Beneficios Da Batata
Beneficios Da Batata
Beneficios Da Batata
Thaís Cristina Coelho de Ornelas Salasar1,2, Roberta Cattaneo Horn1,2,4, Diego Pascoal Golle1,3,4,
João Fernando Zamberlan3,4, Gabriela Tassotti Gelatti1, Jana Koefender1,3,4 e Rodrigo Fernando
dos Santos Salazar1,2
1
Laboratório de Plantas Medicinais e Estresse Oxidativo (LAMOX), Grupo de Pesquisa em
Atenção Integral a Saúde (GPAIS), Universidade de Cruz Alta (UNICRUZ).
2
Programa de Pós-Graduação em Atenção Integral à Saúde, Universidade de Cruz Alta
(UNICRUZ) e Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUI).
3
Laboratório de Cultura In Vitro, Grupo de Pesquisa Produção Agrícola Sustentável,
Universidade de Cruz Alta (UNICRUZ).
4
Mestrado Profissional em Desenvolvimento Rural, Universidade de Cruz Alta (UNICRUZ).
[email protected], [email protected],
[email protected], [email protected], [email protected],
[email protected], [email protected]
(*) Estudo que integra o projeto Batata-doce: uma alternativa para a Agricultura Familiar.
Desenvolvido em parceria com o Polo de Inovação Tecnológica do Alto Jacuí e a Empresa
Simbiose Agrotecnologia Biológica de Cruz Alta.
Financiamento: Banco Mundial, Empresa Simbiose Agrotecnologia Biológica, Secretaria do
Desenvolvimento econômico, ciência e tecnologia do Governo do Estado do Rio Grande do Sul.
1
RESUMO
No presente capítulo são apresentadas uma compilação de estudos nas áreas de ciências agrárias,
ciências e tecnologia dos alimentos e ciências da saúde envolvendo o emprego de batata-doce
[Ipomoea batatas (L.) Lam.]; de sua importância nutricional como fonte de prebiótico e
probiótico que auxiliam no controle de estresse oxidativo; bem como da sua importância
econômica na agricultura de subsistência. Para melhor compreensão desse tema, organizou os
assuntos em uma seção introdutória e duas seções complementares. Na primeira seção se
contemplou estudos envolvendo a caraterização de doenças provocadas por espécies reativas de
oxigênio (EROs) e dos tratamentos nutricionais. Dentre as doenças crônicas não transmissíveis
(DCNT) buscou-se relatar simplificadamente sobre os principais mecanismos envolvidos na
ocorrência de doenças cardiovasculares (DC), Diabete Mellitus (DM), câncer e doenças
respiratórias crônicas (DRC). Na segunda seção relatou-se sobre os aspectos botânicos,
nutracêuticos e de cultivo da batata-doce, bem como das principais cultivares plantados e nas
características de manejo do solo para o desenvolvimento dessa cultura. Por fim, o capítulo se
encerra apresentando as perspectivas futuras envolvendo a cultura de batata-doce e sua
importância social-econômica.
Palavras-chave: Alimento funcional; Antioxidante; Ipomoea batatas (L.) Lam.; Nutrição.
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1. INTRODUÇÃO
A alimentação adequada e saudável é a melhor alternativa para a qualidade de vida do ser
humano, tendo em vista que bons hábitos alimentares com a ingestão de quantidades ideais de
alimentos podem ser grandes aliados na prevenção e controle de patologias. Neste cenário, tem se
observado o aumento de investigações técnicas e científicas que estabeleçam uma possível
relação da dieta com a ocorrência do estresse oxidativo, pois o suprimento das necessidades
diárias com alimentos que apresentem constituintes antioxidantes pode prevenir ou tratar doenças
crônicas não transmissíveis (DCNT) (SILVA et al., 2010).
Deste modo, diferentes estudos propõem alternativas para reduzir os efeitos prejudiciais
do excesso de Espécies Reativas de Oxigênio (EROs) e melhorar a capacidade antioxidante do
organismo, como forma de tratamento e prevenção das enfermidades e suas complicações. Os
principais nutrientes com papel antioxidante, capazes de evitar ou minimizar os efeitos
cardiovasculares e complicações diabéticas são o ácido ascórbico (vitamina C), o β-caroteno, o α-
tocoferol, o zinco, os flavonoides e o selênio, sendo que cada um possui seu mecanismo de ação
(ZIMMERMANN; KIRSTEN, 2008).
