Atlas Urinalise

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Leidieny Januth Rodrigues

Ana Carolina Ramos de Alcântara


Izadora Tamy Giurizatto
A urinálise de rotina é constituída por dois componentes principais: as avaliações
macroscópicas e microscópicas. Nesse atlas será abordado os achados que podem ser
observados no exame microscópico do sedimento urinário.
O exame microscópico do sedimento urinário deve ser parte integral de todas as
urinálises, mesmo que não sejam detectadas anormalidades nas fitas reagentes. Estudos
indicam que até 16% das amostras urinárias sem achados dignos de nota nos testes com
fitas reagentes podem apresentar achados microscópicos positivos, especialmente piúria
e bacteriúria.
Imagem A: Amostra não corada. Esta amostra de
sedimento urinário não corada ilustra o contraste
superior dos componentes celulares quando se abaixa o
condensador do microscópio e o diafragma parcialmente
fechado. Observa-se predomínio de eritrócitos crenados
(setas curtas), além de duas células epiteliais com
citoplasma de aparência granular (setas longas).

Imagem B: Amostra corada. A aplicação de corante na


amostra evidencia os detalhes celulares. Uma célula
epitelial (seta longa) e eritrócitos (setas curtas) estão
presentes. O corante deve ser mantido livre de
precipitados. Como ilustrado , as partículas de corantes
assemelham-se a bactérias (asteriscos) conferindo uma
falsa impressão. (Sedi-Stain, BD Clay Adams, Sparks, MD
ou uma solução a 0,5% de novo azul de metileno) pode
ser utilizado para acentuar os detalhes celulares.
Células
Imagem A: Cistite bacteriana – não corada
Observam-se cadeias de bactérias (setas) e células
não identificadas (provavelmente neutrófilos
degenerados com aparência de célula mononuclear e
eritrócitos crenados) neste sedimento de urina não
corado, obtido mediante cistocentese percutânea. A
identificação do tipo celular não é importante nesta
figura e, de fato, pode ser impossível devido às
alterações induzidas pela natureza físico-química da
urina.

Imagem B: Corada com corante do tipo Romanowsky.


Preparação citológica de uma amostra de urina infectada,
destacando bactérias e um grupo de células epiteliais
uniformes (seta longa). A maioria das células, provavelmente
neutrófilos, apresenta núcleo intumescido e arredondado ou
lise devido ao ambiente urinário inadequado,
impossibilitando sua identificação (setas curtas). Em outros
campos, algumas dessas células mantiveram discreta
segmentação e muitas continham bactérias, o que permite
classificá-las como neutrófilos
Células
Imagem A: Amostra de urina contaminada, micção espontânea,
corada. A presença de células epiteliais escamosas maduras (seta
longa) sugere a possibilidade de contaminação bacteriana. Seis ou
sete núcleos distorcidos, possivelmente de neutrófilos, também são
observados (setas curtas).

Imagem A: Grupo de células epiteliais, não corada. As células


epiteliais demonstram anisocitose discreta a moderada (20 a 40
μm de diâmetro). Observa-se eritrócitos (aproximadamente 5 a 7
μm de diâmetro, setas curtas), alguns com superfície lisa e outros
crenados, e um neutrófilo (aproximadamente 10 a 12 μm de
diâmetro, setas longas). Os grânulos citoplasmáticos do neutrófilo
apresentavam-se em movimento aleatório (movimento
browniano), e às vezes é denominado “célula glitter”. Esses
grânulos não devem ser confundidos com bactérias. Observe as
relações de tamanho entre o eritrócito, neutrófilo e as células
epiteliais. Células
Imagem B: Preparação citológica, células epiteliais
hiperplásicas, corada.
A coloração da amostra facilita a avaliação citológica dos
critérios de malignidade. A anisocitose discreta a moderada, a
anisocariose e a proporção núcleo: citoplasma variável foram
consideradas compatíveis com hiperplasia de células epiteliais
de transição.
Imagem C-D: Grupo de células
epiteliais, não corada. As células
epiteliais demonstram maior
variabilidade no tamanho celular e na
proporção núcleo:citoplasma. D,
Preparação citológica, carcinoma,
corada. Mesmo caso visto em C. Os
critérios citológicos para malignidade
são mais bem evidenciados na
preparação corada, que neste grupo
de células epiteliais inclui proporção
núcleo: citoplasma alta e variável,
nucléolo proeminente e cromatina
grosseiramente agregada.
Citologicamente suspeitou-se de
carcinoma de célula de transição
Imagem A-C: As gotículas lipídicas
assemelham-se às células, porém
geralmente apresentam maior
variabilidade no tamanho . Vacúolos
de lipídeos em células epiteliais
podem ser uma característica
citomorfológica proeminente no
sedimento urinário de felinos; são
identificados pela sua variação de
tamanho e natureza refringente à
A- Não corado medida que se altera o foco.
B- Novo azul de metileno
C- Wright (corante à base de álcool que dissolve as gotículas de
lipídeos, resultando em espaços claros e puntiformes no citoplasma
das células)

