Tito - Discipulado
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Tito - Discipulado
Peixoto
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7 de fevereiro de 2021
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Msg. 15
TITO
DISCIPULADO
[Tito 2.11-14] 11Pois a graça de Deus foi revelada e a todos traz salvação. 12Somos
instruídos a abandonar o estilo de vida ímpio e os prazeres pecaminosos. Neste
mundo perverso, devemos viver com sabedoria, justiça e devoção, 13enquanto
aguardamos esperançosamente o dia em que será revelada a glória de nosso grande
Deus e Salvador, Jesus Cristo. 14Ele entregou sua vida para nos libertar de todo pe-
cado, para nos puri car e fazer de nós seu povo, inteiramente dedicado às boas
obras.
PROCURA-SE DISCÍPULOS!
Quem conhece o Novo Testamento com maiores detalhes e já leu algo da história
da igreja e do impacto dela em seus melhores momentos no mundo certamente que se
sente exilado da igreja nesta época, sente-se como um peixe fora d’água, chega a sentir
nostalgia – melancolia de tanta saudade da verdadeira igreja e dos crentes de verdade.
A razão para tanto, da perspectiva humana, não é outra senão que se perdeu a
noção do signi cado de se ser discípulo de Jesus Cristo – e, portanto, não se vive ou se
pratica o discipulado nos moldes neotestamentários. Veja, não é que não se fala a respei-
to de “discípulo” ou de “discipulado” ou sobre “discipular” nas igrejas, mas que esses
termos perderam por completo os conteúdos de seu signi cado na prática.
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Sem discípulos de Cristo e sem discipulado cristão, igrejas inteiras, quando não se
desmantelam, perdem totalmente o poder de impactar e de transformar para a glória de
Deus – deixam de ser sal da terra e luz do mundo. Richard J. Foster, no clássico cristão
que escreveu – Celebração da Disciplina – fez um apontamento que é cirúrgico:
Onde estão hoje as pessoas que responderão ao chamado de Cristo? Tornamo-nos tão
acostumados à “graça barata” que instintivamente nos esquivamos dos apelos mais
exigentes à obediência? “Graça barata é graça sem discipulado, graça sem a cruz.”
Sem discipulado nós caímos na graça barata. Mas quem é o discípulo, o que é o
discipulado, como discipular? Mark Dever – em Discipulado: como ajudar pessoas a se-
guir Jesus – de niu do seguinte modo o signi cado de discipular e de discipulado, e co-
locou na perspectiva neotestamentária o signi cado de discípulo na vida cristã:
Essa é a de nição de discipular neste livro: ajudar outras pessoas a seguir Jesus. Po-
demos vê-la no subtítulo. Outra de nição possível seria: discipular é exercer uma boa
in uência espiritual sobre alguém, de modo deliberado, de forma que essa pessoa se
torne mais parecida com Cristo. Discipulado é o termo que uso para designar o ato
de seguirmos a Cristo. Discipular faz parte disso e signi ca ajudar alguém mais a se-
guir Jesus. A vida cristã é uma vida discipulada e uma vida que discipula. Sim, o cris-
tianismo envolve escolher a via menos percorrida e ouvir um tambor diferente.
Vivido assim dessa maneira, nosso cristianismo faria toda a diferença. Procura-se
discípulos, portanto: gente que segue Jesus e ajuda outras pessoas a fazer o mesmo,
gente discipulada e que discipula para que todos nos tornemos parecidos com Cristo.
A carta a Tito, como escreveu John MacArthur Jr., é bem parecida com a primeira carta
que Paulo escreveu a Timóteo, e foi escrita com o mesmo propósito: encorajar e fortale-
cer um jovem pastor que o apóstolo mesmo discipulou, em quem Paulo tinha total con -
ança, e pelo qual também nutria grande amor como um pai espiritual.
Com efeito, Paulo desejava que a vida do discípulo e a prática do discipulado, que
são para ser vividos e praticados no contexto de uma igreja local, não parassem, mas
prosseguissem. Mark Dever captou muito bem essa nalidade quando escreveu:
Talvez você tenha pensado que precisa ser discipulado antes de poder discipular.
Com certeza, é crucial ser um discípulo. No entanto, Jesus deu a você a ordem de
fazer discípulos. E parte de ser um discípulo, na verdade, é discipular. Parte do pro-
cesso de crescimento em maturidade é ajudar o próximo a crescer em maturidade.
