Paisagem e Ambiente
Paisagem e Ambiente
Paisagem e Ambiente
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 2
2 CONCEITO DE PAISAGEM ....................................................................... 3
3 HISTÓRIA DO PAISAGISMO ..................................................................... 6
4 A HISTÓRIA DOS JARDINS..................................................................... 10
5 ECOGÊNESE: UM CONCEITO DE PAISAGISMO .................................. 14
6 ARBORIZAÇÃO URBANA: IMPORTÂNCIA PARA O BEM-ESTAR SOCIAL
16
7 HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA ARBORIZAÇÃO URBANA ........................ 18
8 ARBORIZAÇÃO URBANA NO MUNDO ................................................... 19
9 FUNÇÃO HISTÓRICA DAS ÁREAS VERDES ......................................... 20
10 ARBORIZAÇÃO URBANA NO BRASIL .................................................... 21
11 IMPORTÂNCIA DA ARBORIZAÇÃO URBANA ........................................ 22
12 ARBORIZAÇÃO E SEUS BENEFÍCIOS ................................................... 26
13 ELEMENTOS QUE COMPÕEM O PAISAGISMO .................................... 26
14 ESCALAS DO PAISAGISMO.................................................................... 30
15 SISTEMA PUBLICO DE AREAS VERDES E PAISAGISMO URBANO. ... 32
16 ÁREAS VERDES URBANAS .................................................................... 33
17 O JARDIM ................................................................................................. 35
18 O JARDIM BRASILEIRO .......................................................................... 37
19 O JARDIM NO BRASIL ............................................................................. 38
20 ÁREAS VERDES EM AMBIENTES INDUSTRIAIS .................................. 42
21 PAISAGEM MODIFICADA E QUALIDADE DE VIDA ............................... 43
22 ESPAÇO GEOGRÁFICO .......................................................................... 44
23 A PAISAGEM CONSTRUÍDA PELA SOCIEDADE ................................... 46
24 PAISAGEM HUMANIZADA....................................................................... 47
25 MODIFICAÇÕES E DESCOBERTAS ....................................................... 48
26 PAISAGEM RURAL .................................................................................. 49
27 PAISAGEM CULTURAL E PRESERVAÇÃO PATRIMONIAL ................... 52
28 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................... 56
29 BIBLIOGRAFIA ......................................................................................... 58
1
1 INTRODUÇÃO
Prezado aluno!
Bons estudos!
2
2 CONCEITO DE PAISAGEM
Fonte: mundoeducacao.uol.com.br
3
contas, o espaço geográfico é o resultado de uma complexa interação entre sociedade
e a sua paisagem, conclui PENA, 2020.
É interessante observar que as paisagens apresentam aspectos e elementos
referentes ao presente e ao passado, que muitas vezes convivem em um mesmo
espaço. Se observarmos, por exemplo, a paisagem de uma cidade histórica, podemos
notar elementos do passado que foram conservados em conjunto com aspectos do
presente ou que surgiram em tempos mais recentes. Assim, é possível comparar
essas paisagens e observar ao menos algumas de suas principais características,
como a sua arquitetura, estilos culturais e outros, ressalta PENA, 2020.
4
Conforme PENA, 2020, é preciso considerar que as paisagens também
possuem seus aspectos diferenciados não tão somente pelas suas características
físicas em si, mas também de acordo com o olhar de quem observa. É comum que
duas pessoas diferentes observem uma mesma paisagem e possuam visões,
impressões e opiniões distintas sobre ela, fazendo com que exista uma relação de
identidade e subjetividade entre a paisagem e o ser humano, o que remete à ideia de
cultura, que influencia a forma como a sociedade enxerga a sua realidade.
Todo campo do conhecimento é caracterizado pela sua
preocupação explicita com certo grupo de fenômenos que ele se dedica a
identificar e ordenar de acordo com suas relações. Esses fatos são
agrupados com base no crescente conhecimento de suas conexões; a
atenção às suas conexões denota uma abordagem científica. SAUER
(1925, p. 13, apud CORRÊA, 1998, p.54, apud MACIEL; LIMA, 2011)
5
estético-descritiva, a palavra paisagem teve seu desenvolvimento inicial relacionado
com o paisagismo e com a arte dos jardins. A partir de então, a mesma começa a
ganhar várias conotações nos diversos países europeus e abrange outros
significados.
Fonte: studiopepe.com.br
3 HISTÓRIA DO PAISAGISMO
6
O dicionário Michaelis define o termo paisagem como “extensão de território e
de seus elementos que se alcança num lance de olhar; panorama, vista”. Quando
ainda intocada pelo humano, é chamada de paisagem natural; após a interferência
dos indivíduos, surge o que é denominado paisagem artificial. Já na Pré-História, os
seres humanos alteravam a paisagem natural. Os primeiros jardins, ou estruturas que
possam ser comparadas a um, surgem junto à agricultura no período Neolítico, em
10000 a.C, conclui GALINATTI, 2019.
Fonte: johnbraid/Shutterstock.com
Antiguidade
Para GALINATTI, 2019, os primeiros esboços de paisagismo mais concretos,
no entanto, surgiram no Oriente Próximo, região geográfica que abrange países do
Sudoeste Asiático, entre o mar Mediterrâneo e o Irã, considerada o berço das
civilizações. A história começa na Mesopotâmia, onde as primeiras aproximações de
paisagismo eram relacionadas à prática da agricultura, na qual pequenos muros que
rodeavam hortas e plantações serviam como protótipos de jardins. Antes de
interromper seus trabalhos devido à invasão árabe, o povo assírio dominava muito
bem as técnicas de drenagem e irrigação.
Você já deve ter ouvido falar nos famosos “Jardins Suspensos da Babilônia”.
Essa obra de paisagismo, considerada uma das maravilhas da humanidade, era
descrita pelos babilônios, em textos que datam de 3000 a.C., como “jardins sagrados”,
relata GALINATTI, 2019.
