Terceirização e Trabalho Temporário
Terceirização e Trabalho Temporário
Terceirização e Trabalho Temporário
E TRABALHO
TEMPORÁRIO
www.trilhante.com.br
ÍNDICE
1. TERCEIRIZAÇÃO...............................................................................................................3
Conceito......................................................................................................................................................................................... 3
Histórico.........................................................................................................................................................................................4
Terceirização Lícita – Requisitos...................................................................................................................................4
Responsabilidade da Contratante............................................................................................................................... 6
Direitos e Condições de Trabalho dos Terceirizados......................................................................................7
Salário Equivalente – Polêmica trazida pela lei.................................................................................................. 8
Conceito
A Terceirização é uma forma de flexibilização das relações de trabalho por meio do
fornecimento de atividade especializada em relação trilateral entre empresa contratante
ou tomadora, empresa prestadora de serviços e empregado terceirizado. A empresa
tomadora “Y” contrata a empresa “Z” para realizar determinados serviços especializados
por meio de seus empregados. Entre prestador de serviço e tomador há relação de direito
civil (prestação de serviço), ou administrativa (contrato administrativo), se o tomador for
administração pública.
Até o advento da Lei 13.467/2017 (a chamada “Reforma Trabalhista”), não havia qualquer
norma legal fundamentando a terceirização. A falta de legislação era muito criticada,
uma vez que a existência de lei garante mais segurança jurídica.
II - A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa interposta, não gera vínculo de emprego
com os órgãos da Administração Pública direta, indireta ou fundacional (art. 37, II, da CF/1988).
III - Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de serviços de vigilância (Lei nº 7.102, de
20.06.1983) e de conservação e limpeza, bem como a de serviços especializados ligados à atividade-meio
do tomador, desde que inexistente a pessoalidade e a subordinação direta.
www.trilhante.com.br 3
IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade
subsidiária do tomador dos serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da relação
processual e conste também do título executivo judicial.
Histórico
• 1º momento: Súmula 256 do TST de 1986: vedava a terceirização, salvo nos casos de trabalho
temporário e serviço de vigilância.
• 2º momento: verificam-se leis esparsas voltadas a atividades específicas que permitiam a terceiri-
zação. Exemplo: Decreto n° 200/1967 e Lei n° 7.201/1983.
• 3º momento: edição da Súmula 331 do TST (1993).
• 2017: muitas novidades em relação à intermediação do trabalho.
• RE n° 760.931 STF: foi julgado no STF Recurso Extraordinário no qual foi admitida a res-
ponsabilidade subsidiária da administração pública nos contratos administrativos quando
comprovada sua conduta comissiva ou omissiva na fiscalização desses contratos (corrobo-
rando com o entendimento já firmado pelo TST na Súmula 331, V);
• Lei 13.429/2017: trouxe inúmeras modificações na Lei do trabalho Temporário (Lei
6.019/74). Uma das mudanças legislativas, por exemplo, foi a previsão de que a Lei 6.019/74
não se aplica às empresas de vigilância e transporte de valores, que serão reguladas por legis-
lação especial;
• Lei 13467/2017 (reforma trabalhista): altera diversos institutos no direito do trabalho, tanto
na CLT quanto em outros diplomas normativos, como na Lei do Trabalho Temporário (Lei nº
6.019/74).
III - Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de serviços de vigilância (Lei nº 7.102, de
20.06.1983) e de conservação e limpeza, bem como a de serviços especializados ligados à atividade-meio
do tomador, desde que inexistente a pessoalidade e a subordinação direta.
www.trilhante.com.br 4
Percebe-se que a jurisprudência trabalhista admitia TRÊS possibilidades de terceirização
lícita:
• Serviço de vigilância - Lei 7.102/83: é necessário diferenciar vigilante de vigia. Vigilante é profis-
sional de categoria profissional diferenciada (especializada que pode ser terceirizada). Vigia é o mais
simples, semiespecializado.
• Serviço de Limpeza; e
• Terceirização de atividades meio: atividade fim seria aquela relacionada ao objeto social da em-
presa; atividades meio seriam aquelas de apoio, importantes, porém não essenciais.
Mudança Legislativa: com o advento da reforma trabalhista (Lei 13.467/2017), esse item
deve ser alterado. Com o advento da Lei 13.429/2017 (que alterou arts. da Lei 6.019, que
versava sobre o trabalho temporário), houve certa dúvida em relação à possibilidade (ou
não) de terceirização da atividade fim da empresa. Essa dúvida foi sanada com o advento
da reforma trabalhista, que prevê expressamente a possibilidade de terceirização de
atividade fim da empresa, com a inserção do art. 4º-A na Lei 6.019:
Art. 4º - A. Considera-se prestação de serviços a terceiros a transferência feita pela contratante da execução
de quaisquer de suas atividades, inclusive sua atividade principal, à pessoa jurídica de direito privado
prestadora de serviços que possua capacidade econômica compatível com a sua execução.
www.trilhante.com.br 5
Art. 4º - A. [...]
