente a ede-
ma articular ipsilateral.
89
Introdução
Monoartrite aguda é definida como uma artrite em uma articula-
ção por um período menor que 4 semanas. Visto isso, o primeiro passo
é avaliar o sintoma de dor e confirmar se a dor é de fato articular, uma
vez que pode ser advinda de regiões adjacentes, como músculos, ossos
e nervos.
Primeiramente, os sinais inflamatórios devem ser confirmados,
como dor à palpação, a movimentação, rubor, calor, edema. Entretanto,
torna-se válido lembrar que os sinais flogísticos não são evidenciados
comumente no ombro, quadril, coluna e na sacroilíaca.
Além disso, é importante que seja detalhada a artrite:
1. Articulação envolvida: Gota em homens tem acometimento
mais frequente da primeira metatarsofalangeana, tornozelo e
joelho, enquanto a artrite séptica e a osteoartrite têm acome-
timento de grandes e médias articulações;
2. Início: As monoartrites de início abrupto podem ser sugesti-
vas de artrite por cristais ou infecção, enquanto as de início
insidiosa e gradual são mais relacionadas às monoartrites
crônicas, como a artrite tuberculosa;
3. Histórico de trauma articular: Importante a investigação de
injúrias de ligamentos, meniscos ou fraturas;
4. Frequência dos episódios: Artrite por cristais são recorrentes
e autolimitados e a artrite séptica não é recorrente, mas pode
apresentar mais de um episódio devido a uma nova infecção
(mais de um episódio ocorre quando há imunodepressão –
como no caso dos pacientes reumatológicos que usam imu-
nossupressores);
5. Sintomas e sinais extra-articulares: Febre é sugestiva de artri-
te infecciosa. Além disso a presença de leucorreia, tenossino-
vite, uretrite e lesões cutâneas são características da artrite
gonocócica.
90
6. Atividade sexual: Referente a pacientes ativos sexualmente e
sem o uso de preservativos é importante que seja pensado
em Artrite gonocócica.
7. Uso de drogas intravenosas e paciente imunossuprimido: Pa-
cientes com essas características são mais suscetíveis à artri-
te infecciosa.
Após realizar a hipótese diagnóstica de síndrome de monoartrite
aguda, por meio da anamnese e a confirmação de artrite pelo exame físi-
co, a conduta de livro é a realização de artrocentese, com análise do líqui-
do sinovial na tentativa de definir a etiologia da dor articular inflamatória.
Padrões de avaliação do líquido como cor e aspecto (transparente
ou purulento), celularidade (predomínio de polimorfonucleares ou lin-
fomononucleares), presença de cristais, proteínas e glicose no líquido
são essenciais, além da cultura para a diferenciação das síndromes de
monoartrite.
Etiologias
Quadro 1: Principais etiologias da Monoartrite aguda
1. Trauma
Será relatado pelo paciente por meio de uma história de queda.
Salvo casos de demência em idosos ou perda de consciência associada
ao trauma. A avaliação com artrocentese após estabilização articular e
controle sintomático é importante para descartar hemartrose.
91
2. Infecciosa
Classicamente dividida em Gonocócicas e Não gonocócicas:
2.1.2. Conduta
2.1.3. Tratamento
92
mais intensa que a Artrite gonocócica, com maior risco de perda articu-
lar, na ausência do tratamento. A susceptibilidade a este tipo de infec-
ção será maior em imunocomprometidos, pacientes com doença renal
crônica, idosos e em paciente em uso de próteses articulares.
O diagnóstico e o tratamento precoce são os mediadores do prog-
nóstico do paciente, uma vez que a demora da conduta adequada pode
desencadear sequelas irreversíveis.
2.2.3 Diagnóstico
93
Outros exames laboratoriais podem ser solicitados para auxiliar
no diagnóstico:
⇒ Hemograma: presença de leucocitose;
⇒ VHS: aumentado;
⇒ PCR: aumentado;
⇒ Hemocultura;
⇒ Urina EAS e cultura.
Exames de radiografia simples não são necessários, pois não é
possível identificar alterações nos quadros agudos de artrite séptica.
Em alguns casos a realização de ressonância magnética ou ultrassono-
grafia da articulação afetada, podem ajudar na localização de absces-
sos e osteomielite.
2.2.4. Tratamento
94
3. Induzida por cristais
Podem ser divididas em duas: Gota e Pseudogota.
3.1 Gota
Fonte: Santos, F.D. Gota: uma revisão. Rev. Med. UFPR. v.3, n.1, p.25-31, 2016
3.1.1 Patogênese
95
⇒ Aumento da produção:
♦ Fatores nutricionais: consumo exacerbado de álcool e
obesidade;
♦ Hematológico: doenças mieloproliferativas, doenças lin-
foproliferativas e desordens hemolíticas;
♦ Doenças sistêmicas: psoríase e neoplasias malignas;
♦ Drogas: citotóxicas (como por exemplo a ciclosporina),
varfarina e ácido nicotínico.
⇒ Redução da excreção:
♦ Fatores nutricionais: Álcool e obesidade;
♦ Renal e vascular: doença renal e hipertensão;
♦ Metabólitos e hormônios: ácidose lática, cetose (jejum,
diabetes), vasopressina e angiotensina
♦ Drogas: aspirina, diuréticos tiazídicos, etambutol, fenil-
butazona, furosemida e pirazinamida.
3.1.3. Diagnóstico
96
O diagnóstico pode ser definitivo ou provável:
1. Definitivo: Realizar artrocentese e verificar a presença de cris-
tal de urato nos neutrófilos contidos no líquido sinovial, o
qual é inflamatório, não purulento e com cultura negativa.
2. Provável: Precisa ter a presença dos 3 itens seguintes conco-
mitantemente:
♦ Monoartrite episódica com períodos assintomáticos;
♦ Hiperuricemia;
♦ Melhora em 48h após uso de colchicina
97
3.1.5. Tratamento
98
3.2 Pseudogota
3.2.1 Definição
3.2.2 Diagnóstico
99
Figura 3: Condrocalcinose (pseudogota).
3.2.3. Tratamento:
100
Respostas caso clínico
⇒ Síndrome de monoartrite aguda.
⇒ Gota, pseudogota, osteoartrite.
⇒ Solicitar raio-x da articulação, artrocentese diagnóstica com inves-
tigação de cristais, dosagem de ácido úrico para verificar fator de
risco.
⇒ A artrocentese poderia mostrar cristais de birrefrigência negativos;
o raio-x poderia mostrar erosão óssea e outros sinais de inflama-
ção; o ácido úrico elevado poderia ser fator de risco para gota.
⇒ Não medicamentoso: 1. Explicar sobre a doença; 2. Orientar sobre ali-
mentação; 3. Orientar higiene do sono e medidas de controle da dor
⇒ Medicamentoso: 1. Controle da dor – AINE: naproxeno 500mg até
6/6h; 2. Prevenção de crises após a crise: alopurinol 300mg/dia.
Referências
AZEVEDO VF. et al. Benzbromarone in the treatment of gout. Advances in
rheumatology, v.59, n.37, [s.l.], 2019
AZEVEDO VF. et al. Revisão crítica do tratamento medicamentoso da
gota no Brasil. Rev bras reumatol., v.57, n.4, p.346-355, 2017
FERNANDEZ RN, NETO FAB. Artrite séptica bacteriana não gonocócica e
osteomielite. In: VASCONCELOS J. T. S. (editor) Livro da Sociedade Brasi-
leira de Reumatologia. 1. ed. Barueri - São Paulo: Manole. p.392-396, 2019
GOMES, RS.; et al. Diagnóstico da monoartrite aguda na emergência.
Rev Bras Clin Med. v.7, n.1, p.104-110, 2009
LEITE RP. et al. Evidências de revisões sistemáticas Cochrane sobre o
tratamento da gota. Diagn. tratamento, v.24, n.2, p.70-81, abr-jun 2019
MEDEIROS, M.M.C. Abordagem do paciente com monoartrite. In: MEDEI-
ROS, M.M.C. (org). Manual de reumatologia para residentes. 1. Ed. Forta-
leza: Premius Editora. p.28-28, 2014
101
PINHEIRO GRC, FULLER R, BERND R. Gota. In: VASCONCELOS J. T. S. (edi-
tor) Livro da Sociedade Brasileira de Reumatologia. 1. ed. Barueri - São
Paulo: Manole. p.376-380, 2019
SANTIAGO MB, et al . Condrocalcinose articular familiar. Rev. Bras. Reu-
matol., São Paulo, v. 44, n. 4, p. 305-307, Aug. 2004
SANTOS FD. Gota uma revisão. Rev. Med. UFPR. v.3, n.1, p.25-31, 2016
VIEIRA RMRA, MONTALVERNE ARS. Artrite gonocócica. In: VASCONCELOS
J. T. S. (editor) Livro da Sociedade Brasileira de Reumatologia. 1. ed. Ba-
rueri - São Paulo: Manole. p.397-400, 2019
102
103
5
Capítulo
OLIGOARTRITES
CRÔNICAS
Luis Fernando Freitas de Sousa, Sergio Cunha Trindade Júnior,
Roberta Vilela Lopes Koyama
Caso Clínico:
Introdução
As oligoartrites crônicas são um grupo de doenças que acomete
de 2 a 4 articulações por um período de mais de 6 semanas, tendo como
característica a distribuição assimétrica.
As espondiloartropatias são as causas mais comuns de oligoartri-
tes crônicas, tendo como características: acometimento de articulações
axiais; comprometimento das enteses, sinovites, dactilites; acometi-
mento não articular (uveíte, psoríase e doença inflamatória intestinal);
superposição de formas clínicas; hereditariedade; ausência do fator
reumatoide (soro negativas) e associação com o HLA-B27.
104
Por ser um quadro sindrômico, diversas são as doenças que fazem
diagnóstico diferencial, entre elas a espondilite anquilosante, artrite reati-
va, artrite psoriásica, artropatia enteropática, espondiloartrite de início na
juventude e espondiloartrite indiferenciada. É valido ressaltar que as mani-
festações extra-articulares são fundamentais para o diagnóstico adequado.
Espondilite Anquilosante
Espondilite Anquilosante (EA) é uma doença infla-
matória crônica que acomete preferencialmente a coluna
vertebral, podendo evoluir com rigidez e limitação pro-
gressiva do esqueleto axial, sendo classificada como es-
pondiloartrite axial.
A EA envolve adultos jovens, com pico de incidência
em homens dos 20 aos 30 anos, especialmente em por-
tadores do antígeno HLA-B27, o que, no Brasil, represen-
ta cerca de 60% dos pacientes. É valido ressaltar que há
maior prevalência em brancos (65%) e que pacientes ne-
gros apresentam pior qualidade de vida e avaliação global
da doença.
105
Figura 1: Sacroileíte bilateral.
106
Além do comprometimento axial, a EA também costuma acome-
ter articulações periféricas (oligoartrite de grandes articulações) e
pode causar manifestações extraesqueléticas, tais como uveíte ante-
rior aguda (UAA), insuficiência aórtica, distúrbios de condução cardía-
cos, fibrose de lobos pulmonares superiores, neurite, nefropatia ou
amiloidose renal secundária.
1.2 Diagnóstico:
*Aplicar em pacientes com dor lombar, ≥ 3 meses e início antes dos 45 anos.
107
1.3. Tratamento:
Tratamento farmacológico:
Artrite Psoriásica
Artrite Psoriásica (AP) é uma doença articular infla-
matória associada à psoríase, condição caracterizada por
hiperplasia epidérmica e uma ativação imune inadequa-
da, tanto por fatores ambientais quanto genéticos.
A APs pode acometer as articulações, enteses, pele e
unhas. Há uma incidência semelhante entre ambos os se-
xos, com predomínio de acometimento em adultos entre
40 e 50 anos. Estudos apontam que a doença acomete cer-
ca de 30% dos pacientes com psoríase, correspondendo a
cerca de 2 a 4% da população ocidental.
108
1.4. Quadro clínico:
109
1.5. Diagnóstico:
1.6. Tratamento:
Tratamento farmacológico:
110
tratados somente com uso de AINEs (ex: Naproxeno); em casos mode-
rados, pode-se entrar com uso de DMCD sintéticos (ex: MTX, sulfassala-
zina, leflunomida); em casos graves ou refratários aos outros medica-
mentos, há indicação de uso de biológicos (Anti-TNF alfa, anti-IL17). Em
pacientes que apresentem padrões de acometimento axial, os melho-
res medicamentos para uso são AINEs e biológicos.
Caso Clínico
Hipótese diagnóstica: Oligoartrite crônica
#respotas
REFERÊNCIAS
111
SIEPER J, et al. The Assessment of SpondyloArthritis international So-
ciety (ASAS) handbook: a guide to assess spondyloarthritis. Annals of
the rheumatic diseases, v.68, n.2, p.ii1-ii44, 2009.
SHINJO S, MOREIRA C. Livro da sociedade brasileira de reumatologia. 2°
edição. São Paulo: Manole; 2021.
VEALE J, FEARON U. The pathogenesis of psoriatic arthritis. The Lancet,
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WARD M., et al. 2019 Update of the American College of Rheumatolo-
gy/Spondylitis Association of America/Spondyloarthritis Research and
Treatment Network recommendations for the treatment of ankylosing
spondylitis and nonradiographic axial spondyloarthritis. Arthritis &
Rheumatology, v.71, n.10, p.1599-1613, 2019.
112
113
6
Capítulo
POLIARTRITES
AGUDAS
Arilson Lima da Silva, Polyana Nathércia Vale da Luz,
Roberta Vilela Lopes Koyama
Caso Clínico:
Introdução
Poliartrite é o acometimento 5 ou mais articulações, podendo
estar associada a etiologias reumáticas e não reumáticas. O tempo
de evolução inferior a 4 semanas a classifica como aguda, entre 4 e 6
semanas subaguda e superior a 6 semanas como crônica. Ademais, é
válido ressaltar que uma doença pode iniciar com uma monoartrite e
evoluir para uma poliartrite, bem como algumas poliartrites crônicas
(AR, LES, entre outros) irão se apresentar de forma aguda inicialmente.
114
As poliartrites apresentam etiologias variadas; como infla-
matórias, degenerativas, infecciosas, metabólicas, hematológicas,
reação medicamentosa, dentre outras. Assim dados da anamnese
e do exame físico são essenciais para um correto diagnóstico. Os
exames complementares devem ser solicitados com base nas hipó-
teses diagnósticas sugeridas.
1. Chikungunya
Febre alta (>39º C) de início súbito, associada à intensa artralgia (90% dos pacien-
tes), poliarticular, bilateral, simétrica /assimétrica, em grandes e pequenas articula-
Fase Aguda ou
ções, mialgia (leve-moderada), podendo ocorrer edema associado a tenossinovite.
Febril
Além disso, pode vir acompanhada de dores nas costas, rash cutâneo, cefaleia e fa-
diga, com duração média de sete dias.
Fonte: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/chikungunya_manejo_clinico.pdf
115
Figura 2A-2B: evolução da paciente no 1º e 5º dias.
116
Figura 3B: Paciente com edema persistente na mão direita, em torno de 60 dias após o
início dos sintomas.
Figura 3C: Paciente com edema nos joelhos e perda das depressões normais.
Figura 3D: Paciente com edema persistente no pé e tornozelo após 50 dias do início
dos sintomas
117
1.2. Diagnóstico:
Exames laboratoriais:
⇒ Exames específicos: métodos diretos e métodos indiretos.
♦ Métodos diretos: Pesquisa de vírus (isolamento viral) e RT-
-PCR.
♦ Métodos indiretos: Sorologia IgG e IgM (Elisa), soroconver-
são e PNRT, inibição da hemaglutinação, patologia (pes-
quisa de antígenos virais por imuno-histoquímica (IHQ)).
⇒ Exames inespecíficos
Fase aguda: alterações inespecíficas. Leucopenia com linfopenia menor
que 1.000 cels/mm3 é a observação mais frequente. A trombocitopenia
inferior a 100.000 cels/mm3 pode ocorrer, sendo menos frequente que
na dengue. A velocidade de hemossedimentação e a proteína C-rea-
tiva encontram-se geralmente elevadas, podendo permanecer assim
por algumas semanas. Outras alterações podem ser detectadas, como
elevação discreta das enzimas hepáticas, da creatinina e da creatino-
fosfoquinase.
118
Figura 4: Fases Clínicas da Chikungunya
Doença Características
As manifestações clínicas das duas enfermidades são muito parecidas, mas aquelas
Mayaro produzidas pelo CHIKV costumam ser bem mais intensas. Quadros clínicos arrastados,
com meses de duração, também podem ser causados pelo Mayaro.