Deus quer que você esteja na igreja não apenas para suprir suas necessidades, mas
também para ser preparado e estimulado a cuidar de outras pessoas.
PAULO ESCREVEU tanto 1Timóteo quanto Tito após a libertação de sua prisão em Roma
(At 28). Incansável que era, o apóstolo não se deixou intimidar nem parou de aplicar seus
esforços missionários, o que adiante resultou em sua segunda prisão em Roma (quando
ele, preso e aguardando o momento de ser executado com a pena de morte, escreveu
2Timóteo). Infelizmente, a ordem dos eventos após a soltura da primeira prisão só pode
ser reconstruída a partir de pistas, posto que não há história posterior registrada que faça
paralelo com Atos (até a primeira prisão em Roma) para narrar os últimos anos do após-
tolo. A seguinte reconstrução, portanto, é apenas conjectura:
Como previsto por ele mesmo (Fl 1.19, 25-26; 2.24), Paulo foi libertado de sua
primeira prisão romana. É possível que seus acusadores judeus tenham desistido de
comparecer para sustentar acusações contra ele em seu julgamento perante César.
Quando Timóteo se juntou a ele em Éfeso, Paulo instruiu seu cooperador a “per-
manecer em Éfeso” (1Tm 1.3) enquanto ele viajava para a Macedônia. Quando percebeu
que poderia demorar na Macedônia, Paulo escreveu Primeira a Timóteo, talvez de Filipos
(1Tm 3.14-15).
De Creta, seguiu para Corinto. De Corinto, Paulo decidiu escrever a carta a Tito,
uma vez que Zenas e Apolo fariam uma viagem com escala em Creta (Tt 3.13) – e desse
modo os dois entregariam a carta a Tito, na qual instruía Tito a se juntar a ele em Nicópo-
lis após a chegada de seu substituto à Creta: Ártemis ou Tíquico (Tt 3.12).
Se Paulo foi para a Espanha como havia planejado (Rm 15.24 e 28), ele provavel-
mente partiu com Tito para aquela província do Ocidente após o inverno em Nicópolis (Tt
3.13). A tradição da igreja primitiva a rma que Paulo foi sim para a Espanha. Por exem-
plo: antes do nal do século I, Clemente de Roma testemunhou que Paulo “atingiu os li-
mites do Ocidente” (1Clemente 5.7). Como estava escrevendo de Roma, Clemente evi-
dentemente tinha a Espanha em mente. Paulo deve ter estado na Espanha de 64 a 66
depois de Cristo. Da Espanha, Paulo voltou para a Grécia e a Ásia Menor – Corinto, Mile-
to e Trôade (2Tm 4.13 e 20), e pode ter sido preso em Trôade, onde deixou seus valiosos
livros e pergaminhos (2Tm 4.13 e 15).
Agora que o cristianismo havia se tornado uma religião ilegal no Império (uma vez
que o incêndio de Roma que foi jogado na conta dos cristãos ocorreu em 64 d.C.), os
inimigos covardes de Paulo acharam oportunidade de acusá-lo com sucesso.
O apóstolo foi preso em 67 d.C. e escreveu Segundo a Timóteo de sua cela roma-
na após sua primeira defesa perante a Corte Imperial (2Tm 1.8-17; 2.9; 4.16-17). Paulo
não tinha esperança de ser libertado e esperava ser executado (2Tm 4.6-8 e 18). Ele pe-
diu a Timóteo que fosse ao seu encontro em Roma antes que chegasse o dia da senten-
ça (2Tm 4.9 e 21); e, de acordo com a tradição, o apóstolo foi decapitado a oeste de
Roma na Via Óstia.
A OBRA CRISTÃ NA ILHA deve ter tido início pelo seguinte: vários judeus de Creta
estavam presentes em Jerusalém na ocasião do sermão de Pedro no Dia de Pentecostes
(At 2.11), e alguns deles devem ter crido em Cristo e levado o evangelho com eles a seus
compatriotas na ilha. Certamente que Paulo não teria tido tempo hábil de fazer algum
trabalho evangelístico durante sua breve estadia em Creta enquanto estava a caminho de
Roma (At 27.7-13). O apóstolo deve ter contribuído para espalhar o evangelho nas cida-
des de Creta após sua libertação da primeira prisão romana (At 28), e depois deixou Tito
lá para terminar de organizar as igrejas (Tt 1.5).
