Teatro Elisabetano v.8

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CURSO DE TEATRO

MÓDULO II: TEATRO ELISABETANO

OS GRANDES DRAMATURGOS DO TEATRO ELISABETANO


E AS CARACTERÍSTICAS DO TEXTO

Prof. Rodrigo de Castro

Componentes do Grupo: Anderson Amendola; Edna Amendola; Cláudia


Gonçalves; Juliana Masello; Luiz Henrique; Nathacha Storte; Vinicius
Oliveira
PERÍODO ELISABETANO: A ERA DE OURO INGLESA [1558-1603]

Contexto Histórico:
 Período de progresso: mercantilismo & expansionismo marítimo
 Guerra Protestante: perseguição aos católicos
 Consolidação da igreja anglicana
 Importantes vitórias militares: superação da Armada espanhola de Felipe II
 Valorização e desenvolvimento das artes: grande influência da Antiguidade
clássica, especialmente dos latinos Sêneca e Plauto; atores ganham status de
profissionais liberais; construção e democratização dos teatros

O teatro Elisabetano:
o Inspirado nos circos da época: usava, no início, locais improvisados e abertos
o Modelo de representação: a audiência era colocada como cúmplice da peça e
chamada a colaborar ativamente com a representação
o Aproximação entre palco/plateia: personagens falam através de
“solilóquios” e “a partes”
o Ausência de atrizes: jovens atores que assumiam um tom de voz feminino
o Ausência de decoração e de “efeitos especiais”: potencializava a concentração
na expressão gestual, mímica e verbal dos atores
o Mistura de gêneros: mescla as tradições poéticas e teatrais da cultura
clássica, tragédias gregas, contos
medievais e comédias italianas, dentre
outros
o Um teatro popular e de periferia: era
popular, mas tinha má reputação. As
autoridades de Londres o proibiram na
cidade; por isso que os teatros se
encontravam do outro lado do rio Tâmisa,
na Zona de Southwark ou blackfriars, fora
das competências das autoridades da
cidade

O tempo e a obra de William Shakespeare [1564 - 1616]

Características centrais do seu teatro:


o Ausência de unidade de tempo e lugar no sentido clássico;
o Enredo principal e sub-enredos;
o Distinção não rígida de gêneros (em tragédias possuem cenas de comédia
ou vice-versa ...);
o Variação da quantidade de personagens (Ex.: Em uma peça existem 12
personagens, já em outra existem 50);
o Gêneros mais utilizados: tragédias, comédias e dramas históricos;
o Versos brancos, rimados e prosa.
Períodos do teatro shakesperiano
➔ 1º período [até 1594]:
o Influência de autores romanos e dramaturgos elisabetanos,
especialmente Thomas Kyd e Christopher Marlowe, assim como
pelas tradições do teatro medieval
o Construção formal e versos estilizados;
o Gosto pela peça de fundamentação histórica: dramatização dos
resultados destrutivos da corrupção do Estado
 Peças históricas: Henrique VI [1589-1592]; Ricardo III [1592-
1593];
 Comédias: A comédia dos erros [1592]; A megera
domada[1593-1594]; Os dois cavaleiros de Verona [1594];
 Tragédia: Tito Andrônico [1593-1594]

➔ 2º período [1594-1600]:
o Predileção pelo amor e pela comédia;
o Amadurecimento na construção de personagens mais complexos: a
oscilação entre o cômico e o dramático, expande suas identidades;
o Desenvolve um profundo lirismo e poeticidade
 Peças históricas: Henrique V [1595]; Ricardo II [1595];
 Comédias: Sonho de uma noite de verão [1595]; O mercador
de Veneza [1596]; Muito Barulho por nada [1598]; As alegres
comadres de Windsor [1600]
 Tragédia: Romeu e Julieta [1594]; Júlio César [1599]
➔ 3º período [1600-1608]:
o Peças de maior profundidade e profundo debate acerca da alma
humana;
o Gosto pelo sombrio e pelo psicológico;
o A linguagem poética é utilizada como instrumento extremamente
dramático, capaz de registrar o pensamento e as várias dimensões de
determinadas situações existenciais;
o Mais alta força dramática e significativa ao devassar as relações
interpessoais e do indivíduo com o Estado, governantes e
governados.
 Tragédias: Hamlet [1599]; Othelo [1604]; Macbeth [1606]; Rei Lear [1605];
 Comédias: Trólio e Créssida [1608]; Tudo está bem quando acaba bem [1601-
1608]; Medida por medida [1604];

➔ 4º período [após 1608]:


o Relativização do trágico;
o Peças menos sombrias do que as tragédias;
o Momento de busca pelo equilíbrio e por uma maior serenidade;
o Peças com um tom mais grave de comédia, com suas personagens
reconciliando-se ao final e perdoando todos os erros uns dos outros;
 Tragicomédias: Tímon de Atenas [1599]; Cimbelina [1611]; Conto de Inverno
[1610]; A tempestade [1611];
Principais Gêneros Literários clássicos:
1. Gênero Dramático: “palavra representada”

O gênero dramático envolve a literatura teatral em prosa ou em verso, aquela


para ser apresentada e encenada. Do grego, a palavra “drama” significa
“ação”.
Por esse motivo, o diálogo é um recurso muito utilizado,
Elementos: a tríade essencial: o autor, o texto e o público.
Tipificação: Auto; Comédia; Tragédia; Tragicomédia; Farsa.

2. Gênero Lírico: “palavra cantada”

O Gênero lírico apresenta textos em versos por meio de uma linguagem


poética, de caráter sentimental com predominância da subjetividade do eu-
lírico (primeira pessoa).
Elementos: eu-lírico.
Tipificação: Elegia; Poesia; Ode; Écloga; Haicai; Soneto(estrofes), Sátira.

3. Gênero Épico: “palavra narrada”

O gênero épico representa a mais antiga das manifestações literárias e


abarca as narrativas histórico-literárias de grandes acontecimentos, com
presença de temas terrenos, mitológicos e lendários.