Fonte: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/chikungunya_manejo_clinico.pdf
119
Intensidade da dor
Leve Leve/Moderada Moderada/Intensa
articular
Cefaleia +++ ++ ++
Acometimento
+ +++ ++
Neurológico
1.3. Tratamento:
Não medicamentoso:
Educação do paciente:
⇒ Orientar sobre os sinais de gravidade e sobre os grupos de
risco;
⇒ Explicar o que é a doença: doença febril aguda com acome-
timento articular, a artralgia pode durar meses ou anos, de-
pendendo da evolução do quadro.
Prognóstico: impacto na capacidade funcional e qualidade de vida, vis-
to que alguns pacientes evoluem para a fase crônica da doença.
Fisioterapia: considerar desde a fase aguda, podendo ser associada à
crioterapia como medida analgésica. É prescrito nas fases subaguda e
crônica, com o intuito de minimizar o dano osteoarticular e possibilitar,
consequentemente, a sua reabilitação.
120
Terapia ocupacional: a confecção de órteses como terapia adjuvante,
obtendo-se um alívio mais rápido da dor e, sobretudo, auxiliando a
prevenir atrofias musculares consequentes ao desuso da articulação
comprometida.
Exercícios: após o início da regressão da dor e do edema, podem-se
recomendar exercícios ativos, até o limite da tolerância do paciente.
Adicionam-se exercícios isométricos mais vigorosos utilizando os prin-
cípios de proteção articular e conservação de energia. Realizar movi-
mentação ativa das articulações acometidas ao acordar, cinco vezes ao
longo do dia e antes de dormir.
Psicoterapia: apoio psicológico quando necessário.
O retorno das atividades diárias deve ser gradativo, respeitando
o limite da dor e a sobrecarga articular. Além disso, deve-se manter a
utilização das compressas frias com a mesma frequência da fase aguda.
Em situações especiais pode-se utilizar calor.
Tratamento medicamentoso:
121
De forma a realizar uma melhor avaliação da dor do paciente, po-
de-se utilizar a escala visual analógica (EVA de 0-10 cm) de dor.
Figura 6: Escala Visual Analógica (EVA)
122
Figura 8: Dor na fase subaguda
2. Dengue
A Dengue é uma doença febril aguda, sistêmica e dinâmica, que
pode apresentar um amplo espectro clínico, variando de casos assin-
tomáticos a graves. O vírus da Dengue (RNA) é um Arbovírus do gênero
Flavivírus, família flaviviridae, com os sorotipos: DENV1, DENV2, DENV3 e
DENV4. Em geral, é uma doença debilitante e autolimitada. No entanto,
pode evoluir para formas graves, inclusive óbitos. Pode apresentar três
fases clínicas: febril, crítica e de recuperação.
123
⇒ Fase Febril: febre > 38ºC, cefaleia, astenia, mialgia e dor retro
orbitária. Anorexia, náuseas, vômitos e diarreia, também po-
dem ocorrer.
⇒ Fase Crítica: declínio da febre entre o 3º e o 7º dia. Há risco
de evolução para a forma grave. Atentar para os sinais de
alarme.
⇒ Fase de Recuperação: ocorre 24h a 48h após a fase crítica. Há
melhora do estado geral, exantema e/ou prurido generaliza-
do podem se manifestar nessa fase.
Sinais de alarme: dor abdominal intensa (referida ou à palpação)
e contínua, vômitos persistentes, acúmulo de líquidos (ascite, derrame
pleural ou derrame pericárdico), hipotensão postural e/ou lipotimia,
letargia e/ou irritabilidade, hepatomegalia maior do que 2cm abaixo
do rebordo costal, sangramento de mucosa e aumento progressivo do
hematócrito.
Manifestações articulares: artralgia pode estar presente, dor arti-
cular de intensidade leve, raramente ocorre edema articular.
2.2. Diagnóstico:
Exames laboratoriais:
⇒ Exames inespecíficos: hematócrito, contagem de plaquetas e
a dosagem de albumina.
⇒ Exames específicos: métodos diretos e métodos indiretos.
♦ Métodos diretos: Pesquisa de vírus e RT-PCR.
♦ Métodos indiretos: Sorologia IgG e IgM (Elisa), soro-
conversão e PNRT, inibição da hemaglutinação, pato-
logia (pesquisa de antígenos virais por imuno-histo-
química (IHQ)).
2.3. Tratamento:
124
3. Parvovírus B19
Diagnóstico
Exames complementares
⇒ Sorologia específica para parvovírus B19 IgG e IgM (ELISA);
125
⇒ Pesquisa do DNA do vírus por PCR;
⇒ Fase de viremia: anemia, plaquetopenia, leucopenia. Conta-
gem de reticulócitos: redução de 90 a 95% dos valores nor-
mais;
⇒ Exame citológico da medula óssea: na microscopia ótica, pre-
sença de inclusões nucleares densas e marginação na croma-
tina nuclear nas células vermelhas maduras e imaturas.
Tratamento
4.1. Diagnóstico
4.2. Tratamento
126
Caso Clínico
REFERÊNCIAS
127
Chikungunya: A guideline. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina
Tropical, v. 49, n. 6, p. 668–679, 2016.
BRITO, C. A. A.; CORDEIRO, M. T. One year after the Zika virus outbreak in
Brazil: from hypotheses to evidence. Rev. Soc. Bras. Med. Trop., v. 49, n.
5, p. 538–543, 2016.
CHACHÁ, R. C. V.; JR, P. L. Monoartrite e Poliartrite Aguda. Medicina, Ri-
beirão Preto, v. 36, p. 418-426, 2003.
NETO, F.M.N. Livro da Sociedade Brasileira de Reumatologia. 1. ed. São
Paulo: Manole, 2018. p.430-432.
128
ANEXO X – QUESTIONÁRIO PARA DIAGNÓSTICO DE DOR NEUROPÁTICA DN4
Por favor, nas quatro perguntas a seguir, complete o questionário mar-
cando uma resposta para cada número:
ENTREVISTA DO PACIENTE
EXAME DO PACIENTE
Questão 3: A dor está localizada numa área onde o exame físico pode
revelar uma ou mais das seguintes características?
8- Hipoestesia ao choque
9- Hispoestesia a picada de agulha
Questão 4: Na área dolorosa a dor pode ser causada ou aumentada por:
10- Escovação
ESCORE
129
Obs.: Se ≥4 pontos do total de 10, sensibilidade = 83% e especificidade
= 90% para confirmação de dor neuropática.
Fontes: SANTOS, J. G. et al. Translation to Portuguese and validation of
the Douleur Neuropathique 4 questionnaire. J. Pain., v. 11, n. 5, p. 484-
490, May 2010;
BOUHASSIRA, D. et al. Comparison of pain syndromes associated with
nervous or somatic lesions and development of a new neuropathic
pain diagnostic questionnaire (DN4). Pain, v. 114, p. 29-36, 2005. Dispo-
nível em: <http://survey.numec.prp.usp.br/index.php/survey/index?si-
d=598224&lang=pt-BR>. Acesso em: 15 de dezembro de. 2020.
130
131
SIM NÃO
SIM NÃO
SIM NÃO
SIM NÃO
132
7
Capítulo
POLIARTRITES
CRÔNICAS
Arilson Lima da Silva, Polyana Nathércia Vale da Luz,
Roberta Vilela Lopes Koyama
Caso Clínico:
a) Acometimento articular:
♦ Início: insidioso.
133
♦ Número de articulações acometidas: 4 articulações (poliar-
ticular).
♦ Duração: com duração maior de 6 semanas (crônico).
♦ Caráter: aditivo.
♦ Distribuição: simétrica.
♦ Sintomas associados: nódulos cutâneas, parestesia em
mãos e pés e olho seco.
b) Dados do exame físico:
♦ Poliartrite crônica de pequenas e grandes articulações.
♦ Nódulos cutâneos.
c) Elaboração de hipótese diagnóstica sindrômica:
♦ Poliartrite crônica
Introdução
Poliartrite é o acometimento de cinco ou mais articulações e podem
ser causadas por doenças inflamatórias/autoimunes, infecções, doenças
neoplásicas, metabólicas e medicamentos. Assim, uma boa anamnese,
exame físico, achados laboratoriais e métodos de imagem são ferramen-
tas essenciais para o diagnóstico diferencial desses quadros.
Epidemiologia:
134
Quadro clínico:
Exame Físico:
135
Figura 1A: Nódulos rematoides e dedos em botoeira.
Fonte: https://www.msdmanuals.com/
Figura 1B: Dedos em pescoço de cisne.
Fonte: https://repositorio.unesp.br/
136
Diagnóstico:
Critério de classificação para AR (algoritmo baseado em pontuação: soma da pontuação das categorias
A - D).. Pontuação maior ou igual a 6 é necessária para classificação definitiva de um paciente como AR
Envolvimento articularA
1 grande articulaçãoB 0
Provas de fase agudaF (pelo menos o resultado de um teste é necessário para classificação)
< 6 semanas 0
≥ 6 semanas 1
Fonte: Rev Bras Reumatol (2010)
137
NOTA
• Considerar envolvimento articular qualquer articulação inchada
ou dolorosa, excluindo-se: IFDs dos pés e mãos, 1ª metatarsofa-
langeanas, 1ª carpometacarpeana.
• Pequenas articulações: MCFs, IFPs, MTFs (2ª a 5ª), 1ª IF e punhos.
• Grandes articulações: ombros, cotovelos, quadris, joelhos, tornoze-
los;
• Na avaliação de >10 articulações pode-se incluir; temporomandi-
bular, esternoclavicular e acromioclavicular.
• Baixos títulos: até três vezes o limite superior da normalidade.
Remissão ≤5
Baixa > 5 e ≤ 20
SDAI
Moderada > 20 e ≤ 40
Alta > 40
Remissão ≤ 2,8
Baixa ≤ 10+
CDAI
Moderada > 10 e ≤ 22
Alta > 22
138
Remissão ≤ 2,6
Fonte: https://www.scielo.br/pdf/rbr/v47n5/a11v47n5.pdf
Diagnósticos Diferenciais
Exames laboratoriais:
⇒ Marcadores sorológicos: Fator reumatóide e anti-peptídeo ci-
trulinado cíclico (a-CCP).
139
⇒ Marcadores de fase aguda: VHS e PCR.
Tratamento:
140
⇒ Psicoterapia: apoio psicológico quando necessário.
⇒ Vacinação de preferência antes de iniciar a imunossupressão,
mas caso já esteja em uso de imunossupressor pode receber
as vacinas com vírus inativados.
⇒ Tratamentos com anti-parasitários: albendazol 400 mg e sec-
nidazol 2g dose única e ivermectina 6mg para cada 30kg de
peso, por dois dias e repetir após 15 dias por mais 2 dias.
⇒ Tratamento de comorbidades pelo risco cardiovascular au-
mentado como HAS, DM, dislipidemia, osteoporose, depressão.
⇒ Orientar anticoncepção pelo risco de teratogenicidade com
as medicações utilizadas (metotrexate, AINES, leflunomide).
⇒ Dieta saudável com controle de peso adequado.
⇒ Cessar o tabagismo, pois pode agravar a atividade da doença.
⇒ Prevenção de osteoporose com dieta enriquecida em cálcio e
suplementação de vitamina D.
Tratamento farmacológico:
141
Figura 3: Fluxograma do manejo da AR no Brasil
Fonte: https://www.scielo.br/pdf/rbr/v47n5/a11v47n5.pdf
142
⇒ A meta do tratamento deve ser alcançar a remissão, confor-
me critérios ACR/EULAR ou, quando não for possível, a baixa
atividade da doença, avaliada por um dos índices compostos
de atividade de doença.
⇒ Após associação de DMARds, por período de 3meses, po-
de-se realizar associação com imunobiológicos.
⇒ No caso de falha ou toxicidade a um medicamento na ter-
ceira linha de tratamento, o próximo passo será trocar para
outro medicamento modificador do curso da doença bioló-
gico ou sintético listado nesse mesmo nível de complexi-
dade, que não tenha sido previamente utilizado.
143
Reavaliação com história clínica completa, exame físico e exames labo-
ratoriais:
⇒ Anamnese:
♦ Como o sr está? - Pergunta aberta para que ele possa
dizer qualquer sintoma que esteja comprometendo seu
bem-estar.
♦ Como está sua artrite? Dor, EVA, tempo de rigidez mati-
nal, sintomas de doença extra-articular.
♦ Questionar sinais de infecção - febre, tosse, diarreia,
disúria, feridas ou bolhas na pele (decorrente da imu-
nossupressão).
⇒ Exame físico: exame físico geral (anemia, linfonodomega-
lia), tórax (ausculta pulmonar com estertores crepitantes por
doença pulmonar intersticial), abdome (gastrite, hemorragia
digestiva alta), pele (infecção fúngica, herpes zooster, eri-
sipela), e específicos conforme as queixas, pois a AR é uma
doença sistêmica.
♦ Osteoarticular: número de articulações dolorosas, núme-
ro de articulações edemaciadas.
⇒ Exames laboratoriais:
♦ Avaliar a atividade da doença: VHS, PCR.
♦ avaliar efeitos adversos das medicações.
⇒ Conclusão em relação à atividade da doença a cada con-
sulta como: AR em atividade leve, moderada ou alta, com
auxílio do DAS28, escore de atividade da doença, o que
auxiliará na tomada de decisão em relação à terapêutica
(Figura 4).
144
Classificação da resposta terapêutica em artrite reumatoide
de acordo com a variação de pontos dos índices compostos de
atividade da doença.
Figura 4: Classificação da resposta terapêutica em artrite reumatoide de acordo com a
variação de pontos dos índices compostos de atividade da doença.
Fonte: https://sbr-reader.manoleeducacao.com.br/
2.1. Epidemiologia:
Quadro clínico:
145
forma intermitente, não erosiva, portanto, não levam a deformidades.
O fator reumatoide pode estar positivo em 40% dos pacientes e anti-
-CCP em 5%.
2.2. Diagnóstico:
Item Peso
Para o preenchimento dos critérios de classificação, o somatório dos pesos deve ser ≥ 4
2.3 Tratamento:
Tratamento farmacológico:
146
Figura 5A: Fluxograma para o tratamento das manifestacões musculoesqueléticas
147
3 - Hanseníase
Doença crônica granulamatosa, oriunda da infecção pelo Myco-
bacterium leprae. A principal via de eliminação dos bacilos é a aérea
superior, sendo o trato respiratório a mais provável via de entrada do
Mycobacterium leprae no organismo.
148
Figura 6B: Edema em mãos mais evidente à direita.
3.2. Diagnóstico:
⇒ Exame baciloscópico: baciloscopia positiva indica hansenía-
se multibacilar, independentemente do número de lesões.
⇒ Exame histopatológico: indicado como suporte na elucidação
diagnóstica e em pesquisas.
3.3. Tratamento:
4 - Hepatite C
4.1.Quadro clínico:
149
4.2.Diagnóstico:
⇒ Exames específicos: Anti-HCV detectado por meio do teste rápi-
do ou teste sorológico laboratorial. Em casos crônicos, solicitar o
HCV-RNA (RNA do HCV) a fim de confirmar a infecção, monitorar
a resposta ao tratamento e confirmar resultados sorológicos in-
determinados principalmente em pacientes imunossuprimidos.
⇒ Exames inespecíficos: hemograma, TGO, TGP, bilirrubinas,
proteínas séricas, fosfatase alcalina, GGT, alfafetoproteína.
4.3.Tratamento:
O manejo é o tratamento da doença de base.
Caso Clínico
Hipótese diagnóstica:
⇒ Poliartrite Crônica
Diagnósticos diferenciais:
⇒ Inflamatória/autoimune: AR e Síndrome de Sjogren; In-
feccioso: Hanseníase e Hepatite C; e Paraneoplásico:
Mielodisplasia.
Investigação diagnóstica: Resposta
⇒ Artrite reumatoide: fator reumatoide, anti-peptídeo ci-
trulinado cíclico (a-CCP), VHS e PCR.
⇒ Síndrome de Sjogren: FAN, anti-Ro e testes de olho seco.
⇒ Hanseníase: baciloscopia e histopatológico.
⇒ Hepatite C: sorologia para hepatite C (anti-HCV).
⇒ Mielodisplasia: hemograma.
Resultado dos exames solicitados: fator reumatóide e (a-CCP) em
títulos acima do limite superior da normalidade.
Plano de tratamento: Tratamento não medicamentoso+ Corticoide
(0,5mg/kg de peso ) por curto período+ DMARDS (ex: metotrexato
10 a 25 mg/semana)+ Ácido fólico (5mg).
#respotas
150
5 - Mielodisplasia:
As síndromes mielodisplásicas (SMD) representam um grupo he-
terogêneo de doenças com ampla variação de manifestações clínicas e
patológicas, que têm em comum um defeito clonal nas células progeni-
toras hematopoéticas (stem cells).
5.1.Quadro clínico:
5.2. Diagnóstico:
5.3.Tratamento:
REFERÊNCIAS
151
BRASIL. Ministério da Saúde. Guia de Vigilância em Saúde Brasília: Mi-
nistério da Saúde, 2019. p.409-431.