§1º A empresa prestadora de serviços contrata, remunera e dirige o trabalho realizado por seus
trabalhadores, ou subcontrata outras empresas para realização desses serviços.
Responsabilidade da Contratante
www.trilhante.com.br 6
obrigações perante José, Beta poderá ser responsabilizada (subsidiariamente).
Importa salientar que a contratante deve ter tido oportunidade de se manifestar no
processo judicial e que a responsabilidade abrange todas as verbas decorrentes da
condenação referente ao período da prestação laboral (presente no título executivo
judicial). Exemplo: José deve entrar com ação contra Alfa E Beta (ambas devem estar
presentes no polo passivo da demanda) para que Beta, no caso de responsabilidade
subsidiária, possa ser responsabilizada.
A Súmula 331 TST já previa a responsabilização nesses moldes nos seus incisos IV e VI.
Com a Reforma Trabalhista houve mudança legislativa, e foram estendidos alguns direitos
aos terceirizados que não eram previstos anteriormente na Súmula 331 ou na Lei 13.429:
www.trilhante.com.br 7
Art. 4º - C, Lei 6.019/74. São asseguradas aos empregados da empresa prestadora de serviços a que
se refere o art. 4o-A desta Lei, quando e enquanto os serviços, que podem ser de qualquer uma das
atividades da contratante, forem executados nas dependências da tomadora, as mesmas condições.
I - relativas a:
c) atendimento médico ou ambulatorial existente nas dependências da contratante ou local por ela
designado;
A Súmula 331 não trazia qualquer disposição no sentido de que o terceirizado faria jus
ao salário equivalente. Havia grande controvérsia doutrinária em relação ao tema. A
jurisprudência divergia, mas havia uma tendência a extensão da isonomia às hipóteses
de terceirização lícitas. No entanto, com a inserção do art. 4º-C §1º:
Art.4º-C. [...]
Note que a lei menciona a palavra poderão e não deverão. Dessa forma, a nova legislação
afirmou que se trata de uma faculdade da contratante o estabelecimento do salário
equivalente.
Quarentena
Antes da reforma trabalhista não era prevista. Com a reforma, há uma mudança legislativa
que passa a prever expressamente o instituto.
www.trilhante.com.br 8
Art. 5º - C, Lei 6.019/74. Não pode figurar como contratada, nos termos do art. 4o-A desta Lei, a pessoa
jurídica cujos titulares ou sócios tenham, nos últimos dezoito meses, prestado serviços à contratante na
qualidade de empregado ou trabalhador sem vínculo empregatício, exceto se os referidos titulares ou
sócios forem aposentados.
Art. 5º - D, Lei 6.019/74. O empregado que for demitido não poderá prestar serviços para esta mesma
empresa na qualidade de empregado de empresa prestadora de serviços antes do decurso de prazo de
dezoito meses, contados a partir da demissão do empregado.
www.trilhante.com.br 9
2. Trabalho Temporário
Introdução
Trabalho temporário é uma espécie de terceirização. Por isso, trata-se, também, de
relação trilateral. A terceirização só passou a ter previsão legal após a Lei nº 13.429. Já o
trabalho temporário tinha regulamentação desde o advento da Lei nº 6.019/74.
Uma das grandes diferenças entre elas é que, no caso do trabalho temporário, há
transferência do trabalhador nos casos expressos em lei. No caso da terceirização, há
transferência do serviço, e não do trabalhador. É a única modalidade de contratação
de trabalhadores por empresa interposta permitida no nosso sistema jurídico. Todas
as demais, mesmo a contratação de trabalhador temporário sem o cumprimento dos
requisitos, será ilegal. A Súmula 331, I do TST, já previa:
Súmula 331, TST. I - A contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal, formando-se o vínculo
diretamente com o tomador dos serviços, salvo no caso de trabalho temporário (Lei nº 6.019, de 03.01.1974)
[...].
Art. 2º Lei nº 6.019/1974 Art. 2º Lei nº 6.019/1974 (redação dada pela Lei nº
(redação antiga) 13.429/2017)
Necessidade transitória de
Necessidade de substituição transitória de pessoal
substituição do pessoal regular
permanente (ex. Férias, licença maternidade)
e permanente
Demanda complementar de serviço:
www.trilhante.com.br 10
Além disso, há vedação expressa à substituição de trabalhadores em greve, como
podemos observar pela leitura tanto de dispositivos da Lei nº 6.019/74, quanto da Lei nº
7.783/89 (Lei de Greve):
§1º É proibida a contratação de trabalho temporário para a substituição de trabalhadores em greve, salvo
nos casos previstos em lei.
