Principioinsignificancia
Principioinsignificancia
Principioinsignificancia
1.0 - Introdução. A atividade legislativa do Estado tem na seara penal, dentre outras, a
função de definir os tipos penais (tatbestand para os alemães ou fattispecie para os
italianos), de acordo com o princípio da legalidade, e esta criação se faz no plano abstrato,
não podendo prever o legislador situações que serão inadequadamente abrangidas pela
descrição legal ou normativa do tipo no plano concreto.
No Brasil, com base na Constituição Federal de 1988, três tendências são visíveis no
Direito Penal: a criação de delitos gravíssimos que merecem tratamento inafiançável e
imprescritível e com pena de reclusão, como é o caso da prática do racismo e da ação de
grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático;
a criação dos delitos graves tidos como inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia,
como a prática de tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os
definidos como crimes hediondos; e a criação dos Juizados Especiais para apreciação dos
delitos de pequeno potencial ofensivo, que são realizados mediante os procedimentos oral e
sumaríssimo e resolvidos, nas hipóteses legais, pela transação.
No âmbito do Direito Penal Militar, a classificação das infrações penais pode se dar em
quatro níveis: a) infrações de lesividade insignificante (aquelas que não causam dano de
monta, são ínfimas lesões ao ordenamento jurídico e, portanto, atípicas); b) as infrações
leves (aquelas em que o indiciado se livra solto); c) as infrações médias (que comportam a
liberdade provisória); e d) as infrações graves (não comportam a liberdade provisória).
1
O presente assunto ocupou temário do V Encontro dos Magistrados da Justiça Militar da União, promovido
pelo Superior Tribunal Militar, de 11 a 15.06.07, em que tivemos a honra de ser palestrante.
Aqui, é de se esclarecer, que, por opção legislativa e infraconstitucional, os crimes militares
não sofrem a incidência do tratamento das infrações de pequeno potencial ofensivo e a dos
crimes hediondos.
Insta, assim, diante do princípio da insignificância aferir-se não somente a sua existência,
mas também o seu alcance no Direito Penal Militar.
O operador do Direito deve ser sensível à existência de situações que, muito embora
caracterizem um aparente fato típico, antijurídico e culpável, não constituem infração
penal, pelo fato de ocorrer uma causa de exclusão do tipo ou da antijuridicidade, pois tais
condutas não ofendem a bem jurídico tutelado na lei penal.
Consoante nos ensina Ivan Luiz da Silva, dois critérios existem para o reconhecimento do
referido princípio: o desvalor da ação e o desvalor do resultado da conduta, que busca
aferir o grau de lesividade da conduta contra o bem jurídico atacado.2
A contrário senso, para que uma ação seja considerada crime deve ela corresponder a
significativo desvalor da ação e desvalor do resultado exigidos pelo tipo penal.
2
Ivan Luiz da Silva, “Teoria da Insignificância do Direito Penal Brasileiro”, RT, 2005, 841-429.
tipicidade); se o desvalor mais intenso for o do resultado, o comportamento será
classificado como de insignificância relativa (excludente de antijuridicidade)3.
Com muito acerto já antevia Edgard de Moura Bitencourt, “nas grandes cidades
estrangeiras, as minúsculas questões criminais e civis não desgastam o Poder Público, o que
não ocorre no Brasil, onde casos triviais e insignificantes ainda são levados a sério. E diz:
“Mas, enquanto a lei não cura, vamos remediar o mal. Simplifiquemos as coisas simples,
para que tenhamos tempo de apurar e meditar sobre as coisas graves”.7
3
Ivan Luiz da Silva, “Princípio da Insignificância no Direito Penal”, Juruá, 2004, p. 176.
4
Ivan Luiz da Silva, Op. cit. p. 87.
5
Celso Celidonio, “O princípio da insignificância”, Revista “Direito Militar”, AMAJME, n. 16, 1999, p. 7/10.
6
Ivan Luiz da Silva, Op. cit. p. 87
7
Edgard de Moura Bitencourt, o Juiz, 1966, p. 276.
albergando todas as condutas que se subsumem ao tipo penal. Como o legislador apenas se
preocupou com as condutas relevantes que ofendem valores sociais selecionados pelo
Direito Penal, as ações insignificantes pelo desvalor da ação ou pelo desvalor do resultado
devem ser tidas como inexpressivas e inofensivas.8
Consoante o magistério de Canotilho: “os princípios podem ‘revelar normas que não são
expressas por qualquer enunciado legislativo, normas que possibilitam aos juristas,
sobretudo aos juízes, desenvolvimento, integração e complementação do direito’”.
E finaliza Ivan Luiz da Silva que “o Princípio da Insignificância pode ser revelado pela
complementariedade entre o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana e o Princípio da
8
Damásio E. de Jesus, “Direito Penal, Parte Geral, Vol. I, Saraiva, 1985, p. 132.
