1) O livro de Paulo Ramos analisa os principais elementos constitutivos das histórias em quadrinhos de forma linguístico-textual, incluindo gêneros, representação da fala e pensamento, oralidade, onomatopeia, cor, cena narrativa, personagens, espaço e tempo.
2) Ramos destaca que os quadrinhos são uma linguagem autônoma com seus próprios recursos para construir narrativas, não dependendo da literatura, apesar de diálogo com ela.
3) O livro fornece conceitos úteis para
1) O livro de Paulo Ramos analisa os principais elementos constitutivos das histórias em quadrinhos de forma linguístico-textual, incluindo gêneros, representação da fala e pensamento, oralidade, onomatopeia, cor, cena narrativa, personagens, espaço e tempo.
2) Ramos destaca que os quadrinhos são uma linguagem autônoma com seus próprios recursos para construir narrativas, não dependendo da literatura, apesar de diálogo com ela.
3) O livro fornece conceitos úteis para
1) O livro de Paulo Ramos analisa os principais elementos constitutivos das histórias em quadrinhos de forma linguístico-textual, incluindo gêneros, representação da fala e pensamento, oralidade, onomatopeia, cor, cena narrativa, personagens, espaço e tempo.
2) Ramos destaca que os quadrinhos são uma linguagem autônoma com seus próprios recursos para construir narrativas, não dependendo da literatura, apesar de diálogo com ela.
3) O livro fornece conceitos úteis para
1) O livro de Paulo Ramos analisa os principais elementos constitutivos das histórias em quadrinhos de forma linguístico-textual, incluindo gêneros, representação da fala e pensamento, oralidade, onomatopeia, cor, cena narrativa, personagens, espaço e tempo.
2) Ramos destaca que os quadrinhos são uma linguagem autônoma com seus próprios recursos para construir narrativas, não dependendo da literatura, apesar de diálogo com ela.
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Resenha: A Leitura dos Quadrinhos - Paulo Ramos
Ana Paula Silva - Turma 3000
Referência: RAMOS, Paulo. A Leitura dos Quadrinhos. 2°ed. São Paulo: Contexto, 2012.
Paulo Ramos é professor do Departamento de Letras da Universidade Federal de São
Paulo (unifesp) e possui formação nas áreas de Filologia e Língua Portuguesa (USP-2007), Linguística (UNICAMP-2009), Comunicação (USP-2012), Jornalismo (Universidade Metodista de São Paulo-1995) e Letras (PUC - 2003). Além de “A Leitura dos Quadrinhos”, também é autor de "Tiras no Ensino" (Parábola Editorial, 2017), "Faces do Humor - Uma Aproximação entre Piadas e Tiras" (Zarabatana Books, 2011), "Quadrinhos na Educação - Da Rejeição à Prática" (Contexto, 2009), "Quadrinhos e Literatura: Diálogos Possíveis" (Criativo, 2014), dentre outros livros sobre os quadrinhos. Em seu livro “A Leitura dos Quadrinhos”, Paulo Ramos busca trazer para o leitor uma abordagem teórica que auxilia não só na compreensão dos quadrinhos para o público em geral, mas também incrementa a formação profissional docente. Para isso, o autor traz uma abordagem linguístico-textual das histórias em quadrinhos, explicitando os principais elementos constitutivos desse hipergênero. Assim, o livro se divide em apresentação, introdução e uma sequência de 7 capítulos intitulados: Os gêneros das histórias em quadrinhos; A representação da fala e do pensamento; A oralidade nos quadrinhos; O papel da onomatopeia e da cor; A cena narrativa; Os personagens e a ação da narrativa; O espaço e o tempo nos quadrinhos. No primeiro capítulo, Ramos destaca que os quadrinhos não são uma forma de literatura ou dependentes dela, mas sim que são uma linguagem autônoma que apesar de dialogar com a literatura, uma vez que são narrativas, têm os seus próprios recursos e estratégias para construir as histórias e aquilo que se coloca como ponto de contato com os elementos literários como, por exemplo, a linguagem verbal, é ressignificado pelas histórias em quadrinhos. Ademais, o autor destaca que os quadrinhos são um hipergênero que agrupa vários gêneros que compartilham características e recursos, mas que tem especificidades e particularidades. Em seguida, conceitua-se a charge, o cartum e a tira de forma a diferenciá- los: a charge é conceituada como um texto humorístico que traz uma crítica social que dialoga com o momento de produção usando, para isso, figuras públicas ou estereótipos identificáveis; o cartum, por sua vez, busca refletir sobre a condição humana e temas universais e perenes, trazendo, portanto, personagens com funções reconhecíveis mesmo que não sejam fixas; já a tira pode ser