Elementos: narrador (quem narra a história), enredo (sucessão dos


acontecimentos), personagens (principais e secundárias), tempo (época dos fatos)
e espaço (local dos episódios)

Tipificação: Épico; Fábula; Epopeia(cantos); Novela; Conto; Crônica; Ensaio;


Romance (capítulos)

Lei das 3 unidades do teatro grego


Enredo [Arte Poética de Aristóteles]:
1. Tempo
2. Espaço
3. Ação
1.1 A Megera Domada
Gênero: Comédia
Período: 1ª fase Shakespeariana
Dados históricos:
Comédia adaptada de antiga peça tendo por título A Taming of a Sherew, de autor
desconhecido, e publicada em 1594. Esta peça teve outro colaborador além de
Shakespeare, acreditando alguns críticos ser Marlowe a outra mão que retocou a
Megera. O Prólogo foi tirado diretamente da comédia original e é inspirado em
história similar das Mil e Uma Noites.
Até hoje não se conhece o ano exato em que apareceu A Megera Domada, mas o
certo é que Shakespeare a refez entre 1596-1597.
Sinopse:
“Batista Minola, rico mercador de Pádua, possui duas lindas filhas. Uma se chama
Catarina e possui um gênio terrível, enquanto a segunda, Bianca, é o oposto da
irmã, de tal modo tem a índole mansa e cordata. Como era de esperar-se, Bianca
possui muitos candidatos, mas Batista, velando pelos interesses das filhas, decide
que não se casará, enquanto a mais velha não encontrar, também, um noivo.
Petruchio de Verona chega à cidade para encontrar uma rica esposa e, apesar de
tudo o que ouvira a respeito de Catarina, declara que fará a corte e se casará com
qualquer megera desde que possua um bom dote. Para se casar com Catarina,
Petruchio terá que domar a fera.
Das 37 peças que compõem a obra teatral de Shakespeare, 12 de arrolam como
“comédias”, embora nem todas se enquadrem no conceito habitual dessa forma
cênica. Nelas esplende uma das facetas mais brilhantes do gênio do grande poeta
inglês: a da sua fantasia, da sua imaginação, da sua visão romanesca da vida, bem
como a sua sutileza de espírito, o seu domínio da linguagem poética, a sua graça, o
seu prazer de viver.
1.2.1 Romeu e Julieta