Por causa do problema da imoralidade entre os cretenses, era importante para Tito
enfatizar a necessidade da retidão na vida cristã. Falsos mestres, especialmente os “que
insistem na necessidade da circuncisão” (Tt 1.10), também eram enganosos e divisivos.
Já vimos que Tito e Primeira a Timóteo são semelhantes em data, circunstâncias e pro-
pósitos. Ambas dão instruções sobre as quali cações para a liderança, como lidar com o
ensino falso e a necessidade de doutrina e comportamento corretos para que a igreja de-
sempenhe seu papel no mundo. As duas contêm encorajamento e exortação aos coope-
radores de Paulo, mas Tito é mais breve, mais o cial ou formal e menos pessoal do que
Primeira a Timóteo.
A situação em Éfeso exigia uma ênfase mais forte na sã doutrina (ortodoxia), en-
quanto a de Creta exigia mais concentração na conduta cristã (ortopraxia). Mesmo assim,
Tito oferece três excelentes resumos da teologia cristã (eleição: 1.1-4; salvação: 2.11-14;
e justi cação: 3.4-7), e os dois últimos estão entre os mais sublimes retratos da graça de
Deus na salvação e justi cação do pecador em todo o Novo Testamento.
Não muito depois da partida de Paulo de Creta, ele escreveu esta carta para enco-
rajar e ajudar Tito em sua tarefa. Ele enfatiza a sã doutrina e adverte contra aqueles que
distorcem a verdade, mas também apresenta um manual de conduta que enfatiza as
boas obras e a conduta adequada de vários grupos de pessoas que compõem a igreja.
Paulo estava ensinando Tito a edi car líderes e igrejas discipuladores. Desse modo,
aprenderemos com Paulo sobre os essenciais para o discipulado cristão:
Tito 1.1-4 1Eu, Paulo, escravo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo, escrevo esta car-
ta. Fui enviado para fortalecer a fé daqueles que Deus escolheu e para ensinar-lhes a
verdade que mostra como viver uma vida de devoção. 2Essa verdade lhes dá a espe-
rança da vida eterna que Deus, aquele que não mente, prometeu antes dos tempos
eternos. 3E agora, no devido tempo, ele revelou essa mensagem [gr.: logos], que
anunciamos a todos. Por ordem de Deus, nosso Salvador, fui encarregado de realizar
esse trabalho em favor dele. 4Escrevo a Tito, meu verdadeiro lho na fé que compar-
tilhamos. Que Deus, o Pai, e Cristo Jesus, nosso Salvador, lhe deem graça e paz.
Paulo lembra a Tito sua responsabilidade de organizar as igrejas nas cidades de Creta,
nomeando presbíteros (também chamados de bispos em 1.7) e lista as quali cações que
esses líderes espirituais devem cumprir (cabendo à igreja discernir se há):
Tito 1.5-9 [o apontamento:] 5Deixei-o na ilha de Creta para que você completasse o
trabalho e nomeasse presbíteros em cada cidade, conforme o instruí. [a avaliação:]
6O presbítero deve ter uma vida irrepreensível. Deve ser marido de uma só mulher, e
seus lhos devem partilhar de sua fé e não ter fama de devassos nem rebeldes. 7O
bispo administra a casa de Deus e, portanto, deve ter uma vida irrepreensível. Não
deve ser arrogante nem briguento, não deve beber vinho em excesso, nem ser vio-
lento, nem buscar lucro desonesto. 8Em vez disso, deve ser hospitaleiro e amar o
bem. Deve viver sabiamente, ser justo e ter uma vida de devoção e disciplina. 9Deve
estar plenamente convicto da mensagem el que lhe foi ensinada, de modo que pos-
sa encorajar outros com o verdadeiro ensino e mostrar aos que se opõem onde es-
tão errados.
geração), associada a esse tipo de engano doutrinário, era uma força perigosa que deve-
ria ser confrontada por uma liderança piedosa, corajosa e calcada na sã doutrina:
Tito 1.10-16 10Pois há muitos rebeldes que promovem conversas inúteis e enganam
as pessoas. Re ro-me especialmente àqueles que insistem na necessidade da cir-
cuncisão. 11É preciso fazê-los calar, pois, com seus ensinamentos falsos, têm desvi-
ado famílias inteiras da verdade. Sua motivação é obter lucro desonesto. 12Até mes-
mo um deles, um profeta nascido em Creta, disse: “Os cretenses são mentirosos,
animais cruéis e comilões preguiçosos”. 13Isso é verdade. Portanto, repreenda-os
severamente, a m de fortalecê-los na fé. 14É preciso que deixem de dar ouvidos a
mitos judaicos e às ordens daqueles que se desviaram da verdade. 15Para os que
são puros, tudo é puro. Mas, para os corruptos e descrentes, nada é puro, pois têm
a mente e a consciência corrompidas. 16A rmam que conhecem a Deus, mas o ne-
gam por seu modo de viver. São detestáveis e desobedientes, e não servem para
fazer nada de bom.