Paralelamente, o organismo humano possui um sistema de defesa antioxidante para
prevenir e/ou reduzir os danos oxidativos causados às células pelas EROs. Esse sistema é
classificado quanto à origem e localização em antioxidantes dietéticos ou exógenos, antioxidantes
intracelulares e antioxidantes extracelulares. Além disso, são classificados quanto aos
mecanismos de ação, em antioxidantes de prevenção, varredores e antioxidantes de reparo
(KOURY; DONANGELO, 2003).
Neste contexto, observa-se que o consumo adequado de alimentos ricos em nutrientes
antioxidantes contribui para uma melhor qualidade de vida, destacando-se, pois, a batata doce
[Ipomoea batatas (L.) Lam.]. Essa hortaliça constitui um dos alimentos mais importantes do
mundo para o consumo humano. É uma espécie de tubérculo, ou caule, sendo conhecida e
consumida por diferentes culturas, na qual apresenta diferentes denominações. No México,
América Central e Filipinas a batata doce é popularmente conhecida como ‘Camote’. Na Espanha
e Uruguai é chamada de ‘Boniato’; no Chile de ‘Kumar’; na região da Polinésia e outros países
da Oceania é chamada de ‘Kumara’; na Papua Nova Guiné de ‘Kaukau’ e, no Brasil, é
popularmente chamada de ‘Batata doce’ (LEBOT, 2009).
3
Muitas partes da planta são comestíveis, incluindo folha, raiz e caule. Essas partes
apresentam constituintes de importância nutracêutica como polifenóis, antocianinas e fibras
dietéticas (JOSÉ, 2012). A batata doce é utilizada para o tratamento de várias doenças, como
diabetes, hipertensão, disenteria, constipação, fadiga, artrite reumatoide, doenças renais e
inflamações (MOHANRAJ; SIVASANKAR, 2014).
Por fim, a batata doce é considerada uma cultura alimentícia de grande valor por ser rica
em carboidratos e nutrientes. Além disso, sua importância econômica e social está ligada à
produção por agricultores familiares que, em pequenas propriedades, tem na cultura sua
subsistência (SOARES; MELO; MATIAS, 2002; SILVEIRA, 2007; ISLAM, 2014). Neste
sentido, esse capítulo está dividido em diferentes seções e subseções e conclui com perspectivas
futuras envolvendo possíveis empregos dessa matriz para obtenção de produtos de elevado valor
agregada no que tange os aspectos nutricionais.
4
desde muito cedo tiveram essa experiência, ou seja, aprenderam a se cuidar e a adotar hábitos
saudáveis, tendo isso como um julgamento de valor inserido precocemente em suas vidas.
5
do índice de massa corporal, da pressão arterial, aumento da lipoproteína de alta densidade
(HDL-c) e redução do LDL-c e vasodilatação.
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2.3 Câncer
As fases de iniciação, promoção e progressão de carcinogênese têm sido frequentemente
relacionadas ao estresse oxidativo, caracterizado em circunstâncias nas quais o excesso de
radicais livres resulta em dano tecidual ou na produção de compostos tóxicos ou danosos aos
tecidos (GRIGOLO et al., 1998).
Dentre os diferentes benefícios dos antioxidantes, destaca-se a capacidade que possuem
em potencializar os efeitos das drogas antineoplásicas, podendo assim diminuir a dose
administrada desses medicamentos, sem prejuízo do efeito terapêutico, proporcionando a redução
dos efeitos colaterais (DOS SANTOS; DE SOUZA, 2001). Essa administração concomitante
também é importante, pois parecem proteger as células sadias da ação das drogas, principalmente
os tecidos de rápida proliferação celular. Outro fato benéfico se deve ao fato que os antioxidantes,
por si só, auxiliam no controle do crescimento tumoral sem produção de toxicidade, porém, com
menor eficiência do que as drogas antiblásticas (DOS SANTOS; DE SOUZA, 2001;
ROHENKOHL; CARNIEL; COLPO, 2011). De qualquer modo, quando administrados
conjuntamente, se observa o efeito desejado de redução das células neoplásicas. Estudos a
respeito dessa associação mostram a grande importância da manutenção dos níveis desses
nutrientes para o paciente oncológico para proporcionar melhoria da qualidade de vida e maior
sobrevida (ROHENKOHL; CARNIEL; COLPO, 2011).
