Números (Moody)

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NMEROS

Introduo Esboo Captulo 1 Captulo 2 Captulo 3 Captulo 4 Captulo 5 Captulo 6 Captulo 7 Captulo 8 Captulo 9

Captulo 10 Captulo 11 Captulo 12 Captulo 13 Captulo 14 Captulo 15 Captulo 16 Captulo 17 Captulo 18

Captulo 19 Captulo 20 Captulo 21 Captulo 22 Captulo 23 Captulo 24 Captulo 25 Captulo 26 Captulo 27

Captulo 28 Captulo 29 Captulo 30 Captulo 31 Captulo 32 Captulo 33 Captulo 34 Captulo 35 Captulo 36

INTRODUO Ttulo e Campo de Ao. Entre os ttulos antigos dados a este livro inclui-se o que se usa nas Bblias hebraicas atuais, bemidbar, que significa "no deserto". Foi extrado de uma palavra destacada na primeira linha, e bastante descritivo do contedo total. O ttulo em portugus tem sua origem na Verso Septuaginta (LXX), de onde atravs da Vulgata, obtivemos o nosso ttulo Nmeros. S alguns poucos captulos (1-4; 26) se relacionam com nmeros (recenseamento), enquanto o todo do livro trata das leis, regulamentos e experincias de Israel no deserto. No devemos, contudo, diminuir o significado dos dois recenseamentos, um feito no Sinai em preparao para o deserto, e o outro feito perto do Jordo, quase quarenta anos depois, em preparao para a entrada na terra prometida. Poderia-se dizer que estes dois recenseamentos dividem o livro em suas duas partes lgicas. Assim, os captulos 1-21 comeam com o recenseamento e cobrem os anos passados no deserto, enquanto os captulos 26-36 comeam com o recenseamento da nova gerao e falam dos meses antes da entrada em Cana. A histria de Balao, que separa

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 2 os dois grupos de captulos, forma um ponto alto literrio, sobre o qual comentaremos mais tarde. Nmeros no deve ser estudado independentemente de xodo, Levtico e Deuteronmio. Por exemplo, xodo 19:1 fala da chegada de Israel no deserto de Sinai no terceiro ms depois que os hebreus deixaram a terra do Egito. Do terceiro ao dcimo segundo ms eles receberam o Declogo, instrues para a construo do Tabernculo, e orientao quanto aos muitos detalhes do sistema sacrificial apresentado em Levtico. Em Nmeros, o povo de Israel aprende como funciona um acampamento. Organiza-se sua economia civil, religiosa e militar, antecipando sua viagem, cultos e conquistas corpo nao. Leis e instrues suplementares quanto aos muitos detalhes legais e cerimoniais de xodo e Levtico esto disseminados atravs de todo o livro. A data mais precoce apresentada em Nmeros encontra-se em 9:1, onde somos informados de que no primeiro ms do segundo ano, o povo recebeu regulamentos quanto guarda da primeira Pscoa comemorativa. Nmeros 1:1, 2 fala-nos que Israel, quando se encontrava no Sinai, fez um recenseamento no segundo ano, e recebeu instrues adicionais, principalmente cerimoniais (captulos 5-10), partindo de Sinai no vigsimo dia do segundo ms, comeando o segundo ano depois do xodo (10:11). Nmeros, ento, apresenta a histria dos movimentos de Israel desde os ltimos dezenove dias no Sinai (1:1; 10:11) at que o povo chegou aos Campos de Moabe, a leste do Jordo, no quadragsimo ano (Nm. 22:1; 26:3; 33:50). A seqncia dos acontecimentos no livro de Nmeros segue assim: Do Sinai, Israel viajou para o norte at o Deserto de Par. Ali os espies que trouxeram o "mau relatrio" instigaram uma rebelio, e o povo por isso recusou-se a entrar na terra. Por causa de tola presuno sofreram derrota pelas mos dos pagos, e foram levados de volta a peregrinar no deserto mais trinta e oito anos. No final deste perodo, viajaram at as plancies de Moabe, a leste do Jordo, venceram e ocuparam toda a Transjordnia que fica ao norte do rio Amom. Ali caram em pecado

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 3 com as mulheres moabitas e midianitas e adoraram seus deuses. Israel, em sua nova gerao, foi novamente contada, e sob as ordens de Deus destruiu os midianitas que tanto mal lhe fizera. Gade e Rben e a meia tribo de Manasss receberam a posse das terras ao leste do Jordo, e Moiss designou Josu como seu sucessor. Dos captulos 20 at o captulo 36, o livro trata de acontecimentos do quadragsimo ano (36:13). Por causa de suas muitas leis e regulamentos esta parte tem muito em comum com o livro de Deuteronmio. Data e Autoria. G.B. Gray apresenta a opinio de um grupo de crticos quando diz, referindo-se a Nmeros: "Muito do que aqui se relacionou com o tempo de Moiss pode ser provado anti-histrico . . . " (ICC, pg. xiii). Ele admite, contudo, que alguns assuntos apresentados "no so incompatveis com quaisquer fatos e condies histricas conhecidas". Tentando estabelecer a responsabilidade do Livro de Nmeros sem admitir sua autoria mosaica, muitos mestres tm proposto que se compe de diversos documentos. A maior parte desses livros os mestres designam pelo ttulo de Documentos "P" (P de Priestly Sacerdotais), os quais declaram terem sido escritos no antes do que o sexto ou quinto sculo A.C., principalmente por sacerdotes do perodo ps-exlico. Aceitam que parte de Nmeros deve-se a "J" e "E", dois documentos no mais antigos que do nono ou oitavo sculos A.C. Mesmo estes documentos mais antigos, dizem eles, esto to distantes de Moiss, e suas tradies so to confusas que pouco nos falam sobre o perodo mosaico. Tal ponto de vista deixa-nos com um livro escrito durante um perodo de tempo que cobre meio milnio ou mais, compilado por muitos e diferentes autores, editores e redatores. Nmeros, dizem tais crticos, "peca por falta de unidade de expresso religiosa", e "impossvel resumir as idias fundamentais, ou destacar o valor religioso do livro, pois estas so diferentes e esparsas" (ibid., pg. xlvii). Os argumentos bsicos apresentados por Gray e outros sustentando esta hiptese documentaria sobre a origem do Pentateuco, j no se considera

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 4 mais vlida pelos melhores mestres. E.E. Flack, em Interpretation (1959, XIII. pg. 6) diz, "A tendncia no pensamento atual reconhecer o material precoce do Pentateuco buscando uma soluo mais satisfatria ao problema da estrutura literria do que a teoria documentada fornece". (Veja tambm B.D. Eerdmans, Oudtestamentische Studien, Deel VI, 1949). C.H. Gordon em seu "Homer and the Bible" (Hebrew Union College Annual, Vol. XXVI, 1955) observa que "textos recentemente descobertos provam que grande parte do material atribudo a 'P' muito precoce, pr-mosaico at ". Gordon aqui acusa os advogados do ponto de vista documentrio de apresentarem datas hipotticas ao estrato (documentos) hipottico para cham-lo de crtica "histrica". Contudo, tendncias recentes entre os mestres no resultaram de alguma aceitao generalizada das reivindicaes apresentadas no livro (oitenta ou mais vezes) de que "o Senhor falou a Moiss" ou de que "Moiss escreveu as suas sadas .. . " (33:2). Pode-se perguntar se fraudes sagradas no inseriram as palavras, "O Senhor falou a Moiss", para conceder sua obra literria uma nota de autoridade. W.F. Albrightt, o clebre arquelogo, destacou que a fraude sagrada e a pseudoepigrafia no eram comuns no Oriente pr-helnico. Realmente, os descobrimentos da arqueologia moderna foraram alguns mestres a mudarem de atitude quanto origem de grande parte do material de Nmeros. Muitos arquelogos modernos competentes chegam a depender de referncias geogrficas do Pentateuco para orient-los em seu trabalho. H pouco tempo, em 1959, Nelson Glueck, aps muitos anos de frutferos descobrimentos nas terras bblicas, falando da espantosa memria histrica" da Bblia, disse, "pode-se declarar categoricamente que nenhuma descoberta arqueolgica jamais entrou em controvrsia com uma referncia bblica" (Rivers in the Desert, pg. 31). O Livro de Nmeros, ao lado de outros livros do Pentateuco, h muito tem apresentado difceis problemas para os mestres. Mas muitos dos problemas foram resolvidos luz de recentes descobertas de dados

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 5 adicionais. Como bom exemplo veja os comentrios feitos a Nmeros 34:15. Os crticos se achegam s Escrituras de maneira negativa e destrutiva muitas vezes, pois comeam a excluir o sobrenatural. Devemos nos aproximar do texto de Nmeros com uma atitude positiva e com f na validade do sobrenatural. Podemos criticar o texto e estarmos alertas s dificuldades que h nele, sem fecharmos nossas mentes ao seu verdadeiro significado. Em assuntos que envolvem o sobrenatural, devemos procurar o significado mais claro, que seja consistente com um mtodo histrico-gramtico de interpretao. Quando a Bblia proclama que houve interveno sobrenatural, devemos aceitar a declarao dentro de suas prprias razes. Onde a Bblia no o declara, no devemos procurar nada sobrenatural no texto; pois interposio do sobrenatural costuma ser a exceo e no a regra. Da, o que algum pensa sobre a origem de Nmeros depende de que pressuposio filosfica ele aceita. Se a sua filosofia bsica naturalista, concluir que esse livro sobrenaturalista fraudulento e fantasista. Mas se algum cr que o Ser Supremo pode intervir no curso dos acontecimentos humanos, no achar difcil encarar o livramento de Israel no Egito como sobrenatural. Temos de reconhecer, contudo, que havia uma economia do sobrenatural. Moiss no vivia fazendo milagres, nem Deus ditou cada palavra do texto inspirado. O profeta sem dvida fez uso de numerosos escribas (cons. Nm. 11:16, 25) o que explica o uso da terceira pessoa) Deus revelara diretamente a Moiss algumas partes do livro, incluindo as provises para o estabelecimento na terra e os detalhes do procedimento cerimonial. Mas por outro lado, Moiss e seus escribas provavelmente tinham acesso a documentos e conheciam muitas tradies orais. O Esprito de Deus guardava-os dos erros de fato, doutrina ou julgamento. A narrativa de Balao e Balaque (Nm. 22-24) a nica passagem no livro que no se atribui expressamente a Moiss e na qual Moiss no mencionado.

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) ESBOO

Primeira Parte: Israel no Deserto. 1:1 21:35. I. Primeiro recenseamento no Deserto do Sinai. 1:1 - 4:49. A. Recenseamento dos soldados de Israel. 1:1-54. B. Disposio do acampamento. 2:1-34. C. Funo sacerdotal dos filhos de Aro. 3:1-4. D. Obrigaes e recenseamento dos levitas. 3:5-39. E. Recenseamento dos primognitos do sexo masculino. 3:40-51. F. Recenseamento da fora do trabalho levita e suas obrigaes. 4: 1-49. II. Primeira lista sacerdotal. 5:1 10:10. A. Separao dos imundos. 5:1-4. B. Compensao por ofensas e honorrios sacerdotais. 5:5-10. C. Julgamento por cimes. 5:11-31. D. Lei do nazireado. 6:1-21. E. A bno dos sacerdotes. 6:22-27. F. Ofertas dos prncipes tribais. 7:1-89. G. O candelabro de ouro. 8:1-4. H. Consagrao dos levitas e sua aposentadoria. 8:5-26. I. Primeira Pscoa comemorativa e a primeira Pscoa suplementar. 9: 1-14. J. A nuvem sobre o Tabernculo. 9:15-23. K. As duas trombetas de prata. 10:1-10. III. Do Deserto do Sinai ao Deserto de Par. 10:11 14:45 (cons. 10:12; 13:26). A. Partida do Sinai. 10:11-36. 1. Ordem de marcha. 10:11-28. 2. Hobabe convidado para servir de guia. 10:29-32. 3. A arca da aliana. 10:33-36. B. Taber e Quibrote-Hataav. 11:1-35. 1. Taber. 11:1-3.

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 7 2. O man fornecido. 11:4 -9. 3. Os setenta ancios de Moiss na funo de oficiais. 11:10-30. 4. Castigo por meio de codornizes em Quibrote-Hataav. 11:31-35. C. Rebelio de Miri e Aro. 12:1-16. D. A histria dos espias. 13:1 14:45. 1. Os espias, sua misso e seu relatrio. 13:1-33. 2. O povo fica desanimado e rebela-se. 14:1-10. 3. A intercesso de Moiss. 14: 11-39. 4. Ftil tentativa de invaso em Horm. 14: 40-45. IV. Segunda lista sacerdotal. 15:1 19:22. A. Detalhes cerimoniais. 15:1-41. 1. Quantidade de ofertas de manjares e libaes. 15 -16. 2. Ofertas de bolo das primcias. 15:17-21. 3. Ofertas pelos pecados de ignorncia. 15:22-31 . 4. Castigo da violao do sbado. 15:32-36. 5. Borlas. 15:37-41. B. A rebelio de Cor, Dat e Abiro. 16:1-35. C. Incidentes da vingana do sacerdcio aranico. 16:36 17:13. D. Deveres e rendimentos dos sacerdotes e levitas. 18:1-32. E. A gua da purificao para aqueles que estavam contaminados pelos mortos. 19: 1-22. V. Do Deserto de Zim s estepes de Moabe. 20:1 22:1. A. O Deserto de Zim. 20:1-21. 1. O pecado de Moiss (perto de Cades). 20:1-13. 2. Pedido para atravessar Edom. 20:14-21. B. A regio do Monte Hor. 20:22 - 21:3. 1. Morte de Aro. 20:22-29. 2. Arade, o cananeu, derrotado em Horm. 21:1-3. C. A viagem s estepes de Moabe. 21:4 - 22:1. 1. Rebelio na viagem volta de Edom. 21:4 -9. 2. Lugares atravessados na marcha partindo de Arab. 21:10-20. 3. Derrota dos amorreus. 21:21-32.