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gren. Rev. Bras. Reumatol., v. 55, n. 5, p. 446–457, 2015.
153
154
8
Capítulo
DOENÇAS
ÓSTEOMETABÓLICAS
Sergio Cunha Trindade Júnior, Luis Fernando Freitas de Sousa,
Juliana Lasmar Ayres do Amaral
Caso Clínico:
Introdução
As doenças osteometabólicas são transtornos do metabolismo
ósseo, em que ocorre perda de massa óssea e alteração de sua micro-
-arquitetura, com consequente fragilidade óssea e aumento da inci-
dência de fraturas. As principais doenças são: a osteoporose, a osteo-
malacia, o hiperparatireoidismo, o raquitismo e a doença de Paget.
Osteoporose
A osteoporose é uma desordem esquelética caracterizada por al-
teração da força óssea associada a diminuição da densidade mineral
155
óssea, com predisposição a aumento do risco de fraturas, principal-
mente as de baixo impacto.
Sua prevalência tem aumentado em função do crescimento da po-
pulação idosa e das mudanças no comportamento humano, tais como
diminuição na ingestão de cálcio, sedentarismo, alcoolismo e tabagismo.
Os fatores de risco mais relevantes são: envelhecimento (>60
anos), sexo feminino, menopausa, etnia branca, sedentarismo, nulí-
paras, história familiar de osteoporose/fratura, baixo índice de massa
corpórea (<19 kg/m2), uso de glicocorticoides, inatividade física e baixa
ingesta dietética de cálcio.
⇒ Doenças endocrinológicas
♦ Hiperparatiroidismo
♦ Hipertireoidismo
♦ Hipogonadismo
♦ Síndrome de Cushing
⇒ Doenças gastrointestinais
♦ Doença celíaca
♦ Doença inflamatória intestinal
♦ Bypass gástrico
♦ Insuficiência hepática e pancreática
♦ Insuficiência renal crônica
⇒ Doenças inflamatórias
♦ Artrite reumatoide
♦ Espondilite anquilosante
♦ Lúpus eritematoso sistêmico
156
A maioria das fraturas vertebrais são assintomáticas e um achado
incidental em radiografias de tórax e coluna (Figura 1). Quando sinto-
máticas cursam com dor (restrita ao sítio da fratura ou irradiando para
o tórax e musculatura adjacente), cifose e redução de altura.
Figura 1: Fratura vertebral por compressão.
1.2. Diagnóstico:
Diagnóstico T-score *
Normal ≥ -1,0
Osteoporose ≤ -2,5
*Critérios estabelecidos para coluna lombar (L1-L4 ou total), fêmur total ou colo, ou
terço médio do rádio.
157
As indicações de densitometria óssea segundo ministério da saú-
de são listadas abaixo:
⇒ Mulheres com idade igual ou superior a 65 anos e homens
com idade igual ou superior a 70 anos, independentemente
da presença de fatores de risco;
⇒ Mulheres na pós-menopausa e homens com idade entre 50 e
69 anos com fatores de risco para fratura;
⇒ Mulheres na perimenopausa, se houver fatores de risco es-
pecíficos associados a um risco aumentado de fratura, tais
como baixo peso corporal, fratura prévia por pequeno trauma
ou uso de medicamento (s) de risco bem definido;
⇒ Adultos que sofrerem fratura após os 50 anos;
⇒ Indivíduos com anormalidades vertebrais radiológicas;
⇒ Adultos com condições associadas a baixa massa óssea ou
perda óssea, como artrite reumatoide ou uso de glicocorti-
coides na dose de 5 mg de prednisona/dia ou equivalente por
período igual ou superior a 3 meses.
A realização de exames laboratoriais é essencial para avaliação
de causas secundárias, excluir outros diagnósticos e avaliar se há con-
traindicações ao tratamento. Desse modo, os exames a serem realiza-
dos são: hemograma, cálcio total, cálcio iônico, fósforo, fosfatase al-
calina, testes de função tireoidiana, vitamina D (25OH), hormônio da
paratireoide, creatinina e calciúria de 24 horas.
1.3. Tratamento:
158
mg de cálcio e 600 a 800 UI de vitamina D. Exercícios físicos resistidos,
supervisionados, preferencialmente relacionados a fortalecimento de
quadríceps e de suporte do próprio corpo, devem ser recomendados.
Tratamento farmacológico:
Osteomalácia
A osteomalácia ocorre por defeito na mineralização da matriz ós-
sea, se apresenta na vida adulta e é uma das causas de baixa densidade
mineral óssea. A baixa ingesta de cálcio e/ou vitamina D, bem como
alterações no seu metabolismo, aceleram a desmineralização óssea,
sendo duas das principais causas da doença.
As populações de risco incluem os idosos com menor exposição
solar e dieta pobre em cálcio e vitamina D, pacientes com alterações
159
de absorção de nutrientes (doença celíaca, by-pass gástrico) e aqueles
com baixa exposição solar devido outras doenças como lúpus. Além
disso, hepatopatas, renais crônicos e pacientes em uso de glicocorti-
coide, fenitoína e cetoconazol, apresentam maior risco.
160
1.5. Diagnóstico:
2.3. Tratamento:
Tratamento farmacológico:
161
Caso Clínico
#respotas
REFERÊNCIAS
162
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163
164
9
Capítulo
MÚLTIPLAS DORES NÃO
ARTICULARES
Bruna Nunes Costa, Danilo Jun Kadosaki, Roberta Vilela Lopes Koyama
Caso clínico
⇒ Identificação: Paciente de 35 anos, feminina, branca, natural e proceden-
te de Ouro Preto (MG), casada, professora.
⇒ Queixa Principal: dores no corpo todo
⇒ História da Doença Atual: paciente refere quadro de dores no pescoço,
na lombar, ombros, cotovelos, quadris, joelhos e pernas e sensação de
inchaço difuso no corpo. As dores começaram de forma insidiosa há mais
de 10 anos, com períodos de piora (“crise”) com EVA 10/10 e momentos
em que estão mais leves. As dores são em pontada, queimação, piora no
final da sua jornada de trabalho, apresenta certo alívio com o repouso,
mas há dias em que são contínuas. O quadro vem acompanhado de fadi-
ga. O sono é leve, e acorda cansada, parecendo que não dormiu.
⇒ A dor na coluna cervical e lombar piora quando fica muito tempo de pé
ou sentada, e às vezes, alivia com o repouso. A dor do ombro direito piora
quando pendura as roupas no varal e melhora com repouso. As dores dos
cotovelos pioram quando torce o pano de limpar a casa.
⇒ Sente muita dor quando deita em decúbito lateral esquerdo, na altura do tro-
cânter que alivia com a mudança de decúbito. A dor nos joelhos é pior para
subir escadas e irradia pela perna.
⇒ As dores interferem nas suas atividades de vida diária, o que gera ansiedade
e tristeza. Ela disse que as dores apareceram após um acidente de carro, mas
que começaram de forma insidiosa e houve piora há dois anos após pegar 3
jornadas de trabalho.
⇒ ISDA: ganho de peso (10kg) nos últimos 3 anos.
⇒ Cabeça e pescoço: enxaqueca desde a adolescência.
⇒ Aparelho cardiovascular: palpitações quando fica nervosa
⇒ Aparelho Respiratório: dispneia aos grandes esforços e quando fica an-
siosa.
⇒ HI: pirose, alterna diarreia com obstipação intestinal
⇒ Trato geniturinário: relata aumento da frequência urinária com pouco vo-
lume de urina.
⇒ Pele: prurido.
165
⇒ Hematológico: ndn
⇒ Neurológico: percebe esquecimentos frequentes e dificuldade de se
manter atenta.
⇒ Psiquiatra: sintomas de depressão e ansiedade.
⇒ Antecedentes familiares: mãe tem depressão. Pai HAS.
⇒ Antecedentes pessoais: dificuldade de engravidar.
⇒ Hábitos de vida: Nega tabagismo e etilismo. Sedentária, pois relata piora
das dores com atividade física.
⇒ Exame físico: BEGHAAA
⇒ CeP: sem alterações.
⇒ ACP: normal
⇒ ABD: difusamente doloroso a palpação profunda, sem sinais de irritação
peritoneal
⇒ OA: sem artrite
⇒ Ombro Esquerdo: limitação para elevação e rotação interna. Teste de
Neer positivo à direita.
⇒ Cotovelo Direito e Eesquerdo: Teste para epicondilite positivo esquerda.
⇒ Quadril: Dor a palpação de bursa trocantérica à esquerda.
⇒ Joelhos: Dor e aumento de voluma em região da bursa anserina (pata de
ganso).
⇒ Tender points: 18+
♦ Qual a hipótese diagnóstica sindrômica e por quê?
♦ Quais os diagnósticos diferenciais?
♦ Faça uma investigação diagnóstica baseada em suas hipóteses.
♦ Quais exames complementares devem ser solicitados para confirma-
ção diagnóstica e o que se espera encontrar neles?
♦ Elabore um plano de tratamento.
Introdução
As dores não articulares compreendem cerca de 43% dos aten-
dimentos de primeira vez nos ambulatórios de Reumatologia, sendo
uma frequente queixa na população em geral. Compreendem afec-
ções das estruturas que estão envoltas das articulações, sendo es-
tas: músculos, ligamentos, bursas, enteses e tendões, podendo ser
agudas ou crônicas.
166
1. Fibromialgia
1.1 Conceito
1.2 Epidemiologia
167
gia referida. Muitas vezes os pacientes irão relatar a presença subjetiva
de edema em extremidades, principalmente nas mãos, e parestesia,
sem distribuição em dermátomos, a qual piora com alterações na tem-
peratura. Destaca-se a presença de sensibilidade dolorosa, de caráter
variável, nos chamados “tender points”.
Figura 1: Tender Point (adaptado por Wolfe F et al.)
1.5 Diagnóstico
168
Quadro 1: Critérios Classificatórios de Fibromialgia de acordo ACR 2010.
1.6 Tratamento
Tratamento farmacológico
⇒ Dor leve a moderada: analgésicos (paracetamol ou dipirona).
⇒ Dor intensa: duloxetina (30 a 60mg/dia), pregabalina (75mg a
450 mg/dia) e tramadol.
⇒ Sono muito comprometido: amitriptilina (10 a 25mg/dia), pre-
gabalina e ciclobenzaprina (5 a 30 mg/dia).
169
2. Síndrome do impacto do ombro (Tendinite do manguito
rotador)
2.1. Conceito
2.2. Epidemiologia
170
O diagnóstico é clínico, onde a anamnese e o exame físico são fun-
damentais. O teste do impacto de Neer, o teste do impacto de Hawkins,
teste de Jobe e digitopressão subacromial quando positivos podem in-
ferir a tendinite do manguito rotador.
2.4. Tratamento
3.1 Conceito
171
3.2 Epidemiologia:
172
Na inspeção da mão pode se encontrar atrofia da região tenar,
ocasionando acometimento motor do paciente, contudo tal achado é
identificado em pacientes com doença avançada.
O diagnóstico é clínico, baseado nas manifestações clínicas e no
exame físico com manobras como os testes de Tinel e Phalen que au-
mentam a sensibilidade para a hipótese diagnóstica de STC caso sejam
positivos. E quando a clínica é duvidosa pode-se realizar a eletroneuro-
miografia. Como diagnóstico diferenciais deve-se lembrar da fibromial-
gia e doença do neurônio motor.
3.4 Tratamento
4.1 Conceito
173
4.2 Epidemiologia:
4.4 Tratamento
174
5. Bursites
5.1 Conceito
175
5.3 Tratamento
6.1 Conceito
6.2 Epidemiologia
176
do movimento e, por vezes fadiga muscular, podendo irradiar-se às re-
giões adjacentes ou distantes.
É valido ressaltar que muitos pacientes apresentam distúrbios do
sono, stress emocional e alterações do hábito intestinal associados ao
quadro álgico ou agravando-os.
6.5 Exame físico: (alterações dependem dos PG ativos)
Inspeção: Posturas viciosas, distúrbios vasculares (palidez ou ver-
melhidão e alterações de temperatura), piloereção, lacrimejamento, ver-
melhidão da conjuntiva, secura ocular e mudanças no padrão de sudorese.
Palpação: contração muscular local durante a palpação de um PG
e rigidez muscular.
Movimentação e força: diminuição da amplitude do movimento e di-
minuição da força (pacientes queixam-se de fraqueza muscular subjetiva).
6.6 Diagnóstico
Prioritariamente clínico: Presença dos pontos de gatilho e repro-
dução dos sintomas durante a sua palpação. Apresenta com principal
diagnóstico diferencial a fibromialgia, e outros como a neuropatia.
6.5 Exames complementares
Exames de imagem, laboratoriais e de neurocondução (eletromiogra-
fia) Todos normais, somente solicitados para descartar outros diagnósticos.
6.6 Tratamento
177
gamentos e caminhadas, progredindo para exercícios de mus-
culação para recuperação do condicionamento muscular.
⇒ Orientações de higiene do sono.
⇒ Fisioterapia: acupuntura, eletroterapia, terapia de ondas de
choque, laser, ultrassom.
⇒ Terapias cognitivo comportamentais.
Tratamento farmacológico:
⇒ Inativação dos PG: agulhamento direto (seco ou associado a
lidocaína ou toxina botulínica).
⇒ Spray ou gel tópico anestésico: empregados durante massa-
gens nos PG para alivio de dores de intensidade leve, geral-
mente a base de lidocaína ou flurometano.
⇒ AINE ou analgésicos: somente para aliviar quadros de agudi-
zação de dor, por exemplo tramadol.
⇒ Antidepressivos duais ou tricíclicos: sendo prescritos espe-
cialmente para pacientes que apresentem transtorno depres-
sivo ou do sono por sua ação sedativa, principais medicações
prescritas, respectivamente, duloxetina e amitriptilina.
⇒ Relaxantes musculares: empregados se houver relato de es-
pasmos musculares, como a ciclobenzaprina.
Perguntas e respostas:
178
Quais exames complementares devem ser solicitados para confirma-
ção diagnóstica e o que se espera encontrar neles?
179
REFERÊNCIAS
180
10
Capítulo
CERVICALGIAS E
LOMBALGIAS
Elias Goes Salviano, Bruna Nunes Costa
e Gilberto Toshimitsu Yoshikawa
Caso clínico:
CERVICALGIAS
Introdução
A cervicalgia é uma das queixas comum na rotina dos consultó-
rios de reumatologia e acomete indivíduos de diversas faixas etárias,
181
sendo mais frequente em adultos e idosos, com leve predominâncias
nas mulheres A cervicalgia aguda é relatada por cerca de 30 a 50% da
população geral e 15% apresentarão cervicalgia crônica (> 3 meses) em
alguma fase da vida.
É válido ressaltar que quando essa dor está associada a dor
em extremidade, por comprometer uma raiz nervosa, é chamada
de cervicobraquialgia. Os fatores de riscos incluem trabalhos repe-
titivos, idosos, trabalhadores braçais, estresse no trabalho ou que
executem atividade adotando vícios posturais e traumas prévios no
pescoço e ombros.
A coluna cervical exerce funções de sustentação, proteção e mo-
vimentação. É constituída por sete vértebras, cinco discos interverte-
brais e um amplo conjunto de ligamentos.
Etiologias
A tabela abaixo reúne as principais causas de cervicalgias de
acordo com o padrão da dor:
Tabela: Etiologias de cervicalgias.
Cervicalgia mecânica
Cervicalgia inflamatória
182
Investigação: anamnese e exame físico
A localização, intensidade, distribuição, irradiação, qualidade, fa-
tores de melhora e de piora da dor, dentre outros aspectos devem ser
analisados com precisão, pois são fundamentais para elaboração das
hipóteses diagnosticas.
Exame físico:
⇒ Inspeção: avaliar a simetria e o alinhamento da cabeça e do
pescoço em relação ao tronco, postura antálgica, presença de
abaulamentos, retrações, contratura muscular ou sinais cutâ-
neos inflamatórios;
⇒ Palpação: palpar toda a cadeia de linfonodos, traqueia, tireoi-
de e glândulas salivares, palpação dos processos espinhosos da
coluna cervical, procurar pontos dolorosos “trigger ponts”; hi-
pertonia muscular, tumorações e aumento de temperatura local.
⇒ Movimentação: solicitar que o paciente realize de forma ativa
e passiva a flexão, extensão, rotação e lateralização do pesco-
ço, atentar para a amplitude dos movimentos e o relato de dor;
⇒ Testes especiais: Manobra de Spurling e Manobra de Adson
Figura 1: Manobra de Spurling
183
Figura 2: Manobra de Adson
⇒ Exame neurológico
184
♦ Ressonância magnética: indicada para pacientes com si-
nais e sintomas de doença neurológica (impotência fun-
cional progressiva; parestesias e hipoestesias e contra-
tura antálgica)
♦ Tomografia computadorizada: método mais sensível para
análise de alterações osteodegenerativas;
♦ Eletroneuromiografia: deve ser considerada em pacien-
tes com cervicalgia associada a sintomas neurológicos
com sinais clínicos e radiológicos duvidosos.
