Análise de Projeto

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Análise de projeto

e orçamento empresarial
Joel de Jesus Macedo | Ely Celia Corbari
DIALÓGICA
SÉRIE GESTÃO FINANCEIRA
Análise de projeto
e orçamento empresarial
O selo DIALÓGICA da Editora InterSaberes fa/ referência às
publicações que privilegiam uma linguagem na qual o autor
dialoga com o leitor por meio de recursos textuais e visuais,
o que torna o conteúdo muito mais dinâmico. São livros que criam
um ambiente de interação com o leitor - seu universo cultural,
social e de elaboração de conhecimentos -, possibilitando um
real processo de interlocução para que a comunicação se efetive.

EDITORA
*&}& intersaberes
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intersaberes
Av. Vicente Machado, 317. 14“ andar
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Conselho editorial Dr. Ivo José Both (presidente)


Dr-. Hiena Godoy
Dr. Nelson Luís Dias
Dr. Ulf Gregor Baranow

Editor-chefe Lindsay Azambuja

Editor-assistente Ariadne Nunes Wenger

Preparação de originais Camila Cristiny da Rosa

Capa Design Laís Galvão dos Santos

ilustração Marcelo Lopes - Degrade Ilustra

Projeto gráfico Raphael Bernadelli

i° edição, 2014.
Foi feito o depósito legal.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Macedo, Jiiel de Jesus


IHIÚU
Análise dcpTojrlncorçjinrntncm prr<»ir:al [livro plctrnnicoji'
JoeldeíeHisMacedo,ElyCeliaCorhari -Curitiba.lnleiSaberes,ioi4
(Série G estão financeira). Informamos queé de inteira respon­
2 Mb; PDF sabilidade dos autores a emissão
de conceitos.
Bibliografia. Nenhuma parte desta publicação
ISBN 978-85-6212-964-7 poderá ser reproduzida por qual­
quer meio ou forma sem a prévia
1 Administração de projetos - Análise 2 Controladoria
autorização da Editora InterSaberes.
Orçamento empresarial 4 IManejamento orçamentário
I. Corbari. Ely Celia II Titulo. III. Série. A violação dos direitos auto­
rais é crime estabelecido na Lei
13-1x435 <.00-658.15 n. 9.610/1998 e punido pelo art. 184
do Código Penal.
índice para catálogo sistemático:
1. O rçam en to em pregaria!: Planejam ento e con tro le financeiro.
A dm inistração financeira 658.15
Apresentação • 7
Como aproveitar ao máximo este livro • 11

Noções de projeto »15

i.i Características do projeto • 18

i.2 Estrutura do projeto • 19

Ferramentas para avaliação de projetos • 53

2. í Análise da viabilidade do projeto de investimento • 56

2.2 Investimento • 61

2.3 Técnica de avaliação de investimento • 63


3
Orçamento empresarial • 79

3.1 Orçamento empresarial • 82

3.2 Objetivo do orçamento • 83

3.3 Etapas do processo orçamentário • 88

34 Etapa financeira • 91

3.5 O controle orçamentário • 114

Estrutura do plano orçamentário • 123

4.1 O plano orçamentário • 126

4.2 Orçamento operacional #127

4.3 Orçamento de investimentos e financiamentos • 144

44 Orçamento geral • 149

Relatórios contábeis projetados • 155

5.1 Demonstrativos contábeis • 158

Análise dos indicaciores econômicos e financeiros de


projetos empresariais • 179

6.1 Análise das demonstrações contábeis por indicadores • 182

Para concluir... • 2íi

Referências • 213

Respostas • 219

Sobre os autores • 225


\ s \ ^ m projeto, dentro das empresas, pode ser entendido
como um conjunto de informações coletadas e validadas, de
modo que permitam a simulação de uma alternativa de inves­
timento, a fim de testar a viabilidade de sua execução.

A análise de projeto pode apresentar definições distintas,


porém todas giram em torno da alocação ótima dos recursos.
Em virtude da escassez, as empresas se obrigam a fazer bom
uso dos recursos, que nunca estão disponíveis em abundância.

Para a correta classificação de um projeto, devemos ini­


cialmente saber em qual setor da economia ele está inserido,
para então conhecer seu produto final. Após essa constatação,
o projeto é classificado de acordo com a sua finalidade, que
pode ser a extração de matéria-prima (primeiro setor), a indus­
trial (segundo setor) ou ainda a de serviços (terceiro setor).
Essa primeira classificação permite caracterizar o investi­
mento em seu âmbito macroeconômico, ou seja, nos grandes
setores da economia. Em termos microeconômicos, o projeto
é classificado segundo seu objetivo, podendo ser caracteri­
zado como projeto de implantação, projeto de ampliação ou expan­
são, projeto de modernização, projeto de relocalização ou projeto de
diversificação.

Nesse sentido, ao elaborar um projeto, identificamos o setor


da economia no qual ele está inserido, considerando todos os
aspectos econômicos e financeiros relacionados à sua perfor­
mance, bem como à sustentabilidade. Após a caracterização
macro e microeconômica, pode-se analisar a viabilidade do
investimento.
Outra questão relevante no estudo do projeto se refere ao
planejamento realizado utilizando o orçamento empresarial
como instrumento que pode contribuir para a redução das
incertezas envolvidas no processo decisório e, consequente­
mente, para o aumento da probabilidade de se alcançarem os
objetivos c as metas preestabelecidos pelas organizações.

Nesse contexto, esta obra objetiva auxiliar os alunos e os


profissionais da área na elaboração de um projeto de investi­
mento e de um orçaento empresarial viável para a empresa.
Para tanto, o livro foi estruturado em seis capítulos, que tratam
dos elementos obrigatórios de projeto e orçamento, a fim de
que sejam viáveis para o empreendimento e solidifiquem a
marca da empresa, garantindo assim seu espaço no mercado.

No prim eiro capítulo, apresentamos um panorama de


noções de projetos, apresentando a forma como eles são estru­
turados, bem como as variáveis que influenciam na determina­
ção da localização e do tamanho do projeto. Exploramos, tam­
bém, os aspectos financeiros, administrativos, jurídicos e legais,
ambientais e contábeis referentes ao projeto de investimento.
Com isso, você terá uma melhor noção da importância dos
custos e das receitas no estudo de projetos.

Em seguida, no segundo capítulo, apresentamos técnicas


para a avaliação de projetos. Inicialmente, conceituamos algu­
mas nomenclaturas que serão utilizadas, como Valor Presente
(VP), Valor Futuro (VF) e investimento. Abordamos, ainda, os
aspectos relacionados à decisão de rejeição ou de aceitação
do projeto.

No terceiro capítulo, apresentamos o conceito de orçamento,


sua origem e evolução, indicando os seus objetivos e as etapas
do processo orçamentário. Nessa abordagem, damos destaque
aos itens da etapa financeira.

Na sequência, no quarto capítulo, abordamos a estrutura do


plano orçamentário, separando o orçamento em três atividades
distintas: operacional, de investimento e de financiamento.

Apresentamos, no quinto capítulo, as demonstrações finan­


ceiras projetadas, com enfoque na Demonstração do Resultado
do Exercício (DRE), na Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) e
no Balanço Patrimonial (BP). Essas demonstrações se originam
dos planos constantes nos orçamentos (operacional, de inves­
timento e de financiamento) e visam, respectivamente, apre­
sentar o resultado projetado, o Fluxo de Caixa e a situação
patrimonial da empresa caso ela execute integralmente os pla­
nos orçamentários apresentados no quarto capítulo desta obra.

Por fim, no sexto capítulo, abordamos a análise das demons­


trações financeiras, que poderão ser utilizadas ainda no pro­
cesso orçamentário ou no processo de avaliação da execução do
projeto. Com isso, será possível avaliar a viabilidade do orça­
mento, além de verificar e controlar os resultados no momento
de execução dos projetos empresariais.

Boa leitura!
v /e,

Este livro traz alguns recursos que visam


enriquecer o seu aprendizado, facilitar a
compreensão dos conteúdos e tornar a
leitura mais dinâmica. São ferramentas
projetadas de acordo com a natureza
dos temas que vamos examinar. Veja a
seguir como esses recursos se encontram
distribuídos no decorrer desta obra.

HUiiiii! Conteúdos do capítulo

Logo na abertura do capítulo,


você fica conhecendo os
conteúdos que nele serão
abordados.
C do c4 pm#*o:

• An*He d* Huao d* Cjfiu. VjAcn Prrw nlt # Valor rutura

• D ro U o tottf* xritM,*o ou d* protão ó*


hmwwwp Após o estudo deste capítulo,
• T*outai d* *v»à»çAo óm m m tunrnío
você será capaz de:
• C ik iio d i vuUlxUdc etooômti* t feurvinr« por ir*»o
d«« t*cn<c«t V«k» liquido ( V m T*m mowoj de
Retomo rmo • P& ytock Você também é informado a res­
Ap«t o *d u ò o ò « t * u p i l d a voc* w i t u p u d* peito das competências que irá
i com lri» FKiio d e Cm h com beve n j rUwmVvt dr
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«wnunmto: tos que irá adquirir com o estudo
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• deocftr k M j t ou w jctUroprofetoe tu*nclutfc»no


do capítulo.
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I tqunkx Fkiwdc Cjk a )*4MjrwUrronwnrndj(fc\
Síntese titiiii^r(ÍMcnnMiht<«i>ru4u«koft««1umijilr dt>Jinhnn>
« •k i^ iilo ltiiip iK d rtom U lop rb T M A K n in m d u n in fam-
brtn j owfunU J o líím c» dix ululav dnM l.m u
Você dispõe, ao final do capítulo, de oprofrtop«drra»cr vttualisjdn **» tnnprrvfHvtivav. pnltcUt
miMlrjm i) «•fvrfciòn ne\v*4Arto [W i^uro irtvrrtkW nvwfvrr
uma síntese que traz os principais ocjp*t*l tmvtltdne j) a U u dr rvtrunrraçjo do tn>v*ti*nrnfcc
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conceitos nele abordados. ptt^rtu
O h u m m lr , m kvm c *» d r « r u lh r d r tm vttim ru to rd.» w
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n v n « m j n u tih / jd j» n j dccftJo d» pn^rln» r t n f ir r u iu ii

Questões para revisão

1. D e iiu prcçrSy

2 . Q u m vV> m j t p r c t m r r l r v j o m ru onJlix- d r p rifctin '’


Questões para revisão
3- O» fefew » q u r infHirrvuim * d rm ^ n d j vVr

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it preço d«»» h m » «utol itutu.
Com estas atividades, você
i* facilidade d r CTídUo.
tem a possibilidade de rever os
tv. Ifcn n lo g ij
A u in a lr j «llrnutivj om-t*
principais conceitos analisados.
a) F a tio cYH rvljs jfv n o « * i a lk rm jrn a i 1 1it
H t>li» murta» apcfvi* a» altrrnatna> i.n r ui. Ao final do livro, os autores
0 Etliiicumrl« jftnut» jbmuinM i riv.
d) Todas a* alternam j \ .-udo mrrrta». disponibilizam as respostas às
4 A m p n t o d o a d o d r vid a d c u m p ro frtu J M tiu Ir (V )p jra
m p tt t fk n i^ n v m lid n t M t (F ) |w n a s r j lu s questões, a fim de que você
( ) F w d i in ifH U (iú - S io d c 4 n d m a m u d o c
o (4*11*0 d o profrkx d a b o ra d m m d o c u m m fin
possa verificar como está sua
In ir u ii a n a lisa d a * k d « a s m ra M g ia s ( x iu im t c
tekm on ad a * a s n d h iv n d e n trr d a s
aprendizagem.
( ) Fa v d o p ia n rp n v fito - f detalhado tud o a q u ilo
qur %
€pretende fa/rr. « to rrv a n d o i j w d í'« ow no
Questão para reflexão

Nesta seção, a proposta é levá-lo a refletir


criticamente sobre alguns assuntos e trocar ideias
e experiências com seus pares.
___________________________________________

Questão para reflexão

Um orçamento mal pn^rtado pode ap crvn tar d ifro ld a d r* no


momento da tu a cxecuçA»’ Sc tám. quait?

Saiba mais

Indkamm at obra* a seguir para complementar seus ex*u-


d o t A primeira «<bra aborda o asaunk» cvstr» c prenhe ação
A v ju n d a e t piora o prntamcnfc» eearWwniro apnvnU nJn
va not n l utS n dr caso r uma tbra banca no rttudn d c eco­
nomia. p o aborda ot aspecto* mktoccimúmicot r macroeco­
nômicos. A trrretra aborda o» aspectos rrfcrw to ao piane^a*
memo iHaboraçAiea anilnrdrprofrsuv akm de apresentar
uma variedade make de kcnkat dr analise d r profetas.
G m a u . E. C . M u i m J. dr I A dm m at/K to «*1rrt*g<a d*
(iikM ( urtffer h d e joix
M e x a m . N. G . t n n o p m d* mKioMOMinki SAo P a u lo
Crngjfgr Uurning. 2».«*
\Vo<i i «.S. M \ ti«av W. F k o ^ toi pljrtym m kvcUKviçlo
e analise. 2. rd. Sào Paulo Alias. >wA
Saiba mais
Você pode consultar as obras
indicadas nesta seção para
aprofundar sua aprendizagem.
i Alguns trechos deste capitulo foram extraídos e adaptados de Corbari e Macedo (2012).
Conteúdos do capítulo:

• Conceito e classificação dos projetos de investimentos.

• Aspectos econômicos relacionados à análise de mercado,


à localização e ao tamanho do projeto.
• Aspectos técnicos relacionados à participação dos
stakeholders, ao ciclo de vida do produto e ao papel dos
custos e das receitas.
• Aspectos financeiros relacionados à questão da
composição do capital a ser investido no projeto.

• Aspectos administrativos relacionados à estrutura


organizacional.
• Aspectos jurídicos e legais relacionados à forma societária
da empresa e às exigências legais.

• Aspectos ambientais relacionados às externalidades


provocadas pelo projeto de investimento.

• Aspectos contábeis relacionados ao cronograma


financeiro.

Após o estudo deste capítulo, você será capaz de:

1. conhecer as variáveis que determinam a localização do


projeto de investimento;
2. compreender os fatores que influenciam na
comercialização do produto;

3. reconhecer as variáveis que devem ser consideradas na


determinação do tamanho do projeto;

4. conhecer os diferentes aspectos do projeto de


investimento e suas influências nas decisões referentes
à empresa.
rojeto é o nome que se dá ao conjunto de informações
internas e externas à empresa, coletadas c processadas com o
objetivo de analisar as decisões de investimento. Esses dados
integram os fatores fixos e servem de base para a combinação
dos fatores variáveis de produção, a fim de obter um produto
final resultante da combinação desses insumos.

Neste capítulo, abordaremos as características do projeto


de investimento, observando como ele se estrutura, para, com
isso, conhecer os aspectos que influenciarão no momento de
sua análise.
í.i C aracterísticas do projeto

As características básicas dos projetos são: temporariedade,


individualidade do bem ou serviço e incerteza.

Temporariedade, porque o projeto possui início, meio e fim


bem definidos, ou seja, tem duração finita, e seu prazo c prees­
tabelecido em seus objetivos. O ciclo de vida de um projeto é
caracterizado pela sua temporariedade, com início no processo
de trabalho estratégico até chegar ao trabalho executivo de
produção, que antecede seu término.

A individualidade significa que o bem ou serviço ainda não


foi realizado. Como o produto de cada projeto é único, suas
características precisam ser bem delineadas paulatinamente,
de modo que sejam clara mente definidas as especificações dos
bens ou serviços a serem desenvolvidos.

A incerteza, por sua vez, ocorre porque as possibilidades


futuras são desconhecidas; nessa condição, a previsão com­
pleta e assertiva do projeto pode ser extremamente complexa.
Com o passar do tempo, as informações inerentes ao projeto
vão surgindo e consequentemente reduzindo as incertezas
sobre o Fluxo de Caixa. Na literatura econômica, destaca-se
que a decisão de investir está associada ao preço do produto
resultante do projeto, dos custos dos insumos do projeto etc.
Caso você pretenda se especializar nesse assunto, recomen­
damos o estudo das técnicas para solução do problema por
meio das matrizes de decisão e da análise de sensibilidade e
simulação, pois esses assuntos não serão abordados nesta obra.

Com base nas principais características de um projeto, pode­


mos definir as demais:

• Evento não repetitivo - O evento não deve ser rotina da


empresa.

• Sequência lógica - A s atividades são encadeadas, e isso


permite o acompanhamento e o controle mais preciso.
• Início, meio e fim - Todo projeto deve ter um ciclo de vida
bem definido. É possível que o fim de um projeto coin­
cida com o início de outro; no entanto, caso não tenha fim,
não é considerado um projeto: passa a ser uma rotina.

• Recursos - Todo projeto necessita de mão de obra espe­


cializada; sem ela, o projeto nem mesmo vai para o papel.
Portanto, a mão de obra é um dos principais responsáveis
pelo sucesso de um projeto.

• Parâmetros bem definidos - Todo projeto precisa ter pra­


zos, custos, equipamentos, material, pessoal e qualidade
desejada estabelecidos com clareza.

A quantificação exata desses parâmetros é difícil de ser esta­


belecida. Entretanto, esses elementos necessitam ser definidos
já na fase inicial, pois eles são os parâmetros para a avaliação
do projeto. As quantidades são identificadas na fase inicial e
ajustadas no decorrer do projeto, caso haja necessidade.

As informações necessárias dependerão da especificidade


de cada projeto. Contudo, no setor industrial, existem algumas
características estruturais que podem ser comuns a todos os
projetos. Considerando a inter-rclação entre esses aspectos c
em razão da dificuldade de uma análise individual, normal­
mente eles são avaliados em conjunto.

A fim de facilitar a análise de um projeto, o tomador de deci­


são pode separar os aspectos estruturais em grupos distintos e
analisá-los individualmente. Posteriormente a essa etapa, esses
diferentes aspectos são agrupados, devendo-se atentar para o
cronograma e as projeções do Fluxo de Caixa. Todos são ana­
lisados em conjunto para se verificar a viabilidade do projeto.

1.2 Estrutura do projeto

A análise da estrutura de um projeto de investimento envolve a


avaliação de diversos aspectos. Entre eles, os mais comuns são:
a) econômicos; b) técnicos; c) financeiros; d) administrativos;
e) jurídicos c legais; f) ambientais; e g) contábeis.

Veja, a seguir, no que consiste cada uma dessas características.

1.2.1 Aspectos econômicos

Os aspectos econômicos tratam da análise do mercado, da loca­


lização c da escala de produção. Normalmente a oportunidade
de investimento surge por meio da análise do mercado. Depois
de identificada a oportunidade de mercado, o passo seguinte
é procurar o local ideal para a instalação do investimento.
A escala de produção, por sua vez, dependerá de vários fatores,
como o mercado no qual serão comercializados os produtos, a
capacidade de produção e os aspectos técnicos.

1.2.1.1 Análise de mercado

O estudo de mercado fornece elementos que determinarão mui­


tas características do projeto, como a quantidade demandada,
o preço de venda, os canais de distribuição e os possíveis des­
contos. Essas características tornam a análise de mercado um
dos primeiros aspectos a serem analisados no projeto.

Em suma, essa etapa c considerada uma das mais importan­


tes, pois ela é o ponto de partida para a análise e a elaboração
do projeto.

1.2.1.2 Localização do projeto

Ao elaborar um projeto de investimento, vários aspectos devem


ser levados em consideração. Um fator que merece destaque
é a localização do investimento, instrumento de decisão estra­
tégica para a empresa. O problema da localização não se res­
tringe à fase da elaboração do projeto ou à da implantação; ele
existe ao longo da existência da organização, pois, mesmo em
funcionamento, é possível que haja necessidade de realocação
da empresa.
Na maioria das vezes, a capacidade competitiva da empresa
está relacionada com a sua localização, pois um bom posicio­
namento pode assegurar maior rentabilidade à entidade.

Para I lolanda (1975), a localização ótima de uma empresa é


aquela que garante maior diferença entre os custos e os benefí­
cios, privados ou sociais. Ou seja, para o autor, a melhor locali­
zação é aquela que permite a obtenção da maior rentabilidade
(critério privado) ou do custo unitário mínimo (critério social).

Do ponto de vista de VVoiler e Mathias (2008), a problemá­


tica na definição da localização ótima da empresa consiste em
encontrar um local que proporcione maior diferença entre as
receitas e os custos. Os autores complementam, indicando
que devemos optar por um local que permita o maior lucro
possível para a empresa, num prazo compatível com a vida
útil do empreendimento.

Já Pomeranz (1985) destaca que a questão decisória central


em relação à localização refere-se aos custos totais de trans­
porte de insumos e de produtos acabados.

Melnick (1981) corrobora essa visão, ao afirmar que o estudo


da localização consiste na análise das variáveis chamadas
forças locacionais, cujo resultado pode conduzir a uma taxa
máxima de lucro e um custo mínimo. De acordo com o autor,
para atingir tal resultado, é necessária a análise dos seguintes
aspectos:
• Custos totais do transporte de insumos e de produtos
acabados.

• Custos relativos dos recursos, bem como sua disponi­


bilidade.

• Fatores como terreno, tributação, aspectos legais, condi­


ção de vida, existência de águas residuais, ruídos, odores
e outros incômodos.
Em alguns países, o governo define alguns pontos a serem
analisados pelos empreendedores em seus projetos. De acordo
com Melnick (1981), nos Estados Unidos, o Departamento de
Comércio define uma série de fatores que devem ser levados
em consideração, como: localização da matéria-prima; dis­
ponibilidade de mão de obra, energia elétrica, combustível
e água; facilidade de transporte e distribuição; condições de
vida; clima; estrutura tributária; incentivos governamentais;
aspectos ambientais; e mercado.

Em relação à matéria-prima, destaca-se a importância do


conhecimento dos custos dos insumos e da disponibilidade
dos recursos utilizados. Os atributos perfeitos relacionados â
matéria-prima devem ter disponibilidade máxima possível a
custos mínimos.

Gersdorff (1979) aprofunda-se no estudo da relação entre a


localização da empresa e a disponibilidade de matéria-prima.
Para ele, as empresas que mais se enquadram nessa perspectiva
são as que:

• usam grandes montantes de matéria-prima para a pro­


dução de pequena quantidade de produto, em virtude do
desperdício ou da perda por combustão (p. ex.: indústrias
siderúrgicas e açucareiras);

• utilizam matérias-primas perecíveis, que não podem ser


transportadas a grandes distâncias (p. ex.: frutas, legu­
mes e leites);

• necessitam de matérias-primas localizadas, isto é, que


podem ser encontradas apenas em determinadas regiões
(p. ex.: minérios e produtos agrícolas);

• fazem uso intensivo de matéria-prima e apresentam


custo de transporte elevado, portanto, o estabelecimento
da empresa deve ser próximo da matéria-prima.
Melnick (1981), por outro lado, afirma que a disponibilidade
da mão de obra exerce forte influência sobre a decisão da loca­
lização do investimento. As empresas tendem a se estabelecer
próximo às regiões com mais mão de obra disponível, cujo
custo seja o menor possível, principalmente quando ela repre­
senta o insumo intensivo na produção de determinado produto.

Outro fator que deve ser levado em consideração é a dispo­


nibilidade de energia elétrica. Alguns empreendimentos deman­
dam grandes quantidades de energia elétrica durante longo
prazo. Caso o projeto tenha essa característica, é indispensável
assegurar que a região possua a carga de energia necessária
para a instalação do empreendimento; se não houver energia
elétrica na quantidade necessária, o custo poderá aumentar.
Gersdorff (1979) destaca que a energia elétrica de baixo custo
é essencial para a definição do local de instalação de indús­
trias como as eletroquímicas, pois são empresas que possuem
elevado consumo de energia elétrica.

A disponibilidade de combustível é outro fator determinante


para a escolha da localização do empreendimento. Se o com­
bustível (gás, óleo, carvão etc.) representar um insumo rele­
vante na produção, certamente será uma variável de peso
na decisão da localização, pois, na ausência local desse fator,
a empresa deverá transportá-lo, o que elevaria os custos de
produção, os quais seriam repassados para o preço de venda
e, consequentemente, o produto perderia competitividade.
A disponibilidade de água também é uma condição decisiva
para a localização do investimento. Como nos outros fato­
res, esse elemento ganha maior relevância quanto maior for
a intensidade de uso. Por exemplo, uma empresa que utiliza
como principal insumo a celulose tende a fazer grande uso
de água, diferente de uma empresa do segmento de negócios.
Portanto, a água é considerada como fator dc maior impor­
tância na decisão da localização para a primeira empresa do
que para a segunda, pois representa maior parcela nos seus
custos de produção.

Outro fator determinante é a estrutura tributária de cada


região, uma vez que, cm diversas situações, os governos federal,
estadual e municipal adotam políticas de incentivos fiscais sob
a forma de isenção de impostos, ou seja, o governo abre mão
do recolhimento de algum imposto, ou ainda sob a forma de
subsídios de juros.

Na análise de investimentos, é essencial considerar tam­


bém os incentivos governamentais, os quais normalmente estão
relacionados à importância sociopolítica do projeto na geração
de empregos e riqueza. Por exemplo: se um projeto apresenta
benefícios para determinado município ou região, o governo
local pode conceder vantagens como auxílios fiscais, terrenos
para instalação, prédios, locação de máquinas, simplificação
de processos de registros, assistência técnica na elaboração de
projetos e participação em programas de formação.

O aspecto ambiental é outro fator que deve ser observado.


Do ponto de vista jurídico, no mínimo duas normas devem
ser atendidas: o Código Florestal e a legislação ambiental.
O primeiro define as áreas nas quais não deve haver atividades
comerciais ou industriais; já a segunda refere-se ao destino e
tratamento de resíduos comerciais e industriais. Alguns inves­
timentos são impossíveis, pois a liberação do empreendimento
cm área protegida é negada pelo Código Florestal. No caso dc
atividade que necessite de tratamento de elevada quantidade
de resíduos, em cumprimento da segunda norma, o investi­
mento pode ser inviável, pois o custo de tratamento dos resí­
duos se torna tão elevado que pode inviabilizá-lo.

Woiler e Mathias (2008) destacam que o problema da loca­


lização pode ter uma abordagem complexa, dependendo do
número de fatores envolvidos e do volume de investimentos que
serão efetuados. Os autores afirmam ainda que a questão
locacional representa para a empresa um problema essencial­
mente dinâmico, já que, ao longo do tempo, pode ser conve­
niente à empresa:

• expandir o que existe c subcontratar;

• reter a fábrica atual e implantar outra;

• relocalizar a fábrica atual.

Portanto, o estudo da localização tem um caráter de perio­


dicidade, pois a escolha adequada pode resultar em custos
mais baixos, o que torna o empreendimento mais competitivo.

1.2.1.3 Escala de produção

A escala de produção do projeto é definida confrontando-se a


oferta e a demanda (procura). Ambas são determinadas com
base no preço de venda do produto e da disponibilidade de
bens substitutos.

A demanda é um conceito bastante utilizado na microecono­


mia. Basicamente, a lei da demanda representa a quantidade de
um bem ou serviço que o consumidor deseja e pode adquirir
cm determinado intervalo de tempo, considerando sua renda
e seus gostos, além do preço de mercado. A lei da demanda
diz que a procura por um bem ou serviço tende a ter uma
relação inversa com o preço, ou seja, quando o preço de um
bem ou serviço aumenta, a quantidade demandada diminui,
ou, quando o preço cai, essa demanda aumenta, mantendo-se
tudo o mais constante. Nessa lei, considera-se constante qual­
quer outra variável que possa impactar na demanda por um
serviço. Por exemplo: se a renda do consumidor aumentar, ele
pode ser induzido a consumir mais, ou então se o preço de um
bem substituto cair, o mesmo consumidor pode ser induzido
a trocar o produto, bem como diversas outras situações que
poderiam afetar a demanda. Quando dizemos "tudo o mais
constante", estamos desconsiderando qualquer variação em
outras características que não sejam o preço do bem.
0
Gráfico í.i - Lei da demanda

Para melhor visualização, exemplificamos a função linear da


lei da demanda no Gráfico 1.1. A curva de demanda representa
todas as combinações possíveis entre quantidade da demanda
(Q/t) no eixo horizontal e preços (P) no eixo vertical. Perceba que
a curva de demanda é negativamente inclinada, o que repre­
senta a relação inversa entre o preço e a quantidade da demanda.
O ponto A dessa curva, supondo uma condição inicial, repre­
Atenção: O* não representa quantidade demandada igual a zero, e sim uma quantidade

senta uma situação na qual um preço em P0 tem quantidade


da demanda Q,r. Uma elevação do preço de PQpara P, reduz a
quantidade demandada de Q, . para Q,. Já uma situação inversa,
ou seja, a redução do preço, eleva a quantidade demanda.

Outra variável com forte influência sobre o preço é a renda do


consumidor. Normalmente, quando essa renda se eleva, espera­
mos que a demanda por determinado bem ou serviço também
aumente. Do contrário, caso a renda do consumidor diminua,
é natural esperarmos que ocorra uma contração da demanda.

A seguir, no Gráfico 1.2, apresentamos a função linear para a


análise da renda e da quantidade de demanda. Note que, nesta
representação gráfica, há uma relação positiva, ou seja, quando
demandada inicial.

a renda do consumidor aumenta, a quantidade de demanda


aumenta, da mesma forma que, quando a renda diminui,
a quantidade demandada também diminui. No eixo vertical,
está representada a renda do consumidor em determinado intervalo
a
de tempo (R/t), e, no eixo horizontal, está representada a quanti­
dade da demanda para o mesmo intervalo de tempo.

Gráfico f.2 - Demanda em relação à renda3

Considere que, para um nível de renda R>, a quantidade de


demanda é Q>. Se a renda aumentar para Rj, a quantidade de
demanda será Q e assim por diante.

Obviamente, para analisar a demanda de determinado bem


ou serviço em relação às variáveis que afetam o comportamento
da demanda, deve ser levado cm consideração o tipo do bem -
inferior, normal, substituto ou complementar-, porém, limita­
remos a análise do comportamento da demanda em relação à
diferença nas características.

Bem inferior é aquele cuja quantidade demandada diminui


quando a renda aumenta e os fatores restantes se mantêm cons­
tantes. Bem normal, por sua vez, é aquele cuja quantidade deman­
dada aumenta (com tudo o mais mantido constante), quando a
L
renda aumenta. Já bens substitutos são dois bens os quais, com C

tudo mantido constante, provocam aumento na demanda pelo


outro, caso o preço de um deles suba. Por fim, bens complemen­
tares são aqueles para os quais o aumento no preço de um dos r~.

bens leva a uma redução na demanda pelo outro bem.


O
Na teoria microeconômica, outros fatores são frequente­
mente citados como geradores de impacto na demanda. São
eles: riqueza e renda (e sua distribuição); preço de outros bens
(substitutos); fatores climáticos e sazonais; publicidade; hábitos,
gostos, preferências dos consumidores; expectativas sobre o
futuro; e facilidade de crédito (p. ex.: disponibilidade, taxa de
juros, prazos) etc.

Essas são as variáveis mais frequentes na explicação da


demanda de qualquer bem ou serviço. Entretanto, cada mer­
cado tem suas particularidades e algum as variáveis podem
não estar contempladas nessa relação ou, então, não afetar a
demanda.

Ao decidir investir, ainda na fase da elaboração do projeto,


o empreendedor deve fazer um estudo prévio de mercado, ou
seja, analisar a priori* a quantidade da demanda. Para exempli­
ficar esse processo, analisaremos uma situação hipotética de
procura por bicicletas em uma pequena cidade, representada
pela função de demanda apresentada na equação (1) a seguir:
caso deste estudo, a priori signitica estudar o mercado antes de o projeto entrar em
A pnnri è uma expressão do latim utilizada para designar aquilo que precede; no

(1) Qd= - 500P + 400R + 0,03(Pop) + 100C ^ + 0,06(Pub)

Na equação (i), podem os observar que a quantidade da


demanda (Qd) é uma função dependente das variáveis repre­
sentadas após o sinal da igualdade, isto é, do preço do bem (P),
da renda do consumidor (R), do índice populacional (Pop), da dis­
ponibilidade de crédito (Crcd) e dos gastos com publicidade (Pub).

Supondo que a moeda seja dada cm reais, o exemplo fornece


a seguinte interpretação: a cada aumento de R$ i,oo em P, Q'1
reduz em 500 bicicletas. Para cada aumento de RS 1,00 em R,
a Qd aumenta em 400 bicicletas. Para o aumento de 100 pessoas
funcionamento.

em Pop, Qd aumenta em 3 bicicletas. Já para cada aumento em


1 unidade em C r d, QJ aumenta em 100 bicicletas. Por fim, para
cada aumento de R$ 100,00 em Pub, Qdaumenta em 6 bicicletas.
A oferta, outro conceito relevante para a análise de mercado,
representa a quantidade de determinado bem ou serviço que
os produtores e vendedores desejam vender em determinado
período. Assim como a demanda, ela representa uma inten­
ção, e não a efetiva oferta. Dito de outra forma, a oferta repre­
senta a quantidade de produtos que a empresa está disposta
a colocar no mercado, considerando os seus custos de pro­
dução. Evidentemente, o ferramental utilizado para analisar
uma única empresa também é válido para analisar um grupo
de empresas.

O Gráfico 1.3 considera a forma mais simples de represen­


tação da lei da oferta: uma função linear, na qual a quantidade
ofertada depende apenas dos preços.

Gráfico 1.3 - Lei da oferta

O eixo vertical representa os preços dos produtos (P), e o eixo


horizontal, a quantidade ofertada em dado intervalo de tempo
(Q/t). A curva (no exemplo, é uma reta) de oferta representa as
diversas quantidades possíveis de determinado bem ou serviço
que as empresas estão dispostas a ofertar a diferentes níveis de
preços, se mantidas constantes as demais variáveis. Supondo
que as empresas formam os seus preços com base no custo
de produção, adicionando ainda uma margem de lucro, elas
estariam dispostas a ofertar mais se o preço fosse maior, caso
fossem mantidas constantes todas as demais variáveis, inclu­
sive os seus custos. Portanto, se a empresa estiver na situação
em que o preço de mercado for P,, ela estará disposta a ofertar
a quantidade Q ;.

Mantidas constantes todas as demais variáveis, se o preço


de mercado aumentar de P, para P2, a quantidade ofertada
passaria para Q 2, e, se houvesse uma elevação de P2 para P3, a
empresa estaria disposta a ofertar a quantidade Q,. A análise
realizada para uma empresa é a mesma utilizada para um
conjunto de empresas.

Da mesma forma que a demanda, as quantidades ofertadas


dependem de outras variáveis além do preço e dos custos de
produção, como preço do bem; custo dos fatores e insumos de
produção (matérias-primas, mão de obra etc.); preço de outros
bens, substitutos na produção; tecnologia e fatores climáticos
e ambientais.

Do mesmo modo que foi apresentado na demanda, algu­


mas variáveis que afetam a oferta, apresentadas anteriormente,
podem não impactar na oferta de determinado bem, assim
como pode haver alguma variável não mencionada aqui que,
no entanto, influencia nesse quesito. A relação de variáveis
não se limita a essas questões - para cada tipo de bem há uma
série de variáveis a ser observadas.

A construção da curva da oferta da empresa se dá de forma


análoga àquela apresentada na curva de demanda: após a iden­
tificação das variáveis que impactam a oferta da empresa e do
impacto de cada uma sobre a oferta, é possível construir uma
equação de oferta semelhante à apresentada na equação (i).

As leis da oferta e da demanda sugerem que, em estrutura


de mercados de concorrência perfeita, monopolística ou oligo­
pólio, os preços são determinados pelo mercado. Nas estrutu­
ras de mercado de oligopólio cooperativo (formação de cartel)
ou de monopólio (uma única empresa), são as empresas que
decidem a quantidade de produtos a ser produzida e a que
preço eles devem ser negociados; aos consumidores, só resta
concordar com as exigências.

Obviamente, os aspectos relacionados à oferta e à demanda


não se esgotam nessa forma simplista apresentada. Para ana­
lisar esses itens, é necessário conhecer outros fatores, como a
elasticidade, os tipos de bens, a importância do bem para o
consumidor e a estrutura de mercado.

Essa apresentação básica sobre oferta e demanda objetiva

Existe uma variedade de livros que abordam o assunto microeconomia; para uma leitura introdutória, procure Introdução à economia, de N.
Gregori Mankiw. Tara uma leitura intermediária, sugerimos Princípios básicos dc microeconomia: unta abordagem moderna, de I lai R. Varian.
demonstrar a possibilidade do estudo prévio de mercado,

bssessãoos principais livros utilizados na maioria dos cursos de graduação em Economia. Caso queira ler uma obra mais avançada,
a fim dc conhecer, ainda na fase do projeto, o mercado no
qual o empreendedor atuará - sempre considerando que, para
cada variável verificada, deve ser feita uma análise das quan­
tidades relacionadas às mudanças das variáveis, assim como
realizamos anteriormente com o preço e a renda, no exemplo
da demanda.

procure Micrvccouomic Thcory, dc Andreu M as-Colell Michacl Dcnnis Whinston e Jerry R. Green.
A abordagem microeconômica é bastante ampla e merece
análise mais detalhada. Como ela não é o foco deste capítulo,
caso você deseje compreendê-la melhor, deve procurar infor­
mações específicas sobre o assunta'.