9
Fernando Capez, “Curso de Direito Penal”, Saraiva, 2002, Vol. 1, p. 13/25.
10
Fernando Capez, Op. cit. p. 14/15.
Legalidade Penal, quando na interpretação deste último busca-se uma justificação e
proporcionalidade para a intervenção mínima estatal”.11
2.4 – O princípio da insignificância sob a ótica do bem jurídico tutelado. Como diz
Carlos Ismar Baraldi, “o Direito Penal, ‘para ser visto com olhos de jurista’, não deve ser
confundido com a ‘Tábua dos Dez Mandamentos’, a orientar a conduta ética das pessoas;
ao contrário, como ciência de caráter fragmentário, que atua na proteção de bens jurídicos,
seletiva e rigorosamente determinados e previamente definidos em lei. Assim, como nem
tudo que é imoral é ilegal a ponto de merecer sua proteção, ainda que se entenda ter havido
lesão à ordem moral, um fato não merecerá sua tutela se não houve lesão a um bem
jurídico protegido. Inocorreu ilicitude penal. Vejam-se os caso – tormentosos casos – das
mães de aluguel, da união familiar de homossexuais e das operações para ‘mudança de
sexo’ destes últimos, onde há flagrante lesão da ordem moral sem, contudo, haver crime.”12
Desse modo, surge o bem jurídico tutelado pela lei, que serve de inspiração ao legislador na
criação do tipo penal e na previsão de sua pena. Logo, só se pode pensar o princípio da
insignificância se não restar lesão àquele valor maior da Lei Penal.
Portanto, dois são os objetivos dos bens jurídicos resguardados pelo Direito Penal, pois de
um lado protege o interesse do ofendido e, de outro lado, estende a proteção do direito
11
Ivan Luiz da Silva, “Principio da Insignificância no Direito Penal Brasilieiro”, Juruá, 2004, p. 105.
12
Carlos Ismar Baraldi, Revista da Escola Superior da Magistratura, Mato Grosso do Sul, nº 6, 1994. p.33
13
Fernando Capez, Op. cit. vol. 1, p. 13.
14
Everardo da Cunha Luna, “Capítulos de Direito Penal”, Saraiva, 1985, p. 14.
sobre toda a sociedade. Ricardo de Britto A. B. Freitas, citando Aníbal Bruno, afirma
que: “o fim do Direito Penal é, portanto, a defesa da sociedade pela proteção dos bens
jurídicos fundamentais como a vida humana, a integridade corporal do homem, a honra, o
patrimônio, a segurança da família, a paz pública, etc., entendendo-se por bem jurídico,
conforme conceito de Von Liszt, tudo o que pode satisfazer uma necessidade humana e,
nesse sentido, é tutelado pelo Direito. São interesses fundamentais do indivíduo e da
sociedade, que, pelo seu valor social, a consciência comum do grupo ou das camadas
sociais nele dominantes elevam à categoria de bens jurídicos, julgando-os merecedores da
tutela do Direito, ou, em particular, da tutela mais severa do Direito Penal. Interesses de
valor permanente, como a vida, a liberdade, a honra; ou variável, segundo a estrutura da
sociedade ou as concepções de vida em determinado momento.”15 E diz o referido autor
ainda que “é justamente porque o Direito Penal não protege todos os bens jurídicos, mas,
apenas os essenciais que a doutrina afirma ter ele um caráter fragmentário”.16
Assim, “o simples fato da norma penal proteger determinado bem jurídico torna-o, em
princípio, relevante. Porém, graças ao princípio da insignificância, permite-se ao Judiciário
e ao Ministério Público renunciar ao jus accusationis e ao jus persequendi in judicio, desde
que a lesão ou ameaça de lesão ao bem jurídico protegido pela lei penal não tenha ocorrido,
ou, mesmo na hipótese de ter ocorrido, revele-se muito pequena.”
Nesse mesmo sentido, Julio Fabbrini Mirabete exemplifica, elencando situações em que
estaria excluída a tipicidade da conduta em face do princípio da insignificância: “Não há
crime de dano ou furto quando a coisa não tem qualquer significação para o proprietário da
coisa; não há peculato quando o servidor público se apropria de ninharias do Estado (folhas
de papel, caneta esferográfica etc.); não há crime contra a honra quando não se afeta
significativamente a dignidade, a reputação, a honra de outrem; não há lesão corporal em
pequenos danos à integridade física; não há corrupção passiva quando o funcionário aceita
um ‘mimo’ de pequena expressão econômica, etc. É preciso, porém, que estejam
comprovados o desvalor do dano, o da ação e o da culpabilidade. (...) É indispensável que o
fato tenha acarretado uma ofensa de certa magnitude ao bem jurídico tutelado para que se
possa concluir por um juízo positivo de tipicidade”.18
15
Ricardo de Britto A. P. Freitas, “O Direito Penal Miltar e a utilização do princípio da insignificância pelo
Ministério Público”, Revista da Esmape – 1996, g. 165/166.