⇒ Sinais de alerta nas cervicalgias “red flags”:
♦ Instabilidade da região cervical;
♦ Fraqueza muscular;
♦ Perda progressiva da função.
Tratamento
Tratamento não farmacológico
⇒ Educação do paciente: o que é? Fatores precipitantes de dor?
Prognóstico? Explicar a doença será sempre o primeiro passo.
⇒ Atividade física: é fundamental combater o sedentarismo,
orientar a realização de atividades físicas de baixo impac-
to, que promovam o controle da postura e fortalecimento da
musculatura cervical por no mínimo 30 min durante 3 vezes
na semana, como alongamentos e ballet. No caso do torcico-
lo, a orientação de exercício será mais direcionada.
⇒ Imobilização: utilizada por meio de colar cervical de espuma
associada a exercícios de fortalecimento da musculatura do
pescoço, não indicada em momentos de exacerbação aguda
da dor, podendo retardar a melhora dos sintomas.
⇒ Higiene do sono
⇒ Fisioterapia: aplicação de compressas gelo/calor, estimulação
elétrica, tração cervical, liberação miofascial e técnicas de mo-
bilização são possíveis técnicas dentro do auxílio fisioterápico.
185
⇒ Medidas ergométricas e posturais
⇒ Terapias cognitivas: inclui a psicoterapia e a terapia ocupa-
cional.
Tratamento farmacológico
⇒ AINE ou analgésicos: somente para aliviar quadros de agu-
dização de dor leve ou moderada, por exemplo tramadol ou
paracetamol.
⇒ Antidepressivos tricíclicos: amitriptilina 10-75mg/dia ou nor-
triptilina 25-50 mg/dia nos casos de cervicalgia crônicas,
quadro depressivos associados.
⇒ Antidepressivos duais ou bimodais: duloxetina 60mg/dia ou
venlafaxina nos casos associados com quadros depressivos
e/ou ansiosos.
⇒ Relaxantes musculares: ciclobenzaprina ou carisoprodol mui-
tos utilizados tanto em casos agudos quanto crônicos
⇒ Glicocorticoides: administrados a pacientes com acometi-
mento radicular por curtos períodos. São poucos utilizados
em cervicalgias.
⇒ Infiltração com corticoides e anestésicos: tem como objetivo
o bloqueio de pontos-gatilho promovendo alívio mais rápido
de dores com predomínio miofascial e facilitar a adesão à fi-
sioterapia.
Tratamento cirúrgico
⇒ Indicado a pacientes que possuem radiculopatias e/ ou mie-
lopatias associadas a persistência da dor em vigência do tra-
tamento conservador, fraqueza muscular progressiva ou sin-
tomas de compressão medular. Exemplo é a cordotomia.
LOMBALGIAS
Introdução
É também uma das principais queixas relatadas nos consul-
tórios médicos, sendo a segunda patologia mais frequente na hu-
186
manidade, atingindo aproximadamente 65% da população mundial
anualmente, podendo ser referido pelo menos um episódio em
80% da população durante a vida. Acomete em especial indivíduos
adultos, de ambos os sexos, em idade reprodutiva residentes de
países industrializados.
É essencial ressaltar que as dificuldades do estudo científico e
da abordagem das lombalgias e lombociatalgias decorrem de vários
fatores, dentre os quais:
a) a inexistência de uma fidedigna correlação entre os achados
clínicos e os de imagem;
b) ser o segmento lombar inervado por uma difusa e entrelaça-
da rede de nervos, tornando difícil determinar com precisão
o local de origem da dor, exceto nos acometimentos radícu-
lo-medulares;
c) pelo fato das contraturas musculares, frequentes e dolorosas,
não se acompanharem de lesão histológica demonstrável;
d) e, por serem raramente cirúrgicas, há escassas e inadequadas
informações quanto aos achados anatômicos e histológicos
das estruturas possivelmente comprometidas, o que torna
difícil a interpretação do fenômeno doloroso.
A dor em si é influenciável por fatores subjetivos do enfermo, tor-
nando por isso difícil a caracterização etiológica do quadro lombar. O
próprio tabagismo e etilismo, a obesidade e a carga laboral são fatores
de influência sobre a dor.
Etiologias
É um dos principais sintomas de uma grande variedade de
situações clínico-patológicas que acometem a coluna ou articulações e
órgãos adjacentes, como pode ser observado na tabela abaixo.
Também, incluem-se as causas funcionais e posturais, estabele-
cendo associação com as principais etiologias de cervicalgias (síndro-
me miofascial e fibromialgia).
187
Tabela: Etiologias de lombalgias
Degenerativo Osteoartrite
Inflamatória Espondiloartropatias
Dennatológica Osteomielite
188
Exame físico:
189
Figura 4: Teste do estiramento femoral
190
Exames de imagem: A tomografia computadorizada e a ressonân-
cia magnética têm indicação naquelas lombalgias e ciatalgias agudas
que tenham evolução atípica e nas de evolução insatisfatória, cuja cau-
sa não foi determinada após seis semanas de tratamento clínico.
De maneira geral, o uso da tomografia estará reservado a casos
especiais ou com objetivo cirúrgico; o uso da radiografia de coluna lom-
bar e sacroilíacas é útil nas doenças reumatológicas do grupo das es-
pondiloartrites (como a espondilite anquilosante).
Tratamento
Tratamento não farmacológico
⇒ Educação do paciente
⇒ Atividade física: é fundamental combater o sedentarismo,
orientar realização de atividades de baixo impacto e forta-
lecimento da musculatura abdominal por no mínimo 30 min
durante 3 vezes na semana, como alongamentos e yoga;
⇒ Repouso: apenas em momentos de exacerbação da dor;
⇒ Evitar o uso de saltos altos;
⇒ Higiene do sono;
⇒ Fisioterapia;
⇒ Terapias cognitivas.
Tratamento farmacológico
⇒ AINE ou analgésicos: somente para aliviar quadros de agudi-
zação de dor, por exemplo tramadol.
⇒ Antidepressivos duais ou tricíclicos: sendo prescritos espe-
cialmente para pacientes que apresentem transtorno depres-
sivo ou do sono por sua ação sedativa, principais medicações
prescritas, respectivamente, duloxetina e amitriptilina;
⇒ Relaxantes musculares;
⇒ Infiltrações com corticosteroides: empregados por via epidu-
ral sobretudo em pacientes idosos com contraindicação ao
tratamento cirúrgico
191
Tratamento cirúrgico
⇒ Indicada se houver complicações neurológicas importantes,
dor intolerável resistente ao tratamento conservador e pro-
gressão na limitação à marcha ou déficit neurológico. Exem-
plo é a artroplastia de quadril para correção de lombalgias.
REFERÊNCIAS
192
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The Cochrane Library, Issue 9, .2015
193
Fluxograma de Lombalgias
194
11
Capítulo
VASCULITES
Elias Goes Salviano, Luis Fernando Freitas de Sousa,
Roberta Vilela Lopes Koyama, Gilberto Toshimitsu Yoshikawa
Caso Clínico:
195
Vasculites
As vasculites decorrem de uma reação inflamatória na parede dos
vasos, constituída por um infiltrado de leucócitos, promovendo lesão
tecidual que pode ocasionar obstrução do lúmem ou perda da integri-
dade da parede do vaso (aneurisma), com consequente isquemia ou
hemorragia, respectivamente, e necrose do tecido distal a lesão. Ge-
ralmente podem ser fatais se não diagnosticadas e tratadas de forma
adequada precocemente.
A classificação atual das vasculites leva em consideração o calibre do
vaso acometido: vasculites de grandes vasos (aorta e seus grandes ramos:
subclávia, carótida) com manifestações clínicas relacionadas à acidente
vascular encefálico (AVE), claudicação, cegueira; médios vasos (artérias
com paredes musculares manifestando-se através de úlceras cutâneas,
mononeurite múltipla (mão/pé caído), isquemia mesentérica); pequenos
vasos (arteríolas, capilares, vênulas) apresentando-se como púrpura pal-
pável, glomerulonefrite, hemorragia pulmonar, como mostra a tabela1.
Figura 1: Classificação das vasculites de acordo com o calibre do vaso acometido
196
As vasculites são doenças sistêmicas geralmente acompanhadas
de sintomas constitucionais (febre, perda de peso, anorexia), cursando
com anemia, provas inflamatórias elevadas, trombocitose e perda rápida
da função dos órgãos acometidos. A evidência clínica do processo infla-
matório depende do órgão acometido; renal com elevação das escórias
nitrogenadas e alteração do sedimento urinário (hematúria); pulmonar
com hemoptise, tosse e dispneia; cutâneo com púrpura palpável ou úlce-
ras; neurológico com pé caído ou alteração do nível de consciência.
Tabela 1: Características das vasculites com base no tamanho dos vasos afetados.
Púrpura palpável
Pequeno Vênulas pós capilares cutâneas Hematúria, cilindros hemáticos, proteinúria,
(vasos menores que declínio na função renal.
Capilares glomerulares
artérias como capi- Hemorragia pulmonar manifestado como disp-
lares e vênulas) Capilares pulmonares
neia, hemoptise e infiltrado alveolar difuso na
radiografia de tórax.
197
Vasculites de grandes vasos:
⇒ Arterite de Takayasu – é uma vasculite crônica que acome-
te principalmente mulheres, na razão de 9:1, abaixo dos 40
anos. É uma vasculite granulomatosa da aorta e seus gran-
des ramos (subclávia e carótidas).
♦ O início dos sintomas geralmente é subagudo, o quadro
clínico é acompanhado de sintomas constitucionais (febre
baixa, fadiga, perda de peso), claudicação em membros,
ausência de pulsos, discrepância na medida da pressão
arterial entre os membros, sopros, HAS, acidente vascular
encefálico (AVE), carotidínea, angina, dentre outros.
♦ Pode cursar com elevação do VHS e PCR, anemia, leu-
cocitose e plaquetose. O diagnóstico é confirmado com
exames de imagem evidenciando obstrução dos vasos
sanguíneos, angio ressonância (angio RM) ou angio to-
mografia (angio CT).
♦ A base do tratamento é o uso de corticosteroides, en-
tretanto, como a doença apresenta recidivas, deve-se
associar imunossupressores, a fim de minimizar os
efeitos adversos pelo uso crônico do mesmo; como
metotrexate, azatioprina, micofenolato mofetil, ciclo-
fosfamida e imunobiológicos (anti-TNF-alfa, tocilizu-
mabe, rituximabe).
⇒ Arterite de células gigantes – As mulheres são mais afeta-
das, na razão de 3:1 e geralmente acima dos 50 anos. Aco-
mete principalmente os ramos cranianos do arco aórtico
com inflamação granulomatosa.
♦ O quadro clínico geralmente é de início subagudo ou
agudo, acompanhado de sintomas constitucionais, ce-
faleia de início recente, perda de visão, claudicação de
mandíbula, espessamento e sensibilidade a palpação
de artéria temporal, aneurisma ou dissecção de aorta.
Pode vir associado à polimialgia reumática.
198
♦ As provas inflamatórias VHS e PCR geralmente estão mui-
to elevadas. O diagnóstico pode ser confirmado com a
biópsia da artéria temporal.
♦ O tratamento medicamentoso são os corticosteroides,
metotrexate e/ou tocilizumabe.
199
Vasos de pequeno calibre
⇒ Poliarterite granulomatosa associada ao ANCA (GPA) e po-
liarterite microscópica associada ao ANCA (MPA): são vas-
culites associadas a presença do anticorpo anti-citoplama
de neutrófilo (ANCA). Geralmente acomete indivíduos mais
velhos, entretanto pode ocorrer em qualquer idade, apre-
senta distribuição semelhante entre os sexos com predo-
mínio na raça branca.
♦ O início da doença pode ser insidioso (meses) ou
abrupto (dias), com pródomo de febre, astenia, per-
da de peso, fadiga, podendo cursar com recidivas da
doença. Pode acometer ouvido, nariz e garganta com
aftas orais/nasais, perda auditiva, sinusite de repeti-
ção, rinorreia, crostas sanguinolentas, condrite (na-
riz em sela), otorreia; renal com hematúria e perda
de função renal por glomerulonefrite rapidamente
progressiva (GNRP); pulmonar com a presença de in-
filtrados fugazes, hemorragia alveolar; oculares como
pseudotumor, esclerite; neurológico como mononeuri-
te múltipla, pele com púrpura (figura 2) ou nódulos em
membros inferiores.
♦ O diagnóstico deve ser confirmado através da biópsia
(pele, rim ou pulmão) nos indivíduos com suspeita clí-
nica, e na sua impossibilidade, o diagnóstico pode ser
presuntivo com clínica característica e presença dos an-
ticorpos ANCA. A GPA está primariamente associada ao
PR3-ANCA e a MPA ao MPO-ANCA, em 82 a 94 % dos casos.
Os exames gerais que podem auxiliar na investigação
diagnóstica são o hemograma (leucocitose, plaquetose),
função renal, exame de urina simples, radiografia ou to-
mografia de seios da face e tórax.
♦ O tratamento deve ser realizado o mais precocemente
possível com corticoide, imunossupressores (como a ci-
clofosfamida), imunobiológicos (rituximabe).
200
Figura 2: Imagem de púrpuras em mmii.
201
oculares (vasculite de retina, panuveíte), neurológico
(meningite asséptica, mielite, esclerose múltipla- like,
trombose venosa central), doença vascular (aneurisma
de artéria pulmonar, tromboflebite venosa superficial,
trombose de veia cava, síndrome de Budd-Chiari) e ar-
trite assimétrica.
♦ O diagnóstico deve ser considerado em indivíduos
com aftas recorrentes associadas a manifestações
sistêmicas.
♦ O tratamento depende do órgão acometido e pode
incluir corticosteroides, imunossupressores e imu-
nobiológicos.
202
♦ Drogas: vasculite induzida por drogas?
⇒ Investigação diagnóstica e interpretação dos exames com-
plementares:
♦ Inflamatória/autoimune: Vasculite associada ao ANCA:
anticorpo p-ANCA e c-ANCA, raio x de seios da face, raio x
de tórax, PCR, VHS, EAS, função renal e biópsia (cutânea,
renal ou pulmonar).
♦ LES? (FAN, hemograma, função renal, VHS, PCR, EAS, raio x
de tórax) - Goodpasture: anticorpo anti-membrana basal,
raio x de tórax, PCR, VHS, EAS, função renal, hemograma
e biópsia renal.
♦ Infeccioso: sorologia HIV 1 e 2, endocardite infecciosa
(ecocardiograma e hemoculturas).
♦ Paraneoplásico (linfoma): investigar linfonodomegalia e
biópsia de linfonodo.
♦ Drogas: vasculite induzida por drogas -história de exposição.
⇒ Interpretação dos exames diagnósticos: c-ANCA positivo,
em seguida pedir os específicos anti-PR3 e anti-MPO. Pro-
vas inflamatórias elevadas, anemia, elevação da creatini-
na e hematúria no EAS. Rx de seios da face com velamento
dos seios maxilares e etmoidais e rx de tórax com múlti-
plas imagens nodulares.
⇒ Tratamento: encaminhar ao especialista para pulsoterapia
com ciclofosfamida endovenosa ou fazer ciclofosfamida
via oral associada a corticosteroide.
203
Fluxograma:
Legenda: TAK, arterite de Takayasu; GCA, arterite de células gigantes; PAN, poliarterite
nodosa; MPA, poliangeíte microscópica; EGPA, poliangeíte eosinofílica granulomatosa;
GPA, poliangeíte granulomatosa; aGBM, doença anti-membrana basal glomerular; Ig AV,
vasculite IgA; CV, vasculite crioglobulinêmica; RV, vasculite reumatoide; Tissue biopsy,
biópsia tecidual.
Obs.: A doença de Kawasaki foi excluída desse fluxograma, pois seu diagnóstico é
baseado em sintomas e sinais clínicos característicos.
204
♦ Sopro audível sobre uma ou ambas Aa. Subclávias ou
Aorta
♦ Arteriografia com anormalidade.