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uma medida direta da carga oxidativa do espaço aéreo, do que ex-fumantes com DPOC e não-
fumantes. Durante as exacerbações agudas da DPOC, as concentrações de H2O2 são maiores que
durante os períodos de estabilidade da doença. Acredita-se que as concentrações elevadas de
H2O2 na coleta do condensado do ar exalado são originadas, em parte, por uma maior produção
de ânions superóxido pelo macrófago alveolar (OWEN, 2005; DE MATOS CAVALCANTE; DE
BRUIN, 2009).
Habitualmente, 20 a 30% dos pacientes com DPOC têm peso abaixo do normal e 30 a
40% deles têm peso acima do normal. Ambas as situações são prejudiciais para o paciente.
Portanto, são necessárias recomendações nutricionais a fim de aproximar do peso ideal (BRASIL,
2010). Sendo assim, a oferta de calorias sob a forma de proteínas deve corresponder a 20% do
gasto energético total do paciente, sendo os outros 80% distribuídos na forma de carboidratos e
lipídeos. Uma oferta adequada de calorias não proteicas evita que a proteína ingerida seja
consumida pelo organismo como fonte de energia (VIANNA; MAIA; WAITZBERG, 2000).
Além disso, os antioxidantes encontrados naturalmente no trato respiratório inferior (superóxido
dismutase, catalase e glutationa), juntamente com a ceruloplasmina, cobre, metionina sulfóxido,
retinóis e vitaminas E e C, atuam protegendo o organismo contra a ação de agentes oxidantes.
Desta forma, acredita-se que antioxidantes dietéticos como vitamina C e retinóis podem limitar a
destruição do tecido pulmonar por proteases e proteger o organismo contra o desenvolvimento da
DPOC (FERNANDES; BEZERRA, 2006).
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em espiral em torno do caule, pubescentes ou glabras (Figura 1b). O pecíolo é longo, de cor e
pubescência semelhante ao caule, podendo apresentar ou não pigmentação na inserção do caule.
As flores (Figura 1c) são hermafroditas, perfeitas, ou seja, completas e andrógenas, dispostas em
inflorescências do tipo cimeiro e apresenta: cinco sépalas, cinco pétalas, cinco estames e um
pistilo composto sua coloração varia do branco, lilás a diversas tonalidades do roxo (LEBOT,
2009; CAMARGO, 2013). As variedades de batata doce diferem em sua capacidade de produzir
flores. Em condições normais no campo, algumas variedades não florescem, enquanto outras
produzem flores em profusão (FOLQUER, 1978; LEBOT, 2009).
Figura 1: Representação fotográfica do caule com o talo (a), o tipo de folhagem (b) e geometria
da floração (c) da Ipomoea Batatas (L ). Lam.
Fonte: o autor
10
agrícola, fazendo dessa cultura interessante para pequenas propriedades rurais quando comparado
com outros vegetais verdes e hortaliças.
O custo de produção da batata doce é relativamente baixo e o principal argumento
contrário ao investimento em tecnologia é que a lucratividade da cultura é baixa, decorrente do
pequeno volume individual de produção, ou seja, os produtores ainda tendem a cultivar a batata
doce como cultura marginal, com o raciocínio de que, gastando-se o mínimo, qualquer que seja a
produção da cultura constitui um ganho extra. Desta forma, costuma-se obter um produto de
qualidade duvidosa em relação ao tamanho e aspecto que resulta na restrição comercial, tanto por
parte dos atacadistas, que tendem a reduzir o preço, quanto por parte do consumidor, que refuga
parte do produto exposto à venda (CÂMARA et al., 2013).
