13 - Os Bandeirantes Da Fé

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Atos dos Apóstolos: a chama que se espalha

13 | Os bandeirantes da fé - Atos 4.23-37

OS BANDEIRANTES DA FÉ

Atos 4.23-37

23
Quando foram soltos, Pedro e João voltaram para os seus companheiros e contaram

tudo o que os chefes dos sacerdotes e os líderes religiosos lhes tinham dito. 24
Ouvindo

isso, levantaram juntos a voz a Deus, dizendo: “Ó Soberano, tu fizeste os céus, a terra,

o mar e tudo o que neles há! 25


Tu falaste pelo Espírito Santo por boca do teu servo,

nosso pai Davi: “‘Por que se enfurecem as nações, e os povos conspiram em vão? 26
Os

reis da terra se levantam, e os governantes se reúnem contra o Senhor e contra o seu

Ungido’. 27 De fato, Herodes e Pôncio Pilatos reuniram-se com os gentios e com o povo

de Israel nesta cidade, para conspirar contra o teu santo servo Jesus, a quem ungiste. 28

Fizeram o que o teu poder e a tua vontade haviam decidido de antemão que acontecesse.
29
Agora, Senhor, considera as ameaças deles e capacita os teus servos para anunciarem

a tua palavra corajosamente. 30


Estende a tua mão para curar e realizar sinais e

maravilhas por meio do nome do teu santo servo Jesus”. 31 Depois de orarem, tremeu o

lugar em que estavam reunidos; todos ficaram cheios do Espírito Santo e anunciavam

corajosamente a palavra de Deus. 32 Da multidão dos que creram, uma era a mente e um

o coração. Ninguém considerava unicamente sua coisa alguma que possuísse, mas

compartilhavam tudo o que tinham. 33


Com grande poder os apóstolos continuavam a

testemunhar da ressurreição do Senhor Jesus, e grandiosa graça estava sobre todos eles.
34
Não havia pessoas necessitadas entre eles, pois os que possuíam terras ou casas as

vendiam, traziam o dinheiro da venda 35


e o colocavam aos pés dos apóstolos, que o

distribuíam segundo a necessidade de cada um. 36


José, um levita de Chipre a quem os

apóstolos deram o nome de Barnabé, que significa “encorajador”, 37 vendeu um campo

que possuía, trouxe o dinheiro e o colocou aos pés dos apóstolos.

Bandeirantes é a denominação dada aos desbravadores do período colonial, que

penetraram nos sertões do que é hoje a nossa pátria.

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Pr. Leandro B. Peixoto em 30-10-16
Segunda Igreja Batista em Goiânia
sibgoiania.org
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Tidos como heróis por alguns e vilões por outros, os bandeirantes saiam em

expedições com pelo menos três propósitos: 1


em busca de riquezas minerais,

sobretudo o ouro e a prata, abundantes no interior do país; 2 à caça de índios

para escravização; e 3 à procura de quilombos com o objetivo de exterminá-los.

Os mais famosos bandeirantes nasceram no que é hoje o estado de São Paulo.

Foram em parte responsáveis pela conquista do interior e extensão dos limites

de fronteira do Brasil para além do limite do Tratado de Tordesilhas (acordo

firmado entre Portugal e Espanha com a intenção de dividir a posse das terras

do Novo Mundo). Com isso todo o Centro Oeste passou a pertencer ao Brasil,

sendo criadas, em 1748, as capitanias de Goiás e de Mato Grosso.

Quando penso nos primeiros cristãos, gosto de fazer um paralelo entre a força

e a coragem deles com as mesmas dos bandeirantes brasileiros, só que com

significativas diferenças. Por exemplo:

• a bandeira dos bandeirantes da fé era Cristo (At 4.12);

• as riquezas que eles buscavam eram vidas convertidas; isto é: a fé em Cristo,

muito mais valiosa do que o ouro que perece (1Pe 1.7);

• em vez de caçar para escravizar, os bandeirantes da fé se entregavam para

salvar e libertar cativos do pecado (At 16.16-18);

• iam às primeiras comunidades de fé, às igrejas recém estabelecidas, não

para destruí-las, mas para encorajar os crentes a permanecer na fé (At

14.21-22); gosto de pensar nas igrejas como “quilombos espirituais” (lugar de

pouso, utilizado por populações nômades ou em deslocamento; paragens e

acampamentos; acampamento guerreiro, capital, povoação, união;

comunidades autônomas de escravos fugitivos - do pecado);

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• a expansão conquistada pelos bandeirantes da fé não foi territorial, mas

espiritual, i.e.: através deles, o reino de Deus chegou aos confins da terra.

Gosto de pensar nos primeiros cristãos como os bandeirantes da fé: eles eram

fortes e corajosos, espiritualmente ambiciosos (no melhor sentido do termo,

pois queriam ver pessoas salvas e discipuladas, sonhavam com a conquista do

mundo pelo evangelho), tinham o coro duro e o coração mole.