205
Granulomatose com Poliangiíte (GPA – ANCA): Escore ≥ 5
Critérios Pontos
Lesão na cartilagem +2
Surdez +1
Glomerulonefrite pauci-imune +1
Eosinófilos ≥ 1.000/mm3 -4
Critérios Pontos
Glomerulonefrite pauci-imune +3
Eosinófilos ≥ 1.000/mm3 -4
Critérios Pontos
Polipo nasal +3
Eosinófilos ≥ 1.000/mm3 +5
Hematúria microscópica -1
206
Síndrome de Behçet: Escore ≥ 4
Critérios Pontos
Lesão oculares 2
Aftas genitais 2
Aftas orais 2
Lesões cutâneas 1
Manifestações neurológicas 1
Manifestações vasculares 1
REFERÊNCIAS
207
12
Capítulo
DOENÇAS
AUTOIMUNES
Gilberto Toshimitsu Yoshikawa
Caso Clínico:
Introdução:
As doenças autoimunes são caracterizadas por apresentar uma
resposta imune direcionada contra um antígeno normalmente presente
no indivíduo. Geralmente causadas por uma resposta imune adaptativa
específica.
As doenças reumatológicas associadas com autoimunidade são
principalmente: lúpus eritematoso sistêmico (LES), miopatias infla-
208
matórias, esclerose sistêmica (ES), doença mista do tecido conjuntivo
(DMTC), doença indiferenciada do tecido conjuntivo (DITC), síndrome
antifosfolípide (SAF), vasculites (será abordada em outro capítulo por
suas peculiaridades), artrite reumatoide (AR) e síndrome de Sjogren
(SSj) (abordadas no capítulo de poliartrites). Geralmente são doenças
crônicas, de causa desconhecida, que podem afetar diversos órgãos do
corpo e muitas vezes estão relacionados a presença de autoanticorpos
específicos.
Os pacientes podem apresentar características clínicas variadas,
geralmente no início do quadro apresentam sintomas constitucionais
inespecíficos como febre, fadiga, astenia, perda de peso, mialgia, ar-
tralgias ou podem abrir o quadro com comprometimento mais grave de
órgãos nobres como rim e SNC. Não há achados patognomônicos das
doenças, e a apresentação clínica pode ser sugestiva de doenças autoi-
munes, infecções, doenças induzidas por drogas, doenças metabólicas
ou neoplasias.
Quadro clínico:
209
rigidez matinal de pelo menos 30 minutos) ocorrem em 90%
dos pacientes e frequentemente são as manifestações mais
precoces. A artrite geralmente é migratória, poliarticular e si-
métrica, não erosiva e raramente deformante (artropatia de
Jaccoud).
⇒ Mucocutâneo: pode ser subdividido em lúpus cutâneo agu-
do (LCA), subagudo (LCSA) e crônico (LCC). No LCA o paciente
pode apresentar eritema malar (poupando o sulco nasola-
bial) fotossenssível, lúpus bolhoso, erupção máculo papular
eritematosa e necrose epidérmica tóxica, e geralmente está
associado a quadro sistêmico. No LCSA as lesões se apresen-
tam eritematosas, com descamação em forma de placas pso-
riasiformes ou anulares, geralmente em áreas foto expostas,
apresentam fotossenssibilidade e não deixam cicatrizes. En-
quanto que o LCC (lesão discoide, verrucosa, túmido, panicu-
lite e líquen-like) é representado, principalmente, pelo lúpus
discoide, que ocorre em 15 a 30 % dos pacientes com LES,
a lesão é inicialmente em placas eritematosas com escamas
endurecidas que tende a se expandir para a periferia deixan-
do cicatrizes hipotróficas no centro e hiper/hipopigmenta-
ção. O acometimento das mucosas pode se manifestar como
úlceras orais ou nasais indolores.
⇒ Hematológico: os pacientes podem apresentar anemia, leu-
copenia, plaquetopenia. A anemia é a principal manifestação
hematológica (mais de 50% dos pacientes), as principais cau-
sas são inflamação, deficiência de ferro (perdas sanguíneas
pelo TGI), medicações, anemia hemolítica autoimune (AHAI)
ou destruição autoimune das células hematopoiéticas na
medula óssea, hiperesplenismo, insuficiência renal, anemia
aplásica. A anemia mais comum é a de doença crônica (in-
flamação) e geralmente é leve, normocrômica e normocíti-
ca, com contagem de reticulócitos baixo e ferritina normal.
A anemia hemolítica pode ocorrer em 10% dos pacientes e
inclui aumento de reticulócitos, aumento de bilirrubina indi-
reta e DHL, coombs direto positivo, diminuição da haptoglo-
bina e esferócitos no sangue periférico. A leucopenia (< 4000/
mm3) frequentemente se associa à atividade de doença, a
linfopenia (< 1500) está associado a maior risco de infecções
e/ou atividade de doença. A plaquetopenia leve (100.000 a
210
150.000/mm3) ocorre em 50% dos pacientes, plaquetas abai-
xo de 50.000/mm3 em 10% dos pacientes, e a principal causa
é destruição imunomediada. Síndrome de Evans quando há
AHAI e plaquetopenia combinado. Sangramento geralmente é
improvável com plaquetas acima de 50.000/mm3 e as trans-
fusões são indicadas na vigência de sangramento significati-
vo, antes de procedimentos invasivos ou com valores entre
10.000 e 20.000/mm3.
⇒ Lúpus neonatal: é raro, pode estar associado aos anticorpos
anti-Ro e anti-La, o recém-nascido pode apresentar erupções
eritematosas em placas, entretanto o mais temido é o blo-
queio cardíaco congênito.
⇒ Renal: o acometimento renal é observado em aproxima-
damente 50% dos pacientes com LES, com hematúria e/ou
proteinúria na análise de urina. A biópsia renal deve ser rea-
lizada na maioria dos pacientes com LES que desenvolvem
insuficiência renal com o intuito de estabelecer o diagnóstico
e a classe histológica da nefrite, que direciona o tratamen-
to. Entretanto pacientes com proteinúria menor de 500 mg/d
e discreto sedimento urinário não precisa ser submetido à
biópsia, pois esses pacientes provavelmente não apresentam
uma classe de nefrite que necessite imunossupressão.
Tabela 1: Classificação das glomerulonefrites do LES de acordo com a International
Society of Nephrology/Renal Pathology Society 2003.
211
Nefrite lúpica difusa
Glomérulos endocapilar ou extracapilar; difusa, segmentar ou global; ativa ou inativa
Envolvendo ≥ 50% de todos os glomérulos, tipicamente com depósitos imunes suben-
doteliais difusos, com ou sem alterações mesangiais
Essa classe é dividida em: nefrite lúpica segmentar difusa (IV-S): ≥ 50% dos gloméru-
los envolvidos tem lesões segmentares; nefrite lúpica global difusa (IV-G): ≥ 50% dos
glomérulos envolvidos têm lesões globais. Uma lesão segmentar é definida como uma
Classe IV
lesão glomerular que envolva menos da metade do tufo glomerular. Essa classe inclui
casos com depósitos em rolo de fio difuso, porém pouca ou nenhuma proliferação glo-
merular.
Classe IV-S (A): com lesões ativas; classe IV-S (A/C): com lesões ativas e crônicas; Classe
IV-S (C): com lesões inativas crônicas
Classe IV-G (A): com lesões ativas; classe IV-G (A/C): com lesões ativas e crônicas; classe
IV-G (C): com lesões inativas crônicas
212
lembrada nos casos de taquicardia persistente e insuficiência cardíaca
aguda. Os pacientes podem apresentar vegetações assépticas nas vál-
vulas cardíacas, recebendo o nome de endocardite de Libman-Sacks.
Trato gastrointestinal: pancreatite aguda, hepatite lúpica, entero-
patia perdedora de proteína, peritonite e vasculite mesentérica.
Na suspeita clínica de LES, durante a anamnese, deve-se reali-
zar um amplo questionamento do ISDA, e nos AMP não esquecer de
perguntar se o paciente está em uso de alguma medicação que possa
induzir LES (procainamida, hidralazina, isoniazida).
As principais causas de óbito, nos primeiros anos da doença, são
atividade da doença (SNC e renal) ou infecção secundária devido a imu-
nossupressão; e, a longo prazo, complicações do LES (IRC) e doença car-
diovascular.
Diagnóstico:
213
leve, moderada ou grave. A atividade da doença deve ser avaliada em 3
padrões: doença intermitente com períodos de recaída (flare) e remis-
são, doença cronicamente ativa e em remissão. A avaliação da gravi-
dade e atividade deve ser realizada durante as consultas com base na
história clínica, exame físico e exames complementares dependendo
das manifestações clínicas apresentadas
A fim de monitorar a atividade da doença deve se realizar: hemo-
grama, VHS, PCR, urina simples, relação proteína- creatinina em amos-
tra isolada de urina, creatinina, taxa de filtração glomerular, anti-DNA
(principalmente nefrite), C3 e C4.
Em decorrência da heterogeneidade da doença, nas consultas, é
de suma importância diferenciar atividade da doença, lesão crônica,
infecções, toxicidade medicamentosa e fibromialgia.
⇒ Diagnóstico diferencial: diante de um conjunto de sinais e
sintomas que lembre LES é importante ampliar os diagnósti-
cos diferenciais da clínica médica e não fique apenas restrito
às doenças autoimunes da reumatologia, minimizando assim
os erros diagnósticos. Como, as infecções (HIV, parvovírus
B19, CMV, hepatites B e C, endocardite, sífilis, hanseníase, tu-
berculose), drogas (hidralazina, procainamida, isoniazida, an-
ti-TNF alfa, metildopa, clorpromazina), neoplasias (leucemia
ou síndrome mielodisplásica) e outras doenças autoimunes
(artrite reumatoide, dermatomiosite, polimiosite, síndrome
de Sjogren, esclerose sistêmica, vasculites), fibromialgia e
doenças desmielinizantes.
Tratamento:
214
cias às consultas de retorno, mas tranquilizando o paciente
de que a doença apesar de ser crônica e não ter cura, tem tra-
tamento, utilizando-se de linguagem acessível ao nível de es-
colaridade do paciente. Uso de fator de proteção solar acima
de 55, pois o sol, por conta dos raios ultravioletas (UVA e UVB)
assim como lâmpadas halógenas e fluorescentes, podem exa-
cerbar ou induzir atividade da doença. Deve-se recomendar
uma alimentação saudável e balanceada, atividade física,
cessação do tabagismo, vacinação, tratamento de comorbi-
dades (aterosclerose acelerada, osteoporose, hipertensão
pulmonar, SAF), orientações em relação a anticoncepção e
gravidez.
b) Tratamento medicamentoso: tem como objetivo remissão
ou baixa atividade de doença com a menor dose de corticoi-
de. Depende das manifestações predominantes da doença
naquele indivíduo e da gravidade. Entretanto, todos os pa-
cientes com LES devem tomar hidroxicloroquina (HCQ) ou
cloroquina, pois os estudos mostram que além de melhora
dos sintomas constitucionais, articular e cutâneos, ela dimi-
nui risco de reativação da doença, de trombose e melhora a
sobrevida.
Na ausência de fatores de risco para toxicidade retiniana, de-
ve-se realizar a avaliação da retina (avaliação oftalmológica
com tomografia de coerência óptica) antes de iniciar a HCQ,
após 5 anos e em seguida anualmente.
Terapias adicionais irão depender da gravidade e das mani-
festações da doença:
♦ Manifestações leves (cutâneo, articular, mucosa): em le-
sões cutâneas não extensas pode-se utilizar corticoide
ou inibidores da calcineurina tópicos, hidroxicloroquina
(5mg/kg/dia), com ou sem AINES, e/ou baixas doses de
corticoides (≤ 7,5mg de prednisona/dia).
♦ Manifestações moderadas (sintomas constitucionais,
215
cutâneo, musculoesquelético ou hematológico): hidroxi-
cloroquina mais curso rápido de corticoide (prednisona 5
a 15 mg/d), e imunossupressor (azatioprina, metotrexa-
to, micofenolato mofetil, ciclosporina) com poupador de
corticoide. E em casos resistentes, o belimumabe (imu-
nobiológico).
♦ Manifestações graves com acometimento de órgãos
nobres (renal, SNC, pulmonar, vasculites): geralmente
requer no período inicial uma terapia de indução com
imunossupressor para controlar a doença e interrom-
per a lesão tecidual. Os pacientes devem ser tratados
com curso rápido de altas doses de corticoides (pul-
soterapia endovenosa com 0,5 a 1 g/dia de metilpre-
dnisolona por 3 dias consecutivos em pacientes muito
graves e 1 a 2mg/kg/dia, via oral, em pacientes mais
estáveis) isolado ou combinado a imunossupressores.
A vantagem do corticoide é uma rápida redução da in-
flamação e controle da doença, visto que a maioria dos
imunossupressores levam de 4 a 6 semanas para início
de ação. Dentre os imunossupressores que podem ser
utilizados para fase de manutenção da imunossupres-
são estão o micofenolato mofetil, azatioprina, ciclo-
fosfamida ou rituximabe.
♦ Pacientes com lúpus que apresentem anticorpos antifos-
folípides persistentemente positivos devem receber an-
tiagregante plaquetário como AAS (81 a 100mg/dia).
216
A prevalência é de 50 casos/100.000 pessoas, afetando principal-
mente adultos jovens e de meia-idade. Há um predomínio no sexo fe-
minino, principalmente na SAF secundária ao LES. Os estudos mostram
que os AFLs podem estar associados a 9% dos pacientes com perdas
gestacionais, 14% dos casos de acidente vascular encefálico (AVE), 11%
dos infartos agudos do miocárdio (IAM) e 10% das tromboses venosas
profundas (TVP). Entretanto é importante destacar que 1 a 5% da popu-
lação saudável tem AFLs circulantes.
⇒ Quadro clínico: o quadro clínico na SAF é bem variado
podendo ocorrer eventos trombóticos venoso (principal-
mente nos mmii), arterial (principalmente SNC- AVE ou AIT)
ou eventos recorrentes (principalmente quando tem anti-
coagulante lúpico positivo ou tripla positividade de AFLs),
neurológico (doença semelhante a esclerose múltipla, dis-
função cognitiva), hematológico (plaquetopenia, AHAI),
pulmonar (tromboembolismo, hipertensão pulmonar),
cardíaco (espessamento ou nódulos nas válvulas, IAM),
cutâneo (livedo reticular), renal (IRA ou IRC com proteinú-
ria e HAS), gastrointestinal (isquemia, Budd-Chiari), ocu-
lar (amaurose fugaz, trombose no vaso da retina, neurite
óptica), adrenal e osteonecrose. Além de complicações na
gestação (aborto, óbito fetal, síndrome HELLP).
⇒ Diagnóstico: deve-se suspeitar de SAF diante de um paciente
com quadro de um ou mais eventos trombóticos arterial ou
venoso, sem causa aparente, especialmente em indivíduos
jovens ou quadro de morbidade gestacional caracterizado
por óbito fetal (>10 semanas de gestação), parto prematuro
em decorrência de eclampsia ou insuficiência placentária ou
múltiplos abortos de repetição <10 semanas de gestação).
⇒ Investigação: testes que sugerem um tempo de coagulação
alterada (tempo e tromboplastina parcial ativado -TTPa) ou
teste falso positivo para sífilis. Entretanto, os exames mais
específicos são os anticorpos anticardiolipina (ACL) IGG e
IGM, anticoagulante lúpico (AL) e anti-beta2-glicoproteína-I
(B2GPI). Como critério laboratorial deve haver dois testes po-
sitivos com um intervalo de 12 semanas, ou seja, persistente-
mente positivos. Lembrando que durante o quadro agudo da
trombose o anticoagulante lúpico pode estar falsamente nor-
217
mal e durante a vigência de anticoagulação, o anticoagulante
lúpico e o TTPA podem vir falsamente positivos.
⇒ Deve-se avaliar o perfil de alto risco dos anticorpos AFLs, que é
a presença do anticorpo anticoagulante lúpico ou múltipla posi-
tividade (≥ 2 anticorpos AFLs positivos) ou presença persistente
dos AFLs em altos títulos (ACL IgG ou IgM > 40 ou acima do per-
centil 99 pelo ELISA e o B2GPI IgG ou IgM acima do percentil 99
pelo ELISA), pois estão associados a um maior risco trombótico.
⇒ Diagnóstico diferencial: plaquetopenia induzida por hepari-
na, outras trombofilias, doenças mieloproliferativas. Algumas
infecções (tuberculose, hanseníase, hepatites B e C, endocar-
dite, hepatites, HIV), neoplasias e drogas podem causar anti-
cardiolipina IgM positivo.
⇒ Tratamento: o principal pilar no tratamento dos casos confir-
mados da SAF é a anticoagulação. No quadro de evento trom-
boembólico agudo iniciar com heparina e em seguida migrar
para o anticoagulante oral (warfarin) e deve ser mantida por
tempo indefinido.
218
pulmonar (HAP). Muitos pacientes apresentam a síndrome CREST (calci-
nose, FRY, dismotilidade esofágica, esclerodactilia e telangiectasia).