Células
Imagem A: Os cilindros formam-se nos túbulos renais (seta) (porção
ascendente da alça de Henle e túbulo distal) e refletem sua forma. O
grau de acidez, a concentração de soluto e a velocidade de fluxo
facilitam a precipitação de proteína, resultando na formação de um
cilindro.

Imagem B: Não corada com artefato. Os cilindros hialinos são claros


e incolores e dissolvem-se rapidamente, especialmente em urina
alcalina. A formação de cilindros é maior quando quantidades
anormais de proteínas alcançam os túbulos, sendo mais frequente o
excesso de albumina. Um maior número de cilindros está associado
a exercício vigoroso, febre, insuficiência cardíaca congestiva,
tratamento com diurético, glomerulonefrite e amiloidose. Nota-se um
fragmento de artefato do recipiente de coleta, provavelmente de
plástico (seta)

Imagem C: Corada. Notar a aparência homogênea


e lisa

Cilindros
Imagem A: Cilindro celular, Uma pielonefrite resultou na
formação de cilindro celular (seta). A matriz proteica rósea
contém núcleos neutrofílicos escuros e fragmentos nucleares não
identificados. Observa-se um glomérulo (asterisco).

Imagem B-C: Citologia, não


corada. Inúmeras células,
condizentes morfologicamente
com células epiteliais, podem ser
observadas incorporadas à matriz
do cilindro (setas curtas). O
achado é sugestivo de necrose
tubular aguda. Notam-se um
cilindro granular fragmentado
(seta longa) e fragmentos amorfos
(material granular não
identificado) (asteriscos) . Em C,
corada algumas gotículas de
lipídeo são observadas.
Cilindros
Cilindro hemático, não corado. Um achado instável e
incomum que indica lesão intrarrenal aguda. A amostra
urinária é proveniente de um cão que sofreu traumatismo
(atropelamento por automóvel). Algumas gotículas de
lipídeo estão presentes.

Imagem A: Cilindro granular, não


corado. Representam material
celular degradado oriundo da lise
de células do epitélio tubular renal.
Nefrotoxinas, isquemia são eventos
patológicos que resultam em sua
formação. Quantidade moderada de
célulasepiteliais (setas), leucócitos
e eritrócitos (indistinguíveis) estão
presentes. Imagem B Cilíndro
granular com gotículas de lipídeo.
Este cilindro estava presente
na urina de um cão com síndrome
nefrótica. Eles podem ser vistas em
Um grânulo de amido (pó proveniente da
luva de procedimento) está localizado
associação a diabetes mellitus e em
abaixo gatos com lesão de túbulo renal.
do cilindro (seta).
Cilindros
Imagem A: Cristalúria por fosfato de amônio-magnesiano
(estruvita).Estes cristais são denominados erroneamente
fosfatos triplos. O pequeno cristal ao centro (seta) ilustra a
aparência de “tampa de caixão” (vista de cima de um caixão
fechado). Os cristais podem ser um achado normal em cães e
gatos ou podem estar associados a urólitos de estruvita
(estéreis e infectados). Tendem a ser encontrados em urina
com pH >7.

