AMILOIDOSE - Harrison Medicina Interna
AMILOIDOSE - Harrison Medicina Interna
AMILOIDOSE - Harrison Medicina Interna
Amiloidose
David C. Seldn
Martha Skinner
PRINCIPIO$ GERAIS
QUADRO 112.1
Termo
quencia de mutaes na
a prote111a transportadora do
hormnso liretdeo e a proteina de ligao do retino!. O amiloide AA
composto du protclna arnilide A s rica reagente de fase aguda e
ocorre no quadro das doenas inflamatrias ou intecciosas crnicas.
tendo sido chamado de ami/oidose s.:cundria. O Al3:M o amiloide
composto da microglobulma e oco rre nos 10dividuos com doena
renal em estgio terminal (DRET) de longa durao. A Al3 a forma
mats comum de
localizad.1. O Al3 depositado no crebro
na doena de Alzhcimer e derivado do proce:.samento proteoltico
anormal da proteina precursora do amiloide (APP).
fundamentam-se
O diagnstico e o tratamento das
no diagnstico patolgico dos depsitos de amilotde c na identificao imuno-histoqumtca ou bioqutmica do tipo de amiJoide
I . Nas amilotdoses
os rgos envolvidos podem ser
biopsiados, mas os depsitos de omilo tde podem ser encontrados
em qualquer tecido do corpo. Historicamente, vasos sangumeos
da gengtva ou da mucosa reta! eram examinados. mas o tecido mais
facilmente .lcesstvel, positivo em mats de SO!Io dos pacientes com
13 rcguiM
depsitos amiloides exlbe uma birrcfringncm verde prpria atravcs da microscopia com luz polarizada, quando corada com o corante vermelho Congo; as ftbrilas com 10 nm de
d ireta mente por mt croscopla eleJiilmetro podem 5er
trnica do tecido fixado com paraformaldeldo. Quando o amiloide
encontrado, o ttpo de protema deve ser determmado, comumente
atravs da imuno histoqutruica, microscop1a imunoeletrntca ou por
extrao c anltse b10qumica por espcctromclna J e mas!>n ou ()Uira
tcnica. A
Stndrome clnica
Envolvimento clintco
Qualquer
Qualquer
Amiloldoses sistmlcas
Al
AH
AA
AITR
AApoAJ
Transtlrelina
AApoAJI
Apolipoprotelna AI
Apollpoprolelna Ali
AGeI
Gelsollna
Aflb
Alys
AbrinogmoM.
Usozima
ALECT2
Renal, qualquer
Associada a ttemodiallse
Hlmlllal (mutante)
Slstmlca senil (bpo selvagem)
Hlmlllal
Hlmlllal
Famlllal
Hlmtlial
Renal
Famllial
Renal
Renal
Amlloldoses localizadas
Aj3
AcyS
APrP
AIAPP
Aca.t
AANE
APro
Protena amloide
Clstatina C
Protena do prlon
Polipeptdio amiloide da ilhota (amiltna)
Calcitonina
SNC
SNC, vascular
SNC
Pncreas
Tireolde
trios cardacos
HtpcifiSB
945
Bipsia teeldual
.---___;,..::.....
Colorao lmuno-
_,_
hlatoqulmtca da blpela
-
Cadela leve
kappa ou
lambda
::::l
(")
o
o:r
tO
Cl)
:c
Cl)
jl)
p,;
tO
Diagnstico
Amlloldose Al
AMILOIOOSE Al
de fator .X)
ETIOLOGIA E
A
Agura 112.1 Algoritmo para o diagnstico da amiloidose e para a detarmlnao dO tipo: ;pc1ta clin:ca
AL
pouc
ocorrer
com
o
m1e
.lmiloidc,.,c
nefropaua. m10eardoopaua neuropaha cnteropaua. a
IMD'Ieadas e mactog\(l';:Sja /WJAl, aoo opoprotu:na AI
toma mllluplo ou com outras docna1>
ApoAil apohpoprotmna Ali, Gl,gastnmestmal
com proliferao do linfcito B. inclusive
o llnfoma no Hodgkin Cap 110) e com
a macroglobulinem1a de Waldenstrm
org:\nicn cnvohldo,
e htStoria tamiliar
( r I ) A anult11do'c Al o tipo mais comum de amiloidosc sispode fo rnecer ind1C1os
vcrdudcm1
pode
ser
mui
h>
muis
elevada. A ,lm isendo
que
logncse Inclue m a estrutura prntc1ca ''arl ante ou imtwl. a cxtens3
t;Oill<l nutras docnc;ns de clulas plasmticas, com umenlc
loidose
co nfonnao
for
atravessar uma etapa de agregao oltgoncrtca e. e:m
mam
de ordem
QuanJn os pohmcros atmgem
um tamanho cntico,
tornam
''5 e se dcposuam em SI
llos do tecido extracclular na forma de 11bn l!>.