dividida em tira cômica, tira seriada e tira cômica seriada. A primeira tem o seu humor construído a partir da quebra da expectativa no desfecho e pode ou não apresentar personagens fixas. A segunda é mais voltada para narrativas em partes sequenciais que se complementam, tal qual as telenovelas ou as séries de televisão. A última se coloca no entrelugar das duas anteriores, ou seja, apresenta um desfecho cômico e inesperado, ao mesmo tempo em que é produzido sequencialmente. Por fim, Ramos reforça a necessidade de novos estudos na área, uma vez que ele considera que diversos tipos de história em quadrinhos não ainda não foram profundamente abordados. No segundo capítulo, o autor esclarece sobre a forma como a fala e o pensamento são abordados na construção dos quadrinhos, bem como a sua função de acordo com os seguintes estudiosos: Eisner (1989). Acevedo (1990), Cagnin (1975), Vergueiro (2006), Fresnault- Deruelle (1972), Eguti (2001) e Eco (1993). Após trazer essas definições sobre os balões, ele esclarece acerca das diferentes formas de aparecimento: balão-fala, balão-pensamento, balão- cochicho, balão-berro, balão-trêmulo, balão de linhas quebradas, balão-vibrado, balão-glacial, balão uníssono, balão-zero ou ausência de balão, balões-intercalados, balão-mudo, balões- duplos, balão-sonho, balões-especiais e balão de apêndice cortado. Apesar de explanar sobre os tipos de balão acima, Ramos ressalta que existem outras formas de balão e que tendem a seguir aumentando com a chegada de recursos tecnológicos e outros meios de criação. Além disso, explicita-se sobre as diferentes formas de apêndice, a ausência dele e os diferentes sentidos que isso vai produzir na história. Para finalizar, traz-se uma breve discussão sobre as vozes existentes na legenda e a constatação de que os diferentes tipos de narrador têm acesso a ela, e não apenas o narrador onisciente. Na terceira parte, tem-se um destaque para a presença da oralidade nas histórias em quadrinhos e como os tipos de letra utilizados podem auxiliar a traduzir a expressividade característica da fala. Além da letra, os quadrinhos também contam com outras estratégias para representar a oralidade como, por exemplo, os balões que funcionam como os turnos conversacionais que podem apresentar, em determinados momentos, assaltos de turno e marcadores conversacionais. Na quarta parte enfatiza-se dois elementos composicionais dos quadrinhos: a onomatopeia e a cor. Em se tratando da construção da representação dos sons, entende-se que além do aspecto sonoro, é necessário o aspecto visual, dessa forma, as onomatopéias são utilizadas para traduzir os ruídos para ass histórias em quadrinhos. Enfatiza-se também que esse recurso não se coloca como representação exata, mas sim como uma forma de transposição. Soma-se a isso, o aspecto variável das onomatopéias, ou seja, cada língua tem suas próprias formas de representação desses ruídos, acarretando em diferentes onomatopéias. Já quando se fala da cor, ela tem diversas funções como, por exemplo, auxiliar na constituição da indicação de movimento ou mesmo caracterizar uma determinada personagem, lhe dando destaque na história, construindo, por vezes, sentidos para a progressão narrativa. Para concluir, Ramos aponta que a cor ainda é pouco estudada dentro do universo dos quadrinhos, apesar de ser uma estratégia cara para o hipergênero. No quinto capítulo, ressalta-se a cena narrativa e tem-se a definição de vinheta, a menor unidade narrativa dentro de uma história em quadrinhos, que pode, em alguns casos, ter quadrinho como sinônimo. Observa-se que nem sempre as vinhetas vão seguir o padrão mais tradicional e que, na verdade, podem variar de acordo com as intenções do autor e com os sentidos que ele deseja trazer para o leitor. Ademais, Ramos explana sobre o contorno das vinhetas que levam diferentes nomenclaturas de acordo com o autor que se estuda: Acevedo (1990) e Vergueiro (1985;2006) vão se referir a ele como linha demarcatória, Santos (2002) designa como requadro, Eisner (1989) utiliza contorno do quadrinho e Franco (2004) denomina como moldura do quadrinho. Apesar das diferentes nomenclaturas, na prática podem ser utilizados como sinônimos uma vez que suas funções podem ser divididas, de maneira geral, em duas partes: demarcar a área narrativa da vinheta e delimitar o tempo- espaço em que se passa aquela vinheta. Dessa forma, o contorno estará intrinsecamente conectado ao tempo-espaço constitutivo da narrativa, auxiliando na sequência e encadeamento