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 4. Derrota de Ogue, rei de Bas. 21:33-35. 5. Chegada s plancies de Moabe. 22: 1. Segunda Parte: Intriga estrangeira contra Israel. 22:2 25:18. I. Fracasso de Balaque de afastar o Senhor de Israel. 22:2 24:25. A. Balao convocado por Balaque. 22:2-40. B. Os orculos de Balao. 22:41 24:25. II. O sucesso de Balaque de afastar Israel do Senhor. 25:1-18. A. O pecado de Baal-Peor. 25:1-5. B. O zelo de Finias. 25:6-18. Terceira Parte: Preparativos para a entrada na terra. 26:1 36:13. I. Segundo recenseamento, nas Plancies de Moabe. 26:1-65. II. A lei da herana. 27:1-11. III. Indicao do sucessor de Moiss. 27:12-23. lV. Terceira lista sacerdotal. 28:1 - 29:40. A. Introduo. 28:1, 2. B. Ofertas dirias. 28:3-8. C. Ofertas sabticas. 28:9, 10. D. Ofertas mensais. 28:11-15. E. Ofertas anuais. 28:16 - 29:40. 1. Festa dos Pes Asmos. 28:16-25. 2. Festa das Semanas. 28:26-31. 3. Festa das Trombetas. 29:1-6. 4. Dia da Expiao. 29:7-11. 5. Festa dos Tabernculos. 29:12-40. V. A validade dos votos das mulheres. 30:1-16. VI. Guerra com Midi. 31:1-54. A. Destruio de Midi. 31:1-18. B. Purificao dos guerreiros. 31:19-24. C. Diviso dos despojos de guerra. 31:25-54. VII. Estabelecimento de duas tribos e meia na Transjordnia. 32:1-42.

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) A. A resposta de Moiss ao pedido de Gade e Rben. 32:1-33. B. Cidades reconstrudas por Rben e Gade. 32:34-38. C. Gileade tomada pelos manassitas. 32:39-42. VIII. A rota do Egito ao Jordo. 33:1-49. IX. Orientao para o estabelecimento em Cana. 33:50 - 35:34. A. Expulso dos habitantes, estabelecimento das fronteiras, diviso da terra. 33:50 - 34:29. B. Cidades dos levitas e cidades de refgio. 35:1-34. X. Casamento de herdeiras. 36:1-13. COMENTRIO Primeira Parte. Israel no Deserto. 1:1 22:1.

I. Primeiro Recenseamento, no Deserto de Sinai. 1:1 - 4:49. O cenrio o Sinai, uns dez meses depois que Israel chegou ali (x. 19:1). Faltavam apenas dezenove dias para a nuvem se levantar de sobre o Tabernculo e Israel comear a viagem para a Terra Prometida (Nm. 10:11). Considerando que o povo teria de enfrentar um deserto estril e resistncia inimiga rija, havia necessidade de um acampamento bem organizado.

Nmeros 1
A. Recenseamento dos Soldados de Israel. 1:1-54. 1. Falou o Senhor a Moiss. Esta frmula foi usada mais de. oitenta vezes no Livro de Nmeros. Se esta obra no fosse de Moiss, seria necessrio aceitar que o escritor destas palavras foi um impostor. No segundo ano . . . segundo ms. Exatamente um ms depois que o Tabernculo foi levantado (x. 40:1,17). Nmeros 7:1 e 9:1, 15 referemse ao primeiro dia do primeiro ms, antedatando este versculo inicial de um ms. Os sacerdotes e o Tabernculo foram consagrados nesse ms

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 10 (x. 40; Lv. 8); os prncipes trouxeram suas ofertas nesse ms (Nm. 7); e comemorou-se ento a primeira Pscoa. (9: 1-14). 2. Levantai o censo de toda a congregao. O Tabernculo, recm-terminado, tomou-se o centro do acampamento. O exrcito tinha de ser organizado e todo o acampamento arrumado e disposto como uma organizao religioso-civil e militar; por isso a necessidade bsica de um recenseamento. A palavra ro'sh, censo, comumente significando "cabea", foi traduzida para nmero em I Cr. 12:23. Do mesmo modo cabea refere-se contagem propriamente dita dos indivduos ou cabeas (gulgelot, "crnio"). 3. Da idade de vinte anos para cima, todos os capazes de sair guerra. Esta terminologia, usada quatro vezes atravs de todo o captulo, torna claro que o recenseamento tinha propsito militar. Os levitas no militares tiveram um recenseamento separado (1:47-49; 3:14-51). 5. Estes . . . so os nomes dos homens. Tentativas de provar que a lista (vs. 5-15) "no histrica" no tm o apoio dos dados concretos. O uso abundante do nome divino El (Eliabe, Pagiel, etc. ) no indica de modo nenhum uma autoria posterior (ICC, Numbers, pgs. 6, 7), pois o nome livremente usado em nomes pessoais nos textos ugarticos de cerca de 1400 A.C. Tambm o composto Shaddeiy (como em Zurisadai, v. 6) aparece em um nome pessoal de uma estatueta dos fins do sculo quatorze (Wm. F. Albright, The Biblical Period, pg. 7). 18. Declararam a descendncia deles. Para a mente semtica, conhecer a genealogia de algum mais importante do que saber a data do seu nascimento ou sua idade. Por isso temos as longas genealogias da Bblia, que foram usadas, finalmente, para traar a descendncia do Messias atravs de Abrao, Jud e Davi, de acordo com as promessas de Deus. 19 Assim os contou. Este verbo peiqad tem um amplo significado. Aqui significa "passar em revista", ou "fazer a chamada" e, neste sentido, "numerar". As muito repetidas frases, as suas geraes, pelas suas

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 11 famlias, segundo a casa de seus ps (v. 20) indicam o que ns queremos dizer quando falamos em "famlias" "afs" e "tribos". 46. Seiscentos e trs mil quinhentos, e cinqenta. Este nmero se refere apenas ao exrcito, pois eram duas as condies governando a numerao os homens includos deviam ter acima de vinte anos e deviam estar aptos para a guerra. Calculou-se que de dois a trs milhes de pessoas incluindo os levitas, pessoas idosas, crianas e mulheres compunham o acampamento. Mestres incapazes de aceitarem o elemento sobrenatural na operao de Deus com o Seu antigo povo declaram que cinco mil soldados seria um nmero mais razovel de se esperar, e explicam este nmero como um recenseamento posterior colocado em lugar errado. H quem diga que foi o recenseamento de Davi em II Sm. 24. Mas l o nmero dos soldados s de Jud de 500.000 (lI Sm. 24:9), enquanto aqui Jud tinha s 74.000. Em II Sm. 24 o termo para soldado 'ish hayl, "homem de pujana"; em Nmeros kol yose' seibei', "todo aquele que sai com o exrcito". George E. Mendenhall, em um estudo desafiador (JBL, Maro, 1958), considera o registro do recenseamento em Nmeros como listas autnticas, mal-interpretadas pelas geraes subseqentes. Ele destaca que essas listas aparecem geralmente nas mais antigas civilizaes. No mundo semtico, foram descobertas listas de recenseamento de Mari, Ugarit e Alalaque, variando em datas desde o Perodo Patriarcal at pouco tempo antes de Moiss. A palavra 'elep, geralmente significando mil, considerada por Mendenhall como unidade tribal, provavelmente no militar e incluindo bem menos de mi homens. Por exemplo, quando o hebraico declara 46.500 homens para Rben, poderia significar quarenta e seis unidades tribais, mas apenas quinhentos soldados. Assim, seriam 558 unidades tribais e 5.550 soldados. A dificuldade neste ponto de vista que Nm. 2:32 d um total que d a entender que 'elep significa "um mil". Mas Mendenhall cr que os sacerdotes ps-exlicos que organizaram o livro de Nmeros foraram o significado da palavra para "mil", no conhecendo o seu significado

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 12 anterior. Mendenhall comenta corretamente, em conexo com Jz. 6:15, que Gideo considerava seus mil ('elep) como fracos (isto , no uma fora completa), uma caracterstica de muitas unidades militares. Mas, ento ele se v forado a considerar x. 18:25 como versculo esprio, porque diz: "Escolheu Moiss homens capazes . . . e os constituiu . .. chefes de mil ('alapim), chefes de cem, chefes de cinqenta, e chefes de dez". O autor cr que as provas indicam que o termo 'elep designava uma unidade militar (Nm. 1:16; 31:5, 14), mas finalmente passou tambm a significar uma unidade tribal de nmero indeterminado (1 Sm. 23:23; Mq. 5:2). Para que dois a trs milhes de pessoas fossem sustentadas no deserto seria imprescindvel que houvesse interveno sobrenatural. O propsito do Livro de Nmeros contar-nos que isto foi o que aconteceu.

Nmeros 2
B. Disposio do Acampamento. 2:1-34. A ordem da marcha e a disposio do acampamento volta do Tabernculo foram especificadas neste captulo. 2. Os filhos de Israel se acamparo, junto ao seu estandarte ("bandeira"). Eram quatro essas bandeiras, indicando os quatro acampamentos volta do Tabernculo (vs. 3, 10, 18, 25). Havia tambm outras bandeiras indicando famlias, chamadas aqui de insgnias da casa de seus pais. Ao redor . . . se acamparo. S os levitas e os sacerdotes se acampavam ao lado do Tabernculo. "O estranho que se aproximar morrer" (3: 10, 38). O Tabernculo tinha de ser mantido puro de contaminaes cerimoniais associadas com o viver quotidiano do povo. 17. Ento partir a tenda da congregao. Metade das tribos marchavam diante dela e metade atrs; e quando acampavam, o Tabernculo, com seus sacerdotes e levitas, ficava no meio. Quando os sacerdotes e os levitas avanavam, todos seguiam o exemplo e esperavase que estivessem cada um no seu lugar, literalmente, a postos, segundo sua bandeira.

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 13 34. Assim fizeram os filhos de Israel; conforme a tudo o que o Senhor ordenara. O povo obedeceu a tudo o que Deus ordenou, um contraste marcante com a freqente desobedincia registrada neste livro.

Nmeros 3
C. A Funo Sacerdotal dos Filhos de Aro. 3:1-4. 1. So estas, pois, as geraes. Esta expresso idiomtica hebraica foi usada em Gn. 2:4 para introduzir a narrativa da criao. Este um versculo de transio e pode ser traduzido: "E esta a histria de Moiss e Aro quando Deus falou a Moiss no Monte Sinai". 3. Consagrados. A figura de linguagem hebraica traduzida literalmente para "encher a mo de algum", usa-se para expressar consagrao em um ofcio sagrado. A idia bsica no chamada para o ofcio mas a inaugurao ou realizao do oficio por algum que foi consagrado. 4. Oficiaram . . . diante de Aro. Exercendo suas obrigaes sacerdotais antes que seu pai lhes ensinasse como agradar a Deus na mirade de detalhes cerimoniais que exigiam tempo e prtica cuidadosa. D. Obrigaes e Recenseamento dos Levitas. 3:5-39. Considerando que todos os primognitos de Israel foram salvos do anjo da morte no Egito, Deus os declarou consagrados para o servio do Tabernculo. Subseqentemente, contudo, Ele providenciou que os levitas servissem em Seu lugar. Os ramos levticos de Gerson, Coate e Merari, com obrigaes especficas no Tabernculo, acampavam junto aos seus trs lados. Moiss, Aro e os filhos de Aro acampavam no lado oriental do Tabernculo, na frente do santurio. Quando se descobriu que havia 273 primognitos do sexo masculino excedendo os levitas que deviam tomar seus lugares, os excedentes foram resgatados do servio com o pagamento de cinco siclos de prata por indivduo como resgate.

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 14 9. Dars .. . so dados. O termo netunim, "dados" foi repetido a bem da nfase; por isso a traduo daro . . . so dados. A mesma raiz foi usada mais tarde para descrever os escravos estrangeiros dados aos levitas, que executariam as obrigaes mais desprezveis do templo (servos do templo, I Cr. 9:2). 12. Eis que tenho eu tomado os levitas do mo dos filhos de Israel. Um grupo separado, dedicado para servir a Deus atravs das ocupaes no santo Tabernculo, do qual outros estavam proibidos de se aproximarem, sob pena de morte (1:53; 2:2; 3:10). Em lugar de todo primognito (cons. v. 41). A preposio tahat, em lugar de, tem sido usada muitas vezes no V.T, para expressar "substituio" (Gn. 22:13). A idia de "expiao substitutiva" era uma verdade h muito conhecida dos israelitas e Deus a usou para prepar-los e a outros para o grande Primognito entre muitos irmos, o Senhor Jesus Cristo (Mc. 10:45). 13. meu. O destaque aqui a posse dos primognitos pelo Senhor que os redimiu. Ele se repete mais duas vezes, no versculo 41 e no versculo 45. O Senhor diria, "Eles me pertencem". 25. Os filhos de Grson tero a seu cargo na tenda da congregao o Tabernculo. O Tabernculo de um determinado tempo e lugar ('ohel mo'ed) foi reservado como designao para todo o complexo onde s Deus habitava e se encontrava com o Seu povo. Os filhos de Grson estavam encarregados do 'ohel, a tenda, que eram as cortinas propriamente ditas que formavam o cercado. 28. Oito mil e seiscentos. Quando somamos os totais das trs famlias dos levitas surge uma discrepncia. Temos aqui trezentos mais do que os 22.000 dados no versculo 39. Provavelmente algum escriba, por engano, omitiu uma letra em lugar de escrever trs (sh-1-sh) centos, escreveu seis (sh-sh) centos. 38. Tendo a seu cargo os ritos do santurio, para cumprirem seus deveres prescritos, em prol dos filhos de Israel. Antes, cuidando do funcionamento (mishmeret) do santurio para salvaguardar (mishmeret; I Sm. 22:23) os filhos de Israel.

Nmeros (Comentrio Bblico Moody)


E. Recenseamento dos Primognitos do Sexo Masculino. 3:40-51.

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41. E os animais dos levitas, em lugar de todo primognito entre os animais dos filhos de Israel. Os primognitos dentre o gado de Israel foram salvos durante a Pscoa no Egito (x. 12:19, 32); por isso, agora os primognitos dentre o gado foram dedicados ao Senhor. O resgate do gado (x. 34; 20) e a atribuio da responsabilidade moral ao gado (x. 21:28, 29) no coisa desconhecida na Bblia. Em Jonas 3:7, 8; 4:11, registrou-se que Deus poupou o gado junto com os habitantes de Nnive que se arrependeram (cons. Os. 5:6). Entre alguns povos semitas da antiguidade (Ugarit), os animais domsticos eram includos no recenseamento como membros da comunidade. Embora os hebreus partilhassem dessa peculiaridade cultural, sua lei se opunha fortemente conduta mpia que resultava dessa familiaridade entre os animais e os pagos (Lv. 15:23, 24). No Cdigo Legal dos heteus a bestialidade era permitida com certos animais. 47. O siclo do santurio. O siclo no era uma moeda mas uma medida de peso. A necessidade de padres ou medidas oficiais de peso reflete-se aqui. Tais pesos padres traziam uma inscrio oficial. Em uma sociedade teocrtica o santurio fornecia o padro (cf. Gn. 23:16). 49. O dinheiro do resgate. Aqui e no versculo 48, dinheiro traduzindo kesep, "prata", no uma traduo clara. Uma vez que a cunhagem de moeda s se inventou no sexto sculo A.C., a prata constitua uma antiga medida de valor; por isso foi usada para expressar o ensinamento do Velho Testamento sobre a expiao. Havia a prata da expiao (kesep hakkippurim), como em x. 30:16, e prata de resgate (kesep happidyom), como neste versculo. A maior das medidas de valor a prpria vida; por isso a oferta do sangue, no da prata, foi a lio mais marcante da dvida espiritual do homem para com Deus (Lv. 17:11).