Tamanho do projeto

Determinar a escala de produção a ser instalada é uma das


etapas mais importantes no desenvolvimento do projeto. Nela,
é tomada a decisão acerca do tamanho do mercado que a empresa
pretende atingir. Na elaboração do projeto, pode ser previsto
um crescimento na demanda e, consequentemente, o tomador
de decisão poderá optar por uma escala maior que a necessária
para o atendimento atual, prevendo assim um ganho futuro.

Uma situação adversa seria o empreendedor não prever o


crescimento dc mercado c desenvolver o projeto dc acordo
com a demanda atual. Nesse caso, se houvesse potencial de
crescimento da demanda, ele estaria deixando espaço para a
concorrência dominar o mercado excedente.

Dos pontos de vista técnico e econômico, o tamanho da


fábrica ou do projeto c definido pela capacidade instalada, ou
seja, é a capacidade total de produção que, em situação normal,
pode ser atingida em determinado intervalo de tempo.

No entanto, raramente é estabelecido um nível de produ­


ção cujos pontos de vista estejam em consonância. Por isso, é
necessário analisar a escala do projeto sob o enfoque da análise
individual destes dois conceitos.

Woiler e Mathias (2008) apontam que, do ponto de vista téc­


nico ou da engenharia, o tamanho ideal de determinado projeto
é aquele em que é obtido o máximo de produção possível em
dado intervalo de tempo. No entanto, devem ser levadas em
consideração as interrupções e as perdas de eficiência devido
à mão de obra não qualificada na operação de equipamentos,
bem como as paradas obrigatórias para manutenção corretiva
ou preventiva nas etapas do projeto.

Nesse ponto de vista, a escala do projeto é determinada com


base nos conceitos de capacidade nominal c capacidade efetiva.

A quantidade produzida em capacidade nominal é aquela


gerada por meio da utilização de todos os equipamentos e
insumos em geral, não considerando falhas de equipamentos
ou qualquer outra anomalia.

Já a quantidade produzida em capacidade efetiva é gerada


pela utilização de todos os equipamentos e insumos, descon­
tando o tempo perdido decorrente das falhas ou de qualquer
outra anomalia.

Com base na definição desses conceitos, é possível determi­


nar o índice de utilização, o qual indica a oferta real da empresa -
a escala real do projeto -, demonstrado na equação (2):
a

Em que:

Nu = índice de utilização

C e = Capacidade efetiva

C n= Capacidade nominal

7 Suponha que o custo total médio se eleve e, com isso, o lucro total médio não seja mais o maior; portanto, a escala não é mais a ótima, pois a ótima
Esse índice representa o percentual atingido de produção em

f» Termo utilizado para explicar que algum equipamento ou processo esta limitando a produção, enquanto outro«» estão operando com ociosidade.
relação ao nominal. Na ocorrência de um baixo índice, o pla­
nejador do projeto pode recorrer à verificação da existência de
gargalos na produção*. Estes podem ocorrer em razão da baixa
produtividade de algum equipamento, o que pode resultar na
redução do índice de utilização. Para contornar essa situação, o
planejamento do projeto deve ser bem dimensionado e, se neces­
sário, prever equipamentos reservas ou ter operação em mais de
um turno.

Do ponto de vista econômico, a escala do projeto mais apro­


priada é aquela em que o nível de produção representa o custo
unitário mínimo. Em outras palavras, a escala ótima do projeto
é aquela em que o lucro é máximo.

O custo unitário mínimo é dado pelo custo total dividido pela


quantidade produzida. Para simplificar, assumiremos que o
lucro (L) é dado pela diferença entre as receitas (R) e os custos
seria aquela na qual o lucro seria o maior possível.

da produção (C), ou seja: L = R - C.

Portanto, o custo mínimo é condição necessária para atin­


gir o lucro máximo. Pela equação (2), você pode verificar que,
quanto menor o custo, dada a receita, maior é o lucro. Isso
equivale a dizer que a escala ótima do projeto é aquela em
que o custo total médio (CTM) é mínimo, e consequentemente
o lucro total médio é máximo7.

O CTM é dado pela somatória do custo total (CT) dividido


pela quantidade produzida (Q), como podemos ver na equação (3):
: o) CTM = CT |
Q

Para obtermos o CT, devemos somar o custo fixo (CF) com o


custo variável (CV), conforme a equação (4) a seguir:

(4) CT = CF + CV

O custo fixo é invariável, mesmo quando variar a quantidade


produzida (IPTU, aluguel etc.). Já o custo variável é aquele que se
modifica conforme a alteração da quantidade produzida (maté­
ria-prima, mão de obra etc.).

Graficamente, temos:

Gráfico 1.4 - Custo total em relação à quantidade

O Gráfico 1.4 indica a relação dos custos com a quantidade


produzida. Percebemos que o CF permanece constante apesar
do aumento da produção: mesmo com a quantidade produzida
afastando-se do eixo, a curva do CF não se altera. Já a curva do
CV varia de acordo com o aumento da produção - observe que
ela tem inclinação positiva -, isto é, à medida que aumenta a
quantidade produzida, aumenta também o CV. A curva de CT,
como indicado na equação (4), representa a soma dos CF e CV.
Perceba que no ponto zero, em que não há produção alguma,
existe determinado valor de CF e zero de CV. Portanto, nesse
ponto, o CT é somente o CF; à medida que a produção cresce,
aumenta o CT em virtude do aumento do CV.

Analisado os conceitos de CT, C F cC V ,c possível demonstrar


o ponto ótimo de produção. Veja a seguir:

Gráfico 1.5 - Escala ótima ou eficiente

Com base no Gráfico 1.5, a economia eficiente, também conhe­


cida como escala eficiente, é aquela em que o CTM é mínimo.
À esquerda da economia eficiente, temos a economia de escala,
também chamada de rendimento crescente de escala. Nessa região,
conforme a quantidade produzida aumenta, os CFs, por serem
rateados por uma quantidade maior de produtos, diminuem.
Portanto, o CTM é reduzido em virtude da diminuição dos CFs.

Do lado direito da economia eficiente, temos a deseconomia


de escala, também conhecida como rendimento decrescente de
escala. Essa denominação é decorrente da contribuição cada
vez menor dos insumos variáveis à medida que a produção
cresce. Imagine a seguinte situação hipotética: Um em pre­
sário percebe que a sua padaria, funcionando com apenas
um padeiro, vende todos os 500 pães que produz, e, então,
ele decide contratar mais um funcionário. Vamos supor que,
devido à utilização conjunta dos equipamentos, a soma da
produção dos dois padeiros vai para 800 pães. Todos esses pães
produzidos são vendidos, o que leva o empresário a contratar
um terceiro padeiro. A soma da produção dos três padeiros
agora é 1.200 pães. Perceba que, à medida que o empresário
acrescenta um insumo variável, a produção reduz, em virtude
da quantidade limitada dos insumos fixos - as máquinas -,
pois o padeiro necessita aguardar o seu colega de trabalho
utilizar o equipamento para também usá-lo. Assim, o empre­
sário tem aumentos na produção, mas, ao adicionar insumos
variáveis, sua produção apresenta taxas decrescentes. Como
os CFs estão associados aos insumos fixos e os CVs, aos variá­
veis, chegará um momento em que, devido ao aumento da
quantidade produzida, o aumento dos CVs será maior que a
redução dos CFs.

Portanto, a deseconomia de escala representa custos crescentes


em virtude do rendimento decrescente da escala, visto que o
aumento dos custos significa redução dos lucros. Por isso, o ponto
de escala eficiente representa a escala ideal para a empresa e,
obviamente, deve ser levado em consideração o aspecto relacio­
nado à estrutura de mercado na qual ela está inserida.

Em suma, a escala ótima do projeto ou da produção é aquela


que proporciona a mais alta rentabilidade para a empresa em
dado intervalo de tempo, sendo alcançada no momento em
que houver um custo-benefício favorável para o empresário.

i .2.2 Aspectos técnicos do projeto

Em linhas gerais, os aspectos técnicos do projeto estão relacio­


nados à participação dos engenheiros no processo de elabora­
ção do plano de investimento. Contudo, é necessário alinhar
as relações referentes aos aspectos técnicos aos econômicos,
visto que a troca de informações entre engenheiros, técnicos
especializados e economistas é necessária.

A intcr-relação entre esses aspectos ocorre desde o estudo de


mercado, quando foram definidos a característica do produto,
o quanto produzir e para quem produzir. Com base nessa
constatação, a engenharia analisa os aspectos referentes ao
modo de produção e aos insumos necessários, como mão de
obra necessária e instalações físicas. Após a avaliação dos
aspectos técnicos indispensáveis à produção, o projeto volta
para a análise econômica, em que é traduzido todo o arranjo
físico, necessário à produção, em unidades monetárias.

A engenharia, dentro do contexto de projeto, é responsável pela


organização dos insumos e pelo cumprimento dos requisitos
técnicos para atingir o programa de produção projetado. Em
termos de investimentos físicos, ela está relacionada aos aspectos
referentes à montagem e ao funcionamento da unidade produtiva,
sendo assim a responsável pela combinação das matérias-primas,
mão de obra e insumos diversos, como água, energia elétrica,
transportes, embalagem, combustível, processo tecnológico,
regime de produção, layout e otimização do fluxo de operações.

Veja, a seguir, os ciclos que compõem um projeto de


investimento.

í.2.2.1 Ciclo de um projeto

O ciclo de vida de um projeto é entendido como a divisão do


projeto em partes que vão desde a fase do esboço até a do encer­
ramento. Essa segmentação permite aos envolvidos um melhor
controle dos recursos gastos para a obtenção das metas estabele­
cidas. As principais fases são comuns a todos os projetos, inde­
pendente do conteúdo, e o conhecimento destas proporciona
benefícios comuns ao analista de qualquer projeto. São elas:
• Verificação do que foi ou não realizado pelo projeto.

• Avaliação do progresso do projeto em um intervalo de


tempo.

• Identificação do exato momento em que o projeto se


encontra.

O conhecimento do ciclo de vida também possibilita algu­


mas considerações ao longo do projeto, por exemplo:

• se as características do projeto tendem a se desviar do


que foi previamente projetado;

• se as características referentes às incertezas relativas a


custos e prazos tendem a diminuir ao final de cada fase.

A localização do valor máximo varia de projeto para projeto.


Graficamente, o ciclo de vida do projeto apresenta o seguinte
comportamento:

Gráfico 1.6 - Nível de esforço em relação ao tempo

Nível máximo de

O nível de esforço do projeto inicia-se próximo a zero, visto


que não necessita de muitos recursos, c cresce ate atingir o nível
máximo de esforço. Este pode ser considerado o ponto crítico
do projeto, pois é onde se agrupa o maior número de insumos
necessários e, portanto, o maior desembolso financeiro. No
ponto máximo, o projeto tende a ter uma queda abrupta até
atingir o ponto mínimo, o que representa o seu fim.

As fases estão relacionadas à natureza do projeto. No entanto,


todos os projetos partem de uma ideia passada para um plano,
o qual progride para a execução e o encerramento. Cada faseé
caracterizada por uma entrega, ou seja, uma finalização da ati­
vidade. Toda conclusão de fase deve ser facilmente identificada,
o que em geral ocorre por meio da elaboração do cronograma
e de relatórios, ou então por um conjunto de atividades.

Por exemplo: a fase da ideia deve conter toda justificativa de


existência de mercado, o porque da localização c da escolha
do tamanho do projeto. A fase da execução deve conter todas
as atividades, com as respectivas datas de início e fim de cada
uma delas. Da mesma forma, para a fase do encerramento,
recomenda-se a definição das datas para as diferentes eta­
pas do encerramento. No mercado, existe uma diversidade de
softwares* de acompanhamento de projetos que proporcionam
grande facilidade na estruturação c no acompanhamento deles.

O ciclo de vida de um projeto pode ser, genericamente, divi­


Destacamos os seguintes noflwarrt: C A N TT (íerrament.1 de mapeamento e apresentação
da situação prevista e realizada das atividades numa escala horizontal), PERT (permite
verificar a probabilidade de atendimento do cronograma do projeto) e CPM (controla
dido nas seguintes fases: inspiração; planejamento; execução;
monitoramento; e controle e encerramento. Veja o Gráfico 1.7,
a seguir.

Gráfico 1.7 - Ciclo de vida do projeto dividido em fases


tanto o tempo quanto o custo de cada etapa).
Inicialmente, o custo é quase inexistente, pois se considera
apenas o tempo para o esboço do projeto. Já na segunda fase, há
um esforço maior cm virtude do planejamento da arquitetura
do projeto. Em seguida, na terceira fase, o esforço é máximo,
já que o envolvimento e a utilização da maioria dos insumos
são concentrados. Nessa fase, em virtude do maior esforço, é
recomendável que sejam feitos o monitoramento e o controle
de insumos e prazos. Na quarta e última fase, o esforço, por
requerer poucos recursos, passa a ser próximo de zero, visto
que o projeto já foi executado, restando apenas o encerramento.
Cada fase do projeto define a atividade a ser executada, bem
como os indivíduos envolvidos.
Normalmente, as fases dos projetos podem ser assim
explicadas:
• Fase da inspiração - Ocorre quando uma necessidade é
identificada e transformada em um problema estrutu­
rado. Nessa fase, após a definição da missão e do objetivo
do projeto, são elaborados os documentos iniciais. Em
seguida, é feita a análise de todas as estratégias possíveis,
dentre as quais são selecionadas as melhores.

• Fase do planejamento - Delineamento de tudo aquilo que


se pretende fazer com o projeto. Nessa etapa, são deta­
lhadas informações como cronograma, interdependência
das atividades, alocação dos recursos e receitas espera­
das. O u seja, no planejamento c feita a análise de custos,
tempo, qualidade, incertezas e riscos.

• Fase da execução - Consome a maior parte do orçamento


previsto, posto que é a responsável pelo consumo da
maioria dos recursos. Nessa fase, o planejam ento é
concretizado e são evidenciados os possíveis erros
cometidos até então.
• Fase de monitoramento e controle - Objetiva acompanhar
e controlar o que está sendo desenvolvido pelo projeto.
Nessa fase, é necessário prever quaisquer riscos, bem
como propor ações de prevenção. Caso algum a anor­
malidade seja detectada, devem-se propor correções.

• Fase do encerramento - Também conhecida como fase


do aprendizado, é nessa etapa que todos os documentos
relacionados ao projeto são analisados, discutindo-se
as falhas ocorridas para que não se repitam em novos
projetos. Em geral, nessa fase ocorre a auditoria interna
ou a externa (realizada por terceiros), dependendo do
tamanho do projeto.

Na prática, as fases do projeto, demonstradas no Gráfico


1.7, são realizadas de forma simultânea, isto é, não se espera a

Com a evolução da sociedade e o surgimento de novos hábitos de consumo, surgem novas


conclusão de uma para iniciar a outra - é um ciclo dinâmico,

necessidades e os produtos existentes necessitam de adaptação ou de substituição. Isso


com atividades bem definidas em cada fase.

Apesar de o ciclo de vida do projeto ter uma análise seme­


lhante à do ciclo de vida do produto, devemos estar atentos
para não nos confundirm os. Nas fases iniciais do projeto,

explica a existência de tempo de vida do produto no mercado.


é relevante conhecer as fases do ciclo de vida do produto, pois
nessa análise são verificados os aspectos relacionados â explo­
ração econômica do produto (p. ex.: verificação da importância
do produto para o cliente, como o tempo de vida’ do produto
no mercado).

Maximiano (2010) afirma que todos os produtos, assim como


as fábricas construídas (anteriormente projetos), também che­
gam ao fim. O autor complementa que o ciclo de vida do projeto
chega ao destino dado ao produto e, em seguida, ao terceiro
ciclo, o qual caracteriza a fase final do negócio. O bserve a
Figura 1.1, a seguir.
Figura.i.i - Etapas do negócio

f 1

Ciclo da vida
do projeto
Essa etapa trata
Ciclo da vida
do produto
Nessa etapa
é realizada a
fabricação,
i Descarte e
reciclagem
Nessa etapa ocorre o
descarte, a reciclagem
e o reaproveitamento
dos requisitos de de partes do projeto e
a construção e a
sustentabilidade de insumos utilizados na
operação do produto,
ambiental e produção (tanto do projeto
obedecendo
social definidos quanto do produto),
aos critérios de
no início do dentro dos critérios de
sustentabilidade
projeto. responsabilidade social
ambiental e
e ambiental.
social.

Fox t f : Maximiano, 2010. p. iH.

Na fase inicial do projeto apresentado no Gráfico 1.7, deve


ser levado em consideração o negócio como um todo, desde a
concepção inicial do projeto, passando pela utilidade do pro­
duto até o final do ciclo de vida deste.

O ciclo de vida do produto é uma análise dos aspectos relacionados


à exploração econômica. Já o ciclo de descarte e reciclagem expõe
os aspectos relacionados à proteção do ambiente e da sociedade.

1.2.2.2 Ciclo de vida do produto

Os produtos em geral, assim como os projetos, tendem a apre­


sentar um padrão de desenvolvimento, denominado ciclo de
vido do produto, cujo conhecimento é de grande utilidade para
realizar projeção da demanda de determinado produto.

Para Kotler e Keller (2006), esse ciclo compreende desde o


momento embrionário do produto até a fase final de sua explo­
ração econômica. Ele pode existir dentro de vários ambien­
tes competitivos, contudo nem sempre é interno, visto que o
ciclo pode depender de forças externas à empresa. Portanto,
entender o ciclo consiste em compreender os distintos estágios
pelos quais passa um produto em sua história de vendas.

O ciclo de vida de um produto é dividido em cinco está­


gios: introdução, crescimento, maturidade, saturação c declínio
(Woiler; Mathias, 2008).

Gráfico 1.8 - Estágios do ciclo de vida do produto

O ciclo de vida do produto, assim como o tempo de duração


de seus estágios, varia de produto para produto. Essa análise
permite mapear o mercado, indicando a posição dos produtos
ofertados, bem como possibilita realizar estimativas do posi­
cionamento de produtos concorrentes. Com isso, a empresa
pode conduzir o planejamento de tal modo que, quando um
produto atinge o estágio da maturidade, outros já estão sendo
desenvolvidos e introduzidos no mercado, a fim de compensar
as reduções nas vendas. Confira, a seguir, as características
de cada estágio:

• Introdução - As vendas são baixas, e o crescimento, lento.


O produto está sendo introduzido no mercado e, por não
ter fabricação em escala, apresenta altos custos de pro­
dução. Nessa fase, a empresa incorre, ainda, com altos
investimentos em tecnologia, propaganda, distribuição,
embalagem e design. A lucratividade é baixa ou então
inexistente. Considera-se a fase mais arriscada, pois mui­
tos produtos não são aceitos pelo mercado, o que os leva,
então, ao insucesso.

Crescimento - Os consumidores tomam conhecimento


da existência do produto, as vendas se elevam e, conse­
quentemente, os mercados se expandem, favorecendo
a produção em grande escala. Nessa fase, apesar de os
preços caírem em virtude do crescimento da produção,
a empresa recupera todos os investimentos e o lucro
aumenta. Porém, com isso, os concorrentes começam
a surgir, e a empresa deve investir em estratégias de
marketing para não perder mercado.

Maturidade e saturação - Ocorre desaceleração do cres­


cimento das vendas, o que leva os produtores menos
eficientes a saírem do mercado. Em virtude do aumento
da concorrência e dos crescentes gastos com propaganda,
os lucros estabilizam-se ou caem. Para reverter essa situa­
ção, são necessários altos investimentos em marketing a
fim de promover o uso mais frequente pelos consumido­
res, ou então descobrir novas utilidades para o produto.
No estágio da saturação, a tendência é a competição ficar
mais acirrada, e o produto passa a depender dos aspectos
econômicos gerais.

Declínio - Período cm que as vendas apresentam forte


queda e os lucros desaparecem. Nessa etapa, a empresa
e seus concorrentes começam a retirar o produto do mer­
cado e investem no lançamento de um novo produto.
A existência do declínio pode estar relacionada ao desa­
parecimento da necessidade pelo produto e ao surgi­
mento de novos produtos com maior eficiência ou subs­
titutos. O foco das atenções são os custos de produção.
Em geral, nesse estágio, as empresas transferem suas
instalações para regiões onde o custo de produção seja
inferior e intensificam os esforços cm marketing e plane­
jamento de produção.

A determinação do início c do fim dos estágios do ciclo do


produto não é uma tarefa fácil; é preciso estar atento ao mer­
cado e ao comportamento das vendas e do lucro. Nem todos
os produtos passam por todos os cidos/ pois podem morrer na
etapa introdução ou antes de alcançar a maturidade.

As fases do ciclo de vida podem ser relacionadas a fatores


como custos de produção e lucros advindos do produto. O Quadro
í.i relaciona o comportamento das vendas, os custos c os lucros
ao longo do ciclo de vida de um produto.

Quadro 1.1 - Ciclo de vida dos projetos e seus efeitos no


lucro

Ciclo de vida Vendas Custos Lucros

Crescimento Altos-em virtude do Inexistem ou


Introdução
lento. lançamento do produto. são negativos.
Crescimento Reduzidos - em função da
Crescimento Altos.
significativo. produção em escala.
Estabilização Altos - decorrentes de Manutenção
Maturidade
ou queda. investimentos em m arketing. ou declínio.
Estabilizados - em função
da diminuição da produção
Declínio Forte queda. em escala compensada pela Desaparecem.
redução investimentos em
m arketing.

FOKlfc: Adaptado de Corbari; Macedo, 2012, p. 191.

Para a gestão estratégica de custos, assim como para a contabi­


lidade gerencial, o efetivo custo de um produto compreende o
total dos gastos incorridos em todas as suas fases.

Wernke (2004) descreve que, para formação do custo do


produto, a contabilidade tradicional associa apenas os custos
referentes às fases que vão do planejamento até a sua produção.
No entanto, o "ciclo de vida real não termina quando o produto
é fabricado e sim quando o produto ou equipamento perde sua
utilidade ou se desgasta totalmente para a finalidade que o
consumidor o adquiriu" (Wernke, 2004, p. 75). Esse ciclo finda
quando o produto deixa de ter vida útil para o consumidor.

Entretanto, nessa perspectiva, o custo de um produto é bem


mais amplo do que o custo atribuído pela contabilidade tradicional.
Para Wernke (2004), o custo relacionado ao ciclo de vida dos
produtos refere-se à somatória de todos os gastos incorridos
desde a ideia inicial, passando por todos os estágios de desen­
volvimento do produto (distribuição, campanhas de marketing,
retirada do mercado e fornecimento de peças para manutenção
no período pós-retirada do produto do mercado).

Conforme os produtos forem substituídos mais rapidamente


pelo mercado e os investimentos efetuados para produzi-los
recuperados, a análise do custo no ciclo de vida do produto
adquire maior relevância. Quanto mais rápido for esse ciclo,
maior será o cuidado necessário no processo de elaboração de
estratégias de venda a fim de obter o retorno esperado (Corbari;
Macedo, 2012, p. 192).

1.2.2.3 Custos c receitas

Entre as diferentes etapas de um projeto, o orçamento


de custos e receitas pode ser considerado uma das mais impor­
tantes. Todos os elementos básicos referentes aos aspectos
financeiros do projeto são sintetizados para posterior avalia­
ção econômica do investimento.

O estudo de mercado tem como objetivo final um programa


de produção, o qual estima os preços das quantidades a serem
vendidas. Ao multiplicarmos os preços unitários pelas quan­
tidades vendidas, obtemos as receitas operacionais.

Já os custos dos projetos possuem duas origens: os investi­


mentos que constituem o estoque de capital e os custos ope­
racionais, relacionados aos CF e CV.
1.2.3 Aspectos financeiros

Os aspectos financeiros tratam, entre outras questões, das pos­


sibilidades de composição do capital a ser investido no projeto,
observando se a composição do capital da empresa se dará por
meio de financiamento ou capital próprio (ou ainda a compo­
sição dos dois, e qual a participação de cada um).

1.2.3.1 Investimentos

ü estudo de investimento do projeto objetiva estimar os recur­


sos de capital necessários para a sua realização. Com base
na estimativa de investimentos, estrutura-se o esquema de
financiamentos e, consequentemente, são avaliados os custos
de capital, rentabilidade etc.

Para tanto, analisam-sc as possibilidades de composição


do capital a ser investido no projeto, a fim de determ inar
as quantidades de capital próprio e de terceiros utilizados.
O capital de terceiro investido no projeto está positivamente
relacionado à remuneração que este representa para aquele.
Já o capital próprio está negativamente relacionado ao custo
de oportunidade de investimento no projeto.

Custo de oportunidade é um termo utilizado para indicar o


custo da renúncia a uma oportunidade, ou seja, é o que poderia
scr ganho no melhor uso alternativo dos recursos. Suponha
que o tomador de decisão tenha várias possibilidades de apli­
car o seu dinheiro, e a escolha de investir num projeto faz com
que ele deixe de lado as demais possibilidades, pois o recurso
é escasso e, portanto, as possibilidades são excludentes, o que
impede a participação de outras aplicações - o custo de opor-
tunidade é o dado pela renúncia da melhor alternativa que
ele abandonou. Dito de outra forma, ele representa o valor
da melhor alternativa não escolhida.

Há, ainda, o estudo de financiamento do projeto, o qual pro­


cura determinar a viabilidade e a otimização financeira do
investimento. Para tanto, essa análise levanta as possibilidades
de captação de poupança no ritmo e na quantidade adequados
para a realização dos investimentos, buscando indicar as possí­
veis fontes de recursos. Outro ponto considerado no estudo do
financiamento diz respeito à minimização dos custos de capital,
ou seja, à procura por um sistema financeiro que implique os
melhores resultados para o projeto.

Os recursos para financiamentos dos projetos podem advir


de fontes internas ou externas. As fontes internas são relacio­
nadas com as receitas de caixa geradas pela empresa além dos
lucros retidos, incluindo reservas de depreciação, vendas de
ações ordinárias ou preferenciais, entre outras. Já as fontes
externas são por aporte externo - a empresa, por cota (venda
de ações), obtém um novo sócio ou recebe recursos de bancos
privados ou estatais, empréstimos de bancos internacionais etc.

Na análise do capital de giro, é possível determinar a quanti­


dade monetária de caixa necessária para os pagamentos decor­
rentes das operações da empresa.

Outras técnicas relacionadas aos aspectos financeiros tam­


bém são consideradas, como as análises de grau de endivida­
mento, a evolução do capital e do patrimônio, os índices de
liquidez e a capacidade de pagamento dos empréstimos. Elas
referem-se à análise de projeção do projeto e normal mente
ocorrem quando a empresa já está em funcionamento.

1.2.4 Aspectos administrativos, jurídicos e legais,


ambientais e contábeis

Os aspectos administrativos estão relacionados à estrutura orga­


nizacional necessária para implantação c operação do projeto.
Na avaliação desse aspecto, é feita a análise do custo da estru­
tura, como os custos operacionais da empresa e de implantação
do projeto. Além disso, outro fator importante considerado é
referente ao treinamento de pessoal nos processos de implan­
tação e operação.
Na elaboração do projeto, também devem ser considerados
os aspectos jurídicos e legais. Os primeiros dizem respeito à
forma societária da empresa, considerando o tipo, os sócios e
a participação do capital de cada um no projeto. Os segundos
estão relacionados às exigências legais, aos impostos e às van­
tagens oferecidas pelo governo, chamadas de benefícios fiscais.
Tanto as exigências quanto os benefícios podem ser diferen­
tes de região para região. Esses aspectos estão relacionados à
importância do projeto para o desenvolvimento de determi­
nada região ou à importância do produto para a população.

No que se refere aos aspectos ambientais, deve ser feita uma


análise de custo-benefício, observando as externalidades posi­
tivas e negativas do projeto. Do ponto de vista positivo, devem
ser levados em consideração a geração de emprego, o desen­
volvimento da comunidade na qual o empreendimento está
instalado e o desenvolvimento educacional provocado pela
instalação do projeto. Do ponto de vista negativo, devem ser
considerados os aspectos relacionados à poluição do meio
ambiente, à periculosidade e à insalubridade às quais os habi­
tantes estão submetidos, ao excesso de ruído e à qualidade do
ar, da água etc.

Já os aspectos contábeis estão intimamente relacionados às


projeções do projeto e o cronograma financeiro. Também se
referem ao plano de contas e aos instrumentos de controle na
implantação, no desenvolvimento e após a operação do negócio.

Síntese
Projeto pode ser definido como o conjunto de informações
que a empresa coleta, processa e valida, a fim de analisar a
possibilidade de investimento. A análise de projeto leva em
consideração diversos aspectos relacionados aos ambientes
econômico, produtivo, financeiro, adm inistrativo, jurídico,
ambiental e contábil.
de captação de poupança no ritmo e na quantidade adequados
para a realização dos investimentos, buscando indicar as possí­
veis fontes de recursos. Outro ponto considerado no estudo do
financiamento diz respeito à minimização dos custos de capital,
ou seja, à procura por um sistema financeiro que implique os
melhores resultados para o projeto.

Os recursos para financiamentos dos projetos podem advir


de fontes internas ou externas. As fontes internas são relacio­
nadas com as receitas de caixa geradas pela empresa além dos
lucros retidos, incluindo reservas de depreciação, vendas de
ações ordinárias ou preferenciais, entre outras. Já as fontes
externas são por aporte externo - a empresa, por cota (venda
de ações), obtém um novo sócio ou recebe recursos de bancos
privados ou estatais, empréstimos de bancos internacionais etc.

Na análise do capital de giro, é possível determinar a quanti­


dade monetária de caixa necessária para os pagamentos decor­
rentes das operações da empresa.

Outras técnicas relacionadas aos aspectos financeiros tam­


bém são consideradas, como as análises de grau de endivida­
mento, a evolução do capital e do patrimônio, os índices de
liquidez e a capacidade de pagamento dos empréstimos. Elas
referem-se à análise de projeção do projeto e normal mente
ocorrem quando a empresa já está em funcionamento.

1.2.4 Aspectos administrativos, jurídicos e legais,


ambientais e contábeis

Os aspectos administrativos estão relacionados à estrutura orga­


nizacional necessária para implantação e operação do projeto.
Na avaliação desse aspecto, é feita a análise do custo da estru­
tura, como os custos operacionais da empresa e de implantação
do projeto. Além disso, outro fator importante considerado é
referente ao treinamento de pessoal nos processos de implan­
tação e operação.
Na elaboração do projeto, também devem ser considerados
os aspectos jurídicos e legais. Os primeiros dizem respeito à
forma societária da empresa, considerando o tipo, os sócios e
a participação do capital de cada um no projeto. Os segundos
estão relacionados às exigências legais, aos impostos e às van­
tagens oferecidas pelo governo, chamadas de benefícios fiscais.
Tanto as exigências quanto os benefícios podem ser diferen­
tes de região para região. Esses aspectos estão relacionados à
importância do projeto para o desenvolvimento de determi­
nada região ou à importância do produto para a população.

No que se refere aos aspectos ambientais, deve ser feita uma


análise de custo-benefício, observando as externalidades posi­
tivas e negativas do projeto. Do ponto de vista positivo, devem
ser levados em consideração a geração de emprego, o desen­
volvimento da comunidade na qual o empreendimento está
instalado e o desenvolvimento educacional provocado pela
instalação do projeto. Do ponto de vista negativo, devem ser
considerados os aspectos relacionados à poluição do meio
ambiente, à periculosidade e à insalubridade às quais os habi­
tantes estão submetidos, ao excesso de ruído e à qualidade do
ar, da água etc.

Já os aspectos contábeis estão intimamente relacionados às


projeções do projeto e o cronograma financeiro. Também se
referem ao plano de contas e aos instrumentos de controle na
implantação, no desenvolvimento e após a operação do negócio.

Síntese
Projeto pode ser definido como o conjunto de informações
que a empresa coleta, processa e valida, a fim de analisar a
possibilidade de investimento. A análise de projeto leva em
consideração diversos aspectos relacionados aos ambientes
econômico, produtivo, financeiro, adm inistrativo, jurídico,
ambiental e contábil.
O processo inicial da elaboração de projetos envolve pes­
quisas relacionadas à estrutura de mercado, à localização para
instalação do projeto, ao tamanho ideal do projeto decorrente
da escala de produção e da comercialização do produto, ao
modelo a ser adotado na produção e às fases do ciclo de vida
do projeto e do produto.

Hm suma, neste capítulo procuramos demonstrar a você


os fatores mínimos a serem considerados na análise de um
projeto de investimento.

Questões para revisão

í. Defina projeto.

2. Quais são os aspectos relevantes na análise de projetos?

3. Os fatores que influenciam a demanda são:

i. riqueza dos indivíduos.


11. preço dos bens substituto,
ui. facilidade de crédito,
iv. tecnologia.
Assinale a alternativa correta:
a) F.stão corretas apenas as alternativas 1 e 11.
b) Estão corretas apenas as alternativas 1,11 e ui.
c) Estão corretas apenas as alternativas 1 e iv.
d) Todas as alternativas estão corretas.

4. A respeito do ciclo de vida de um projeto, assinale (V) para


as proposições verdadeiras e (F) para as falsas:

( ) Fase da inspiração - São definidos a missão e


o objeto do projeto, elaborados os documentos
iniciais, analisadas todas as estratégias possíveis c
selecionadas as melhores dentre elas.
( ) Fase do planejamento - E detalhado tudo aquilo
que se pretende fazer, observando questões como
cronograma, interdependência das atividades,
alocação dos recursos, custos, receitas esperadas etc.
( ) Fase da execução - Concretização de tudo aquilo que
foi planejado. Caso algum erro tenha sido cometido,
é nessa fase que ele ficará evidente.
( ) Fase de monitoramento e controle - Em geral,
ocorrem as auditorias interna ou externa (realizada
por terceiros), dependendo do tamanho do projeto.
( ) Fase do encerramento - Tem por objetivo
acompanhar c controlar o que está sendo
desenvolvido pelo projeto, prevendo quaisquer riscos
e propondo ações de prevenção. Caso seja detectada
alguma anormalidade, devem-se propor correções.
Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência
correta:
a) V, V, V, F, F
b) V, F, V, V, F
c) F, V, V, F, F
d) V, V, F, F, V

Quanto ao ciclo de vida de um produto:

i. na fase da introdução, existe um crescimento lento


das vendas e os lucros são negativos ou inexistentes.
ii. na fase da maturidade, as vendas têm crescimento
significativo, os custos são altos e os lucros se mantêm.
ui. na fase do crescimento, as vendas se estabilizam c os
lucros declinam.
iv. na fase de declínio, ocorre forte queda nas vendas,
os custos se estabilizam e os lucros desaparecem.
É correto afirmar que:
a) apenas a afirmativa i está correta.
b) apenas as afirmativas n e m estão corretas.
c) apenas as afirmativas i e iv estão corretas.
d) nenhuma das alternativas anteriores está correta.
Questão para reflexão
Qual a importância do estudo da análise de projeto e do orça­
mento empresarial?

Saiba mais
Indicamos as obras a seguir para complementar seus estu­
dos. A primeira obra aborda o assunto custeio e precificação.
A segunda explora o pensamento econômico, apresentando
vários estudos de caso - c uma obra básica no estudo de eco­
nomia, pois aborda os aspectos microeconômicos e macroeco­
nômicos. A terceira aborda os aspectos referentes ao planeja­
mento, à elaboração e à análise de projetos, além de apresentar
uma variedade maior de técnicas de análise de projetos.

C o r b a r i , E. C.; M a c e d o , J. de J. Administração estratégica de


custos. Curitiba: Iesde, 2012.

M a n k iw , N. G. Princípios de microeconomia. São Paulo:


Cengage Learning, 2009.

W o ii .br , S.; M a t h ia s , W. F. Projetos: planejamento, elaboração


e análise. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
-Ç<W - 'Ja
H H i!

Conteúdos do capítulo:

• Análise de Fluxo de Caixa, Valor Presente e Valor Futuro.


• Decisão sobre aceitação ou rejeição de projeto de
investimento.
• Técnicas de avaliação de investimento.
• Cálculo da viabilidade econômica e financeira por meio
das técnicas Valor Presente Líquido (VPL), Taxa Interna de
Retorno (TIR) e Payback.

Após o estudo deste capítulo, você será capaz de:

1. construir Fluxo de Caixa com base na estimativa de


entradas e saídas de dinheiro;
2. identificar uma taxa de desconto adequada ao projeto de
investimento;
3. calcular a viabilidade econômica financeira do projeto;
4. decidir aceitar ou rejeitar o projeto e sua inclusão no
orçamento de capital, caso seja aceito.
)r mal mente, os órgãos financiadores do projeto estão
interessados em saber a viabilidade financeira do empreendi­
mento. Na perspectiva empresarial, o interesse dos executivos
é conhecer a viabilidade econômica do investimento.