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De acordo com GALINATTI, 2019, no Egito, os jardins apresentavam simetria
rigorosa e eram implantados de acordo com os quatro pontos cardeais. A introdução
de espécies floríferas foi uma contribuição da civilização persa para o paisagismo, que
passou a ser estimado pelo valor decorativo. Ao contrário dos jardins egípcios, os
jardins gregos fugiam do rigor e da simetria, possuindo características naturais, talvez
em razão da topografia acidentada da região. Neles, eram cultivadas plantas frutíferas
e inseridos elementos decorativos, como esculturas humanas e de animais Em Roma,
as mesmas características puderam ser observadas, com a diferença de que, aqui, os
jardins eram mais grandiosos e pomposos.
Idade Média
Conforme relata GALINATTI, 2019, o período da Idade Média, entre os séculos
XV e XVI, marcou um retorno à simplicidade, de modo que a grandiosidade e o luxo
deram espaço a novos valores. Áreas verdades eram encontradas com maior
dificuldade, e os jardins possuíam estilo gótico e retratavam o símbolo da religião
dominante.
Como caracteriza GALINATTI, 2019, no período da Idade Média, observou-se
dois estilos básicos de jardins:
8
perfume. Além do aspecto ornamental, a água era utilizada para amenizar o
calor e irrigar.
Renascimento
Na opinião de GALINATTI, 2019, no Renascimento, há o ressurgimento da
cultura como um todo. A natureza é redescoberta, levando à criação dos primeiros
jardins botânicos de plantas exóticas. A artificialidade e a organização marcaram os
jardins renascentistas.
Na Itália, houve influência dos jardins romanos, com estátuas e fontes
monumentais, sendo a vegetação secundária. Já os jardins franceses eram inspirados
nos jardins medievais, com muitos canteiros de flores e ervas medicinais. A axialidade,
a simetria e a perspectiva eram características presentes nos jardins da França, cujo
principal representante é o jardim do Palácio de Versalhes, relata GALINATTI, 2019.
Ainda de acordo com GALINATTI, 2019, com a decadência do estilo francês,
que buscava forma e simetria de maneira exagerada, os jardins passaram a
apresentar características mais informais e próximas à natureza. O traçado livre,
irregular e sinuoso aparece com grande expressão nos jardins ingleses
Século XIX
É nesse período que aparecem os primeiros parques urbanos públicos,
proveniente da necessidade de criação de espaços de lazer, educação e hábitos de
higiene. Um dos exemplos mais relevantes, e pioneiro desse tipo de parque, é o
Central Park, na cidade de Nova Iorque, conclui GALINATTI, 2019.
9
4 A HISTÓRIA DOS JARDINS
Fonte: aventurasnahistoria.uol.com.br
Como já citado acima, os mais antigos jardins que se tem notícia, são os
Jardins Suspensos da Babilônia e uma das maravilhas relatadas sobre a qual menos
se sabe. Muito se especula sobre suas possíveis formas e dimensões, mas nenhuma
descrição detalhada ou vestígio arqueológico foi encontrada, exceto um poço fora do
comum que parece ter sido usado para bombear água. Tradicionalmente, acredita-se
que tenha sido construído na antiga cidade da Babilônia, próximo de onde atualmente
se localiza a cidade de Hillah, no Iraque, relata INSERRA, 2016.
10
Conforme caracteriza INSERRA, 2016, no geral, foram em regiões áridas como
Pérsia, China e Egito onde se tem notícia dos jardins das mais antigas civilizações
conhecidas, Água sempre foi um recurso fundamental, e a irrigação uma palavra
mágica. Num clima quente e seco, sombra e água fresca são tudo o que se quer, e
assim os primeiros jardins incluiam tanques, canais de irrigação e árvores para
sombra. O desenho e as plantas utilizadas tinham a agricultura como referência:
árvores frutíferas, condimentos, plantas de uso ritual e muita linha reta, onde o Lótus
e o papiro eram muito utilizados.
INSERRA, 2016 relata que no Egito, o religioso era um traço marcante nos
jardins dos faraós, com plantas sagradas como o lótus, o papiro e a tamareira. Eram
influenciados pela crença desse povo em Astrologia, ocupavam grandes traçados às
margens do Rio Nilo, e tinham grandes traçados geométricos.
Para INSERRA, 2016, os jardins dos antigos Persas estavam condicionados a
influencias externas devido as constantes guerras e revelavam elementos retirados
de vários jardins, principalmente dos gregos e egípcios. Um estilo MISTO, que se
caracterizava pela presença de dois canais principais em cruz dividindo o jardim em
quatro zonas: agua, terra, fogo e ar.
Fonte: casavogue.globo.com
Mas sem dúvida, um dos jardins orientais mais famosos é o do Taj Mahal,
na Índia. (INSERRA, 2016)
Fonte: casavogue.globo.com
12
Fonte: www.infoescola.com
2016.
13
Fonte: www.infoescola.com
Segundo Panzini (2013, p. 639 – 640, apud DIAS, 2018), “o tema da recriação
de uma paisagem natural em ambientes transformados pelas atividades humanas
através de processos mais ou menos dirigidos de ecogênese atravessou todo o século
XX”.
Para DIAS, 2018, nesse sentido, o referido autor italiano identifica a origem
dessa abordagem nos seguintes personagens: o paisagista alemão Willy Lange (1864
–1941), cuja ação em prol de espécies nativas foi relacionada ao viés nacionalista e à
teoria da raça ariana difundidas pelo Partido Nacional Socialista na década de 1930;
o professor e pioneiro da ecologia holandês Jacobus Pieter Thijsse (1865 – 1945) que
defendia a ideia de criação jardins com agrupamentos vegetais correspondentes aos
encontrados nos habitats de origem; e a dupla formada pelo arquiteto da paisagem
Christian Broerse (1902– 1995) e o botânico Koos Landwehr (1911 – 1996), que
desenvolveram a proposta de “parques selvagens” e criaram o primeiro parque público
14
explicitamente ecológico: o Thijsseepark, em Amstelveen, ao sul de Amsterdã,
concluído em 1972.
