9302-Texto Do Artigo-23166-1-10-20120504
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Introdução
A proposta deste texto é analisar o "modelo de intervenção urbana" do Programa
Rio Cidade (especialmente no período de 1993 a 1996), uma experiência urbanística
desenvolvida para alguns dos principais "corredores" comerciais e de tráfego da cidade
do Rio de Janeiro, tendo como objetivo principal a requalificação do espaço da rua, e que
será questionada como expressão singular de um ideário que rompe com as perspectivas
reformistas e utópicas de enfrentamento das desigualdades na cidade, sobretudo através
do esvaziamento do conteúdo social e não tratamento de questões estruturais e condi-
cionantes do desenvolvimento urbano.
O slogan do programa, "o urbanismo de volta às ruas", por si só, indica urna pos-
tura de retorno, de resgate de um saber e de urna prática antes abandonada pelo urba-
nismo modernista, ora revertida na intervenção urbana pontual orientada por projetos,
tendo a rua como espaço privilegiado de ação. No entanto, o arcabouço geral do pro-
grama mostra-se eivado de outros elementos significativos para análise, que, sob nossa
avaliação, precisam ser observados.
A orientação aqui adotada justifica-se pela necessidade de encontrar referenciais
possíveis de serem contrapostos ao posicionamento renovado do discurso e da práti-
ca urbanística contemporânea, os quais, sob o nosso olhar, tendem a ocultar a questão
das desigualdades e as raízes dos chamados "problemas urbanos". Como lembra Vainer
(1998), a arquitetura e o urbanismo têm produzido um novo tipo de estandardização, que
induz a reprodução de determinados padrões de empreendimentos, dentre eles centros
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que presidiu o IAB/RJ entre 1975 e 79, disse que quer privilegiar os arquitetos
na sua gestão (...) se dispondo a desenvolver junto ao Instituto novas moda-
lidades e regras para a contratação de serviços de arquitetura. (Informe IAB,
1992, p. 4)
Bairros Trechos
1 Bonsucesso Praça das Nações; Rua Cardoso de Morais
2 Botafogo Rua Voluntários da Pátria; Rua São Clemente
3 Catete Largo do Machado; Rua do Catete
4 Centro Av. Rio Branco
5 Copacabana Av. Nossa Senhora de Copacabana
6 Ilha do Governador Estrada do Galeão
7 Ipanema Rua Visconde de Pirajá
8 Laranjeiras Rua das Laranjeiras
9 Leblon Av. Ataulfo de Paiva
10 Madureira Av. Ministro Edgar Romero; Estrada do Portela; Rua Maria de Freitas
11 Méier Rua dias da Cruz; Praça Agripino Grieco
12 Penha Rua dos Romeiros; Largo da Penha
Os critérios de escolha das áreas nunca foram justificados pela Prefeitura, que
apenas apresentava argumentos referentes à necessária legitimação dos ins-
trumentos e à busca de maior repercussão no aspecto de marketing urbano.
Estas áreas escolhidas se localizam em alguns dos mais simbólicos centros
de bairro cariocas, bairros que tem uma participação histórica no imaginário
urbano (...) [grifo nosso]
Imagem da cidade – cidade da imagem: o modelo de intervenção urbana do Rio Cidade 73
"O Rio é uma cidade que precisa reverter o quadro de desordem urbana",
dizia o recém-eleito Prefeito da Cidade (...) para seu futuro Secretário de Urba-
nismo (...). O ano de 1992 acabava. Era evidente a necessidade de melhorar
a imagem da cidade. A segurança era aspecto fundamental, mas escapava à
ação direta do Município. Porém melhorar o entorno onde o carioca vivia era
igualmente importante e estava ao alcance da Prefeitura. É possível viver na
rua. Ela não é do automóvel. (...) A prioridade: valorizar os Bairros – alguns
francamente decadentes – e resgatar a Rua – quase sempre sufocada pela
desordem urbana e trânsito caótico. Surge o Rio Cidade [grifo nosso]. (Rio de
Janeiro, RJ, 1994, p. 3)
Para além de marcar posição quanto às definições conceituais, esse discurso si-
nalizava uma opção por parte da administração urbana em não se limitar a planejar, mas,
sim, implementar ações de curto prazo e executar obras pontuais, que, por sua vez, eram
definidas como de interesse da maioria. Essas obras deveriam ser capazes de promover
novas atitudes ante o processo de degradação urbana, promovendo a qualidade físico-
espacial e uma nova imagem da cidade. Não obstante, a motivação principal vinculava-se
a uma estratégia mais ampla de atração de investimentos.