Na SS difusa (SSd) os pacientes em geral apresentam puffy hands
e espessamento cutâneo difuso que se estende proximalmente aos
mmss e mmi e/ou tronco. Esses pacientes têm maior chance de evoluir
para rápida progressão do espessamento cutâneo com desenvolvimen-
to precoce de fibrose pulmonar e maior risco para crise renal esclero-
dérmica e comprometimento cardíaco.
Uma pequena porcentagem dos pacientes pode apresentar
esclero sem acometimento cutâneo, chamada SS sem escleroder-
ma (SSs) podendo apresentar FRY, HAP, úlceras digitais e autoanti-
corpos.
A SS deve ser suspeitado em pacientes com FRY, espessamento
cutâneo, ou dedos edematosos e úlceras dolorosas em polpas digitais.
⇒ Diagnóstico: é baseado em achados clínicos característicos
e alterações sorológicas inespecíficas. O FAN está positi-
vo em 95 % dos casos. O anticorpo anti-topoisomerase I
(Scl70) geralmente é observado na SS difusa e apresenta
maior risco para DPI. Enquanto que o anticorpo anticentrô-
mero geralmente está associado à SS limitada. O anti-RNA
polimerase III está associado a maior risco de crise renal
esclerodérmica.
Os pacientes devem ser rastreados rotineiramente para avaliar
comprometimento de órgãos nobres: pulmão (DPI) com tomografia de
tórax e prova de função pulmonar e a capacidade de difusão pulmonar
com o monóxido de carbono (DLCO), hipertensão pulmonar com ECO e
acometimento renal através da função renal e EAS.
⇒ Tratamento: é baseado nos sintomas dos órgãos acometidos.
a) FRY: para redução da frequência e a intensidade das cri-
ses do FRY recomenda-se utilizar os bloqueadores de ca-
nal de cálcio (nifedipina 10 a 20 mg, 3 vezes ao dia) e em
casos mais graves, os inibidores da fosfodiesterase tipo
5 (sildenafila 50 mg duas vezes ao dia).
219
b) Úlceras digitais: inibidores da fosfodiesterase tipo 5 ou
iloprost endovenoso ou bosentana (62,5 mg via oral,
duas vezes ao dia).
c) Hipertensão de artéria pulmonar: inibidor de endotelina
(bosentana), sildenafila, epoprostenol, iloprost.
d) Pele: espessamento cutâneo difuso em doença precoce
pode ser usado o MTX.
e) Pulmão (DPI): pulsoterapia com ciclofosfamida.
f) TGI: utiliza-se inibidor de bomba de próton e protocinéticos
g) Crise renal esclerodérmica (CRE): os inibidores de ECA.
Evitar uso de corticosteroides nos pacientes com ES, pois
pode precipitar a CRE.
h) Supercrescimento bacteriano intestinal: antibióticos.
Nos casos graves com acometimento cutâneo difuso e/ou aco-
metimento inflamatório grave de um órgão, deve-se utilizar imunossu-
pressão. Como, no acometimento cutâneo grave e progressivo, doença
pulmonar intersticial, miocardite, miopatia ou artrite.
220
A fraqueza muscular tem início insidioso ou subagudo, com piora
gradual em meses. Paciente se queixa de dificuldade para subir esca-
das, levantar-se da cadeira e carregar objetos pesados.
As manifestações cutâneas típicas da DM são as pápulas de Got-
tron (pápulas violáceas que ocorrem simetricamente sobre a face dorsal
das articulações MCFs e IFPs), sinal de Gottron (máculas ou pápulas ou
placas eritemato-violáceas na superfície extensora das mãos, cotovelos,
joelhos e tornozelos) e heliótropo (erupção eritematosa violácea na re-
gião periorbital). Outras manifestações cutâneas características também
podem aparecer, como o eritema facial difuso (diferente do LES em que
o rash malar não acomete esse sulco), sinal do V no pescoço e do decote
na região superior do tórax (hiperpigmentação ou hipopigmentação em
áreas fotoexpostas). A calcinose cutânea ocorre mais na DM juvenil.
A doença pulmonar intersticial ocorre em 10% das DM e PM, geral-
mente associada a anti-Jo-1. Pode ocorrer disfagia por acometimento
da musculatura estriada no terço superior do esôfago e miocardite.
Investigação:
Tratamento:
221
venção de vitamina D nos pacientes que utilizam cronicamente corti-
costeroide.
Medicamentoso: nos pacientes graves: disfagia, DPI, insuficiência
respiratória, acamados ou vasculite cutânea devem receber pulsote-
rapia com metilprednisolona 1g por dia por 3 a 5 dias consecutivos.
Seguido de prednisona, via oral, 0,5 a 1mg/kg/dia. O uso de imunos-
supressores deve ser iniciado nos pacientes que não respondem aos
corticoides ou que são refratários. Dentre os de maior evidência estão
o metotrexate, azatioprina, micofenolato, ciclosporina, ciclofosfamida
e em caos refratários e graves, rituximabe. Em pacientes com infecção
secundária e refratários a terapia inicial deve-se fazer uso da imuno-
globulina intravenosa humana.
222
micos de febre, fadiga, fraqueza muscular, mialgia, artralgias,
úlceras orais, fotossenssibilidade, alopecia e manchas aver-
melhadas no rosto. AMP: abortos de causa desconhecida.
⇒ Dados exame físico: palidez, febre, hipertensão, taquicardia,
manchas eritematosas em palmas das mãos e FRY. Na aus-
culta pulmonar presença de estertores crepitantes bilateral-
mente.
a) Qual a hipótese diagnóstica sindrômica? Síndrome infla-
matória multissistêmica a/e
b) Quais os diagnósticos diferenciais? LES com SAF? Escle-
rose sistêmica? Infecções (HIV?) Paraneoplasia?
c) Faça uma investigação diagnóstica baseada em suas hipó-
teses: hemograma, creatinina, EAS, VHS, PCR, FAN, anticoa-
gulante lúpico, anticardiolipinas IgG e IgM e beta-2 glico-
proteína I IgG e IgM, anti- SCl 70, sorologia para HIV 1 e 2 e
raios x de tórax ou tomografia de tórax de alta resolução.
d) O que se espera encontrar nos exames solicitados? Ane-
mia, provas inflamatórias elevadas, FAN positivo, presen-
ça de algum dos anticorpos antifosfolípides positivos,
presença de proteína na urina simples. Após obter o FAN
positivo deve-se solicitar os outros autoanticorpos mais
específicos como a-DNA, a-Sm, a-RNP, a-Ro, A-La, C3, C4.
Caso no EAS tenha presença de proteína, deve-se solici-
tar a proteinúria de 24hs.
e) Qual o tratamento não medicamentoso e o medicamento-
so ser instituído? O do LES e da SAF com morbidade ges-
tacional, e como a paciente não está grávida deverá fazer
uso apenas de antiagregante plaquetário como o AAS.
Critérios:
Critérios classificatórios para lúpus eritematoso sistêmico ACR/
EULAR 2019.
223
Critérios de entrada
Fator antinuclear (FAN) com título ≥ 1/80 em células Hep-2 ou um teste
positivo equivalente (sempre)
Critérios aditivos
Não conte o critério se houver uma explicação mais provável que o LES
A ocorrência de um critério em pelo menos uma ocasião é o suficiente
A classificação do LES requer pelo menos um critério clínico e ≥ 10 pontos
Os critérios não precisam ocorrer simultaneamente
Dentro de cada domínio, apenas o critério ponderado mais alto é contado para a
pontuação total
Anticorpos antifosfolipideos
Constitucional Anticorpos anticardiolipinas
2 2
Febre ou anticorpos anti-β2GP1 ou
anticoagulante lúpico
Hematológico
3 Proteínas do complemento
Leucopenia 3
4 C3 baixo ou C4 baixo
Trombocitopenia 4
4 C3 baixo e C4 baixo
Hemólise autoimune
Neuropsiquiátrico
2
Delírio Anticorpos específicos para LES
3 6
Psicose Anti-dsDNA ou Anti-SM
5
Convulsão
Mucocutâneo
Alopecia sem cicatrizes 2
Úlceras orais 2
Lúpus cutâneo ou discoide 4
subagudo 6
Lúpus cutâneo aguda
224
Serosas
Derrame pleural ou 5
pericárdico 6
Pericardite aguda
Músculo-esquelético 6
Renal
Proteinúria > 0,5 g/24h
Biópsia renal nefrite lúpica 4
classe II ou V 8
Biópsia renal nefrite lúpica 10
classe
III ou IV
Score total
Classifique como lúpus eritematoso sistêmico com um score de 10 ou mais se o
critério de entrada for preenchido
Pontuação
VARIÁVEIS Sem Com
biópsia biópsia
Idade
Início dos sintomas relacionados a doença: ≥ 18 e
1,3 1,5
< 40 anos
Início dos sintomas relacionados a doença: 40
2,1 2,2
anos
Fraqueza muscular
Objetiva, simétrica, geralmente progressiva, proxi-
0,7 0,7
mal dos MMSS
Objetiva, simétrica, geralmente progressiva, proxi-
08 0,5
mal dos MMII
Fraqueza muscular: flexor > extensor cervical 1,9 1,6
Fraqueza muscular das pernas: proximal > distal 0,9 1,2
Manifestações cutâneas
Heliotropo 3,1 3,2
Pápulas de Grotton 2,1 2,7
Sinal de Grotton 3,3 3,7
Outras manifestações
225
Disfagia ou dismotilidade esofágica 0,7 0,6
Exames laboratoriais
Autoanticorpo anti-Jo-1 (anti-histidil-tRNA-sintetase) 3,9 3,8
Elevação do nível sérico de CPK, DHL, AST ou ALT 1,3 1,4
Características das biópsias musculares. Presença de:
Infiltrado de células mononucleares na região endo-
1,7
misial, circundando, porém sem invadir, as miofibras
Infiltrado de células mononucleares na região pe-
1,2
rimisial e/ou perivascular
Atrofia perifascicular 1,9
Vacúolos subsarcolemais marginados (“rimmed
3,1
vacuoles”)
Critério de entrada
Esses critérios são aplicáveis a qualquer paciente considerado para inclusão
em estudo de esclerose sistêmica
↓
Critério de exclusão
Esses critérios não são aplicáveis a pacientes com quadro de esclerose sistê-
mica-like tais como: fibrose esclerosante nefrogênica, esclerodermia diabética,
escleromixedema, eritromialgia, porfiria, liquen escleroso, doença enxerto ver-
sus hospedeiro e quiroartropatia diabética
↓
Critério de exclusão
Pacientes com espessamento poupando os dedos não são classificados como
esclerose sistêmica
226
Espessamento cutâneo dos dedos (só Distal às articulações
4
computar o maior escore) metacarpofalâncicas
Edema das mãos 2
Lesão de polpa digital (só computar o Úlceras digitais 2
maior escore)
microcicatrizes 3
Telangiectasias 2
Capilaroscopia periungueal alterada 2
Hipertensão arterial pulmonar ou
2
doença intersticial pulmonar
Fenômeno de Raynaud 3
Qualquer um de anti-cen-
Anticorpos relacionados a esclerose trômero, anti-topoisome-
3
sistêmica rase (anti-SCL 70), anti-R-
NA polimerase III
Escore total:
Paciente com escore total de 9 ou mais são classificados como esclerose
sistêmica definida
227
Critério de classificação para doença mista do tecido conjuntivo
de Kahn
Critérios Clínicos
⇒ Um ou mais episódios clínicos de trombose arterial, venosa
ou de pequenos vasos em qualquer tecido ou órgão. Trom-
bose deve ser confirmada por imagem, doppler ou histopa-
tologia com exceção da trombose venosa superficial. Para
confirmação histopatológica, trombose deve estar presen-
te sem significante inflamação na parede do vaso.
228
⇒ Morbidade Gestacional:
♦ Uma ou mais mortes inexplicadas de um feto morfolo-
gicamente normal ao redor da décima semana de ges-
tação, com morfologia fetal normal documentada pelo
ultrassom ou pelo exame direto do feto
♦ Um ou mais nascimentos prematuros de um neonato
morfologicamente normal ao redor da a 34 semana de
gestação por motivo de pré-eclâmpsia ou eclâmpsia ou
insuficiência placentária grave
♦ Três ou mais abortamentos espontâneos, antes de 10 se-
manas de idade gestacional, sem anormalidades hormo-
nais ou anatômicas maternas, e causas cromossomiais
paternas ou maternas excluídas.
⇒ Critérios Laboratoriais
♦ Lúpus anticoagulante presente no plasma, em duas ou
mais ocasiões, com intervalo mínimo de 12 semanas, de-
tectado de acordo com as recomendações da Sociedade
Internacional de Trombose e Hemostasia (ISTH);
♦ Anticardiolipinas (aCL) IgG ou IgM em títulos moderados
(>40) a altos (>80), em duas ou mais ocasiões, com inter-
valo de, no mínimo, 12 semanas por teste ELISA padroni-
zado;
♦ Anti-beta2GPI IgG ou IgM presente no plasma, em duas
ou mais ocasiões, com intervalo mínimo de 12 semanas,
por teste ELISA padronizado.
♦ Síndrome do anticorpo antifosfolípide definida será con-
siderada se, no mínimo, um dos critérios clínicos e um
dos critérios laboratoriais estiverem presentes.
229
REFERÊNCIAS
230
13
Capítulo
13.1 GLICOCORTICOIDES
TRATAMENTO
MECANISMO DE AÇÃO
AUMENTO REDUÇÃO
231
PRINCIPAIS INDICAÇÕES NA REUMATOLOGIA
Dentro da rotina reumatológica são amplamente utilizados. Al-
guns exemplos do seu uso: na Artrite Reumatoide de início recente de
moderada ou alta atividade; Artrite Psoriásica; Artrite por chicungunya
na sua fase subaguda ou crônica, com dor variando de moderada a in-
tensa.; Gota (na contraindicação do uso de AINES), Miosites inflamató-
rias, Lúpus Eritematoso Sistêmico entre outras.
Baixa dose
Terapia de Manutenção
(0,1-0,15mg/kg)
Dose moderada
Dose inicial nos casos crônicos
(0,15>- <0,5 mg/kg)
Alta dose
Dose inicial nos casos subagudos
(0,5> - <1mg/kg)
232
Prednisona/ Prednisolona:
Comprimidos de 5, 20 e 40 mg/dia, esta última apresentação no
caso da prednisolona, por via oral.
Mais usado em dose única pela manhã e dependendo do caso,
como por exemplo nas miosites inflamatórias, pode ser dividido em até
três administrações (8/8 horas).
Metilprednisolona:
⇒ Metilprednisolona (acetato):
⇒ Frasco de 40mg/2mL; 40 a 80 mg, por via intra ou periarticu-
lar, até três vezes/ano.
Metilprednisolona (succinato):
⇒ Frascos de 40, 125, 500 ou 1000mg, diluído em SF0,9% ou soro
glicosado uso EV
⇒ Deflazacorte
⇒ Comprimidos: 6mg, 7,5mg e 30mg, por via oral.
⇒ Tem as mesmas indicações da prednisona e prednisolona
com menos efeitos adversos, demonstrando menor efeito
sobre metabolismo de glicídios e lipídios.
Triancinolona:
⇒ Frascos: 4 mg, por via intra-articular (dose depende do tama-
nho da articulação).
A triancinolona hexacetonida (TH) é a medicação de escolha para
o tratamento intra-articular, dadas as suas propriedades de atrofia si-
novial e absorção lenta a partir do local da infiltração.
233
Dipropionato de betametasona/ fosfato dissódico de betametasona
⇒ Frascos: 5mg/ml/ 2mg/ml, injetável por via intramuscular.
Trata-se de um glicocorticoide fluorado sintético com propriedades
anti-inflamatórias, podendo ser usada em situações de crise. Prescrito
intramuscular em dose única e não deve ser usado cronicamente.
Dexametasona
⇒ Comprimidos: 0,5mg, 0,75mg, 4 mg por via oral ou 2mg/ml,
4mg/ml e 8mg/ml solução intravenosa.
234
Dipropionato de betame-
Alta Creme ou pomada - 0,05%
tasona
Creme, pomada, oclusivo
Alta Fludroxicortida
– 1,25%
Alta Acetonida de fluocinolona Creme - 0,2%
Creme ou pomada –
Alta Halcinonida
0,025% ou 0,1%
Muito Alta Valerato de diflucortolona Creme - 0,1%
Muito Alta Desoximetasona Creme – 0,025%
Muito Alta Propionato de clobetasol Creme ou pomada - 0,05%
Muito Alta Propionato de halobetasol Creme - 0,05%
EQUIVALÊNCIA DE DOSES
GLICOCORTICOIDE POTÊNCIA
EM MILIGRAMAS
Hidrocortisona 25 1
Cortisona 20 0,8
Prednisona 5 4
Prednisolona 5 4
Metilprednisolona 4 5
Triancinolona 4 5
Dexametasona 0,75 25
Betametasona 0,6 25
Deflazacort 7,5 4
Fonte: Adaptado de Neto et al (2018).