Nmeros (Comentrio Bblico Moody)

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Nmeros 4
F. Recenseamento da Fora do Trabalho dos Levitas e Suas obrigaes. 4:1-49. Sob pena de morte, ningum a no ser Aro e seus filhos tinham permisso de ver ou tocar os utenslios sagrados dentro do santurio (vs. 15, 19, 20). Instrues para o devido manejo dessas coisas santssimas e para sua cobertura (v. 4) so explicadas aqui. A famlia de Moiss e Aro (26:58, 59), os coatitas, estava encarregada do seu transporte, sob a direo de Eleazar, filho de Aro (v.16). As demais famlias levticas receberam o trabalho menos honroso de carregar as cortinas (gersonitas) e os varais e colunas (meraritas). Este trabalho estava sob a superviso sacerdotal de Itamar, outro filho de Aro. Os levitas de trinta a cinqenta anos de idade, que constituam a fora do trabalho (v.3), foram contados e achou-se um total de 8.580. 4. As coisas santssimas (qodesh haqqeideishim). A frase foi usada para descrever o Santssimo Lugar (x. 26:34) por trs do "vu da separao" (peiroket hammeiseik), mas tambm tem sido usado com referncia s coisas de todo o santurio. 5. Aro e seus filhos . . . tiraro o vu de cobrir. Este o "vu da separao" entre as duas partes do Tabernculo o Santo Lugar e o Lugar Santssimo, onde se mantinha a arca da aliana (x. 26: 31, 34). 6. E, por cima, lhe poro uma cobertura de peles de animais marinhos. A ASV usa peles de focas, seguindo a raiz rabe semelhante ao hebraico tahash. Uma raiz egpcia cognata d a idia de que isto se refere a um processo de curtimento e no a peles de determinados animais. Para proteo das intempries, essas cobertas costumavam ser usadas sobre todas as coisas. Contudo, deve-se notar que a arca tinha de ser coberta com um pano todo azul ("violeta") por cima das peles, e no sob como no caso das outras coisas sagradas (vs. 7-10). Desse modo a arca se destacava no meio do desfile (cons. 10:33). E lhe metero os

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 17 varais. Lateralmente, seus seguradores (baddeiyw). Ficaria melhor, "colocaro suas alas", ou "varais". 7. A mesa da proposio. A mesa da Presena, isto , a presena do Senhor. E as galhetas. Estas qesot hanneisek eram recipientes usados no sacrifcio, dos quais se entornava o lquido das libaes. O po contnuo. Tambm chamado de o po da Presena ("po da proposio"; x. 25:30), uma vez que ficava continuamente exposto diante do Senhor sobre a mesa. 8. Um pano de carmesim. O termo tola 'at sheini indica o inseto ou gorgulho do qual essa tintura era extrada. Outra tintura, como no pano azul (tekelet, "violeta"; v. 9) era extrada de uma espcie de molusco que era encontrado nas praias ao redor da pennsula do Sinai. A tinturaria era prtica conhecida dos cananeus no sculo dezesseis A.C. (W.F. Albright, Archaeology of Palestine, pg. 96). 20. No entraro . . . para ver . . . para que no morram. No versculo 15 os carregadores levitas foram advertidos a no tocarem em coisa alguma sagrada sob pena de morte. Nos versculos 17-20 o Senhor torna a advertir que os coatitas seriam eliminados "do meio dos levitas" se fossem descuidados no manejo das coisas santssimas. Caso se atrevessem a olhar por um momento que fosse (kebala' o tempo que se leva para engolir), morreriam. 23. Para algum encargo. A raiz hebraica seihei' geralmente se reserva para uso militar, como em 1:3, 30. Deus geralmente chamado de Senhor de Sabaoth ("exrcitos"). Este exrcito religioso (veja tambm 1:3 ) faz-nos relembrar o trabalho espiritual da Igreja Militante. 37, 45, 49. Segundo o mandado do Senhor por Moiss. A palavra mandado literalmente boca (peh). Este e o uso da palavra mo (yad) ajudam-nos a penetrar no esprito da lio. A boca revela a sede da autoridade e a mo o meio de se exercer a autoridade. Portanto, as leis foram dados de acordo com a boca de Deus e a mo de Moiss. Com autoridade delegada (v. 27) Itamar recebeu a responsabilidade de administrar (sob a sua mo, vs. 28, 33) o servio dos filhos de Grson e

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 18 Merari. Novamente nos lembramos de que a expresso idiomtica hebraica para "consagrar" encher a mo de algum (3:3). II. Primeira Lista Sacerdotal. 5:1 10:10. Leis sobre a guarda da Pscoa foram datadas de um ms antes de Nm. 1 (veja 9:1). Isto se entende quando percebemos que embora fosse observada uma ordem cronolgica global, o material foi arrumado e reunido por todos. Racionalmente podemos supor que a obra original estava contida em rolos de pergaminho ou papiro. Tivemos um rolo com o recenseamento e agora nos voltamos para um rolo no qual esto reunidos detalhes cerimoniais adicionais e outros detalhes hierticos.

Nmeros 5
A. Separao dos Imundos. 5:1-4. 2. Lancem para fora do arraial todo leproso, todo o que padece fluxo, e todo imundo por ter tocado em algum morto. De acordo com a orientao aqui apresentada, estes trs tipos de pessoas imundas deviam ser postas fora do acampamento. Mas nas trs passagens que tratam com mais detalhes das diversas profanaes (Lev. 13; 15; Nm. 19) s os leprosos tinham de ser expulsos do acampamento (Lev. 13:46). De acordo com Levtico 13, uma pessoa no era expulsa do acampamento at que se comprovasse que tinha um caso verdadeiro e permanente de lepra. Quanto ao "que padece de fluxo", Nm. 5:2 pode igualmente estar se referindo a um fluxo permanente e crnico, exigindo expulso do acampamento, enquanto Lv. 15 trata apenas de fluxo temporrio. A terceira expresso idiomtica refere-se a "algum que se tornou imundo por causa de uma pessoa" (nepesh), que geralmente a expresso para contaminao por causa de um defunto (Nm. 9:10; 19:11). Este tipo de imundcia no exigia normalmente expulso do acampamento. Mas, de acordo com 19:20, se o imundo deixasse de se purificar devidamente, devia ser desligado da congregao. Resumindo,

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 19 os trs tipos de imundcie aqui mencionados referem-se a casos extremos nos quais a expulso do acampamento era o nico caminho de se preservar a pureza cerimonial da congregao. B. Compensao por Ofensas e Honorrios Sacerdotais. 5:5-10. 7. Pela culpa, far plena restituio. O hebraico 'eisheim, aqui culpa, a palavra chave desta passagem. O termo a expresso de uma ofensa pela qual se podia fazer restituio. Estes pecados so contra homens, em contraste com pecados cometidos contra Deus somente, por isso a E.R.A. que diz pecados em que caem os homens (Nm. 5:6) deveria ser pecados contra o homem. Este pecado, como aquele examinado em Lv. 5:16, exigia restituio integral, mais um quinto do valor da coisa restituda. 8. Carneiro expiatrio. O meio pelo qual a culpa do homem era expiada ("purificada") e conseqentemente a ira de Deus contra o pecador aplacada ("tornada favorvel"). Em Lv. 5:16 este carneiro foi chamado de "o carneiro da oferta pela culpa", que destaca a ofensa cometida pelo homem ("culpa"); enquanto aqui em Nmeros "carneiro expiatrio" destaca a alheao divina. 10. Ser deste. Se a pessoa a ser compensada j tiver falecido e no tiver nenhum parente-remidor (go'el) para receber a sua recompensa, ento esta reverteria para o sacerdote. Os versculos 9 e 10 tornam claro que cada sacerdote era o nico possuidor do que recebesse deste modo (Lv. 10:12-15). C. Um Julgamento por Cime. 5:11-31. Quando o marido suspeitasse que sua mulher era infiel (no havendo testemunha) e ela sustentasse ser inocente, devia ser levada presena do sacerdote e colocada diante do Senhor, o nico que poderia determinar sua inocncia ou culpa. O sacerdote devia mandar que jurasse sua inocncia e submetendo-a a uma penosa experincia beber a gua amarga da maldio misturada com o p do cho do Tabernculo. Sua

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 20 culpa seria determinada por meio de certos efeitos que se manifestariam em seu corpo. Se no existissem efeitos indicadores, era inocente e podia retornar a seu mando e dar luz filhos. Um exemplo notvel de julgamento de uma esposa suspeita est registrado no Cdigo de Hamurabi (pars. 131, 132. ANET, pg. 171). No devemos imaginar, como certos mestres "liberais", que este costume entre os hebreus retrocede ao mais remoto perodo de sua histria (ICC, pg. 46) como se isto fosse um remanescente dos seus primrdios pagos. Nem precisamos ir ao outro extremo ignorando o fato que ao lado de algumas leis bblicas encontramos paralelos na jurisprudncia de certos povos semitas da antiguidade (ANET, pgs. 163-188). Tal como Deus escolheu a prtica da circunciso, j muito disseminada entre os povos pagos (cananeus e egpcios, por exemplo), como ordenana para o seu povo, assim o fato da Tor ser divinamente inspirada no precisa excluir o conhecimento que Moiss tinha dos seus tempos. Na realidade, at os julgamentos pagos deste tipo tinham a sua validade psicolgica, e o princpio neles latente ainda hoje usado na deteco moderna dos crimes (o detentor de mentiras, por exemplo). Enquanto os resultados do julgamento dos pagos s eram parcialmente vlidos, no poderia tcnica semelhante ser empregada com resultados perfeitamente vlidos sob a soberana providncia do Senhor? "Esta lei determinava no um julgamento cujos efeitos fossem incertos como os julgamentos de outras naes, mas um juzo divino, do qual a culpada no podia escapar, pois era apontada pelo Deus vivo" (KD, in loco). Deveria se acrescentar que nada havia de peculiar no p para produzir qualquer resultado. Interveno sobrenatural tinha de ocorrer em qualquer dos casos. 12. Se a mulher de algum se desviar e lhe for infiel. As leis bblicas expressam sria condenao para o adultrio, em contraste com a atitude frouxa dos vizinhos de Israel e suas prticas imorais (G.E. Wright, Biblical Archaeology, pgs. 111-119). Por estranha que esta lei

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 21 nos possa parecer, ajudava a criar um alto nvel de pureza conjugal em Israel (Lv. 20:10). 15. Efa de farinha de cevada. . . no deitar azeite, nem sobre ela por incenso. S aqui se ordena cevada para uma oferta de manjares. Geralmente exigia-se flor de farinha (solet) junto com azeite e incenso. O motivo da diferena parece ser que a costumeira oferta de manjares, ao contrrio desta, era uma oferta de alegria, geralmente das primcias. A nica outra oferta de farinha seca era a oferta pelo pecado do homem pobre (Lv. 5:11). Em ambos os casos a farinha de cevada seca fala de uma circunstncia de pecado e humilhao. Oferta memorativa, que traz a iniqidade memria. O termo memria (zikkeiron) explica o propsito de todo este procedimento fora do comum. No era para fazer Deus se lembrar (ICC, pg. 51), mas para revelar ("tornar conhecido") se havia ou no fundamento neste cime. 17. gua santa num vaso de barro. De barro para que pudesse ser quebrado depois da cerimnia (Lv. 6:28). gua da bacia era santa; mas uma vez que tudo no Tabernculo era santo, a gua impressionava muito mais pela adio do p sagrado. 18. Apresentar a mulher perante o Senhor. S o Senhor podia resolver este mistrio. Repetio do versculo 16 a bem da nfase. Soltar a cabeleira dela. A palavra peira' significa "desamarra o cabelo" e no descobrir a cabea. Como algum sob suspeita, ficava privada deste sinal de dignidade; seu cabelo era solto. 23. O sacerdote escrever estas condies num livro. Esta confirmao eventual do uso de pena ou pincel e tinta enquadra-se bem com um povo que viveu durante geraes no Egito, onde o pincel do escriba j estava em uso constante desde h muito tempo no terceiro milnio A.C. Apagar. Com referncia ao significado desse apagamento da maldio, veja o comentrio ao versculo 24. 24. E far que a mulher beba. Este versculo antecipa o momento em que a mulher deveria beber depois do sacerdote receber a oferta (v. 26), mas isto porque o ato de beber tinha de estar intimamente associado

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 22 com o importante detalhe do "apagamento", no versculo 23. Por meio desse ato as palavras da maldio eram simbolicamente transferidas para gua amarga. 27. O seu ventre se inchar, e a sua coxa descair. Ou, seu corpo inchar, e sua coxa se enfraquecer (ASV). Embora a traduo da ASV seja prefervel da E.R.A., permanece ainda a dvida quanto ao seu significado. bvio que o inchao do corpo pode se referir gravidez. O ICC sugere que a coxa enfraquecida significa parto prematuro (pg. 48). A mesma raiz nepel, "queda", traduz-se por nascimento prematuro em J 3:16; Sl. 58:8, 9; Ec. 6:3. Coxa ou quadril (yeirek) usa-se do mesmo modo como a sede do poder da procriao, em Gn. 46:26 (e em outras passagens). Aqueles que saram da sua coxa" (ou "quadris"). Por isso sua coxa descair poderia significar "ela dar luz". Que neipal "cair", pode significar nascer" est claro por causa do seu uso em Is. 26:18. Poderamos traduzir esta frase assim: "Seu corpo inchar e ela dar luz (ou ter um aborto) e esta mulher se tornar uma maldio no meio do seu povo". A mulher culpada, ento, no deveria morrer, o que seria injusto, uma vez que o homem culpado permanecia livre. Contudo, filhos ilegtimos no tinham permisso de se tornarem um peso para o acampamento por causa da interveno sobrenatural de Deus em exemplos como este (cons. Dt. 23:2). No h evidncias de que esta lei vigorasse em qualquer outra ocasio fora do perodo da liderana de Moiss.