Gênero: Tragédia
Período: 2ª fase Shakesperiana
Sinopse:
Verona é o palco do conflito histórico entre duas famílias tradicionais: os
Montecchio e os Capuleto. Por um infortúnio do destino, Romeu, filho único da
família Montecchio, e Julieta, filha única da família Capuleto, conhecem-se durante
um baile de máscaras e apaixonam-se perdidamente.
Romeu já estava enamorado de Rosalina quando conheceu a filha da família rival.
Encantado pela moça, desmanchou o compromisso que tinha com Rosalina e fez de
tudo para ficar com a sua alma gêmea. Julieta também tinha planos futuros com
Páris, um rapaz de nome em Verona, no entanto, abandona todos os desejos da
família para seguir o seu coração.
Juntos, Romeu e Julieta vivem um amor proibido e idealizado, condenado pela
família de ambos. Casam-se as escondidas, a celebração é realizada pelo Frei
Lourenço, um confidente de Romeu.
Por uma briga que acaba gerando a morte de Teobaldo (primo de Julieta) e
Mercúrio (amigo de Romeu), o príncipe de Verona resolve exilar Romeu.
Desesperada com a partida do amado, Julieta pede auxílio ao frade franciscano que
realizou o casamento.
A ideia do frade é que Julieta tome uma poção que faça com que ela pareça morta.
Romeu, ao receber a notícia da suposta morte da mulher, entra em desespero e
compra uma substância para provocar a própria morte.
Ao encontrar Julieta desacordada na cripta dos Capuleto, crê na morte da amada e
toma o veneno que havia trazido. Julieta, ao acordar, descobre que o amado está
morto e, com um punhal, também dá cabo da própria vida.
A história de amor é trágica, o único consolo que resta ao leitor é saber que, após
as catastróficas mortes dos protagonistas, as famílias Montecchio e Capuleto
decidem fazer um acordo de paz.
Personagens principais
I. Romeu: O protagonista, único herdeiro da família Montecchio.
II. Julieta: A protagonista, única herdeira da família Capuleto.
III. Senhor e senhora Montecchio: Família tradicional da cidade de Verona,
pais de Romeu. Historicamente a família é inimiga mortal da casa Capuleto.
IV. Senhor e senhora Capuleto: Família tradicional da cidade de Verona, pais
de Julieta. Historicamente a família é inimiga mortal da casa Montecchio.
V. Teobaldo: Primo de Julieta, sobrinho da senhora Capuleto.
VI. Páris: Pretendente de Julieta. A moça, apaixonada por Romeu, o rejeita
veementemente.
VII. Éscalo: Príncipe de Verona, cidade onde a história se passa, no interior da
Itália.
VIII. Mercúrio e Benvólio: Amigos fiéis de Romeu.
IX. Abraão e Baltasar: Criados da família Montecchio.
X. Ama: Mãe de criação de Julieta, nutre um profundo afeto pela moça.
XI. Pedro: Criado da casa Capuleto, auxiliar da Ama.
XII. Frei Lourenço: Amigo de Romeu, o frei franciscano celebra o casamento do
casal apaixonado.
XIII. Frei João: Autoridade religiosa de origem franciscana.
A passagem mais lembrada da peça é aquela presente na cena II do Ato II. Romeu
vai até o jardim dos Capuleto e fala com a sua amada, que se encontra na sacada:
ROMEU - “Só ri das cicatrizes quem nunca foi ferido... (Julieta aparece na sacada de
uma janela) Silêncio! Que luz é aquela na janela? É o sol nascente, é Julieta que
surge! Desperte, sol, e mate a lua ciumenta, que está pálida e doente de tristeza,
pois vê que você é mais perfeita que ela! Deixe de servi-la, já que ela é tão invejosa!
Seu manto é esverdeado e triste como a túnica dos dementes: jogue-o fora! É
minha dama, é o meu amor. Se ela ao menos soubesse!... Está falando ou não? Seus
olhos falam... Respondo ou não? Sou muito ousado... não é a mim que ela fala. Duas
estrelas devem ter emprestado o brilho a seu olhar. E se fosse o contrário? Seus
olhos no céu, e o astros seriam apagados, como o dia faz com a luz das velas. E
tanta claridade se espalharia no céu, que os pássaros cantariam, pensando que era
dia com luar. Como ela apóia seu rosto na mão! Como eu queria ser uma luva em
sua mão, para poder tocar aquela face!”
JULIETA – Ai de mim!
ROMEU – Ela está falando!... Fale de novo, anjo brilhante, anjo glorioso no alto
desta noite, que faz os mortais arregalarem os olhos e torcerem o pescoço para vê-
lo, quando cavalga as nuvens preguiçosas e veleja pelo ar sereno.
JULIETA – Romeu! Romeu! Por que você é Romeu? Negue seu pai, renuncie a seu
nome. Ou, se não quiser, basta me jurar amor, e deixarei de ser uma Capuleto.
Inspirações do autor
O poeta inglês possivelmente se inspirou em uma história da Grécia antiga de
Píramo e Tisbe que data do século III, uma apaixonada vai em busca de um veneno
para escapar de um casamento.
Durante a renascença se proliferaram narrativas de amor semelhantes e em 1530
Luigi da Porto publicou uma história que parece ter mesmo inspirado a
composição de Shakespeare.
Novelamentte Ritrovata de Due Nobili Amanti também tem como cenário Verona,
os protagonistas são nobres e as famílias em questão são o Montecchi e Cappulletti.
Os protagonistas chamam-se, inclusive, Romeu e Giulietta. A peça fez tanto sucesso
que foi adaptada para o francês por Adrien Sevin em 1542.
Supostamente criada entre 1593 e 1594, a clássica peça Romeu e Julieta, de
Shakespeare, atravessou gerações e gerações e tornou-se uma obra-prima da
literatura ocidental. A história, passada em Verona, interior da Itália, tem como
protagonistas os apaixonados Romeu Montecchio e Julieta Capuleto.
Versões da peça
Em 1597, a peça Romeu e Julieta, de William Shakespeare, foi encenada com o texto
reconstituído a partir da lembrança dos dois atores que trabalharam na primeira
representação. Já a montagem a seguir, feita dois anos depois, foi autorizada e mais
completa, com cerca de setecentos versos a mais que haviam desaparecido na
versão anterior.
Estrutura da peça
A peça possui uma linguagem compatível com a da tragédia lírica porque tem cerca
de quinze por cento do texto em rima. A obra-prima do autor inglês é dividida em
cinco atos:
O ato I tem cinco cenas, o ato II seis cenas, o ato III cinco cenas, o ato IV cinco cenas
e o ato V três cenas.
1.2.2 Ricardo II
Gênero: histórico
Período: 2ª fase Shakesperiana
Sinopse:
Ricardo II (cerca de 1695-1596) é a primeira peça da grande saga histórica de
quatro peças, ou tetralogia, que continua com as duas partes de Henrique IV (cerca
de 1596-1598) e conclui-se com Henrique V (1599).
Nessa segunda tetralogia, Shakespeare dramatiza o início do grande conflito
chamado de Guerra das Rosas, tendo já dramatizado a conclusão dessa guerra civil
em sua tetralogia anterior, em Henrique VI e Ricardo III (cerca de 1589-1594).
Ambas as sequências movem-se da irrupção da facção civil ao triunfo eventual da
estabilidade política.
Juntas, elas englobam o longo século de agitação política da Inglaterra, de 1390 até
a vitória de Henrique Tudor sobre Ricardo III em 1485.
Entretanto, Shakespeare escolhe contar as duas metades dessa crônica em ordem
reversa. O clímax de sua expressão sobre a monarquia em Henrique V foca em um
período histórico anterior, na educação e no sucesso régio do Príncipe Hal.
1.2.3 sonhos de uma noite de verão
Gênero: Comédia
Período: 2ª fase Shakesperiana
Sinopse:
Sonho de uma noite de verão é considerada a maior comédia de Shakespeare. A
ação, que se passa em Atenas, retrata os desencontros amorosos de quatro jovens.
Completam o enredo as altercações entre o casal de deuses Titânia e Oberon,
criando um contraponto às desventuras dos mortais.
A peça se concentra em torno do casamento do duque Teseu de Atenas e da rainha
Hippolyta das amazonas. O início da peça revela um triângulo amoroso: Hermia
está apaixonada por Lysander, mas é suposto casar-se com Demetrius que está
apaixonado por ela. Helena ama Demetrius.
A filha de Egeu, Hérmia, foi prometida a Demétrius. Contudo, Hérmia ama
Lysander. Diante do impasse amoroso, Teseu lança uma escolha à Hérmia: ou casa-
se com Demétrius, como prometido pelo seu pai; ou converte-se no altar de Diana
e abandona a companhia de homens para viver em solidão como freira.
Para se vingar da esposa, Oberon decide pingar o suco da flor do amor nos olhos
de Titânia, esse encantamento faria com que ela se apaixonasse pela primeira
criatura que avistasse ao abrir os olhos. Ao acordar, ela avistou Fundilhos, um
homem artesão que estava no bosque, ele tinha corpo de homem e cabeça de
burro.
Graças à uma flor mágica, Lisandro e Demétrius caem de amores por Helena,
deixando Hérmia de lado. A magia acaba atingindo também Titânia, a rainha das
fadas, que se encanta perdidamente por um humano com cabeça de burro!
A peça é uma comédia, ainda que ela contenha ideias sérias. No final da peça,
Lisandro e Hérmia, bem casados, assistem a peça sobre os amantes infelizes,
Píramo e Tisbe, e são capazes de desfrutar e rir sobre a peça, e não perceber as
semelhanças entre eles.
Os personagens principais são: Hérmia,Puck,Oberon,Titania,Lisandro,Helena e
Demétrio
Personagens:
I. Egeu - pai de Hérmia
II. Hérmia - apaixonada por Lisandro, noiva de Demétrio
III. Lisandro - apaixonado por Hérmia
IV. Helena - melhor amiga de Hérmia e apaixonada por Demétrio
V. Oberon - rei dos elfos, marido de Titânia
VI. Titânia - rainha das fadas, esposa de Oberon
VII. Puck - servo de Oberon
VIII. Fundilhos - artesão
IX. Teseu - noivo de Hipólita
X. Hipólita - noiva de Teseu
Resumo:

Egeu queria casar sua filha Hérmia com Demétrio, mas ela amava Lisandro e não
aceitava o casamento. Lisandro e Hérmia decidiram fugir para continuarem juntos,
eles combinaram o encontro na noite seguinte no bosque.
Lisandro e Hérmia contaram para Helena sobre o plano da fuga. O objetivo deles
era deixar Helena feliz, já que sabiam do amor dela por Demétrio. No entanto,
Helena contou para Demétrio sobre o plano com a intenção de ficar com a gratidão
e a amizade dele.
O casal, Oberon (rei dos elfos) e Titânia (rainha das fadas), moravam no bosque,
porém brigavam muito por ciúmes. Para se vingar da esposa, Oberon decide pingar
o suco da flor do amor nos olhos de Titânia, esse encantamento faria com que ela
se apaixonasse pela primeira que avistasse ao abrir os olhos. Ao acordar, ela
avistou Fundilhos, um homem artesão que estava no bosque, ele tinha corpo de
homem e cabeça de burro. Fundilhos estava desse jeito porque Puck servo de
oberon quis aprontar
Oberon viu Helena correndo pelo bosque atrás de Demétrio e declarando seu
amor. Isso o comoveu, portanto, decidiu ajudar Helena. Ele ordenou a Puck que
colocasse o suco da flor do amor nos olhos de Demétrio. Como Puck era muito
atrapalhado, ele pingou o suco da flor do amor nos olhos de Lisandro que também
estava no bosque para fugir com Hérmia. O problema é que a primeira pessoa que
Lisandro avistou foi Helena e se apaixonou por ela. Para corrigir o erro de Puck,
Oberon pingou o suco da flor do amor nos olhos de Demétrio, que imediatamente
também se apaixonou por Helena.
Agora, os dois, Lisandro e Demétrio, estavam apaixonados por Helena.
Para mais uma vez corrigir o erro, Puck e Oberon fizeram Demétrio e Lisandro
adormecerem. Depois, colocaram Hérmia perto de Lisandro e Helena perto de
Demétrio. Pingaram o suco de uma erva de desencantamento nos olhos de
Lisandro para ele voltar a amar Hérmia. E assim tudo foi resolvido. Ao acordarem,
os quatro acreditaram que tudo tinha sido um sonho.
Titânia, que ainda estava enfeitiçada pelo suco da flor do amor, estava sendo
escrava de Fundilhos e fazendo todas suas vontades. Oberon que tinha planejado
tudo ficou com dó da esposa e desenfeitiçou-a usando o suco da mesma erva de
desencantamento. Ao despertar, Titânia acreditou que tudo tinha sido apenas um
sonho. Titânia e Oberon ficaram muito felizes por se reencontrarem e fizeram as
pazes.
Egeu, Teseu e Hipólita andaram horas no bosque a procura de Hérmia.
Encontraram os quatro amigos juntos. Para solucionar de uma vez esse impasse,
Teseu e Hipólita, que se casariam no dia seguinte, decidiram que o casal Hérmia e
Lisandro e o casal Helena e Demétrio também se casariam na mesma cerimônia.
Egeu aceitou.
Após a realização dos três casamentos, Oberon e Titânia jogaram um
encantamento por todo palácio para que os casais fossem felizes pelo resto da vida.
1.2.3 Mercador de Veneza comedia
Gênero: Comédia
Período: 2ª fase Shakesperiana
Sinopse:
O mercador de Veneza é uma das obras mais polêmicas de William Shakespeare
(1564-1616). Escrita por volta de 1596, aborda o choque entre diferentes
culturas, tema tão presente hoje como na Inglaterra do século XVI.
Tradicionalmente classificada como comédia, apresenta elementos típicos do
romantismo; um exemplo é a heroína da peça – Pórcia –, uma dama italiana à
procura de um marido.
A história tem lugar entre Veneza e a fictícia Belmonte e mostra o antagonismo
entre Antônio – o mercador do título da obra, comerciante cristão de prestígio –
e Shylock, um usurário judeu que leva o outro ao tribunal no intuito de cobrar
uma dívida. Para criar este que é um dos seus mais populares personagens,
Shakespeare se inspirou na peça O judeu de Malta, de seu contemporâneo
Christopher Marlowe.