A seguir, apresentamos algumas técnicas para facilitar essa


análise, a fim de ajudá-lo a compreender melhor o processo
decisório de aceitação ou rejeição do projeto de investimento.
O
2.1 Análise da viabilidade do projeto
de investimento
Para analisar a viabilidade do investimento, os executivos se
baseiam no Fluxo de Caixa e no custo de oportunidade. O pri­
meiro refere-se a uma série de pagamentos ou recebimentos
que juntos formam uma operação financeira. O segundo pode
ser entendido como o custo do dinheiro no tempo. Podemos
exem plificar esse caso da seguinte forma: im agine que o
dinheiro estivesse em uma aplicação financeira em vez de
estar em um projeto e, com isso, tivesse remuneração. Esse
benefício que ele deixa de receber, caso não esteja aplicado, é
o custo de oportunidade abandonada.

Existem duas vertentes metodológicas para avaliação de projetos:


uma está baseada no Fluxo de Caixa, que considera as entradas
e saídas de dinheiro; a outra se baseia na abordagem econômica
contábil e leva em conta os impactos econômicos apurados pelas
O c o n te ú d o re fe re n te às d e m o n stra ç õ e s c o n tá b e is é a p ro fu n d a d o no

demonstrações contábeis1.

Os métodos mais utilizados, com base em Fluxo de Caixa


dos projetos, são: Período de Payback simples, Período de
Payback descontado, Taxa interna de Retorno (T 1R) e Valor
Presente Líquido (VPL).

Como os critérios do Fluxo de Caixa consideram o valor


do dinheiro no tempo, analisamos, na Figura 2.1, o diagrama
de capital no tempo. O Fluxo de Caixa pode ser retratado por
uma linha que representa o intervalo de tempo, sendo que a
data zero indica a data atual e é o ponto referencial da linha;
C a p ít u lo 5.

as entradas e saídas de dinheiro são indicadas por setas - as


voltadas para baixo referem-se às saídas de dinheiro, já as
voltadas para cima, às entradas de dinheiro.
Figura 2.1 - Diagrama de capital no tempo

o
Li i i —► i= 2,5%a.m.
n
?
VP

A Figura 2.1 apresenta as variáveis analisadas em deter­


minado Fluxo de Caixa. Observe que o período o indica que
houve inicialmente uma saída de capital, visto que a seta está
voltada para baixo. Já nos períodos i, 2,4 e 6 houve entrada de
capital, pois as setas estão voltadas para cima. Também houve
saída de capital em 3 e 5. O "n" indica que o projeto pode ser
analisado até "n" períodos, representados pela linha de tempo,
horizontal. Ao final da linha do tempo, temos a taxa de juros
considerada para o projeto, representada por i - nesse caso,
2,5% ao mês.

Antes de prosseguir com a análise sobre as ferramentas


de avaliação do investimento, será necessário realizar uma
breve explicação acerca da determinação do Valor Presente
(VP) c Valor Futuro (VF) dos investimentos, conceitos úteis para
a compreensão do uso do ferramental.

2.1.1 Valor Presente (VP)

A Figura 2.1 foi útil para a demonstração das variáveis no Fluxo


de Caixa. Mas imagine que o empreendedor deseja comparar
a viabilidade de dois projetos distintos com base nas informa­
ções de todas as entradas e saídas do VP, considerando uma
determ inada taxa de juros para os projetos, representados
no exemplo como 2,5% ao mês. Para comparar dois projetos
distintos, o planejador deve trazer todas as entradas e saídas
para o presente c somar todos os desembolsos c recebimentos,
assim ele consegue identificar o VP do projeto como um todo.
Observe a equação (5), a seguir.
VF
(5) VP = I
(1 + i)n

A equação (5) pode ser representada por um Fluxo de Caixa


conforme a Figura 2.2 a seguir.

Figura 2.2 - Valor Presente de uma série de recebimentos

0 1 2 3 meses

A Figura 2.2 representa um esquema de Fluxo de Caixa


em que ocorrem três entradas (períodos de recebimentos).
Basicamente, o VP serve para trazer esses períodos em valor
presente, descontando a taxa de juros. Logo, é possível cal­
cular a equivalência de capital no momento zero. Observe os
exemplos a seguir.

Exemplo 1 - Suponha que um empresário tenha três opções


de investimentos, e que, em virtude de seus prazos serem dife­
rentes, o valor dos retornos também será. Para essa análise,
vamos supor que, na opção 1, o empresário receberia ao final
do primeiro mês a quantia de RS 198,00; na opção 2, ao final
do segundo mês, receberia RS 217,80; ou, na opção 3, ao final
do terceiro mês, o empresário receberia RS 234,50. Considere
que, com base nessas opções, o empresário queira saber qual
é o investimento mais atrativo. Suponha também que a taxa
mínima - denominada Taxa Mínima de Atratividade (TM A) - que
ele estaria disposto a receber seja de io% ao mês A TM A será
explorada mais adiante; no momento, consideremos apenas
que o retorno exigido pelo empresário é 10% a.m.

Resolução - Em termos de Fluxo de Caixa, temos as três


situações a seguir:
Figura 2.3 - Retorno em um período
a
R$ 198,00
A

-► i= io%a.m.

Figura 2.4 - Retorno em dois períodos

R$ 217,80
ii

i = 10 % a.m.

Figura 2.3 - Retorno em três períodos

Rs 234,50
n

-► i= 10 % a.m,

Substituindo as informações das figuras 2.3, 2.4 c 2.3 na


equação (5), temos o seguinte:
„ s
198 £ ï
.« ï
° p Çà ° l : v P, = — - = 16° « ri
<1+0,1)‘
l I
-C X

217,80 \ l
O p çã o 2 : 180 4 3
I S
!O. 1*3
£ .£
i£ Ê
234,50 1
o p ç ã o a w ,» — ^ = l8° i *-
î I

C £
y.
Com base nos valores encontrados, percebemos que, para â 2
II
hp.com/ctg/Ma nual/bpia^g.pd f>.

o empresário, seria indiferente qualquer um dos três investi­


mentos, visto que os diferentes retornos trazidos ao VP repre­
1 o
!1
sentam a mesma quantia. 23
c
P^
O cálculo apresentado pode ser facilmente resolvido com c c2
3
auxílio de uma calculadora financeira2, conforme roteiro a
8.|
seguir: 5r 523
Opção 1:198 [CHS] [FV] 10 [i] 1 [n] [PV] = 180 [f] [REG]

Opção 2 : 217,80 [CHS] [FV] 10 [i] 2 [n] [PV] = 180 [f] [REG]

Opção 3 : 239,50 [CHS] [FV] 10 [i] 3 [n] [PV] = 180

Observe que os valores são os mesmos que os encontrados


pela aplicação da equação (5).

2.1.2 Valor Futuro (VF)

O VF, de modo semelhante ao VP, busca identificar o valor


futuro de um fluxo de entradas e saídas ocorrido no presente.
Apesar da existência de variadas fórmulas financeiras na reso­
lução de Fluxo de Caixa envolvendo juros compostos, a fórmula
mais usual é dada pela equação (6) a seguir:

(6) VF = VP (1 + i)n

Exemplo 2 - Suponha que um poupador deseja saber quanto


poderá sacar após nove meses de aplicação financeira a uma
taxa de juros de o,6% ao mês. Considere que, inicialmente, ele
deposite R$ 300,00 e, nos próximos três meses, RS 220,00. No
entanto, no quarto mês, o poupador precisaria sacar RS 83,00.
Imagine que ele fique mais dois meses sem m ovimentar a
conta e que somente no sétimo mês ele depositaria R$350,00.
Considerando a incidência de 0,38% devido ao Imposto sobre
Operações Financeiras (IOF) sobre todo o valor sacado, ao final
do nono mês, ele sacaria todo o dinheiro depositado.

Resolução-Inicialmente, para facilitara análise, representa­


remos a aplicação financeira em Fluxo dc Caixa. Ao desenhar
o fluxo, devemos considerar a incidência do IOF em 0,38% nos
saques realizados.
Figura 2.6 - Análise do Valor Futuro de uma série de
depósitos e saques

83,00 VF

Substituindo os valores apresentados na Figura 2.6 na equa­


ção (6), temos o seguinte:

VF1 = 300(1,006)9 + 220(1,0Ü6)S + 220(1,006)7 + 220(1,006/’ +


220(1,006)5 + 300(1,006)2
VF 1 = 316,59 + 230,78 + 229,40 + 228,03 + 85,52 + 354,21 = 1273,51

Esse cálculo também pode ser facilmente resolvido com


auxílio de uma calculadora financeira. Veja o roteiro a seguir:

300 [g] [CF0] 220 [g] [CFj] 3 [g] [N,] 83 [CHS] [g] [CFj] 0 [g] [CFjl
2 [g] [Nj] 350 [g] [CFj] 0,6 li] [f] INPV] = 1206,76 ]CHSJ [PV] 9
[n] [FV] = 1.273,51

Perceba que os valores são os mesmos que aqueles encon­


trados pela aplicação da equação (6).

Feitas as considerações sobre Fluxo de Caixa e determina­


ção de VP e VF, podemos continuar o processo de avaliação
de projeto de investimentos.

2.2 Investimento
Investimento é toda e qualquer ação que visa auferir determi­
nada rentabilidade. Cam argo (2007, p. 23 ) expõe que investi­
mento consiste no "comprometimento atual do dinheiro ou de
outros recursos" objetivando a obtenção de maiores benefícios.
Recomenda-se que, para iniciar o processo de elaboração
e análise de projetos de investimentos de capital, devem ser
seguidas as seguintes etapas:

í. Construção do Fluxo de Caixa pela estimativa de entra­


das e saídas de dinheiro.

2. Escolha da taxa de desconto mais adequada.

3. Cálculo da viabilidade económico-financeira, por meio


das técnicas de análise.

4. Decisão de aceitar ou rejeitar o projeto e a sua inclusão


no orçamento de capital da empresa, caso seja aceito.

A construção do Fluxo de Caixa pela estimativa de entrada e


saída de dinheiro já foi vista na Seção 2.1 deste capítulo. Agora,
para darmos continuidade ao cálculo da viabilidade econó­
mico-financeira, será necessário aprofundar o conceito de TMA.
A inclusão do projeto no orçamento de capital da empresa, caso
ele seja aceito, será abordada no Capítulo 3 .

2.2.1 Decisão sobre projeto de investimentos

Quando temos várias alternativas de investimentos, é necessá­


rio compará-las e selecionar a mais conveniente. Costumamos
ordená-las conforme a rentabilidade, em ordem decrescente,
visto que os projetos de investimentos são comparados uns
com os outros e somente os de maior retorno são selecionados
para implantação. O processo de aceitação ou rejeição de um
projeto se dá de forma isolada, ou seja, é comparado apenas
com os parâmetros de atratividade desejados.

2.2.2 Taxa mínima de atratividade (TMA)

Após a seleção do projeto, comparamos os prováveis dividen­


dos proporcionados pelo investimento a outros investimentos
disponíveis. Ao analisar uma proposta de investimento, o pro­
jetista deve levar em consideração as perdas decorrentes da
oportunidade de auferir retornos da aplicação do capital em
a
outros projetos. A taxa de juros auferida no novo projeto deve
ser no mínimo a taxa de juros equivalente à rentabilidade das
aplicações correntes, seguras e de baixo risco3. Essa é, portanto,
a taxa mínima de atratividade (TMA).

Depois de escolhida a TM A desejada, o em preendedor


poderá avaliar a viabilidade económico-financeira do projeto
por meio da aplicação de técnicas de avaliação do investimento.

2.3 Técnica de avaliação de investimento


Financeiramente, qualquer investimento pode ser analisado
cm função do lucro ou do prejuízo econômico que produz, da
taxa percentual de retorno que proporciona ou do tempo que
leva para retornar o investimento inicialmente despendido. Na
teoria económico-financeira, existe uma diversidade de técni­
cas de análise de investimento, em que cada uma é responsável
por informar o gestor sobre determinado aspecto do projeto.

Obviamente, o empreendedor pode utilizar outra TMA que não a da poupança, o que
varia com o grau de aversão ao risco. Por exemplo: se ele for do tipo que assume risco
No caso do Brasil, a única aplicação de baixo risco segura è a caderneta de poupança.
2.3.1 Valor Presente Líquido (VPL) e Valor Presente
Liquido anualizado (VPLa)

Unindo os conceitos de V P com o de TMA, é possível desen­


volver outro, denominado Valor Presente Líquido (VPL). Esse
conceito é um dos mais utilizados na análise de investimen­
tos. Sua aplicação consiste em concentrar na data zero o VP
(agressivo), espera-se que a TM A seja maior.

de todos os fluxos de caixa do investimento descontados pela


TMA, evidenciando assim o lucro econômico do projeto. Nesse
sentido, o VPL pode ser representado na seguinte forma:

VPL = - investimento inicial + 1 (valor atual dos fluxos


esperados de benefícios)

OU
(7 ) VPL = - CF. + Z _CFL
(1+i)1

Na equação (7), o desembolso inicial (CF0) é acompanhado


por um sinal negativo (-), pois representa uma saída de capi­
tal, além de estar isolado de CFj por não carregar taxa de
juros, em virtude de estar no período zero. Por outro lado,
a somatória representa Fluxo de Caixa esperado como retorno
do investimento (CFj), descontado período a período até o
período zero na linha de tempo.

Dessa forma, o montante encontrado no cálculo do VPL


indica o valor cm reais ou os ganhos adicionais ao rendimento
propiciado pela TM A.

Caso o VPL encontrado esteja acompanhado por um sinal nega­


tivo, significa que o projeto deve ser rejeitado, pois não atinge
sequer a TM A - o valor negativo representa o montante neces­
sário para alcançar pelo menos a TM A desejada.

Portanto, para a tomada de decisão com base no VPL,


o planejador deve considerar adotar o seguinte critério:

: Para aceitar ou rejeitar: j

• VPL > 0 = projeto continua sendo analisado.

• VPL < 0 = projeto rejeitado. j

Caso o planejador esteja comparando a viabilidade de mais


de um projeto, a classificação obedece ao critério de, quanto
maior o VPL, melhor. Para uma melhor compreensão da uti­
lização dessa técnica, acompanhe o exemplo a seguir.

Exemplo 3 - Vamos supor que o gestor financeiro de uma


em presa esteja analisando um investim ento que requer
desem bolso inicial de R$ 30.000,00. Ele espera entradas de
caixa de R$ 5.000,00 ao fim do primeiro ano, R$ 8.000,00 ao
fim do segundo e do terceiro ano, R$ 10.000,00 ao fim do quarto
ano, R$ 7.000,00 ao fim do quinto e RS 6.000,00 ao fim do sexto
ano. Consideremos ainda que ele teria a opção de aplicar os
R$ 30.000,00 em outro investimento que lhe garantisse um
retorno de 10% ao ano, portanto, a TM A do investimento ana­
lisado é de 10% a.a.

Para facilitar a compreensão, representamos esse investi­


mento por meio da linha do tempo.

Figura 2.7 - Análise do VPL - Fluxo de caixa

5.000 8.000 8.000 10.000 7.000 6 .0 0 0


u a li li n n

0 1 2
— --------- ►
3 4 5 6 i = 10 % a.a.
U
30.000

Substituindo os valores apresentados na Figura 2.7 na equa­


ção (7), temos o seguinte:

VPL - -30.000 + +■ + +
1 01
( + , )' 1 0 1)2 (1 + 0,1)'
( + , 1 0 1)4
( + ,
7000 + 6000 = 1.730,97
(1 + 0,1)5 (1 + 0,1)0

Como vimos anteriormente, o valor positivo do VPL indica


que o projeto de investimento pode continuar sendo avaliado.
Caso o valor fosse negativo, o projeto deveria ser rejeitado.

Esse cálculo pode ser facilmente resolvido com auxílio de


uma calculadora financeira. Observe:

30000 [CHSJ IgJ [CFO] 5000 [gj [CFjJ 8000 [g] [CFjJ 2 [gj [NjJ 10000
[g] [CFj] 7000 [g] [CFj] 6000 [g] [CFj] 10 [ij [f] [NPV] = 1.730,97
O projeto analisado apresenta um VPL de R$ 1.730 ,97,
o que significa que, além de recuperar o investimento inicial de
R$ 30 .000 ,00 , remunera o investimento em 10% e ainda gera
R$ 1.730,97 a mais que a taxa requerida (TMA).

O VPL representa o valor monetário para toda a vida do


projeto, isto é, o saldo final do projeto. Essa técnica não está
preocupada em demonstrar os ganhos do projeto de investi­
mento período a período. Para isso, utilizam os a técnica do
Valor Presente Líquido anualizado (VPLa).

A fim de facilitar a comparação com outros indicadores de


lucro empresarial, o VPLa transforma o VPL pela contabili­
zação por ano ou período. Assim, em vez de mostrar o lucro
total obtido com o investimento na data zero, o VPLa indica
o quanto se pode ganhar, em média, por períodos.

A técnica do VPLa utiliza fórmulas de juros compostos, com


base nos conceitos de VP e VF e do valor de prestações ou
pagamentos uniformes. Nesse sentido, algebricamente temos:

(8) VPLa = VPL. <1+l)"-1


(1 + i)"- 1

De forma semelhante ao VPL, o VPLa permite a tomada de


decisão por meio das seguintes regras:

: Para aceitar ou rejeitar projeto:

; VPLa > 0 = projeto continua sendo analisado.

• VPLa < 0 = projeto rejeitado.

: Para classificar o projeto, quanto maior o VPLa, mais \

: atrativo o projeto.

Exemplo 4 - Retomando os dados do exemplo 3, vamos supor


que o investidor iniciou a análise do projeto de investimento,
no qual aplicaria inicialmente a quantia de R$ 30.000,00, c teria
seis entradas mensais de valores diferentes em seu Fluxo de
Caixa. Por meio dos valores do Fluxo de Caixa, ele aplicou a
técnica do VPL e descobriu que o investimento cobriria a TM A
e ainda resultaria em um excedente no valor de R$ 1.730,97.
Suponha agora que o empreendedor deseje saber, visto que os
retornos são mensais e de valores não uniformes (diferentes),
qual o valor médio mensal, considerando que as entradas do
Fluxo de Caixa podem ser reaplicadas à taxa de 10% ao ano.

Para transformar o VPL em VPLa, a fim de uniform izar os


valores das entradas e adicionar a estas os juros compostos,
consideremos o VPL encontrado no exemplo 3 e substituímos
os valores apresentados neste exemplo na equação (8). Temos,
então, o seguinte:

VPLa = 1730,97 (I + OTO)1’ ■ 0,10 = 39744


(1 + 0, 10)6- 1

Esse resultado do VPLa indica que os valores uniformizados


do investimento proposto resultariam para o empreendedor a
quantia média mensal de R$ 397,44.

2.3.2 Taxa Interna de Retorno (TIR)

Como vimos anteriormente, se o VPL de determinado projeto


de investimento for positivo, ele continua sendo analisado,
visto que as estim ativas do Fluxo de Caixa indicam que o
investimento será recuperado, além de ser remunerado com
TMA, gerando lucro extra igual ao VPL, na data zero.

A Taxa Interna de Retorno (TIR) é uma técnica de avaliação de


projeto de investimento que corresponde à taxa de desconto
que iguala o VP das entradas de caixa ao investimento inicial
do projeto. A técnica consiste na identificação da taxa com base
em dado fluxo do projeto. Como regra de aceitação, o projeto
será aceito se a TIR encontrada for superior à TM A.
A determinação da TIR, via de regra, consiste em encontrar
a raiz de uma equação de grau maior que dois. Por esse motivo,
a determinação da TIR se torna muito trabalhosa e custosa. Na
prática, esse cálculo ocorre por aproximações sucessivas, visto
que estipula um intervalo de VPL negativo e outro positivo,
fazendo sucessivas aproximações lineares, até que se obtenha
a TIR aproximada.

Sabemos que os aumentos da TM A reduzem o VPL; com


isso, se ocorrerem pequenos ajustes (aumentos) dessa taxa, che­
gará um momento em que o VPL será zero. Da mesma forma,
é possível ajustar a TIR até chegar ao momento em que a soma
da equação (9), a seguir, será zero - esse ponto representa a
TIR do investimento.

A equação para o cálculo é a seguinte:

Lm que,

TIR = Taxa Interna de Retorno

CF = Fluxo de Caixa

n = Período do movimento no Fluxo de Caixa

A análise da TIR permite a tomada de decisão por meio das


seguintes regras:

TIR = TM A = o retorno do investimento é igual à TMA, logo, para


o empresário é indiferente investir ou não.

TIR > TIR = projeto continua sendo analisado ou é aceito.

TIR < TM A = projeto rejeitado.

Para classificar o projeto, quanto maior a TIR, melhor.


Exemplo 5 - Considere os dados apresentados no exemplo 3.
Sabemos que a TIR desse projeto é superior a 10%, pois, com
a TM A nesse percentual, o VPL resultou em valor positivo
(R$ 1.730,97). Você deve lembrar que a TIR é um percentual que
zera o VPL, portanto, para prosseguir a análise, vamos supor
uma TIR de 15% e refazer os cálculos.

Substituindo os valores do Fluxo de Caixa do exemplo 3 na


equação (7), temos o seguinte:

T I R - - 30 .0 0 0 + ? ° Q0 + 8000 + 8000 + 10000 +


(1 + 0,15)’ (i + o,i5)2 (i+o,i5)> (1 + o,i5)4
7.000 6.000 _
— ------ + --------- ,= - 2 .551,16
(i + 0,15)5 (1 + o,i5)6

Para calcular manualmente a TIR, será necessário considerar


os valores por aproximação. E, para isso, devemos encontrar
um intervalo de VPL que seja negativo e outro, positivo.

O cálculo com a TIR cm 15% apresentou um VPL negativo


de R$ 2.551,16, portanto já definimos o intervalo positivo (dado
anteriormente) e o negativo. Com os valores calculados para
TIR em 10% e 15%, sabemos que a TIR correta está entre essa
faixa de percentual, porém aproximando-se mais da taxa de
10%, visto que o valor desta é mais próximo de zero. Portanto,
continuaremos a análise para TIR igual a 12%. O valor do VPL
ainda é negativo, porém, em R$ 96,96, o que significa que a TIR
é um valor bem próximo de 12%. Caso você deseje chegar mais
próximo do valor exato, poderá repetir o cálculo até aproximar
o VPL de zero. Observe a Tabela 2.1:

Tabela 2.1 - Cálculo da TIR para o projeto

TIR VPL

10% Rs 1730,97
11% Rs 796,32
12% Rs 96,96
(continua)
(Tabela 2.1 - conclusão)

TIR VPL

13% - RS 951,22

14% - R$ 1.768,62

15% - R$ 2.551,16

Com base nos dados encontrados, é possível identificar a


viabilidade do projeto, pois a TM A exigida pelo empresário
resulta em valor maior que 10%.

O comportamento do VPL construído com base nas taxas


de juros, demonstrado na Tabela 2.1, é representado de forma
mais clara no Gráfico 2.1.

Gráfico 2.1 - Análise da relação entre Taxa Interna de


Retorno e Valor Presente Líquido

Após demonstrar a técnica exaustiva de encontrar a TIR pelo


método de aproximação (cálculo manual), apresentaremos
agora a fórmula para encontrar a TIR com o auxílio de uma
calculadora financeira.

Na Figura 2.8, percebemos, inicialmente, a saída de caixa


para a efetivação do investimento e, na sequência, as entradas
no Fluxo de Caixa, conforme demonstrado a seguir:
Figura 2.8 - Análise da Taxa Interna de Retorno - Fluxo
de Caixa

5.000 8.000 8.000 10.000 7-000 6.000


4 4 4 4

i =?

30.000

30.000 [CHS] [g] [CFO] 5.000 [g] [CFj] 8.000 [g] [CFj] 8.000 [g] [CFj]
10.000 [g] [CFj] 7.000 [g] [CFj] 6.000 [g] [CFj] [f] [IRR] = 11,89 %

Uma TIR maior que 11,89% indica que há m ais ganhos


investindo-se no projeto do que na TMA; portanto, quanto
maior o seu resultado, melhor o retorno para a empresa. Caso
o projeto apresente TIR menor que a TM A, é preferível aplicar
nessa segunda alternativa e rejeitar o projeto analisado. Dito
de outra forma, a TM A pode aumentar em até 11,89% quando
para o investidor for indiferente investir em um ou em outro
projeto cuja TIR seja de 11,89%.

A TIR é a taxa que torna o VPL igual a zero. Em um mesmo Fluxo


de Caixa, as taxas de desconto menores que a TIR produzem
VPL positivo; já as maiores que a TIR tornam o VPL negativo.

2.3.2.1 Vantagens da Taxa Interna de Retorno ( TIR)

A vantagem da TIR em relação ao VPL expressa os resultados em


termos de taxas percentuais, cujos significados são mais facil­
mente assimilados do que o VPL expresso em termos monetá­
rios. Em relação à necessidade de comparação do resultado com
a TMA, o cálculo da TIR não depende do conhecimento daquela,
o que pode ser considerado como vantagem em certas situações.
2.3.3 P erío d o d e Payback sim p le s (PPs)

O Período de P a y b a c k simples (PPs) é o tempo de retorno de um


investimento, ou seja, o tempo que o investimento inicialmente
despendido leva para ser recuperado. Esse cálculo pode ser feito
pela análise de seus valores originais ao longo do tempo ou por
seus valores descontados.

Para encontrar o Payback, é preciso somar os valores dos


Fluxos de Caixa positivos até que estes atinjam o valor total
dos fluxos negativos, resultando assim numa diferença nula.
Quando a série for mista, com diferentes entradas ao longo do
tempo, estas são somadas até se atingir o valor mais próximo
do investimento inicial. Caso falte algum valor para recuperar o
investimento feito, a fração do próximo período é encontrada ao
se dividir o que falta de retorno pelo valor da próxima entrada.
Veja a representação desse processo na equação (10):

PPs séries mistas = n. de períodos inteiros +


(10) quanto falta para retornar o investimento
valor da próxima entrada

Para fluxos de caixa constantes, o cálculo pode ser simplificado,


visto que, para encontrar o PPs, basta dividir o valor do investi­
mento inicial pelo valor da entrada. Nesse caso, a utilização de
qualquer uma das duas fórmulas deve levar ao mesmo resultado.

investimento inicial
(11) PPs anuidade = ------:— --------- -—
valor da entrada

Para aceitar ou rejeitar projeto,

Payback < tempo m áxim o aceitável = projeto continua sendo


analisado

Payback > tempo máximo aceitável = projeto rejeitado

Para classificar o projeto, quanto menor o Payback, melhor.


Exemplo 6 - Suponha que um investidor está analisando o
projeto de um investimento e que o tempo de recuperação do
capital seja fator relevante na sua decisão. Portanto, o investi­
dor quer saber em quanto tempo vai reaver o capital investido.
Para essa análise, utilizaremos os mesmos dados do exemplo 3,
porém o Fluxo de Caixa analisado será mensal.

Tabela 2.2 - Aplicação da técnica Payback série mista

Meses Capitais (Rs) Saldo do projeto (R$)


0 (30.000,00) (30.000,00)
1 5.000,00 (25.000)
2 8.000,00 (17.000)
3 8.000,00 (9.000)
4 10.000,00 1.000,00
5 7.000,00 8.000,00
6 6.000,00 14.000,00

Como você pode observar na Tabela 2.2, o Payback está entre


três c quatro meses, o que significa que cm quatro meses o
investidor recuperará o capital aplicado.

Exemplo 7 - Suponha agora que um investidor está anali­


sando o Fluxo de Caixa de um projeto de investimento e só
aceitará fazer parte deste se o seu capital for recuperado em
três anos.

Tabela 2.3 - Aplicação da técnica de Payback série mista

Ano Capitais (R$) Saldo do projeto (R$)


0 (15.0 0 0 ,0 0 ) (15.000,00)
i 2 .500,00 (12.500,00)
2 3 5 0 0 ,0 0 (9.000,00)
3 4250,00 (4.750,00)
4 5 0 0 0 ,0 0 250,00
5 5800,00 6.050,00

250
PB = 3 + = 3 + 0,05 = 3,05 anos ou 3 anos e 15 dias
5000
Observe que o projeto analisado neste exemplo tem a pos­
sibilidade de ser rejeitado, pois o tempo de retorno do capital
investido será de três anos e quinze dias. Portanto, o período
de recuperação do capital é maior do que a expectativa do
investidor.

2.3.4 Período de Payback descontado (PPd)

O Período de Payback descontado (PPd) refere-se ao número


de períodos necessários para que se recupere o investimento
inicial, sendo que os fluxos são descontados pela I MA. Assim,
o Payback só é atingido quando o VP dos fluxos positivos se
igualarem ao VP dos fluxos negativos. Isso elimina a desvan­
tagem do método anterior (PPs) de não considerar o valor do
dinheiro no tempo (custo de oportunidade).

Primeira mente, o PPd é encontrado calculando-se o VP dos


fluxos de caixa, conforme a equação (5).

Exemplo 8 - Retomando os dados do exemplo 3, suponha que


o empresário queira saber o período necessário para recupe­
ração do investimento inicial, descontado pela I MA. Para faci­
litar a análise, reconstruiremos o Fluxo de Caixa (Figura 2.8).
Considerando a mesma taxa de desconto de 10%, c possível
verificar em quantos meses o capital investido será recuperado.

Figura 2.9 - PPd - Fluxo de Caixa série mista

5.000 8.000 8.000 10.000 7000i

i=io%a.m.

30.000

Com base na equação (5), calculamos o VP (Tabela 2.4) e


acumulamos os retornos mensais até recuperar o capital inves­
tido, descontando a TMA.
Tabela 2.4 - Valor Presente acumulado

VP dos fluxos mensais (R$) Retorno acumulado (R$)

.#n 5000
VPi = „ = 4 .545,45 4 -545/45
(1,10)’

8.000
Vp2 = — -=6.611,57 4 -545,45 + 6 .611,57 = 11.157,02
(1.10)1

8.000 , 11.157,02 + 6.010,51 = 17.167,53


VP3 - , - 6.010,51
(1,10)'

. 10.000 ^ _
VP4 = M =6.830,13 17.167,53 + 6.830,13 = 23.997.66
(1,1o)4

%if> 7.000 23 -997,66 + 4 -346,44 =


VP5= -— - = 4.346,44 28.344,10
(1,10)S

6.000
VP6 = = 3.386,84 28 -344,10 + 3 3 8 6 ,8 4 = 31730,94
(1,1o)6

A análise do PPd nesse projeto permite concluir que o inves­


timento é recuperado depois do quinto mês. Utilizando a equa­
ção apresentada no PPs, chegamos ao período exato de

1.655,90
PPd = 5 + --------- = 5 meses e 15 d ias
3 .386,84

Por meio das análises de Payback realizadas, é possível con­


cluir que o projeto se mostra arriscado, visto que recupera
o investimento inicial somente ao final de seu horizonte de
planejamento. Quanto mais distante do início se projetam os
fluxos, maior é a sua exposição a fatores externos que podem
fazer os resultados variarem.
Apesar da relevância dos métodos de avaliação de rentabilidade
na decisão do investimentos, cies normalmente são negligencia­
dos por boa parte das pequenas e médias empresas, o que se deve
à ausência desses métodos nos currículos dos cursos superiores.
Aliado a isso, há o fato de a grande maioria dos gestores das
empresas de pequeno e médio portes os desconhecerem ou então
abusarem da intuição e da experiência nas tomadas de decisão.

Síntese
Como você pôde observar neste capítulo, ao analisar um projeto
de investimento, o uso das técnicas apresentadas (Valor Presente
Líquido, Fluxo de Caixa, Payback etc.) é altamente recomendado,
visto que elas consideram o custo de oportunidade do dinheiro
ao longo do tempo, descontado pela TMA. Recomendamos tam­
bém a aplicação conjunta das técnicas discutidas; dessa forma,
o projeto poderá ser visualizado sob três perspectivas, pois elas
mostram: i) o período necessário para que o investidor recupere
o capital investido; 2) a taxa de remuneração do investimento;
e 3) o montante monetário que o investidor terá ao final do
projeto.

Obviamente, as técnicas de análise de investimento não se


resumem às apresentadas neste capítulo. No entanto, aborda­
mos as mais utilizadas na decisão de projetos empresariais.

Questões para revisão

1. Explique e exemplifique custo de oportunidade.

2. Explique o que você entende por investimento e qual é a sua


relação com os desembolsos de caixa da organização.3

3. Suponha que lhe solicitaram a análise da viabilidade de


um investimento em que o empresário poderia utilizar o
recurso a ser investido na aquisição de títulos do Tesouro
Nacional com rentabilidade anual de 8,5 %.

i. Após aplicar a técnica da TIR, você descobre um


retorno de 8,7 %, portanto o empresário deveria
rejeitar o projeto.
ii. A TIR calculada foi 8 7 %, ou seja, o mesmo valor da TMA.
ui. Para o empresário aceitar investir nesse novo projeto,
a rentabilidade deveria ser no mínimo igual à TM A.
iv. A taxa de reversão de investimento no projeto é de 8,4%.
É correto afirmar que:
a) apenas as afirmativas i e n estão corretas.
b) apenas as afirmativas n e iv estão corretas.
c) todas as afirmativas estão corretas.
d) nenhuma das alternativas anteriores está correta.

4. Para tomada de decisão com base no Valor Presente Líquido


(VPL), julgue as afirmativas:

I. VPL maior que zero significa que o projeto continua


sendo analisado.
II. VPL menor que zero significa que o projeto é rejeitado,
ui. VPL maior que zero significa que o projeto é rejeitado,
iv. VPL menor que zero significa que o projeto continha
sendo analisado.
É correto afirmar que:
a) apenas a afirmativa 1 está correta.
b) apenas a afirmativa 111 está correta.
c) apenas as afirmativas 1 e 11 estão corretas.
d) apenas as afirmativas ui c iv estão corretas.

5. Em relação ao Pai/back, assinale (V) para as proposições ver­


dadeiras e (F) para as falsas.

( ) Representa a taxa de retorno do projeto de


investimento.
( ) Indica o tempo máximo de retorno do investimento.
o ( ) Se o ciclo do projeto for de 8 anos e o Payback
encontrado for de 7 anos, seguramente o projeto é um
bom investimento, pois recupera o capital dentro do
ciclo do projeto.
( ) Para classificar os projetos, quanto menor o período
do Payback, melhor.
A sequência correta é:
a) V, V, F, V
b) V, F, F, V
c) F, V, F, V
d) V ,F ,V ,F

Questão para a reflexão


Quais as principais técnicas utilizadas na análise de viabi­
lidade econômica de investimentos?

Saiba mais
Indicamos os seguintes textos complementares a fim de aprimorar
seus estudos. Com isso, você terá mais conhecimento sobre aná­
lise de investimento, além de uma noção acerca das ferramentas
de gestão de projetos.

B o d ie , Z.; K a \ ’ e , A.; M arcu s, A. J. Fundamentos


de investimentos. Porto Alegre: Bookman, 2000.

K a s s a i , J. R. el al. Retorno de investimento: abordagens mate­


mática e contábil do lucro empresarial. 3. ed. rev. e ampl. São
Paulo: Atlas, 2005.

K erzn er, A. Gestão de projetos: as melhores práticas. 2. ed.


Porto Alegre: Bookman, 2006.

M e r e d it h , j. R.; M en tel J u n io r , S. J. Project Management:


a Managerial Approach. 7. ed. N ew York: John Wiley & Sons,
2009.
Alguns trechos deste capítulo foram extraídos e adaptados de Corbari e
Conteúdos do capítulo:

• Conceito de orçamento empresarial.

• Objetivos do orçamento empresarial.


• Etapas do processo orçamentário.

Após o estudo deste capítulo, você será capaz de:

1. compreender o papel do orçamento empresarial;

2. conhecer quais são os objetivos do orçamento


empresarial e sua importância para a gestão estratégica
das empresas;
3. entender as etapas que compõem o orçamento, em
especial a etapa financeira.
\^/rçam ento empresarial é um instrumento de programação
que relaciona os fluxos de ingressos dos recursos à sua apli­
cação nas atividades organizacionais, a fim de estabelecer um
plano de ação futuro, orçando as receitas que serão obtidas e
as despesas que incidirão na sua execução.

Neste capítulo, você aprofundará seus conhecimentos acerca


do conceito de orçamento e compreenderá seus objetivos, além
de compreender como ele é estruturado.
3-i Orçamento empresarial
Embora o conceito de orçamento seja com frequência associado
a empresas, ele pode ser perfeitamente aplicado a sua vida
pessoal. Você provavelmente tem metas e, para atingi-las, é
necessário planejar as despesas futuras, considerando uma
receita que irá obter. Quando você coloca no papel a estimativa
de receitas e despesas com aluguel, alimentação, transporte,
cursos, roupas, viagens, entretenimentos, entre outras, a fim
de orientar suas ações ao longo do ano, você está realizando
um plano orçamentário.