grand.::. depsi
mterfcr.:m ..:<lm a
urgnica e, devido
tos
captatl celular
>hgomencos. podem sa
txtcos para as celulas-aho
As
diniCJ\ da'>
,tllo associadas a altera
es relativamente inc:pct:lficas nos exame laboratoriais rotUleiros.
As contagens
comumente e,t" norma1s, embora a \'c
loctdade de
esteja lrc.,uenlementc elevada. Os
946
DIAGNOSTICO
A 1dent1ficao de
o linfoproliferatiV<t 8
c da
LC clonal a .:have para o diagns tico da runllmdose AI A ele
troforcse das protenas
(SPHP) c a eletrnforcse de pmtt'ina.
urinirias (UPcP) no
exames de triagem utcts quando 'c
peita da amiloidose AL porque a I C dona! ou a imunoglobulina
integral, d1ferente do mieloma multiplo, frequentemente n.\o est
elevados. Alm disso. um percentual aumentado de clula!. plasmticas na medula ssea, em geral 5 a 30% das cclulas nudeadas, c
percebido em aproximadamente 90()(, dos pacientes. A clonaltdade
kappa ou lambda pode ser demonstrada por cito metria de fluxo,
colorao ununo-histoquimica ou por hibridizao in situ para o
RNAmda LC
Uma protema sen.:a monodonal por si sei no o! diagnst1ca de
amiloidose, pois a gamopatia monodonal de significado lndctermi
nado (MGUS) comum em pacitmtes 1dosos rl 'r- li I). Contudo,
quando a l\IGUS esti
c:m pacientes com amilo1dose comfortemente suspe1tado. De
pro,ada por bips1a, o upo AL deve
laten te" por
maneira sunilar, os pacientes portadores de
causa dtl discreta elevao das clulas
na medu lll ssea
devem ser triados para a amiloidose AL quando possuem cv1denda
de disfuno orgnica. A 11pagem exata e essenctal para o tratamento
dos dcpt>sitos de Jmiloi
adequado. A colorao
de e til quando eles se hglun prefercncialmenlc 11 um rullicorpo anl1
,,tdeia leve, algunt.
de AI \C ligam .1 mu1tos anll-,oro.s de
manc11a mespec1fica. A microscopia 1munocletrnica ma1S confivel e tambcm pode ser fe1to o microssequenci:unento de
de prtllclna ('Xtmdas
TRATAMENTO
Amiloidose Al
()
cnvol\'llnento multiSt.IStmico tlpifica a amiloidose
AL,
que a sobrcvida mediana sem tratamento comumente
a partir do momento do diagnstiCo. As
e de apenas I a 2
durveis, embora
a dexamctasona nem sempre seja bem tolerada pelos pacientes
com edema ou cardtopatla sigmficativos. O mdfalan mtrJvenoso
em dose alta seguido por transplante de cclulas-tronco autlog:ts (HDM/SCT) produz respostas hematolgacns completas em
aproximadnmente 40%
pacientes tratados, conforme medido
pda remiss.\o completa (CR) das .:clulas plasmatu::as clona1s na
medula .,sea e pelo
da LC monoclonal por IFE
c ensaio para LCs
As
hematolgicas podem
c.