Fagmento do Texto:
“SHYLOCK: Para isca de peixe. Se não servir para alimentar coisa alguma, servirá
para alimentar minha vingança. Ele me humilhou, impediu-me de ganhar meio
milhão, riu de meus prejuízos, zombou de meus lucros, escarneceu de minha nação,
atravessou-se-me nos negócios, fez que meus amigos arrefecessem, encorajou meus
inimigos. E tudo, por quê? Por eu ser judeu. Os judeus não têm olhos? Os judeus não
têm mãos, órgãos, dimensões, sentidos, inclinações, paixões? Não ingerem os mesmos
alimentos, não se ferem com as armas, não estão sujeitos às mesmas doenças, não se
curam com os mesmos remédios, não se aquecem e refrescam com o mesmo verão e o
mesmo inverno que se aquecem e se refrescam os cristãos? Se nos ferem, não
sangramos? Se nos fazem cócegas, não rimos? Se nos dão veneno, não morremos? E
se nos ofendem, não devemos nos vingar? Se em tudo mais somos iguais, teremos que
ser iguais também a esse respeito. Se um judeu ofende um cristão, qual é a humildade
deste? Vingança. Se um Cristão ofender a um judeu, qual deve ser a paciência deste,
de acordo com o exemplo cristão? Ora, vingança. Se somos iguais também seremos
nisso. Hei de por em prática a maldade que me ensinastes, e será difícil, mas hei de
superar meus mestres.”
1.3.1 Otelo, o Mouro de Veneza
Gênero: Tragédia
Período: 3ª fase Shakesperiana
Sinopse: Otelo, o Mouro de Veneza é uma das mais comoventes tragédias
shakespearianas. Por tratar de temas universais, como ciúme, traição, amor, inveja e
racismo, ela pode ser ponto de partida para diversas reflexões e interpretações. A
peça estreou em 1604 e levou para os palcos um casamento inter-racial – assunto
polêmico para a época! Na trama, Otelo é um general mouro a serviço do reino de
Veneza, casado com Desdêmona, moça de pele clara e filha de um rico senador. Eles
se uniram às escondidas e o genro só é aceito pelo sogro porque o casamento já está
consumado. E aqui temos a primeira provocação de Shakespeare.
Toda a história gira em torno da traição, da inveja e da rivalidade
entre os personagens. Inicia-se com Iago, alferes de Otelo, tramando com Rodrigo
uma forma de contar a Brabâncio, rico senador de Veneza, que sua filha, a gentil
Desdêmona, tinha relações íntimas com Otelo. Iago queria vingar-se do general
Otelo porque ele promoveu Cássio, jovem soldado florentino e grande
intermediário nas relações entre Otelo e Desdêmona, ao posto de tenente. Esse ato
deixou Iago muito ofendido, uma vez que acreditava que as promoções deveriam
ser obtidas "pelos velhos meios em que herdava sempre o segundo o posto do
primeiro" e não por amizades.
Brabâncio, que deixara a filha livre para escolher o marido que mais
lhe agradasse, acreditava que ela escolheria, para seu cônjuge, um homem da
classe senatorial ou de semelhante. Ao tomar ciência que sua filha havia fugido
para se casar com o Mouro, foi à procura de Otelo para matá-lo. No momento em
que se encontraram, chegou um comunicado do Duque de Veneza, convocando-os
para uma reunião de caráter urgente no senado.
Durante a reunião, Brabâncio, sem provas, acusou o Mouro de ter
induzido Desdêmona a casar-se com ele por meio de bruxarias. Otelo, que era
general do reino de Veneza e gozava da estima e da confiança do Estado por ser
leal, muito corajoso e ter atitudes nobres, fez, em sua defesa, um simples relato da
sua história de amor que foi confirmado pela própria Desdêmona. Por isso, e por
ser o único capaz de conduzir um exército no contra-ataque a uma esquadra turca
que se dirigia à ilha de Chipre, Otelo foi inocentado e o casal seguiu para Chipre, em
barcos separados, na manhã seguinte.
Durante a viagem uma tempestade separou as embarcações e, devido
a isso, Desdêmona chegou primeiro à ilha. Algum tempo depois, Otelo desembarca
com a novidade que a guerra tinha acabado porque a esquadra turca fora destruída
pela fúria das águas. No entanto, o que o Mouro não sabia é que na ilha ele
enfrentaria um inimigo mais fatal do que os turcos. Em Chipre, Iago, que odiava
Otelo e Cássio, começou a semear a discórdia entre o casal, ou seja, concebeu um
terrível plano de vingança que tinha como objetivo arruinar os seus inimigos. Hábil
e profundo conhecedor da natureza humana, e sempre fazendo reflexões sobre a
humanidade, Iago sabia que, de todos os tormentos que afligem a alma, o ciúme é o
mais intolerável e incontrolável. Ele sabia que Cássio, entre os amigos de Otelo, era
o que mais possuía a confiança do general. Sabia também que devido a sua beleza e
eloquência, qualidades que agradam às mulheres, ele era exatamente o tipo de
homem capaz de despertar o ciúme de um homem de idade avançada, como era
Otelo, casado com uma jovem e bela mulher. Por isso, começou a realizar seu
plano.
Sob pretexto de lealdade e estima ao general, Iago induziu Cássio,
responsável por manter a ordem e a paz, a se embriagar e envolver-se em uma
briga com Rodrigo, durante uma festa que os habitantes da ilha ofereceram a Otelo.
Quando o mouro soube do acontecido, destituiu Cássio de seu posto. Nessa mesma
noite, Iago começou a jogar Cássio contra Otelo. Ele falava, dissimulando um certo
repúdio a atitude do general, que a sua decisão tinha sido muito dura e que Cassio
deveria pedir a Desdêmona que convencesse Otelo a devolver-lhe o posto de
tenente. Cássio, abalado emocionalmente, não se deu conta do plano traçado por
Iago e aceitou a sugestão. Dando continuidade a seu plano, Iago insinuou a Otelo
que Cássio e sua esposa poderiam estar tendo um caso. Esse plano foi tão bem
traçado que Otelo começou a desconfiar de Desdêmona. Iago sabia que o Mouro
havia presenteado sua mulher com um velho lenço de linho bordado com
morangos, o qual tinha herdado de sua mãe. Iago induz Emília, sua esposa, a
roubar o lenço de Desdêmona e diz a Otelo que sua mulher havia presenteado o
seu amante com ele. Otelo, já enciumado, pergunta a sua esposa sobre o lenço e ela,
ignorando que o lenço estava com Iago, não soube explicar o desaparecimento do
mesmo. Nesse meio tempo, Iago colocou o lenço dentro do quarto de Cassio para
que ele o encontrasse.
Depois, Iago fez com que o Mouro se escondesse e ouvisse uma
conversa sua com Cassio. Eles falaram sobre Bianca, meretriz amante de Cassio,
mas como Otelo só ouviu partes da conversa, ficou com a impressão de que eles
estavam falando a respeito de Desdêmona. Um pouco depois Bianca chegou e
Cassio deu a ela o lenço que encontrara em seu quarto para que ela providenciasse
uma cópia. As consequências disso foram terríveis: primeiro Iago, jurando lealdade
a seu general, disse que, para vingá-lo, mataria Cassio, mas sua real intenção era
matar Rodrigo e Cassio simultaneamente porque eles poderiam estragar seus
planos. No entanto, isso não ocorreu conforme suas intenções: Rodrigo acaba
morrendo e Cassio ferido com uma perna mutilada.
Depois Otelo, totalmente descontrolado, foi a procura de sua esposa
acreditando que ela o havia traído e a asfixia em seu quarto. Após isso, Emília,
esposa de Iago, sabendo que sua senhora fora assassinada, revelou a Otelo,
Ludovico (parente de Brabantio) e Montano (governador de Chipre antes de Otelo)
que tudo isso foi tramado por seu marido e que Desdêmona jamais fora infiel. Iago
então mata Emília e foge, mas logo é capturado. Otelo, desesperado ao saber que
matara sua amada esposa injustamente, apunhalou-se, caindo sobre o corpo de sua
mulher e morreu beijando a quem tanto amara.
Ao finalizar a tragédia Cassio passou a ocupar o lugar de Otelo, Iago foi
entregue às autoridades para ser julgado e Graciano, uma vez que seu irmão
Brabantio morrera, ficou com os bens do mouro.
Personagens principais:
O Doge de Veneza.
BRABÂNCIO, senador. Outros senadores.
GRACIANO, irmão de Brabâncio.
LUDOVICO, parente de Brabâncio.
OTELO, mouro nobre, a serviço da República de Veneza.
CÁSSIO, seu tenente.
IAGO, seu alferes.
RODRIGO, fidalgo veneziano.
MONTANO, governador de Chipre antes de Otelo.
BOBO, criado de Otelo.
DESDÊMONA, filha de Brabâncio e esposa de Otelo.
EMÍLIA, esposa de Iago.
BIANCA, amante de Cássio.
Marinheiro, oficiais, gentis-homens, mensageiros, músicos, arautos, criados.