Nesta direção, o Programa Rio Cidade fez parte de um conjunto de propostas
previstas no Plano Estratégico da Cidade do Rio de Janeiro – PECRJ17. No caso, a es-
tratégia denominada "Rio Acolhedor", no plano teórico, visava melhorar o relacionamento
do cidadão com a natureza (entendida como o espaço físico natural), no sentido de res-
taurar a degradação advinda do passado e assegurar um desenvolvimento sustentável
para o futuro; fortalecer a vida dos bairros, valorizando o pertencimento e a integração; e
melhorar a qualidade dos espaços públicos, eliminando as barreiras arquitetônicas, des-
privatizando-os e convertendo-os em eixo das atividades coletivas.
O plano de ação específico do qual fez parte o Rio Cidade, assim como os proje-
tos de revitalização da orla marítima da cidade, era o de realizar intervenções em espaços
urbanos privilegiados para melhorar a infra-estrutura e a estética da cidade, uma estraté-
gia de requalificação físico-espacial e de atração de investimentos, como destaca o coor-
denador de uma das equipes contratadas para a elaboração de projetos nos bairros:
(...) é preciso considerar que a cidade não pode ser entendida apenas como
um espaço que concentra pessoas e atividades, mas também, um espaço sim-
bólico, de integração cultural, da identidade coletiva, e que possui um valor e
marca para exterior.18
Cabe questionar essa interpretação dos idealizadores do Rio Cidade quanto à no-
ção de um urbanismo "abstrato", já que muitas vezes, pelo contrário, o urbanismo moder-
no fundamentava-se em diagnósticos e propostas concretos, alguns deles orientadores
de muitas obras realizadas e outras que ainda servem de referência, como é o caso das
soluções de drenagem apresentadas pelo Plano Agache19.
Na concepção dos idealizadores do programa, a iniciativa de requalificar trechos ur-
banos, através do desenho, sem a necessidade de reconstruí-Ias como em processos de
"renovação urbana", poderia conduzir um revigoramento cultural, social e econômico da
cidade, numa experiência urbanística de caráter pioneiro. A distinção estabelecida entre
a requalificação e a reabilitação urbana ocorre no sentido de que a primeira visa conduzir
de forma mais gradual novos padrões estéticos e funcionais, através de trechos urbanos.
A segunda, por sua vez, "tem muito da cirurgia urbana", no sentido da destruição do velho
para a construção do novo, e da restituição da paisagem urbana a referenciais antigos.
Sob outro aspecto, o planejamento é considerado ineficaz, enfocando-o sob o pon-
to de vista metodológico como fruto de propostas que procuram solucionar os problemas
da cidade na sua globalidade, partindo do geral para o particular; como exemplo desse
Imagem da cidade – cidade da imagem: o modelo de intervenção urbana do Rio Cidade 79
modelo foi citado o Plano Urbanístico Básico – PUB (1977). Criticam-se os volumosos e
multidisciplinares planos integrados e suas análises institucionais e dados quantitativos,
vistos como de pouca utilidade e efeito prático. Tacitamente, isso sugere a não neces-
sidade de realizar diagnósticos extensos e rigorosos, a ação urbanística fundamenta-se
mais na intuição e criatividade dos formuladores de projetos e na capacidade do poder
público em gerar, de forma acelerada e pouco gradual (apesar do conceito de requalifica-
ção primar por tais processos), efeitos demonstrativos suficientes para garantir a legitimi-
dade das propostas de intervenção.
E ainda, o programa se coloca no sentido de abandonar o funcionalismo que ca-
racterizava os planos até a década de 60, como no caso do Plano Doxiadis, que concebia
a cidade em função de vias expressas de circulação para o automóvel. Também é cita-
da como última e tardia expressão do urbanismo modernista, rodoviarista, o Plano Lúcio
Costa para a Baixada de Jacarepaguá (1969). Ao contrário de uma política que valoriza
a construção de viadutos e vias expressas em detrimento do pedestre, no modelo de
intervenção do Rio Cidade a rua aparece como lugar privilegiado. É nesse sentido que
se desenvolve a noção de um urbanismo que "volta às ruas", no sentido de resgatar a di-
mensão qualitativa desses espaços. "Se tantos fatores negativos resultam na transforma-
ção da rua em espaço hostil ao pedestre, o Rio Cidade, em contraposição , quer restituir
a rua ao cidadão" (Rio de Janeiro – RJ, 199, p. 6).