235
Tabela 5: Duração da Ação de Glicocorticoides
Modos de uso:
⇒ Via Sistêmica
♦ A administração de glicocorticoide por via sistêmica, em
altas doses, sob a forma oral ou de pulsoterapia, deve
ser reservada apenas para o controle das manifestações
sistêmicas graves ou em casos de risco de morte.
♦ Apesar do rápido efeito anti-inflamatório e imunossu-
pressor, deve ser tentada a sua retirada assim que possí-
vel ou em último caso, podem ser mantidos com a menor
dose de manutenção.
⇒ Via intra-articular:
♦ A aplicação de glicocorticoide intra-articular é uma for-
ma especial de dose alta empregada em artrites inflama-
tórias, principalmente quando há uma articulação aco-
metida, o que evita o uso de terapia sistêmica.
♦ Principais complicações: o aparecimento de atrofia do te-
cido subcutâneo, calcificações periarticulares, hipo ou hi-
percromias, sinovite induzida por cristais e artrite séptica.
236
Em caso de remissão completa da dor, manter a dose por mais
três a cinco dias. Caso não haja recidiva do quadro, iniciar desmame.
No entanto, no caso de doenças graves como vasculites, miopatias in-
flamatórias e complicações no LES, os corticoides podem ser usados
por um período maior.
Durante as fases de desmame, em caso de recidiva da dor, retor-
nar à dose anterior e tentar novo desmame somente após cinco dias
da resolução dos sintomas e assim por diante, até retirada completa da
medicação. Quando a dose for menor, o desmame deve ser realizado
mais lentamente com retirada de 2,5 mg/dia a cada sete dias.
Exemplos de esquema de desmame:
⇒ Doses acima de 30mg/dia: retirar 5-10 mg/ semana.
⇒ Doses < 20 mg/dia: retirar 2,5 a 5 mg a cada 2 semanas.
⇒ Doses <10 mg: retirar 1 mg a cada 4 semanas.
EFEITOS ADVERSOS
Tabela 6: Efeitos adversos causados pelos glicocorticoides de acordo
com o sistema acometido.
SISTEMAS/ ÓRGÃOS EFEITOS ADVERSOS
Fraqueza, perda de massa muscular, osteoporose, rup-
Osteomuscular tura do tendão, lesões de ossos longos e vértebras;
piora dos sintomas de miastenia gravis.
Hidroeletrolítico Inchaço, aumento da pressão arterial; hipocalemia
Sangramento; aumento do apetite, úlcera gástrica com
Gastrointestinal
possível perfuração e sangramento;
237
⇒ Em relação ao uso de prednisona/prednisolona, o risco de
efeitos colaterais com a terapia de longo prazo é bastante
baixo para a maioria dos pacientes até uma dose de 7,5 mg /
dia. Caso a dose diária exceda o valor equivalente a 10 mg /
dia d, o risco de efeitos colaterais aumenta.
MONITORAMENTO
⇒ Exames solicitados durante o uso de glicocorticoides e reava-
liados 1 e 3 meses após início do tratamento: ureia, creatini-
na, aspartato aminotransferase (AST), alanina aminotransfe-
rase (ALT), glicemia de jejum e hemograma.
⇒ Preconiza-se a monitorização da resposta terapêutica por
meio das avaliações clínicas, as quais devem ser realizadas a
cada três meses (em caso de doença ativa) e a cada seis me-
ses (em caso de doença estável, com sintomas controlados e
sem indicação de mudança na terapêutica instituída).
CONTRAINDICAÇÕES
⇒ Em casos de hipersensibilidade conhecida ao medicamento,
classe ou componentes.
⇒ Pacientes com tuberculose sem tratamento, a depender do
tempo de tratamento para Tuberculose e da dose de corticoi-
de que estava sendo administrada.
⇒ No caso de gestação e lactação, nas quais os medicamentos
são classificados como fator de risco B, os mais utilizados são
a prednisona, prednisolona e deflazacorte. No entanto, se a
dose for maior que 20-40mg/dia, a lactante deve aguardar en-
tre 4 e 6 horas para amamentar após a tomada do corticoide.
238
⇒ Diabetes Mellitus (DM) descompensada, infecção sistêmica, úl-
cera péptica ativa ou hipertensão arterial sistêmica (HAS) des-
compensada;
⇒ Em casos de Chicungunya, não devem ser utilizados na fase
aguda da viremia, devido ao risco de complicações.
⇒ Pacientes com histórico de fratura por osteoporose, transtor-
no de humor bipolar, insuficiência renal crônica em diálise,
Cushing, obesidade grau III, arritmias e coronariopatias.
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
⇒ Diminuem os níveis séricos de salicilato;
⇒ Potencializam hipocalemia quando em uso de Anfotericina B
e Diuréticos tiazídicos (Ex: Hidroclorotiazida);
⇒ Podem diminuir ou aumentar a concentração de anticoagu-
lantes;
⇒ Quando em uso de álcool ou de anti-inflamatórios não este-
reoidais (AINEs), aumentam as chances de desenvolvimento
ou agravamento de úlceras pépticas.
Tabela 7: Interações entre glicocoticoides e outros medicamentos
239
Estrogênios e contracep- Aumentam a meia-vida Aumento do efeito farma-
tivos dos GC cológico
Aumentam a incidência
Antiinflamatórios não Aumento da incidência de
de alterações gastrin-
esteroides úlcera
testinais
Potencialização da repli-
Vacinas e toxoides Atenuam a resposta cação dos microrganismos
em vacina de vírus vivos
Diuréticos depletores de Acentuação da hipoca- Repercussão clínica devido
Potássio lemia à hipocalemia
Diminuição dos níveis Diminuição da eficácia do
Salicilatos
plasmáticos salicilato
REFERÊNCIAS
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242
243
13.2 HIDROXICLOROQUINA E CLOROQUINA
Daniel Oliveira da Costa, Juliana Lasmar Ayres do Amaral
MECANISMO DE AÇÃO
⇒ Antimalárico com ação imunomoduladora e anti-inflamatória.
⇒ Diminui a produção de IL-1, IL-6 e TNF-alfa.
⇒ Inibe a fosfolipase A2 e metaloproteínas.
⇒ Altera a função dos toll-like receptors (TLRs).
⇒ É metabolizado no fígado e apresenta excreção renal e biliar.
INDICAÇÕES
Lúpus Eritematoso Sistêmico, Lúpus discoide, paniculite lúpica,
Dermatomiosite/Polimiosite, Síndrome Antifosfolipíde, Síndrome de
Sjogren, Fasciíte Eosinofílica, outros tipos de artrite como algumas por
arbovírus e em certos tipos de osteoartrite.
Hidroxicloroquina:
⇒ Via Oral: 5 mg/kg, 1x/dia ou máximo: 400 mg/dia.
Cloroquina:
⇒ Via Oral: até 3mg/kg ou máximo: 250mg/dia
Em casos de obesidade ou muita baixa estatura, deve-se calcular
a dose conforme o peso ideal do paciente, uma vez que a cloroquina
não se deposita no tecido adiposo.
244
⇒ Melhora das lesões de pele e queixas articulares;
⇒ Prevenção de danos;
⇒ Redução no risco de mortalidade;
⇒ Benefícios no metabolismo glicêmico e lipídico, redução de
fenômenos trombóticos e do risco de infecções;
⇒ Melhora da ação de outras medicações como o micofenolato.
EFEITOS ADVERSOS
Tabela 1: Efeitos adversos causados pela Hidroxicloroquina de acordo
com o sistema acometido.
245
MONITORAMENTO
Avaliação Oftalmológica:
⇒ Exames: Campo Visual, Eletrorretinografia multifocal, tomo-
grafia de coerência óptica (SD-OCT) ou autofluorescência.
⇒ Periodicidade: Inicio do tratamento e depois anualmente
após 5 anos.
Hemograma:
⇒ Periodicidade: A cada 3 meses.
AST/TGO e ALT/TGP:
⇒ Periodicidade: A cada 3 meses.
246
CONTRAINDICAÇÕES
⇒ Em casos de hipersensibilidade conhecida ao medicamento,
classe ou componentes;
⇒ Pacientes com retinopatia e alterações de campo visual;
miastenia gravis; psoríase; porfiria;
⇒ Uso prolongado em crianças;
⇒ Deve ser evitado em casos de doenças otológicas. As mani-
festações de perda auditiva neurossensorial e/ou zumbido
e/ou desequilíbrio após cloroquina e hidroxicloroquina po-
dem ser temporárias ou permanente.
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
⇒ Diminuição das ações de anticonvulsivantes e neostigmina;
⇒ Níveis plasmáticos aumentados de digoxina, ciclosporina e
penicilamina;
⇒ Aumento do risco de arritmias quando em uso da amiodarona;
⇒ Diminuição da absorção da cloroquina quando em uso de an-
tiácidos, os quais devem ser administrados após um interva-
lo de 4 horas;
⇒ Diminuição da ação da cloroquina pelo tabagismo, uma vez
que há competição com o sítio de ligação da cloroquina em
relação aos TLRs.
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249
250
13. 3 VITAMINA D & CÁLCIO
Daniel Oliveira da Costa, Juliana Lasmar Ayres do Amaral
VITAMINA D
MECANISMO DE AÇÃO
251
Tabela 1: Mecanismo de Ação da Vitamina D nos sistemas ósseo e imunonógico.
ALGUMAS INDICAÇÕES
⇒ Hipovitaminose D;
⇒ Osteoporose/osteopenia;
⇒ Hiperparatireoidismo;
⇒ Osteomalácia;
⇒ Raquitismo.
252
Tabela 2: Valores de Referência para a Vitamina D
VALORES DE
CLASSIFICAÇÃO/INDICAÇÕES
REFERÊNCIA
Níveis muito baixos com riscos de defeitos de minera-
<10ng/ml
lização e osteomalácia.
253
OBS1: Em pacientes com doenças que cursam com má-absorção, do-
ses maiores podem ser necessárias, de acordo com a resposta clíni-
ca e laboratorial. Pacientes com síndromes de má absorção, cirurgia
com by-pass, severo acometimento hepático e osteodistrofia renal,
podem requerer doses maiores de vitamina D. Em algumas situações
especiais faz-se necessário o uso de sua forma ativa (Calcitriol - na
dose de 0,25mcg 1-2x/dia).
EFEITOS ADVERSOS
254
OBS: A concentração sérica de 25(OH)D associada à hipercalcemia é
aproximadamente 150 ng/mL. Os indicadores bioquímicos de toxidade
incluem azotemia, hipercalcemia, hipercalciúria e hipocalemia leve.
MONITORAMENTO
255
CONTRAINDICAÇÕES
⇒ Não deve ser administrada em casos de hipersensibilidade
conhecida à droga.
⇒ Pacientes com hipercalcemia.
⇒ Em pacientes portadores de patologias cardíacas, principal-
mente arritmias, a vitamina D deve ser administrada com
cautela, uma vez que a hipercalcemia pode desencadear a
descompensação da doença.
⇒ Em pacientes com insuficiência hepática, uma vez que a ab-
sorção da vitamina pode estar prejudicada resultando na di-
minuição da 25-hidroxicolecalciferol.
⇒ Em pacientes com hiperfosfatemia pode ocorrer calcificação
metastática.
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
⇒ Interage com diuréticos tiazídicos podendo ocasionar sinais
e sintomas de hipercalcemia, tais como tonturas, fraqueza,
letargia, cafaleia, mialgia, anorexia, náuseas, vômitos e con-
vulsões.
CÁLCIO
O cálcio é um nutriente essencial na regulação da homeostase do
tecido ósseo, sendo extremamente importante não só em prevenção e
tratamento da osteoporose, mas também para a saúde óssea geral em
todas as faixa-etárias.
A melhor maneira de obter uma ingestão adequada de cál-
cio é aderir a uma dieta saudável, sendo que as principais fontes
de cálcio na alimentação são os laticínios (leite, iogurte e queijo),
peixes (especialmente sardinhas com ossos), leguminosas e alguns
vegetais e frutas (principalmente nozes e sementes). A quantidade
recomendada na dieta para esse íon está atualmente entre 700 e
1200 mg / dia.
256
MECANISMO DE AÇÃO
⇒ Atua na formação óssea, sendo o responsável pela regenera-
ção e constituição da estrutura do osso.
⇒ Atua na regulação da contração muscular, na transmissão de
impulsos nervosos e na secreção hormonal.
⇒ Atua no processo de coagulação do sangue, na função neu-
romuscular e na permeabilidade das membranas celulares.
ALGUMAS INDICAÇÕES
257
Tabela 5: Ingestão diária recomendada e máxima tolerável de vitamina D e cálcio
(National Academy of Medicine).
Dose Diária Reco- Limite máximo Dose Diária Limite máximo
Dose diária
mendada de Vita- tolerável de Recomendada tolerável de
Faixa- Etária
mina D (UI) vitamina D (UI) de Cálcio (mg) cálcio (mg)
19-50 anos 600 4.000* 1.000 2.500
51-70 anos
600 4.000 1.000 2.000
(homens)
51-70 anos
600 4.000 1.200 2.000
(mulheres)
> 70 anos 800 4.000 1.200 2.000
SUPLEMENTO DE CÁL-
APRESENTAÇÃO VIAS DE ADMINISTRAÇÃO
CIO E VIT D
Comprimidos de 1.250 mg
(500mg de cálcio elemen-
Carbonato de cálcio Via Oral
tar) e comprimidos de
500mg
258
Carbonato de cálcio + Comprimidos de 500 mg +
Via Oral
colecalciferol 400 UI
Carbonato de cálcio +
colecalciferol ou fosfa- Comprimidos de 600 mg +
Via Oral
to de cálcio tribásico e 400 UI.
colecalciferol
259
Para crianças com raquitismo secundário à deficiência de cálcio, a
dose recomendada é de 1.000 mg de cálcio elemento por dia.
Em mulheres com mais de 50 anos, quando há impossibilidade de
ingerir cálcio por meio de fontes nutricionais, recomenda-se a adminis-
tração de suplementos de cálcio.
⇒ Mulheres na pré menopausa: 1000-1200mg/dia
⇒ Mulheres pós menopausa: 1200-1500mg/dia
EFEITOS ADVERSOS
⇒ A tomada total de cálcio não deve exceder um total de
2000mg/dia.
⇒ Pode causar problemas gastrointestinais como constipação,
além da diminuição da absorção de ferro, o que pode ocorrer
quando utilizado junto com refeições ricas neste elemento).
⇒ Pode ocasionar Nefrolitíase.
⇒ O gluconato de cálcio pode levar à síncope, bradicardia e pa-
restesias.
⇒ O cálcio pode induzir a necrose do tecido por meio da va-
soconstrição de capilares induzida pelo cálcio e retenção de
260
líquido intracelular, levando a danos profundos nos tecidos e
calcificações de início tardio.
MONITORAMENTO:
⇒ Pacientes com hiperfosfatemia devem ter seu cálcio sérico
monitorado rotineiramente.
⇒ Pacientes pediátricos e idosos devem ser monitorados roti-
neiramente se estiverem usando carbonato de cálcio e desa-
conselhados ao uso a longo prazo.
⇒ Deve ser feito da mesma forma que o monitoramento de Vi-
tamina D.
CONTRAINDICAÇÕES
⇒ Em casos de hipersensibilidade conhecida à droga.
⇒ Em pacientes com hipercalcemia, uma vez que a administra-
ção de cálcio pode aumentar os efeitos de glicosídeos cardía-
cos, precipitando arritmias.
⇒ Pacientes com história de nefrolitíase devem ser avaliados
cuidadosamente pelo risco de recorrência.
⇒ O uso de carbonato de cálcio é contra-indicado em casos de
cálculo renal, níveis elevados de cálcio na urina, cálcio sérico
elevado, fosfato sérico baixo, acloridria ou suspeita de toxi-
cidade por digoxina.
⇒ O gluconato de cálcio não deve ser usado em pacientes com
sarcoidose.
261
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS:
⇒ O Carbonato de cálcio interage diminuindo o efeito terapêu-
tico do anlodipina,
⇒ O Carbonato de cálcio diminui o efeito anti-hipertensivos
dos bloqueadores dos canais de cálcio, ao interagir com an-
lodipina, nifedina, nimodipino, diltiazem e verapamil.
⇒ Diminui o débito cardíaco ao interagir com a dobutamina.
⇒ Interage com a diuréticos tiazídicos podendo ocasionar sinais e
sintomas de hipercalcemia, tais como tonturas, fraqueza, letar-
gia, cafaleia, mialgia, anorexia, náuseas, vômitos e convulsões.
⇒ Pacientes que fazem uso de Warfarina devem evitar compos-
tos de cálcio + vitamina K.
⇒ O cálcio diminui a absorção e o efeito terapêutico do cipro-
floxacino.