A igreja saudável, pastoreada por líderes saudáveis, ouvirá do dever que todos os crentes
têm de viver com sabedoria, domínio próprio e piedade mediante a fé no Cristo cruci ca-
do, o qual está prestes a voltar para buscar a sua igreja.
A incumbência da igreja
Primeiro, Tito recebe uma incumbência – é a incumbência de todo crente, igreja e pastor:
Tito 2.1 Mas, quanto a você, que suas palavras re itam o ensino verdadeiro.
O discipulado na prática
Tito 2.2 Os homens mais velhos devem exercitar o autocontrole, a m de que sejam
dignos de respeito e vivam com sabedoria. Devem ter uma fé sólida e ser cheios de
amor e paciência.
Tito 2.3-4 3Semelhantemente, as mulheres mais velhas devem viver de modo digno.
Não devem ser caluniadoras, nem beber vinho em excesso; antes, devem ensinar o
que é bom. 4Devem instruir as mulheres mais jovens […]
Tito 2.4-5 4Devem instruir as mulheres mais jovens a amar o marido e os lhos, 5a
viver com sabedoria e pureza, a trabalhar no lar, a fazer o bem e a ser submissas ao
marido. Assim, não envergonharão a palavra de Deus.
Tito 2.6-8 6Da mesma forma, incentive os homens mais jovens a viver com sabedo-
ria. 7Você mesmo deve ser exemplo da prática de boas obras. Tudo que zer deve
re etir a integridade e a seriedade de seu ensino. 8Sua mensagem deve ser tão cor-
reta a ponto de ninguém a criticar. Então os que se opõem a nós carão envergo-
nhados e nada terão de ruim para dizer a nosso respeito.
Os servos
Tito 2.9-10 9Quanto aos escravos, devem sempre obedecer a seu senhor e fazer
todo o possível para agradá-lo. Não devem ser respondões, 10nem roubar, mas de-
vem mostrar-se bons e inteiramente dignos de con ança. Assim, tornarão atraente
em todos os sentidos o ensino a respeito de Deus, nosso Salvador.
Tito 2.11 Pois a graça de Deus foi revelada e a todos traz salvação.
Tito 2.12 Somos instruídos a abandonar o estilo de vida ímpio e os prazeres pecami-
nosos. Neste mundo perverso, devemos viver com sabedoria, justiça e devoção,
Tito 2.14 Ele entregou sua vida para nos libertar de todo pecado, para nos puri car e
fazer de nós seu povo, inteiramente dedicado às boas obras.
Tito 2.15 Ensine essas coisas e encoraje os irmãos a praticá-las. Corrija-os com au-
toridade. Não deixe que ignorem o que você diz.
Tito 3.1-7 1Lembre a todos que se sujeitem ao governo e às autoridades. Devem ser
obedientes e sempre prontos a fazer o que é bom. 2Não devem caluniar ninguém,
mas evitar brigas. Que sejam amáveis e mostrem a todos verdadeira humildade. Tito
3Em outros tempos, também éramos insensatos e desobedientes. Vivíamos no enga-
O discípulo na comunidade de fé
Tito 3.12-14 12Planejo enviar-lhe Ártemas ou Tíquico. Assim que um deles chegar,
procure ir ao meu encontro em Nicópolis, pois decidi passar o inverno ali. 13Faça
todo o possível para ajudar Zenas, o advogado, e Apolo na viagem deles. Providen-
cie que tenham tudo de que precisam. 14Nosso povo deve aprender a fazer o bem ao
suprir as necessidades urgentes de outros; assim, ninguém será improdutivo.
Tito 3.15 Todos aqui mandam lembranças. Por favor, envie minhas saudações a to-
dos que nos amam na fé. Que a graça de Deus esteja com todos vocês.
Mark Dever:
Mark Dever:
S.D.G. L.B.Peixoto