Nmeros 6
D. A Lei do Nazireado. 6:1-21. Deus desejava que o Seu povo se tornasse um "reino de sacerdotes e uma nao santa" (x. 19:6). O nazireado era um passo que qualquer israelita, homem ou mulher, podia dar na consecuo deste ideal. Tal pessoa colocava-se na condio de uma vida consagrada a Deus e livre

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 23 de contaminao. O sumo sacerdote, claro, tambm era separado e purificado (Lv. 21:0, 12). Mas esta condio de vida baseava-se no seu oficio hereditrio. D voto do nazireado era tomado geralmente de livre e espontnea vontade. e s por um certo perodo de tempo. O termo neizir significa "separar", e neste contexto sempre significa separar para o Senhor. Aqui esto representadas duas fases distintas desta consagrao. A primeira foi introduzida em Nm. 6:3, onde o devoto instrudo a separar-se atravs de certa prtica de auto-renncia. A segunda fase, prescrita em 6:13-21, chamada apropriadamente de "a lei do nazireado". Esta fase, a ser realizada no final do perodo da separao, exigia uma elaborada srie de ofertas. Um nazireu devia se abster no s de bebidas intoxicantes, mas tambm de qualquer coisa que fosse produto da videira (v. 4). Osias 3:1 informa-nos que bolos de uvas-passa eram uma caracterstica de vida luxuosa. 1 Samuel 25:18, 36 fala da abundncia de passas na casa de Nabal, um homem fico e sensual. No esprito de auto-negao, a vida luxuosa devia ser desprezada por um nazireu. A consagrao de um nazireu, contudo, devia ser melhor simbolizada pelo uso do cabelo comprido (Nm. 6:5). O cabelo de Sanso era um smbolo de fora e virilidade dedicadas a Deus; mas quando o homem forte desprezou esta dedicao, perdeu o dom da graa. Embora tal fora no fosse garantida a todos os nazireus, de todos se exigia, como de Sanso, que tudo dedicassem ao Senhor. Isto se prova pela orientao dada aos nazireus para fazerem grandes ofertas (v. 21). Por causa do cabelo (nezer, "coroa") consagrado do nazireu que ele devia evitar a contaminao atravs dos mortos. Se ele se contaminasse, teria de rapar o cabelo contaminado e recomear o seu voto de novo (v. 12). Assim como o cordeiro ou cabrito da oferta tinha de ser puro, a "oferta do cabelo" tambm tinha de ser pura, pois o cabelo do nazireu era uma oferta queimada diante do Senhor. O cabelo representa a prpria vida, pois s um homem vivo produz cabelo. Ele o oferecia, portanto, em lugar do seu prprio corpo, como um sinal de que

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 24 ele mesmo era um "sacrifcio vivo, santo e agradvel a Deus". Entendese porque Paulo (Atos 18:18; 21:24) e Tiago, o ancio de Jerusalm (Eusbio, Ecclesiastical History ii. 23), fizeram voto de nazireado, vendo nele o profundo significado espiritual da antiga lei do nazireado. A segunda fase da lei do nazireado comeava no fim dos "dias do seu nazireado" (Nm. 6:13). Devia fazer uma oferta pelo pecado por causa de todos os seus pecados ignorados, depois uma oferta queimada e uma oferta pacifica simbolizando a submisso e a adorao. No auge destas cerimnias o devoto devia ter sua cabea rapada, e o cabelo consagrado era colocado sobre brasas em baixo da oferta pacifica (vs. 18-20). 2. Fizer voto especial, o voto de nazireu. O primeiro verbo aqui (peilei) significa "fazer uma coisa extraordinria ou maravilhosa" (cons. a mesma raiz em um dos eptetos do Messias em Is. 9:6). Aqui e em outras passagens (Lv. 22:21; 27:2; Nm. 15:3,8) foi usado para expressar a dificuldade de se fazer um voto solene. A traduo da E.R.A., voto especial, uma tentativa de mostrar esta diferena. Permitia-se tambm que o devoto fizesse uma oferta voluntria, alm deste mnimo exigido (v. 21) 7. O nazireado do seu Deus est sobre a sua cabea. Nezer indica no simples "consagrao" mas consagrao relacionada com a "cabea", quer fosse uma coroa consagrada (x. 29:6; Zc. 6:11) ou o cabelo ungido do sumo sacerdote (Lv. 21:12), ou, como aqui, o "cabelo consagrado" do nazireu (cons. Nm. 6:19, onde encontramos as palavras "a cabeleira de"). Em lugar de o nazireado do seu Deus, leia-se "o cabelo consagrado do (pertencente ao seu Deus (ainda) est sobre a sua cabea", 13. Ser trazido porta. No h motivo para um nazireu "ser trazido". A construo gramtica do hebraico aqui a costumeira; mas considerando que este verbo no tem forma reflexiva, a clusula poderia ser assim "ele mesmo se trar". 21. Afora o que as suas posses lhe permitirem; isto , as ofertas especiais que um nazireu devia ofertar em aditamento ao que estava

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 25 especificado nesta lei. Embora isto se refira ao que um homem poderia acrescentar sua oferta a mesma terminologia foi usada com referncia contribuio do homem pobre que no tinha posses para adquirir a oferta prescrita (Lv. 5:11). Segundo o voto que fizer, assim far. Isto , de acordo com o que ele prometeu, devia fazer. Algumas vezes outra pessoa pagava pelo voto de um nazireu, como parece ser o caso em Atos 21:24. E. A Bno Sacerdotal. 6:22,27. Esta uma bno linda, no excelente estilo potico semita e cheio de uma mensagem muito necessria queles que enfrentavam incertezas e as foras hostis co vida do deserto. Fala da bondade de Deus no cuidado e na proteo do Seu povo. Quando um indivduo ou uma nao se tornam o objeto do favor divino o infortnio, a fome, o perigo ou a espada s servem para provar o quanto o Senhor ama seus filhos e como capaz de libert-los. 23. Assim abenoareis os filhos de Israel: dir-lhes-eis. A gramtica desta sentena tem sido discutida. Contudo, o famoso gramtico, Gesenius, afirma que a forma em questo ocorre "especialmente em livros posteriores do Velho Testamento" (Lexicon, par. 113). Sabemos agora que textos ugarticos (c. 1400 A.C.) confirmam a construo como a expresso idiomtica antiga e freqente. 24. O Senhor te abenoe e te guarde. De um lado Deus providencia tudo o que bom para os seus escolhidos: por outro lado, Ele sustenta, guarda e protege do inimigo que poderia priv-los do bem. 25. Faa resplandecer o seu rosto. Uma expresso hebraica tpica. Quando a face de um homem resplandece (Pv. 16:15), est cheio de felicidade; mas quando o seu rosto est cheio de sombras, evidente que o mal e o desespero se apossaram de sua ajuda (Joel 2:6). 26. E te d a paz. Sheilom ("paz") uma palavra de largo alcance, incluindo conceitos de inteireza, segurana, sade, tranqilidade, satisfao, amizade e paz com Deus e os homens.

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Nmeros 7
F. Ofertas dos Prncipes Tribais. 7:1-89. Depois que todo o Tabernculo (ohel moed) foi levantado, ungido e santificado (veja x. 40:17), os prncipes (cons. Nm. 1:5-16) trouxeram as ofertas necessrias para o transporte do Tabernculo. Apresentaram seis carros e doze bois aos filhos de Grson (4:24-26) e Merari (4:31, 32). (Uma vez que os filhos de Coate estavam proibidos de carregar as coisas santssimas em carros, eles as levavam por meio de varais sobre os seus ombros.) Alm disso, em doze dias diferentes, os prncipes traziam, cada um no seu dia, provises de ofertas idnticas para a dedicao do altar (vs. 11, 88). O ltimo versculo deste captulo revela que Deus comunicou-se com Moiss por meio de uma voz que saa do propiciatrio, entre os querubins (cons. x. 25:22). 1. No dia em que Moiss acabou de levantar. No foi um dia especfico. O significado simplesmente que depois que Moiss terminou o levantamento e a uno, etc., os prncipes fizeram suas ofertas (veja v. 88). 3. Seis carros cobertos. A palavra hebraica rara usada aqui para carros cognata do subbu acadiano, significando "uma carreta ou liteira". A palavra por si mesma no especifica se os carros eram cobertos ou abertos. 10. Para a consagrao do altar. Crticos tm insistido em aplicar esta frase ao perodo dos Macabeus, durante o qual a Festa da Dedicao teve origem. Eles proclamam que hanukka ("dedicao") uma palavra posterior. Mas eles admitem (ICC, pg. 76) que a raiz desta palavra antiga, conforme se verifica do seu uso na palavra Enoque (hanok; Gn. 4:17; 25:4; 46:9) e na palavra usada em relao aos experimentados homens de Abrao (hanik; Gn. 14:14). Embora a palavra seja rara, a Bblia ilustra que era largamente usada. O Rei Davi organizou um hanukka para o seu palcio, de acordo com o ttulo do Salmo 30. Salomo, semelhantemente, dedicou o altar do Templo (II Cr. 7:9).

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 27 Neemias dedicou o muro de Jerusalm (Ne. 12:27). E Judas Macabeu rededicou o Templo depois de sua profanao (I Mc. 4:51). Em todos os casos foi usada a mesma palavra hebraica. provvel que Judas Macabeu conhecesse a antiga tradio do hanukka, pois a sua festa no foi um dia de inovao. 12. Naassom. . . pela tribo de Jud. A ordem na qual os prncipes vieram, diferente de Nmeros 1, foi de acordo com a linha de marcha (cap. 2). 14. Um recipiente de dez siclos de ouro. Um pires de ouro (no uma colher) cheio de incenso encaixa-se bem com a descrio do altar do incenso em x. 30:1-10 (cons. Ap. 8:3, 4). 88. Depois que foi ungido. Uma frase semelhante a esta em 7:10, 84 "no dia em que foi ungido" evidentemente no faz referncia a um dia particular (7:11, mas simplesmente uma clusula temporal. Este versculo (88) torna claro que a dedicao do altar aconteceu algum tempo depois da uno registrada em Lv. 8:11. 89. Ouvia a voz que lhe falava de cima do propiciatrio. Moiss recebeu revelao divina quando falava com Deus. Um emprego raro de uma raiz hebraica aqui, d ao verbo "falar" um significado correspondente de "conversar" (KB, pg. 200). O mesmo emprego foi feito para mostrar que Ezequiel estava conversando com Deus (Ez. 2:1; 43:6; cons. II Sm. 14:13). Em MI. 3:16 usou-se um verbo relacionado deste modo para dizer que "falavam um com o outro". Assim, quando Moiss entrou . . . para falar com (Deus), ento ouviu uma voz conversando com ele de cima do propiciatrio".

Nmeros 8
G. O Candelabro de Ouro. 8: 1-4. Os detalhes sobre o candelabro foram apresentados em outras passagens: em x. 25:31,40, onde foi planejado; em x. 37:17,24, onde foi feito; em x. 40:24, 25, quando foi ornado; e em Lv. 24: 2, onde se

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 28 fala do azeite caro que devia ser usado nele. Aqui em Nm. 8, vemo-lo em uso, derramando sua sagrada luz cerimonial diante do Senhor continuamente (cons. Jo. 8:12). 2. As lmpadas . . . as sete. Joseph P. Free, em suas escavaes em Dot, encontrou em uma camada primitiva um candeeiro de cermica com sete bicos, que tende a refutar a noo nutrida por alguns mestres de que tal candeeiro era desconhecido no tempo de Moiss. 3. Colocou as lmpadas para que alumiassem defronte do candelabro. No necessrio acrescentar as palavras "para que alumiassem" Traduza 8:2,3 assim: "Quando colocares as lmpadas defronte do candelabro, as sete lmpadas alumiaro . . . E Aro fez assim; colocou as lmpadas defronte do candelabro . . ". H. Consagrao dos Levitas e Sua Aposentadoria. 8:5-26. Os levitas deviam lavar suas vestes e barbear sua pele, serem aspergidos com gua santa, trazer ofertas apropriadas e reunir-se diante do Tabernculo, junto com toda a congregao. Nessa ocasio Aro oferecia os levitas como sacrifcios vivos (ofertas movidas) em lugar dos primognitos, os quais o Senhor, por ocasio da Pscoa no Egito, comprara para o seu servio. Por isso os levitas deviam ser "oferecidos", inteiramente dedicados ao servio do santurio. Sua posio especifica, na vizinhana imediata do Tabernculo e sua volta, servia para evitar a violao dos recintos sa, grados pelos israelitas seculares (v. 19). Aos cinqenta anos de idade os levitas se retiravam do servio manual, que era sua principal ocupao. Mas continuavam ministrando dentro de sua capacidade, talvez como instrutores dos jovens e em outras obrigaes menos cansativas 7. Esparge sobre eles a gua da expiao. Esta a chamada gua do pecado (me hattei't). A oferta pelo pecado era oferecida por causa do pecado; esta gua eia para a purificao do pecado. Talvez est gua possa ser identificada com a "gua da separao" que se fazia com as cinzas de uma novilha vermelha tambm chamada hattei't, "pelo pecado"

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 29 (Nm. 19). E sobre todo o seu corpo faro passar a navalha. Uma vez que a lngua hebraica tem uma outra palavra para "rapar completamente" (6:9, 18), alguns comentadores acham que isto significa apenas "aparar o cabelo" (KD, pg. 47). Mas ordem era: "Passar uma navalha por todo o corpo". Certamente isto significava que eles deviam remover todo o cabelo (cerimonialmente contaminado), tal como a lavagem das roupas removia a imundcia destas e o aspergir da "gua do pecado" servia para purificao dos seus corpos. Esta limpeza cerimonial no apenas era uma sombra da purificao espiritual da Igreja feita por Cristo (Ef. 5:25, 26), mas tambm envolvia o elemento essencial da obedincia Palavra de Deus, atravs da qual Cristo realizaria a purificao. 10. Os filhos de Israel poro as mos sobre eles. Isto era, sem dvida, feito de alguma maneira representativa, embora seja possvel que cada primognito realmente impusesse suas mos sobre um dos levitas. Por meio deste ato a verdade era representada objetivamente, quando estes levitas passavam a ser os substitutos dos primognitos no servio do santurio. A igreja primitiva continuou essa conhecida prtica da imposio de mos (Atos 6:6; I Tm. 4:14). 11. Aro apresentar os levitas como oferta movida. Como os milhares de levitas poderiam ser movidos como oferta movida, apenas percebemos no versculo 13. Este tecnicismo, entretanto, muito menos importante do que o significado da oferta. Alguns acham que a palavra pode ter perdido seu significado original, de modo que agora significava apenas oferecer (x. 35:22). Parece mais provvel que o termo tivesse uru significado especializado, fosse ou no fosse o processo da movimentao executado sempre. Era um "rito no qual originalmente o sacerdote levantava a sua parte da oferta e a movimentava, isto , levava at o altar e trazia de volta, como sinal de apresentao a Deus e o seu retorno da parte de Deus ao sacerdote (BDB, pg. 632). Assim a cerimnia demonstrava que os levitas pertenciam ao Senhor, mas eram devolvidos a Aro para servirem como sacrifcios vivos no Tabernculo.