Parágrafo único. É vedada a rescisão de contrato de trabalho durante a greve, bem como a contratação de
trabalhadores substitutos, exceto na ocorrência das hipóteses previstas nos arts. 9º e 14.
• Pessoa jurídica;
• Registrada no Ministério do trabalho.
Art. 6º, Lei 6019/74. São requisitos para funcionamento e registro da empresa de trabalho temporário no
Ministério do Trabalho:
III - prova de possuir capital social de, no mínimo, R$ 100.000,00 (cem mil reais).
www.trilhante.com.br 11
Empresa Tomadora dos Serviços
Art. 9º, Lei 6019/74. O contrato celebrado pela empresa de trabalho temporário e a tomadora de serviços
será por escrito, ficará à disposição da autoridade fiscalizadora no estabelecimento da tomadora de
serviços e conterá:
Condições de Trabalho
É responsabilidade da tomadora:
www.trilhante.com.br 12
Como era antes do advento da lei e a mudança desse artigo? Antes da Lei, a matéria
era regulamentada por uma instrução normativa do Ministério do Trabalho, prevendo
a possibilidade de trabalho temporário na atividade fim da empresa. Mas essa nova
disposição legal traz segurança jurídica ao dispor de forma expressa nesse sentido.
Prazo
Mudança Legislativa: o prazo também foi alterado pela Lei nº 13.429/2017.
• Antes: 3 meses, podendo ser prorrogado por mais 3 ou 6 meses, a depender do caso concreto.
• Após a Lei nº 13.429/2017: prazo de 180 dias, podendo ser prorrogado por mais 90 dias, contínu-
os ou não.
§1º O contrato de trabalho temporário, com relação ao mesmo empregador, não poderá exceder ao prazo
de cento e oitenta dias, consecutivos ou não.
§2º O contrato poderá ser prorrogado por até noventa dias, consecutivos ou não, além do prazo
estabelecido no § 1o deste artigo, quando comprovada a manutenção das condições que o ensejaram.
Cláusula de Reserva
Parágrafo único. Será nula de pleno direito qualquer cláusula de reserva, proibindo a contratação do
trabalhador pela empresa tomadora ou cliente ao fim do prazo em que tenha sido colocado à sua
disposição pela empresa de trabalho temporário.
A cláusula de reserva impede que o temporário seja contratado de forma definitiva pela
tomadora dos serviços. Ela é nula no nosso ordenamento. Exemplo: João é empregado
temporário da empresa de trabalho temporário Alfa e presta serviço temporário para
a tomadora Beta. Nesse caso, a empresa Alfa não poderá estabelecer que João não
poderá ser contratado definitivamente (como empregado por tempo indeterminado)
pela empresa Beta, por ser nula qualquer cláusula contratual nesse sentido. Assim,
caso a empresa Beta queira contratar João posteriormente, será livre essa contratação,
independente de qualquer cláusula de reserva.
Responsabilidade Da Tomadora
• Solidária: em caso de falência da empresa de trabalho temporário e fraude.
www.trilhante.com.br 13
Art. 16, Lei 6019/74. No caso de falência da empresa de trabalho temporário, a empresa tomadora ou
cliente é solidariamente responsável pelo recolhimento das contribuições previdenciárias, no tocante ao
tempo em que o trabalhador esteve sob suas ordens, assim como em referência ao mesmo período, pela
remuneração e indenização previstas nesta Lei.
b) jornada de oito horas, remuneradas as horas extraordinárias não excedentes de duas, com acréscimo
de 20% (vinte por cento)
f) indenização por dispensa sem justa causa ou término normal do contrato, correspondente a 1/12 (um
doze avos) do pagamento recebido;
h) proteção previdenciária nos termos do disposto na Lei Orgânica da Previdência Social, com as alterações
introduzidas pela Lei nº 5.890, de 8 de junho de 1973
• Alínea b do art. supramencionado prevê 20% de acréscimo para horas extras, no entanto, deve-
-se ler o dispositivo em conformidade com a Constituição Federal, que prevê em seu art. 7º que o
valor da hora extra deve ser acrescido de, pelo menos, 50%. Dessa forma, é de, pelo menos, 50% o
www.trilhante.com.br 14
acréscimo do valor das horas extras para o trabalhador temporário.
• Questão da estabilidade da gestante e extensão à trabalhadora temporária. Seria possível? Há
divergência. Para a construção de um posicionamento, podemos considerar a Súmula 244 do TST,
que dispõe que, mesmo no caso de contratos com prazo determinado, haveria estabilidade da
gestante. Apesar de contrato com prazo determinado não se confundir com o contrato de trabalho
temporário, pode-se usar uma interpretação analógica para se estender a garantia à trabalhadora
temporária. No entanto, há entendimento no sentido contrário, de não ser devido. A questão não é
pacífica.
Terceirizado Temporário
www.trilhante.com.br 15
Terceirização e
Trabalho Temporário
www.trilhante.com.br