Mas, até hoje, muito pouco se avançou a respeito, bem como poucas são as aná-
lises consistentes sobre o cerne dessa experiência, "um verdadeiro laboratório urbanís-
tico" tendo como objeto importantes bairros da cidade do Rio de Janeiro. Uma análise
recente de Domingues (1999) conduz uma caracterização e avaliação do Rio Cidade,
tendo como eixo de argumentação o debate sobre as estratégias de gestão do território.
Esse autor realiza uma avaliação normativa/política do Rio Cidade a partir de critérios vin-
culados ao aporte e princípios que constituem a estrutura nuclear do discurso da agenda
da Reforma Urbana, apontando como resultado a incompatibilidade do Rio Cidade diante
desses critérios normativos (a inversão de prioridades, a participação popular e a demo-
cratização da gestão urbana e a recuperação de mais valias), mas também ineficaz ante o
próprio discurso que o justifica, destacando:
O projeto Rio Cidade embora apresente alguns méritos, existem muitos pro-
blemas na sua formulação e principalmente na sua implementação. Essa críti-
ca pesa sobre a experiência específica do Rio Cidade, mas representa apenas
uma referência na indagação em relação aos projetos urbanos como alternati-
va de intervenção nas cidades [grifo nosso]. (1999, p. 137)
É certo que o encaminhamento dado a essa segunda versão, que ainda se encon-
tra em aberto, representa um certo avanço; todavia, como já era de se esperar, tais pro-
cedimentos não rompem com a opção conceitual adotada no Rio Cidade I, ao reafirmar
a importância do projeto pontual, através da contratação de equipes nos processos de
requalificação do espaço da rua.
O retorno ao desenho, como instrumento de ação urbanística, configura uma das
principais tendências do urbanismo contemporâneo, do qual o Rio Cidade é apenas um
dos indicativos. Experiências semelhantes, que exploram o desenho urbano, vêm sendo
articuladas em outros municípios do país, inclusive de periferias metropolitanas, no senti-
do da revalorização de áreas comerciais, em alguns casos utilizando como justificativa o
acirramento da competição com os shoppings centers.
Essas experiências têm em comum o objetivo de priorizar a circulação de pedes-
tres, a segurança no espaço da rua, a comunicação visual, a revitalização do uso de
imóveis e a realocação do comércio ambulante, visto como um transtorno ao comércio
estabelecido. Trata-se de ações articuladas à estratégia de tomar mais atraente o espaço
do consumo, em especial das classes média e alta, através da veiculação de uma imagem
renovada dessas áreas.
Defende-se aqui a necessidade de superação da forma pragmática e fragmentada
de intervenção sobre a cidade, também por estabelecer uma lógica desarticulada de ou-
tros instrumentos de controle do uso do solo, adaptando-se passivamente aos interesses
econômicos. Esse argumento encontra respaldo ao se valorizar a perspectiva democrática
no campo da gestão urbana, o ideal de justiça social e o direito à cidade ante o contexto
exacerbado de desigualdades na sociedade, desníveis no provimento de infra-estrutura e
precariedade de condições de vida para muitos dos habitantes dos centros urbanos.
Da totalidade ao fragmento,
da utopia ao pragmatismo
Tendo como referência a definição inicial de "modelo de intervenção urbana", sub-
divide-se este item nos seguintes aspectos: os princípios e a representação sobre a ci-
dade; a definição do objeto e o diagnóstico acerca dos problemas urbanos; os objetivos
e os instrumentos de intervenção. Trata-se de uma síntese analítica acerca do modelo de
intervenção urbana do Programa Rio Cidade, a partir das referências conceituais e empí-
ricas desenvolvidas.
Imagem da cidade – cidade da imagem: o modelo de intervenção urbana do Rio Cidade 85
Notas
* Este artigo apresenta as principais questões debatidas pelo autor no Capítulo 2 da Dissertação
de Mestrado em Planejamento Urbano e Regional, Sartor (1999).
1. Para construir um modelo para identificação e análise dos principais padrões de planejamen-
to, historicamente formulados no país, e de sua vigência em determinadas experiências, os
autores usam a seguinte definição: "por padrão, emendemos o conjunto dos princípios que
orientam o 'diagnóstico da realidade urbana’, bem como a definição da forma, objeto e ob-
jetivos da intervenção proposta. Cada padrão é, portanto, apreendido como um conjunto de
representações (que categorizam a realidade social) e de técnicas de ação”.
As representações sobre os denominados "problemas urbanos" são analisadas tendo como base
tendências do pensamento social que marcaram as concepções sobre a cidade, e como estas
últimas informaram os modelos de planejamento adotados em diferentes conjunturas. Ribeiro
e Cardoso (1996, p. 53).