Deste modo, observa-se que a batata doce está entre os cultivos de maior importância no
mundo (CIP, 2016). Com uma produção anual superior a 133 milhões de toneladas, ocupando o
quinto lugar em termos de quantidade produzida. Em termos de produtividade, essa cultura
somente fica atrás da cultura do arroz, trigo, milho e mandioca, considerando-se somente entre os
cultivos com maior produção de peso fresco nos países em desenvolvimento. É cultivada em 111
países sendo que, aproximadamente 90% da produção é oriunda da Ásia, 5% da África e 5% no
restante do mundo. E apenas 2% da produção estão em países industrializados como os Estados
Unidos e Japão (FAOSTAT, 2016). A batata doce é a sétima mais importante cultura alimentar
em todo o mundo, depois do trigo (Triticum aestivum), arroz, (Oryza sativa), milho (Zea mays),
batata (Solanum tuberosum), cevada (Hordeum vulgare) e mandioca (Manihot esculenta Crantz)
(CIP (2016). No Brasil é a quarta hortaliça mais cultivada, ocupando uma área de cultivo
estimada em 40.383 hectares e uma produção anual de 525.814 toneladas. É um cultivo de grande
valor socioeconômico para a Região Sul, responsável por 44,41% da safra nacional, seguida pelo
nordeste (28,57%), e pelo Sudeste (22,87%). O Estado de São Paulo, atualmente, é o segundo
maior produtor brasileiro de batata doce, com quase 75 mil toneladas (14,26%), perdendo apenas
para o estado do Rio Grande do Sul, que produz 30,64% da produção nacional (PAM, 2014).
Considerando dados de produção mundial de batata doce levantados pela Organização
para Alimentação e Agricultura da ONU (FAOSTAT, 2016), o país com maior produção
atualmente é a China, sendo responsável, nos últimos quatro anos, por uma produção média de
82,30%. Em segundo lugar é ocupado pela Nigéria com 1,92%. A produção brasileira representa
0,30% do total produzido (FAOSTAT, 2016). Com os dados contido na base do Instituto
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Brasileiro de Geografia e Estatística sobre o cultivo da batata doce, que pode ser encontrada em
séries estatísticas de lavoura temporária conclui-se que o Brasil, nos últimos 10 anos, em média,
dedicou de aproximadamente 43.161 hectares ao cultivo da batata doce, e o nordeste representa
44,2% dessa área, sendo a região brasileira com maior área plantada e colhida dessa hortaliça ao
longo desse período. Dos anos de 2004 a 2014, o valor monetário médio anual do Brasil com a
batata doce foi aproximadamente R$ 312.894.364,53, e a região sul representa 50% desse
montante, seguido pela região nordeste com 29,45% (IBGE, 2016).
Os benefícios e características contidos na cultura da batata doce são inúmeros,
destacando-se a resistente a seca, cultivo e manejo simplificado em comparação a outros cultivos
possui baixo custo na produção, perene, resistente às pragas, contribui contra a erosão do solo e
se trata de uma cultura versátil, pois necessita de mão de obra (auxiliando assim a fixação do
agricultor) como se adapta a mecanização das tecnologias (WILLIAMS, 2013).
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A literatura etnofarmacológica registra o uso do chá das folhas para aumentar a lactação,
sendo o tipo “amarelo” especialmente aquele de polpa cor de abóbora detentor de β-caroteno em
teor superior ao encontrado em cenoura, sendo seu uso recomendado como alimento-remédio e
indicado contra a deficiência de vitamina A (JOSÉ, 2012). Silva et al. (2010) realizaram um
estudo sobre o uso de plantas medicinais em saúde bucal e observaram que a batata doce foi a
planta com o maior número de indicações de uso em saúde bucal. Usada em extrações dentárias,
dor de dente, feridas na boca, hemorragia, abscessos, gengiva inflamada e aftas; para qualquer
alteração na cavidade oral. Existe indicação comprovada em bochechos para combater gengivites,
pulpites, dor de dente e aftas, além de evitar a reprodução de bactérias cariogênicas.
Chang et al. (2010) avaliaram os efeitos do consumo de folhas de batata doce roxa sobre
marcadores de estresse oxidativo em uma população masculina jovem e saudável, após completar
um protocolo de exercício físico. Comparado com o grupo controle, o consumo da folha de batata
doce roxa aumentou a concentração plasmática total de polifenóis e o poder antioxidante total e
os marcadores de dano oxidativo (substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico e proteína
carbonilada) diminuíram. Estas resultados indicam que, ao consumir uma dieta com elevado teor
de polifenóis durante 7 dias, se pode modular o estado antioxidante e diminuir os danos
oxidativos induzidos pelo exercício.
As folhas de batata doce, por unidade calórica, superam em teor de proteína até mesmo
do feijão, uma das principais fontes proteicas da população brasileira de baixa renda. Têm um
valor alimentício semelhante ao das folhas de mandioca e, tal como esta, pode ser empregada em
multimisturas para combate à desnutrição (MALUF, 2003), bem como pastorais da criança e
outras organizações não governamentais. As folhas da batata doce têm sobre as folhas de
mandioca a vantagem de não possuírem princípios tóxicos (cianogênicos), não exigindo portanto,
detoxificação prévia antes do uso. O uso de brotações de batata doce como hortaliça verde tem
sido prioridade de pesquisa em países asiáticos (XIAODING, 1995; MALUF, 2003).