REFERÊNCIAS
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264
265
266
13.4 ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO ESTEROIDAIS
Raíssa Manoela Pontes dos Santos, Juliana Lasmar Ayres do Amaral
MECANISMO DE AÇÃO
267
Fonte: Elaborado pelo autor, 2021.
SUBSTÂNCIA FUNÇÃO
PGD2 Broncoconstrição
268
Os fármacos dessa classe possuem diferentes capacidades para
inibição da COX, podendo ser seletiva ou não para uma das formas
enzimáticas e ocorrer de modo reversível ou irreversível.
APRESEN-TAÇÃO E DOSES
CLASSE MEDICA-MENTO VIA
MÁXIMAS
50-75-100mg; 1-3x/dia (150mg)
Derivados do ácido acético
Diclofenaco Injetável
25mg/ml
Tópico
75mg/ml
Gel 10mg/g
Sublingual 10-mg; 3-4x/dia (40mg)
Cetorolaco
Injetável 30mg/ml
50-100mg; 3-4x/dia (300mg)
150-200mg- liberação lenta
(200mg)
Oral Solução oral 20mg/ml
Cetoprofeno
Injetável Xarope 1mg/ml
Derivados do ácido propiônico
Cetoprofeno
Derivados do ác propiônico
50mg/ml
100mg
200-300-400-600mg; 4-6x/dia
(2,4g)
Ibuprofeno Oral Suspensão oral:20mg/ml;
30mg/ml; 40mg/ml; 50mg/ml;
100mg/ml
250-275-500-550mg; 2x/dia
Naproxeno Oral
(1,1g)
269
Oral 7,5-15mg; 1x/dia (15mg)
Meloxicam
Oral
20mg- comp efervescente
Sublingual
Suspensão gotas: 9mg/ml
Injetável
Piroxicam 20mg
Tópico
20mg/ml
Via retal
Gel 5mg/g
(supositório)
20mg
Sulfonamidas
Sulfonas
INDICAÇÕES
CONTRAINDICAÇÕES
⇒ Gestantes entre 28 e 32 semanas e durante o trabalho de parto;
270
⇒ Doença renal crônica – estágios IV e V sem diálise;
⇒ Doença renal crônica em diálise, com diurese residual;
⇒ Depleção hídrica (desidratação, poliúria, diarreia ou hiperê-
mese grave);
⇒ Primeiros 3 a 6 meses após a ocorrência de um evento car-
diovascular;
⇒ Insuficiência cardíaca descompensada (classes III e IV)
⇒ Hipotensão grave / choque circulatório;
⇒ Urgência hipertensiva;
⇒ Pacientes com hemofilia ou outro distúrbio de hemostasia;
⇒ Trombocitopenia;
⇒ Anticoagulação.
Algumas situações requerem extremo cuidado no uso de AINE’s
devido ao risco de efeitos adversos graves. Nessas situações, deve-se
evitar o máximo possível a sua utilização:
⇒ Idosos (> 65 anos);
⇒ Doença coronariana / angina estável;
⇒ Doença arterial periférica;
⇒ Antecedente de tromboembolismo venoso e/ou AVE;
⇒ Insuficiência cardíaca compensada (classes I e II);
⇒ Hipertensão arterial não controlada;
⇒ Antecedente de ulcera péptica e suas complicações;
⇒ Alcoolismo;
⇒ Hepatopatia crônica / cirrose hepática;
⇒ Doença inflamatória intestinal;
⇒ Doença renal crônica – estágio III;
⇒ Síndrome nefrótica;
⇒ Asma exacerbada por aspirina;
⇒ Uso concomitante com medicamentos nefrotóxicos.
271
Outras condições exigem cautela na prescrição de um fármaco
dessa classe devido ao risco de efeitos adversos, devendo-se fazer a
monitorização minuciosa do paciente. São elas:
⇒ Mulheres buscando engravidar (pelo risco de infertilidade
transitória);
⇒ Gestantes < 28 semanas;
⇒ Hipertensão arterial em bom controle;
⇒ Edema periférico (sem insuficiência cardíaca, renal ou hepática);
⇒ Doença renal crônica em estágios I e II;
⇒ Portadores de H. pylori não erradicada (em indivíduos de alto
risco está recomendada sua pesquisa e erradicação antes do
início do uso de um AINE);
⇒ Fraturas não consolidadas (podem atrasar o reparo em ossos
longos);
⇒ Antecedente de meningite asséptica;
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
Tabela 13.1.3: Principais fármacos que interagem com os AINES e seu respectivo efeito
272
EFEITOS ADVERSOS
glomerulonefrite membranosa e
distúrbios hidroeletrolíticos e aci-
dobásicos.
Respiratório
Naproxeno (≤ 1.000mg /
Cardiovascular
Desenvolvimento ou agravamento
dia; preferencialmente)
de quadros de HAS e IC; IAM, AVE,
e Ibuprofeno (≤ 1.200mg/
ocorrências tromboembólicas e
dia) foram os menos
morte
associados a esses riscos
273
Reações cutâneas variadas,
incluindo síndrome de Stevens-
Johnson e necrólise epidérmica
tóxica nos casos mais graves
Outros
FORMULAÇÕES ESPECIAIS
274
EXAMES PARA ACOMPANHAMENTO
275
REFERÊNCIAS
276
277
13.5 BISFOSFONATOS
Raíssa Manoela Pontes dos Santos, Juliana Lasmar Ayres do Amaral
MECANISMO DE AÇÃO
INDICAÇÕES
CONTRAINDICAÇÕES
⇒ Pacientes com esofagite ou alteração do trato gastrointestinal;
⇒ Pacientes com clearance de creatinina ≤ 35ml/min;
278
⇒ Pacientes com hipocalcemia;
⇒ Pacientes em tratamento dentário invasivo (implantes) ou ci-
rurgia dentária invasiva que exponha o osso (principalmente
os bisfosfonatos endovenosos).
Vertebral
Não
ALENDRONATO 70mg / semana Oral
vertebral
Quadril
Vertebral
35mg/semana
Não
RISEDRONATO OU Oral
vertebral
150mg/mês
Quadril
Vertebral
IBANDRONATO 150mg/mês Oral Não
vertebral
Vertebral
Não
ÁCIDO ZOLENDRÔNICO 5mg/ano Endovenosa
vertebral
Quadril
Fonte: elaborado pelo autor, 2021.
279
e magnésio. Por isso, a administração oral dessas medicações deve ser
feita em jejum, acompanhado de um copo de água e um intervalo de
30min entre a tomada da medicação e alimentação, além de orientar
o paciente a não inclinar o tronco (não deitar) nesse mesmo período. .
EFEITOS ADVERSOS
Tabela 13.5.2: Principais efeitos adversos dos bisfosfonatos
Oculares (conjuntivite é o
OUTROS
mais comum)
EFEITOS
Hipocalcemia -
POSSÍVEIS
Fibrilação atrial
280
Figura 1: Fratura atípica pelo uso crônico de bisfosfonatos
REFERÊNCIAS
281
282
13.6 METOTREXATO
Polyana Nathércia Vale da Luz, Juliana Lasmar Ayres do Amaral
MECANISMO DE AÇÃO
FONTE: http://www.uel.br/
283
Em AR, doses menores de MTX inibem a enzima 5-aminoimida-
zole-4-ribonucleotídeo-carboxamida formiltransferase (ATIC), o que
culmina com a produção de altos níveis de adenosina, um potente an-
tiinflamatório. Ademais, esta ação tem sido relacionada com a indução
da apoptose, refletindo seu efeito imunodepressor, já que a morte de
células imunes levaria a uma redução da resposta inflamatória.
ALGUMAS INDICAÇÕES
284
⇒ Espondiloartrites;
⇒ Lúpus Eritematoso Sistêmico;
⇒ Outras artrites e doenças autoimunes.
CONTRAINDICAÇÕES
⇒ Hipersensibilidade conhecida ao metotrexato;
♦ Hepatopatias: doença hepática alcoólica, alcoolismo, cir-
rose, hepatite ativa ou recente, ou outra doença hepática
crônica.
♦ Discrasias sanguíneas: hipoplasia da medula óssea,
leucopenia, trombocitopenia ou anemia importante;
⇒ Evidências laboratoriais de síndrome de imunodeficiência a
depender da carga viral, contagem de linfócitos TCD4 e esta-
do geral do paciente;
⇒ Doença infecciosa ativa;
⇒ Lactação;
⇒ Gestação;
⇒ Mulheres em idade fértil planejando gravidez
⇒ Insuficiência renal grave.
APRESENTAÇÃO
⇒ Solução injetável: 25 mg/ml – 100mg/ml
⇒ Comprimido: 2,5 mg
285
NOTAS SOBRE O MTX
⇒ Via de regra inicia-se com 06 comprimidos (15mg) 1x/semana;
⇒ O ácido fólico deve ser administrado 1 dia após a tomada do MTX;
⇒ Pacientes idosos com Doença Renal Crônica iniciar com doses
menores de MTX (7,5 a 10mg/semana);
⇒ As doses devem ser reduzidas em função de deficiências he-
matológicas e insuficiência renal ou hepática;
⇒ Progredir dose em 5mg/semana, caso os sintomas não te-
nham sido controlados ou na impossibilidade de desmame
do corticoide. A dose máxima é 25 mg/semana;
⇒ A via injetável tem absorção maior que a via oral;
⇒ Avaliar função renal, transaminases e hemograma entre 2 se-
manas a 1 mês após o início da medicação e posteriormente
a cada 3 meses.
286
EFEITOS ADVERSOS DO MTX
REFERÊNCIAS
287
tamente associada à concentração de glutationa em linhagens de leu-
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288
289
13.7 OUTROS FÁRMACOS EM REUMATOLOGIA
TIPOS DE DOR
Tabela 13.7.1 – Etiopatogenia, subtipos e semiologia para avaliação da dor
290
Tabela 13.7.2 – Classe, Medicamento, Mecanismo de ação, Apresentação, Posologia, Indicações, Contraindicações e Efeitos adversos
EFEITOS ADVERSOS
CLASSE/ MEDICAMENTO MECANISMO DE AÇÃO APRESENTAÇÃO/ POSOLOGIA/ INDICAÇÕES CONTRAINDICAÇÕES
(PRINCIPAIS)
• Glaucoma de ângulo fechado, arrit-
• Atuam através do bloqueio da recaptação
• Apresentação mias, pacientes com hipersensibilida-
da norepinefrina e/ou daserotonina no • Transtorno depressivo • Sonolência, confusão mental, hipo-
ANTIDEPRESSIVOS • Comprimido 10mg, 25mg, 75mg de à amitriptilina, em uso de inibidor
SNC. Inibindo sua recaptação pela bomba maior tensão postural, retenção urinária,
TRICÍCLICOS • Dose ambulatorial: 25mg- da monoaminoxidadase (IMAO)
de membrana neuronal pré-sináptica. O • Enurese aumento do apetite (cautela em
Amitriptilina -150mg/dia VO • Pós- IAM
efeito analgésico independe da melhora • Dor crônica obesos) e secura na boca.
• Idosos: 10-50 mg/dia VO • Gestação (avaliar), prostatisto. Idosos
do humor
(cautela)
• Transtorno Depressivo • Náuseas, secura na boca, consti-
• Glaucoma de ângulo fechado, hiper-
• Cápsula de liberação rápida: Maior pação intestinal, perda do apetite,
INIBIDORES SELETIVOS DA • São inibidores potentes da recaptação de sensibilidade à duloxetina ou compo-
30 e 60 mg • Dor Neuropática fadiga, tontura, fraqueza e síndro-
RECAPTAÇÃO DE SEROTONINA serotonina e norepinefrina e inibidores nentes da fórmula, em uso de inibidor
• Iniciar com 30 mg 1 vez/dia. • Fibromialgia me da secreção inapropriada de
E NORADRENALINA/ DUAIS fracos da recaptação de dopamina. Inibem da monoaminoxidadase (IMAO DRC
• Dose máxima: 60 mg VO • Transtorno de Ansieda- hormônio antidiurético, maior pre-
Duloxetina a dor através das vias descendentes diálise/ clearence<30ml/min)
12h/12h de Generalizada disposição à sangramentos muco-
• Insuficiência Hepática Gestação (avaliar)
• Dor crônica cutâneos.
• A partir da ligação à subunidade alfa-2-delta
dos canais de cálcio dependente de volta- • Apresentação
• Epilepsia
gem no SNC e modula o influxo de cálcio nos • Comprimido simples: 25mg,
• Fibromialgia • Raciocínio lentificado, tontura, lapsos de
ANTICONVULSIVANTE terminais nervosos, inibindo a liberação de 50mg, 75mg e 150 mg
• Transtorno de Ansiedade • Hipersensibilidade Gestação (avaliar), memória e edema dos membros inferio-
Pregabalina neurotransmissores (glutamato, noradrena- • Dose usual: 75mg a 150mg/
Generalizada res
lina, serotonina, dopamina, entre outros) dia VO
• Dor neuropática
• Atua nas vias descendentes da dor nora- • Dose máxima: 600mg/dia
drenérgica e serotoninérgica
• Hipersensibilidade a ciclobenzaprina
ou a qualquer outro componente da
• É um agente tricíclico com estrutura • Apresentação
fórmula
similar à da amitriptilina, porém que não • Comprimido revestido: 5mg e
• Glaucoma ou retenção urinária
apresenta efeitos antidepressivos 10 mg • Contratura Muscular
RELAXANTE • Em uso de IMAO (inibidores da mo- • Sonolência, boca seca e vertigem. Altera-
• Miorrelaxante de ação central, têm efeito • Cápsula de liberação pro- • Cervicobraquialgia
MUSCULAR noaminoxidase) ções nos demais sistemas podem ocor-
antineurálgico longada: 15 mg • Espondilolistese
Ciclobenzaprina • Fase aguda pós-infarto do miocárdio rer, mas são raras.
• A ciclobenzaprina suprime o espasmo do • Dose usual: 20-40 mg/dia • Lombalgia
• Pacientes com arritmia cardíaca, blo-
músculo esquelético de origem local, sem VO em 1-3 doses
queio, alteração da conduta, insufi-
interferir com a função muscular. • Dose máxima: 60mg/dia
ciência cardíaca congestiva ou hiper-
tireoidismo
291
• Apresentação (Tramadol)
• Cápsula 50mg
• Cápsula de liberação prolonga-
da: 50-100mg até 6-6h VO ou
• Agem alterando a permeabilidade dos ca- • Cólica biliar devido a presença de
EV ( exceto as cápsulas de
nais iônicos, inibindo a abertura dos canais cálculos • Constipação, náuseas e vômitos,
liberação lenta)
de Ca+2 (assim, evita-se que ele entre na cé- • Dor de intensidade mo- • Hipersensibilidade aos componentes depressão respiratória e sedação;
ANALGÉSICOS OPIOIDES • Dose máxima: 400mg
lula) e promovendo a abertura dos canais derada a intensa, aguda • Asma brônquica • Outros efeitos possíveis: bradicar-
Tramadol • Apresentação (Codeína)
de K (mais desse íon sai da célula). O re-
+
(principalmente pós- • Obstrução intestinal dia, hiper ou hipotensão, tontura,
Codeína • Comprimidos: 30 e 60mg
sultado disso é que a célula fica hiperpola- -operatória) ou crônica. • Uso simultâneo de inibidores da mo- sonolência, broncoespasmo, insô-
até 4h/4h
rizada, tornando mais difícil a transmissão noaminoxidase (IMAOs) nia e agitação.
• Solução injetável: 30mg/ml
do potencial de ação. • Idade < 12 anos;
(IM e SC)
• Iniciar com 15-30mg
• Dose máxima: 360mg VO;
75mg IM/SC
Fonte: elaborado pelo autor, 2021.
292
Tabela 13.7.3 – Medicação e monitoramento
Medicação Monitoramento
NOTA
OPIÓIDES
⇒ A constipação é um efeito bastante comum que impacta dire-
ta e negativamente a qualidade de vida do paciente, devendo
ser adequadamente identificada e tratada.
⇒ Para pacientes nefropatas e hepatopatas deve-se realizar o
ajuste nas dosagens e nos intervalos. Na insuficiência renal, o
tramadol apresenta menor risco de intoxicação que a codeína.
293
⇒ A codeína, ao contrário de outros opióides, pode ter sua efi-
cácia diminuída em pacientes com doença hepática, pois o
fígado é necessário para a transformação do fármaco em sua
forma ativa.
CICLOBENZAPRINA
⇒ Existem apresentações associadas com a cafeína (melhora o
efeito de sonolência provocado pelo fármaco), analgésicos
e AINES (clonixinato de lisina + ciclobenzaprina), sendo este
último muito utilizado para dores musculares, lesões de ten-
dões e partes moles.
⇒ É importante lembrar que este fármaco pode potencializar os
efeitos do álcool, barbitúricos e outros depressores do SNC.
REFERÊNCIAS
294
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