Da mesma forma, as empresas, ao estabelecerem os pro­


dutos que serão fabricados no próxim o ano, o nível de pro­
dução e venda, os preços que irão praticar no mercado, bem
com o os gastos necessários para v ia b iliza r o em preendi­
mento, estão estabelecendo planos e, consequentemente, um
orçamento.

Nessa perspectiva, Warren, Reeve e Fess (2008) expõem que


um orçamento traça um curso para uma empresa, delineando
seus planos, em termos financeiros. Para Sousa Junior et al.
(2006), orçamento empresarial é o processo pelo qual, por meio
da estimação de receitas e despesas, as empresas viabilizam
as decisões e estratégias advindas do planejamento.

Padoveze (2012) complementa ao afirmar que o orçamento


deve agregar um conjunto de objetivos empresariais, a fim de
mapear o plano de controle de resultados. Para Atkinson et al.
(2000), o orçamento da organização é construído considerando
as metas de cada subunidade, os recursos financeiros neces­
sários para o desenvolvimento das atividades de cada área e
o cumprimento dos objetivos de curto prazo.
Em síntese, o que é um orçamento?

É uma extensão do planejamento, pois, enquanto este


explica a natureza das ações e seus objetivos, o orçamento
os traduz em metas e esforço financeiros, ou seja, em valores
monetários. Geralmente, o orçamento é um plano financeiro
elaborado para auxiliar determ inado exercício financeiro,
podendo ser consultado mensalmente para fins de acompa­
nhamento e controle.

3.2 Objetivo do orçamento


O orçamento empresarial permite que a empresa visualize
antecipadamente as atividades que deverão ser desenvolvidas
e os recursos envolvidos; porém o objetivo não é só prever
o que vai ocorrer no futuro, mas também, conforme aponta
Padoveze (2012), estabelecer e coordenar os objetivos de todas
as áreas da empresa a fim de que trabalhem sinergicamente
em busca dos objetivos gerais da organização.

De acordo com Warren, Reeve e Fess (2008), além dos


aspectos financeiros, o orçamento envolve:

• o estabelecimento de metas específicas;

• a execução de planos para atingir suas metas; e

• a comparação periódica dos resultados efetivos com as


metas (sendo consideradas todas as metas da empresa,
incluindo as específicas de cada unidade).

Cada uma dessas ações está relacionada a um ciclo de ges­


tão, o qual, conforme Bio (2008), contém as seguintes fases:
planejamento, direção c controle.
Figura 3.1 - Ciclo de gestão

Refere-se à capacidade de obter os


resultados por meio de outras pessoas.

Controle

De acordo com Warren, Reeve e Fess (2008), faz parte da


função de planejamento estabelecer metas específicas para
futuras operações; já as ações executadas para atingi-las fazem
parte da função administrativa de direção. For sua vez, a fun­
ção administrativa de controle visa comparar, periodicamente,
os resultados reais com as metas estimadas, tomando medidas
apropriadas quando necessário.

A seguir, abordaremos um pouco mais cada uma dessas fases.

3.2.1 Planejamento

Planejar é estabelecer metas necessárias para orientar ações


individuais ou coletivas. As metas para um atleta, por exem­
plo, servem para orientar suas ações necessárias (treinamento,
alimentação, descanso) a fim de atingir seu objetivo (ganhar
a competição).

No ambiente corporativo, o planejamento é a fase de projeção


de cenários futuros, a qual objetiva orientar a empresa na busca
do cumprimento de suas metas. Ao planejar, o empresário
poderá antever determinadas situações de modo a permitir
o estabelecimento de ações a serem realizadas e os recursos
(físicos, financeiros, tecnológicos e humanos) que serão aloca­
dos para a execução das tarefas.

A Figura 3.2, a seguir, apresenta a fase de planejamento


considerando dois cenários: o atual e o futuro. Para alcançar
o cenário futuro, é preciso estabelecer estratégias, conside­
rando os recursos disponíveis, os riscos e as contingências e
as oportunidades.

Figura 3.2 - Fase de planejamento

r
- ESTRATÉGIA

CENÁRIO FUTURO

\ ÆyM L Æ
Diagnóstico da realidade Futuro proposto (fase
atual (fase "onde estamos1*). "para onde vamos“).

Considerando: • recursos disponíveis (físicos, financeiros,


tecnológicos e humanos);
• riscos e contingências; e
• oportunidades.
L. A

Como você pode observar, o planejamento constitui-se na


definição da estratégia que funciona como uma ponte entre os
estágios "onde estamos" e "para onde vamos", envolvendo os
objetivos da organização, a previsão dos resultados desejados
e a decisão de como alcançá-los.

O planejamento é considerado umas das fases da orçamentação,


a qual considera também a expressão quantitativa dos gastos e
dos recursos disponíveis.
Horngren, Sundem e Stratton (2004) afirmam que o orça­
mento se constitui em uma ferramenta do planejamento, pois
representa a expressão quantitativa de um plano de ação pro­
posto por um período específico e, ainda, um auxílio na coor­
denação do que precisa ser feito para implementar o plano.

Hansen e Mowen (2001) expõem que o orçamento, quando


usado para o planejamento, é um m étodo que traduz as
metas e as estratégias da organização em termos operacionais.
Argumentam ainda que, além disso, esse processo engloba os
aspectos financeiros e não financeiros do plano.

Tendo cm vista que, na fase do planejamento, todos os pon­


tos de vista são considerados - as opções identificadas e as
possibilidades de redução de custos analisadas -, é nessa etapa
que oportunidades e ameaças até então desconhecidas são
reveladas, facilitando assim o gerenciamento da organização.

O planejamento deve ser um processo dinâmico que inte­


rage permanentemente com o controle, objetivando permitir
o cumprimento das metas planejadas. Não há planejamento
eficaz sem controle, assim como não há controle eficaz sem
que haja um bom planejamento. Entre essas duas etapas há a
fase da direção.

3.2.2 Direção

A direção tem papel fundamental no cumprimento das metas


estabelecidas no planejamento, sendo que está sob ela a lide­
rança dos envolvidos nos processos operacionais da compa­
nhia. De acordo com Warren, Reeve e Fess (2008), os planos
orçamentários definidos na etapa anterior serão utilizados para
dirigir e coordenar as operações da empresa, visando atingir
as metas estabelecidas.

Nesse contexto, Hope e Fraser (2001) aprofundaram estudos


sobre a metodologia orçamentária, focando principalmente nos
princípios e nas características da abordagem orçamentária.
Na pesquisa, eles verificaram que o cumprimento das metas
preestabelecidas que com põem os processos operacionais
das empresas tem relação direta com o comportamento dos
indivíduos.

Hope e Fraser (2001) destacam que, quando as metas esta­


belecidas no planejamento estratégico e no desenvolvimento
do orçamento são atingidas, os indivíduos envolvidos no pro­
cesso devem ser gratificados, a fim de que a motivação agregue
características positivas à cultura organizacional.

3.2.3 Controle

O desem penho efetivo das operações pode ser comparado


com as metas planejadas, permitindo assim a observação do
feedback sobre seu desempenho, com o intuito de possibilitar
ajustes para atividades futuras.

O controle tem a função de medir e avaliar o desempenho


e os resultados das ações, a fim de evidenciar os desvios em
relação ao planejado e suas causas, permitindo que ações cor­
retivas sejam implementadas, não só para corrigir falhas, mas
também para reorientar a execução dos planos.

Mosimann e Fisch (1999) afirmam que a fase do controle,


baseada no sistema de informação, avalia a eficácia em pre­
sarial. É por meio dessa verificação que surgem as ações
que visam corrigir as possíveis distorções. Hansen e Mowen
(2001) corroboram expondo que nessa etapa são estabelecidos
padrões, considerados os feedbacks sobre o desempenho e exe­
cutadas as reparações necessárias quando ocorrem desvios do
planejamento.

O controle, etapa concomitante à execução e interligada ao pla­


nejamento, visa assegurar que os resultados planejados sejam
efetivamente alcançados, apoiando-se nas avaliações de resul­
tado e desempenho.
3.3 Etapas do processo orçamentário
O orçamento surge como sequência à montagem do plano
estratégico, perm itindo focar e identificar, num horizonte
menor (geralmente em um exercício fiscal), as suas ações mais
importantes, conforme exposto por Frezatti (2009).

De acordo com o autor, o orçamento de uma empresa indus­


trial deve ser elaborado levando-se em conta as etapas ilustra­
das na Figura 3.3.

Figura 3.3 - Planos contidos no orçamento e sua sequência

PRINCÍPIOS GERAIS DE
PLANEJAMENTO

DIRETRIZES

Lição de casa
CENÁRIOS
I-------------

PREMISSAS

PRÉ-PLANEJAMENTO

PLANO DE SUPRIMENTO. PLANO DE


Etapa PLANO DE PLANO DE
◄ ► PRODUÇÃO E ◄ ► RECURSOS
operacional MARKETING INVESTIMENTOS
ESTOCAGEM (PSPE) HUMANOS

r— 1 Elaboração
Análise
Etapa PLANO Aprovação
( financeira FINANCEIRO Distribuição
Controle
L ____
Fon 11: Adaptado de Frezatti, 2009, p. 48.

A seguir, abordam os as principais etapas apresentadas


pelo autor:

1. Princípios gerais de planejamento - Etapa que precede o orça­


mento e engloba as di retrizes do planejamento estratégico;
os cenários econômicos, políticos e mercadológicos; as pre­
missas operacionais relacionadas às atividades, como con­
sumo de materiais e mão de obra, hierarquia do produto,
estrutura organizacional e centros de custos; e o pré-pla­
nejamento, que consiste na antecipação das principais ten­
dências esperadas pela alta administração.

2. Plano de m a r k e t in g - Considera o plano de vendas, a quan­


tidade a ser vendida, o posicionamento no mercado, os
preços a serem praticados e outras estratégias de vendas
que permitam que a organização estabeleça o fatura­
mento previsto.

3. Plano de suprimento, produção e estocagem (PSPE) -


Objetiva estabelecer o custo de produção de acordo com
o processo produtivo, os suprimentos necessários e os
níveis de estocagem, incluindo a logística necessária.

4. Plano de investimentos no ativo permanente - Também


conhecido como orçamento de capital, consiste nas deci­
sões de investimentos em infraestrutura e na capacidade
produtiva necessária para atender às metas propostas no
planejamento estratégico.

5. Plano de recursos humanos - Considera a estrutura orga­


nizacional necessária para atender às metas previstas no
planejamento estratégico, identificando as demandas de
recursos humanos, os treinamentos realizados e a evolu­
ção de gastos com salários e encargos por área.

6. Plano financeiro - Consiste nos cálculos de custos e des­


pesas a serem feitos para produzir, vender e adm inis­
trar o negócio. Por meio das receitas de custo e despesas
obtidas no plano de marketing, aliadas aos investimentos
em ativos fixos, são elaborados o Balanço Patrimonial e a
Demonstração do Fluxo de Caixa projetados.

Considerando o modelo indicado na figura anterior, obser­


vamos que o sistema orçamentário pode ser entendido como o
conjunto de vários orçamentos parciais interligados, o qual,
segundo Moreira (2002), utiliza técnicas e procedim entos
contábeis aplicados antecipadamente aos fatos decorrentes
de planos e políticas projetadas. Assim, ao final do processo
orçamentário, obtêm-se os demonstrativos financeiros pre­
parados com base nas expectativas registradas no orçamento,
como pode ser observado na Figura 3.4 a seguir:

Figura 3.4 - Fluxograma do processo orçamentário

O orçamento, por ser um plano projetado para o futuro, é


realizado em ano anterior com base nos planos desenvolvidos
detalhadamente por cada unidade. Esse processo se inicia com
a composição do orçamento de vendas que inclui as expecta­
tivas das quantidades vendidas e dos preços, seguido pelo
orçamento de produção - incluindo custos com materiais dire­
tos, mão de obra direta e custos indiretos - e pelo orçamento
de despesas com vendas, com a administração do negócio e os
financiamentos necessários para as operações. O resultado
dessa composição, adicionado ao orçamento de capital, permite
definir o orçamento de caixa.

Com isso, c possível projetar o resultado anual com base na


emissão dos seguintes relatórios financeiros: Demonstração
do Resultado do Exercício (DRE), Balanço Patrimonial (BP) e
Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC), que serão abordados
no Capítulo 5.

3.4 Etapa financeira


A etapa financeira decorre de todos os outros planos e depende
deles para poder ser elaborada. Tem por finalidade transfor­
mar em linguagem monetária as decisões de implementação
de todo o processo do orçamento.

Com o você pode observar, não podem os resum ir o orça­


mento a essa etapa, considerando-o como apenas a estimação
das receitas e dos gastos da empresa. O processo de orçamenta-
ção vai além; é preciso definir metas e prioridades do caminho
a ser percorrido. A etapa financeira é apenas uma consequência
de todo esse processo.

Para permitir a construção desta etapa, o desenvolvimento


da fase operacional do orçamento exige que as decisões sejam
transformadas em consequências monetárias, significando,
por exemplo, que o plano de vendas especifique por produto
a pretensão da quantidade a ser vendida, o preço unitário a
ser praticado, bem como o seu período no mercado.

Nesse contexto, é necessária a com preensão de alguns


conceitos, a fim de permitir a mensuração financeira dos pla­
nos estabelecidos para cada área, permitindo que os seguin­
tes demonstrativos sejam elaborados: a) conceito de preço;
b) conceito de gastos, investimentos, custos, despesas e perdas;
c) métodos de custeios; d) demonstrativos contábeis projetados
que proporcionem condições de consolidação das decisões; e
e) indicadores financeiros que permitam a análise de vários
fatores dos resultados projetados.

A seguir, abordaremos cada um desses aspectos.

3.4.1 P reço d e v e n d a

O preço é um grande determinante da sustentabilidade finan­


ceira da empresa, sendo responsável pelo ingresso de recursos
para fazer frente a todos os desembolsos realizados, seja para
cobrir os gastos com produção e venda, seja para os gastos
administrativos e financiamentos.

Preço consiste no valor monetário negociado em troca de


determinado bem ou serviço. No entanto, não podemos con-
fundir preço com valor. Para Dubois, Kulpa e Souza (2009), valor
é um conceito subjetivo que o cliente atribui ao produto em
virtude do seu grau de utilidade.

Pm geral, a precificação acompanha o grau de utilidade atri­


buído pelo cliente, com base no quanto o produto vale para ele.
Assim, o preço é a expressão quantitativa de valoração do produto.

Nesse sentido, Padoveze (2009, p. 394) afirma que a "fixação


de preços pelo valor percebido é um conceito de preços orien­
tados pelo mercado, uma vez que a fonte básica de referência
é identificar, antecipadamente, o grau de utilidade ou [o] valor
que um produto ou serviço traz à mente do consumidor".

A definição do preço de venda de um produto não deve levar em


consideração apenas os custos de produção, mas também o valor
econômico percebido pelo cliente e os aspectos mercadológicos
como a demanda do produto e sua concorrência.

Padoveze (2012) expõe que o preço de venda pode ter três


orientações, as quais são ilustradas na Figura 3.5 a seguir.
Figura 3.5 - Decisão de preços
'---------------------------------------------------------------------------------------------------------------1
FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDA

A lei da oferta e da demanda


Orientados pelo %
e a ação da concorrência são
mercado g
determinantes do preço.

A maximização dos lucros


Orientados pela % parte do pleno conhecimento
teoria económica g da curva de demanda de
mercado e de seus custos.

Orientados % Os custos são determinantes


pelos custos g do preço de venda.

k_________________________________ __________________________________________________ A

Font fc: Adaptado de Padovczc, 2012. p. 400-405.

A sobrevivência das empresas depende de diversos aspectos


e, dentre os fatores preponderantes, temos o preço de venda.
Para Wcrnkc (2004), na prccificação, os empresários buscam:

• m axim izar os lucros;

• alcançar as metas de vendas;

• otim izar o capital investido na empresa; e

• proporcionar a utilização eficaz da capacidade de pro­


dução instalada.

Segundo Crepaldi (2011), na prática a precificação é uma


tarefa complexa, pois, se errar para mais, o empresário perde
o negócio, e, se errar para menos, este é inviabilizado. Ao defi­
nir o preço de venda, diversos fatores devem ser avaliados,
como demanda pelo produto, existência de concorrentes e de
produtos substitutos no mercado, carga tributária, forma de
pagamento oferecida, negociações entre indústria e fornece­
dores e custos de fabricação.

Considerando que o empresário deseja recuperar todos os


gastos incorridos no processo produtivo e ainda obter uma mar­
gem de lucratividade, os custos desempenham papel fundamental
na precificação de determinado produto ou serviço.
o 3.4.2 Classificação dos gastos

Os gastos dc uma empresa estão vinculados a três áreas dis­


tintas: produção, administração e vendas. Os gastos vinculados
à produção são denominados custos; já os gastos com a adm i­
nistração do negócio e com as vendas são classificados como
despesas. Para não haver confusão sobre os termos, apresenta­
remos esses conceitos dc forma mais detalhada.

O conceito de gasto, em seu sentido amplo, aplica-se a todas


as saídas monetárias ocorridas na empresa, inclusive as dc
longo prazo. Então, um gasto pode ocorrer tanto para a aqui­
sição de determinado bem ou serviço de consumo imediato
quanto para a aquisição de um bem durável.

Os bens e serviços de consumo imediato são consumidos em


um único processo produtivo. Já os bens duráveis referem-se
aos investimentos feitos em bens imobilizados ou materiais
que serão utilizados cm vários processos produtivos.

Dubois, Kulpa e Souza (2009) descrevem que todo o desem­


bolso está vinculado a uma aquisição de bem ou serviço ine­
rente ao funcionamento da empresa. Nesse sentido, desem­
bolso representa a retirada de dinheiro da empresa para
pagamento de um gasto qualquer.

O gasto poder estar classificado em: investimento, custo,


despesa, perda e desperdício.

Figura 3.6 - Classificação dos gastos


O s conceitos indicados na Figura 3.6 serão explorados a
seguir.

Despesas - São todos os bens consumidos ou serviços apli­


cados nas atividades administrativas, financeiras e comerciais
da empresa. O gasto com telefonia, salários dos setores admi­
nistrativos e financeiros, despesas bancárias e fretes sobre a
venda são exemplos de despesas administrativas.

Não podemos confundir despesas com custos. As despesas são


gastos que incorrem na obtenção de receitas (venda) e na manu­
tenção das atividades de gestão da empresa. Os custos, por sua
vez, são gastos que incorrem no processo produtivo.

Figura 3.7 - Separação em custos e despesas

r---------------------------------------------- -------------------------^
GASTOS

Área m
administrativa g Despesas
(gestão) "

Área comercial %
Despesas
(venda) g

Área produtiva %
Custos
(fábrica) g
L_______________________ ____________ 4

Como você pode observar na Figura 3.7, as despesas estão


associadas a gastos administrativos ou a vendas e incidência
de juros (despesas financeiras) e não possuem natureza fabril.

Custos - São gastos que incorrem desde a fabricação do pro­


duto até o momento em que ele estiver pronto para venda.
A partir disso, os gastos com a sua disponibilização são clas­
sificados como despesas.
Caracterizam-se como custo de produção os gastos que incor­
rem no setor de produção (matéria-prima, energia elétrica,
depreciação e gastos com pessoal).

Investimentos - São os gastos realizados com aquisição


de bens que irão beneficiar a empresa em períodos futuros.
Caracterizam-se como investimentos a estrutura física neces­
sária parar operar a empresa (equipamentos, maquinários, pré­
dios) e a aquisição de matéria-prima.

Os bens fixos ou de consumo lançados no ativo podem ser


utilizados na gestão da empresa (atividades administrativas),
nas áreas de vendas ou de produção. À medida que os inves­
timentos forem sendo aplicados ou utilizados nas atividades
empresariais, o seu uso é lançado aos custos ou às despesas.

A matéria-prima, lançada em estoques no ativo, conforme


utilizada no processo produtivo, deixa de ser investimento e
transforma-se em custo de produção. Os investimentos fixos
em bens de capital, ao sofrerem desgastes pela utilização ou
pela obsolescência, transformam-se em custos se estiverem
relacionados ao processo produtivo e em despesas se estiverem
relacionados aos departamentos de apoio.

De acordo com Corbari e Macedo (2012, p. 20), "os investi­


mentos [...] deverão ser lançados contra custos ou despesas no
momento em que forem efetivamente utilizados na produção
ou na área de gestão". Assim, um bem com vida útil de cinco
anos, por exemplo, a cada ano de utilização terá um desgaste
proporcional a sua vida, perdendo a sua potencialidade de
produção c sua funcionalidade em 1/5. Após dois anos, o equi­
pamento terá sofrido desgaste de 2/5 de sua vida útil, conforme
apresentado na Figura 3.8 a seguir:
Figura 3.8 - Identificação dos gastos com depreciação

Consumo I Consumo
incorrido I vinculado
na área I à gestão da
fabril I empresa

CUSTOS DESPESAS

Retomando o exemplo ilustrado na figura anterior: se a vida


útil do bem é de cinco anos, no primeiro ano de uso ocorreu
um desgaste proporcional a 1/5 de sua capacidade produtiva.
No segundo período, o equipamento terá perdido mais 1/5.
Acum ulada mente, ao final do segundo período, já foram con­
sumidos 2/5 da vida útil do bem, ou seja, de sua capacidade
de produzir. Esse consumo deverá ser lançado aos custos ou
às despesas a título de depreciação.

Essa depreciação poderá ser lançada como custos ou despesas.


Caso o ativo fixo seja utilizado nas atividades administrativas
ou comerciais, a depredação será lançada como despesa do período.
Porém, caso o ativo fixo seja utilizado na produção, a deprecia­
ção será lançada como custo de produção (Corbari; Macedo, 2012).

Perdas-S ão gastos anormais ocorridos de forma involuntária,


como os produtos perdidos em incêndios, inundações e roubos.
As perdas têm como característica a sua excepcionalidade, visto
que fogem à normalidade das operações da empresa.

Desperdícios - Decorrem da ineficiência do processo produ­


tivo ou administrativo. Difcrcntcmcnte das perdas, que ocor­
rem de forma involuntária, os desperdícios originam-se do não
aproveitamento de todos os recursos disponíveis e de atividades
executadas que não agregam valor ao produto, como os itens
defeituosos, a mão de obra ociosa e o material desperdiçado.
34-3 A c la ssifica çã o d o s c u s to s

Para melhor gerir os custos, é necessário entender as suas clas­


sificações: custos diretos e custos indiretos em relação ao produto.

Figura 3.9 - Identificação do custo ao produto

a) Direto - quando há uma


medida de consumo do gasto
Identificação do custo em pelo produto.
relação ao produto b) Indireto - quando não existe
uma medida de consumo dos
gastos pelo produto.

Assim, os custos diretos podem ser identificados como per­


tencentes a determinado produto, alem de ter uma medida fácil,
objetiva e direta de alocação a ele. Já os custos indiretos são os
gastos identificados com a função de produção, mas que não
têm uma medida de associação direta com os produtos, visto
que, para serem alocados a eles, necessitam de rateios, esti­
mativas e aproximações. A alocação dos custos indiretos aos
produtos pode conter algum grau de subjetividade, e o nível
de precisão da mensuração é inferior ao dos custos diretos.

Além dessa classificação, os custos podem ser agrupados


cm fixos ou variáveis, considerando o volume de produção.
A lguns custos, com o aumento da quantidade produzida,
podem aumentar (como a matéria-prima); outros, no entanto,
permanecem constantes (como o aluguel).

A classificação quanto ao volum e leva em consideração


o comportamento dos custos e o quanto eles variam com o
aumento ou a diminuição das quantidades produzidas. Como
afirmam Warrcn, Rccvc e Fcss (2008), o comportamento dos
custos está relacionado à variação das atividades. Observe,
na Figura 3.10, o comportamento dos custos em relação ao
volume de produção:
Figura 3.10 - Classificação dos custos em relação ao
volume de produção

VARIÁVEIS - mudam de acordo


com o volume de produção.

FIXOS - não variam com alterações


no volume de produção.
Custos no volume
de produção Semivariáveis - variam com o
nível de produção, porém tém
MISTOS uma Parcela fixa-

Semifixos - têm valor constante


até certo volume de produção.

A seguir, abordaremos o comportamento dos custos em suas


respectivas classificações.

Custos fixos - São aqueles que permanecem no mesmo pata­


mar ainda que haja variação do volume de produção.

Segundo Martins e Rocha (2010, p. 21), os "custos fixos são


aqueles cujo montante não é afetado pelo volume, dentro de
determinado intervalo do nível de atividade".

Caracterizam-se, nessa categoria, o aluguel, a depreciação


do prédio ou dos equipamentos, entre outros gastos relaciona­
dos à produção, que existirão independentemente de a empresa
estar produzindo ou não.

Gráfico 3.1 - Comportamento do custo fixo

Valor á

30.000,00 -------------------------------------------------------------------------------------------

0 100 200 300 400 Quantidade

Com o voce pode notar, o Gráfico 3.1 mostra que o valor


do custo fixo se mantém uniforme independente do volume
produzido, visto que permanece constante conforme aumenta
a quantidade produzida.

Para facilitar o entendimento, vamos supor uma fábrica que


tem a capacidade de produzir 3.000 unidades de determinado
produto. Considerando que a empresa tem custos fixos iguais
a RS 30.000,00 e que, nos últimos seis meses, ocorreram varia­
ções nas quantidades produzidas, explicitamos, na Tabela 3.1,
os seguintes custos unitários fixos:

Tabela 3.1 - Cálculo de custos fixos

Quantidade de Custos
produção/venda Fixos totais Fixos unitários
2.000 R$ 30.000,00 R$ 15,00
2.050 R$ 30.000,00 R$ 14,63
2.100 R$ 30.000,00 R$ 14,29
2.150 R$ 30.000,00 R$ 13.95
2.200 Rs 30.000,00 Rs 13.64
2.250 R$ 30.000,00 Rs 13,33

Observe que, quanto maior a quantidade produzida, menor


é o custo unitário, pois a parcela do custo fixoé rateada a uma
maior quantidade de produtos, e isso faz com que o custo total
médio seja menor. Da mesma forma, quanto menor é a quan­
tidade produzida, maior é o custo unitário, pois o custo total
é divido por uma quantidade menor de produção.

Custos variáveis - São os gastos que variam conforme o


volume de produção. A exemplo destes, temos a matéria-prima
e a embalagem do produto: quanto maior for o volume de pro­
dução, maiores serão os gastos com esses insumos.

Segundo Warren, Reeve e Fess (2008), os custos variáveis


oscilam proporcional mente às mudanças no nível de produção,
tendo seu crescimento ou sua redução vinculados às quanti­
dades produzidas.
O Gráfico 3.2 ilustra o comportamento do custo variável:

Gráfico 3.2 - Comportamento do custo variável

Para melhor compreensão, considere que determinado pro­


duto tem um custo variável unitário de R$ 2,70. Quanto mais
unidades forem produzidas, maior será o montante de custos
variáveis. A Tabela 3.2 indica essa variação:

Tabela 3.2 - Exemplo de cálculo de custos variáveis

Quantidade de Custos
produção/venda Variáveis totais Variáveis unitários
2.000 R$ 5.400,00 RS 2.70
2.050 Rs 5535,00 RS 2,70
2.100 R$ 5.670,00 RS 2,70
2.150 R$ 5.805,00 R$ 2,70
2.200 R$ 5 940,00 RS 2,70
2.250 R$ 6.075,00 R$ 2,70

O bserve que o custo variável por unidade c fixo, porem,


quanto mais unidades produzidas, maior é a necessidade de
utilização de matéria-prima e embalagem, por exemplo. De
acordo com Corbari e Macedo (2012, p. 39), "o custo variável
possui um comportamento crescente, ou seja, quanto maior
a produção, maiores serão os gastos com a matéria-prima e
outros materiais diretos aplicados à produção".

Custos mistos - Para Warren, Reeve e Fess (2008), os custos


mistos são aqueles que possuem características tanto de custo
fixo quanto de custo variável. Na prática, poucos são os custos
totalmente fixos ou variáveis; a maioria se enquadra na camada
intermediária como semifixos ou semivariáveis.

Dubois, Kulpa e Souza (2009) interpretam o prefixo settti-


como "a metade de algum a coisa". Nesse caso, cabe a crítica
de que, se o gasto com a energia elétrica da fábrica for consi­
derado um custo semifixo, podemos deduzir que metade dos
custos é fixa, enquanto a outra metade é variável.

Os custos mistos são segregados em:

a) Custos semivariáveis - Têm uma parcela fixa e uma variá­


vel. Por exemplo: água e telefone, os quais têm uma taxa
mínima (fixa), contratada no plano, e outra cobrada em
função do consumo efetivo (variável).

O Gráfico 3.3 a seguir ilustra o comportamento do custo


semivariável:

Gráfico 3.3 - Comportamento do custo semivariável

O bserve que os custos sem ivariáveis são fixos até certo


ponto; passando deste, passam a ter um comportamento
variável.

b) Custos semifixos - Aqueles que são fixos a certos inter­


valos de produção, alterando-se em degraus até atingir
novo patamar fixo. Por exemplo: o supervisor de linhas
de produção mantém-se fixo até a contratação de um
novo supervisor (variável), e depois volta a se manter
fixo até próxima contratação.
O Gráfico 3.4 ilustra o comportamento do custo semifixos:

Gráfico 34 - Comportamento do custo semifixo

Valor A

30.000,00

---------------------------------------------------------►
0 loo 200 300 400 Quantidade

Com base no gráfico, você pode perceber que esse custo


é fixo somente em certos patam ares da produção, depois
aumenta (varia) e torna-se fixo novamente.

3.4.4 M é to d o s d e c u ste io s

O fator decisivo do sucesso ou do fracasso da organização está


pautado basicamente no lucro da organização, dado pela dife­
rença entre o preço de venda e o custo do produto. Portanto,
identificar o custo para definir o preço de venda é altamente
necessário para o sucesso da organização. A literatura apre­
senta diversos métodos de custeio que se adaptam a qualquer
tipo de organização, seja industrial, comercial ou prestadora
de serviços, com ou sem fins lucrativos. Os métodos de custeio
são utilizados a fim de maximizar os resultados da companhia
via redução de custos que são consequências da melhoria de
processos, da redução de desperdícios, da terceirização etc.

Existem vários métodos de custeio, no entanto, os mais utili­


zados são o por absorção e o variável. Apesar da existência de
vários métodos, todos têm uma única finalidade: encontrar o
custo dos produtos. Para isso, utilizam-se diferentes critérios
para apropriação dos custos indiretos ao custo total dos pro­
dutos, já que os custos diretos são plenamente identificáveis
por produto. A seguir, abordaremos a aplicação dos principais
métodos, ou seja, do custeio por absorção e do custeio variável.
3 4 4 -1 Custeio por absorção

O método de custeio por absorção consiste em uma apropriação


dos custos aos produtos. É considerado o mais tradicional, pois
atribui ao produto todos os custos incorridos na sua produção,
sejam eles diretos ou indiretos.

Figura 3.11 - Alocação dos custos aos produtos

Fonte: Adaptado de Martins, 2010, p. 46.

No custeio por absorção, todos os gastos utilizados na fabri­


cação de um produto deverão ser absorvidos: o custo direto é
alocado ao produto por meio de medições; já o custo indireto
se dá por meio de rateios.

Esse é o método de apuração de custos de produção


aceito pela legislação fiscal no Brasil, prevista no art. 290 do
Regulamento do Imposto de Renda - RIR/99, estipulado pelo
Decreto n. 3.000/1999 (Brasil, 1999):

Art. 290. O custo de produção dos bens ou serviços vendidos


compreenderá, obrigatoriamente (Decreto-Lei n. 1.598, de 1977,
art. 13, §1-):
I. o custo de aquisição de matérias-primas e quaisquer outros
bens ou serviços aplicados ou consumidos na produção,
observado o disposto no artigo anterior;
II. o custo do pessoal aplicado na produção, inclusive de
supervisão direta, manutenção e guarda das instalações
de produção;

III. os custos de locação, manutenção e reparo e os encargos de


depreciação dos bens aplicados na produção;
iv. os encargos de amortização diretamente relacionados com
a produção;

v. os encargos de exaustão dos recursos naturais utilizados


na produção.
Parágrafo único. A aquisição de bens de consumo even tual
cujo valor não exceda a cinco por cento do custo total dos pro­
dutos vendidos no período de apuração anterior, poderá ser
registrada diretamente como custo. (Decreto-Lei n. 1.598, de
1977, art. 13, § 2o)

Na metodologia do custeio por absorção, o foco maior está


na separação dos gastos em custos e despesas. Os custos são
lançados aos Produtos e ativados no Estoque; já as despesas
são lançadas contra o Resultado do período.

Figura 3.12 - A p ro p ria ção d o s gasto s no cu steio por


absorção

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Matéria-prima IAJ
CC
Q Estoque
Mão de obra direta VS)

Custos de
Energia elétrica
0
h
«/»
D
\j
B Produto em
produção

produção Mão de obra indireta


Depreciação
O
U
CCI
0
li Produto
acabado

•L-
Aluguel 1/1
0
Energia elétrica indireta «/I

B — ■
r
Despesas administrativas <X

■ Vendas
Resultado

JL á
■ ( ) Custo dos produtos
^FIXAsJ

Despesas de
administração
e venda
Despesas de venda
-----1
JA
i| 1 vendidos (CPV)
(=) Resultado bruto

Despesas de venda <


õE 1 (-) Despesas
administrativas
><
1 (-) Despesas de vendas
(=) Resultado líquido

Fontk Adaptado de Crepaldi, 2011. p. 139.


Conforme a Figura 3.12, os custos diretos e indiretos são
apropriados ao produto em fabricação. Enquanto os produ­
tos estão recebendo custos, eles são classificados em Estoque
na conta "Produtos em Elaboração" e, após o término de sua
produção, são lançados na conta "Produtos Acabados". No
momento da venda, eles são retirados do Estoque e lançados
no Resultado, na conta "Custos dos Produtos Vendidos".

Segundo Wernke (2004), esse método pode ser considerado


vantajoso, pois:

a) atende à legislação fiscal, devendo ser utilizado quando


a empresa busca o uso do sistema de custos integrado
à contabilidade;

b) permite a apuração do custo por centro de custos*, visto


que a organização contábil é exigida em sua aplicação -
dessa forma, quando os custos foram alocados aos
departamentos adequadamente, o acompanhamento do
o
“3 desempenho de cada área se torna possível; e
S£O
1 , c) permite a apuração do custo total de cada produto, ao
absorver todos os custos de produção.
3*a»5. £

-O c
X ± Já o rateio é a principal crítica atribuída ao custeio por absor­
c^
á3 «s ção. Tendo em vista que os rateios são subjetivos, a adoção de

£ <£
(0
determinado critério em detrimento de outro pode produzir
^a
- E resultados muito diferentes no valor dos custos finais, sem que
'5 £
ST; 2
tenha havido mudanças no processo produtivo. Isso prejudica
3^ o processo decisório.
^ «v
£5 Para entender como o rateio funciona na prática, vamos
E 2
23
l-

8. £
<0
supor um a fábrica de dois produtos (Faqueiro Veneza e
■3 3
Faqueiro Roma), identificar o custo de produção dos produtos,
r z| i* além dos custos diretos, e ratear os custos indiretos ao pro­
?{• 'o
^
duto. Para isso, tomaremos como critério o percentual de mão
121 1£ de obra direta utilizada na produção. Suponha que os custos
rs O-

indiretos da empresa têm a seguinte composição:


Tabela 3.3 - Custos indiretos

Custos indiretos e fabricação R$


Mão de obra indireta 45000,00
Energia elétrica da fábrica 15.000,00
Depreciação da fábrica 25.000,00
Seguro da fábrica 3.000,00
Outros custos indiretos 5.000,00
Total 93.000,00

Suponha, ainda, que a empresa necessite do emprego de mão


de obra direta (apresentada na Tabela 34) na mesma proporção da
produção. Se os custos indiretos forem apropriados ao produto na
mesma proporção em que a mão de obra direta, o total dos custos
indiretos a serem apropriados pelos processos produtivos seria
igual ao montante apresentado na última coluna da tabela abaixo.

Tabela 3.4 - Rateio com base na mão de obra direta

Mão de obra Custos


% d e rateio
direta indiretos
Faqueiro
R$ 9600,00 65,75 R$ 61.150,68
Veneza
Faqueiro Roma R$ 5 000,00 34.25 Rs 31.849.32
Total R$ 14.600,00 100,00 R$ 93 000,00

Por meio da soma dos custos indiretos de produção aos custos


diretos, temos o custo total dos produtos. Com isso, aplica-se a
margem de lucro desejada e obtém-se o preço de venda.