Na tabela 1 estão elencados a composição centesimal e valor energético das folhas de
batata doce e mandioca, comparadas com grãos crus ou cozidos de feijão comum.
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Tabela 1. Comparação dos teores minerais, proteico, lipídico e calórico fornecidos pelo consumo
de 100 g da folha de batata doce em relação ao consumo de 100 g de folhas secas de mandioca,
feijão preto cozido e feijão preto cru.
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dicafeoilquínico. A concentração desses nutrientes são superiores em relação a outros vegetais
disponíveis comercialmente.
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Figura 2: Representação do equilíbrio ácido-base dos pigmentos de cianidina que promovem a
alteração da tonalidade da cor e região de predominío da cor aparente (valores de pH) decorrido
do deslocamento eletrônico do grupo cromóforo da molécula em diferentes condições de meio.
Com relação ao ácido ascórbico, também presente na batata doce, Barrera e Picha (2014),
observaram que as folhas jovens continham o teor mais alto deste nutriente, seguido por folhas e
brotos maduros. Em uma análise realizada para comparar o teor de ácido ascórbico em peso seco,
com outros alimentos, os autores observaram que a quantidade analisada em cada 100g de peso
da folha da batata doce foi superior a do espinafre (31,6 mg), do feijão verde (15,8 mg), da
ervilha (30,9 mg), dos brócolis frescos (96,7 mg), do repolho fresco (42,3 mg), da couve fresca
(92,7 mg) e da batata (11,0 mg), todos considerados boas fontes de ácido ascórbico na dieta
(BARRERA; PICHA, 2014).
Gurmu, Hussein e Laing (2014) verificaram que, com o consumo da batata doce de polpa
alaranjada, é possível melhorar os níveis da vitamina A e aumentar a biodisponibilidade de
diferentes micronutrientes, como Fe, Zn, Ca e Mg. Além disso, os autores observaram uma
correlação positiva com os constituintes determinados com a redução das taxas de mortalidade
infantil de 23 a 30%.
Barrera e Pinch (2014) observaram que as folhas maduras de batata doce continham
maiores quantidades de riboflavina do que as folhas jovens e tenras de outros tecidos vegetais,
incluindo raízes. Uma porção de 85g de folhas de batata cozida pode fornecer até 15% dos
requisitos de ingestão diária para um adulto e quase 30% para uma criança (LEBOT, 2009;
BARRERA; PICHA, 2014). Os resultados dos estudos indicaram que a riboflavina em folhas de
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batata se compara favoravelmente com outras frutas e vegetais, incluindo folhas de mandioca
(0,33 mg), manjericão (0,33 mg) e mamão (0,30 mg) e com espinafre (0,15 mg), batata (0,05 mg)
e cenoura (0,05 mg) (BARRERA; PICH, 2014; GURMU; HUSSEIN; LAING, 2014).
A fonte de energia, minerais e vitaminas, bem como a composição química da batata doce
pode variar significativamente com a cultivar, condições climáticas, manejo adotado, época de
colheita, tratos culturais, condições e duração de armazenamento.
As cultivares recomendadas são relacionadas ao local e à época de plantio, à adubação, à
finalidade da produção e à preferência do mercado consumidor. Geralmente as batatas
comercializadas em grandes centros urbanos têm polpa branca e creme e película externa
(periderme), rosa, roxa ou branca (EMBRAPA-SPI, 1995). Também são comercializadas batatas
com película externa amarela ou creme, com polpa amarelo-clara, salmão ou roxa (como
beterraba).
Para um mesmo cultivar, quanto mais altas a temperatura e a luminosidade, menor o ciclo
da cultura. Em regiões ou épocas mais quentes a batata doce produz raízes com maior teor de
açúcar e menor teor de amido (SILVA et al., 2010; SILVA et al., 2011). Se a mesma cultivar for
plantada em época ou local mais frio, o teor de açúcar é menor e o de amido, maior. Esse
tubérculo produz bem em regiões com 750 a 1000 mm de chuva anuais ou com 500 a 600 mm
durante o ciclo da cultura. Entretanto, enquanto houver excesso de umidade no solo, esses
cultivares não toleram o encharcamento, formando raízes tuberosas finas e alongadas,
(EMBRAPA-SPI, 1995).