Imagem B: Cristais de estruvita. Podem apresentar-se em


diferentes formas, incluindo bastonete, como nesta amostra,
e em “folha de samambaia” (não mostrada). Notam-se
pequenas ilhas de fosfato amorfo avermelhado

Cristais
Imagem A: Cristais de fosfato amorfo. Imagem B: Cristais de fosfato de cálcio,
Apresentam valor diagnóstico desconhecido, pH 8.5. Cão. Estes grupos de cristais
mas não devem ser confundidos com incolores, longos e em formato de agulha
colônias bacterianas. São diferenciados de estavam presentes na urina alcalina de
cristais de urato amorfo por serem incolores, um Airedale terrier que apresentava
formarem-se em urina alcalina e serem enzimas hepáticas elevadas e anemia.
solúveis em ácido acético

Cristais
Imagem A: Apresentam coloração amarelo-clara a amarelo-
amarronzada e tendem a formar agregados semelhantes a esferas com
superfície lisa ou com projeções longas de comprimentos variáveis
(denominadas “espinhos de maçã”). Vários cristais de urato de amônia
menores, de formatos variados, inclusive um com forma de haltere,
estão presentes, e alguns parecem bastonetes bacterianos bipolares

Imagem B: Os cristais de cor marrom são


esféricos com espinhos, e alguns apresentam
longas projeções assemelhando-se a um ácaro
cutâneo. O diagnóstico foi de síndrome da veia
cava

Imagem C: Cristais de urato de amônia. Gato. Os gatos tendem a


formar agregados de cristais esferoides com superfície lisa, como
constatado nesta amostra de urina de um portador de um único
shunt portossistêmico congênito extra-hepático. Algumas
gotículas de lipídeo podem ser observadas
Cristais
Cristais de carbonato de cálcio. Cristais de carbonato de
cálcio não são observados na urina de cães e gatos, mas
podem ser encontrados na urina de cavalos, coelhos e
cobaias

Imagem A: Cristais de urato amorfo; fibra de


algodão. Sais de sódio, potássio, magnésio e 538cálcio
formam um precipitado granular amarelado a
marrom-escuro que podem assemelhar-se a
precipitados de cristais de fosfato amorfo. O paciente,
um Yorkshire terrier, apresentava um diagnóstico de
shunt portossistêmico congênito (acentuada elevação
da concentração sérica de ácidos biliares;
portograma). Uma fibra de algodão encontra-se entre
os cristais (seta)
Cristais
Imagem B:Cristais de urato de sódio. Estes cristais foram observados
em associação a urolitíase por urato de amônia em um cão da raça
Bulldog. Nota-se também um cristal de oxalato de cálcio di-hidratado
(seta)

Imagem A: Cristais de oxalato de cálcio di-hidratado.


Cão. Ilustra a forma clássica em “cruz-de-malta”
em um animal aparentemente sadio. Podem ser encontrados em urina de cães e
gatos aparentemente sadios e em associação a urolitíase por oxalato de cálcio e
intoxicação por etilenoglicol. Essa última causa deve ser prontamente
considerada em um cão ou gato portador de insuficiência renal aguda. Um
fragmento de um cilindro granular está localizado na parte inferior, à esquerda
(seta).

Imagem A-B: Cristais de bilirrubina. A


bilirrubina pode cristalizar-se quando há
bilirrubinúria

Cristais
Imagem A: Cristais de sulfa, não corados. A, Observa-se
uma forma de cristais de sulfa que podem resultar da
administração de sulfonamidas. Esses cristais amarelos
assemelham-se a feixes de 541trigo. O teste de lignina
utilizado como teste de triagem para sulfonamidas foi
positivo neste caso.

Cristais
DENNY J. MEYER, Rose E. Raskin e. Citologia clínica de cães & gatos: Atlas colorido e guia de interpretação-
Tradução autorizada. 2. ed. RJ: Saunders Elsevier, 01 2012. 976 p. ISBN 978-1-4160-4985-27

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