16
Ricardo de Britto A. P. Freitas, Op. cit., p. 166.
17
Diomar Ackel Filho, “O princípio da insignificância no Direito Penal”, Lex-94, JTACrSP, p. 73.
18
Julio Fabbrini Mirabete, “Manual de Direito Penal”, Vol. I, Atlas, 2004, p. 118.
O Código Penal Militar, assim como o Código Penal Comum, estrutura os delitos
agrupados pelo bem jurídico tutelado e bem definido na Lei. Assim, é de se afastar desde
logo a firmação de que a aplicação do princípio da insignificância nos delitos que o
comportam possa ser maléfica ou até evitada visto que os crimes militares visam proteger
ainda que indiretamente a hierarquia e disciplina militares, os quais ficariam abalados com
aquela incidência.19
Desta forma, não são todos os crimes militares que vão atingir a regularidade dos serviços
militares, mas somente aqueles previamente definidos pelo legislador.
Veja por exemplo o delito de porte de entorpecente (art. 290 do CPM), cujos bens jurídicos
protegidos são a saúde e a incolumidade pública. No caso, não se pode negar a incidência
do princípio da insignificância quando a quantidade de entorpecente seja ínfima, sob a
alegação de que secundariamente tal conduta atinge também os princípios de hierarquia e
disciplina militares, sob pena de desvirtuamento do bem jurídico tutelado pelo Codex Penal
Castrense.
O delito, qualquer delito, é ato antijurídico que ofende a sociedade pela transgressão de
uma norma de conduta, mandamento cogente e abrangente, cuja inobservância atinge toda
19
Nesse sentido, Jorge Cesar de Assis, “O STF e o Principio da Insignificância no crime militar de furto:
significância de suas decisões”, Revista “Direito Militar”, AMAJME, n. 64, 2007, p. 6/9.
a sociedade pela subversão de valores considerados fundamentais. O delito que não
alcança toda a sociedade, mas apenas um estamento, não pode merecer do Estado, a
mesma resposta punitiva dada a outro, que a todos atinge. Por mais relevantes que sejam
– e são – os princípios de hierarquia e disciplina, não constituem valores que alcancem a
toda a sociedade, mas apenas ao estamento específico – as Forças Armadas – cuja missão
constitucional deles depende. Sendo assim, a ofensa a hierarquia e à disciplina, embora
subjacente ao conjunto da lei penal substantiva, encontra tratamento específico no Código
Penal Militar.
Se o fato é insignificante sob o aspecto penal, mas ainda assim arranha os princípios
gerais de hierarquia e disciplina, deve merecer outro tratamento, ou seja, aquele que a lei
prescreve para as infrações disciplinares.
Tal princípio vem sendo aos poucos explorado e explicado pela doutrina nos seguintes
termos: “o bem jurídico protegido pela norma penal deve sofrer um processo de avaliação
diante dos valores constitucionais de âmbito e relevância maiores, sendo certo que o
Direito Penal, como parte do sistema global tutelado pela norma maior, dela não poderá
afastar-se. Expressão do princípio da proporcionalidade é também o da individualização
da pena. A graduação da sanção penal se faz tendo como parâmetro a relevância do bem
jurídico tutelado e a gravidade da ofensa contra ele dirigida, e deve ser fixada, pois, tanto
na espécie quanto no quantitativo que lhe sejam proporcionais. De acordo com o princípio
da proporcionalidade (poena deer commensurari delicto), deve existir sempre uma medida
de justo equilíbrio – abstrata (legislador) e concreta (juiz) – entre a gravidade o fato
praticado e a sanção imposta. Em suma, a pena deve estar proporcionada ou adequada à
magnitude da lesão ao bem jurídico representada pelo delito e a medida de segurança à
perigosidade criminal do agente” (Maurício Antonio Ribeiro Lopes, op. ant. cit. p. 91).
(...)”.
A regra jurídica é a norma que resolve uma situação em concreto descrita pelo legislador.
O princípio se irradia para todo o sistema jurídico, ao passo que a regra tem aplicação
específica.
Essa distinção entre princípios e regras é fundamental para o Direito Penal Militar, pois a
insignificância, a nosso ver, funciona como princípio e não como regra, de tal sorte que se
irradia para todo o sistema penal, ao passo que a regra tem aplicação específica na norma
escolhida pelo legislador. Assim, no caso de lesões corporais dolosas e levíssimas teremos
aí um exemplo de regra. Agora, como princípio, devemos reconhecer a aplicação da
insignificância também nas lesões corporais culposas e em outros delitos ainda que
expressamente não o prevejam, como ocorre nos delitos contra a Administração Pública
(peculato, falsificação etc.), nos delitos contra a honra, etc.