da história. No sexto capítulo, o autor destaca dois elementos fundamentais para os quadrinhos: a ação narrativa e os personagens, que ajudam a conduzi-la. Para que isso seja, de fato, representativo, alguns recursos são utilizados na composição das personagens, a exemplo da expressividade do rosto e do corpo, que ajudam a compor o estado emocional para o leitor. Ainda se tratando da linguagem corporal como construção de sentido, vê-se que ela também pode ser uma forma de representação de movimento, mesmo que os quadrinhos sejam estáticos. Outras formas de representação do movimento nos quadrinhos são as linhas ou figuras cinéticas, que buscam retratar as trajetórias dos objetos e figuras. Apesar de, a princípio, serem conceitos distintos, Ramos os entende como sinônimos, visto que desempenham a mesma função. Além do semblante e linguagem corporal das figuras, têm-se também os sinais gráficos e as metáforas visuais que vão integrar, complementar e esclarecer diversos sentidos ao longo da história. Tais sinais podem ser notas musicais para representar um assobio ou o canto de um passarinho, corações para trazer a ideia de paixão ou amor, entre outros. Para finalizar o capítulo, explicita-se os diferentes estilos de desenho que são: realista, estilizado ou caricato. O autor vai decidir o estilo de desenho de acordo com o estilo da história, objetivos que têm ao produzi-la e público alvo que deseja alcançar. Ressalta-se que essa escolha traz uma série de informações sobre a história e dá pistas de como ela vai ser construída, por exemplo, quadrinhos que optam por desenhos caricatos geralmente seguem para uma via mais humorística, já histórias de aventura ou de ficção tendem a optar pela via realista. O que Ramos ressalta é que esses rótulos e, por vezes, estereótipos, são utilizados para a identificação do leitor, facilitando a sua compreensão da narrativa e dos sentidos buscados na produção da história. No último capítulo, aborda-se sobre o espaço-tempo nas histórias em quadrinhos. Retoma-se, brevemente, o que havia sido esclarecido nos capítulos anteriores acerca da relação da vinheta e do tempo e acrescenta-se outros elementos de percepção de passagem de tempo: os balões, a posição e a representação das personagens. O espaço-tempo dentro das histórias em quadrinhos não tem sempre o mesmo intervalo, ou seja, pode ser encurtado ou prolongado a partir da disposição, tamanho e quantidade das vinhetas. Ramos traz seis formas de aparecimento do tempo nos quadrinhos propostos por Cagnin (1975) que são: sequência de antes e depois; época histórica; astronômico; meteorológico; tempo da narração e tempo de leitura. Em se tratando do espaço, assim como o tempo, ele pode ser retratado de diversas formas que têm distintas funções e constroem diferentes sentidos, sendo elas: plano geral ou panorâmico; plano total ou de conjunto; plano americano; plano médio ou aproximado; primeiro plano; plano de detalhe e plano em perspectiva. Ressalta-se que cada um desses planos pode ser visto por diferentes ângulos: de visão médio, de visão superior ou de visão inferior, cada um deles apresentando características particulares que podem ser utilizadas para condução dos sentidos da narrativa. Por fim, ele faz uma breve discussão sobre o histo e a elipse presentes nos quadrinhos, uma vez que o intervalo entre as vinhetas precisa ser completado pelo leitor, ou seja, existem inferências que devem ser feitas para que a narrativa seja entendida. Por vezes, alguns recursos são suprimidos por serem facilmente inferidos pelo leitor, como um determinado objeto ou mesmo todo o espaço. Ao longo do livro, Ramos particulariza e analisa diferentes formas e recursos de construção dos quadrinhos, classificando os gêneros dessa linguagem. A abordagem escolhida auxilia no entendimento dos conceitos trazidos e o conteúdo escolhido se coloca como uma possibilidade de multiplicar as perspectivas pedagógicas que podem ser trabalhadas com os discentes, conduzindo-os para um lugar de real compreensão, produção e crítica dessa linguagem. Ademais, é uma introdução que discute os elementos principais, mas que traz uma base teórica densa que pode ser utilizada para a pesquisa e aprofundamento, tanto do docente como mesmo de demais sujeitos interessados em entender melhor sobre as histórias em quadrinhos. Portanto, esta obra é de grande contribuição para a formação, principalmente de docentes, por proporcionar uma ampliação do que se comumente entende por quadrinhos e das suas características.