Em sua revisão Panzini relaciona à ideia de ecogênese: as temáticas
ecológicas elaboradas pelo francês Gilles Clément; na Alemanha, o trabalho de Peter
Latz e do Grün Berlin Park und Garten; e, no Brasil, “o trabalho do eminente paisagista
Fernando Magalhães Chacel”, conclui DIAS, 2018.
Fonte: uffpaisagismo.wordpress.com
15
Sincronicamente, em Belo Horizonte, o botânico Henrique Lahmeyer de Mello
Barreto ocupava-se de ideias de reconstituição ecogenética, embora não
empregasse a palavra ecogênese. (DIAS, 2018)
Fonte: digicade.com.br
16
em mente que muitos impactos ambientais resultam dessa ausência e que culmina
com alterações no ambiente. Dentro desse contexto, a população não deve estar
isenta, nem tão pouco alheia a tais necessidades e deveres.
A arborização urbana no Brasil tem sido uma preocupação dos ambientalistas,
uma vez que observa- se os benefícios dessa ação para a sociedade. Avalia-se que
diante de uma sociedade informatizada, onde qualquer notícia percorre o mundo em
segundos, as questões ambientais estão em um segundo plano para nossa
população. Contudo, ações pouco refinadas, mas com muita técnica e conhecimento
específicos, transfere diversos benefícios para qualquer indivíduo que recebe, seja
em praças ou ruas, avenidas e bosques, uns projetos de arborização (SABADINI
2017, apud LIMA; PANDOLFI; COIMBRA, 2017).
17
7 HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA ARBORIZAÇÃO URBANA
Apesar de muito da história das áreas verdes urbanas ter se perdido no tempo,
é possível traçar um perfil de sua evolução. Partindo do seu caráter mítico-religioso, o
paraíso prometido no livro do Gênesis da Bíblia, passando por mitos e lendas,
estudando os jardins suspensos da Babilônia e chegando aos jardins modernos,
observa-se a importância de cada momento histórico cultural desses espaços
formadores da estrutura urbana (LOBATO et al. 2005, apud RESENDE, 2011).
Fonte: revistanews.com.br
18
O processo de urbanização no Brasil é um reflexo das transformações
estruturais de ordem política, econômica e social, pelo qual o país tem se
desenvolvido principalmente no início das décadas de 60 e 70, quando se
iniciou um processo de ordenamento e integração social do país voltado à
política de desenvolvimento econômico-social com base no crescimento das
cidades (LIMA NETO et al., 2007).
Fonte: maringa.com
Carlos (2004, apud KOCHI; CLEMENTE, 2012), afirma que a inserção de áreas
verdes já fazia parte da estrutura organizacional de cidades desde a antiguidade.
Esses espaços arborizados destinavam-se essencialmente, ao uso e prazer dos
imperadores e sacerdotes. Na Grécia, tais espaços foram aplicados, não só para
passeios, mas também para encontros e discussões filosóficas. Em Roma, as áreas
arborizadas eram destinadas ao prazer dos mais afortunados (SILVA, 1997, apud
KOCHI; CLEMENTE, 2012).
Fonte: tripadvisor.com.br
20
Romantismo, como parques urbanos e lugares de repouso e distração dos citadinos"
(SILVA, 1997, apud KOCHI; CLEMENTE, 2012).
Fonte:brasilambientalconsultoria.com.br
21
1897, sendo autor de muitas produções de jardins no exterior e no Brasil, porém com
influência européia, como o passeio público do Rio de Janeiro.
No Brasil, a história da arborização de vias públicas se confunde com a própria
história do país. No ano de 1637, Maurício de Nassau tentou reproduzir em Recife
uma cidade semelhante às europeias; esse é considerado o marco inicial da utilização
da vegetação na composição do espaço urbano no Brasil. No início, privilegiava-se
exclusivamente a função estética, mas existem inúmeras outras funções que a árvore
desempenha no ambiente urbano e que trazem benefícios diretos para os habitantes
desse meio, conclui KOCHI; CLEMENTE, 2012.
Microclima
Para Furtado & Melo Filho (1999, apud KOCHI; CLEMENTE, 2012), todos os
elementos paisagísticos devem ser cuidadosamente tratados a fim de trazer
benefícios que interferirão no projeto integrado, visando a melhoria da qualidade do
ar, o sombreamento da edificação e adjacências, o controle da ventilação e da
umidade. A maior parte da carga térmica de uma edificação provém da radiação solar
e da temperatura do ar exterior, sendo necessário um rigoroso controle dos elementos
microclimáticos para eliminar um excesso de energia que tornaria inóspito o ambiente
construído.
De acordo com Lima (1993, apud KOCHI; CLEMENTE, 2012), as áreas urbanas
constituem um ambiente artificial, pois possuem grande concentração de áreas
construídas e pavimentadas que favorecem a absorção da radiação solar de dia e
reflexão durante a noite. Denominado ilha de calor, este fenômeno pode ter um
diferencial térmico bastante significativo em relação a locais mais vegetados. As
árvores interceptam, refletem, absorvem e transmitem a radiação solar. Uma
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adequada arborização e uma boa ventilação constituem dois elementos fundamentais
para a obtenção do conforto térmico para o clima tropical úmido.
Fonte: patosnoticias.com.br
CLEMENTE, 2012).
No ambiente urbano, têm considerável potencial de remoção de partículas e
gases poluentes da atmosfera. Cortinas vegetais experimentais foram capazes 13 de
23
diminuir em 10% o teor de poeira do ar (Pedrosa, 1983, apud KOCHI; CLEMENTE,
2012).
Ecossistemas urbanos
De acordo KOCHI; CLEMENTE, 2012, a uniformização da vegetação nos centros
urbanos constitui um dos maiores perigos para o equilíbrio ecológico da Terra e deve
ser evitada. A diversidade das espécies vegetais é condição básica para a
sobrevivência da fauna e o equilíbrio ecológico.
Fonte: a12.com/redacaoa12
Fonte: sitiodamata.com.br
25
12 ARBORIZAÇÃO E SEUS BENEFÍCIOS
Elementos vegetais
Para GALINATTI, 2019, quando pensamos em paisagismo, a primeira imagem
que vem à mente é a de vegetação. As plantas são, certamente, um dos aspectos
definidores do paisagismo.