Agora vamos supor que o critério de rateio dos custos indire­


tos seja o total da matéria-prima por linha de produção. Assim,
teríamos o seguinte resultado:

Tabela 3.5 - Rateio com base na matéria-prima total

Matéria-prima Custos
% de rateio
total indiretos
Faqueiro
R$ 12.000,00 46,15 Rs 42.923,08
Veneza
Faqueiro Roma R$ 14.000,00 53,85 R$ 50.076,92
Total R$ 26.000,00 100,00 R$ 93 000,00
Perceba que, se utilizarmos o critério da mão de obra direta,
o custo indireto apropriado à linha de produção do Faqueiro
Veneza é maior. Porém, se mudarmos o critério para maté­
ria-prima, o custo indireto será apropriado em maior propor­
ção ao Faqueiro Roma.

A seguir, apresentamos as tabelas 3.6 e 3.7, apropriando de


forma distinta os custos indiretos indicados anteriormente:

Tabela 3.6 - Apropriação dos Custos Indiretos de


Fabricação (CIFs) com base na mão de obra

Faqueiro Veneza Faqueiro Roma

Descrição Total Total


Total
Unitário Unitário (100
(80 unidades)
unidades)
Matéria-prima R$ 150,00 R$ 12.000,00 R$ 140,00 R$ 14.000,00 R$ 26.000,00
Mão de obra Rs 120,00 R$ 9.600,00 R$ 50,00 R$ 5.000,00 R$ 14600,00
Embalagem R$ 90,00 R$ 7.200,00 R$ 50,00 R$ 5 000,00 R$ 12.200,00
Custo direto R$ 360,00 R$ 28.800,00 R$ 240,00 R$ 24.000,00 R$ 52.800,00
Custo indireto RS 7 6 4 ,3 8 R$ 61.150,68 Rs 318,49 Rs 31849,32 R$ 93 000,00
Custo total R$ 1.124,38 R$ 89.950,68 Rs 558,49 Rs 55849,32 R$ 145.800,00

Tabela 3.7 - A p ro p ria ção d o s C u sto s In d iretos d e


Fabricação (CIFs) com base na m atéria-prim a

Faqueiro Veneza Faqueiro Roma


Descrição Total
Unitário Total Unitário Total
Matéria-prima R$ 150,00 Rs 12.000,00 R$ 140,00 R$ 14.000,00 R$ 26.000,00
Mão de obra R$ 120,00 R$ 9.600,00 R$ 50,00 R$ 5.000,00 Rs 14.600,00
Embalagem Rs 90,00 Rs 7.200,00 R$ 50,00 R$ 5.000,00 R$ 12.200,00
Custo direto R$ 360,00 R$ 28.800,00 R$ 240,00 R$ 24.000,00 R$ 52.800,00
Custo indireto Rs 536,54 R$ 42.923/O8 Rs 500,77 R$ 50.076,92 R$ 93 000,00
Custo total Rs 896,54 R$ 71 .723/08 RS 740,77 Rs 74076,92 R$ 145800,00

Note que os custos unitários apurados nas duas tabelas


são distintos. Assim, mudando o critério de rateio dos cus­
tos indiretos, o resultado por produto modifica-se. Portanto,
a decisão com base no custo unitário deve considerar sempre
a problemática dos rateios.
3 4 4 -2 Custeio direto ou variável

O custeio direto, também conhecido como custeio variável, é uma


metodologia que apropria ao produto apenas os custos diretos
c variáveis, os quais são claramente identificados nos produtos.

Segundo Crepaldi (2011), esse método consiste na separa­


ção dos gastos variáveis e fixos, ou seja, aqueles que variam
quando se altera o volume de produção/venda e aqueles que
permanecem estáveis às variações do volume de produção/
venda oscilantes dentro de certos limites.

Na metodologia do custeio variável, não só o custo variável


de produção deve compor o custo do produto, mas também o
gasto variável obtido com sua comercialização. Os custos fixos,
por sua vez, por estarem ligados ao período e não ao produto,
são considerados despesas do período.

Figura 3.13 - Apropriação dos gastos no custeio direto


(variável)

r uT’
0
h
Matéria-prima UI
ac
a
Mão de obra direta \s> Estoque
Energia elétrica 2UI
D
KJ.
Custos de
produção uT1
Mão de obra indireta O
fuir­
ac
Depreciação O
z
Aluguel ut
O
fuir­ Resultado
Energia elétrica indireta 3
KJ. Vendas
L
r (-) Custo dos produtos
Despesas administrativas vendidos (CPV)
Despesas de (-) Despesas variáveis
Despesas de venda
administração
e venda
y (=) Margem de
contribuição
Despesas de venda (-) Custos fixos de
produção
L i (-) Despesas
administrativas
(-) Despesas de vendas
(=) Resultado líquido

Fonte : Adaptado de Crepaldi, 2011, p. 139.


Nesse contexto, somente os gastos que oscilam proporcio­
nalmente ao volume de produção e venda é que devem ser
apropriados aos Produtos. Por exemplo: matéria-prima, emba­
lagens, mão de obra direta, comissões dos vendedores, fretes,
entre outros. Os gastos fixos, que se mantêm estáveis diante da
oscilação do volume de produção e venda, devem ser lançados
como Despesas do Período.

Os gastos fixos não entram na composição do custo do pro­


duto para evitar o problema decorrente dos rateios. A com­
plexidade e a subjetividade destes provocam distorções nas
informações de custos; por isso, o custeio direto não efetua
o processo de rateio, deixando os custos fixos fora do cálculo
do custo dos produtos.

Dando sequência ao exemplo utilizado até o momento,


observe a Tabela 3.8. Note que o custo dos produtos é for­
mado pelos gastos variáveis de produção (matéria-prima, mão
de obra direta e embalagem) e de comercialização (comissão
sobre vendas). Como indicado anteriormente, o custo fixo não
compõe o custo dos produtos.

Tabela 3.8 - Custo por produto

Faqueiro Veneza Faqueiro Roma


Descrição Total
Unitário Total Unitário Total
Matéria-
R$ 150,00 R$ 12.000,00 R$ 140,00 R$ 14.000,00 R$ 26.000,00
-prima
Mão de obra R$ 120,00 R$ 9600,00 R$ 50,00 R$ 5.000,00 Rs 14.600,00
Embalagem R$ 90,00 R$ 7.200,00 R$ 50,00 R$ 5.000,00 R$ 12.200,00
Comissão de
R$ 10,00 R$ 800,00 R$ io,oo R$ 1.000,00 Rs 1.800,00
venda
Custo total R$ 580,00 R$ 46.400,00 Rs 350,00 R$ 35 000,00 R$ 81.400,00

Segundo Martins (2010), o uso do custeio direto (variável)


justifica-se pelos argumentos apresentados a seguir.

ü s custos fixos existem independentes da fabricação ou


não do produto, e o montante não varia com as oscilações do
volume de produção (dentro de certos limites). Os custos fixos
tendem a ser mais um encargo para que a empresa possa ter
condições de produção e manter instalada sua capacidade de
produção do que um sacrifício para a fabricação específica
desta ou daquela unidade.

Por não se referirem a um produto específico, os custos


fixos são quase sempre distribuídos com base em critérios de
rateio, que podem ser considerados, em maior ou menor grau,
arbitrários. A maior parte das apropriações é feita em função
de fatores de influência que, na verdade, não vinculam efetiva­
mente cada custo a cada produto, visto que essa vinculação é
forçada. Ao se apropriar de uma forma, é possível alocar mais
custos em um produto do que em outro, e, alterando o critério
de rateio para distribuição dos custos fixos, pode-se transfor­
mar um produto rentável em um não rentável (ou vice-versa).

O valor do custo fixo por unidade depende do volume de


produção. Se o volume de produção aumentar, haverá um
menor custo fixo por unidade e vice-versa. A decisão embasada
em custos associa sempre o custo global ao volume tomado
como referência.

De acordo com Corbari e Macedo (2012), o rateio dos custos


fixos é subjetivo e não possui precisão, o que resulta em um
custo unitário impreciso que poderá levar a decisões equivo­
cadas, como o corte de um produto lucrativo ou o corte inade­
quado de produtos deficitários.

Ao alocar apenas os gastos variáveis aos produtos, são alo­


cados os gastos que ocorrerão apenas se houver produção
(somente os gastos pelos quais o produto é responsável), elimi­
nando desse modo a subjetividade que envolve os custos fixos.
Assim, embora o fisco não aceite o custeio direto sob o ponto
de vista dos princípios e das normas contábeis, essa metodo­
logia contribui de forma relevante para o processo de decisão.
Referente às vantagens desse método, W ernke (2004) e
Martins (2010) apontam que o custeio direto:

• impede que os aumentos de produção que não corres­


pondam aos aumentos de vendas distorçam os resulta­
dos, permitindo assim a observação de como os gastos
variáveis acompanham sempre a direção das vendas;

• prioriza o aspecto gerencial ao enfatizar a rentabilidade


de cada produto sem as distorções resultantes dos rateios
de custos fixos aos produtos;

• não envolve rateios e critérios de distribuição de gastos,


de modo a facilitar o cálculo e propiciar informações
vitais para a empresa mais rapidamente;

• não é im pedido pela legislação e pelas normas contá­


beis - é só tomar cuidado ao fazer os ajustes ao final de
cada exercício;

• parece ser mais inform ativo à administração, já que


abandona o resultado dos custos fixos, tratando-os con-
tabilmente, como se fossem despesas, visto que eles são
quase sempre repetitivos e independentes dos diversos
produtos e unidades.

A crítica feita ao custeio direto refcrc-sc à não aceitação


dessa metodologia pela legislação tributária e para fins de
avaliação de estoque. Porém, devemos considerar dois outros
enfoques problemáticos: i) a elevação dos custos fixos que, por
não serem considerados no custo do produto, acabam sendo
deixados de lado; e 2) a exigência de uma separação rígida
entre gastos fixos e variáveis - sendo assim, não considerando
custos mistos (parcelas fixas c variáveis), a separação muitas
vezes utiliza técnicas tão arbitrárias quanto o rateio dos custos
fixos no custeio por absorção.
3 4-5 Demonstrações contábeis projetadas

A s demonstrações contábeis são representações monetárias


estruturadas que indicam as posições patrimonial, financeira
e econômica da empresa, objetivando, com isso, fornecer infor­
mações sobre patrimônio, posição financeira, fluxo financeiro
e resultado, a fim de indicar os resultados do gerenciamento
do negócio.

A s principais demonstrações contábeis projetadas estão


apresentadas no Quadro 3.1 a seguir:

Quadro 3.1 - Demonstrações contábeis projetadas

Relatório Objetivo
Apresentar a projeção dos resultados
Demonstração do Resultado
econômicos da empresa em determinado
do Exercício (DRE)
período.
Balanço Patrimonial (BP) Indicar a posição patrimonial de uma
projetado empresa (seus bens, direitos e obrigações).
Demonstração do Fluxo de Expor as entradas e as saídas de caixa em
Caixa (DFC) determinado período.

Esses conceitos são mais explorados no Capítulo 5 desta obra.

3.4.6 Indicadores financeiros

Os indicadores financeiros, como o próprio nome já diz, indicam


as condições económico-financeiras de uma organização e são
divididos em quatro grupos principais.

O s indicadores de liquidez mostram a situação financeira


da em presa em relação a sua capacidade de honrar suas
obrigações a curto e longo prazos. Por meio do confronto de
algum as contas e grupos patrimoniais, podem os avaliar a
capacidade de pagamento da empresa analisada em vários
períodos. Assim, essa análise é realizada com base nas infor­
mações constantes do Balanço Patrimonial (BP) da empresa,
sendo que, para cada tipo de liquidez calculada, são utilizadas
informações diferentes.

Os indicadores de endividamento, por sua vez, mostram a


situação financeira da empresa cm relação à sua estrutura de
financiamento, apontando a origem dos recursos empregados
e a proporção de capital próprio e de terceiros.

Já os indicadores de rentabilidade mostram a situação eco­


nômica da empresa em relação ao retorno de capital investido,
indicando os resultados apurados por ela. Esses indicadores
dão uma ideia aproximada do nível de eficiência da empresa
na aplicação de seus recursos.

Por fim, temos os indicadores de atividade, que mostram a


situação da empresa com relação ao recebimento de suas ven­
das, aos pagamentos de suas obrigações e também ao giro e
à utilização de seus estoques. Os índices de atividades têm
como principal objetivo verificar a eficiência da empresa no
uso de seus recursos no desenvolvimento de suas atividades
operacionais.

Esses indicadores são abordados no Capítulo 6.

3.5 O controle orçamentário


O controle orçamentário é a fase que ocorre concomitantemente
ou após a execução dos planos c serve como ferramenta de
análise das ações implementadas, com o objetivo de identifi­
car se a execução está de acordo com o que foi preestabelecido,
conforme apresentado na Figura 3.15 a seguir:
Figura 3.15 - O processo orçamentário

Base de dados (1 ):
desempenho de
períodos anteriores

Base de dados (2 ):
Diagnóstico:
estudos de Planejamento
análise
mercado

Expectativa de
desempenho Processo
orçamentário

Avaliação de
Controle
desempenho

F o v n : Fernandes 2005, p. 15.

Para Atkinson et al. (2000), o controle de gestão é um con­


junto de métodos e ferramentas utilizado pelos membros da
empresa para mantê-la na trajetória correta, a fim de que seus
objetivos sejam alcançados. Nesse contexto, o controle não
funciona por si só, visto que ele necessita da intervenção de
pessoas em sua operação, análise e interpretação.

Um controle deverá ser composto por um sistema de acompa­


nhamento e monitoramento do desempenho, o qual necessitará
ser comparado constantemente com o planejamento, gerando
relatórios que permitam ao gestor a análise e a implementação
de ações corretivas.

Para exercer a atividade de controle, agruparam-se os con­


troles de gestão em instrumentos contábil-gerenciais e demais
instrumentos de auxílio à gestão, também conhecidos como
instrumentos financeiros ou não financeiros. O s instrumentos
contábil-gerenciais ou financeiros estão relacionados à utili­
zação das informações contábeis no processo de controle.

Nesse sentido, enquanto o planejamento e o orçamento for­


necem um conjunto de objetivos a ser alcançado pela empresa,
o controle orçamentário garante que o desempenho real esteja
em conformidade com os planos preestabelecidos. A operacio-
nalização do controle orçamentário ocorre pelo confronto entre
previsto e realizado. As variações, dentro de algum critério
de relevância, devem ser identificadas, analisadas e, eventual­
mente, ajustadas.

Para que a etapa de controle exista, é necessário que os pla­


nos tenham sido previamente estipulados - caso contrário, não
há com o que comparar o desempenho atual.

As variações podem ser classificadas, conform e indica


Frezatti (2009), da seguinte forma:

• Variações não significativas - São consideradas dentro de


um critério estabelecido como significativo, podendo
ser um percentual ou um valor absoluto. Por exemplo,
podem ser consideradas variações não significativas
aquelas abaixo de ro% do valor orçado; isso se aplica
tanto a valores monetários quanto a operacionais.

• Variações significativas (devido a erros de informações) - São


aquelas que ocorrem em função de informações equivo­
cadas referentes aos valores reais obtidos ou de valores
previstos inadequadamente. Devem ser corrigidas para
que seja reduzido ao máximo o prejuízo sofrido.

• Variações significativas (devido a decisões administrativas) -


São as que se originaram de uma decisão tomada por
um órgão externo à unidade de negócios que não pode
ser desfeita. O importante é que a responsabilidade seja
compreendida.
• Variações significativas (em razão de decisões não
controláveis, embora identificadas) - Ocorrem sempre que
alguma variação é identificada e, mesmo tendo conheci­
mento das causas e dos motivos da variação, não existem
alternativas que possam evitá-las.

• Variações significativas (cujas causas precisas não


tenham sido estabelecidas) - Podem ser pouco representa­
tivas e não numerosas. Entretanto, se ocorrer o contrário,
indicam problemas na identificação das variações e no
processo de controle.

Alem disso, o controle das variações pode ser feito de três


formas (Frezatti, 2009):

1. Tipo rígido - Considera que o orçamento tem de ser atin­


gido em critérios preestabelecidos e não aceita variações.
Na prática, se aplicado ao extremo, não funciona, sendo
geralmente associado ao uso de "folgas financeiras" por
parte dos gestores.

2. Tipo SWAT (ou ultraflexível) - Considera apenas o lucro - os


demais critérios podem ser ajustados conforme o bom
senso do gestor - e privilegia o curto prazo. Por exemplo,
um maior nível de receitas aceita maiores gastos.

3. Tipo misto - Permite variações dependendo do nível de


tolerância de cada faixa de oscilação.

De acordo com Frezatti (2005), os elementos que caracte­


rizam o controle orçamentário, assim como as demonstra­
ções contábeis, levam em conta acom panhamento dos ele­
mentos da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE),
da Dem onstração do Fluxo de Caixa (DFC), do Balanço
Patrimonial (BP) e dos indicadores financeiros.
Síntese
O orçamento empresarial consiste em um instrum ento de
programação que define um caminho a ser percorrido pela
empresa, contém metas a serem atingidas e delineia os planos
empresariais em termos financeiros, relacionando seus fluxos
de ingressos e as saídas de recursos.

Esse processo tem a finalidade de coordenar os objetivos de


todas as áreas da empresa, para que todos trabalhem siner-
gicamente no cumprimento dos propósitos gerais da organi­
zação. Para isso, o orçamento envolve as fases de estabeleci­
mento de metas e de execução dos planos a fim de atingi-las,
e, ainda, de comparação periódica dos resultados obtidos com
os planejados.

Vimos também que a etapa financeira objetiva transformar


em linguagem monetária as decisões dos planos estratégicos
e operacionais estabelecidos pela empresa. Nessa fase, relacio­
namos o fluxo de entradas de recursos decorrente das vendas
previstas ao fluxo de saída de recursos em virtude dos gas­
tos programados. Sendo assim, a etapa financeira envolve a
estimação do preço de venda, dos custos dos produtos, das
despesas operacionais e de comercialização, as demonstrações
contábeis projetadas e os indicadores financeiros.

Questões para revisão

í. Qual é a finalidade do orçamento empresarial?

2. Na elaboração dos orçamentos, duas etapas devem ser


consideradas além das diretrizes estratégicas da empresa:
a operacional e a financeira. Indique a diferença entre elas.

3. Quanto ao orçamento, é correto afirmar que:


i. seu objetivo é comunicar as metas e os planos da
administração a todos os envolvidos, possibilitando a
integração entre todas as unidades e todos os níveis
hierárquicos da empresa.
u. seu objetivo é alocar os recursos às diversas unidades
de utilização de forma mais eficiente.
ui. seu objetivo é traçar um plano futuro para a
organização com base nos planos de cada unidade.
iv. seu objetivo é efetuar um racionamento de gastos por
meio da análise de custos.
Assinale a alternativa correta:
a) Apenas a afirmativa 1 está correta.
b) Apenas a afirmativa III está correta.
c) Apenas as afirmativas II e III estão corretas.
d) Apenas as afirmativas III e IV estão corretas.

Analise as alternativas a seguir a respeito do orçamento:

i. É um instrumento estratégico utilizado somente por


empresas de grande porte.
ii. É um instrumento sem aplicação prática, tendo
em vista que é construído com base em projeções,
estimativas e julgamentos.
ui. Não exige uma revisão periódica, uma vez que não
possui flexibilidade, mesmo que seja identificado um
planejamento equivocado anterior mente.
iv. Deve conter os fluxos de entradas c saídas de recursos
considerando as metas a serem atingidas por diversas
unidades.
E correto afirmar que:
a) apenas a afirmativa I está correta.
b) apenas a afirmativa 111 está correta.
c) apenas a afirmativa IV está correta.
d) apenas as afirmativas II e III estão corretas.
5- O orçamento empresarial retrata os planos operacionais e
financeiros da empresa:

i. O plano operacional tem como finalidade estabelecer


os objetivos estratégicos da organização.
ii. O plano financeiro relaciona os fluxos de entradas
e saídas de recursos consubstanciados no que foi
estabelecido no plano operacional.
ui. As demonstrações projetadas fazem parte do plano
estratégico da empresa, mas não são consequência
dos planos estratégicos e operacionais.
iv. Para elaborar os planos operacional e financeiro da
empresa, não é necessário conhecer os custos da
empresa e seu comportamento nos diversos níveis de
produção e venda.
É correto afirmar que:
a) apenas as afirmativas II e III estão corretas.
b) apenas a afirmativa I está correta.
c) apenas as afirmativas I e IV estão corretas.
d) apenas a afirmativa II está correta.

Questão para reflexão


Qual é o papel do orçamento empresarial no gerenciamento
das organizações?

Saiba mais
Indicamos os textos a seguir como complemento para seus
estudos. A leitura deles lhe propiciará maior conhecimento
sobre orçamento empresarial e sua importância para o geren­
ciamento das organizações.
C a s t a n h e ir a , D. R. F. O uso do orçamento empresarial
como ferramenta de apoio à tomada de decisão e ao controle
gerencial em indústrias farmacêuticas de médio porte. 111 f.
Dissertação (Mestrado em Administração) - Universidade de
São Paulo, São Paulo, 2008. Disponível em: <http://www.teses.
usp.br/teses/d isponiveis/i 2/12139/tde-i 1122008- i6584.php>.
Acesso em: 28 jan. 2013.

L e it e , R. M. Orçamento empresarial: um estudo explora­


tório cm indústrias do Estado do Paraná. 238 f. Dissertação
(Mestrado em Contabilidade) - Universidade Federal do Paraná,
Curitiba, 2008. Disponível em: <http://www.ppgcontabilidade.
ufpr.br/system/files/documentos/Dissertacoes/D012.pdf>.
Acesso em: 28 jan. 2013.
Alguns trechos deste capitulo foram extraídos e adaptados de Corbari e Macedo (20x2).

K
V
Conteúdos do capítulo:

• Orçamento operacional.
• Orçamento de investimento.
• Orçamento de financiamento.

Após o estudo deste capítulo, você será capaz de:

1. entender o que são os orçamentos operacional, de


investimento e de financiamento;
2. elaborar o orçamento operacional, que inclui o orçamento
de vendas, de produção, de compras de materiais, de
despesas administrativas e de vendas;
3. preparar um orçamento de investimento relacionado à
aquisição de investimentos, imobilizados e intangíveis;
4. projetar um orçamento de financiamento, incluindo as
amortizações e as despesas financeiras.
omo vimos no Capítulo 3, o orçamento empresarial obje­
tiva identificar os componentes do planejamento financeiro
por meio de um sistema orçamentário, entendido como um
plano que abrange todo o conjunto das operações anuais de
uma empresa mediante a formalização do desempenho dessas
funções administrativas gerais.

Neste capítulo, aprofundaremos essas questões, observando


como os orçamentos operacional, de investimento e de finan­
ciamento se relacionam na composição do plano orçamentário.
4-1 O plano orçamentário
Os planejamentos detalhados das operações das atividades da
empresa - suportados por um criterioso orçamento empresa­
rial -constituem uma ferramenta importante para direcionar
os rumos das organizações. O produto final obtido por essa
técnica consiste cm um plano que busca definir a previsão
dos resultados operacionais esperados para o período orçado,
diagnosticando, inclusive, os problemas decorrentes de algu­
mas decisões.

Nesse contexto, para alcançar as metas da organização, é


imprescindível um planejamento criterioso de todas as ações
que resultarão em receitas e gastos futuros, visto que um orça­
mento traça um curso para a empresa, delineando seus planos
em lermos financeiros.

Retomando o que foi apresentado no capítulo anterior, um


orçamento envolve três fases:

Figura 4.1 - Fases do orçamento

Comparação
0 estabelecimento periódica dos
de metas resultados efetivos
especificas com as metas

suas metas

A s fases indicadas na Figura 4.1 correspondem às funções


adm inistrativas de planejamento, direção e controle, aborda­
das anteriormente. Relembrando: o planejamento tem como
objetivo estabelecer metas específicas para futuras operações.
Por sua vez, as ações executadas para atingir as metas fazem
parte da direção. Já o controle visa comparar os resultados
reais com as metas estabelecidas.

De acordo com VVarren, Reeve e Fess (2008, p. 183), um orça­


mento é elaborado, normalmente, para o período de um ano e
vinculado ao ano fiscal de uma entidade, sendo ainda estrutu­
rado com base em dados históricos das operações econômicas
e financeiras. Os orçamentos anuais podem ser subdivididos
em períodos menores, como semanas, meses ou trimestres,
a critério do administrador.

Um plano orçamentário contempla três grandes segmentos:

1. Orçamento operacional.

2. Orçamento de investimento.

3. Orçamento de financiamento.

Compreenda, a seguir, no que consiste cada um dos segmen­


tos do orçamento.

4.2 Orçamento operacional


O orçamento operacional contém a maior parte das peças orça­
mentárias, pois engloba todos os orçamentos específicos que
atingem a estrutura hierárquica da empresa, como as áreas
administrativas, comercial e de produção (Padoveze, 2012).

De acordo com Padoveze (2012), o orçamento operacional


compreende as seguintes peças orçamentárias:

• Orçamento de vendas.

• Orçamento de produção.

• Orçamento de estoque e de custos do produto vendido.

• Orçamento das despesas administrativas e de vendas.

Observe na Figura 4.2 a seguir como esses componentes do


orçamento operacional se relacionam:
Figura 4.2 - Orçamento operacional

Fo n t e : Adaptado de Jiambalvo, 2002, p. 201.

Perceba que, como o orçamento operacional abrange as áreas


administrativas, comercial c de produção, ele tem como prin­
cipal objetivo a junção de todos os gastos e de todas as receitas
da empresa a fim de formar o lucro.

O orçamento operacional inicia-se com o orçamento de


venda seguido pelo orçamento de produção - composto pelos
orçamentos de compra de material, de mão de obra direta e
de custos indiretos de fabricação; a soma desses orçamentos
resultará nos custos do produto. Por fim, também integram o
orçamento operacional os orçamentos de despesas adm inis­
trativas e de vendas.

4.2.1 Orçamento de vendas

Para Wclsch (1983), o orçamento deve ser iniciado pelo plano


de vendas, visto que elas representam a fonte básica de entrada
de recursos monetários, além de que todos os demais planos
que exigirão desembolsos pela empresa dependem desse plano.
Com base no orçamento de vendas - o qual apresenta o mon­
tante de receitas que ingressarão na organização -, c possível
programar os investimentos adicionais em ativos imobiliza­
dos, o volume de despesas a ser planejado, as necessidades
de mão de obra, o nível de produção, entre outros aspectos
operacionais.

O orçamento de vendas consiste em um plano de vendas futu­


ras, cuja função principal é determinar o volume ou o nível de
atividades futuras da empresa c do qual depende todo o plane­
jamento empresarial (Welsch, 1983).

Para a previsão de vendas, muitas vezes são utilizados como


ponto de partida os dados do passado obtidos na contabilidade,
por exemplo: o nível histórico de vendas (valores nominais, em
reais), a sazonalidade do negócio e a representatividade dos
novos negócios ou produtos concretizados.

Os dados históricos são atualizados por fatores que podem


afetar as vendas futuras, como mercado consumidor, condições
econômicas gerais, ação dos concorrentes, planos de marketing
e de promoção de vendas, variáveis de produção, de mercado
fornecedor, de trabalho e de recursos financeiros.

VVarren, Reeve e Fess (2008, p. 197) expõem os seguintes


fatores que devem ser considerados no orçamento de vendas,
além dos dados históricos:

• ordens de vendas em carteiras ainda não atendidas;


• planejamento de promoção e propaganda;
• condições econômicas gerais e industriais esperadas;
• capacidade produtiva;
• política de projeção de preços; e
• descobertas de estudos de pesquisa de mercado.
As diversas variáveis que impactam um orçamento de ven­
das também devem ser levadas em consideração. Dessa forma,
não são previstas vendas superestimadas que, por consequên­
cia, geram previsões de entradas de caixa incorretas, influen­
ciando todos os demais orçamentos da empresa.

Segundo VVarren, Reeve e Fess (2008), o orçamento de ven­


das normalmente indica a quantidade estimada de vendas e
o preço de venda esperados para cada produto.

Exemplificaremos esse processo para que você possa com­


preender melhor como é construída a parte financeira de um
orçamento. Considere os dados fictícios de uma empresa fabri­
cante de produtos para parques infantis denominada Pipoca
Lida., os quais serão apresentados a seguir.

O primeiro passo no processo de orçamentação consiste em


projetar a quantidade a ser vendida e o preço médio esperado
de venda, passos que serão fundamentados por meio de uma
pesquisa de mercado. Nesse sentido, a empresa Pipoca Ltda.,
que atende apenas ao mercado interno, apresenta as seguintes
estimativas de quantidade e preços médios de vendas:

Tabela 4.1 - Vendas projetadas

Quantidade estimada Preço médio estimado


Produto
(em unidades) da unidade
Produto K 6.000 R$ 1.000,00
Produto L 3.000 R$ 800,00

Após obtida a estimativa do volume de venda, podemos


determ inar a receita de venda esperada ao m ultiplicar o
volum e de venda pelo preço unitário esperado, conforme
apresentado a seguir:
Tabela 4.2 - Orçamento de vendas

Pipoca Ltda.
Orçamento de vendas - exercício: 20XX
Unidades Preço unitário Receita
Produto
vendidas de vendas total
Produto K 6.000 Rs 1.000,00 R$ 6.000.000,00
Produto L 3.000 R$ 800,00 R$ 2.400.000,00
Total R$ 8.400.000,00

No decorrer da execução das atividades, a administração


pode, para fins de controle, comparar as vendas reais com as
orçadas. Havendo diferenças significativas, a empresa poderá
tomar m edidas corretivas cabíveis.

4.2.2 Orçamento de produção

De posse das estimativas das quantidades a serem vendidas por


produto, o orçamento de produção prevê então a quantidade que
precisa ser fabricada para atender às necessidades de vendas e,
ainda, manter um estoque final desejado.

Uma vez definida a quantidade a ser produzida, é possível


levantar o orçamento de compra de matéria-prima e mão de obra,
além dos custos indiretos de fabricação, dados que permitirão
uma estimativa do custo unitário por produto.

Para melhor compreensão, considere novamente a empresa


Pipoca Ltda. Ela não possui estoques iniciais e deseja produzir o
necessário para viabilizar as vendas e manter um estoque no final
do exercício nas quantidades apresentadas na Tabela 4.3 a seguir:

Tabela 4.3 - Quantidades projetadas

Quantidade Produto K Produto L


projeção de vendas 6.000 3.000
Projeção de estoque final 1.000 2.000
Projeção de estoque inicial - -
Para apurar o volum e orçado de produção, utilizam os a
seguinte formulação:

j unidades vendidas : : estoque final • estoque inicial •


esperadas desejado estimado

total de unidades a serem produzidas

Utilizando essa fórmula e as quantidades necessárias para


vendas e estoque final, o orçamento de produção da empresa
Pipoca Ltda. fica estruturado da seguinte forma:

Tabela 4.4 - Orçamento de produção

Pipoca Ltda.
Orçamento de produção
exercício: 20XX
Unidades
Produto K Produto L
Vendas esperadas 6.000 3.000
{+) Estoques finais desejados 1.000 2.000
Total 7.000 5.000
{-) Estoques iniciais estimados - -
Total 7.000 5.000

O orçamento de produção baseia-se em quantidade e não


em valores financeiros, pois visa apenas definir as quantidades
de material, mão de obra e custos indiretos de que necessitará.
Sendo assim, a valoração ocorrerá em seus respectivos planos.

Após essa etapa, o próximo passo é calcular a quantidade


de material direto, mão de obra direta e volum e de custos
fixos necessários para viabilizar a produção. Cada uma dessas
etapas constitui uma peça do orçamento de produção e será
tratada na sequência.
4-2.2.1 Orçamento de material direto

O material direto é formado pelas matérias-primas, pelas emba­


lagens e por outros materiais utilizados diretamente no pro­
cesso produtivo. Enquadra-se nessa categoria todo material
utilizado na fabricação do produto e que possui uma apro­
priação direta com este (Corbari; Macedo, 2012).

O orçamento de material direto visa programar a quantidade


e o valor do material a ser adquirido para a fabricação das
unidades estimadas.

Dancio continuidade ao orçamento cie produção, conside­


ramos que os dois produtos fabricados pela empresa Pipoca
Ltda. utilizam a quantidade de material indicada na Tabela 4.5
a seguir, bem como seus respectivos preços de compra.

Tabela 4.5 - Quantidades e preços de compra projetados

Preço no
Produto K Produto L
mercado
Ferro 25 20 R$ 8,50

Madeira (pilar) 0 1 RS 14,50

Parafusos 12 8 RS 5,00

Dobradiças 6 3 R$ 3,50

Considerando as quantidades de materiais, os preços de


compras projetadas e as quantidades apuradas no orçamento
de produção, o orçamento de material direto fica estruturado
conforme a Tabela 4.6:

Tabela 4.6 - Orçamento de material direto

Pipoca Ltda.
Orçamento custo direto
exercício: 20XX
Produto K Produto L
Quant. Custo Total Quant. Custo Total
Ferro 25 R$ 8,50 Rs 212,50 20 Rs 8,50 R$ 170,00
Madeira
0 Rs 14,50 - 1 Rs 14,50 Rs 14,50
(pilar)
(continua)
(Tabclu 4.6 - conclusão)

Pipoca Ltda.
Orçamento custo direto
exercício: 20XX
Produto K Produto L
Quant. Custo Total Quant. Custo Total
Parafusos 12 Rs 5.00 R$ 60,00 8 Rs 5,00 Rs 40,00
Dobradiças 6 Rí 3,50 Rs 21,00 3 Rs 3,50 R$ 10,50
Total R$ 293,50 RS 2 3 5 ,0 0
Quantidade
7.000 5.000
produzida
Subtotal R$ 2.054.500,00 R$ 1.175000,00
Total R$ 3.229.500,00

Tendo em vista que o material direto pode ser estocado,


a fórmula de apuração da quantidade de compra necessária
é a seguinte:

materiais necessários à produção + estoque final desejado


- estoque inicial estimado

materiais diretos a serem comprados

De acordo com Warren, Reeve e Fess (2008, p. 189), "o orça­


mento de [...] material direto auxilia a administração a man­
ter níveis de estoque dentro de limites razoáveis". Deve-se
considerar que pouco estoque de materiais pode prejudicar
o andamento da produção, porém altos estoques de material
representam dinheiro empatado em materiais que deixam de
fazer frente aos fluxos de caixa.

As compras, da mesma forma que as vendas, recebem


influências externas, como o nível dc preços decorrentes dos
ajustes de tabela dos fornecedorese a variação de volume, em
função de variação de volume de vendas físicas (unidades) e
de maior/menor estocagem.
Assim, o valor de compra constante no orçamento, por ser
uma estimativa futura, poderá oscilar quando forem efetiva­
mente adquiridos os materiais. Muitas vezes, as variações no
preço de compra podem ser previstas pelo empresário, porém
é difícil mensurar com antecedência determinadas situações.

4.2.2.2 Orçamento de mão de obra direta

São classificados como mão de obra direta os gastos com salários


do pessoal vinculado diretamente ao setor produtivo, desde
que seja possível atribuir o tempo despendido para cada uni­
dade produzida.

De acordo com Corbari e Macedo (2012), só são classificados


como mão de obra direta os gastos que permitem a identificação
de quem executou os produtos e, ainda, o tempo despendido
para a elaboração de cada unidade. Caso existam apropriações
indiretas ou rateios, a mão de obra deixa de ser direta c passa
a ser classificada como indireta.

O orçamento de mão de obra direta visa programar a quan­


tidade necessária de horas para atender à produção estimada
e seu respectivo valor.

Para fabricar os produtos que constam no orçamento de ven­


das da empresa Pipoca Ltda., considere que o produto passa
por dois departamentos: produção e qualidade. A quantidade
de horas utilizadas por cada produto por departamento e seus
respectivos custos por hora estão representados na Tabela 4.7
a seguir:

Tabela 4.7 - Horas por produto e valor hora projetados

Departamento de Departamento de
produção qualidade

Produto K 3 horas por unidade 03 hora por unidade


Produto L i hora por unidade 0,2 hora por unidade
Valor hora R$ 32,00 R$ 19,00
Considerando a quantidade de horas para produção de cada
unidade e, ainda, a quantidade total prevista no orçamento de
produção para a fabricação dos produtos, obtemos a seguinte
quantidade de horas necessárias para a produção de todas as
unidades:

Tabela 4.8 - Quantidade de horas total projetadas por


produto

Departamento de produção Departamento de qualidade


Horas Total Horas Total
Quantidade Quantidade
por de por de
produzida produzida
unidade horas unidade horas
Produto K 3 7.000 21.000 0,3 7.000 2.100
Produto L 1 5.000 5.000 0,2 5.000 1.000

Uma vez encontrada a quantidade de horas total por depar­


tamento a ser utilizada para a fabricação de cada produto e,
ainda, o valor da hora, a empresa Pipoca Ltda. obterá o seguinte
orçamento de mão de obra direta:

Tabela 4.9 - Orçamento de mão de obra direta

Pipoca Ltda.
Orçamento de mão de obra direta
Exercício: 20xx
Produto K Produto L

Horas Custo Horas Custo


Custo total Custo total
necessárias hora necessárias hora

Depto. de
21.000 Rs 32,00 R$ 672.000,00 5.000 R$ 32,00 R$ 160.000,00
produção

Depto. de
2.100 R$ 19,00 R$ 39.900,00 1.000 R$ 19,00 R$ 19.000,00
qualidade
Subtotal R$ 711.900,00 R$ 179.000,00
Total R$ 890.900,00

A construção do orçamento da mão de obra por produto con­


sidera o custo total de mão de obra utilizada nos dois departa­
mentos. Já o orçamento total considera a soma da mão de obra
total por produto.
Como você pode observar, a elaboração do orçamento de
mão de obra direta é importante, pois permite programar a
quantidade necessária de horas para atender à produção e
estimar o seu impacto no Fluxo de Caixa.