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 30 12. Os levitas poro as mos sobre a cabea dos novilhos. Novamente o princpio da substituio a lio ensinada. Com a substituio de uma vtima inocente, fazia-se a expiao (reparao) pelos ("em favor dos") levitas. 14. E separars os levitas. . . os levitas sero meus. Deus exige separao do limpo e do imundo, do Seu povo e dos pagos com suas prticas. Aqui est uma verdade que se encontra na trama e na urdidura dos ensinamentos do Velho e do Novo Testamento, mas geralmente negligenciada pela igreja. Deus santo, e o Seu povo tem de ser santo, pois Lhe pertence: portanto Ele faz uma diviso entre Ele e os outros (Lv. 20:26). Assim Cristo veio para convocar os homens santidade, fazendo conseqentemente uma distino entre as pessoas, de modo que os inimigos de um homem podem ser aqueles que so de sua prpria casa (Mt. 10:34-46). 19. E os levitas . . . entreguei-os. Observe a seqncia. "Tomei os levitas" (v. 18); "Entreguei-os". A prpria seqncia cumpre o propsito do tenupa, "oferta movida". Deus tomou e devolveu a Aro aqueles sacrifcios vivos como "ofertas". A igreja igualmente fala daqueles a quem Deus "deu" a ela (cons. Ef. 4:11, 12), no como sacerdotes mas como seus ministros, porque deles a "obra de servir, na edificao do corpo de Custo". Para fazerem o servio dos filhos de Israel. . . para fazerem expiao . . . para que no haja praga. S havia um Servo por excelncia que "no veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos" (Mc. 10:45). Estes servos, como ele, eram substitutos, tomando o lugar dos filhos de Israel, fazendo expiao com o seu servio, providenciando o resgate que lhes trazia o livramento da ira de Deus. 21. Os levitas se purificaram. Como a "gua da expiao" (v. 7) e a oferta pelo pecado tinham a inteno de remover o pecado, este verbo da mesma raiz hatei' significa des-pecar algum, ou melhor, "fazer as coisas necessrias para a purificao cerimonial".

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 31 24. Da idade de vinte e cinco anos para cima. Isto no concorda com 4:35 (e outros versculos), onde a idade de trinta anos. Tal diferena bvia no parece ser um erro de texto. A obra exata desta "luta", na qual erros de mos destreinadas resultaram em morte (II Sm. 6:6,7), talvez exigisse um aprendizado de cinco anos.

Nmeros 9
I. Primeira Pscoa Comemorativa e Primeira Pscoa Suplementar. 9:1-14. A Pscoa original foi comemorada quando Israel saiu do Egito, no primeiro ms, no ms quando a cevada ('eibib) acabava de amadurecer. Agora o povo celebrava a primeira Pscoa (pesah) em comemorao a este acontecimento, comeando com o dcimo quarto dia do primeiro ms do segundo ano. O propsito desta seo no falar da Pscoa, mas falar de uma proviso feita por aqueles que no foram capazes de comemorar a Pscoa. Por isso esta seo foi inserida aqui, pois a guarda desta Pscoa suplementar comeou no dcimo quarto dia do segundo ms, um ms e meio depois da data inicial do livro. Israelitas fiis que tinha se isolado devido contaminao por causa de um morto ou que estivessem de viagem durante a comemorao regular da Pscoa, pediram a Moiss que tivessem permisso de fazer esta oferta ao Senhor. Moiss foi instrudo pelo Senhor a que desse essa permisso com a condio de que todos os que fossem comemorar a Pscoa com atraso de um ms, tivessem motivos legtimos. Deus ainda advertiu severamente que qualquer uru que negligenciasse a guarda da Pscoa no devido tempo seria eliminado do meio do povo. No segundo dia desta segunda Pscoa a nuvem comeou a levantar-se de cima do Tabernculo e o povo comeou a se preparar para a viagem (10:11). 1. No ms primeiro (x. 12:2; 13:4; Dt. 16:1). Este ms, o tempo em que a cevada ('eibib) acabava de amadurecer, era na primavera, tempo em que a Pscoa sempre foi comemorada. Depois do Exlio (587

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 32 A.C.) os israelitas gradualmente adotaram o calendrio da Babilnia e o tem usado desde ento Ro'sh Hasheina (o atual "Ano Novo" dos judeus) comemora-se no outono, segundo a contagem babilnica. Embora este fato histrico no seja conclusivo ajuda a refutar a teoria de que a maior parte do livro de Nmeros foi escrito por sacerdotes ps-exlicos. Os livros ps-exlicos da Bblia, tais como Esdras, Neemias e Ester, mostram conhecimento do calendrio babilnico. Antes desse perodo, os hebreus numeravam seus meses, e no lhes davam nomes, e tambm usavam termos relacionados com a agricultura como 'eibib, mas no terminologia cultual (cons. Gezer Calendar, BASOR 92; veja tambm comentrio sobre Nm. 32). 2. A seu tempo. Esta a mesma palavra que foi usada em relao ao Tabernculo quando foi chamada de "tenda da congregao", significando o lugar onde o povo se congregava segundo as instrues de Deus no devido tempo. Era volta desta lei ritual do Tabernculo que o povo de Israel vivia a sua vida religiosa. Quebrar estas leis dos tempos e lugares determinados era negar o Senhor e desacatar Sua mensagem revelada. 3. Ao crepsculo. Literalmente, entre as duas tardes. Assim como o termo "dual" da palavra "esplendor" (seihar) se refere ao ponto alto do sol que ns chamamos de meio-dia, o termo dual da palavra "tarde" ('ereb) se refere quela meia luz que chamamos de crepsculo. Provrbios 7:9 equipara este perodo com o crepsculo em contraste com o meio da noite. 6. O cadver de um homem. Uma interessantssima expresso hebraica, porque a palavra geralmente traduzida para "alma" pela E.R.A., tem desta vez o significado de "cadver". A palavra nepesh mais freqentemente usado em conjunto com as funes animais do corpo, as paixes e os apetites, mais do que em referncia existncia imaterial. Em Gnesis, os animais (2:19), tal como os homens (2:7), so chamados de nepesh haya, "criaturas viventes (seres, vidas)". E em Dt. 12:23, 24 nepesh o principio da vida que est no sangue (cons. tambm

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 33 Pv. 12:10, x. 21:23). A palavra geralmente representa o "ego" ou a "pessoa" e geralmente est associada com o corpo. Isto verdade quanto ao SI. 16:10, onde a ressurreio no a imortalidade espiritual o que est se considerando (cons. Atos 2: 27-31). luz disto no difcil compreender como nepesh 'eideim, "o ser humano", veio a significar "cadver". 12. No quebraro osso algum. Entre as leis da Pscoa inclui-se este detalhe mais ou menos pequeno, que tambm foi ordenado em x. 14:46. A insignificncia desta regra, que no est mencionada em nenhuma outra passagem do V.T., refora o seu cumprimento como prova de que o Cristo do Calvrio era verdadeiramente o Cordeiro Pascal de Deus, que tira o pecado do mundo (Jo. 19:36). 13. Tal homem levar sobre si o seu pecado. Se ele trouxesse a oferta ao Senhor, aquele cordeiro levaria o seu pecado; mas se ele negligenciasse esta oferta, ele mesmo levaria o seu pecado. O que se tem em vista aqui a expiao substitutiva, pois o substituto indicado por Deus devia levar o pecado do homem, se este homem quisesse permanecer como objeto do favor divino. 14. Se um estrangeiro . . . celebrar a pscoa. Sempre se faria proviso pelos convertidos (proslitos), mas todos eles tinham primeiro de se tornarem israelitas por meio da ordenana da circunciso (x. 12:48, 49). 1. A Nuvem sobre o Tabernculo. 9:15-23. A presena da nuvem no era experincia nova para os israelitas (x. 13:21, 22). Agora que o Tabernculo estava de p, a nuvem tomou sua posio em cima dele. Atravs dos movimentos da nuvem o povo se lembrava de que devia partir novamente (Nm. 10:11, 12). (Os tradutores da LXX tropearam aqui na redundncia e deixaram de fora algumas frases. O estilo repetitivo no mero maneirismo literrio, mas um meio de se enfatizar a importncia da orientao divina. Para os israelitas o movimento da nuvem era o mandamento do Senhor. Por ela deviam

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 34 viajar e por ela deviam acampar. Quer ela repousasse apenas uma noite, ou dois dias, um ms ou muito tempo, eles s deviam repousar ou caminhar com ela, em indiscutvel obedincia a Deus. Dentro de uru tempo muito curto, falharam nisso miseravelmente. 16. Assim era de continuo: a nuvem o cobria. Isto o comeo de uma narrativa de acontecimentos passados ou instruo (v. 17) sobre como os israelitas deviam agir no futuro? Considerando que em hebraico o tempo dos versos geralmente obscuro, basta dizer que os verbos nesta passagem descrevem uma situao contnua. 20. s vezes a nuvem ficava poucos dias sobre o tabernculo. Segundo a interpretao acima, podemos traduzir este versculo assim: "E s vezes a nuvem ficava apenas alguns dias sobre o Tabernculo; de acordo com a palavra do Senhor eles acampavam e ento de acordo com a palavra do Senhor eles viajavam".
22. Ou um ano. A E.R.C. geralmente traduz a palavra hebraica "dias" por "um ano". Gnesis 24:55 mostra que esta palavra significa um certo nmero de dias, possivelmente dez; mas geralmente significa mais de um ms.

Nmeros 10
K. As Duas Trombetas de Prata. 10:1-10. A Experincia anterior de Israel com trombetas est registrada em x. 19:16-20. Ali, palavras de origem cananita e fencia, ambas falam do som da trombeta feita de chifre de carneiro que acompanhava os terrveis troves e relmpagos sobre o Monte Sinai. Agora se trata de uma trombeta inteiramente diferente. Estes hasosrot eram clarins de prata, descritos em fontes extrabblicas como tubos longos e finos com abertura larga. Dessa ocasio em diante, os hebreus usaram este instrumento particular como "estatuto perptuo", apenas para propsitos sagrados (por exemplo, Nm. 31: 6; II Reis 12:13 ; Ed. 3:10). Deus tambm ordenou uma variedade de convocaes. Duas trombetas deviam tocar juntas para reunir todo o povo porta do

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 35 Tabernculo, e uma trombeta devia tocar s para os prncipes. As Escrituras fazem distino entre o simples toque de reunir para o povo e o toque de alarme como sinal para se levantar o acampamento. Os sacerdotes deviam ir frente de Israel nas batalhas tocando o alarme, para que o povo fosse lembrado diante do Senhor seu Deus. Deviam tambm, daquele dia em diante, toc-lo nas reunies festivas, nas luas novas, nas ofertas queimadas e nas ofertas pacficas. O apstolo Paulo sem dvida tinha em mente o uso desses instrumentos quando usou a metfora referindo-se trombeta em I Co. 14:8. 9. E perante o Senhor vosso Deus haver lembrana de vs. O Senhor precisa ser lembrado para salvar o Seu povo? A resposta Sim e No. Israel no O considerava uma divindade limitada, cujo interesse estivesse desviado para outras coisas, ou como um deus que fosse dormir e que tivesse de ser despertado com o toque das trombetas. Crticos que defendem este ponto de vista apelam para Sl. 44:22-24, e citam as palavras, "Desperta! Por que dormes, Senhor?" Mas um exame acurado deste Salmo mostra que uma queixa diante de Deus, o qual conhece os "segredos dos coraes" e que castiga Seu povo. Seu povo se encontra em dificuldades e parece que Ele nada faz; da o sentimento de depresso que se expressa em linguagem hiperblica. Uma narrativa relativa ao uso das trombetas em momentos de desespero, encontra-se em II Cr. 13:1215. Na batalha o povo "clamou ao Senhor e os sacerdotes fizeram soar as trombetas". Realmente, as trombetas como "estatuto perptuo" simbolizavam a dependncia de Deus. Do mesmo modo a orao, como expresso mais articulada de dependncia, lembra Deus de abenoar o Seu povo. III. Do Deserto do Sinai ao Deserto de Par. 10:11 14:45. Comeando pelo vigsimo dia do segundo ms do segundo ano, as tribos partiram do Sinai na ordem indicada nos captulos anteriores, e sob a orientao da nuvem seguiram para o Deserto de Par. O tempo que se passou no ficou declarado, mas sabemos que os acontecimentos

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 36 cobriram pelo menos alguns meses (quarenta dias para os espies e diversas semanas ou meses para os captulos 10-12). Sua rota os levou pelo caminho de Taber (11:3 ) e Quibrote-Ataav (11:35) at Cades (13:26). A. Partida do Sinai. 10:11-36. A ordem da marcha (vs. 11-28), um convite feito a Hobabe (vs. 2932) e a importncia da arca (vs. 33-36) constituem os diversos assuntos relacionados com a partida de Israel do Sinai. 12. Puseram-se em marcha. No hebraico seria levantaram acampamento segundo suas paradas (estgios). Seguiram o procedimento descrito no captulo 2. E a nuvem repousou no deserto de Par. O versculo uma declarao resumida antecipando a sua chegada em Par (cons. v. 33 - "a arca... ia adiante deles caminho de trs dias", etc.). 17. Os filhos de Grson e ... Merari partiram, levando o tabernculo. Uma pequena mudana de 2:17, onde se dizia que os levitas viajavam no meio da hoste, seguindo as tribos conduzidas por Rben. O versculo 21 esclarece este ponto informando-nos que os coatitas, levando as coisas santas, viajaram no seu lugar costumeiro; enquanto "os filhos" de Merari e Grson avanaram para armar o tabernculo, preparando-o para a chegada das coisas santas (10:21b). Devemos nos lembrar que havia mulheres, crianas e aqueles acima de cinqenta anos nos acampamentos dos levitas, alm daqueles que realmente levavam as cargas. Parece mais provvel que apenas os carregadores que so mencionados no verso 17. 21. Levando as coisas santas. Os coatitas no levavam o santurio mas as coisas santas usadas nele. O uso de miqdeish ("santurio") no imprprio, pois Nmeros 18:29b indica que a palavra pode significar uma parte sagrada alm de um lugar sagrado, embora este ltimo seja o significado costumeiro. At que estes chegassem. Veja comentrio do versculo 17.

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 37 25. A retaguarda de todos os arraiais. A retaguarda, ou recolhedor (mais achegado ao hebraico, meassep) uma palavra de significado meigo. Aplica-se a um homem que recolhe as ovelhas perdidas do seu vizinho e as leva para casa a fim de cuidar delas; do mesmo modo o Senhor nos recolhe quando a nessa me ou nosso pai nos abandona (SI. 27:10). Ou quando o mal oprime com o cativeiro, o Deus de Israel no vai apenas diante do Seu povo, mas tambm Se torna o "Recolhedor" dos que ficaram para trs (Is. 52:11). 29. Hobabe, filtro de Reuel, o midianita. Os parentes da esposa de Moiss so chamados de midianitas em x. 2:16; 3:1; 18:1, mas de queneus em Jz. 1:16; 4:11. Ambos so povos nmades que vivem interligados. O termo queneu se refere a ferreiros ambulantes, especialmente artfices do vale rico de cobre em Arab. Sua presena entre o povo de Israel encaixa-se bem na narrativa da feitura da serpente de bronze (Nm. 21:8, 9) e a obra executada no Tabernculo. Os casamentos e a antiga associao dessas duas tribos permite que Hobabe, o cunhado de Moiss, fosse chamado de midianita e tambm queneu. os prprios queneus que se tornaram parte de Israel continuaram sendo chamados de queneus e israelitas (I Cr. 2:55 ). Tambm possvel que o nome midianita se tomasse um termo genrico para os muitos bedunos com seus camelos ao leste de Arab. Os nomes ismaelita e midianita so usados alternadamente em Gn. 37:27, 28, 36. Tambm somos informados sobre os midianitas a camelo que lutaram contra Gideo e h uma associao do nome Midi com os edomitas (Gn. 25:4) e os moabitas (Gn. 36:35 ; Nm. 22:3, 7). Sogro de Moiss. Reuel, poderia ser o nome do av desta famlia, ou poderia ser um outro nome para Jetro (cons. x. 2:18; 3:11. O termo hoten, "sogro", significa qualquer parente do sexo masculino devido ao casamento, de modo que as palavras em Jz. 4: 11 poderiam ser traduzidas para "Hobabe, o cunhado". E te faremos bem; porque o Senhor prometeu boas coisas a Israel. Quando o Senhor fala, Sua palavra uma promessa.