Fonte: vivadecora.com.br
Árvores
De acordo com GALINATTI, 2019, por serem elementos de grandes dimensões,
as árvores demandam algumas características específicas do terreno. Normalmente,
o condicionante do terreno define nem qual é o padrão de arborização possível.
Quanto à sua copa, as árvores podem ter copas horizontais ou verticais. As primeiras
apresentam o diâmetro da copa similar ou maior do que a sua altura, enquanto as
segundas são mais altas do que largas.
Segundo Abbud (2006, apud GALINATTI, 2019), as árvores de copa horizontal
“formam um teto, uma sombra, um lugar aconchegante”. Portanto, podem ser
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utilizadas como uma transição entre o espaço aberto e o espaço fechado quando
plantadas junto à varanda de uma edificação.
Já as árvores de copa alta podem ser utilizadas como elementos focais em uma
composição paisagística. Elas também podem ser agrupadas com certa proximidade
para criar bloqueios visuais de vento, de modo a melhorar a habitabilidade de um
jardim, relata GALINATTI, 2019.
Arbustos
Por seu tamanho reduzido quando comparado ao das árvores, os arbustos são
uma ótima opção para composições em espaços menores. Contudo, não devem ser
negligenciados em grandes projetos, uma vez que o equilíbrio entre elementos
vegetais grandes e pequenos é uma das características do bom projeto de
paisagismo.
Segundo estudos realizados por GALINATTI, 2019, os arbustos podem ser
compostos de modo a definir espaços em um jardim. Como são quase totalmente
cobertos de folhas, eles têm a característica de um sólido vegetal. Assim, quando
plantados lado a lado, os arbustos dão origem a verdadeiros muros verdes.
Para Abbud (2006, p. 91, apud GALINATTI, 2019), essa é uma das
características mais marcantes desse tipo de vegetação: “[...] o principal papel dos
arbustos é vedar e ajudar na definição de escalas e lugares aconchegantes [...]”.
Forrações
Para GALINATTI, 2019, as forrações de solo são divididas entre aquelas que
suportam o pisoteio, como as gramas, e aquelas que não podem ser pisadas, como
as plantas rasteiras.
Essas plantas são ótimas para composições ornamentais, por apresentarem
cores variadas e florações que permitem compor tapetes vegetais complexos. Para
garantir que a composição se mantenha ao longo do tempo, é necessária a previsão
28
de elementos de contenção vegetal, como muretas ou anteparos plásticos, conclui
GALINATTI, 2019.
Elementos não vegetais
No dizer de GALINATTI, 2019, um jardim composto só de vegetação não está
completo. Para um jardim dar conta de um uso contínuo, precisa ter elementos não
vegetais, como rochas e mobiliário urbano. Dessa maneira, o jardim pode ser
aproveitado em todo o seu potencial, trazendo espaços de contemplação e descanso,
além de facilitar a locomoção dos visitantes.
Fonte: lanternadepedra.com.br
Rochas
Segundo GALINATTI, 2019, as rochas estiveram ao lado da vegetação nos
projetos paisagísticos desde os primeiros assentamentos humanos. O uso mais
comum das pedras no paisagismo é o de elementos de piso. Grandes pedaços de
rocha podem ser assentados diretamente na terra, por exemplo.
Há também outros usos, como no caso dos paralelepípedos das cidades
portuguesas e espanholas e dos pisos do tipo pedra portuguesa, herança colonial que
foi ressignificada pelos paisagistas modernos brasileiros, com destaque para Roberto
Burle Marx. Atualmente, são utilizadas placas de pedra produzidas industrialmente
com espessuras muito pequenas, relata GALINATTI, 2019.
29
Esse material é comumente utilizado em jardins sobre lajes com o sistema de
piso elevado, que facilita a manutenção e dispensa ralos aparentes, conclui
GALINATTI, 2019.
Madeiras
14 ESCALAS DO PAISAGISMO
Fonte: parqueibirapuera.org
31
15 SISTEMA PUBLICO DE AREAS VERDES E PAISAGISMO URBANO.
Fonte: infoescola.com
32
Na opinião de BARGOS; MATIAS, 2011, embora a vegetação seja considerada
por diversos pesquisadores como um importante indicador de qualidade ambiental
urbana é possível notar divergências conceituais entre aqueles que estudam o tema,
pois termos como áreas verdes, espaços livres, áreas de lazer, por exemplo, são
utilizados indistintamente como sinônimos para referência à presença de áreas
verdes, quando na realidade não o são necessariamente sinônimos para referência à
presença de áreas verdes, quando na realidade não o são necessariamente.
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Parque Urbano: são áreas verdes, maiores que as praças e jardins, com
função ecológica, estética e de lazer. (MATIAS, 2011)
Praça: pode não ser considerada uma área verde caso não tenha vegetação
e seja impermeabilizada. Quando apresenta vegetação é considerada jardim, e como
área verde sua função principal é de lazer. (MATIAS, 2011)
Arborização Urbana: são os elementos vegetais de porte arbóreo tais como
árvores no ambiente urbano. As árvores plantadas em calçadas fazem parte da
Arborização Urbana, no entanto, não integram o Sistema de Áreas Verdes. (MATIAS,
2011)
O sistema de áreas verdes é entendido como integrante do sistema de espaços
livres. Esta ideia é sustentada também por Nucci (2001, apud BARGOS; MATIAS, 2011)
que denomina estas áreas como um subsistema do sistema de espaços livres e que
devem fornecer possibilidade de lazer à população.
Oliveira (1996, apud BARGOS; MATIAS, 2011) já havia considerado a questão
da permeabilidade do solo nas áreas verdes. Para ele o conceito de áreas verdes,
para ser completo, necessita descrever suas estruturas e enfatizar, sobretudo, a
importância que elas têm em termos de suas funções (ecológicas, estéticas,
econômicas e sociais)
Para Milano (1990, apud VIEIRA, 2004, apud BARGOS; MATIAS, 2011) a
principal função do sistema de áreas verdes urbanas não deve ser apenas a criação
de refúgios para que as pessoas possam “escapar” da cidade. Além disso, essas
áreas devem possibilitar à população momentos de lazer e recreação em convívio
com a natureza, respeitando sua vivência urbana e contato com outras pessoas.