O texto de hoje nos revela o espírito desses primeiros crentes, e ao estudá-lo

nós podemos encher nossos cantis de coragem, carregar nossas bagagens com

fé e nos preparar para trilhar o caminho, desbravando a selva de pedras que

temos diante de nós para ser conquistada para Jesus Cristo.

O que nos ensinam os bandeirantes da fé?

1. Perseguidos, mas não abandonados

Quando chegamos ao capítulo quatro do livro de Atos nós descobrimos que

perseguição e sofrimento foi um fator chave para o aperfeiçoamento de

qualidades na vida dos bandeirantes da fé. Oposição gerou neles força, pois

aprenderam a resistir firmes em suas convicções, a depender de Deus para

sobreviverem e uns dos outros para se encorajarem.

É digno de nota o texto que revela que, apesar de perseguidos, o Senhor jamais

nos abandona. A presença dele em nossas vidas faz toda a diferença, para nós e

para os outros que nos assistem. Interrogados pelas autoridades que os haviam

prendido, e após anunciar o evangelho aos perseguidores, Pedro e João

testemunham do cuidado de Deus com a vida deles.

At 4.13 | Vendo a coragem de Pedro e de João, e percebendo que eram homens comuns e

sem instrução, ficaram admirados e reconheceram que eles haviam estado com Jesus.

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2. Pressionados, mas não desanimados

Após interrogarem e ouvirem a Pedro e João, as autoridades se reuniram e

tomaram uma decisão sobre o caso:

At 4.18-22 | 18
Então, chamando-os novamente, ordenaram-lhes que não falassem

nem ensinassem em nome de Jesus. 19


Mas Pedro e João responderam: “Julguem os

senhores mesmos se é justo aos olhos de Deus obedecer aos senhores e não a Deus. 20 Pois

não podemos deixar de falar do que vimos e ouvimos”. 21 Depois de mais ameaças, eles

os deixaram ir. Não tinham como castigá-los, porque todo o povo estava louvando a

Deus pelo que acontecera, 22 pois o homem que fora curado milagrosamente tinha mais

de quarenta anos de idade.

Tamanha pressão, apesar da coragem inicial dos dois apóstolos (v. 19) e após

os ânimos se esfriarem, tinha potencial o bastante para fazer Pedro, João e os

demais se desanimarem. Graças a Deus, porém, não foi esse o caso. Por quê? O

que os dois bandeirantes da fé fizeram a seguir? Como aquele “quilombo

espiritual” reagiu? Como a igreja se portou?

Respostas a essas perguntas nos ensinam como viver pressionados, mas não

desanimados. Observe as três atitudes seguintes daquele povo de fé.

2.1 - Compartilharam

At 4.23 | Quando foram soltos, Pedro e João voltaram para os seus companheiros e

contaram tudo o que os chefes dos sacerdotes e os líderes religiosos lhes tinham dito.

O adjetivo companheiros não está no original grego; foi adicionado ao texto

português pelos tradutores para dar maior clareza à frase. Na verdade, o

versículo simplesmente diz que Pedro e João voltaram para os seus, para aqueles que

lhes pertenciam, para aqueles que, por serem deles, os receberiam.

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Lá, junto aos seus, o que eles fizeram? Eles compartilharam; falaram do

ocorrido; relataram o que ouviram; abriram e expuseram os seus corações.

Compartilhamento é fundamental para não desanimarmos. Por isso é que

precisamos de pequenos grupos (PGMs), de relacionamentos discipuladores (RDs),

amigos de alma, gente com quem se abrir e falar, pessoas que possam responder e

nos encorajar.

Pressionados, mas não desanimados são aqueles que compartilham com os

seus companheiros.

2.2 - Oraram

Os ouvidos de todos estavam antenados nas palavras dos apóstolos Pedro e

João. O resultado natural foi que eles se voltaram para Deus em oração. Sobre a

oração desses bandeirantes da fé, note o que segue.

A oração era coletiva, natural e espontânea

24
Ouvindo isso, levantaram juntos a voz a Deus, dizendo: […]

A oração foi ancorada na soberania de Deus

24
Ouvindo isso, levantaram juntos a voz a Deus, dizendo: [Deus criador] “Ó Soberano, tu

fizeste os céus, a terra, o mar e tudo o que neles há! [Deus no controle] 25
Tu falaste pelo

Espírito Santo por boca do teu servo, nosso pai Davi: “‘Por que se enfurecem as nações, e

os povos conspiram em vão? 26 Os reis da terra se levantam, e os governantes se reúnem

contra o Senhor e contra o seu Ungido’. 27 De fato, Herodes e Pôncio Pilatos reuniram-se

com os gentios e com o povo de Israel nesta cidade, para conspirar contra o teu santo

servo Jesus, a quem ungiste. [Deus com propósitos] 28


Fizeram o que o teu poder e a tua

vontade haviam decidido de antemão que acontecesse

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A oração foi guiada pelas Escrituras (Salmo 2)

25
Tu falaste pelo Espírito Santo por boca do teu servo, nosso pai Davi: “‘Por que se

enfurecem as nações, e os povos conspiram em vão? 26 Os reis da terra se levantam, e os

governantes se reúnem contra o Senhor e contra o seu Ungido’.