2. Para maiores detalhes, ver Capítulo 1 de Santor (1999), citado anteriormente, onde se resgata
a história do urbanismo moderno, num percurso que inicia com a "emergência do urbano"
no século XIX tratando sobre a formação da "ciência das cidades", na passagem para o século
XX. Indicam-se os elementos definidores do urbanismo, consolidados no período entre guer-
ras, tecendo uma abordagem acerca das tendências desse "saber-ação", entre as dimensões
da ciência, da técnica e da arte. Como desdobramento do segundo pós-guerra, destaca-se
a emergência do planejamento territorial e urbano, na conjuntura de consolidação do mo-
delo fordista de desenvolvimento econômico e do Estado do Bem-Estar Social. Por fim, são
indicados dois dos possíveis desdobramentos no contexto de crise, que se anunciou entre as
décadas de 1960 a 1980, por um lado, o surgimento do desenho urbano e, por outro, as impli-
cações no campo da ação política voltada ao enfrentamento das desigualdades na cidade.
3. O programa se encontra na segunda fase (Rio Cidade II), sendo conduzido pela gestão do
Prefeito Luiz Paulo Fernandez Conde.
4. Conforme consta em documentos oficiais do Rio Cidade.
5. Os dois termos (programa e projeto) aparecem sem distinções formais nos documentos referen-
tes ao Rio Cidade. Aqui, considera-se importante tal distinção, em face dos objetivos do texto.
Também vale ressaltar a diversidade no conteúdo das informações e dados relativos ao Rio Ci-
dade, muitas vezes prolixos, o que exigiu um esforço de organização e síntese dos mesmos.
6. Na administração do Prefeito César Epitácio Maia (1993-1996).
7. Fundação criada em 1979, sob a denominação de Rioplan, onde predominavam as funções
ligadas ao planejamento urbano, agregando, posteriormente, atividades relacionadas às áreas
de informática, desenvolvimento econômico e estatísticas gerenciais. De "Instituto de Plane-
jamento Municipal" tornou-se "Empresa Municipal de Informática e Planejamento S.A.", parte
integrante da Administração Indireta do município. Com a criação do "Instituto Municipal de
Urbanismo Pereira Passos - IPP", autarquia oficialmente criada em 1 de dezembro de 1998,
pelo atual Prefeito, o setor de informática da Iplanrio persistiu sob a denominação de Empresa
Municipal de Informática S.A.
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8. Para informações detalhadas, consultar Rio de Janeiro (RJ) (1996, pp. 133-134).
9. Nas eleições municipais de 1996, Conde elegeu-se para o cargo de Prefeito da Cidade (gestão
1997-2000), como sucessor do então Prefeito César Maia.
10. O Convênio para promoção de concursos de projetos e/ou propostas técnicas de arquitetura
e urbanismo, entre a Iplanrio e o IAB/RJ, datado de 1 de julho de 1993, tem como objeto a
mútua cooperação das partes conveniadas no sentido de estimular a participação de arquite-
tos na formulação de idéias e projetos arquitetônicos e urbanísticos no município do Rio de
Janeiro e promover, através de concursos públicos específicos, a seleção de projetos ou de
propostas técnicas de intervenção arquitetônica e urbanística. Por sua vez, o Contrato para
prestação de serviços de gestão do concurso público, estabelecido em 9 de julho de 1993,
refere-se à seleção de propostas técnicas referentes aos projetos de intervenção arquitetônica
e urbanística em áreas do "Projeto Rio Cidade".
11. O período de inscrições para o concurso foi de 10 de agosto a 23 de setembro de 1993.
Houve a realização de um seminário sobre o concurso do Rio Cidade, em 30 de agosto de
1993, abordando os objetivos e respondendo questões específicas dos interessados (respostas
que passaram a fazer parte integrante do Edital). A entrega das propostas deveria se dar até
o dia 24 de setembro de 1993, as quais foram julgadas entre 27 de setembro e 8 de outubro
de 1993, quando foi lavrada a Ata da Comissão Julgadora do Concurso Rio Cidade sobre o
resultado da seleção dos trabalhos apresentados.
12. Ver item Da "cidade moderna" à "cidade factível": a requalificação urbana.
13. Rio de Janeiro (RJ), (1993a). (Cláusula primeira - Objeto; parágrafo primeiro – Abrangência)
p. 2. (Este é o primeiro registro levantado sobre a delimitação das áreas do Rio Cidade).