Oliveira (1996, p. 11, apud BARGOS; MATIAS, 2011) argumenta que:
O “[...] estilo de vida urbano e a estrutura cultural das cidades são elementos
associados à tendência ao sedentarismo, aumentando a demanda por áreas
verdes e espaços para recreação”.
34
Vieira (2004, apud BARGOS; MATIAS, 2011) admite que as áreas verdes tendem
a assumir diferentes papéis na sociedade e suas funções devem estar
interrelacionadas no ambiente urbano, de acordo com o tipo de uso a que se destinam.
Como caracteriza BARGOS; MATIAS, 2011, as funções destas áreas estariam
relacionadas à:
Função Social: possibilidade de lazer que essas áreas oferecem à população.
Com relação a este aspecto, deve-se considerar a necessidade de hierarquização.
(MATIAS, 2011)
Função Estética: diversificação da paisagem construída e embelezamento da
cidade. Relacionada a este aspecto deve ser ressaltada a importância da vegetação.
(MATIAS, 2011)
Função ecológica: provimento de melhorias no clima da cidade e na
qualidade do ar, água e solo, resultando no bem-estar dos habitantes, devido à
presença da vegetação, do solo não impermeabilizado e de uma fauna mais
diversificada nessas áreas. (MATIAS, 2011)
Função Educativa: possibilidade oferecida por tais espaços como ambiente
para o desenvolvimento de atividades educativas, extraclasse e de programas de
educação ambiental. (MATIAS, 2011)
Função Psicológica: possibilidade de realização de exercícios, de lazer e de
recreação que funcionam como atividades “antiestresse” e relaxamento, uma vez que
as pessoas entram em contato com os elementos naturais dessas áreas. (MATIAS,
2011)
Como indicador de qualidade ambiental as áreas verdes precisam ser
consideradas ainda conforme sua distribuição e dimensão espacial para que o
planejamento urbano e ambiental supra as necessidades da sociedade e não apenas
seja conduzido à valorização e preservação da vegetação no meio urbano por uma
questão meramente preservacionista, finaliza BARGOS; MATIAS, 2011.
17 O JARDIM
35
século XIX, uma forma estrutural de qualificação do espaço urbano
(Macedo,2014).
Fonte: br.freepik.com
36
Conforme Macedo, 2014, um jardim não é só vegetação e depende
estruturalmente do parcelamento de uma área em canteiros e caminhos, estares e
pátios, que recebem, além do plantio, a inserção da água nas suas mais diversas
formas como fontes, tanques, lagos e canais; pequenos elementos construídos, como
quiosques, caramanchões, colunatas, pórticos, estufas, coretos e gazebos; esculturas
dos mais diversos portes, bancos, vasos, luminárias, pavimentos simples, rústicos e
sofisticados, sendo fundamental o tipo de sítio em que está inserido, ou, ainda, a que
tipo de modelagem o terreno foi submetido e as formas de uso e apropriação pelo
usuário – proprietário ou população – e por animais diversos, aves e pequenos
mamíferos em especial.
Macedo,2014 já afirmou que inventariar jardins é um procedimento que tem
caráter praticamente emergencial em um país em que a tradição de preservação
desse tipo de espaço ainda é pequena. Poucos serão conservados ou preservados,
sendo fundamental a criação de um centro de documentação nacional dos jardins para
a conservação da cultura paisagística brasileira.
18 O JARDIM BRASILEIRO
Fonte: centraldenoticias.radio.br
37
A constituição do jardim no Brasil está intimamente ligada às dinâmicas
ecológicas e climáticas, à variabilidade vegetal encontrada no território nacional, à sua
tropicalidade, à rusticidade do interior do Nordeste e do Cerrado e também às
influências formais do estrangeiro, que, desde sua gestação no país, direcionaram
sua constituição – no caso, a influência europeia, e, depois, a americana, que foram
e são extremamente fortes, atesta Macedo,2014.
Para Macedo,2014, essas influências vieram e vêm das elites, que introduziram
o jardim no país, e foram remodeladas e solidificadas pela ação vernacular de
inúmeros profissionais jardineiros – a maioria de origem europeia –, e, depois, por
profissionais locais, tanto jardineiros como paisagistas. Praticamente não houve
grande influência de outros países latino-americanos no paisagismo, na sua
conformação e no jardim brasileiro.
Restringiu-se a poucas incursões de profissionais brasileiros pelas Américas
do Sul e Central, sem, de fato, haver grandes trocas de experiências, tanto pelas
poucas oportunidades de trabalho, como pela distância cultural, segundo
Macedo,2014.
De acordo com Macedo,2014, a partir das últimas três décadas do século XX,
será expressiva a influência da indústria produtora de mudas e equipamentos para
jardim – que direcionará extremamente a escolha de materiais e espécies vegetais –
na constituição formal do jardim brasileiro contemporâneo.
A vegetação utilizada será a mais disponível no mercado, pelo menos na média
dos jardins públicos e privados. Somente em certos casos, como em espaços
projetados para palácios, parques e jardins particulares de alto padrão, e em alguns
espaços públicos de alta visibilidade, cujo projeto foi encomendado para algum
paisagista de renome, haverá seleções sofisticadas de espécies vegetais – e mesmo
de materiais de acabamento e mobiliário urbano, conclui Macedo,2014.
19 O JARDIM NO BRASIL
Fonte: jardim-dos-sonhos-landscaper.negocio.site
Como descrito por Macedo,2014, no espaço público, o uso dos pisos de formas
diversas – ora geométricos, ora sinuosos, ora mistos, modelados por materiais
coloridos e plásticos, como o mosaico português e a ardósia – passa a ser comum,
permeando por jardins majoritariamente constituídos de vegetação tropical.
