Leopard1a5 Ebr
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Foto: CIBld
Introdução de sigilo, era mencionado aos empregados como
um depósito de água (tanque), que supostamente
O carro de combate moderno, por sua se destinaria para as tropas inglesas que combat-
potência de fogo, mobilidade e poder de choque, iam na Mesopotâmia.
tem sido comparado a armas da Antiguidade, como Essa denominação inglesa contrastaria com
o elefante e o carro de guerra. Na Idade Média, o romântico Char D’Assault dos franceses e o re-
o domínio da cavalaria refletiu uma feliz união: a tumbante e quilométrico, embora exato, Sturm-
mobilidade e o poder de choque. A armadura veio panzerkraftwagen dos alemães, que receberam a
dar capacidade defensiva à combinação. alcunha de Panzer.
Leonardo Da Vinci imaginou um veículo Seu primeiro emprego em massa ocorreu
blindado, movido pela força muscular de oito ho- em novembro de 1917, nas primeiras horas da
mens. Foram também tentados sistemas de pro- manhã, num ataque britânico em Cambrai, quando
pulsão a vela, porém, com a invenção da máqui- 300 carros, não anunciados por preparação de artil-
na térmica, no século XIX, surgiram projetos de haria, rolaram sobre o campo, ponteando um assal-
veículos blindados a vapor, entretanto, neste perío- to de 9km de frente. A ruptura foi rápida, atingindo
do, não apareceu nenhuma tecnologia bélica efi- uma profundidade de 6 km ao meio dia. Mas resta-
ciente no ramo do combate terrestre embarcado. ram poucos carros para explorar a brecha e as cinco
Foi necessário o impacto das trincheiras da divisões de cavalaria presentes no local com essa
Primeira Guerra Mundial (1914-1918) para for- finalidade demonstraram incapacidade completa
çar as mentes imaginativas a produzir o primeiro para o aproveitamento do êxito. Com a chegada
veículo automóvel armado e blindado, capaz de de reforços, os alemães detiveram a penetração
transpor obstáculos e terrenos irregulares. Por britânica e o combate logo se transformou em vio-
isso mesmo, os fatos evoluíram lentamente até a lento entrevero, imobilizado sobre uma pequena
aparição dos carros de combate na frente ocidental. área de terreno. Ingleses, franceses e alemães de-
A concepção de uma viatura de combate senvolveram blindados durante a Primeira Guerra
blindada sobre lagartas foi inicialmente apresenta- Mundial, nascendo aí os modelos de veículos que
da com êxito pelo Tenente-Coronel Ernest Dunlop mais evoluíram até os dias de hoje, passando pelos
Swinton, oficial de engenharia inglês, que perce- grandes combates da Segunda Guerra Mundial, na
bera que os combates tinham caído na imobilidade Coreia e Vietnã, os enfrentamentos entre Árabes e
e nas operações de sítio. Já em outubro de 1914, Israelenses, as guerras do Afeganistão e no Golfo.
afirmava que o trator de esteiras podia terminar Nesse sentido, a história nos mostra que os blin-
com o impasse. dados são atualmente indispensáveis em qualquer
Baseadas em suas teorias, foram iniciadas Exército do mundo e estarão presentes nos Cam-
algumas experiências com veículos de esteiras pos de Batalhas Modernos.
montados apressadamente. Testes formais foram
feitos no início de 1916. Para isso, produziram um Renault FT-17 - O precursor
modelo conhecido como “Big Willie”, o protótipo
do Mark I, que combateria mais tarde na França. O Durante a 1ª Guerra Mundial o Exército
veículo pesava 28ton, transportava uma tripulação Brasileiro enviou para a França o Capitão José
de oito homens e tinha 9,50m de comprimento. Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, que iniciou
As lagartas se estendiam para o alto, nos lados da seus estudos de motorização e mecanização na Es-
máquina, ajudando a galgar obstáculos, mas im- cola de Carros de Combate de Versalhes, posteri-
possibilitando a instalação de uma torre giratória. ormente servindo no 503º Regimento de Artilharia
As armas projetavam-se de saliências laterais. A de Carros de Assalto, onde teve a oportunidade de
máquina passou facilmente nos testes, cruzando conhecer os carros de combate Renault FT-17.