14. Instituto de Arquitetos do Brasil (1993, p. 3).
15. Composto por 2 (dois) arquitetos designados pelo IAB/RJ, escolhidos entre os membros de seu
Corpo de Jurados; 2 (dois) representantes da Prefeitura designados pelo Instituto de Planeja-
mento Municipal; e 1 (um) arquiteto indicado pelos concorrentes, devendo ser pertencente
ao Corpo de Jurados do IAB/RJ. O primeiro critério geral de julgamento era o atendimento às
exigências do Edital; o segundo, o desenvolvimento da proposta; e o terceiro e último, sua
aplicabilidade. No Edital do Concurso era prevista a seleção de 20 (vinte) propostas, dentre
as apresentadas à Comissão Julgadora.
16. Rio de Janeiro (RJ), (1996, pp. 134.135)
17. O Plano Estratégico da Cidade do Rio de Janeiro - PECRJ foi elaborado no período de no-
vembro de 1993 a dezembro de 1994, através de uma iniciativa promovida pela Federação
das Indústrias do Rio de Janeiro - Firjan, Associação Comercial do Rio de Janeiro - ACRJ e
a Prefeitura da cidade, com formação de um consórcio mantenedor, formado por empresas
e instituições diversas, com vistas à elaboração de "um plano para o futuro da cidade", ao
elencar estratégias, objetivos, ações e projetos. Ressalta-se que os consultores do PECRJ, liga-
dos à empresa Tecnologies Urbanes Barcelona S.A. – Tubsa, têm participação na elaboração
do Plano Estratégico de Barcelona, referência para esse modelo de plano. Para uma análise
crítica sobre o planejamento estratégico e o caso do PECRJ, consultar Vainer, (1996).
18. Fonte: http://www.perj.org.br/cidades.html.
19. Muitas das apreciações do Plano Agache sobre as inundações periódicas de determinados
bairros do município, no início do século, são ainda consideradas válidas do ponto de vista
técnico e lembradas quando novas enchentes imobilizam e ameaçam a população da cidade,
por exemplo, como ocorreu no verão de 1998, inclusive com algumas das áreas críticas situa-
das em trechos do Rio Cidade, como no caso dos bairros do Catete e Tijuca, onde as obras de
infra-estrutura pontuais não foram suficientes para a solução do problema da inundação.
Imagem da cidade – cidade da imagem: o modelo de intervenção urbana do Rio Cidade 89
20. Cabe destacar que os postes de iluminação foram um dos elementos mais polêmicos do Rio
Cidade, tanto do ponto de vista da heterogeneidade de padrões estéticos quanto pelo elevado
custo; além de casos de superfaturamento, investigados pela CPI do Rio Cidade, como se
aborda adiante.
21. Após a alocação de cada equipe contratada às respectivas áreas de intervenção, foram con-
duzidas as etapas do projeto, de forma independente por cada equipe e sob coordenação da
Prefeitura. Os resultados mostraram-se heterogêneos, do ponto de vista conceitual e meto-
dológico, se for considerado o conjunto dos projetos. Não caberia, no escopo deste artigo,
apresentar todas as etapas (diagnóstico, estudo preliminar, anteprojetos, projetos executivos
finais em desenho urbano, comunicação visual, sinalização, mobiliário urbano e paisagismo,
e execução das obras), o que demandaria uma série de outras questões. Acredita-se que o
panorama anteriormente apresentado é sintomático e reflete apropriadamente a problemática
do modelo de intervenção, segundo nossa definição e interesse de investigação.
22. Para uma discussão sobre o Orçamento Municipal e os investimentos no Rio Cidade, em
relação a outros programas e projetos, consultar Domingues, (1999) pp. 112-114.
23. Ver Anexo – Rio Cidade I: Resultados e investimentos, segundo projetos nos bairros (obras
concluídas na Gestão 1993-1996).
24. A empresa RPC Televisão (NET-RIO ou TV Cabo-Rio).
25. Quais sejam: Bangu, Benfica/São Cristóvão, Campo Grande, Centro (Av. Presidente Vargas),
Flamengo (Rua Marques de Abrantes), Freguesia, Grajaú, Guaratiba, Irajá, Jardim Botânico,
Largo do Bicão/Brás de Pina, Madureira, Maracanã, Marechal Hermes, Praça Seca, Ramos,
Realengo, Rocha Miranda, Santa Cruz, Santa Tereza, Tijuca (Rua Uruguai e Rua Haddock
Lobo).
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Rio Cidade I
Resultados e investimentos, segundo projetos nos bairros (obras concluídas na gestão 1993-1996)
Totais 36,3 4.658 6.483 572 560 73,9 125,1 1.992 153 104,8 227.857.891,92 2.174.214,62
Imagem da cidade – cidade da imagem: o modelo de intervenção urbana do Rio Cidade