De acordo com EMBRAPA-SPI (1995), a batata doce se desenvolve e produz bem em
qualquer solo, desde os fracos-arenosos, até os mais argilosos (podzólicos). Entretanto,
consideram-se como ideais os solos mais leves, soltos, bem estruturados, de média ou alta
fertilidade, bem drenados e com boa aeração. Nesses solos as raízes são mais uniformes e com
pouca aderência de terra na superfície, tendo melhor aparência. A produção é muito prejudicada
em solos encharcados ou muito úmidos, pois a aeração insuficiente retarda a formação das raízes
tuberosas (EMBRAPA-SPI, 1995; LEBOT, 2009).
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O excesso de umidade, de matéria orgânica e nitrogênio, provocam grande multiplicação
das ramas e pouca formação de raízes tuberosas. Solos compactados ou muito argilosos e/ou mal
preparados, causando alterações no formato e uniformidade das raízes tuberosas. Essas
características resultam na queda da produtividade (LEBOT, 2009; RÓS; TAVARES FILHO;
BARBOSA, 2013). Ela é uma planta muito tolerante às variações de acidez do solo, podendo
crescer e produzir em solos com pH de 4,5 a 7,5, mas o nível ideal está entre 5,6 a 6,5
(EMBRAPA-SPI, 1995).
A cultura da batata doce é produzida em todas as regiões brasileiras e seu cultivo ocorre
após intenso revolvimento do solo. Assim, o sistema de preparo de solo para o plantio da batata
doce é uma etapa com elevado potencial de degradação e, consequentemente, de assoreamento de
corpos d’água; fatores que, além da degradação ambiental, acentuam o empobrecimento de
produtores rurais e de suas famílias (RÓS; TAVARES FILHO; BARBOSA, 2013).
Após escolhido o terreno para ao plantio, é necessário fazer a análise química do solo. As
amostras colhidas devem ser enviadas para análise laboratorial, no mínimo 4 – 5 meses antes do
plantio (EMBRAPA-SPI, 1995; LEBOT, 2009; RÓS; TAVARES FILHO; BARBOSA, 2013).
Mesmo considerando o grande desenvolvimento vegetativo da batata doce, cujas ramas cobrem,
rapidamente todo o solo, evitando erosões, algumas práticas são necessárias, tais como: 1)
marcação e preparo de curvas de nível e cordão em contorno; 2) limpeza do terreno; 3)
distribuição de metade do calcário recomendada; 4) aração a 30-35 cm de profundidade; 5)
distribuição da outra metade do calcário recomendada; 6) incorporação do calcário com grade; 7)
aração e gradagem uma semana antes do plantio; 8) sulcamento a 15cm de profundidade no
espaço entre leiras; 9) distribuição e incorporação do adubo no sulco; 10) levantamento de leiras
a 20 a 30 cm de altura, usando o sulcador com as abas bem abertas (EMBRAPA-SPI, 1995).
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar do declínio da cadeia produtiva da batata doce nas últimas décadas, essa hortaliça
ocupa o sexto lugar entre as hortaliças mais plantadas no Brasil. Embora a produção tenha
apresentado redução, percebe-se que o índice de produtividade tem sido crescente nos últimos
anos, de modo que o sistema de produção tem sofrido mudanças que indicam uma evolução do
nível tecnológico. Desse modo é possível apontar a intensificação de ações por diferentes grupos
18
de pesquisa na busca de alternativas de produção, beneficiamento e processamento que
permitirão a produção com maior agregação de valor à agricultores familiares e para aqueles que
participem dessa cadeia de valores. Por fim, ainda existe um grande espaço para o crescimento da
cultura, uma vez que muitas das tecnologias disponíveis ainda não estão sendo aplicadas nessa
cultura, o que poderá intensificar a produção e reverter a redução da produção pela maior oferta
de um alimento à medida que novos estudos vem apresentando novas informações de interesse
alimentar. Por fim, à medida que a cadeia produtiva da cultura de batata doce for incorporando
novas tecnologias e, paralelamente, forem sendo descobertas mais propriedades nutricionais e
terapêuticas dessa cultura, maior será o interesse dos diferentes segmentos da indústria de
alimentos, farmacêuticos e de saúde pública na manutenção e desenvolvimento dessa cultura.
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