Fagmento do Texto:
OTELO - Esta é a causa, minha alma. Oh! Esta é a causa! Não vo-la nomearei, castas
estrelas! Esta é a causa! Não quero verter sangue, nem ferir-lhe a epiderme ainda
mais branca do que neve e mais lisa que o alabastro. Mas é fatal que morra; do
contrário, virá ainda a enganar mais outros homens.
1.3.1 Hamlet: “A tragédia de Hamlet, príncipe da Dinamarca”
Gênero: tragédia
Período: 3ª fase Shakesperiana
Ano de escrita: Entre 1599 e 1601
Principais personagens?
I. Hamlet: O protagonista, príncipe da Dinamarca, filho do falecido Rei Hamlet. É sobrinho do
Rei Cláudio, filho de Gertrudes e apaixonado por Ophélia. Um personagem receoso que fez
de sua vida uma busca para responder ao assassinato de seu pai.
II. Fantasma do Rei Hamlet: aparece para o príncipe Hamlet, seu filho, para falar que foi
envenenado por Cláudio e exige vingança.
III. Cláudio: O atual Rei da Dinamarca, tio do príncipe Hamlet e principal suspeito da morte de
seu irmão, o Rei Hamlet. Casa-se com Gertrudes e é descrito como um homem astuto e
ávido por poder.
IV. Gertrudes: Rainha da Dinamarca, esposa do falecido Rei Hamlet e mãe do príncipe Hamlet.
Casa-se com seu cunhado, Cláudio.
V. Polônio: É o primeiro-ministro, conselheiro do Rei Cláudio, braço direito e sempre
presente para apoiá-lo.
VI. Ofélia e Laertes: filhos de Polônio. Ofélia é apaixonada pelo príncipe Hamlet e Laertes
estava em outra cidade, mas volta para compor a trama.

Sinopse: Hamlet é a obra de Shakespeare que mais ganhou destaque. A tragédia é


baseada num príncipe que busca vingar a morte de seu pai, com uma densa
narrativa reflexiva sobre conflitos de família, amores, loucura e sanidade, filosofia,
poder, moralidade e todas as circunstâncias da condição humana.
No contexto anterior às primeiras cenas, o Rei Hamlet da Dinamarca morre sem
que ninguém saiba a causa. Este rei possuía um filho chamado Hamlet, uma
esposa chamada Gertrudes e um irmão chamado Cláudio.
Com a morte do Rei Hamlet, Cláudio casa-se com Gertrudes e se torna tio-
padrasto do Príncipe Hamlet, além de Rei da Dinamarca. Tudo em menos de 2
semanas.
A cena começa com Horácio, um amigo do príncipe, vendo o fantasma do falecido
rei pelo castelo. Corre para avisar Hamlet que, na noite seguinte, encontra o
fantasma do pai. O fantasma diz ter sido assassinado por Cláudio e pede
vingança. Hamlet manda que Horácio guarde segredo sobre o que viram.
Com base nisso, o príncipe começa a viver uma crise interior, ética e moral, a
respeito do quão virtuoso seria cometer essa vingança. Traça planos para
investigar a morte enquanto finge-se de louco para ter êxito.
Além disso, Hamlet é apaixonado por Ofélia e vice-versa. Ela é filha de Polônio e
irmã de Laertes. Polônio era braço direito de Cláudio e nunca incentivou o
casal, pois acreditava haver incompatibilidade por Hamlet ser herdeiro do reinado
e Ofélia ser uma simples filha de conselheiro.
Ao mesmo tempo, chega um companhia de teatro ao reinado e Hamlet combina
com os atores que estes deveriam encenar uma peça na qual o irmão de um Rei
o mata. A encenação ocorreu e, ao final, Cláudio saiu imediatamente do
local. Diante disso, Hamlet teve certeza que ele era culpado e se viu obrigado
a seguir com a vingança.
Hamlet vai atrás de Cláudio para matá-lo mas desiste ao ver que este estava
rezando e prefere vingar-se mais tarde. Depois, o príncipe tenta conversar com
sua mãe, Gertrudes, acusando-a de infidelidade ao falecido pai. Logo escuta
um barulho atrás da cortina e percebe que estava sendo
espionado. Acreditando ser Cláudio, mata o homem e depois vê que era
Polônio.
Cláudio decide mandar Hamlet em exílio para Inglaterra. Contudo, o navio que
Hamlet estava é atacado por piratas. Sendo rico, o príncipe oferece um
amontoado de dinheiro para que os piratas levem-no de volta ao seu
reino. Neste ponto, já não se sabe mais se a loucura de Hamlet é fingida ou se
tornou real.
Diante da morte do pai, da loucura de Hamlet, e da incorrespondência; Ofélia
começa a ficar depressiva e o enredo sugere que ela se suicidou. Laertes fica
sabendo da morte do pai e da irmã, e sai de onde estava em direção ao castelo
para vingá-los.
Análise de Hamlet – Shakespeare