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 38 30. No irei. Hobabe tomara a deciso de retornar sua terra natal; mas Jz. 1:16 informa que Moiss o persuadiu a ir, pois lemos ali que ele entrou em Cana com Israel. 31. Tu sabes que devemos acampar-nos ... e nos servirs de guia. O Targum judeu e a LXX, interpolando aqui, apresentam Moiss rogando a Hobabe que sirva de guia a Israel, quando Deus j lhes dera uru meio de orientao sobrenatural. Nada h de incongruente no pedido de Moiss, pois dependncia de Deus para orientao divina e at mesmo interveno sobrenatural no relega o uso do conhecimento humano quando ele existe. Hobabe conhecia bem o deserto e poderia ajudar na viagem e nos acampamentos, mostrando os segredos do deserto. 33. Monte do Senhor. No Monte Sinai Deus revelou-se como Justo Soberano, expressando as exigncias de Sua vontade divina, como tambm Sua ira contra todo pecado. Embora o Monte do Senhor estivesse agora por trs deles, sua mensagem (o testemunho) permanecia inscrito nas tbuas de pedra guardadas na arca. A arca da aliana do Senhor. A arca foi muitas vezes chamada de arca do testemunho; aqui ela a arca da aliana. Em x. 34:28 a aliana est identificada com os Dez Mandamentos. A arca era o lugar de habitao do Senhor e das tbuas da Lei. Como tal era um smbolo da pureza divina. Quando o sumo sacerdote se aproximava da arca uma vez por ano, simbolizava ento a aliana da misericrdia com uru povo corrompido, que por meio do sangue da expiao podia ser purificado e assim desfrutar dos benefcios do favor divino para com eles e seus filhos. 34. A nuvem do Senhor. Com a experincia do Monte do Senhor l atrs e a arca na frente procura de um lugar de pouso, os israelitas tambm tinham uma nuvem sagrada sobre eles como smbolo da presena divina. No s os orientava, mas tambm lhes assegurava conforto e lhes dava confiana, e possivelmente os protegia dos elementos, especialmente do sol ardente, espalhando-se sobre todo o acampamento, conforme sugerido em SI. 105:39 (KDD, pg. 62).

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 39 35. Partindo a arca, Moiss dizia. Moiss pronunciou esta orao na primeira etapa da viagem do Sinai. Tornou-se uma orao clssica usada, ao que parece, sempre que a arca partia (cons. Sl. 68:1; 132; 8; II Cr. 6: 41, 42). Moiss tambm orava quando descansavam (Nm. 10:36). A orao fala eloqentemente da eficiente operao do relacionamento entre Deus e a Igreja Militante. Ele vai diante dela, e as portas do inferno no podem prevalecer contra ela. Ele habita no meio dela e ela fortificada e se torna uma grande hoste.

Nmeros 11
B. Taber e Quibrote-Hataav. 11:1-35. Recusando-se a aprender a lio por meio de uru castigo em Taber, n povo de Israel permitiu que o populacho o matasse a desejar desesperadamente a carne e os suculentos frutos e vegetais do Egito. A ira do Senhor se acendeu contra eles novamente, e at Moiss entregouse a um sentimento de responsabilidade solitria por esses delinqentes espirituais. Moiss pediu ao Senhor que o matasse imediatamente e no o deixasse mais sozinho sob o peso da rebeldia de Israel. Ento Deus escolheu setenta ancios para ajudarem o profeta a levar o fardo e lhes concedeu o esprito de profecia. Quando dois ancios, no dos setenta, foram encontrados exercendo o dom da profecia no acampamento, Josu pediu a Moiss que os impedisse. Isto provocou a magnnima resposta de Moiss: "Oxal todo o povo do Senhor fosse profeta, que o Senhor lhes desse o seu Esprito". O desejo irreprimvel de carne que Israel sentia foi satisfeito quando Deus enviou bandos de codornizes. Aqueles que tinham com desejo, comeram at se satisfazerem e logo depois uma praga irrompeu entre eles. 1. Queixou-se o povo de sua sorte. Poderamos traduzir assim: "E o povo se tomou murmurador contra a m sorte, aos ouvidos do Senhor". A idia que Israel realmente no desfrutava de m sorte para que tivesse do que se queixar, mas murmurou assim mesmo como aqueles

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 40 que so amaldioados com verdadeiros males. O fogo do Senhor ardeu entre eles. Ingratido sem sentido diante de toda a bondade divina tornou necessrio um castigo, ainda que no severo, nas extremidades do acampamento. Chamaram o lugar de Taber, "fogueira", cujo fogo poderia ter sido um fenmeno natural, ainda que fosse "o fogo do Senhor". Enviado por Deus para o desempenho do Seu propsito. 2. O povo clamou a Moiss, e orando este . . . o fogo se apagou (extinguiu-se). Em forma comprimida temos aqui a histria do povo de Deus atravs dos sculos vindouros (cons. Sl. 107). Israel deixou de aprender a lio da obedincia disposta, e por isso passou por castigos mais severos conforme registrado neste e nos captulos subseqentes. 4. O populacho. Uma ral no especificada seguia Israel desde o Egito (x. 12:38). 5. Que no Egito comamos de graa. A inundao anual do Nilo tornava o Egito parecido a um jardim para os bedunos que habitavam o deserto estril. As frutas e os vegetais mencionados continuam sendo conhecidos no Egito atual e ainda so chamados pelos nomes semitas usados no texto. 6. Seca-se a nossa alma. Novamente a palavra usada para alma, nepesh, a sede dos apetites animais; no designa o esprito (veja coment. sobre 9:6) Foi traduzida para apetite em Ec. 6:7. O povo estivera por tanto tempo com uma dieta leve que comeou a ansiar (desejar ardentemente) por um alimento que estimulasse suas glndulas salivares. Nenhuma coisa vemos seno este man. Este um exagero comum s pessoas que se deixam levar pela auto-piedade e pelos apetites animais. 7. E a sua aparncia semelhante de bdlio. Os versculos 7-9 so uma digresso sobre o prprio man. Comparao cuidadosa desta descrio com a de x. 16:31-36 mostra que a nica diferena entre as duas narrativas refere-se cor e ao sabor. Estas diferenas, longe de apontarem para fontes diferentes, mostram a espontaneidade e liberdade do autor, a qual um redator ocultada. A vista e o paladar so to

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 41 subjetivos que o man podia ser chamado de branco e tambm de amarelado ou perolado (bdlio) e podia ter o sabor de mel para uns e de azeite fresco para outros. 12. Como a ama. O profeta usa uma figura aqui que no concorda bem com as idias ocidentais sobre o papel de um grande lder nacional. Moiss no est sendo nem humorstico nem sarcstico com o Senhor, mas apenas O lembra de Sua soberania, pois Ele foi quem deu vida a essa nao e lhe prometeu uma terra. Portanto, s o Senhor podia amamentar essa criana e sustent-la, como uma ama de leite carrega e alimenta uma criana que mama. 14. Eu sozinho no posso levar a todo este povo. A fragilidade humana de Moiss aparecem aqui e na linguagem do versculo 15. Suas palavras esto carregadas de intensa emoo, pois ele se encontra em situao angustiosa, sentindo que seria um ato de misericrdia se Deus lhe tirasse a vida. 16. Ajunta-me setenta homens dos ancios de Israel. Estes homens se tornaram os organizadores e secretrios de Moiss, conforme indica a palavra superintendentes (shoter; cons. shataru assrio, "escrever"). Por isso a LXX traduz aqui para o conhecido termo "escribas" (grammateis). Eles eram realmente "oficiais", mas podiam ter contribudo para a organizao e preservao do registro sagrado. Devem ser distinguidos dos chefes dos milhares e centenas, etc., de x. 18:21-27; Nm. 10:4. 17. Tirarei do Esprito que est sobre ti. Por causa da depresso emocional de Moiss, Deus reservou algum dom de profecia para dar a estes ancios. 18. Santificai-vos. Por qu? Porque Deus ia fazer uma obra milagrosa (cons. Js. 3:5). O correlativo no Novo Testamento a certeza que Deus d que Ele vai operar milagres nos coraes. isto Ele faz, por exemplo, atravs da Sua palavra (e atravs de cada meio de graa). Mas coraes que no esto preparados s podem zombar de tal promessa.

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 42 20. Porquanto rejeitastes ao Senhor, que est no meio de vs. Esta foi a razo bsica para o castigo de Israel. O povo se arrependeu de ter deixado a escravido pela liberdade com auto-renncia. Isto mostra que rejeitava a promessa de Deus e portanto o prprio Deus. 22. Matar-se-o para eles rebanhos de ovelha e de gado, que lhes bastem? "Por que um povo rico de gado deveria chorar por carne?" (ICC, pg. 103). O problema de Moiss no consistia em crtica que desse a entender que havia inconsistncia na economia divina. Os rebanhos que Israel possua logo ficariam depauperados se fossem usados como alimento dirio. Sem dvida havia certa consumio de carne (cons. pores dos sacerdotes), mas s em ocasies especiais (festivais), como continua sendo entre os bedunos criadores de gado. 25. Profetizaram; mas depois nunca mais. Isto significa que eles profetizaram apenas nesta ocasio e nunca mais, ou que eles profetizaram nesta ocasio apenas uma vez e no prosseguiram? O primeiro ponto de vista no parece provvel luz de 12:6. O ltimo providencia a Moiss um grupo de inspirados secretrios que tambm o ajudaram a registrar e editar os escritos sagrados (Pentateuco). xodo 4:16 tomado com 7:1 indica que uma parte da idia hebraica de profeta (neibi) era de "algum que fala em nome de outro". Talvez os ancios tivessem uma experincia exttica; neste caso, s porque receberam a Palavra de Deus. 26. Repousou sobre eles o esprito, porquanto estavam entre os inscritos. No eram dois membros desobedientes do grupo dos setenta que no acompanharam os demais, mas, antes, dois dos muitos inscritos prncipes de milhares. Esse dom que receberam foi inteiramente inesperado. 29. Tens tu cimes por mim? Moiss demonstrou o verdadeiro esprito da liderana orientada por Deus. Ele no era um demagogo, mantendo sua posio por meios indignos. Verdadeiramente desejoso que outros partilhassem desse dom maravilhoso, ele se preocupava mais com o bem comum de Israel do que com a sua prpria posio

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 43 31. Soprou um vento. O ICC (pgs. 117-119), tem um interessantssimo comentrio muito construtivo sobre os versculos 31-34. Cerca de dois cvados sobre a terra. A frase tem mais sentido quando aceitarmos o 'al ("sobre") como "acima" da superfcie da terra, indicando que as codornizes estavam voando baixo. 32. E as estenderam para si ao redor do arraial. Uma maneira antiga de preservar a carne secando-a ao sol. 33. Estava ainda a carne entre os seus dentes. A palavra hebraica no significa "mastigar"; quer dizer "cortar" Traduz-se, antes de terminar as provises. (O mesmo verbo foi traduzido para pararam-se em Js. 3:16 e em outras passagens.) Isto no significa que o castigo caiu sobre o povo antes que tivesse tempo de comer as codornizes, pois o Senhor predisse que comeriam carne durante um ms (Nm. 11, 19, 20). A idia que antes de terminarem de comer as codornizes, a praga irrompeu. 35. De Quibrote-Hataav . . . para Hazerote. Estas paradas no podem ser identificadas. Tudo o que se pode dizer que Israel prosseguia na direo norte partindo do Sinai.

Nmeros 12
C. Rebelio de Miri e Aro. 12:1-16. Como sumo sacerdote, Aro era figura destacada em Israel; mas carecia de qualidades de liderana e, at onde sabemos, no recebeu o dom da profecia. Aproveitando-se do casamento de Moiss com uma etope como pretexto para comear uma campanha de desmoralizao contra seu irmo, Miri e Aro desafiaram o direito que Moiss tinha de s ele falar ao povo em nome de Deus. Deus tornou claro ao par de rebeldes que Moiss era um instrumento especial da revelao divina, muito mais achegado ao Todo Poderoso do que qualquer profeta comum. Miri, como lder da rebelio (cons. a fraqueza de Aro na questo do bezerro de ouro; x. 32), foi atacada de lepra. Arrependimento humilde dos ofensores e graciosa

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 44 intercesso de Moiss trouxe a cura e a restaurao, mas s depois dos sete dias regulamentares de excluso para a purificao de um leproso. 1. Falaram Miri e Aro contra Moiss. O texto hebraico torna claro no comeo do captulo que Miri foi a instigadora desta rebelio; seu nome foi colocado antes do de Aro, e o verbo falar tem uma desinncia feminina. Por causa da mulher cusita. A circunstncia usada pelos dois como pretexto para criticar Moiss foi o seu segundo casamento. O restante do captulo revela que a base da crtica foi a inveja. A mulher cusita (etope) era provavelmente uma cusita asitica e no africana (cons. Gn. 2:13; 10:6-8; Hc. 3:7; Herdoto, VII. 70). 2. Porventura tem falado o Senhor somente por Moiss? A preposio b (por) pode significar "por meio de", "com" ou mesmo "de dentro de" Moiss (cons. Rm. 1: 17, ek, "de dentro de", citando Hc. 2:4b). Esta ltima traduo est mais de acordo com o tema desta passagem (Nm. 12:8), que mostra que Deus escolheu comunicar-se com Moiss diretamente, e no indiretamente, como fez com outros profetas. 3. Era . . . Moiss mui manso. s vezes faz-se a pergunta, como Moiss poderia ter sido verdadeiramente manso se buscou reconhecimento para sua mansido, elogiando-se a si mesmo? Hengstenberg sugere que o carter de Moiss no deve ser medido pelo dos homens comuns. Este captulo por si mesmo ensina que o profeta tinha um relacionamento to ntimo com Deus que podia falar a verdade objetivamente, conforme ela lhe era revelada, mesmo quando se relacionava com a sua prpria natureza. Mas a resposta tambm pode ser que esta obra seja a de um shoter divinamente inspirado (11:16), como a narrativa da morte e sepultamento de Moiss em outras notas editoriais. 6. Se entre vs h profeta. O hebraico diz, se houver profeta do Senhor, eu me revelarei. O hebraico fora do comum mas possvel. A gramtica apresenta a sobrevivncia de uma forma de linguagem muito antiga (Ugaritic Manual, C.H. Gordon, pg. 46). 7. Fiel em toda a minha casa. Deus se revelava aos profetas comuns atravs de meios secundrios (vises e sonhos). Mas sendo