Nestes, são dispostos equipamentos de recreação, quadras e playgrounds no
espaço público, e piscinas nas residências particulares, conclui Macedo,2014.
Contemporâneo – significa pluralidade e diversidade, o abandono completo
de padrões estéticos definidos, de regras acadêmicas, tanto do passado recente como
dos padrões românticos e clássicos do passado distante, relata Macedo,2014.
Conforme Macedo,2014, caracteriza-se por:
• extrema diversidade de soluções formais, muitas vezes releituras de soluções
do passado; (Macedo,2014)
• abandono parcial da utilização das plantas exclusivamente tropicais nas
soluções projetuais, sendo comum a utilização de plantas de todas as origens,
inclusive da América do Norte e da Europa. Existe uma volta da utilização de espécies
sazonais, especialmente em jardins particulares ou rotatórias e canteiros centrais,
utilização está apoiada e incentivada por uma indústria de produção de mudas;(
Macedo,2014)
• em certos casos, com forte apelo ecológico de alguns projetos, com a
valorização dos jardins rústicos, quase imitações da natureza, a introdução de
passarelas sobre charcos e árvores e a valorização dos restos de mata nativa.
(Macedo,2014)
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20 ÁREAS VERDES EM AMBIENTES INDUSTRIAIS
O trabalhador tem sido, ao longo dos anos, confinado para desenvolver suas
tarefas em ambientes fechados, áridos, e até insalubres. Inicialmente o espaço de
trabalho era pensado como um conjunto de lugares delimitados onde deviam afixar-
se os trabalhadores para executarem suas tarefas, concepção similar à utilizada no
modelo “taylorista-fordista” de produção fabril (TALMASKI e SANTOS, 1998, apud
BAILON; CALDAS, 2013).
A partir do século XXI, diminuiu-se o esforço físico reduzindo o cansaço ou
fadiga muscular, porém aumentou-se o esforço mental, a vigilância e o trabalho de
precisão. Houve o fim da era da “mão-de-obra” e o início da era do “cérebro-de-obra”
(ABRANTES, 2010, apud BAILON; CALDAS, 2013).
Ao longo dos anos, arquitetos, engenheiros e médicos vêm tentando aliviar os
prejuízos causados para a saúde física e mental dos trabalhadores, consequência
desta ruptura com o nosso ambiente natural (PILOTTO, 1997, apud BAILON;
CALDAS, 2013).
Segundo Iida (2005, apud BAILON; CALDAS, 2013), "a ergonomia é o estudo
da adaptação do trabalho ao homem", e esta abrange não apenas as máquinas e
instrumentos utilizados pelo trabalhador, mas também "toda a situação em que ocorre
o relacionamento entre o homem e seu trabalho, inclusive o ambiente físico".
O artigo 225 da Constituição Federal dispõe que “todos têm o direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado”, sendo este o resultado da união de quatro
espécies de ambiente:
a) Meio Ambiente Natural (art. 225, caput, § 1º, I a VII) – Composto pelo solo,
água, ar, fauna, flora e “demais elementos naturais responsáveis pelo equilíbrio
dinâmico entre os seres vivos e o meio em que vivem, inclusive os ecossistemas”;
b) Meio Ambiente Cultural (art. 225 e 226) – Representado pelos bens materiais
e imateriais que definem a identidade e a tradição dos diferentes grupos integrantes
da sociedade, tais como o patrimônio histórico, artístico, arqueológico, paisagístico,
turístico e científico;
c) Meio Ambiente Artificial1 (arts. 21, XX, 182 a 191, e 225) – Formado pelo
conjunto de edificações, equipamentos, estradas e demais elementos que compõem
o espaço construído, urbano ou rural;
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d) Meio Ambiente do Trabalho (arts. 7°, XXXIII, e 200, VIII) – É o conjunto de
bens, condições e instrumentos existentes no local de trabalho.
O meio ambiente do trabalho representa uma parte do meio ambiente geral e,
por isso, é assegurado ao trabalhador por norma constitucional, contribuindo para a
“sadia qualidade de vida” deste, garantindo não apenas proteção à vida, mas a
garantia de uma vida saudável e de um ambiente de trabalho sadio e de boa qualidade
(LEITE, 2003, apud BAILON; CALDAS, 2013).
Fonte: meioambiente.culturamix.com
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No momento em que a civilização se organizou em estruturas sociais e políticas
mais definidas, tornou-se mais incisiva a interferência do homem sobre a superfície
natural. A geração de alimento e energia, a produção de bens e serviços, a disposição
de resíduos e a utilização do espaço, tudo se sustenta no ciclo participativo com o
ambiente natural. O sistema natural encontra-se, desde então como um competidor
passivo, pressionado e perdedor diante da expansão das cidades e áreas
metropolitanas, sem capacidade de absorver essas estruturas e os resíduos gerados
por elas (PILOTTO, 1997; COPQUE et al, 2009, apud BAILON; CALDAS, 2013).
O ambiente construído nasceu a partir da interação do homem com o ambiente
natural, pela necessidade de proteção em relação às adversidades climáticas. Com a
urbanização o desenvolvimento humano não priorizou a qualidade natural dos
habitats, mas a busca de artifícios que projetam o bem-estar pessoal. Essa procura
desenfreada por "progresso", associada ao aumento da densidade populacional,
contribui a cada dia para que a vida se torne menos natural nas grandes cidades, onde
os fatores determinantes da manutenção da salubridade ambiental, muitas vezes, não
são considerados (SANCHOTENE, 1985; PILOTTO, 1997; MINAKI e AMORIM, 2007;
ZAMBRANO, 2008, apud BAILON; CALDAS, 2013).
22 ESPAÇO GEOGRÁFICO
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Fonte: brasilescola.uol.com.br
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podemos entender que a paisagem é o espaço apreendido pelos nossos sentidos
(visão, olfato, tato, audição e paladar), relata PENA, 2020
Além da paisagem, outro conceito que também é relevante para a
compreensão do espaço é o de território. Esse, por sua vez, também possui várias
definições, sendo a mais empregada aquela que se refere às relações de poder.