Esta peça de Shakespeare tornou-se mundialmente famosa não só pela sua


elaborada estrutura ou trágico enredo, mas principalmente pelo modo como foi
elaborada.
Ao escrevê-la, Shakespeare explora profundamente a condição humana. Trata
de temas polêmicos e relevantes em todas as épocas e sociedades: corrupção,
traição, incesto, vingança e moralidade.
Além disso, o faz por meio de uma longa análise filosófica e psicológica do
comportamento, expondo cada sentimento e pensamento do protagonista.
Assim, utilizando-se de uma rica expressão literária e demonstrando domínio
da escrita, brinca entre os limites da sanidade e da sandice, comunicando-se
com o leitor, causando nele muitas impressões e reflexões.
Para além do efeito de interlocução e introspecção, ele utiliza raciocínios
aplicáveis até hoje, trazendo um ar de atemporalidade e fazendo com que a
obra atravesse séculos.
Fagmento do Texto:
“ser ou não ser ... Eis a Questão, Que é mais nobre para a alma: suportar os dardos e
arremessos do fado sempre adverso, ou armar-se contra um mar de desventuras e
dar-lhes fim tentando resistir-lhes? Morrer ... dormir ... mais nada ... Imaginar que um
sono põe remate aos sofrimentos do coração e aos golpes infinitos que constituem a
natural herança da carne, é solução para almejar-se. Morrer... dormir... dormir...
Talvez sonhar... É aí que bate o ponto. O não sabermos que sonhos poderá traer o sono
da morte, quando alfim desenrolamos toda a meada mortal, nos põe suspensos. É essa
idéia que torna verdadeira calamidade a vida assim tão longa! Pois quem suportaria
oescárnio e os golpes do mundo, as injustiças dos mais fortes, os maus-tratos dos
tolos, a agonia do amor não retribupido, as leis amorosas, a implicância dos chefes e o
desprezo da inépcia contra o mérito paciente, se estivesse em suas mãos obter sossego
com um punhal? Que fardos levaria nesta vida cansada, a suar, gemendo, se não por
temer algo após a morte – terra desconhecida de cujo âmbito jamais ninguém voltou –
que nos inibe a vontade, fazendo que aceitemos os males conhecidos, sem buscarmos
refúgio noutros males ignorados? De todos faz covardes a cosnciência. Desta arte o
natural frescor de nossa resolução definha sob a máscara do pensamento, e empresas
momentosas se desviam da metadiante dessas reflexões, e até o nome de ação
perdem. Mas, silêncio! Aí vem vindo a bela Ofélia. Em tuas orações , ninfa, recorda-te
de meus pecados.”
1.4 A tragicomédia Shakespeariana
Gênero: Tragicomédia
Período: 4ª fase Shakesperiana
Sinopse:
Mantendo as leituras de Shakespeare como temos feito, hoje falaremos da peça “A
Tempestade” desse autor. A edição que tenho é simplesmente excelente e ao
mesmo tempo é de luxo, as páginas são de papel tipo escrita areia, ou seja, muito
próximo ao papel de seda. Infelizmente essa coleção da editora Nova Aguilar está
esgotada. Acreditem: consegui comprá-la no sebo da rodoviária de Teresópolis.
Aliás, volta e meia aparecem verdadeiras pérolas nesse sebo, como a coleção de
teatro de Bernard Shaw, que adquiri para desespero de minha esposa, que não
sabe o que fazer com tanto livro em nossa casa.
A tradução de “A Tempestade” é de Bárbara Heliodora, que faz uma excelente
introdução, o que me norteou a leitura, comprovando a delícia e o zelo dessa
edição. Primeiramente, vamos ao contexto da história. A peça baseia-se na
literatura de viagens da época, no caso em uma tempestade perto do que hoje
conhecemos como Bermudas − a ilha em questão tem outro nome na peça. Ao que
parece, o projeto colonial inglês parecia estar na mente de Shakespeare ao longo
da história, e também o ensaio de Montaigne “Canibais” acerca do Novo Mundo.
Esse ensaio, traduzido para o inglês em 1603, analisa os costumes da tribo dos
Tupinambás e deve ter sido lido pelo autor. O nome de um dos personagens da
peça, Caliban, parece derivado de “canibal”.
Há controvérsias de que “A Tempestade” teria sido a sua última peça escrita, mas
existem alguns estudiosos de Shakespeare que dizem que “Henrique VIII” teria
sido a última. Vamos a história?
A peça é uma história de vingança, romance e magia. E tudo começa com uma
tempestade que atinge um navio que transporta Alonso, Fernando, Sebastião,
Antonio, Gonzalo, Stephano e Trinculo, que estão a caminho da Itália depois do
casamento da filha de Alonso, Claribel, com o príncipe de Túnis, na África. O
naufrágio é iminente, todos começam a temer por suas vidas. Um relâmpago atinge
o navio, rachando-o. Todos se preparam para afundar.
Ao longe, Próspero e Miranda (sua filha) assistem ao naufrágio. Eles estão na costa
da ilha. Miranda pede ao pai que os salve. Implora para que aquelas pobres almas
não sejam destruídas em vão. Ela pede, pois sabe que foi o próprio pai e o servo
Ariel que afundaram a embarcação graças a seus poderes mágicos. O pai acalma a
filha dizendo para que ela não se preocupe, pois tudo ficará bem, sem antes revelar
para a filha um pouco sobre sua própria história, ou seja, seu passado. Um passado
mal contado, pois ele nunca havia contado tudo o que ocorrera.
Em “A Tempestade” o leitor será informado logo de início que todos os inimigos do
personagem central, Próspero, estarão à sua disposição a partir do naufrágio, que
tanto ele como sua filha Miranda presenciaram, ou seja, ele quer infligir aos seus
desafetos que estavam a bordo daquele navio a sua visão de justiça na ilha onde
naufragaram. Em outras palavras, a sua ilha. Mas para você, leitor, que quer saber a
razão dessa vontade de justiça, vamos começar dizendo o seguinte: o imbróglio
dessa história envolve uma usurpação do trono de Próspero por seu irmão,
Antônio, com a ajuda do rei de Nápoles, Alonso, e a busca de Próspero para
restabelecer a justiça. Tudo isso é o que vai dar o tom dessa peça.
Próspero e sua filha (ainda pequena) Miranda, foram deixados à sua própria sorte,
mas Gonzalo, por um gesto de “piedade”, deixou alguns suprimentos e os livros de
Próspero, que são a fonte de sua magia, poder e saber. A filha e o pai conseguem
sobreviver numa ilha, onde viveram por doze anos. Próspero detém o
conhecimento da necromancia, ou seja, poderes mágicos.
Ele possui uma imensa biblioteca sobre assuntos relativos à magia. Foi devido a
essa devoção ao estudo e aos livros que Próspero teve os meios para educar e criar
sua filha Miranda numa ilha. Para que vocês tenham uma ideia da importância dos
livros, faço uma citação da peça de um diálogo entre três personagens: Stephano,
Ariel, e Caliban, que estabelecem a seguinte conversa referindo-se a Próspero, “o
senhor da ilha”.