A oração foi para a glória do nome de Jesus Cristo

29
Agora, Senhor, considera as ameaças deles e capacita os teus servos para

anunciarem a tua palavra corajosamente. 30 Estende a tua mão para curar e realizar

sinais e maravilhas por meio do nome do teu santo servo Jesus”.

Pressionados, mas não desanimados são aqueles que oram com os seus

companheiros.

2.3 - Anunciaram

Além de compartilharem e de orarem, aqueles bandeirantes da fé não se

calaram; eles anunciaram a Palavra de Deus.

31
Depois de orarem, tremeu o lugar em que estavam reunidos; todos ficaram cheios do

Espírito Santo e anunciavam corajosamente a palavra de Deus.

A pressão vem para nos desanimar, visando nos calar. O povo de Deus, porém,

busca no compartilhamento e na oração o enchimento do Espírito Santo para

continuarem anunciando corajosamente a palavra de Deus.

Pressionados, mas não desanimados são aqueles que compartilham, oram e

anunciam com os seus companheiros de fé.

3. Perplexos, mas não desesperados

Os bandeirantes da fé eram perseguidos, mas não abandonados; pressionados,

mas não desanimados; ficavam perplexos, mas não desesperados.


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A perplexidade da igreja primitiva vinha da perseguição crescente que os

assolava. Hebreus, por exemplo, nos dá um pequeno vislumbre do ponto a que

em breve chegaria a situação dos crentes em Jerusalém e de lá dispersos. Veja.

Hb 10.33-34 | 33
Algumas vezes vocês foram expostos a insultos e tribulações; em

outras ocasiões fizeram-se solidários com os que assim foram tratados. 34


Vocês se

compadeceram dos que estavam na prisão e aceitaram alegremente o confisco dos seus

próprios bens, pois sabiam que possuíam bens superiores e permanentes.

Qualquer pessoa, naquela mesma situação, ficaria perplexo. Graças a Deus,

pois é possível ficar perplexo, mas não desesperado.

Qual foi a reação deles? Nada de desespero. O que vemos na vida dos

bandeirantes da fé é que quanto mais perseguidos, quanto mais pressionados,

quanto mais perplexos, mais eles se uniam, se amavam e cuidavam um do outro.

Afinal, para isto existe e igreja, o nosso quilombo espiritual nesta vida

passageira. Veja…

32
Da multidão dos que creram, uma era a mente e um o coração. Ninguém considerava

unicamente sua coisa alguma que possuísse, mas compartilhavam tudo o que tinham. 33

Com grande poder os apóstolos continuavam a testemunhar da ressurreição do Senhor

Jesus, e grandiosa graça estava sobre todos eles. 34 Não havia pessoas necessitadas entre

eles, pois os que possuíam terras ou casas as vendiam, traziam o dinheiro da venda 35 e o

colocavam aos pés dos apóstolos, que o distribuíam segundo a necessidade de cada um. 36

José, um levita de Chipre a quem os apóstolos deram o nome de Barnabé, que significa

“encorajador”, 37
vendeu um campo que possuía, trouxe o dinheiro e o colocou aos pés

dos apóstolos.

Perplexos, mas não desesperados, pois tinham Deus, tinham o Senhor Jesus

Cristo e também tinham uns aos outros.

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4. Abatidos, mas não destruídos

Haviam necessitados entre eles, não somente pela pobreza causada pelas

desigualdades sociais, mas, principalmente, pelas injustiças cometidas contra

cristãos. Eles eram confiscados, demitidos, maltratados e perseguidos. Alguns

perdiam a vida e outros perdiam tudo o que tinham.

Diante desse quadro, todo mundo se abatia, tanto os necessitados quanto os

que a tudo assistia e vendiam suas coisas para ajudar. Ficavam abatidos, mas

não destruídos; perplexos, mas não desesperados; pressionados, mas não

desanimados; perseguidos, mas não abandonados.

Impressionante, pois, quanto mais eles sofriam, mais eles engrossavam o coro

e amoleciam o coração; ficavam mais fortes sem perder a doçura; valentes sem

deixar a ternura e o amor. Qual é o segredo desses bandeirantes da fé?

Eles tinham a Deus e uns aos outros; Cristo e comunhão; o resto era para ser

gasto, investido e entregue no reino de Deus, produzindo vida eterna.

Que o espírito dos bandeirantes da fé seja também o nosso

espírito; i.e.: carreguemos a bandeira de Cristo; busquemos as riquezas da fé


em Cristo; libertemos os cativos do pecado; encorajemos uns aos outros ao

amor e às boas obras; espalhemos o reino de Deus por onde formos.

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Pr. Leandro B. Peixoto em 30-10-16
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