4.2.2.3 Orçamento de custos indiretos de fabricação

O Custo Indireto de Fabricação (CIF) caracteriza-se por todos os


gastos identificados com a função de produção, porém não
estão apropriados diretamente ao produto, mas sim por meio
de estimativas de consumos.

Diversos gastos são classificados nesse grupo, entre eles a


depreciação dos equipamentos, a energia elétrica, a segurança,
entre outros gastos consumidos de forma indireta.

Por constituírem custos de produção, ou seja, serem gastos


ligados à fabricação do produto, mesmo que os CIFs não per­
mitam uma medida efetiva de consumo por unidades, não
devem ser desconsiderados em um processo de orçamentação,
principalmente porque eles constituem cada vez mais o maior
montante de gastos da empresa.

ü s CIFs estimados para o volume de produção programado


constam no orçamento do custo indireto de fabricação. Os CIFs
da empresa Pipoca Ltda. constam na Tabela 4.10 a seguir:

Tabela 4.10 - Orçamento de custo indireto de fabricação (CIF)

Pipoca Ltda.
Orçamento de custo indireto de fabricação
exercício: 2oXx
Salários indiretos de fábrica R$ 151.900,00
Energia elétrica R$ 66.200,00
Depreciação de fábrica e de equipamentos R$ 28.400,00
Materiais indiretos R$ 22.700,00
Manutenção R$ 15300,00
Seguro e imposto predial R$ 14.500,00
Total R$ 299 000,00

O s CIFs são divididos em fixos e variáveis. Os CIFs variá­


veis são aqueles que existem somente se houver a produção c,
sendo assim, podem ser controlados pelo gestor. Tendem a ficar
menores para cada unidade produzida quando são divididos
por um volume maior de unidades fabricadas, perm itindo
ganhos em escala.

Os CIFs fixos, por sua vez, existirão independentemente da


produção e do volume de produção que a empresa irá praticar,
bem como tendem a se manter constantes.

A separação dos custos em fixos e variáveis permite que o


gestor direcione sua atenção aos custos pelos quais é respon­
sável e possa avaliar desempenhos.

4.2.24 Orçamento de Custo dos Produtos Vendidos (CPV) e


de estoque final

O Custo dos Produtos Vendidos (CPV), como o próprio nome


indica, diz respeito ao valor gasto com a fabricação dos pro­
dutos que serão vendidos, incluindo o material direto, a mão
de obra direta e o CIF.

Para encontrar o CPV, precisamos conhecer o custo de pro­


dução. O material direto e a mão de obra direta são alocados
diretamente ao produto, sem necessidade de rateios. Os custos
indiretos, no entanto, são comuns aos dois produtos, sendo
necessários rateios para alocar a cada produto.

: Lembrando que os custos diretos são aqueles que permitem iden- :


: tificação com o produto, e os custos indiretos são aqueles que não :
: possuem uma medida de associação direta com os produtos e, :
• para serem alocados a estes, necessitam de rateios, estimativas j
• e aproximações (Corbari; Macedo, 2012). j

Tendo a quantidade estimada de produtos vendidos e o


custo unitário de cada unidade, é fácil montar o orçamento
total com custos indiretos de produção. Para encontrar o custo
unitário dos produtos fabricados pela empresa Pipoca Ltda.,
será necessário alocar o material e a mão de obra direta para as
linhas de produção dos produtos K e L. Porém, para a alocação
dos custos indiretos, é preciso utilizar rateios.

Arbitrariamente, optou-se por ratear os custos indiretos da


empresa Pipoca Ltda. aos produtos K e L na mesma propor­
ção do volume produzido das respectivas linhas de produto.
Nesse contexto, o produto que teve maior quantidade produ­
zida recebeu maior proporção de custos indiretos, conforme
apresentado a seguir:

Tabela 4.11 - Rateio dos custos indiretos

Quantidade Percentual Custos indiretos

Produto K 7.000 58,33% R$ 174.406,70

Produto L 5.000 41,67% Rs 124.593,30

Total 12.000 100% R$ 299 000,00

A Tabela 4.11 indica que 58,33% das quantidades produzi­


das foram do produto K, e 41,67% do produto L. Sendo assim,
aplica-se esse mesmo percentual de custos indiretos a cada
produto. O pressuposto é que a linha que produziu mais foi
responsável por maior parte dos custos indiretos de fabricação.

Considerando o orçamento do material direto de produção,


da mão de obra direta e dos custos indiretos de produção
(rateados aos produtos na mesma proporção das quantidades
produzidas), encontramos o custo total de produção para cada
produto. Com isso, para encontrar o custo unitário, é só dividir
o custo total pelas quantidades produzidas. O custo dos produtos
da empresa Pipoca Ltda. está apresentado a seguir:
Tabela 4.12 - Custo unitário projetado

Produto K Produto L Total


Material direto R$ 2.054500,00 Rs 1.175*000,00 R$ 3.229.500,00
Mão de obra direta R$ 711.900,00 RS 179.000,00 R$ 890.900,00
Custos indiretos de
RS 174.406,70 RS 124593,30 RS 299 000,00
fabricação
Total R$ 2.940.806,70 R$ 1.478.583,30 R$ 4.419*400,00
Quantidade 7.000 5.000
Custo unitário
R$ 420,11 R$ 295,71
(total/quantidade)

Uma vez conhecido o custo de produção, o CPV é fácil de


ser encontrado. Para isso, basta multiplicar as unidades a serem
vendidas pelo seu custo unitário de produção, conforme indicado
na Tabela 4.13 a seguir:

Tabela 4.13 - Orçamento de Custos dos Produtos Vendidos

Pipoca Ltda.
Orçamento de custos dos produtos vendidos (CPV)
exercício: 20XX
Quantidade
Custo unitário Custo total dos
projetada de
de produção produtos vendidos
vendas
Produto K 6.000 R$ 420,11 R$ 2.520.691,46
Produto L 3.000 RS 295,71 R$ 887.155.98
Total R$ 3.407.847,44

Imagine que parte da produção foi vendida e o restante


ficou em estoque. A quantidade em estoque multiplicada pelo
custo unitário de produção resulta no orçamento de estoque final,
apresentado a seguir:

Tabela 4.14 - Orçamento de estoque final

Pipoca Ltda.
Orçamento de estoque final
exercício: 20XX
Quantidade Custo total dos
Custo unitário
projetada de produtos em
de produção
estoque estoque
Produto K 1.000 R$ 420,11 R$ 420.115,24
Produto L 2.000 Rs 295,71 Rs 591.437,32
Total R$ 1.011.552,56
O orçamento de estoque final será considerado no Balanço
Patrim onial (BP) projetado. Já o orçam ento dos CIFs será
utilizado na projeção do Dem onstrativo do Resultado do
Exercício (DRE).

4.2.3 Orçamento das despesas

Como vimos anteriormente, despesas são os gastos incorridos


na manutenção da estrutura organizacional, ocorridos na ges­
tão da empresa e na comercialização do produto. As referentes
à comercialização do produto são classificadas como despesas
com vendas, e as voltadas para a gestão da empresa são chama­
das de despesas administrativas.

4.2.3.1 Orçamento das despesas com vendas

O orçamento das despesas com vendas refere-se a todos os


gastos que viabilizam as vendas da empresa, incluindo as
despesas com distribuição de amostras, propaganda, pro­
moções, comissões de vendas, fretes, além das despesas fixas
com salários dos vendedores, aluguel e energia do espaço,
treinamento, entre outras.

A seguir, observe o orçamento das despesas com vendas da


empresa Pipoca Ltda.

Tabela 4.15 - Orçamento de despesas com vendas

Pipoca Ltda.
Orçamento de despesas com vendas
exercício: 20XX
Despesas com salários de vendedores Rs 350.800,00
Despesas com propaganda R$ 180.200,00
Despesas com comissão R$ 100.000,00
Fretes sobre vendas R$ 50.000,00
Total R$ 681.000,00

As despesas com vendas são classificadas em fixas e variá­


veis, ou seja, há gastos que irão ocorrer independentemente da
venda ou não de produtos, como os salários dos vendedores
e outros que ocorrerão somente se houver a venda, como a
comissão de vendedores.

A segregação das despesas com vendas em fixas e variáveis


permite ao gestor conhecer o impacto no Fluxo de Caixa nos
diversos volumes de vendas. Em tese, quanto mais se vende,
mais despesas com comissão e fretes existirão e, sendo assim,
maior será o desembolso. Por outro lado, as quedas nas vendas
não representam menos gastos com salários dos vendedo­
res; assim, quando há queda nas vendas, deve-se considerar
que esses gastos existirão mesmo não havendo receitas para
saldá-los.

4.2.3_2 Orçamento das despesas administrativas

O orçamento das despesas administrativas compreende as des­


pesas necessárias à organização e à operação das atividades
da empresa, incluindo os gastos com salários c encargos, trei­
namentos, viagens, consultorias etc., vinculados às ativida­
des de recursos humanos, informática, compras, financeiras,
controladoria, administração geral da empresa, entre outros.

A maioria das despesas são classificadas como fixas em rela­


ção ao nível de atividade da empresa, pois existirão indepen­
dentemente da produção e da venda. Assim, conhecer esses
gastos permite que o gestor fique atento para a queda das ven­
das, pois eles exigirão desembolsos. Esse orçamento permite,
ainda, que o gestor saiba o impacto dos gastos administrati­
vos em relação aos gastos totais e se deve ou não terceirizar
algum as atividades.

Veja, a seguir, o orçamento das despesas administrativas


da empresa Pipoca Ltda.:
Tabela 4.16 - Orçamento de despesas administrativas

Pipoca Ltda.
Orçamento de despesas administrativas
exercício: 20XX
Despesas com salários dos executivos R$60.800,00
Despesas com salários do pessoal administrativo R$ 190.000,00
Despesas com aluguel do escritório Rs 14500,00
Despesas com depreciação do escritório R$ 28.700,00
Despesas com suprimento do escritório R$ 12.000,00
Despesas diversas R$ 20.000,00
Total R$ 326.000,00

Como você pode notar, a contabilidade é relevante para a


elaboração do orçamento das despesas administrativas, assim
como as despesas com vendas e do custeio, pois apresenta
valores históricos relacionando o nível de operações com os
correspondentes desembolsos, por exemplo: tributos sobre
vendas, folha de pagamento, despesas gerais de produção, des­
pesas administrativas e de vendas, despesas financeiras etc.

: A contabilidade, como fornecedora de informações regulares :


: e acumuladas sobre desembolsos relativos a custos e despesas :
: operacionais, é uma grande fonte histórica de dados para a pro- \
• jeção orçamentária desses gastos. •

Com base no valor acumulado anual dos desembolsos, pode­


mos prever a dinâmica futura dos gastos, incluindo:

• os efeitos da variação de preços sobre produtos e serviços


consumidos na atividade operacional;

• as eventuais variações físicas ou quantitativas do consumo,


relacionadas à expansão ou à redução de negócios; e

• subsídios para despesas novas que serão exigidas em


função de novos produtos ou serviços a serem lançados.

Por fim, resta ainda atentar para novas despesas. Elas não
surgem somente com a expansão dos negócios. Boa parte dos
novos custos e das despesas empresariais relaciona-se com a
obrigatoriedade de atendimento de legislação, a reestruturação
operacional, a modernização ou outros itens que não implicam,
necessariamente, novos negócios ou receitas.

O orçamento operacional influenciará diretam ente as


seguintes demonstrações projetadas: BP, DRF. e Demonstração
do Fluxo de Caixa (DFC).

4.3 Orçamento de investimentos e


financiamentos
Além do orçamento operacional, há ainda mais dois orçamen­
tos: o de investimento (aquisição de investimentos, imobilizados
e intangíveis) e o de financiamento, conforme podemos obser­
var na Figura 4.3, a seguir:

Figura 4.3 - Orçamentos operacional, de investimento e


de financiamento

ORÇAMENTO OPERACIONAL

ORÇAMENTO DE ORÇAMENTO DE
INVESTIMENTO FINANCIAMENTO

FoN it: Adaptado de Jiambalvo, 2002, p. 201.


O orçamento de investimento refere-se ao orçamento de aqui­
sição de bens de capital para que a empresa possa desenvolver
suas atividades operacionais - por isso ele está ligado dire­
tamente ao orçamento operacional. Está ligado, também, ao
orçamento de financiamento, pois os investimentos em ativos
fixos poderão necessitar de financiamentos externos.

O orçamento de financiamento diz respeito ao orçamento de


fontes de recursos externos de que a empresa necessitará para
que possa investir em bens de capital na atividade operacional,
e é por isso que ele está relacionado tanto ao orçamento de
investimento quanto ao orçamento operacional.

Os orçamentos de investimento e de financiamento têm por


objetivo fazer a orçamentação dos componentes do BP e da
DRE que não foram contemplados no orçamento operacional.

4.3.1 Orçamento de investimento

O orçamento de investimento, também chamado de orçamento


de capital, objetiva estimar os investimentos necessários para

caráter de melhoria ou reposição da capacidade produtiva ou de prestação de serviço.


dar suporte a projetos de investimentos em novos produtos,
Imobilizado são maquinas, veículos, construções, modificações c transformações cm
plantas industriais e canais de distribuição, além cios inves­
timentos em compras de equipam entos e cm reformas nas
instalações físicas.

De acordo com Sanvicente e Santos (1995), apenas as des­


pesas decorrentes da aquisição com características de im o­
bilizados1 são consideradas no orçamento de capital. Já para
Padoveze (2009), os investimentos em outras empresas também
integram o orçamento de investimento. Segundo o autor, os
itens que compõem o orçamento de investimentos são:

• a aquisição de investimentos em outras empresas;

• as vendas de investimentos em outras empresas;

• a aquisição de imobilizados;

• as vendas de imobilizados;
• os gastos geradores de intangíveis;

• a baixa de ativos intangíveis; e

• a depreciação, a exaustão e a am ortização das novas


aquisições c baixas.

A empresa Pipoca Ltda. considerou que, para conseguir


produzir as quantidades projetadas para venda, será neces­
sário fazer um investimento em equipamentos de produção
no valor de RS 50.000,00.

Com base nessa informação, o orçamento de capital da


empresa Pipoca Ltda. é o seguinte:

Tabela 4.17 - Orçamento de investimento

Pipoca Ltda.
Orçamento de capital
exercício: 20XX
Aquisição de equipamentos para produção R$ 50.000,00
Total R$ 50.000,00

A expectativa da empresa é de que a aquisição dos equipa­


mentos não seja financiada com fundos externos (empréstimos
e financiamento), mas sim com as sobras de caixa do exercício.
Sendo assim, o orçamento de capital da empresa não influen­
ciará o orçamento de financiamento.

O orçamento de investimento visa subsidiar a estruturação


do orçamento de caixa, além de auxiliar na estruturação do
orçamento de financiamento quando a empresa deseja buscar
fundos externos para financiar o seu investimento.

Esse orçamento influencia diretamente as demonstrações


projetadas, mais especificamente no BP e na DEC projetados.

4.3.2 Orçamento de financiamento

O orçamento de financiamento, segundo Padoveze (2009), obje­


tiva prever tudo o que for relacionado a obtenção de fundos,
gastos para manutenção destes e pagam entos previstos.
Dc acordo com o autor, devem compor o orçamento de finan­
ciamento os seguintes itens:

• Novos financiamentos ou fontes de fundos, suas despe­


sas financeiras e desembolsos.

• Despesas financeiras e desembolsos dos financiamentos


já existentes.

• Outras despesas financeiras, como as bancárias ou aque­


las necessárias às atividades normais.

• Receitas financeiras decorrentes da aplicação do exce­


dente de caixa.

Tendo em vista que a obtenção de fundos externos exigirá


que a empresa devolva o principal e ainda pague uma remu­
neração pelo período em que ficou com dinheiro em seu poder,
o gestor deverá prever, além das saídas de caixa pela devolução
dos recursos emprestados, as despesas financeiras e bancárias.

Padoveze (2009) também expõe que a obtenção dos novos


fundos, fundamentalmente, deveria estar ligada às necessida­
des de investimentos em ativos fixos. Porém, outras necessida­
des de fundos podem ocorrer, por exemplo: fundos para prover
necessidades dc aumento dc capital dc giro; programas estra­
tégicos de propaganda; instalações ou atualizações dos canais
de distribuição; atualização de sistemas de informações; proje­
tos organizacionais de reestruturação; fusões; reestruturação
do perfil das dívidas; e reformulação da estrutura de capital.

Considerando os conceitos descritos, o orçam ento da


empresa Pipoca Ltda. está apresentado a seguir, considerando
que a empresa buscou empréstimos bancários no valor dc R$
150.000,00 - que serão pagos nos três primeiros meses do exer­
cício seguinte e gerarão, no tempo que ficar com os recursos
de terceiros, encargos financeiros de R$ 35.000,00 e despesas
bancárias de R$ 7.000,00.
Tabela 4.18 - Orçamento das despesas financeiras

Pipoca Ltda.
Orçamento das despesas financeiras
exercício: 20XX
Empréstimos Financiamento
Encargos
bancários externo
Encargos financeiros
R$ 35.000,00
sobre empréstimos R$ 150.000,00
R$ 7.000,00
Despesas bancárias

Total R$ 42.000,00

Em geral, há uma grande dificuldade de prever, com ante­


cedência, quais os custos financeiros que incorrerão nas ativi­
dades. Para viabilizar lai programação, os gestores buscam as
informações sobre os gastos dessa natureza incorridos no pas­
sado. Como já destacamos, os dados passados são obtidos junto
à contabilidade e servem para ajudar nas projeções futuras.

As despesas financeiras, apesar de difíceis de prever, não


devem ser desconsideradas no planejamento futuro, pois
podem apresentar reflexos significativos no Fluxo de Caixa.
Para que possam os obter um cálculo mais aproximado do
montante das despesas financeiras, devemos projetar a DEC,
visando identificar necessidades de financiamentos e emprés­
timos de capital de giro e investimentos fixos (imobilizados).

Além das despesas financeiras, poderão existir receitas


financeiras, resultantes da aplicação das disponibilidades
momentâneas de caixa. A empresa Pipoca Ltda. investirá os
recursos no mercado financeiro e, com isso, obterá R$ 12.000,00
de rendimentos em aplicação financeira. Com essa informação,
o orçamento das receitas financeiras da empresa fica estruturado
da seguinte forma:

Tabela 4.19 - Orçamento das receitas financeiras

Pipoca Ltda.
Orçamento das receitas financeiras
exercício: 20XX
Aplicação financeira R$ 12.000,00
Total R$ 12.000,00
As receitas financeiras devem compor o orçamento da empresa,
pois representarão fluxos de caixa positivos, impactando nos
seguintes demonstrativos financeiros: BP, DRE e DFC projetados.

Para que possamos obter um cálculo mais aproximado do


montante das receitas financeiras decorrente da aplicação das
disponibilidades de caixa, devemos projetar a DFC a fim de
verificar as sobras de caixa que poderão investidas, mesmo que
momentaneamente.

44 Orçamento geral
O orçamento geral apresenta de forma sintetizada os orça­
mentos anteriores (operacional, de investimento e de financia­
mento) e serve como base para gerar a DRE projetada.

Observe, a seguir, o orçamento geral da empresa Pipoca Ltda.:

Tabela 4.20 - Orçamento geral

Pipoca Ltda.
Orçamento geral
exercício: 20XX
Orçamento Operacional
Orçamento de Vendas R$ 8.400.000,00
Orçamento de Custos de Produção R$ 4.419.400,00
Orçamento de Material Direto R$ 3.229.500,00
Orçamento de Mão de Obra Direta R$ 890.900,00
Orçamento de Custos Indiretos de
Rs 299.000,00
Fabricação
Orçamento das Despesas com Vendas Rs 681.000,00
Orçamento das Despesas
Rs 326.000,00
Administrativas
Total R$ 2 .9 7 3 *6 0 0 , 0 0
Orçamento de Investimento
Aquisição de Equipamentos para R$ 50.000,00
Produção
Total R$ 50.000,00
Orçamento de Financiamento
Despesas Financeiras R$ 42.000,00
Receitas Financeiras Rs 12.000,00
Total R$ 30.000,00
Superávit R$ 2 .8 9 3 *6 0 0 , 0 0
Embora o orçamento de capital não influencie a DRE proje­
tada, ele interfere no BP e na DFC projetados, pois representa,
no primeiro momento, um passivo e, no segundo momento,
desembolsos futuros.

Síntese
O orçamento é elaborado considerando três atividades dis­
tintas: orçamento operacional, orçamento de investimento e
orçamento de financiamento.

O orçamento operacional está relacionado às operações da


empresa e abrange as áreas administrativa, comercial e de
produção de uma organização. Tem como objetivo confron­
tar as receitas decorrentes da operação da empresa com seus
respectivos gastos, a fim de verificar qual é o lucro resultante
da missão institucional.

A primeira peça orçamentária que deve ser elaborada é o


orçamento de vendas, que deverá conter, entre outras informa­
ções, a quantidade a ser vendida e o preço médio esperado na
venda. A segunda peça que compõe o orçamento operacional
é o orçamento de produção, que objetiva, além de prever os
gastos necessários para atender às vendas esperadas, manter
um estoque desejado, incluindo os custos com material direto,
mão de obra direta e CIFs. Outra peça que faz parte desse
orçamento são as despesas administrativas e de vendas - os
gastos necessários para a gestão do negócio e a comercializa­
ção do produto.

O orçamento de investimento compreende todas as entra­


das e as saídas de recursos decorrentes de aquisição e venda
de investimentos, im obilizados e intangíveis. Por estar rela­
cionado aos ativos fixos da empresa, também é conhecido
como orçamento de capital. Quando a empresa busca fundos
para financiar seus investimentos, esse orçamento subsidia
a estruturação do orçamento de financiamento. Este, como o
próprio nome indica, está relacionado à obtenção de fundos
para financiar a aquisição de ativos fixos ou a própria manuten­
ção das atividades operacionais da entidade. Esse orçamento
abrange tanto os fluxos de entradas dos empréstimos e finan­
ciamentos quanto os custos com a sua manutenção.

Questões para revisão

1. Qual a diferença entre os orçamentos operacional, de inves­


timento e de financiamento?

2. Como é composto o orçamento operacional?

3. O orçamento operacional é um plano no qual são fixadas


melas específicas das atividades operacionais da empresa
e que resulta na elaboração das seguintes peças:

I. Orçamento de vendas, orçamento de custos e


orçamento de ciespesas (administrativas e de vendas).
II. Orçamento de caixa e Balanço Patrimonial projetado,
ui. Orçamento operacional, orçamento de investimento c
orçamento de financiamento,
iv. Orçamento de receita e despesas e Demonstração do
Fluxo de Caixa projetado.
/

E correto afirmar que:


a) apenas a afirmativa 1 está correta.
b) apenas as afirmativas 1 e 111 estão corretas.
c) apenas as afirmativas 11 e iv estão corretas.
d) apenas a afirmativa ui está correta.

4. Quanto ao orçamento de investimento:

I. Resulta das peças de orçamento de vendas, dos custos


e das despesas.
II. Corresponde às entradas e às saídas decorrentes
das atividades operacionais que permitem apurar
os déficits ou superávits, a fim de obter fundos para
financiar as atividades.
m. Abarca as despesas e as receitas financeiras
decorrentes de financiamentos dos ativos fixos.
iv. Abrange todos os investimentos feitos na empresa
em equipamentos, novas plantas industriais, novos
canais de distribuição e novos produtos.
Em relação às afirmativas anteriores, é correto afirmar que:
a) apenas as afirmativas i e n estão corretas.
b) apenas as afirmativas n e iv estão corretas.
c) apenas a afirmativa m está correta.
d) apenas a afirmativa iv está correta.

5. Quanto ao orçamento de financiamento:

i. D iz respeito aos investimentos a serem feitos na


empresa em função da ampliação ou da melhoria da
capacidade produtiva.
ii. Corresponde às entradas decorrentes da obtenção de
empréstimos ou financiamentos e seus respectivos
custos de manutenção.
ui. Abrange as despesas financeiras decorrentes de
empréstimos e as receitas financeiras.
iv. Não inclui os fundos obtidos para financiar a
atividade operacional da empresa.
Em relação às afirmativas anteriores, é correto afirmar que:
a) apenas as afirmativas 11 e 111 estão corretas.
b) apenas a afirmativa 1 está correta.
c) apenas as afirmativas 1 e iv estão corretas.
d) todas as afirmativas estão corretas.

Questão para reflexão


Um orçamento mal projetado pode apresentar dificuldades no
momento da sua execução? Se sim, quais?
Saiba m ais

Indicamos estes textos como complemento para seus estu­


dos. A leitura deles lhe propiciará maior conhecimento sobre
a estrutura do orçamento empresarial e sua utilização na prá­
tica empresarial.

S im a s , F. K.; C o sta, A. M.; M o r it z , G. de O. Um estudo sobre


a organização e o desenvolvimento do processo orçamentário
em empresas de tecnologia de Florianópolis. Revista de Ciências
da Administração, Florianópolis, v. 10, n. 21, p. 197-219, maio/
ago. 2008. Disponível em: <https://periodicos.ufsc.br/index.php/
adm/article/vievv/2i75-8o69.20o8vion2ipi97/i267i>. Acesso em:
5 set. 2013.

N a s c im e n t o , A. R. do. Avaliação do orçamento como instru­


mento de controle de gestão: um estudo de caso em uma indús­
tria de fertilizantes. In: S im p ó s i o de E n g e n h a r ia d e P r o d u ç ã o .

12., 2006, Bauru. Anais... Bauru. Simpep, 2006. Disponível em:


<http://antigo.feb.unesp.br/dep/simpep/anais/anais_13/arti-
gos/i246.pdf>. Acesso em: 27 jan. 2013.
i Alguns trechos deste capitulo foram extraídos e adaptados de CJorbari e Macedo (2012)
Conteúdos do capítulo:

• Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) projetada.


• Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) projetada.
• Balanço Patrimonial (BP) projetado.

Após o estudo deste capítulo, você será capaz de:

1. entender como se constrói a Demonstração do Resultado


do Exercício (DRE) projetada;
2. projetar um Fluxo de Caixa com base nos orçamentos de
receitas, despesas, custos e investimentos;
3. estruturar o Balanço Patrimonial (BP) projetado.
€ c o n f o r m e apresentado no Capítulo 3, o objetivo das
demonstrações contábeis é, além de fornecer informações
úteis a um grande número de usuários em suas avaliações e
tomadas de decisão económica sobre as posições patrimonial e
financeira da empresa, apresentar os resultados da atuação da
administração na gestão da entidade, bem como sua capacita­
ção na prestação de contas quanto aos recursos que lhe foram
confiados (CPC, 2013).

A projeção das demonstrações contábeis é feita com base nos


orçamentos operacional, de investimento e de financiamento,
trabalhados no capítulo anterior. De posse dessas inform a­
ções, neste capítulo abordaremos os demonstrativos contábeis
projetados, resultantes das informações contidas no processo
orçamentário.
5-i Demonstrativos contábeis
Para Iudíeibus e Marion (2007), os demonstrativos contábeis
são gerados pela contabilidade após efetuada a escrituração
contábil e representam a posição patrimonial e financeira da
entidade em dado momento.

Como você pode perceber, as demonstrações contábeis são


peças importantes para a tomada de decisão dos gestores das
entidades, visto que servem como elemento de orientação para
os usuários das informações contábeis tomarem suas decisões.

E quem são esses usuários?

São pessoas físicas ou jurídicas que utilizam, direta ou indi­


retamente, as informações fornecidas pela contabilidade, a fim
de estar em condições de tomar determinadas decisões econô­
micas, como manter ou vender seus investimentos na entidade
e reeleger ou substituir a administração vigente.

As demonstrações projetadas fornecem ao gestor uma visão


antecipada dos resultados financeiros decorrentes das estraté­
gias traçadas e permitem que ele avalie como será o futuro da
empresa conforme a ação a ser tomada. Por meio das simula­
ções, várias alternativas podem ser verificadas até se chegar
ao melhor cenário.

Para Fomm (2004, citado por Bernardinelli et al., 2007, p. 7),


a simulação dos demonstrativos objetiva:
possibilitar aos usuários a visualização dos inter-relacionamen-
tos das ações passíveis de serem tomadas, bem como permitir
o aprimoramento do processo decisório por meio da avaliação
e quantificação dos impactos das principais decisões empre­
sariais. (...] A simulação busca estabelecer um conjunto de pro­
cessos para maximizar desempenho e minimizar falhas no
cenário futuro.
Schubert (2005) corrobora, ao afirmar que as previsões orça­
mentárias permitem que a empresa examine exaustivamente
todas as variáveis que poderão ocorrer, porém não eliminam
a possibilidade da existência de imprevistos - os quais não
podem ser confundidos com falta de planejamento. Essas simu­
lações, conforme aponta Fomm (2004, citado por Bernardinelli,
2007), auxiliam na redução de decisões meramente intuitivas.

Com entam os, no Capítulo 4, que o plano orçamentário


contempla três grandes segmentos: 1) o orçamento operacio­
nal; 2) os orçamentos de investimento e financiamento; e 3) os
demonstrativos contábeis projetados.

A Figura 5.1 ilustra a inter-relação desses segmentos:

Figura 5.1 - Plano orçamentário e seus segmentos

Fo.s rt: Adaptado de Jiambalvo, 2002, p. 201.


A s dem onstrações contábeis projetadas que integram
o planejam ento orçam entário são: a D em onstração do
Resultado do Exercício (DRE), o orçamento de caixa obtido
pela Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) e o Balanço
Patrimonial (BP). Analisaremos, a seguir, em que consiste cada
um desses processos.

5.1.1 Demonstração do Resultado do Exercício (DRE)


projetada

A DRE é um dos principais relatórios contábeis e tem caráter


obrigatório nos termos do art. 187 da Lei n. 6.404/1976 (Brasil,
1976) e do CPC 26 (Ri) (CPC, 2013). Essa demonstração mostra
o resultado da empresa após o encerramento de cada exercício
social, indicando o lucro ou o prejuízo obtido.

Figura 5.2 - Elementos que compõem a Demonstração do

r1
Resultado do Exercício (DRE)

rí 1 r 1
LÀ ;
L À
: usto s, LUCRO/
■iECEIT/•

L À
)ESPESA >REJUÍZ(>

A DRE evidencia a capacidade econômica que a entidade


possui de gerar e consum ir recursos na realização de suas
atividades. Sua apuração se dá pela confrontação das receitas
auferidas contra os custos e as despesas incorridos, conforme
ilustrado na Figura 5.3 a seguir:
Figura 5.3 - Representação gráfica da Demonstração do
Resultado do Exercício (DRE)

E
u

g.

-r
Observe que a DRE é separada em três grupos de receitas c
despesas: i) as ligadas à operação da empresa; 2) as decorren­ t-1
2
tes das atividades de financiamento da empresa; e, por fim, í

3) as advindas de outras atividades - geralmente da atividade


de investimento.

Para que você possa compreender melhor o que compõe


Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza.

essa demonstração, comentaremos um pouco o que representa


Imposto sobre Produtos Industrializados.

cada grupo dc contas:

• Receita Operacional Bruta (ROB) - São lançadas nessa conta 2


■ft
as receitas obtidas com a venda de produtos ou serviços |
(advindas das operações da empresa). Cl.
O
• Deduções - Registram-se nesse grupo as despesas rela­ |

cionadas a impostos sobre as vendas (ICMS2, ISS\ IPI4)


e devoluções ou abatimentos de mercadorias.
• Custo das Mercadorias Vendidas (CMV) ou Custo do Produto
Vendido (CPV) - Nessa conta, são lançados todos os gastos
obtidos com compra de mercadorias vendidas ou com
fabricação do produto.

• Despesas Operacionais - São lançados nessa conta os gas­


tos decorrentes do esforço para gerar vendas (despesas
com vendas) e para administrar o negócio, ou seja, gas­
tos não vinculados às atividades operacionais voltadas
para as vendas dos produtos c para a administração da
empresa.

• Receitas/Despesas Financeiras - Nessa conta, registram-se


os gastos vinculados às atividades de financiamento da
empresa, como despesas bancárias e juros sobre emprés­
timos. São lançadas, também, as receitas financeiras obti­
das das atividades de financiamento da empresa, como
os rendimentos advindos da aplicação financeira.

• Outras Receitas/Despesas - Registram-se nesse grupo as


despesas não relacionadas às atividades principais da
empresa, chamadas de despesas não operacionais, como a
perda com imobilizado e a venda de investimentos. São
lançadas, também, as receitas não operacionais voltadas
para as atividades de investimentos, como os ganhos com
as vendas de imobilizado e de investimentos.

• Impostos sobre o lucro - Registram-se nesse grupo as des­


pesas relacionadas a impostos (TR\ CSLL6) sobre o lucro
da empresa.
Contribuirão Souul sobre o Lucro Líquido.

Após deduzir todos os custos e as despesas da receita aufe­


rida pela empresa, obtemos o resultado da DRE, que poderá ser
de lucro ou prejuízo. Esse resultado representa a capacidade
de a empresa gerar e consumir recursos na realização de suas
Imposto du Renda.

atividades operacionais, de investimentos e de financiamentos.

Visto que o objetivo da DRE consiste em evidenciar os com­


'O ponentes utilizados pela entidade para a formação do resultado
em determinado exercício, a DRE projetada visa orçar o resul­
tado futuro considerando os orçamentos projetados.

Com o orçamento de vendas, os custos dos produtos ven­


didos (CPV), as despesas administrativas c de vendas combi­
nadas aos dados sobre lucro, outras despesas e IR, podemos
preparar a DRE projetada.

O Quadro 5.1 a seguir apresenta as contas da DRE projetada


e a base do plano orçamentário:

Quadro 5.1 - Demonstração do Resultado do Exercício


projetada e os segmentos do plano orçamentário

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO SEGMENTO DO PLANO


EXERCÍCIO ORÇAMENTÁRIO
Receita Operacional Bruta (ROB) Orçamento operacional
H Impostos sobre Vendas Orçamento operacional
(=) Receita Operacional Líquida (ROL) Orçamento operacional
(-) Custo dos Produtos Vendidos Orçamento operacional
(=) Lucro Operacional Bruto Orçamento operacional
(-) Despesas Operacionais
Despesas com Vendas Orçamento operacional
Despesas Administrativas Orçamento operacional
(+/-) Receitas/Despesas Financeiras
Receitas Financeiras de Aplicação Orçamento de caixa
Outras Receitas Financeiras Orçamento de financiamento
Despesas Financeiras Orçamento de financiamento
Equivalência Patrimonial Orçamento de caixa
(=) Resultado Operacional Orçamento operacional
(+/-) Outras Receitas/Despesas Orçamento de investimento
Valor da Venda do Imobilizado Orçamento de investimento
(-) Valor da Baixa do Imobilizado Orçamento de investimento
(=) Lucro Antes dos Impostos
(-) Impostos sobre o Lucro Orçamento de caixa
(=) Lucro Depois dos Impostos
(-) Dividendos Propostos Orçamento de caixa
(=) Lucro do Período

Fo\ t e : Adaptado de Padoveze, 2012, p. 263-264.

Observe que o orçamento operacional é o responsável pela


maior parte de seus elementos - vai da Receita Operacional
Bruta (ROB) até o Lucro Operacional Bruto. O orçamento de
investimento é responsável apenas pelas contas do grupo e
Outras Receitas/Despesas. Já o orçamento de financiamento
inclui o orçamento das despesas financeiras e das receitas
financeiras que não estão vinculadas às aplicações financeiras.
Os demais itens são obtidos pelo orçamento de caixa, o qual
se refere às projeções auferidas dos demonstrativos contábeis,
método mais prático de projetar esses dados.