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 45 Moiss o homem da f em toda a casa de Israel, tinha relacionamento especial com o Senhor. 8. Boca a boca falo com ele, claramente, e no por enigmas. No por vises (mara) mas claramente (mareh ); o sentido foi determinado pela frase antittica "no por enigmas", pois Moiss viu a forma do Senhor. Aro sabia o que isto significava, pois ele mesmo tivera tal experincia com Moiss (x. 24:10). 10. E eis que Miri achou-se leprosa. S ela foi punida, pois foi a instigadora deste infeliz negcio. 12. Metade de sua carne j consumida. Aro arrependeu-se profundamente e rogou que Miri fosse libertada do horror de ter a sua carne consumida pela lepra. 13. Rogo-te que a cures. A intercesso de Moiss rpida (especialmente no hebraico) mas fervorosa. Duas vezes ele interpe nei, uma partcula de splica " Deus, rogo-te que a cures, rogo-te". 14. Se seu pai lhe cuspira no rosto. O Senhor perdoou a Miri e a purificou de seu pecado lamentvel. Cuspir na face era sinal de vergonha imposto aos que erravam, mas que no incorriam na disciplina extrema da excomunho (Dt. 25:9). D. A Histria dos Espies. 13:1 14:45. Os espies avanaram com ordens de Moiss para observarem se a terra de Cana era boa ou m, cheia de matas ou nua, se eram muitos ou poucos seus habitantes, se eram fortes ou fracos, se eram nmades que habitavam em tendas ou se j haviam se estabelecido h muito com fortalezas muradas. Depois de uma explorao de quarenta dias, do Neguebe at os limites de Hamate, os espias retornaram. Todos concordaram que a terra marrava "leite e mel", mas dez deles ficaram to profundamente impressionados com as fortalezas e a estatura gigantesca dos habitantes que incitaram uma onda de opinies contra qualquer tentativa de tomar a terra.

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 46 S Calebe e Josu tinham confiana em que "Se o Senhor se agradar de ns, ento nos far entrar nessa terra, e no-la dar". A sbita apario da glria do Senhor salvou os dois espias fiis de serem apedrejados. O Senhor props a Moiss destruir o povo para formar do prprio profeta uma nao maior. Mas Moiss intercedeu eficazmente por Israel. Ele defendeu a necessidade de preservar a honra de Deus diante dos pagos, que certamente diriam, "o Senhor no foi capaz". E ele tambm apelou para a pacincia e misericrdia de Deus. O Senhor perdoou o povo mas tambm o castigou, declarando que aquela gerao que tinha murmurado e se rebelado no veria a Terra Prometida. O povo de Israel, grato pelo perdo mas no compreendendo o significado pleno do castigo prometido, tomou a deciso de agora obedecer naquilo que antes tinha desobedecido. Apesar da advertncia de Moiss, subiram para lutar contra os amalequitas e cananeus. Foram completamente derrotados e tiveram de retroceder para Hormate.

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2. Envia homens que espiem a terra. De acordo com Dt. 1:22, Deus condescendeu a um pedido do povo para que a terra fosse investigada. O Senhor no ops objeo quanto a tal inteligente aproximao. Contudo, a subseqente falta de f de Israel, torna-se ainda mais vergonhosa luz do unnime testemunho dos espias que disseram que a terra era frutfera, exatamente como Deus tinha prometido que seda. 4. So estes os seus nomes. A teoria de que os nomes singulares desta lista se encaixam em algum outro perodo melhor do que no de Moiss no pode ser comprovada. A prpria singularidade dos nomes evidncia de que vieram do perodo herico da histria de Israel e que no so produto de autores posteriores. 16. E a Osias . . . Moiss chamou Josu. Moiss acrescentou o nome do Deus da aliana (yhwh) ao nome de Osias ("libertao"), Este

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 47 nome de Deus foi traduzido Jeov algumas vezes na E.R.C. e Senhor na E.R.A. De acordo com x. 3:14,15, o nome indica Deus como o grande "EU SOU", eterno e pessoal em Seu Ser. Tambm lembrava a Israel que Ele era o Autor da Aliana. Aquele que fez as promessas aos pais Abrao, Isaque e Jac. Colocar este nome da Divindade como um prefixo a um nome pessoal foi o comeo de uma grande tradio que enfrentou o progressivo teste com as divindades cananitas, especialmente Baal. 17. Subi ao Neguebe. Eles se dirigiram pala o norte, "atravs do Neguebe" ou "deserto". Neguebe foi traduzido "sul" (outras tradues) porque fica ao sul de Cana. 18. Vede a terra. . . e o povo. Este reconhecimento teve a inteno de determinar se a terra era boa ou no, se o povo era forte ou fraco, se habitava em cidades muradas como seus donos permanentes ou em tendas como bedunos. Sculos mais tarde, quando os assrios inventaram a guerra por meio do cerco das cidades, usaram maquinaria pesada e grupos de engenharia para tomar as cidades muradas; e mesmo ento levava anos. Do ponto de vista humano, Israel tinha de enfrentar um inimigo formidvel. 21. O deserto de Zim at Reobe, entrada de Hamate. Viajaram de um local que ficava bem ao norte de Cades at uma cidade chamada Reobe, que ficava perto ou "na direo" da entrada do antigo reino de Hamate, cuja antiguidade se reflete em Gn. 10:18. 22. Edificada sete anos antes de Zo. Zo era a grega Tanis, uma cidade leste do delta do Nilo. Tal como a hebraica Sor tornou-se a grega Tyr (o), So'an tornou-se Tan (is). Hebrom desempenhou papel importante na vida dos patriarcas (Gn. 13:18; 23:19), o que faria este versculo se referir aos tempos pr-abramicos. A referncia, contudo, pode ser reconstruo dessas cidades no tempo dos hicsos. A ligao entre Zo e Hebrom na traduo hebraica teria mais provavelmente ocorrido depois que o Egito esteve sob o governo semita (dos hicsos),

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 48 especialmente porque Zo foi a capital do Egito hicso e provavelmente a residncia de Fara no tempo de Moiss. 24. O vale de Escol. A palavra para vale nahal, significando "um leito fluvial seco". Esses wadis geralmente guardavam gua logo abaixo da superfcie muito tempo depois das chuvas terem cessado e assim contribuam pala a fecundidade da terra. Escol significa "agrupamento". Alguns ligam este nome ao de um governante que viveu nesta poca em tempos anteriores (veja Gn. 14:13). 28. O povo . . . poderoso, e as cidades mui . . . fortificadas. Os espies trouxeram um relatrio concreto sobre a terra. Com este relatrio ou palavra (deibeir, v. 26) Josu e Calebe concordaram (vs. 26.29). Foi no relatrio pernicioso (dibbat, "uma difamao", "um boato", v. 32) que eles objetaram. 30. Calebe ... disse: Eia! subamos, e possuamos. Calebe tinha confiana nAquele que dera provas a respeito de si mesmo at ento. Moiss expressou a caracterstica atitude de Calebe quando disse: "O Senhor vosso Deus . . . pelejar por vs, segundo a tudo o que fez conosco... no Egito; como tambm no deserto" (Dt. 1:30, 31). Certamente prevaleceremos contra ela. Foi depois desta expresso triunfante de f que os dez espies comearam sua campanha difamatria (infamaram, v. 32). Isto foi o suficiente pala torn-los objeto do desprezo divino. 32. Infamaram a terra. O hebraico diz: Espalharam uma difamao da terra, o que sugere que deram incio a uma campanha de difamao contra os dois homens fiis. terra que devora os seus moradores. Isto no significa que a terra fosse pobre - eles mesmos provaram o contrrio - mas que muita gente brigava por causa dela justamente por ser to boa. 33. Gigantes (os filhos de Enaque. . .). Alguns sugerem que os espies imaginassem que havia gigantes por ali, quando viram os grandes muros, alguns de at 15,24ms de altura, supondo que s gigantes poderiam t-los construdo. Mas as medidas do estrado da cama do Rei Ogue dados em Dt. 3:11, testificam da existncia de uma raa de pessoas anormalmente grandes. Dt. 2:10, 20 e Gn. 14:5 indicam que no tempo

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 49 dos patriarcas existiam "gigantes" que recebiam diversas designaes locais (emins, zuzins e refains). No hebraico de Dt. 2:11 os enaquins so chamados refains (traduzido para "gigantes"). Josu 11:22 contanos que os enaquins permaneceram em trs das cidades filistias - Gaza, Gade e Asdode (Jr. 27: 5, LXX). A famlia de Golias em Gade poderia descender dessa gente, pois em II Sm. 21:16.22 e em I Cr. 20:4-8 esses gigantes filisteus so chamados de filhos de Reipei'. Os textos de Ugarit do sculo quinze mencionara os refains (C.H. Gordon, Ugaritic Literature, pgs. 101-103), que provavelmente no eram "sombras dos mortos" mas realmente essa mesma gente poderosa (cons. ilnym ugartico e elim hebraico; J 41:17, Bblia Hebraica; 41:25, Inglesa) do norte, de onde veio a utilizao do ferro (cons. o estrado da cama de Ogue).

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14:8. Se o Senhor se agradar de ns, ento nos far entrar nessa terra, e no-la dar. A difamao perniciosa ("mau relatrio") que os dez espies espalharam entre o povo acusava o prprio Senhor de querer mat-los. Observe, em contraste, a confiana sincera no Senhor expressa aqui por Calebe. Foi s com oitenta e cinco anos de idade (Js. 14:11,12) que ele, com a mesma f vibrante, desalojou os enaquins nas vizinhanas de Hebrom. 9. Como po os podemos devorar. O verbo eikal, "comer" tambm significa "devorar", "devastar" ou "destruir" (12:12). A mesma figura foi transmitida aqui sem o verbo. Retirou-se deles o seu amparo (sombra). Jonas 4:6 conta como uma sombra protegia o profeta do calor escaldante do sol do deserto. Quando a sombra foi retirada, Jonas ficou exposto e vulnervel (Jn. 4:8). Mas Ez. 31:3, 12 mostra-nos que as naes poderosas so como as rvores (Nm. 24:6) sob cuja sombra outras naes so foradas a viver. Quando a Assria caiu, a sua sombra, que representava sua fora, foi dissipada; e outras naes viram-se livres

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 50 do seu poder. Assim o texto poderia significar, "Retirou-se deles o seu poder". 15,16. As gentes. . . diro: No podendo o Senhor. A beleza desta passagem jaz no fato de Moiss ter sido zeloso pela honra do Senhor e no pela sua prpria honra. Embora o esprito de Moiss fosse maravilhoso, sua argumentao em si era apenas parcialmente vlida. Se Deus agisse segundo o conselho de Moiss, jamais teria castigado o Seu povo, com medo de que os pagos O interpretassem mal. A parte vlida da argumentao centraliza-se volta da confiana de Moiss na capacidade de Deus realizar Suas promessas. 18. O Senhor longnimo, e grande em misericrdia. Esta parte do rogo de Moiss em favor do povo. Agora a argumentao completamente vlida, porque declara os motivos divinos. Deus no apenas grande em misericrdia mas o Justo que no pode apenas livrarse do culpado, isto , deixando a iniqidade sem castigo. Esta verdade fundamental que ensina a expiao pelo sangue substitutivo permeia toda a Bblia. Deus misericordioso e perdoa, no ignorando a iniqidade mas providenciando um substituto para que Ele possa ser tanto o Justo como o Justificador daqueles que crem (Rm. 3:21-26). 19. E como tambm tens perdoado. O significado da raiz da palavra perdoar, "suportai ou agentar", sustenta este aspecto substitutivo do perdo. Pois, para que Deus perdoe preciso que haja algum que sofra o pecado. 21. Porm to certo como eu vivo. Esta a introduo de um juramento que continua atravs do versculo 23. Para esclarecer diversos pontos, oferecemos a seguinte traduo: 'To certo como eu vivo e como a terra se encher da glria do Senhor, nenhum dos homens que viram a minha glria e os sinais que realizei no Egito e no deserto, mas que agora me tentaram dez vezes e no deram ouvidos a minha voz, ver a terra que eu jurei dar a seus pais". A dcupla tentao parece referir-se aos dez espies ineptos.

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 51 23,24. Nenhum daqueles que me desprezaram, a ver. Porm (exceto) meu servo Calebe. Visto que. . . perseverou em seguir-me. "Perseverar em seguir" deriva de uma raiz significando "preencher", e foi usado para expressar a consagrao do sacerdote ("encher sua mo", 3:3). Significa tambm "transbordar" ou "fazer algo abundantemente sem se esquivar", quer para o mal quer para o bem (J. 16:10). Calebe entregou-se completamente a Deus que, por Seu lado, fez Calebe "abundar", "enchendo sua mo" a fim de que fizesse a vontade divina. Um exemplo perfeito de consagrao! E a sua descendncia a possuir. Esta promessa foi fielmente cumprida. Veja Js. 14:6-15. 25. Mudai amanh de rumo e caminhai para o deserto. A ordem era clara. S tinham de obedecer. Caminho do Mar Vermelho. O hebraico Yam Suph ("mar dos juncos") quer dizer as guas dos dois golfos que rodeiam a pennsula do Sinai. Este "caminho" distingue-se em x. 13:17,18 do "caminho da terra dos filisteus", que seguia pela costa do Mediterrneo. 26. Disse o Senhor. Os versculos 26-35 do uma declarao extensa das razes e detalhes deste castigo. Longe de representarem um documento de fonte diferente, como alguns defendem, seguem o bom estilo literrio semita, repetindo e enfatizando uma frase dentro de um contexto mais longo (Gn. 1, 2). 28. Por minha vida. O juramento de 14:21-23 repete-se aqui em termos mais amplos, explicando detalhadamente como suas carcaas cairo no deserto e como Deus realizar Sua promessa atravs dos filhos deles. A ironia da situao foi que, em sua murmurao, acusaram o Senhor de fazer desses mesmos filhos uma presa do deserto (v. 31). Neste castigo Deus f-los lembrar de suas palavras e prometeu que esses mesmos filhos herdariam a terra. 33. Levaro sobre si as vossas infidelidades. Esta uma metfora. Por meio da infidelidade, aqueles que esto casados com Deus (crentes) cometeram adultrio espiritual, e como conseqncia desse pecado, seus filhos iriam sofrer at que passasse toda aquela gerao.