Assim, o território é visto, grosso modo, como uma porção do espaço delimitada pela
propriedade ou pelo exercício de um determinado poder ou soberania. A exemplo do
território do Brasil, do qual o Estado brasileiro é soberano, ou o território dos
traficantes, em que cada área é considerada o domínio de um determinado indivíduo.
Para BRANCO, 2020, a noção de espaço geográfico é mais ampla que a de
paisagem. Ao pensarmos no espaço geográfico estamos pensando nos elementos e
aspectos que existem nas paisagens, mas também nas diversas ações que as
pessoas realizam nas paisagens. Essas ações correspondem aos variados tipos de
atividades humanas: trabalho, estudo, lazer. Envolvem, portanto, relações
econômicas, sociais e políticas. Trata-se de algo bastante dinâmico.
Fonte: anitadimarco.com
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Os elementos naturais numa paisagem são, por exemplo: as árvores (e outros
tipos de plantas que não foram cultivadas pelas pessoas), os rios, o solo, os morros,
o mar. Há paisagens nas quais existem muitos elementos naturais, como as que
podemos observar em florestas (a Amazônica, por exemplo, que vem sofrendo com o
desmatamento acelerado nos últimos anos), conforme BRANCO, 2020.
Já os elementos da paisagem que foram construídos pelos seres humanos,
pelas mulheres e homens, são chamados de humanizados, culturais ou mesmo
artificiais. São as casas, os edifícios, as ruas, os viadutos, as plantações (cultivos), as
pastagens formadas pelas pessoas. Esses elementos são um resultado da ação
humana, do trabalho de mulheres e homens, argumenta BRANCO, 2020.
De acordo com BRANCO, 2020, nas paisagens também existem outros aspectos
percebidos pelos nossos sentidos: os sons, os cheiros, os movimentos - a circulação
de pessoas e de veículos.
24 PAISAGEM HUMANIZADA
Fonte: paisagens.home
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modificadas também: quando casas ou prédios são derrubados, e outros são
construídos; quando uma área de floresta é desmatada; quando ocorre uma colheita
numa área cultivada, por exemplo, com arroz; quando ruas, viadutos, pontes,
rodovias, são construídos, etc.
No mundo atual praticamente não existe paisagem natural; são muito restritas
as áreas onde existem apenas elementos naturais. Os oceanos, por exemplo, são
constantemente atravessados por navios de todo tipo, seus recursos são explorados
(inclusive de seu subsolo), em seus leitos há milhares de quilômetros de cabos
submarinos feitos de cobre ou fibra óptica, que possibilitam as comunicações entre
milhões de pessoas de diferentes continentes, diariamente. Em diversos trechos da
floresta Amazônica são desenvolvidas pesquisas, atividades de exploração, muitas
delas prejudiciais ao ambiente, relata BRANCO, 2020.
25 MODIFICAÇÕES E DESCOBERTAS
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Fonte: mundoeducacao.uol.com.br
26 PAISAGEM RURAL
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Fonte: olhares.com
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os lugares onde essa desenvolve-se. Portanto, cada lugar é um lugar, com sua
identidade e suas autonomias, econômica e cultural, relata PETRY, 2014.
Estudiosos, técnicos e cientistas precisam descobrir, junto com as populações,
o genius loci (o espírito do lugar) de cada localidade, de cada cidade e de cada bairro
para passar a considerar as possibilidades de identificação dos lugares como tarefa
de planejamento (Kolhsdorf, 1998, apud PETRY, 2014).
Mesmo porque, o desempenho topoceptivo ocorrerá de qualquer forma, mesmo
tendo sido desprezado por projetistas, gestores e executores, quando prefigurações
se transformarem em espaços construídos (Tuan, 1987, apud PETRY, 2014), ou seja,
a paisagem está sendo construída (ou reconstruída) por alguém, sempre,
independente da nossa vontade. Interessante é respeitar, da melhor forma possível,
as ideias de quem habita esses lugares.
Em relação à domesticação da terra, que foi a forma de colonizar os espaços
naturais, Dubos (1981, apud PETRY, 2014) ressalta a importância de a humanidade
dominar o ambiente natural e transformá-lo às suas necessidades de sobrevivência.
Isso torna-se claro, quando se analisa a sensação de segurança que um sítio rural
proporciona, com toda a comodidade possível, para turistas ocasionais, de fim de
semana, ou até para as pessoas que habitam os espaços rurais.
De acordo com PETRY, 2014, a mesma sensação não seria alcançada, se
fossem excursões para áreas de florestas virgens, com inúmeras surpresas e
dificuldades imprevisíveis.
Ainda segundo PETRY, 2014, essa alternativa de passeio ou de turismo seria
para os mais aventureiros, outro público, ainda em menor proporção, em um mercado
crescente de turismo em espaços rurais e naturais.
Hoje, foge-se da cidade em busca de lugares que investimos com “valor de
natureza” (Conan, 1994, apud PETRY, 2014).
Conforme Donadieu (1994, apud PETRY, 2014), o citadino busca amenidades
no meio rural: fontes de lazer, de prazer, de sensações inéditas ou aquelas oriundas
das qualidades da ambiência rural (ar puro, espaço de relaxamento e de distração) e
de natureza inesperada e pitoresca.
Os olhares dos habitantes rurais, dizem respeito a uma referência identitária,
de apego ao lugar e às lembranças familiares.
Ao trabalhar os temas ecoturismo e turismo rural Rodrigues (1998) cita
observações de Dewailly (1992, apud PETRY, 2014), visto que esse autor não
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reconhece as distinções entre os dois termos anteriores, mas usa como critério as
relações espaço-tempo de deslocamento e as áreas, objeto da prática do que chama
de lazer de natureza, que se superpõem em razão de circunstâncias locais,
reconhecendo:
• natureza de ruptura, longe do domicílio de origem, correspondendo a lugares
preservados e razoavelmente exóticos; (PETRY, 2014)
• natureza de proximidade, cujos deslocamentos acontecem durante fins de
semana ou de excursões de um dia, de qualidade banal;( PETRY, 2014)
• natureza de vizinhança, ainda mais próxima do domicílio, no meio imediato do
cotidiano banal, fazendo parte do quadro de vida habitual, como em jardins públicos,
espaços verdes urbanos – como determinados parques de práticas diárias de
caminhadas. (PETRY, 2014).