O objetivo é que essa projeção do resultado operacional permita :


a análise da rentabilidade definida no planejamento estratégico, :
das receitas de vendas, do montante dos custos de produção e :
das despesas. •

A Tabela 5.1 a seguir apresenta a DRE projetada da empresa


Pipoca Ltda., tendo como base os orçamentos operacionais, de
investimentos, de financiamento c de caixa:

Tabela 5.1 - Demonstração do Resultado do Exercício


projetada

Pipoca Ltda.
Demonstração projetada de resultado
exercício: 20X X
Receita Operacional Bruta (ROB) R$ 8.400.000,00
Receita de Vendas Rs 8.400.000,00 — ► °r ç amento
H Deduções R$1.512.000,00
(-) Impostos sobre Vendas Rs1.512.000,00 — ► Orçamento de caixa
(=) Lucro Operacional Bruto R$3.480.152,56
(-) Despesas Operacionais Rs 1.007.000,00-------► Orçamento
Despesas com Vendas R$ 681.000,00 operacional
Despesas Administrativas R$326.000,00
(+/-) Outras Receitas/Despesas R$ 30.000,00
Receita de Apliação Financeira R$ 12.000,00 » Orçamento de caixa
Despesas Bancárias e com Juros RS 42.000,00 » Orçamento de
Lucro Antes do IR e CSLL R$ 2.443.152,56 financiamento
(-) Impostos sobre o Lucro (33%) R$ 806.240.35
Lucro Líquido R$ 1.636.912,21------ ^ Orçamento
Orçamento de
de caixa
caixa
Observe que os dados utilizados para montar a DRE proje­
tada foram retirados dos orçamentos operacional, de caixa e
de financiamento (apresentados no capítulo anterior).

Segundo VVarrcn, Rccvc e Fess (2008), como a DRE proje­


tada resume as projeções de todos os orçamentos realizados,
é possível avaliar os efeitos de cada um destes sobre o lucro
anual. Isso permite a revisão dos planejamentos operacionais
pela gerência caso o lucro líquido do orçamento seja baixo.

5.1.2 Orçamento de caixa

O orçamento de caixa (equivalente à DFC), um dos elementos


mais importantes para a projeção do BP, mostra os recebimen­
tos (as entradas de caixa) e os pagamentos (as saídas de caixa)
esperados para um período (VVarrcn; Recvc; Fess, 2008).

Lunkes (2007) afirma que o orçamento de caixa tem como


objetivo garantir que a entidade tenha recursos financeiros
suficientes para atender às atividades projetadas nas demais
peças do orçamento.

As informações de orçamentos operacionais - administra­


tivos, de vendas, de compras de material direto e de despesas
de vendas - afetam o orçamento de caixa. Este também é afe­
tado pelo orçamento de investimento, que trata do dispêndio
de capital, e pelo orçamento de financiamento, que apresenta
os planos de financiamento da empresa.

A Tabela 5.2 a seguir apresenta o orçamento de caixa proje­


tado da empresa Pipoca Ltda., construído com base nos demais
orçamentos.
Tabela 5.2 - Orçamento de caixa

PIPOCA LTDA.
ORÇAMENTO DE CAIXA
EXERCÍCIO: 20XX
ENTRADAS R$ 8.562.000,00
(+) A vista R$ 3.522.000,00
Receita de Vendas à Vista
(40% das Vendas) Rs 3.360.000.00
Empréstimos Bancários Rs 150.000,00
Receita da Aplicação Financeira R$ 12.000,00
(+) A Prazo R$ 5.040.000,00
Receita de Vendas a Prazo
(60% das Vendas) R$ 5 040.000,00
(-) Saídas R$ 7 7 7 9 54 0,3

(-) Pagamento de Fornecedores R$ 3.264.200,00


Fornecedores de Matéria-Prima R$ 3.229.500,00
Fornecedores de Materiais
Indiretos R$ 22.700,00
Suprimentos de Escritório R$ 12.000,00
(-) Pagamento de Salários R$ 1.744400,00
Salários Máo de Obra Direta R$ 890.900,00
Salários Máo de Obra Indireta R$ 151.900,00
Salário de Pessoal de Vendas Rs 450.800,00
Salários de Pessoal Administrativo R$ 250.800,00

(-) Despesas Gerais R$ 402.700,00


Energia Elétrica R$ 66.200,00
Manutenção R$ 15.300,00
Seguro Predial Rs 14.500,00
Despesas com Propaganda R$ 180.200,00
Fretes sobre as Vendas R$ 50.000,00
Despesas com Aluguel Rs 14.500,00
Despesas Diversas R$ 20.000,00
Juros sobre Empréstimos R$ 35.000,00
Despesas Bancárias R$ 7.000,00

H Impostos R$ 2.318.240,35
Impostos sobre o Lucro Rs 1.512.000,00
Impostos sobre as Vendas Rs 806.240,35

(-) Investimentos R$ 50.000,00


Compra de Imobilizado R$ 50.000,00
SALDO EM CAIXA R$ 7 8 2 .4 5 9 ,6 5

Perceba que o orçamento de caixa apresentado considerou


apenas as entradas e as saídas decorrentes de receitas e des­
pesas das contas do exercício. Caso a empresa tivesse no BP
duplicatas a receber, as entradas deveriam compor o orçamento
de caixa, assim como o pagamento de passivos advindos do
exercício anterior.

A projeção da DFC, por confrontar as entradas de caixa com


as saídas previstas de caixa, permite apurar com antecedência
as sobras ou as insuficiências de caixa, facilitando o processo
decisório quanto à necessidade de aplicação ou captação de
recursos e à definição de ações com a finalidade de utilizar os
recursos financeiros de forma otimizada.

5.1.3 Balanço Patrimonial (BP) projetado

0 significado da expressão balanço corresponde ao da palavra


balança, objeto que, metaforicamente, representa o equilíbrio.
Adaptando esse conceito para a contabilidade, o BP indica o
equilíbrio entre as contas do Ativo, do Passivo e do Patrimômio
1 íquido (PI.), conforme é ilustrado na Figura 5.4 a seguir:

Figura 5.4 - Ilustração do Balanço Patrimonial

I Bens e direitos
II Obrigações com terceiros
III Patrimônio Líquido (PL):
Obrigações com os sócios

Temos, assim, uma balança em que, de um lado, estão os


ativos da empresa e, do outro, os passivos e o PL. O grupo do
Ativo é composto pelos bens e direitos, o do Passivo representa
as obrigações assumidas pela entidade com terceiros e o do PL
indica as obrigações assumidas pela entidade com proprietá­
rios, sócios ou acionistas.
Para que você possa compreender melhor esses conceitos,
a seguir comentaremos um pouco o que representam os com­
ponentes do BP:
• Bens - São as coisas úteis capazes de satisfazer as neces­
sidades das pessoas e das empresas. Os bens que têm
forma física e são palpáveis denominam-se bens tangíveis,
por exemplo: veículos, imóveis, móveis e equipamentos.
Os bens incorpóreos e não palpáveis são chamados de
bens intangíveis, por exemplo: softwares, marcas e patentes.

• Direito - Consiste no poder de exigir algum a coisa de


outro (bens ou dinheiro), por ser de sua propriedade.
O dinheiro depositado em uma agência bancária é um
direito, pois é um recurso da empresa em posse de ter­
ceiros.

• Obrigações - São dívidas que a empresa tem com outras


pessoas, físicas ou jurídicas. Dívidas são denominadas
obrigação exigível por serem um compromisso que será
reclamado por quem de direito - na data do vencimento,
serão exigidos seus pagamentos.

Mas como as contas estão organizadas no BP?

Os A tivos e Passivos devem ser classificados como, res­


pectivamente, circulante e não circulante. Essa segregação dos
elementos patrimoniais considera os atributos de conversibi­
lidade (capacidade de conversão em dinheiro) dos Ativos e de
exigibilidade (de pagamentos) dos Passivos.

A classificação do BP, conforme a Lei n. 6.404/1976, atua­


lizada pelas leis n. 11.638/2007 e n. 11.941/2009, é a seguinte:

Quadro 5.2 - Balanço Patrimonial (BP)

ATIVO PASSIVO
Ativo Circulante Passivo Circulante
Ativo Não Circulante Passivo Não Circulante
Realizável a Longo Prazo Patrimônio Líquido
Investimentos
Imobilizados
Intangíveis
As contas do Ativo apresentam-se organizadas de acordo
com o seu grau de liquidez - capacidade das contas em se
converterem mais rapidamente cm moeda tendo a seguinte
disposição:

Ativo Circulante - Classificam-se as contas disponíveis e rea­


lizáveis a curto prazo, as quais representam bens e direitos
conversíveis em moedas dentro do mesmo exercício social,
como os estoques e as contas a receber de clientes.

Ativo Não Circulante - Classificam-se nesse grupo todas as


contas que não foram classificadas no Ativo Circulante. Elas
são divididas cm:

• Realizável a Longo Prazo: Apresentam os direitos cuja con­


versão em moeda ultrapassa um exercício social, como
contas e empréstimos a receber em prazo superior a 12
meses.

• Investimentos: E classificada nessa conta a designação de


capital para fins de rendimentos, como investimentos em
outras empresas e em imóveis para locação.

• Imobilizados: Enquadram-se nesse grupo os bens e valo­


res perm anentes ligados à atividade operacional da
empresa, como maquinários, equipamentos e veículos
utilizados na operação da empresa.

• Intangíveis: Classificam-se nesse grupo bens e diretos


in ta n g ív e is da em presa, com o m arcas, patentes e
softwares.

As contas do Passivo, por sua vez, são organizadas de acordo


com o seu grau de exigibilidade, isto é, com o que será exigido
pelos credores, tendo a seguinte disposição:

Passivo Circulante - Classificam-se nesse grupo as contas que


representam obrigações com vencimentos a curto prazo (cm ate
12 meses), como fornecedores, salários a pagar e energia elétrica.
Passivo Não Circulante - Nesse grupo, são lançadas as con­
tas que representam obrigações com vencim entos a longo
prazo (superiores a um exercício social), como empréstimos
e financiamentos.

Patrimônio Líquido (PL) - Trata-se do grupo que representa


os valores do capital próprio da empresa, pois se refere ao
valor residual da diferença entre os bens e direitos deduzidos
as obrigações da empresa. São classificados nesse grupo o
capital social investido pelos sócios e os lucros obtidos pela
empresa.

O I3 P, principal demonstração contábil, apresenta informações


patrimoniais das entidades em determinado momento. Os dados
são considerados estáticos, visto que esse demonstrativo repre­
senta uma situação em determinado momento da entidade.

Com as informações geradas pelos orçamentos operacionais


e financeiros, acrescidas das informações com a aquisição de
Ativos, podemos elaborar o BP projetado.

A projeção do BP permite a apuração dos indicadores finan­


ceiros7 que poderão ser utilizados nos processos de análise e
avaliação da proposta orçamentária e segue a mesma estrutura
de um BP elaborado pela contabilidade financeira para a apu­
ração da situação patrimonial ao final do período.
Esse conceito será abordado no Capitulo 6.

O BP orçado combina uma estimativa do balanço no início


do período com o orçamento operacional, materializado na
DRE orçada, e com o orçamento de investimentos (aquisição
de ativos) e de financiamento (empréstimos). A finalidade é
gerar informações sobre os aspectos de endividamento, dis­
ponibilidades financeiras decorrentes dos investimentos em
ativos de longo prazo.
O Quadro 5.3, a seguir, apresenta as contas do BP e a base
do plano orçamentário:

Quadro 5.3 - Balanço Patrimonial c segmentos do plano


orçamentário

Segmento do plano
Balanço Patrimonial (BP)
orçamentário
Ativo Circulante
Caixa/Banco Orçamento de caixa
Aplicação Financeira Orçamento de caixa
Contas a Receber de Clientes Orçamento operacional
Estoque Orçamento operacional
Impostos a Recuperar Orçamento de caixa
Despesas do Exercício Seguinte Orçamento de caixa
Ativo Não Circulante
Realizável a Longo Prazo Orçamento de caixa
Investimentos Orçamento de investimentos
Imobilizado Orçamento de investimentos
Intangível Orçamento de investimentos
Ativo Total
Passivo circulante
Fornecedores Orçamento operacional
Salários e Encargos a Pagar Orçamento de caixa
Contas a Pagar Orçamento de caixa
Impostos a Recolher (sobre mercadoria) Orçamento operacional
Impostos a Recolher (sobre o lucro) Orçamento de caixa
Adiantamento a Clientes Orçamento de caixa
Empréstimos Orçamento de financiamento
Dividendos a Pagar Orçamento de caixa
Passivo Não Circulante
Financiamento Orçamento de financiamento
Patrimônio Líquido
Capital Social Orçamento de financiamento
Reserva de Capital Orçamento de caixa
Reserva de Reavaliação Orçamento de caixa
Reserva de Lucros Orçamento de caixa
Passivo Total

Fo n t e : Adaptado àe Padoveze, 2012, p. 264-265.

Com o você pôde visu alizar no quadro, as contas do BP


relacionadas à operação da empresa são extraídas do orça­
mento operacional. O orçamento de investimentos, por sua vez,
liga-se ao Ativo Não Circulante - exceto as contas realizáveis
a longo prazo, que podem ser localizadas tanto no orçamento
de investimento (se forem relevantes) ou deixadas como um
item da projeção (se não forem significativas). Já o orçamento
de financiamento está relacionado às entradas e às saídas de
capital, bem como aos financiamentos e aos empréstimos.

As contas indicadas como orçamento de caixa foram extraídas


dos fechamentos das projeções, porém muitas delas também
podem ser extraídas do orçamento operacional. A decisão de
onde retirar as informações depende da relevância das con­
tas e da facilidade de sua identificação ou não no orçamento
operacional.

Para melhor compreensão desses conceitos, retomaremos o


exemplo utilizado anteriormente. Veja a seguir, na Tabela 5.3,
o BP inicial da empresa Pipoca Ltda.

Tabela 5.3 - Balanço Patrimonial inicial

Pipoca Ltda.
Balanço patrimonial inicial
exercício: 20XX
ATIVO
Ativo circulante R$ 200.000,00
Caixa/banco R$ 200.000,00
Ativo não circulante R$ 800.000,00
Imobilizado R$ 800.000,00
TOTAL R$ 1.000.000,00
PASSIVO
Patrimônio Líquido (PL) R$ 1.000.000,00
Capital social R$ 1.000.000,00
TOTAL R$ 1.000.000,00

Partindo do BP inicial da empresa Pipoca Ltda., acrescido


das movimentações ocorridas nos orçamentos operacional, de
investimento, de financiamento, de caixa e na DRE projetada,
temos o seguinte BP projetado:
Tabela 5.4 - Balançi^atrim onial projetado

Pipoca Ltda.
Balanço patrimonial projetado
exercício: 20XX
ATIVO
Ativo circulante RS 9.773 SS2,56
Caixa/banco 1
Duplicatas a receber (60%)
Estoque R$1.011.552,56 - Orçamento operacional
Ativo não circulante R$ 792.900,00
Imobilizado
(-) Depreciação
TOTAL R$ 10.566.452,56
PASSIVO
Passivo circulante R$ 7.779.540,35
Fornecedores 2 R$3.264.200,00 — «
Títulos a pagar R$ 50.000,00 —| Orçamento
Salários a pagar 3 Rs 1.744.400,00 — ! w operacional/de caixa
Contas a pagar 4 R$402.700,00 — 1
Impostos a pagar s/ lucro R$806.240,35 —! Orçamento de
Impostos a pagar s/ vendas R$ 1.512.000,00 — 1 P caixa/resultado
Passivo não circulante R$ 150.000,00
Empréstimo LP R$150.000,00 --------- ► Orçamento de
Patrimônio Líquido R$ 2.636.912,21 financiamento
Capital social Rs 1.000.000,00
Lucro retido R$ 1.636.912,21
TOTAL

De acordo com Warren, Reeve e Fess (2008), essa demons­


tração estima a condição financeira da entidade ao final do
período e parte do pressuposto de que os orçamentos opera­
cional, de investimento e de financiamento foram plenamente
atingidos.

A projeção do BP permite conhecer com antecedência a


situação patrimonial da empresa resultante das atividades
programadas, mostrando a viabilidade ou não dos planos.
Síntese
Após elaborar os planos orçamentários, é possível efetuar a
projeção das demonstrações contábeis. Entre elas, integram a
peça orçamentária: a DRE, a DFC e o BP projetados.

A DRE projetada tem como objetivo apurar o resultado eco-


nômico da empresa por meio da confrontação das receitas com
os custos e as despesas previstas. Os resultados possíveis são
lucros ou prejuízos.

Por sua vez, a DFC projetada visa assegurar que os recursos


monetários sejam suficientes para atender às operações progra­
madas pela empresa. Em sua apuração, constam as entradas
programadas de caixa confrontadas com as saídas previstas.
O resultado é quanto sobra de caixa - se houver sobras, poderá
ser programado um investimento desse valor; se houver insu­
ficiência de caixa, a empresa poderá rever o plano, adequando
os fluxos ou prever a busca de fundos externos a fim de finan­
ciar as atividades.

Por fim, o BP projetado permite a informação antecipada


da situação patrimonial caso os planos ocorram da forma pro­
gramada. Com base nesse demonstrativo, é possível apurar os
indicadores financeiros que permitirão avaliar a viabilidade
ou não da proposta orçamentária.

Questões para revisão

í. Explique a diferença entre as seguintes demonstrações


projetadas: Dem onstração do Resultado do Exercício,
Demonstração do Fluxo de Caixa e Balanço Patrimonial.

2. Entre os orçamentos operacionais, de investimento e de


financiamento, qual influencia m ais as demonstrações
projetadas?
3- A nalise as afirm ativas a seguir sobre as demonstrações
financeiras projetadas.

i. A Demonstração do Fluxo de Caixa projetada


apresenta previamente ao gestor o resultado
econômico da empresa.
ii. A Demonstração do Resultado do Exercício projetada
permite a visualização antecipada dos fluxos de
entradas e saídas de caixa.
ui. O Balanço Patrimonial projetado apresenta o
resultado patrimonial decorrente da execução dos
orçamentos.
iv. As demonstrações contábeis projetadas permitem
que o gestor avalie a viabilidade ou não dos planos
orçamentários.
Em relação às afirmativas apresentadas, é correto afirmar
que:
a) apenas as afirmativas i e ui estão corretas.
b) apenas as afirmativas i e n estão corretas.
c) apenas as afirmativas m e iv estão corretas.
d) todas as afirmativas estão corretas.

4. O Fluxo de Caixa projetado permite ao gestor:

I. avaliar os fluxos e entrada e saída de caixa decorrente


da execução dos planos orçamentários.
II. avaliar a necessidade de fluxos de caixa externos para
financiar as atividades operacionais da empresa.
ui. avaliar a necessidade de financiamento para adquirir
ativos fixos.
iv. avaliar o lucro ou prejuízo da empresa decorrente da
execução dos planos orçamentários.
É correto afirmar que:
a) apenas as afirmativas 1,11 e ui estão corretas.
b) apenas as afirmativas 11 c ui estão corretas.
c) apenas as afirmativas 1 e iv estão corretas.
d) apenas as afirmativas ui e iv estão corretas.
5- A Demonstração do Resultado do Exercício projetado con­
tribui para o processo decisório, pois permite:

i. avaliar se o resultado decorrente da execução


orçamentária c satisfatório, ou seja, se apresenta a
lucratividade desejada pela empresa.
ii. avaliar os fluxos de entrada e saída de caixa
decorrentes da execução dos planos orçamentários.
ui. em caso de prejuízo, rever o plano de vendas em
relação aos preços esperados e ao mercado a ser
atingido.
iv. somente em caso de prejuízo, rever os planos
orçamentários de custos e de despesas na busca da
eficiência operacional.
E correto afirmar que:
a) apenas as afirmativas n e ui estão corretas.
b) apenas as afirmativas i e m estão corretas.
c) apenas as afirmativas 1 c iv estão corretas.
d) apenas as afirmativas m e rv estão corretas.

Questão para reflexão


A s demonstrações projetadas permitem avaliar antecipada­
mente os resultados financeiros da empresa. Você acha isso
relevante para o processo decisório?
Saiba mais
Indicamos o texto a seguir para complementar seus estudos.
Essa leitura lhe propiciará mais conhecimento sobre o orça­
mento e os demonstrativos financeiros projetados, perm i­
tindo-lhe uma reflexão da contribuição ao processo gerencial.

S ilva , A. C. da. Proposta de um orçamento empresarial para


prestadores de serviço: um estudo de caso de uma empresa
que desenvolve programas para computador. 42 f. Monografia
(Bacharelado em Ciências Contábeis) - Universidade Federal
de Santa Catarina, Florianópolis, 2002. D isponível em:
<http://www.flavi0dacruz.cse.ufsc.br/C0nteud0/2002_ANA_
CLAUDIA_DA_SILVA.pdf>. Acesso em: 27 jan. 2013.
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Conteúdos do capítulo:

• Demonstrações contábeis.
• Análise por meio dos indicadores contábeis.
• Indicadores de liquidez, de endividamento, de
rentabilidade e de atividade.

Após o estudo deste capítulo, você será capaz de:

1. avaliar as condições econômicas e financeiras de uma


organização;
2. analisar a estrutura organizacional, bem como a forma de
composição do capital e a estrutura de financiamento;
3. avaliar a situação econômica da empresa em relação ao
retorno de capital investido;
4. analisar a situação da empresa em relação ao recebimento
de suas vendas.
k s análise de rentabilidade de um projeto de investi­
mento necessariamente deve fazer uso, no mínimo, da análise
da Taxa Interna de Retorno (TIR) comparada à taxa mínima
de atratividade (TMA). Além da análise de viabilidade econô­
mica, é necessário analisar os índices financeiros com base nas
demonstrações contábeis do projeto de investimentos.

As análises econômica e financeira dos indicadores apresen­


tam-se como importantes ferramentas de apoio para a tomada
de decisão. Por meio delas, é possível transformar os dados
financeiros em informações de natureza gerencial. Pias são
suportadas por relatórios ou demonstrativos contábeis, que,
mediante indicadores, proporcionam a fundamentação para
que os seus objetivos sejam alcançados. Veja, a seguir, o apro­
fundamento desses conceitos.
6.i A n á lise das dem onstrações contábeis por
indicadores

Para Vieira e Santos (2005), a utilização de índices na análise


económico-financeira é uma técnica que permite uma visão
ampla da realidade e da situação financeira da organização,
sendo que eles podem ser adotados com o intuito de investi­
gar as mais diversas potencialidades de desempenho econó­
mico-financeiro, por exemplo: liquidez do patrimônio líquido,
grau de endividamento, estrutura do capital, entre outras.

Fundamentado nas informações financeiras, o tomador de


decisão poderá, por meio de relatórios, transformar os coefi­
cientes em quocientes e então realizar a melhor estratégia a
ser adotada. Nessa óptica, Odorcik, Olivo e Schvirck (2010)
defendem que a análise correta resulta num maior conheci­
mento sobre os aspectos econômicos e financeiros da empresa
e, portanto, mais conhecimento sobre a viabilidade econômica
do negócio.

As análises de indicadores são desenvolvidas com base


nas demonstrações projetadas e tem como finalidade ava­
liar a situação esperada da empresa. Assim , com base na
Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) e no Balanço
Patrimonial (BP) projetados, é possível calcular vários índices
(lucratividade, liquidez, rentabilidade, endividam ento etc.)
para avaliar o desempenho da empresa.

As demonstrações contábeis são formadas por um conjunto


de informações, algumas obrigatórias por lei, outras desenvol­
vidas pela empresa, que objetivam evidenciar a situação da
empresa ou investimento.

A análise das demonstrações contábeis está dividida em


duas categorias:
1. Análise econômica - Permite a interpretação das varia­
ções do patrim ônio e da riqueza gerada pela sua
movimentação.

2. Análise financeira - Permite a interpretação da saúde


financeira da empresa, do seu grau de liquidez e da
capacidade de solvência.

Na sequência, apresentaremos as principais técnicas empre­


gadas para a análise das demonstrações financeiras, no entanto,
enfatizaremos a análise por meio dos indicadores contábeis
que estão mais relacionados à proposta da análise de investi­
mentos. As análises vertical c horizontal serão demonstradas
sucintamente para conhecimento geral, visto que objetivamos
apresentar a técnica dos indicadores contábeis para análise do
projeto. As demonstrações contábeis estão divididas em dois
grandes grupos, conforme ilustrado na Figura 6.1:

Figura 6.1 - Demonstrações contábeis

Análise das
demonstrações
contábeis

Análise Análise por meio


horizontal e dos indicadores
vertical contábeis

A s seções a segu ir abordarão cada um a das análises


indicadas.

6.1.1 Análises vertical e horizontal

A análise vertical possibilita o estudo da estrutura patrimonial


nos aspectos qualitativo e quantitativo. Ela apresenta a parti­
cipação, em termos percentuais, de cada item que compõe a
demonstração financeira, mostrando a composição dos grupos
patrimoniais ao indicar a representatividade das disponibili­
dades (saldo de caixa e das contas bancárias) em relação ao
total de ativos da empresa.

A fórmula do cálculo para a análise vertical é dada por:

Saldo de conta contábil


(12) AV(%) = -- — — ---------------------------- — ----- — • 100
Total do grupo ou subgrupo patrimonial

Exemplo 9 - Suponha que o ativo circulante de dado projeto


ou dada empresa esteja estruturado da seguinte forma:

Tabela 6.1 - A nálise vertical

Descrição Saldo Análise vertical


ATIVO
Disponibilidade
Caixa R$ 10.000,00 6,94%
Bancos R$ 30.000,00 20,83%
Aplicações Financeiras Rs 12.000,00 8,33%
Clientes Rs 50.000,00 34,72%
Mercadorias R$ 42.000,00 29,16%
Total do Ativo Circulante R$ 144000,00 100%

Ao substituir os dados da Tabela 6.1 na equação (12), temos:

AV(%) = ia00° . 100 = 0,069 ou 6 ,9 %


144.000

Portanto, a análise vertical informa que a participação da


conta de caixa no total do ativo circulante é de 6,9%. Para des­
cobrir a participação das demais contas, é só realizar o mesmo
cálculo.

Essa técnica também é conhecida como análise de estrutura,


análise de posição ou análise de porcentagens verticais.

Graficamente, a estrutura do ativo circulante pode ser visua­


lizada da seguinte forma:
Gráfico 6.1 - Análise vertical do Ativo circulante

29,16% 9 Caixa

0 Bancos

# Aplicações financeiras

Clientes

Mercadorias

A análise vertical permite ao tomador de decisão conhecer a


importância de cada conta em relação ao total do grupo patri­
monial. Por meio da análise, ele poderá adotar a estratégia que
melhor convenha na solução do problema.

A análise horizontal, por sua vez, consiste na comparação


entre os valores da mesma conta ou de grupo de contas em
períodos diferentes, buscando avaliara variação que um deter­
minado item possui ao longo do tempo e comparando o item
do ano em comparação com o mesmo item no balanço do ano
anterior. O s resultados obtidos com essa análise indicam a
tendência do item ao longo do tempo, possibilitando comparar
a evolução ou a involução dos saldos.

A fórmula do cálculo da análise horizontal c dada por:

, Saldo da conta no período 2


(13) AH(%) = — — —— -------------- - — . ----- .100-100
Saldo da conta no período base

A análise dessa conta serve para que os analistas identifi­


quem o que influenciou a variação do índice de um período
para outro.
Exemplo 1 0 - Suponha que o analista deseje conhecer a varia­
ção horizontal observando como a conta se comportou de um
ano comparado ao ano anterior.

Tabela 6.2 - Análise horizontal

Análise
Anoi Ano 2
horizontal
Descrição
ATIVO
Disponibilidade
Caixa R$ 10.000,00 R$ 15.000,00 50%
Bancos R$ 30.000,00 Rs 40.000,00 33,33%
Aplicações financeiras R$ 12.000,00 Rs 10.000,00 -16,67%
Clientes R$ 50.000,00 R$ 42.000,00 -16%
Mercadorias R$ 42.000,00 R$ 39-500,00 5,95%
Total do Ativo
R$ 1 4 4 .0 0 0 , 0 0 R$ 145500,00 1,73%
Circulante

Ao substituir os dados da Tabela 6.2 na equação (13), temos:

' . 100 - 100 = 50%


10 000,00
.

Portanto, a análise horizontal indica que a conta caixa variou


50% positivo, comparada ao ano base. A análise da variação das
contas é fundamental por permitir que o analista verifique se
a variação foi positiva ou negativa e, ainda, se foi expressiva,
quais as tendências, se a conta deve sofrer uma intervenção
do tomador de decisão etc.

6.1.2 Análise por indicadores contábeis

Também conhecida como análise por quocientes, a análise por


indicadores contábeis busca mostrar as condições econômicas e
financeiras de uma organização. No dicionário, indicador é tido
como "aquele que indica"; nesse sentido, indicadores econômi­
cos e financeiros indicam as condições económico-financeiras
de uma organização.
Os indicadores ou quocientes podem ser divididos em qua­
tro grupos principais, sendo eles:

Figura 6.2 - Indicadores contábeis ou quocientes

Em que:

• Indicadores de liquidez - Revelam a situação financeira


da empresa em relação à sua capacidade de honrar suas
obrigações do curto ao longo prazo, ou seja, mostram a
capacidade de solvência da empresa ou de um projeto
de investimento.

• Indicadores de endividamento - Revelam a situação finan­


ceira da empresa em relação à sua estrutura de finan­
ciamento, ou seja, qual a origem dos recursos por ela
em pregados e sua proporção de capital próprio e de
capital de terceiros.

• Indicadores de rentabilidade - Revelam a situação econô­


mica da empresa em relação ao retorno de capital inves­
tido, ou seja, os resultados apurados pela empresa. Esses
indicadores darão uma ideia aproximada do nível de
eficiência da empresa na aplicação de seus recursos.

• Indicadores de atividade-R evelam a situação da empresa


com relação ao recebimento de suas vendas, aos paga­
mentos de suas obrigações, bem como em relação ao giro
e à utilização de seus estoques.

Veja, a seguir, uma explicação mais detalhada de cada


indicador.
6.t.2.i índices de liquidez

A análise dos índices de liquidez permite avaliar a solvência do


projeto de investimento, a fim de analisar a situação financeira
da empresa em relação à capacidade de honrar suas obrigações
do curto ao longo prazo. Por meio do confronto de algumas
contas e grupos patrimoniais, podemos avaliar a capacidade de
pagamento da empresa analisada em vários períodos. Assim,
a avaliação é realizada com base nas informações constan­
tes no BP da empresa, sendo que, para cada tipo de liquidez
calculada, se utilizam informações diferentes.

Os índices de liquidez do projeto, construídos com base


nas demonstrações contábeis, são classificados nas seguintes
categorias:

Quadro 6.i - Alcance temporal dos índices

índice Alcance
Liquidez imediata Imediato
Liquidez corrente
Curto prazo
Liquidez seca
Liquidez geral Longo prazo

Com o já apontado, os índices de liquidez, entre outros


aspectos, permitem ao analista avaliar a capacidade de paga­
mento das empresas em tempos distintos: do imediato ao longo
prazo. Dito de outra forma, eles permitem identificar o grau de
segurança dos credores e do comprometimento da empresa.
Odorcik, O livo e Schvirck (2010) destacam que os valores
demonstrados no balanço refletem a situação da empresa
naquele determinado momento. Os autores sugerem que as
contas de giro ou a transformação em disponibilidades mais
curtas devem estar alocadas em primeiro lugar no balanço.

Para melhor compreensão, partiremos da análise da liquidez


geral - que tem uma abrangência maior e, portanto, é menos
conservadora e, na medida em que for evoluindo a análise
dos índices, retiraremos algumas variáveis.
índice de liquidez geral (ILG)

O índice de liquidez geral (ILG) indica a capacidade de paga­


mento das obrigações de curto e longo prazos, com os ativos
de curto e longo prazos - de quantos reais a empresa dispõe
no curto prazo para cada real de dívida de curto prazo, ou,
então, quantos reais a empresa possui para saldar as dívidas
de longo prazo. O cálculo é o seguinte: somamos o total do
ativo circulante com o realizável a longo prazo e dividim os
a soma do passivo circulante com o passivo não circulante.
Quanto menor for esse índice, maior o risco da empresa em não
conseguir honrar seus compromissos no curto e longo prazos.

Algébrica mente, temos:

AC + RLP
(14) ILG =
PC + PNC

Os dados apresentados na Tabela 6.3 servirão para análise


dos indicadores de liquidez.

Tabela 6.3 - Balanço Patrimonial hipotético

ATIVO 31/12/2011 PASSIVO E PL 31/12/2011


Circulante R$623.462,17 Circulante R$ 366.606,19
Disponível R$ 65.262,86 Fornecedores Rs 49885,34
Clientes R$ 271.485,56 Empréstimo Rs 213.527,60
Estoques R$ 286.713,75 Provisão IR Rs 8.631,02
Dividendos a Pagar R$ 62.641,74
Salários a Pagar Rs 31.920,49
Não Circulante Rs 256.574,20 Não Circulante R$ 40.331,06
Realizável LP Rs 28.393,18 Financiamento Rs 37.928,04
Investimento Rs 57.439,27 Contas a Pagar Rs 2.403,02
Imobilizado RS161.072,95
Intangível RS 9 .668,78
Patrimônio
Líquido Rs 473.099,10
Capital social RS 258 .846,06
Reserva de capital R$ 16.491,29
Reserva de lucros RS 197.761,75
TOTAL ATIVO R$ 880.036,35 TOTAL PASSIVO R$ 880.036,35
Substituindo os valores da Tabela 6.3 na equação (14), temos:

Tl „ _ 623 .462,17 + 28 .393,18 _ _


11.Ci------------------------------- — 1,60
366 .606,19 + 40 .331,06

O índice encontrado para a liquidez geral indica o quanto a


empresa possui no seu ativo circulante e de longo prazo para
cobrir as dívidas de curto e longo prazos. Portanto, o valor
encontrado significa que: a empresa possui R$ 1,60 em seu
ativo circulante c de longo prazo para cada R$ 1,00 de dívida
de curto e longo prazos. Com base no exposto, você pode notar
que, quanto maior for o ILG, melhor será para a empresa.

índice de liquidez corrente (ILC)

O índice de liquidez corrente (ILC) indica a capacidade de paga­


mento da empresa no curto prazo, ou seja, revela a capacidade
de a empresa saldar seus compromissos financeiros no curto
prazo, com recursos de curto prazo. O cálculo é o seguinte:
o ativo circulante é dividido pelo passivo circulante. Quanto
menor for o ILC, maior será o risco de a empresa não conseguir
honrar os seus compromissos de curto prazo.

Algébrica mente, temos:

Substituindo os valores da Tabela 6.3 na equação (15), temos:

623 .462,17
1,70
366 .606,19

O índice encontrado para a liquidez corrente indica o quanto


a empresa possui no seu ativo circulante para cobrir as dívi­
das de curto prazo. Portanto, o valor encontrado significa que:
a empresa possui R$ 1,70 em seu ativo circulante para cada
R$ i,oo de dívida de curto prazo. Com base no exposto, concluí­
mos que, quanto maior for o ILC, melhor será para a empresa.

índice de liquidez seca (ILS)

O índice de liquidez seca (ILS) indica a capacidade de pagamento


a curto prazo, excluindo-se os estoques e as despesas anteci­
padas. Esse índice revela a capacidade de a empresa saldar
seus compromissos financeiros no curto prazo, considerando
que ela possua estoques. O cálculo é o seguinte: realizamos
a diferença entre o ativo circulante e o estoque dividido pelo
passivo circulante. Quanto menor for o ILS, maior será o risco
de a empresa não conseguir honrar seus compromissos de
curto prazo.

Algcbricamcntc, temos:

, , AC - Estoques
(16) ,LS= -------

Substituindo os valores da Tabela 6.3 na equação (16), temos:

_ 623 .462,17 + 286 .713,75 _ 336 .748,42 _


366 .606,19 366 .606,19

O índice encontrado para a liquidez seca indica o quanto a


empresa possui no seu ativo de curto prazo para fazer frente
ao passivo de curto prazo. Portanto, o valor encontrado signi­
fica que: a empresa possui R$ 0,92 em seu ativo circulante para
cada RS 1,00 de dívida de curto prazo. Nesse caso, a empresa
não opera com folga - considerando que ela não venda o seu
estoque, não conseguirá, com recursos de curto prazo, honrar
suas dívidas de curto prazo. Com base no exposto, concluímos
que, quanto maior for o ILS, melhor será para a empresa.
índice de liquidez imediata (ILI)

ü índice de liquidez imediata (ILI) indica a capacidade de paga­


mento das obrigações de curto prazo envolvendo somente os
recursos disponíveis, ou seja, com os recursos de maior liqui­
dez no caixa. O cálculo é o seguinte: a disponibilidade do caixa
é dividida pelo passivo circulante. Quanto menor for o ILI,
maior será o risco de a empresa não conseguir honrar seus
compromissos de curto prazo.