das unnas
947
SPEP
lgG
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lgM
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Cl)
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3
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948
paro este
metade dos pactentes com amilotdose AI
tratamento agressivo. sendo que, mesmo em centros de tratamento especiali?,ados, a mortalidade pentromplante mais ele\>ada
que em outros doenas hematolgtcas por causa da funo orgnica prejudicada. A miocardiopatia arniloide o estado nutricional
deficiente, o estado de desempenho comprumetido e a doena em
mltiplos rgaos contribuem para a morbi=de e mortalidade excessivas. A dttese hemorrgica decorrente da adsoro do fator
fibrilas amiloides tambem confere uma eleX da coagulao
vada mortalidade durante a terapia mielos,upressora; no entanto,
esta slndrome acontece apenas em um percentual pequeno de
pacientes. O nico estudo multtcntrlco q,.e compara o melfalan
e dexametasona orais com o HDM/SCI' al o momento falhou
em mostrar beneficio do tratamento com aose intensiva, embora
a mortalidade relacionada com o transplante neste estudo tenha
sido muito alta.
tratamento de induo e manuteno. Os estudos cl[njcos so essenciais para melhorar a terapia para esta doena rara.
O tratamento de suporte importante para os padenres com
qualquer tipo de amiloidose. Para a sindrome nefrtica, os diurticos e as meias elsticas podem melhorar o edema; os inibide anglotensina devem ser usados
dores da enzima
com cautela e no mostraram lentil1car a progresso da doena
rena l. A iJ1suficincia cardlaca congestiva decorrente da miocardiop;llia amiloide tambm mais bem tratada com diurticos;
importante notar que dJgitlicos, bloqueadores dos canais de ali cio e os beta-bloqueadores esto relativamente contraindlcados,
pois podem interagir com as fibrilas amiloides e desencadear o
bloqueio cardlaco e o agravamento da insuficincia cardlacn. A
amiodarona tem sido empregada para as arritmias atrial e ventricular. Os desflbriladores implantveis automticos apresent<\m
eficcia reduzida devido ao miocrdio espessado, mas eles podem
beuetkiar alguns pacientes. A abJao atrial mna conduta efetiva para a fibrilao atrial. Para as anormalidades de conduo,
o marca-.passo ventricular pode estar indicado. A disfuno contrtil alrial comum na miocardiopatia amiloide c constitui uma
indicao para a anlicoagu.)ao, mesmo na ausncia de l'ibrilao
atrial. A neuropatla autonmlca pode ser tratada com ex (alfa)
como a midodrina para sustentar a presso arterial; a disfuno
gastrintest.inal pude responder a agentes pr6-cinticos ou
dores de
tambm imponante a suplementuo nutricional, quer por via oral, quer por via parenteraL
Na AL localizada, os depsitos de arniloide podem ser produzidos por clulas plasmticas danais que se innitram em sftios
locais nas vias respiratris, bexiga, pele ou linfouodos (Quadro
112.1). Os depsitos podem responder interveno cirrgica ou
radioterapia; o reatamento sistmico geralmente no apropriado. Os pacientes devem ser referidos para um centro familiarizado com o tratamento destas manifestaes raras da amiloidose.
AMlLOIOOSE AA
ETIOLOGIA E
A amilodose AA pode acontecer em associao com quase qllal quer estado inflamatrio crnico [p. ex., artrite reumatoide,
doena inflamatria intestinal, feb re familial do Mediterrneo
(Cap. 330) ou outras sndromes de febre peridica] o u infeces
crnicas, como tuberculose o u cndocardlte bacteriana subaguda.
Nos estados Unidos e na Europa, a amiloidose AA menos comum , ocorrendo em < 2% dos pacien tes com estas doenas, presumivelmente por causa dos avanos nas terapia,o; anti-inflamatria
e antirnicrobiana. Ela tambm foi descrita em associao com a
doenn de Castle.man, sendo que os pacientes com amiloidose AA
devem realizar um exame de imagem por TC para pesquisar por
estes tumores, bem co rno exan1es soro1gicos e microbiolgicos. A
t\miloidose AA tambm pode ser notada sem qualquer dt)ena subjacente identificvel. A AA o nko tipo de amiloidose sistmica
q ue ocorre em crianas.