Essa tipologia, aplicada ao paisagismo e ao turismo, é muito interessante na
medida em que não está preocupada com a distinção clássica entre natural, rural,
urbano, cujas características mesclam-se facilmente em certos espaços,
principalmente periurbanos, finaliza PETRY, 2014.
Fonte: patrimoniovaledoribeira.org
52
O conceito de Paisagem Cultural surge no contexto nacional e estrangeiro para
responder à crescente complexidade da sociedade contemporânea e a velocidade
cada vez maior dos processos sociais e econômicos, e sua influência na
descaracterização dos territórios (ALMEIDA, 2007, apud COSTA; GASTAL, 2010).
Conforme estudos de COSTA; GASTAL, 2010, desde o século XVIII, o conceito
de patrimônio cultural e os instrumentos necessários à sua preservação evoluem em
abrangência qualitativa e quantitativa, permitindo gradativamente em maior grau e
diversificação, a preservação de cidades, conjuntos arquitetônicos, edifícios, obras de
arte e de usos e costumes de natureza artística, lúdica ou utilitária, apesar dos
processos de degradação ambiental e urbana correntes na atualidade.
De acordo com COSTA; GASTAL, 2010, a adoção e transformação do conceito
geográfico em uma classificação de bem patrimonial vem ao encontro da necessidade
um conjunto mais amplo e diversificado de instrumentos de preservação cultural e
ambiental, de planejamento urbano, assim como de uma nova postura quanto ao
comportamento de gestores e populações envolvidas na gestão e manutenção da
qualidade do território.
A consideração da Paisagem Cultural como bem patrimonial, apesar de sua
tradição nas discussões geográficas e de outras áreas científicas, começa a tomar
forma a partir da Convenção do Patrimônio Mundial da UNESCO, em 1972, com a
criação da Lista do Patrimônio Mundial, relata COSTA; GASTAL, 2010.
Nesta lista, os bens inicialmente poderiam ser inventariados e classificados de
duas maneiras, a partir do valor atribuído a eles: como patrimônio natural e patrimônio
cultural, evidenciando o antagonismo entre as categorias, numa concepção que
refletia a preocupação bipartida com o patrimônio mundial, oriunda de dois
movimentos separados, num lado a preservação de sítios culturais e no outro a
conservação da natureza (RIBEIRO, 2007, apud COSTA; GASTAL, 2010).
Posteriormente, surge a classificação de bem misto, criada para abarcar
aqueles bens que tinham sua inscrição justificada tanto por critérios naturais quanto
culturais, mas sem que a relação ou integração entre eles fosse objeto de análise ou
valoração, de acordo com COSTA; GASTAL, 2010.
Como caracteriza COSTA; GASTAL, 2010, o desenvolvimento da consciência
ambientalista, o crescente movimento de preocupação com o meio ambiente e com o
desenvolvimento sustentável, acabou por provocar uma valorização em âmbito
internacional da relação harmoniosa entre homem e meio ambiente. Influenciada por
53
este contexto, em 1992, a Convenção do Patrimônio Mundial passa a ser o primeiro
instrumento legal a reconhecer e proteger paisagens culturais, ao consagrar-lhe como
um bem patrimonial independente, como uma categoria dentre as demais
classificadas como Patrimônio Cultural Mundial, passível de inscrição na Lista do
Patrimônio Mundial.
Fonte: portal.iphan.gov.br
54
b) Paisagem evoluída organicamente: tal categoria resulta de um imperativo
inicial social, econômico, administrativo e/ou religioso, e que desenvolveu sua forma
atual por meio da associação com e em relação ao ambiente natural. Tais paisagens
refletem seu processo de evolução em suas características e componentes espaciais.
(COSTA; GASTAL, 2010)
Segundo COSTA; GASTAL, 2010, a paisagem evoluída organicamente se
subdivide ainda em outras duas tipologias: Paisagem Relíquia ou Fóssil: aquela cujo
processo de construção teve fim em algum tempo passado, mas cujos aspectos ainda
são visíveis como vestígios materiais; e Paisagem Contínua: representativa da
paisagem que detêm um ativo papel na sociedade contemporânea, profundamente
associada com formas de vida tradicionais, e na qual processos evolutivos ainda estão
em progressão, ao mesmo tempo em que exibe significativa evidência material de sua
evolução através do tempo. São exemplos da Paisagem Organicamente Evoluída os
terraços de arroz da Cordilheira Filipinas ou a Paisagem Cultural de Hallstatt-
Danchstein Salzkamergut na Áustria.
c) Paisagem cultural associativa: refere-se a paisagens que têm seu valor dado
em função das associações que são feitas acerca delas, mesmo que não haja
manifestações materiais da intervenção humana. (COSTA; GASTAL, 2010)
Sua inclusão justifica-se pelas associações religiosas, artísticas ou culturais
com o elemento natural, sem a evidência material da cultura, que pode ser
insignificante ou ausente, conclui COSTA; GASTAL, 2010.
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28 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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2019.
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RESENDE, Otávia Melina de. Arborização Urbana. [S. l.], p. 1-28, 1 jan. 2011.
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MACEDO, Silvio Soares. Jardins brasileiros – Origens e relevância. [S. l.], p. 1-
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BAILON, Caroline Ferreira; CALDAS, Maria Auxiliadora Rocha Ferreira. Áreas verdes
em ambientes industriais: Paisagismo eco-ergonômico aliado ao conforto
humano, [S. l.], p. 1-12, 22 jun. 2013.
PENA, Rodolfo F. Alves. "O que é espaço geográfico?"; Brasil Escola. Disponível
em: https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/geografia/o-que-e-espaco-geografico.htm.
Acesso em 15 de junho de 2020.
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29 BIBLIOGRAFIA
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