crateras de 3,60m de largura e 1,80m de profundi- Quando de sua volta ao Brasil, influenciou o Exé-
dade, esmagando redes de arame farpado. rcito para a aquisição de carros de combate, tendo
Nascia, assim, o primeiro “Tank” no seu sido escolhido o modelo Renault FT-17, muito
sentido exato, que dele evoluiram vários modelos. embora ele próprio achasse que não era o modelo
O nome foi oficializado pelo próprio Swinton. As ideal de carro de combate para equipar nossa força
diferentes partes do veículo eram fabricadas em blindada. Publicou um verdadeiro tratado sobre
oficinas separadas e o corpo principal, por motivos o desenvolvimento e emprego da arma blindada
Dois Renault FT-17 com torre octogonal Renault e metralhadora Hotchkiss 7mm da Companhia de
Carros de Assalto em 1922, no Rio de Janeiro
Os doze Renault FT-17, enfileirados, sendo seis com canhões Puteaux 37mm, cinco com metralha-
doras Hotchkiss 7mm e um T.S.F. Telegrafia Sem Fio, em 1923. Destaque para os uniformes
Blindado Rio Grande do Sul era o único com formas arredondadas, aqui a caminho do front
Trem blindado improvisado usado pelo 8º R.A.M. (Regimento de Artilharia Montado). Notar o blin-
dado sobre lagartas Minas Gerais, construído pelo Estaleiro Alcaraz & Cia de Porto Alegre, sobre o
vagão tendo à sua frente um canhão Krupp 75 mm e uma casamata construída com dormentes de
madeira e coberta com fardos de feno, onde aparece as seteira laterais e a abertura na parte frontal
por onde se efetuava o disparo do canhão. Observar ainda a sua guarnição, operando na região de
Passa Quatro, sul de Minas Gerais, em 1932
Foto: EsMB
inho, RJ (então 15º RCMec). No ano seguinte
assumiu o comando da Escola de Moto-Mecan-
ização, onde criou o Curso Tático de Blinda-
dos e, em 1956, foi nomeado Diretor de Moto-
Mecanização, cargo que exerceu até 1962. Suas
atividades não se encerram, mas esta foi a sua
grande contribuição para a Motomecanização
no Exército Brasileiro, pois, como ele mesmo
dizia: “NÃO ESPERE, FAÇA”.
A chegada dos modelos Fiat-Ansaldo de-
terminou, definitivamente, a implantação dos
blindados no Brasil. Capitão Paiva Chaves, Subcomandante do
C.I.M.M., em 1939, responsável pela consolida-
ção dos blindados no Exército Brasileiro
Desfile militar dos anos de 1940, na cidade do Rio de Janeiro Foto: S.P. UFJF/Defesa
Foto: EsMB
Foto: NARA
Por meio dos acordos LEND LEASE,
começou a transferência de armamento para o Brasil.
que continuou recebendo nos anos seguintes, 104 car-
ros médios americanos M-3 A3 e M-3 A5 Lee, (os
quais haviam também sido fornecidos aos ingleses e
aos russos, que os utilizaram em diversas frentes con-
tra os alemães e italianos), armados com canhão de
75mm e 37mm, além de metralhadoras, sua guarnição
era composta de 6 (seis) homens e atingiam a veloci-
dade de 40km/h. A diferenciação do modelo M3 A3
para o M 3 A5 era que o primeiro era todo soldado,
liso, e o segundo rebitado
Um fato importante foi a transformação do
CIMM em Escola de Motomecanização (EsMM)
em 1942, já operando os novos blindados M-3 Stu-
art que haviam chegado em 1941, apresentados no
7 de Setembro deste ano.
Em 1945 chegaram 53 carros de combate
SHERMAN M-4, M-4A1 e M-4 Composite Hull,
dotados de maior potência e mobilidade, e foi o Foto rara colorida de arquivo americano mos-
carro de combate padrão do Exército Americano trando blindados M3 Stuart recém-chegados no
Brasil, em 1943
na 2ªGM com guarnição de 5 homens, canhão de
Três Sherman M4 desfilando no Dia do Soldado, no Rio de Janeiro, em Agosto de 1945. Notar que
os veículos possuem saias laterais
Carro de Combate leve X1 A2 Carcará sendo apresentado em Brasília, DF, no desfile de 7 de Setem-
bro de 1977 armado com canhão francês G2 F1 de 90 mm. Notar a suspensão com três boogies e
uma polia tensora independente, nova torre de giro hidráulico
Carro de Combate MB-3 Tamoyo III, versão final, armado com canhão inglês Royal Ordnance L7A3
de 105 mm, apresentado ao Exército em 10 de Maio de 1987. Notar sua torre com blindagem espa-
çada, uma novidade para a época
Carro de Combate Engesa EE-T1 Osório P2 em testes no Campo de Provas da Marambaia, RJ, com
canhão francês Giat de 120 mm
Foto: Autor
Considerações Finais