Fagmento do Texto:
Caliban
“Como eu já disse, ele tem o costume
De cochilar de tarde nessa hora
Há de poder espirrar o seu cérebro.
Mas antes tira os livros. Com uma acha
Amassa o crânio, ou rasga com pancada,
Ou corta a goela com a faca. Só lembra
De pegar primeiro os livros; sem estes
É um tolo igual a mim; sem mais espíritos
Para mandar – todos eles o odeiam,
Igual a mim. É só queimar os livros
Ele tem utensílios – como os chama –
Para arrumar se um dia tiver casa....
( Ato III cena II pg Pg 1559)
Caliban no diálogo acima mostra que ele é também um dos antagonistas dessa
história, ele é descrito como 'um escravo selvagem e deformado'. Ele é filho de uma
bruxa nomeada Sycorax e considerada como o próprio diabo, que habitava a ilha
antes da chegada de Próspero. Caliban é certamente uma figura monstruosa. Ele
tem seus problemas com Próspero e a razão é simples: segundo Caliban, a ilha é
dele, por herança. Em outras palavras Prósper está (segundo Caliban) repetindo o
que fizeram com ele. No diálogo acima, Caliban, juntamente com Stephano e
Trinculo, conspiram para matar Próspero.
Caliban é da terra, seus discursos se voltam para as fontes oriundas do pântano,
brejos. Enquanto o outro espírito, Ariel, é um espírito mais arrojado, tem uma
dignidade e sua liberdade, servindo de bom grado a Próspero. Caliban sempre se
recusou se curvar diante de Próspero.
A ilha quase desabitada apresenta a sensação de possibilidade infinita para quase
todos que lá aterram. Próspero achou, em seu isolamento, um lugar ideal para
educar sua filha. Sycorax, a mãe de Caliban, trabalhou sua mágica lá depois que ela
foi exilada da Argélia. Caliban, uma vez sozinho na ilha, foi transformado em
escravo de Próspero e lamenta que ele tenha sido seu próprio rei.
Após o naufrágio, do outro lado da ilha, Alonso, Sebastian, Antônio, Gonzalo e
outros dão graças a Deus por terem sido salvos. Próspero chama o seu servo Ariel
(que é um espírito), que revela que fora ele que trouxera a tempestade, afundara o
navio e trouxera todos os tripulantes a salvo para ilha. Mas todos separados em
pequenos grupos.
Ariel, é o espírito invisível, entra tocando música e cura o ferido Ferdinand, uma
das vítimas do naufrágio. Miranda (filha de Próspero) encontra com Ferdinand,
filho e herdeiro de Alonso. Ferdinand, ao contrário do pai, é um ser tão puro e
ingênuo quanto Miranda. Ele se apaixona por ela à primeira vista e feliz se submete
à servidão para ganhar a aprovação de Próspero.
Ferdinand foi o único homem que Miranda tinha visto ao longo desses doze anos,
além de Caliban e seu pai. Próspero está feliz em ver que seu plano para o futuro
casamento de sua filha está funcionando a pleno vapor, mas decide que o provável
matrimônio deveria, mesmo que temporariamente, sofrer um atraso a fim de
evitar que esse relacionamento se desenvolva muito rapidamente.
Para isso, ele acusa Ferdinand de apenas fingir ser o príncipe de Nápoles e o
ameaça de prisão. Quando Ferdinand desembainha sua espada, Próspero o encanta
e o leva para a prisão, ignorando os gritos de misericórdia de Miranda. Ele então
envia Ariel em outra misteriosa missão, mas todos estão preocupados com o
destino de Ferdinand.
Enquanto isso, do outro lado da ilha, Antônio convence Sebastian de que este será
rei de Nápoles se matar Alonso. Sebastian acha uma ideia atraente e, no momento
em que desembainham suas espadas para matá-lo, quem surge? Ariel faz com que
Gonzalo acorde com um grito. Todos acordam, e Antônio e Sebastian com as
espadas na mão inventam uma história para se safarem da traição. Ariel retorna
até Próspero enquanto Alonso e seu grupo continuam a procurar por Ferdinand.
Caliban e Próspero, como já disse, não vivem em harmonia, pelo contrário, se
odeiam. Enviado para transportar madeira, Caliban observa a chegada de Trinculo,
um bobo da corte perdido na ilha depois do naufrágio. Caliban pensa que Trinculo
é um espírito enviado por Próspero e se esconde debaixo de um manto. No mesmo
momento chega Stephano, um mordomo bêbado perdido na ilha também. Logo,
todos começam a beber: Caliban, Trinculo e Stephano.
Completamente bêbados, Ariel aparece de forma invisível e os provoca forçando-os
a lutarem uns contra os outros, imitando suas vozes e provocando-os. Em
determinado momento, Caliban propõe que eles matem Próspero, levem sua filha e
estabeleçam Stephano, o bêbado, como rei da ilha, no que ele concorda e vão à
procura de Próspero para matá-lo. No entanto, Ariel aparece mais uma vez tocando
sua flauta e seu tambor como se fizesse a trilha sonora do assassinato.
Próspero começa a ser mais complacente em relação a Ferdinand e o recebe em
sua família como o futuro marido de Miranda. Pede que Ariel chame os espíritos.
Eles chegam assumindo as formas de Ceres, Juno e Iris e celebram os ritos nupciais
e a generosidade da terra. Uma dança de ninfas segue, mas é interrompida quando
Próspero se lembra de que existe um complô de Caliban, Stephano e Trinculo para
matá-lo.
Ariel e Próspero preparam uma armadilha pendurando roupas bonitas de
Próspero para que sejam vistas pelos assassinos potenciais.. Stephano, Trinculo e
Caliban entram à procura de Próspero e, ao encontrar as roupas bonitas, decidem
roubá-lo. Eles são imediatamente atacados por um bando de espíritos em forma de
cachorros e cães de caça, impulsionados por Próspero e Ariel.
Próspero, mais uma vez, usa Ariel para trazer Alonso e os demais. Ao encontrá-los,
confronta Alonso, Antônio e Sebastian com sua traição, mas os perdoa.
Preocupados com o paradeiro de Ferdinand, que se perdera na tempestade,
Próspero mostra Ferdinand e Miranda jogando xadrez. Cabe a pergunta: qual o
objetivo do xadrez no final dessa história? Simples. Prospero capturou o Rei Alonso
e o repreendeu-o por sua traição. Ao fazê-lo, Prospero casou Ferdinand, com sua
própria filha, o que assegura uma harmonia na sucessão no ducado de Nápoles.
Alonso e seus companheiros sentem-se aliviados e gratos ao verem Ferdinand e
Miranda, jogando xadrez e suavemente falando de amor, totalmente ausentes do
mundo em torno deles. Próspero deu o cheque mate.
2. Christopher Marlowe [1564-1593]
Histórico

Principais Obras: O Judeu de Malta (influencia Shakespeare); Tamburlaine:


parte I e II; Dido, a Rainha de Cartago; Eduardo II. Doutor Fausto

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