Algebricamente, temos:

(17) I U . . D iip °^ !
PC

Substituindo os valores da Tabela 6.3 na equação (17), temos:

65 .262,86
ILI = = 0,17
366 .606,19

O índice encontrado para a liquidez imediata indica o quanto


a empresa possui em seu caixa para cobrir as obrigações cor­
rentes. Portanto, o valor encontrado significa que: a empresa
possui RS 0,17 em seu caixa para cada R$ 1,00 de obrigações
dc curto prazo. Esse resultado indica que, para cada R$ 1,00
de dívida, falta a quantia de R$ 0,83 para saldar. Portanto,
somente o que a empresa possui em caixa não seria suficiente
para honrar seus compromissos, necessitando, nesse caso, de
algum outro ativo para cobrir as dívidas de curto prazo. Com
isso, você pode notar que, quanto menor o ILI, maior o risco
de a empresa não conseguir honrar seus compromissos de
curto prazo.

6.1.2.2 índices de endividamento

Os índices de endividamento indicam a situação financeira da


empresa em relação à sua estrutura de financiamento, ou seja,
qual a origem dos recursos por ela empregados e a sua propor­
ção de capital próprio e dc terceiros. Por exemplo: uma empresa
pode realizar empréstimos de curto prazo para financiar o
seu capital de giro ou de longo prazo para adquirir maqui-
nário, equipamentos etc. Acontece que, em geral, a maioria
das empresas está em menor ou maior grau endividada. Para
medir o grau de endividamento das empresas, utilizam os os
seguintes índices:

Figura 6.3 - índice de endividamento

índices de
endividamento

Indice de índice do capital índice da


Grau de
endividamento
I participação de

I
capital de terceiros
próprio em relação
ao de terceiros
composição de
endividamento

Em que:

• Grau de endividamento - Indica o quanto a empresa


tomou de recursos de terceiros para cada real próprio.

• índice de participação de capital de terceiros - Indica o


percentual do capital total financiado pelo capital de
terceiros.

• índice do capital próprio em relação ao capital de terceiro -


Indica o quanto há de capital próprio para garantir o
capital de terceiros.

• índice composição de endividamento - Indica a composição


do endividamento da empresa no curto prazo (PC) e no
longo prazo (PELP), dentro do Passivo não Circulante.

Veja, a seguir, a abordagem m ais aprofundada desses


índices.
Grau de endividamento

Indica o grau de endividamento (GE) da empresa para com capi­


tal de terceiro, ou seja, a dependência da empresa em relação ao
capital de terceiro. Para obtê-lo, é necessário somar os recursos
de terceiros (curto e longo prazos) e dividir pelo Patrimônio
Líquido (que representa o capital próprio).

Algébrica mente, temos:

Exigível Total PC + PNC


(18) GE =
pT PL

Substituindo os valores da Tabela 6.3 na equação (18), temos:

™ _ 406 .937,25 366 .606,19 + 40 .311,06 _ n


473 .099,10 473 .099,10

O índice maior que 1 indica a dependência de capital estran­


geiro. No caso do valor encontrado, significa que o endivida­
mento representa apenas 86% do capital próprio, portanto,
ainda existe uma folga de 14% não comprometida com dívidas.

Quanto maior for o GE da empresa, pior será para ela, pois


isso indica que possui uma dependência maior de capital de
terceiros.

índice de participação de capital de terceiros (IPCT)

Este índice mostra o quanto a empresa tomou emprestado


em relação aos recursos totais. Lara obter esse índice, é neces­
sário somar os recursos de terceiros (curto e longo prazos) e
dividi-los pelo total do ativo que representa o total de recursos.

Algébrica mente, temos:

:..............
Exigível Total PC + PNC
ï (19) IPCT =
Ativo Total AC + ANC
Substituindo os valores da Tabela 6.3 na equação (19), temos:

TI^ r 366.606,19 + 40.331,06


IPC.T = ------------------------- = 0,46
880.036,35

O índice encontrado mostra que 46% dos recursos totais têm


sua origem em capital de terceiros, e o restante (54%) é decor­
rente do uso de capital próprio. Dito de outra forma, a cada
R$ 1,00 dos recursos totais da empresa, R$ 0,46 é de terceiros
e R$ 0,34 é capital próprio.

Quanto maior for o índice, maior será a participação da pre­


sença de capital de terceiros na empresa, e, consequentemente,
pior para a organização.

índice do capital próprio em relação ao capital de terceiros (CPCT)

Indica o quanto há de capital próprio para garantir o capi­


tal de terceiros. Para obter esse índice, é necessário dividir o
Patrimônio Líquido total da empresa pelo exigível total (capital
total de terceiro).

Algebricamente, temos:

PL PL
( 20 ) CPCT = -
Exigível Total PC + PNC

Substituindo os valores da Tabela 6.3 na equação (20), temos:

PL 473.099,10
CPCT = 1,16
Exigível Total 366.606,19 + 40.331,06

O índice encontrado indica que, para cada K$ 1,00, a empresa


possui R$ 1,16 para fazer frente ao exigível de curto e longo
prazos, portanto, tem como garantir o pagamento das dívidas.

Q uanto maior o índice de capital próprio em relação ao


de terceiros, maior a garantia de pagamento da dívida ou do
exigível total.
Indice da composição de endividamento (CE)
F.sse índice indica a composição do endividamento da empresa,
ou seja, a participação de capitais de terceiro que se encontram
no curto prazo (Passivo Circulante) e a participação no longo
prazo (Passivo Não Circulante).

Algébrica mente, temos:

PC PC
(21 ) CE =
Exigível Total PC + PNC

Substituindo os valores da Tabela 6.3 na equação (21), temos:

366 .606,19 366 .606,19 nün


365 .056,14 + 40 .331,06 405 .387,20

O índice encontrado de 0,90 indica que existe uma con­


centração do endividamento no curto prazo, ou seja, 90% do
endividam ento para com terceiros vencem no curto prazo,
e o restante, 10%, vence no longo prazo.

Quanto maior o índice da composição de endividamento


pior para a empresa, pois maior deve ser o aporte para paga­
mento da dívida no curto prazo, e, consequentemente, quanto
menor o índice, melhor, pois ela terá mais tempo para honrar
suas dívidas.

6.1.2.3 índices de rentabilidade

O índice de rentabilidade consiste cm identificar o retorno obtido


pela empresa sobre o capital total (próprio + terceiro) investido.

Ribeiro (2006) afirma que o índice de rentabilidade ou quo­


ciente de rentabilidade serve para medir a capacidade econô­
mica da empresa, evidenciando o grau de êxito econômico
obtido com o capital investido.
Diante disso, é possível afirmar que o índice de rentabili­
dade mostra a situação econômica da empresa cm relação ao
retorno de capital investido, ou seja, os resultados apurados
por ela. Esses indicadores darão uma ideia aproximada do
nível de eficiência da empresa na aplicação de seus recursos.

As informações para composição do índice de rentabilidade


surgem a partir da análise de três índices:

Figura 6.4 - índice de rentabilidade

Indices de
rentabilidade

Taxa de Taxa de Retorno


Margem de lucro
Retorno sobre 0 sobre 0 Patrimônio
sobre as vendas
Investimento Liquido

Em que:

• Retorno sobre o Investimento - Indica o desempenho do


capital investido (próprio e de terceiros).

• Retorno sobre o Patrimônio Líquido - Indica o retorno aufe­


rido pelos acionistas sobre o capital investido.

• Margem de lucro sobre as vendas - Indica o lucro para cada


produto vendido.

A seguir, trataremos mais detalhadamente de cada um des­


ses tópicos.

Retorno sobre o investimento (ROI)

A taxa de retorno sobre o Investimento, também conhecida como


ROI (Return On Investment), é um dos principais indicadores
da capacidade econômica da empresa. O objetivo da ROI é
demonstrar o desempenho do capital investido (próprio c de
terceiros). Para obter esse índice, dividim os o Lucro Líquido
(LL) pelo Ativo Médio (AM).
Algebricamente, temos:

LL LL
: 22 ROI = ------
AM AT, + AT,.,

Em que:

AT
(2 3 ) AM = — —

O A M é dado pelo Ativo Total (AT) do período t (período


atual), somado ao AT do período t - i (período anterior).

Para analisar a ROI, necessitamos do LL apresentado no


DRE, indicado na Tabela 6.4 a seguir:

Tabela 6.4 - Demonstrativo do Resultado do Exercício (DRE)

31/12/2011
Receita Operacional Bruta Rs 2.441.906,98
Deduções Rs 374281,70
Vendas Líquidas Rs 2.067.625,28
(-) CMV Rs 1.514.497,69
Lucro Bruto Rs 553.127,60
Despesas Operacionais
RS 346.178,83
Despesas de Vendas
R$ 87.783,91
Despesas Administrativas
RS 1.225,31
Depreciação
Rs 117.939,54
Lucro Operacional
Despesas Não Operacionais (+) RS 37534,72
IReCSLL R$ 24.221,76
Lucro Líquido R$ 131252,50

Para encontrar o AM, usarem os o A T t-i da Tabela 6.3,


R$ 880.036,85, e vam os supor que o ATt (2012) seja de R$
1.242.163,26. Somando esses AT e substituindo-os na equação
(23), temos:

AT AT, +AT,., 2 .122 .199,58


AM = 1.061 .069,79
2 2 2
Substituindo na equação (22) o LL apresentado na Tabela
6.4 e o AM obtido pela equação anterior, temos:

R O I--b L = _2LÍ5í50 , 0 - 1 2

AM 1.061.069,79

Observe que a ROI indica que, para cada R$ 1,00 investido,


há um ganho de R$ 0,12. Um retorno maior que 1 indica que
haveria um retorno sobre o capital investido maior que 100%.
Consequentemente, quanto maior for o índice, melhor será para
a empresa, visto que a ROI indica o percentual de retorno para
a empresa sobre o capital total investido (próprio e de terceiros).

Retorno sobre o patrimônio líquido (ROE)

A taxa de retorno sobre o Patrimônio Líquido, também conhe­


cida como ROE (Return On Equity), é considerada o principal
indicador de todas as taxas, pois é esse índice que apresenta a
rentabilidade auferida pelos empresários ou acionistas. Para
obtê-la, basta divid ir o LL pelo Patrimônio Líquido Médio
(PLM).

Algébrica mente, temos:

Em que:

(25) PLM = P L 1 + P l t-1


2

Sendo que:
PLX: Patrimônio Líquido no período atual

PLNi: Patrimônio Líquido no período anterior

Supondo que o Patrimônio Líquido (PL) em 2012 seja de


R$ 638.844,36 e que em 2011 tenha sido de R$ 473.099,10, temos:
PLM = PL' + PL' J - ^ 8 -844,36 * 473.099,10 , ,,
2 2

Substituindo o LL e PLM na equação (24), temos:

131.252,50
ROE = — —
PLM 595 .978,18

O ROE indica que, para cada R$ 1,00 investido, há um ganho


de R$ 0,23. Esse índice revela o ganho do capital próprio, dife­
rentemente do ROI, visto que este considera o retorno para o
capital próprio e o capital de terceiros. Observe que, quanto
maior o ROI, maior o retorno dos acionistas.

Margem de lucro sobre as vendas (MLV)

A margem de lucro sobre as vendas (MLV) representa o percentual


de retorno para a empresa sobre cada produto vendido. Para
obter esse índice, basta dividirmos o LL pelas Vendas Líquidas
(VL), ambos encontrados na DRE (Tabela 6.4).

Algebricamentc, temos:

LL 131.252,50
(26) MLV = _______ ____ = 0,063
VL 2.067.625,28

A MLV indica que a empresa aufere ganhos de 6,3%, ou


seja, para cada R$ 1,00 vendido, sobra R$ 0,06 para a empresa.
Consequentemente, quanto maior esse índice, maior o retorno
sobre as vendas.

6.1.2.4 índices de atividade

O índice de atividade da rentabilidade consiste cm identificar


em quantos dias, em média, a empresa recebe suas vendas,
paga e renova seus estoques, ü objetivo dessa análise é mostrar
a situação da empresa com relação ao recebimento de suas ven­
das, aos pagamentos de suas obrigações, bem como em relação
ao giro e à utilização de seus estoques. Os índices de atividades
têm como principal objetivo verificar a eficiência da empresa
no uso de seus recursos no momento do desenvolvimento de
suas atividades operacionais.

As informações para composição do índice de rentabilidade


surgem por meio da análise de quatro variáveis:

Figura 6.5 - índices de atividade

índices de
atividade

Prazo médio de Prazo médio de Prazo médio


recebimento das pagamento das de rotaçáo dos Giro dos ativos
vendas compras estoques

Em que:

• Retorno sobre o investimento - Indica o desempenho do


capital investido (próprio e de terceiros).

• Prazo médio de recebimento das vendas (PMRV) - Representa


o prazo médio de recebimento em dias.

• Prazo médio de pagamento das compras (PMPC) - Representa


o prazo médio de pagamento em dias.

• Prazo médio de rotação de estoques (PMRE) - Indica a eficiên­


cia das atividades operacionais da empresa, identificando
a quantidade de rotação integral do estoque no período.

• Giro dos ativos - Informa a eficiência com a qual a empresa


utiliza seus ativos para produzir os seus produtos finais
e gerar as suas receitas de vendas.

Veja, a seguir, no que consistem essas variáveis.

Prazo médio de recebimento das vendas (PMRV)

O PMRV indica em quantos dias, em média, a empresa recebe os


valores decorrentes de suas vendas. Para obtê-lo, inicialmente
temos que encontrar a conta corrente média do período atual
e do período anterior, multiplicar por 360 (período contábil) e
dividir pelas vendas.

Por exemplo: vamos supor que, no início de 2011, as Contas a


Receber (R) representem R$ 40.743,40, e as Contas a Receber ao
final desse exercício, de acordo com o BP, sejam de R$ 271.485,56.
Com isso, temos o recebimento médio (RM), dado por:

(27) RM = R, + Rt1
2

Substituindo os valores na equação (27), temos:

KM - 56 + 40.743,40.3 1 2 2 ^ 9 6 ,
2 2

Lembrando que o prazo médio de recebimento é dado pelo


RM multiplicado por 360 (período contábil) c dividido pelas
vendas do período "t", algébrica mente temos:

______________ RM x 360______________
(28) PMRV =
Receita Operacional Bruta (venda período t)

Vamos supor que a Receita O peracional Bruta (ROB)


no período t (2011) seja de R$ 2.441.906,98, obtido na DRE.
Substituindo os valores na equação (28), temos:

156. 114,4 8 . 3 6 0
PMRV = = 23,01
2 .441 .906,98

Esse índice revela que, em média, a empresa espera 23 dias


para receber suas vendas. Quanto menor o PMRV, mais rápido
a empresa recebe pelas vendas.

Prazo médio de pagamento das compras (PMPC)

O PMPC indica em quantos dias, em média, a empresa paga


suas obrigações aos fornecedores por suas compras. Para
obtê-lo, inicialmente temos que encontrar a média das contas
com o fornecedor do período t e do período t-i. Vamos supor
que o período t seja igual a R$ 49.885,34, conforme o BP de 2011,
e o período t-i seja de R$67.515,35.

(29) FM = Fl * fm
2

Hm que:
FM: Fornecedor médio

Fi: Fornecedor período atual

Fi: Fornecedor período anterior

Substituindo os valores na equação (29), temos:

117.400,69
= 58 .700,34
2 2

O passo seguinte para calcular o PMPC é encontrar o valor


das compras. Para isso, é necessário conhecer o custo da mer­
cadoria vendida (CMV), dado pela soma do estoque inicial
(EI), e das compras realizadas no período, menos os estoques
finais (EF).

Algebricamente, temos:

(30) CMV = El + compras - EF

Considere o CM V, no período t, no valor de RS 1.514.497,69,


conforme DRE de 2011, EI (2011) no valor de R$ 283.713,75 (exó­
geno) e EF (2011) no valor de R$ 286.713,75 (obtido pelo BP).
Substituindo esses valores na equação (30), temos:

1.514 .497,69 = 283 .713,75 + compras - 286 .713,75


Rearranjando os termos, temos:

Compras = 1.514 .497,69 + 283 .713,75 - 286 .713,75

Compras = 1.511.497,69

O PMPC é facilmente obtido, após a multiplicação do valor


dos fornecedores médio por 360 (período contábil) e a divisão
pelo valor das compras.

Algebricamente, temos:

58 .700 ,3 4 . 3 6 0
PMPC =
1.511 .497,69

Esse índice revela que, em média, a empresa leva 14 dias (arre­


dondando 13,98 para 14) para pagar suas compras. Quanto maior
o número de dias, melhor a situação financeira da empresa - no
entanto, deve ser analisado em conjunto com o recebimento.
O ideal é que a quantidade de dias para recebimento seja menor
que a quantidade de dias para pagamentos.

Prazo médio de rotação de estoques (PMRE)

O PMRE indica em quantos dias, em média, a empresa leva


para vender o seu estoque. Para obter esse índice, devemos
conhecer o estoque médio (EM). Para isso, temos que somar o
EF e o F.í e então dividi-los por 2.

Algebricamente, temos:

EF + El
(31) EM =
2

Vamos supor que o EI seja de R$ 452.000,00 e que o EF, de


acordo com o BP de 2011, seja igual a R$ 286.713,15. Substituindo
esses valores na equação (31), temos:
286 .713,15+ 452 .000,00
EM = = 369 .356,57
2

O PMRE é dado pelo EM multiplicado por 360 (período con­


tábil) e dividido pelo custo das vendas no período t, obtido na
DRE de 2011, no valor de R$ 1.514.497,69.

Algebricamente, temos:

E M . 360 369 .356 , 5 7 . 3 6 0


PMRE =
CMV, 1.514 .497,69

Esse índice indica que, em média, a cada 88 dias (arredon­


dando 87,79 Para 88) a empresa renova o seu estoque. Quanto
menor esse quociente, melhor para a empresa, pois isso indica
que é menor o tempo de permanência de estoques e, conse­
quentemente, menor o custo de oportunidade.

Giro dos ativos

O giro dos ativos indica o quão eficiente a empresa é na uti­


lização dos seus ativos, na produção de seus produtos finais
e na geração de receitas decorrentes das vendas. Para obtê-lo,
devemos dividir as receitas decorrentes das vendas pelos ati­
vos totais.

Algebricamente, temos:

Receitas das vendas


(32) Giros dos ativos = -----------------------
Ativos totais

Esse índice representa a quantidade de vezes ao ano que


os ativos giram. Para saber o prazo médio desse indicador,
basta dividirm os a quantidade 360 (período fiscal) pelo valor
apurado pelo indicador.

Substituindo os valores, encontrados receitas das vendas


(DRE) e do Ativo total (BP), na equação (32), temos:

2 .441 .906,98
Giros dos ativos = = 2,74
880 .036,35
Esse índice indica que, em média, a empresa gira seus ativos
em aproximadamente 3 vezes por período (arredondando 2,75
para 3). Quanto maior o índice, melhor para a empresa, pois
isso representa maior rotação dos seus ativos.

Síntese
Neste capítulo, foram abordados, por meio da análise das
demonstrações contábeis, os aspectos qualitativos e quantita­
tivos relacionados à estrutura patrimonial da empresa. Com
base nos indicadores contábeis, apresentamos os cálculos e a
interpretação de quatro grupos de índices - liquidez, endivi­
damento, rentabilidade e atividade - para a tomada de decisão
em um investimento.

Questões para revisão

t. Qual o objetivo da análise dos indicadores contábeis?

2. Comente sobre os principais índices, listados a seguir, que


compõem o grupo dos indicadores contábeis, bem como
sobre a contribuição de cada um deles para as análises eco­
nômica e financeira da organização:

a) Indicadores de liquidez.
b) Indicadores de endividamento.
c) Indicadores de rentabilidade.
d) Indicadores de atividade.

3. Em relação aos indicadores de liquidez, considere as afir­


mativas abaixo:

I. O índice de liquidez geral indica de quantos reais


a empresa dispõe no curto prazo para cada real de
dívida de curto prazo, ou quantos reais ela possui
para saldar as dívidas de longo prazo.
II. O índice de liquidez corrente revela a capacidade de a
empresa saldar suas dívidas no longo prazo.
ui. O índice de liquidez seca revela a capacidade de
pagamento da empresa no curto prazo, excluindo os
estoques e as despesas antecipadas,
iv. O índice de liquidez imediata revela a capacidade de
pagamento da empresa no curto prazo, considerando
apenas os recursos de alta liquidez, como saldo de caixa.
Assinale a alternativa correta:
a) Apenas as afirmativas I e II estão corretas.
b) Apenas as afirmativas I, II e III estão corretas.
c) Apenas as afirmativas I, III c IV estão corretas.
d) Nenhuma das alternativas está correta.

4. Com base no Balanço Patrimonial apresentado a seguir,


considere as afirmativas:

ATIVO 31/12/2011 PASSIVO E PL 31/12/2011


Circulante R$ 6 8 6 .0 8 4 / 4 9 Circulante R$ 401.563,00
D is p o n ív e l Rs 71789,15 F o rn e ce d o re s RS 54.873,87
C lie n te s Rs 298.910,21 E m p ré stim o R$ 234.880.36
E sto q u e s R s 315.385,13 P ro v isã o IR Rs 7790,32
D iv id e n d o s a P agar R$ 68.905,91
S a lá rio s a P a g a r R$35.112.54
Não Circulante R$ 280.251,69 Não Circulante R$ 44364,16
R e a liz á v e l LP Rs 31.232,50 F in a n c ia m e n to R$ 41.720,84
In v e stim e n to Rs 63.183,20 C o n ta s a P a g a r R$ 2.643,32
Im o b iliz a d o R$ 175.200,33
In ta n g ív e l R s 10.635,66

Patrimônio Líquido R$ 520.409,02


C a p ita l S o c ia l R$ 284.730,67
R e se rva d e C a p ita l R$ 18.140,42
R e se rva d e Lu cro s R s 217.537,93

Total do Ativo R$ 966.336,18 Total do Passivo R$ 966.336,18

I. De acordo com o índice de liquidez corrente e com


base no Balanço Patrimonial, para cada RS r,oo de
dívidas de curto prazo, a empresa possui RS 1,70 no
seu ativo circulante para cobri-las.
II. Para cada R$ R$1,00 de dívida de curto prazo,
a empresa possui em seu ativo R$ 0,92 para honrar
suas dívidas de curto prazo.
ui. O índice de liquidez seca da empresa indica que, para
cada R$ i,oo de dívida de curto prazo, a empresa
possui R$ 0,92. Esse valor abaixo das dívidas deve-se
ao fato de esse índice descontar os estoques,
iv. Para cada R$ 1,00 de dívida corrente, a empresa
possui em caixa R$ 0,17, portanto, somente o valor em
caixa não é suficiente para cobrir a dívida corrente.
*
E correto afirmar que:
a) apenas as afirmativas I e II estão corretas.
b) apenas as afirmativas I, II c III estão corretas.
c) apenas as afirmativas I, III e IV estão corretas.
d) todas as alternativas estão corretas.

Com base no Balanço Patrimonial da questão 4 e na


Demonstração do Resultado do Exercício indicada na se­
quência, considere as afirmativas a seguir:

31/12/2011
Receita Operacional Bruta R$ 2.808.193*20
Deduções Rs 430.423,96
Vendas Líquidas Rs 2.377769,07
H CMV Rs 1.741672,34
Lucro bruto R$ 636.096,74
Despesas Operacionais
R$ 398.105,65
Despesas de Vendas
R$ 100.951,50
Despesas Administrativas
R$ 1.409*11
Depreciação
Lucro Operacional R$ 135.630,47

Despesas Não Operacionais (+) RS 43-164,93


IReCSLL R$ 27.855,02
Lucro Líquido R$ 150.940,38

I. O grau de endividamento, de acordo com o Balanço


Patrimonial, considerando o seu Patrimônio Líquido,
c menor que 1, ou seja, a somatória de capital
societário da empresa é maior que as dívidas da
empresa.
II. Do total das dívidas da empresa, segundo o Balanço
Patrimonial, 90% vencem no curto prazo, enquanto
que apenas 10% são dívidas de longo prazo.
ui. Com base no Balanço Patrimonial, na Demonstração
do Resultado do Exercício e supondo um Ativo Total
de R$ 1.125.000,00 para o ano de 2012, podemos
assumir que a taxa de retornos sobre o investimento
(ROI) é de aproximadamente 7,2%.
iv. Se o prazo médio de pagamento das compras
(PMPC) for maior que o prazo médio de recebimento
pelas suas vendas (PMRV), ocorre uma situação
desfavorável no Fluxo de Caixa da empresa.
Assinale a alternativa correta:
a) Apenas as afirmativas 1 e 11 esotão corretas.
b) Apenas as afirmativas 11 e ui estão corretas.
c) Apenas a afirmativa iv está correta.
d) Todas as alternativas estão corretas.

Questão para reflexão


Quais as principais ferramentas de análise econômico-finan-
ceira dos projetos?

Saiba mais
Indicamos estes textos como complemento para seus estu­
dos. Essa leitura lhe propiciará maior conhecimento sobre as
demonstrações contábeis e a análise dos indicadores contábeis,
de liquidez, de endividamento e de rentabilidade da atividade,
possibilitando-lhe maior conhecimento sobre os indicadores
de projetos empresariais.

A ssaf Neto, A. Estrutura e análise de balanços: um enfoque


económico-financeiro comércio e serviços, industriais, bancos
comerciais e múltiplos. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
G it m a n , L. J. Princípios de administração financeira. 10. ed. São
Paulo: Pearson Addison Wesley, 2006.

M a t a r a z z o , D. C. Análise financeira de balanços: abordagem


básica e gerencial. São Paulo: Atlas, 2003.

R ibeiro , O. M. Estrutura e análise de balanços fácil. 7. ed. São

Paulo: Saraiva, 2006.


z , . ,,
7 obra foi p rod uzid a com o objetivo de a u xiliar alunos e
^ sta
profissionais das áreas en vo lvid as na elaboração de projetos de
in vestim en to. Por m ais d iv ersifica d a s q u e e las sejam , exige-se
no m ín im o um e stu d o de v ia b ilid a d e econôm ica no m om ento
da d ecisão d e in vestir ou n ão em d eterm in ad o projeto.

N ão só a elaboração do projeto é crucial para o su cesso do


em p reen d im en to , m a s ta m b ém u m bom o rçam en to e m p re ­
sarial. A m b o s se referem a um a projeção fu tu ra e exigem do
gestor um a d ecisão an tecip ad a a fim d e co n stru ir um plano,
um roteiro a ser se g u id o para q u e o n egócio alcan ce os resu l­
tados esperados.
Em bora m uitos gestores tenham con hecim en to sobre d iv er­
sas etapas d o n egócio, a elaboração de projeto e orçam ento são
técnicas indispensáveis, um a vez que constituem instrum entos
de coord en ação d as d ecisõ es sobre o negócio. Tanto o projeto
quanto o orçam ento em presarial são ferram entas que fornecem
base para analisar, antecipadam ente, a v ia b ilid a d e técnica do
negócio, a lucratividade e o d esem penho financeiro da em presa
para um p erío d o futuro.

N esta obra, ab o rd am o s os conceitos e as técn icas aplicad as


à a n á lise d e projetos e orçam ento em p resarial n u m a lin g u a ­
gem acessível. O livro foi d iv id id o em seis capítulos, e, ao final
de cada um , ap resen tam o s a síntese d o conteúdo. Propom os,
tam bém , exercício s para a fixação e a reflexão d o s conceitos
estu d a d o s, in d ica n d o , ain da, a lg u m a s leitu ras q u e p o d e rão
e xp a n d ir o co n h ecim en to d o a lu n o a respeito d esses tem as.

Para concluir, resta-nos d estacar q u e b u sca m o s apresentar


de m aneira clara e objetiva as p rin cip ais técn icas e d iscu ssõ e s
a respeito da a n á lise d e projeto e orçam ento em presarial, sem
a pretensão de esgo tar os debates sobre os a ssu n to s cm foco.
P rocuram os, ao lon go da obra, m anter um a sequência lógica
dos assuntos e acred itam os que, indiferentem ente do tam anho
ou da esp ecificid ad e d o projeto, vo cê poderá sem pre recorrer à
aplicação prática de g ra n d e parte d o s conceitos e d as técnicas
aqui apresentados.
A tkinson , A. A. et al. Contabilidade gerencial. São Paulo: Atlas,
2000.

B hrnardinei.li, A. B. et al. A utilização das demonstrações


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e análise. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
C ap ítu lo i

í. É um conjunto de informações que são coletadas e vali­


dadas, de modo que permitam a simulação de uma alter­
nativa de investimento para testar sua viabilidade.
2. Os aspectos econômicos, técnicos, financeiros, adm inis­
trativos, jurídicos e legais, ambientais e contábeis.
3- b
4- a
5- c

C ap ítu lo 2

í. O custo de oportunidade se refere à melhor oportuni­


dade abandonada. Por exemplo: o custo de oportunidade
de investir em uma sorveteria poderia ser a remune­
ração que o investidor teria caso deixasse o dinheiro
numa aplicação financeira. Portanto, podemos dizer
que a remuneração que ele deixa de receber, por não
estar na aplicação financeira, é o custo da oportunidade
abandonada.
2. Investimento pode ser entendido como o empenho de
capital no presente na esperança de auferir benefícios
no futuro. Nesse sentido, reduzir os desembolsos de
caixa pode ser tão benéfico para a organização quanto
aumentar as entradas de caixa em função de um novo
projeto de investimento.
3- b
4- c
5- c

C ap ítu lo 3

1. O orçamento empresarial permite que a empresa visua­


lize antecipadamente as atividades que deverão ser
desenvolvidas e os recursos envolvidos. Entretanto,
o objetivo desse plano não é só prever o que ocorrerá no
futuro, mas também estabelecer e coordenar os objetivos
de todas as áreas da empresa a fim de que todos traba­
lhem sincrgicamente cm busca dos objetivos gerais da
organização.
2. A etapa operacional é iniciada com o plano de marketing
e, a partir dele, a entidade direciona os esforços para seu
mundo externo e plano de produção, suprimento e esto-
cagem; o plano de investimento no ativo permanente;
e o plano de recursos humanos.
A etapa financeira, por sua vez, objetiva transformar
em linguagem monetária as decisões contidas na etapa
operacional. Nessa fase, são relacionados o fluxo de
entradas de recursos decorrente das vendas previstas e o
fluxo de saída de recursos em virtude dos gastos e inves­
timentos programados.
3- b
4- c
5- d

C ap ítu lo 4

í. O orçamento operacional se preocupa com as ativi­


dades geradoras de renda de uma empresa, como
vender, produzir e manter níveis de estoque de produtos
acabados. O resultado final de um orçamento opera­
cional é uma demonstração do resultado pró-forma,
ou orçado (Hansen; Movven, 2003).
O orçamento de investimento compreende as aquisições
com características dc imobilizado, como máquinas ou
veículos, construções, modificações e transformações
que tenham caráter de melhoria ou reposição da capaci­
dade produtiva ou de prestação de serviço. Nesse grupo,
inserem-se os projetos de investimento cujos benefícios
se estendem por mais de um ano.
Já o orçamento de financiamento está relacionado com
a obtenção de fundos para prover necessidades de
aumento dc capital dc giro, ampliação das atividades
operacionais e o investimento em ativos fixos.
2. O orçamento operacional inicia-se com o orçamento de
vendas que representam a fonte básica de entradas de
recurso monetários, e dele dependem todos os demais
planos da empresa. Após determinar a receita, é preciso
projetar os gastos operacionais, ou seja, aqueles decor­
rentes da atividade operacional da empresa, que são os
orçamentos de produção e das despesas administrativas
e de vendas da empresa.
O orçamento de produção objetiva prever o desem­
bolso com a produção e, para isso, precisa determinar as
quantidades produzidas e os custos envolvidos na nessa
etapa. O orçamento de vendas visa prever o desem­
bolso que a empresa irá ter com a comercialização dos
produtos. O orçamento das despesas administrativas
tem como objetivo levantar os gastos com as atividades
de gestão da empresa, Fechando o triângulo dos gastos
com a produção, comercialização e gestão, deduzindo
tudo isso da receita, o que sobra geralmcnte é para
cobrir o orçamento de capital da empresa.
3. a
4. d
5. a
C ap ítu lo 5

í. A Demonstração do Resultado do Exercício projetada


apresenta o lucro que a empresa obterá caso cumpra
integralmente os planos orçamentários. Esse demonstra­
tivo visa confrontar as receitas projetadas e os custos e
despesas previstos. Caso o resultado seja negativo ainda
no processo de planejamento, há tempo para remodelar
os planos a fim de programar uma situação em que a
empresa obtenha lucro no momento da execução.
A Demonstração do Fluxo de Caixa projetada indica as
entradas e as saídas de caixa que ocorrerão cm virtude
da execução de todos os planos orçamentários, ou seja,
dos orçamentos operacional, de investimento e de finan­
ciamento. O resultado prévio dessa demonstração indica
ao gestor a necessidade de fluxos de caixa externos ou
não para financiar as atividades da empresa ou o investi­
mento em ativos fixos.
O Balanço Patrimonial projetado permite vislumbrar
a situação patrimonial ao final do exercício caso a
execução dos orçamentos se cumpra na íntegra. Com
base no Balanço Patrimonial, é possível apurar os indica­
dores financeiros que permitirão avaliar a viabilidade ou
não da proposta orçamentária.
Todas essas demonstrações permitem ao gestor um
panorama prévio de como ficarão os resultados cm
termos de lucro, caixa, patrimônio e indicadores com
base nos orçamentos operacionais, de investimento e de
financiamento projetados pelas unidades. Com isso,
o gestor poderá decidir se os planos projetados são ou
não viáveis.
2. Em geral, o orçamento operacional, por tratar das
receitas e dos gastos obtidos no desenvolvimento das
atividades da empresa, acaba por apresentar maior
influência nas demonstrações contábeis. Como o orça­
mento de investimento se refere aos investimentos em
ativos fixos da empresa e o orçamento de financiamento
está relacionado às fontes externas, eles também influen­
ciam as demonstrações projetadas, porém, nem todas
as empresas executam atividades dessa natureza e,
portanto, não possuem esses orçamentos - ao contrário
das atividades operacionais, executadas obrigatoria­
mente por todas as empresas.
3. c
4. a
5. b

Capítulo 6
1. A análise dos indicadores contábeis permite que o
analista conheça as condições económicas e financeiras
da organização.
2.
a) Indicam a situação financeira da empresa em relação
à sua capacidade de honrar suas obrigações do curto
ao longo prazo.
b) Indicam a situação financeira da empresa em relação
à sua estrutura de financiamento, como a origem dos
recursos, e a composição do capital social.
c) Indicam a situação econômica da empresa em
relação ao retorno de capital investido.
d) Indicam a situação da empresa em relação ao recebi­
mento de suas vendas, pagamentos de suas vendas,
de suas compras e a rotação de estoques.
3- c
4. d
5. a
Joel de Jesus Macedo é doutorando em Economia pela
Universidade Federal do Paraná (UFPR), mestre em Engenharia
de Produção pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná
(PUCPR) e graduado em Econom ia pela U niversidade
Federal do Paraná (UFPR). Atua como analista econômico na
Com panhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) e também
leciona as disciplinas de Microeconômica, Macroeconomia,
Economia Internacional, Gestão de Projetos, Desenvolvimento
de Produto e Custos e Pesquisa Operacional, nas modalidades
de graduação e pós-graduação. E consultor nas áreas de finan­
ças públicas e de mercado de capitais. Possui artigos publi­
cados voltados para as áreas pública c privada. Recebeu, em
dois anos consecutivos (2010-2011), o Prêmio Sérgio Scorsim
de melhor artigo científico na área de pesquisa operacional, no

Congresso Internacional de Administração (ADMpg). E autor
dos livros Controle interno e externo na administração pública (2011)
e Administração estratégica de custos (2012).

Ely Celia Corbari é mestre em Contabilidade e Finanças pela


U niversidade Federal do Paraná (UFPR), especialista em
Contabilidade c Gestão Estratégica c cm Gestão Pública
pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste)
e graduada em Ciências Contábeis pela mesma instituição.
Atualmente, leciona disciplinas relacionadas à contabilidade
em cursos de graduação e pós-graduação, nas modalidades
presenciais e a distância. E autora de diversos artigos publica­
dos em congressos e periódicos relacionados à contabilidade
gerencial e à gestão pública e dos livros Contabilidade societária
(2011), Controle interno e externo na administração pública (2011) e
Administração estratégica de custos (2012).
Análise de projeto
e orçamento empresarial
Joel de Jesus macedo | Ely Celia Corbari

Um projete de inuestimento engloba,


entre outras coisas, os aspectos
econômicos e financeiros relacionados
à sua p e r f o r m a n c e . Trata-se de um
recurso essencial para que a uiabilidade
da enecução de determinada ação seja
deuidamente testada.

Composta por seis capítulos, esta obra


pretende auHiliar os alunos e profissionais
da área a elaborarem um projeto de
inuestimento e de orçamento empresarial
uiáuel e bem estruturado. Para isso,
os componentes obrigatórios desse
recurso são discutidos de maneira
minuciosa e atratiua, com eHemplos
práticos e sugestões de enercícios
e de leituras complementares.

ISBN 978-85-8212-964-7

EDITORA
*5}$ intersaberes 9 7 8 8 5 8 2*'1 2964 7

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