Revela a mens legis do Codex Penal castrense que fatos de pequena monta não devem,
portanto, ocupar o Judiciário, podendo este remeter a apreciação do fato à Administração
Militar, com maior adequação e vigor, pois a infração disciplinar não possui a possibilidade
da suspensão condicional da pena e é menos suscetível à prescrição.
Note-se que a possibilidade de o Juiz desclassificar o fato para infração disciplinar também
pode ocorrer nos crimes patrimoniais, quando a coisa for de pequeno valor (art. 240, § 1o e
art. 250) de tal sorte que se o CPM prevê expressamente em alguns tipos penais a
insignificância, nada impede a sua aplicação em outros delitos.
20
Celso Antonio Bandeira de Melo, “Curso de Direito Administrativo”, Malheiros, 1994, p. 450.
Nesse sentido diz Odone Sanguiné: “o princípio da insignificância não incide apenas nos
delitos materiais ou de resultado, mas também nos delitos formais ou de mera atividade.
Portanto, com os critérios enunciados, não há qualquer obstáculo dogmático para
reconhecê-lo em relação aos crimes de perigo”.21
Nesse sentido também o julgado do STJ: Recurso Especial. Furto Tentado. Princípio da
Insignificância. Atipicidade Material. Inocorrência. Periculosidade social da ação e
reprovabilidade do comportamento do agente. Recurso Provido. 1. O poder de resposta
penal, positivado na Constituição da República e nas leis, por força do princípio da
intervenção mínima do Estado, de que deve ser expressão, “(...) só vai até onde seja
necessário para a proteção do bem jurídico. Não se deve ocupar de bagatelas” (Francisco de
Assis Toledo, in Princípios Básicos de Direito Penal). (...) 2. Recurso provido. (Resp
835723/RS – Rel. Min. Hamilton Carvalhido, Sexta Turma, J. 18.12.2006, DJ 19.04.2007,
pág. 293).
Outro ponto importante vem expresso no aresto do Superior Tribunal de Justiça, que assim
já decidiu: I – Para efeito da aplicação do princípio da insignificância é imprescindível a
distinção entre ínfimo (ninharia) e pequeno valor. Aquele implica na atipia conglobante
(dada a mínima gravidade). II – A interpretação deve considerar o bem jurídico tutelado e o
tipo de injusto. III – Ainda que se considere o delito como de pouca gravidade, tal não se
identifica com o indiferente penal se, como um todo, observado o binômio tipo de
injusto/bem jurídico, deixou de se caracterizar a sua insignificância (Resp. 861288/RS
2006/0127067-1 – Rel. Min. Felix Fischer – Quinta Turma – J. 19.10.2006 – DJ
18.12.2006, p. 510).
O princípio da insignificância, seja pelo desvalor da ação, seja pela desvalor do resultado,
implica na exclusão da tipicidade ou na exclusão da antijuridicidade, dependendo a
prevalência de um ou outro desvalor, pois não ofendem o bem jurídico tutelado.
O bem jurídico tutelado pelo tipo penal não pode ser estendido para abrigar outros bens
jurídicos, nem mesmo a hierarquia e a disciplina militares, estruturas mestras das
Instituições Militares, mas que encontram guarida específica no Codex Penal castrense,
assim como também o encontram a regularidade do serviço e os deveres militares.
O bem jurídico tutelado é o norte para a construção do tipo penal (atividade legislativa) e
para a aplicação no caso concreto (atividade judicial), sempre observando os princípios
constitucionais expressos e implícitos.
A insignificância é um princípio no nosso ordenamento jurídico e não uma regra, daí então
ser ela aplicada na maioria dos crimes que a comportam e desde que obedecidos os
requisitos doutrinários e jurisprudenciais examinados.
22
Ronaldo João Roth, “O Reconhecimento pela Justiça Militar da Infração Disciplinar”, in “Temas de Direito
Militar”, Suprema Cultura, São Paulo, 2004, p. 215/226.
O reconhecimento do princípio da insignificância para solucionar a questão de fato ocorre
em dois momentos e em ambos a decisão judicial é declarativa de que não houve infração
penal, mas sim infração disciplinar no fato examinado.
A aplicação do princípio da insignificância não deve ser vista nos crimes militares como
uma liberalidade, nem como uma forma de impunidade, mas sim como o instrumento legal
para tornar a decisão do Comandante a justiça adequada e justa no caso de pequenas
infrações, inexpressivas penalmente, solidificando perante seus subordinados a crença no
cumprimento dos deveres e no respeito ao Regulamento Disciplinar da Força.