TRATAMENTO
Amiloidose AA
AMlLOIOOSE AF
lu. am.iloidoscs fam iliais so doenas autossmicas dominantes em
que uma protena plasmtica variante forma depsitos de amiloide,
.:om e:.mdo na m eia-idade. Estas doenas so raras, com uma incidncia estimada de < I por 100.000 nos Estados Urudos, embora
existam reas isoladas de Portugal, Sucia c Japo onde os efeitos inida doena . A
ciadores leva ram a uma incidncia multo mais
forma mais comum da AF causada por m utao da abm1dante protena plasmtica transttretlna (TTR, tambm conhecida como pr-albumina). Mais de 100 mutaes da TTR so conhecidas e a maioria est associada am Uoidose ATTR. Uma variante, V 1221, possui
uma freq uncia de portador que pode ser to alta quanto 4% da
populao afro-americana e est associ,ada am iloidose carcUaca de
nido tarruo. A incidncia real e a penetrncia da doena na populao afro-americana tema de pesquisa continuada. sendo prudente
considerar a AF no ruagn6stico cUferencial de pacientes afro-americanos que se apresentam com hipertrofia cardla.:a concntrica e
evidncia de disfuno diastlica, princi palme nte na aus ncia de
uma histria de hlpertenso. Mesmo a TTR do tipo selvagem pode
formar fibrlas, levando chamada amlloidose sistrnica senil (SSA)
nos pacientes idosos. Ela pode ser encontrada em at 25% das autopsias nos pacientes com mais de 80 anos de idade, sendo que ela
pode produzir uma slndrome dlnlca da miocardiopatia amiloide, a
q1,1al similar quela que ocorre em pacientes ma.is jovens portadores de uma TTR mutanle. As outras amiloidoses famiiiais, causadas
por apolipoprotenas Alou Ali variantes, gelsolina, fibrinognio Aa
ou lisozima. so reportadas em apenas algum as famlias no mundo.
Novas proteinas sricas amiloidogrucas continuaoJ a ser identitkadas periodicamente, inclusive, recentemente, o fator quimiot:xico
leucocitrio LECT2.
Na ATTR e e.m outras formas de a miloidose fiunilial, a estrutura
variante da protena precursora o fator chave na formao da flbrila. O papel do envelhecimento intrigante, pois os pacientes nascidos
com as protenas variantes no tm doena clinicamente aparente al
a meia-idade, apesar da presena da pro1ena anormal durante toda a
vida. A evidencia adicional de um "gatilho" relacionado com a idade
a oconncia da SSA nos idosos. causada pela deposio de flbrilas
derivadas da TTR normaL
)>
3
o
a:
co
949
TRATAMENTO
::I
('")
o
o
<C
j'
Amiloidose ATTR
ro
:X:
ro
3Q)
<C
j'
950
acompanhados por um desconforto leve
eram observados em at 50% dos pacientes sob dilise por mas de
12 O envolvimento bilateral e as grandes articulaes (ombros,
punho" e quadris) so afetadas com maior frequncia.
O Uquido sino\'ial no demonstra mflarnao e o amiloide 13,M pode
ser encontrado quando o sedimento corado com o vermelho Goncomum, os depsitos visccrais de amiloide 13,M
go. Embo ra
ocorrem ocastonnl mente no trato gastrintestinal, corao, tendes e
tecidos subcut:ineos das ndegas. No existe terapia espedfica para a
amilo1dose A 131M, porm a cessao da dilise depois do autoenxerto
renal pode levar mel horia dos sintomas.
RESUMO
O diagn stico de a.miloidose deve ser considerado nos pacientes
com nefropntia inexpllcada, miocardiopatia (principalmente com
disfuno diastlicu), neuropatia (quer perifrica, quer autonmca),
enreropntla ou com os achados patognomnicos em tecidos moles de
ou equi moses perorbitrias. A identificao patolgica
pode ser realizada com o uso da colorao por
das 11brilas
vermelho Gongo do teci do adiposo abdominal aspirado ou de uma
amostra do rgo afetado. A tipagem exata empregando uma combinao de
imu nolgicos, bioquimicos e genticos essencial
para escolher a terapta adequada (veja o algoritmo para a pesquisa
diagnstica, r tg. 112. 1). centros de referncia tercirios podem
fornecer tcnicas di.tgnl>ticas especializadas e acesso a estudos cllnicos para os pacientes com estas doenas raras.
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