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 52 34. E tereis experincia do meu desagrado. A frase, rompimento de promessa (outra traduo), que sugere que Deus poderia deixar de cumprir a Sua promessa, uma traduo infeliz de um termo que significa "censura" ou "oposio". Em 30:5 um verbo desta raiz significa "desaprovar" e em 32:7 significa "desencorajar". "Se Deus por ns, quem ser contra ns" (Rm. 8:31). O inverso a trgica lio deste versculo: Quando os homens persistem em pecar, Deus s pode se opor, desaprovar e desencorajar. 36. Fizeram murmurar toda a congregao . . . infamando. Este texto, que usa a mesma palavra dibbei que foi usado em Nm. 13, confirma nossa interpretao do "mau relatrio" como difamao (13:28, 30, 32). Por meio de uma campanha difamatria esses homens pecadores colocaram toda a congregao contra o Senhor. Agora, "morreram de praga perante o Senhor" (v. 37). 41. Por que transgredis o mandado do Senhor? Deus tornou explcito que deviam agora retornar ao deserto (v. 35). Portanto, esta tentativa de exibir um zelo atrasado era irrefletido; pois f obedincia, sem a qual no teriam a presena ou as bnos de Deus (v. 42). 44. Contudo . . . tentaram subir. Seu primeiro pecado foi incredulidade reticente, comprovada por sua cautela e medo extremos (II Tm. 1:7). Agora transferiram-se para o outro extremo da incredulidade presunosa, demonstrada por sua super-confiana e falta de cuidado. A raiz hebraica de tentaram (atreveram-se a), eipal, tambm foi usada em Hc. 2:4: "Eis o soberbo! Sua alma no reta nele; mas o justo viver pela sua f". O apstolo Paulo viu a verdade espiritual que se encontra latente aqui. O homem injusto confia em sua prpria virtude. Mas a verdadeira justia se origina na fidelidade de Deus e comunica-se ao homem atravs de uma vida obediente e dependente, de f em f (Rm. 1:17). IV. A Segunda Lista Sacerdotal. 15:1 19:22.

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 53 O aspecto principal desta seo sobre os sacerdotes encontra-se nos captulos 16 e 17, que narram a rebelio de Cor e a conseqente tripla vindicao do sacerdcio aranico. Ao redor desta vindicao de Aio como sacerdote esto outros detalhes de interesse sacerdotal (veja esboo).

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A. Detalhes Cerimoniais. 15:1-41. Instrues anteriores (Lv. 2:1-11) referentes s ofertas de manjares (cereais) no do quantidades exatas. Temos agora uma passagem especificando propores exatas (cons. Lv. 23:13). Antevendo o tempo quando o povo comeria do alimento de Cana, o Senhor deu instrues para que se fizesse uma contribuio simblica das primcias dos seus produtos (ofertas aladas). Ele providenciou pelo perdo dos pecados de ignorncia casos em que tanto a congregao como um todo ou indivduos pudessem ter transgredido inadvertidamente com base nas ofertas queimadas acompanhadas com a expiao pelo sangue (vs. 2231; cons. Lv. 4). Mas Ele tambm esclareceu que se um homem agisse com ms intenes (atrevidamente), devia ser desligado do povo, levando a sua prpria iniqidade. Um homem foi apedrejado por desprezar o mandamento divino referente guarda do sbado. Alguns tm tentado identificar este julgamento severo com as idias farisaicas sobre o sbado, contra as quais Cristo se declarou. As duas situaes no so as mesmas. Os fariseus acrescentaram lei religiosa judaica regulamentos sobre o sbado que no se encontram no Velho Testamento, fornecendo escapes para si mesmos. O Senhor do Sbado ensina que a lei do sbado foi planejada para o prazer espiritual do homem e para satisfao de suas necessidades mais profundas. Em nenhum lugar a Bblia assume uma posio leviana para com a transgresso deliberada de alguma das leis de Deus. O captulo termina com uma declarao de valor psicolgico (Nm. 15:37-41). Os israelitas deviam

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 54 prender borlas feitas de fio azul nas barras ou nos cantos de suas vestes, como lembretes de que deviam guardar todos estes mandamentos (Dt. 22:12). Era "o barbante amarrado no dedo" de Israel. 5. Para cada carneiro. Observe que as quantidades de mistura de azeite e farinha e de vinho para as libaes aumentavam de acordo com o tamanho do animal oferecido: a quarta parte de um him de azeite e vinho para cada cordeiro, um tero de cada com o carneiro, mais meio him com cada novilho. Isto demonstra o princpio que sublinhava todas as ofertas um homem devia dar de acordo com a sua capacidade (Lv. 5:7-13). 7. Em aroma agradvel (aquietante, repousante). A frase foi usada em 15:3, 10, 13, 14. Em Gn. 8:20, 21 somos informados que o Senhor cheirou a agradvel fragrncia da oferta queimada de No, que exerceu efeito favorvel nEle. Alguns no gostam do antropomorfismo extremo deste pensamento. Mas a Bblia est cheia de tais descries de Deus. A expresso no mais literal que as palavras: "Cavalgava um querubim", ou "levado velozmente nas asas do vento" (Sl. 18:10). Baal, a divindade pag, chamada de "o cavaleiro das nuvens" (C.H. Gordon, Ugaritic Literature. pg. 30), como tambm o Senhor no Sl. 68:4. O crtico que presume que este "antropomorfismo" uma evidncia de que a religio de Israel se encontrava em estgio primitivo, poderia tambm acusar um pastor moderno de idolatria, quando Ele ora pedindo que Deus "desnude o Seu brao em favor do Seu povo". Com termos conhecidos, o homem entende o desconhecido, neste caso os sentimentos de Deus para com ele. Por meio desta expresso prtica, aroma agradvel, o povo de Deus sabia que seus sacrifcios agradavam-no, mais do que um perfume era suavizante e agradvel s prprias pessoas. 16 A mesma lei . . . para vs outros e para o estrangeiro que mora convosco. Os estrangeiros eram bem-vindos para "morarem" com Israel, mas eram obrigados a adorar da maneira estabelecida por Deus, no como quisessem. A decadncia espiritual dos povos circunvizinhos era tal que a introduo de Suas prticas religiosas prejudicaria a nao.

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 55 20. Das primcias da vossa farinha . . . um bolo. A palavra arisa, traduzida pala farinha, costuma ser aceita significando "cereal no refinado". Uma referncia anterior oferta das primcias (Lv. 23:14) menciona apenas a oferta movida de um feixe, acompanhada de uma oferta de manjares de solet, "flor de farinha". O fato desta oferta alada de cereal no refinado ser chamada de teruma, "uma contribuio", indica que era para ser consumida pelos sacerdotes, enquanto a flor de farinha de Lv. 23:13 devia ser uma oferta queimada, de aroma agradvel ao Senhor. 30. Fizer alguma coisa atrevidamente (afoitamente). O Israel obediente saiu do Egito "afoitamente" (x. 14: 8), com o punho erguido desafiando Fara. Aqui, os pecados de um Israel arrogante atreviam-se a desafiar o Senhor (cons. Dt. 32: 27; Is. 10:32). 36. E o apedrejaram; e ele morreu, como o Senhor ordenara. Os lbios de Cristo descreveram um destino muito pior do que este daqueles cujos coraes desprezaram a lei de Deus (cons. Mt. 18:9). Na verdade, este acontecimento do Velho Testamento foi uma lio misericordiosa. Embora tal julgamento no pudesse mudar o corao daquele que foi julgado, evitou que muitos israelitas obstinados desafiassem a Deus. 39. E no seguireis os desejos dos vossos coraes, nem os dos vossos olhos. As borlas eram um lembrete para que no andassem segundo suas prprias ms inclinaes e desejos, mas a que seguissem os mandamentos bons e sadios do Senhor.

Nmeros 16
B. A Rebelio de Cor, Dat e Abiro. 16:1-35. Qualquer rebelio deste tamanho tem numerosas facetas e vrias razes agravantes subjacentes. Crticos tm imaginado que as diferentes correntes de pensamento aqui tm origem nas fontes documentrias hipotticas JE e P, e que a nossa histria representa as narrativas combinadas de diversas rebelies durante a histria de Israel. Contudo,

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 56 do texto em si, deduzimos que houve o lado eclesistico e o lado civil nesta rebelio. Cor persuadiu companheiros levitas e outros a se lhe juntarem na busca da funo sacerdotal (vs. 9, 10). Ao mesmo tempo, os rubenitas, Dat e Abiro, voltaram-se contra Moiss por causa de seu aparente fracasso em lhes oferecer os campos e as vinhas da Terra Prometida (v. 14). O pensamento de terem de passar o resto de suas vidas no deserto devia lhes fazer parecer que a rebelio era um caminho de escape. Dat e Abiro recusaram-se a irem ao Tabernculo para enfrentarem Moiss, mas enviaram-lhe uma queixa amarga (vs, 12-14 ). Cor, por outro lado, e seus 250 "prncipes" (no todos, mas muitos levitas; vs. 7, 8; 27:3) apareceram com incensrios nas mos, para provarem que eram santos e podiam executar esta obrigao sacerdotal. Subitamente a glria do Senhor apareceu porta do Tabernculo; e o Senhor apoiou a autoridade de Moiss, abrindo a terra que engoliu os trs lideres da rebelio, com suas famlias e propriedades (v. 32). A seguir, o grupo de carregadores de incenso foram devorados pelo fogo. 3. Basta-vos. Ou, "Estamos fartos de vocs". Moiss, um pouco mais tarde, devolveu-lhes estas mesmas palavras (v. 7). Toda a congregao santa. Em x. 19:6 Deus prometeu fazer de Israel um reino de sacerdotes e uma nao santa. Mas esta promessa tinha uma condio, "se . . . ouvirdes a minha voz, e guardardes a rainha aliana". Pois a doao e a execuo desta aliana designava divinamente os mediadores onde fossem necessrios. 11. Pelo que tu e todo o teu grupo juntos estais contra o Senhor. Deus j tinha escolhido o Seu mediador (v. 5). Se Cor e sua congregao duvidasse, duvidaria de Deus. E Aro, que ele? O direito que Aro tinha de ser sacerdote no se originara nele mesmo. 12. Dat e Abiro . . . disseram: No subiremos. A cena passa para os rubenitas, cujos motivos de rebelio diferiam dos de Cor, mas cujos propsitos de derrubar Moiss e Aro eram os mesmos.

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 57 13. Tambm queres fazer-te prncipe sobre ns? Ou, Voc pretende continuar fazendo o papel de prncipe sobre ns? Estes homens estavam agastados com a perspectiva de gastar toda sua vida no deserto. Acusavam Moiss da derrota em Horm (14:45). Imaginavam que ele recusara levar a arca com eles naquela ocasio, com medo de perder o controle que tinha sobre eles quando entrassem na terra. 14. Pensas que lanar p aos olhos destes homens? De acordo com Pv. 30:17, a aluso aqui aos abutres que arrancariam os olhos dos mortos no deserto. No dissera Moiss que toda esta gerao teria de morrer no deserto? 19. Cor fez ajuntar contra eles todo o povo. O hebraico faz uma diferena entre sua congregao, "grupo", e a congregao (cons. v. 9). Core apresentava-se como o defensor de toda a congregao: "Toda a congregao santa" (v. 3 ). 22. Deus, Autor e Conservador de toda vida (O Deus dos espritos e de toda carne.) O muito evidente dualismo do esprito e da carne revelado nesta frase fornece evidncias de que este conceito fazia parte da ideologia religiosa dos hebreus desde os tempos de Moiss. Mestres "liberais", contudo, inclinam-se a atribuir este conceito teologia de posteriores documentos "P". 24. Levantai-vos do redor da habitao (tabernculo) de Cor, Dat e Abiro. No parece provvel que estes homens tivessem construdo um outro tabernculo. O termo mishkan pode se referir a qualquer tipo de habitao ou tenda (24:5). A simples adio da consoante hebraica yodh indicaria o plural, "tendas de". Os tradutores da LXX, ou viram a dificuldade e deixaram de fora os nomes de Dat e Abiro, ou trabalhavam em um manuscrito hebraico que s mencionava Cor. Nosso atual texto hebraico de 16:32 s menciona Cor, numa expresso abreviada de todos os trs rebeldes. 27. Levantaram-se, pois, do redor da habitao (tenda) de Cor. Aqueles que creram em Moiss comprovaram-no agora pela atitude.

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 58 Dat e Abiro . . . se puseram porta das suas tendas, como a desafiar Moiss. 28. No procedem de mim mesmo. Vemos novamente que a briga no era com Moiss mas com Deus. O hebraico leb, corao (E.R.C.), foi corretamente traduzido para mente na AV; pois o corao geralmente indica a capacidade intelectual (cons. Os. 7:11, "entendimento"), enquanto que as entranhas, etc., ("rins" E.R.C. SI. 16:7, e em outras passagens) se referem capacidade emocional. 30. Mas, se o Senhor criar alguma coisa inaudita. Tanto o verbo como o substantivo so de beirei, criar; portanto a coisa inaudita tinha de ser uma coisa sobrenatural, ou pelo menos fora do comum. E vivos descerem ao abismo (Sheol). No V.T. o termo Sheol raramente significa "o lugar dos mortos"; aqui indica "a sepultura". 32. E os tragou com as suas casas, como tambm a todos os homens que pertenciam a Cor, e a todos os seus bens. Beittehem no se refere a suas casas, mas famlias. O restante do versculo diferencia entre propriedades humanas (servos) e no humanas (animais e bens). Era simplesmente a maneira hebraica de dizer "tudo". Contudo, Nm. 26:11 nos informa que os filhos de Cor no pereceram com ele. Provavelmente a "famlia" de Cor no inclua seus filhos adultos que tinham suas prprias famlias.
C. Incidentes da Vingana do Sacerdcio Aranico. 16:36 - 17:13.

A esta altura a Bblia Hebraica comea um novo captulo. Os escribas judeus consideraram o restante do captulo 16 e todo o 17 como se fosse uma unidade, abrangendo o tema do direito nico de Aro ao sacerdcio. Os incensrios de bronze usados pelos rebeldes foram batidos em lmina para cobertura do altar, como lembrete perptuo do sacerdcio exclusivo da casa de Aro. As conseqncias da rebelio aparecem na murmurao que acusava Moiss pela morte dos rebeldes. A ira de Deus se aplacou somente quando Aro usou o seu incensrio para fazer expiao pelo povo (v. 46). A vingana da casa de Aro no

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 59 culminou no teste das varas (cap. 17). Das doze varas escolhidas, uma para cada tribo, s a vara de Levi, com a inscrio do nome de Aro, floresceu sobrenaturalmente e produziu amndoas diante do Senhor. Esta vara teve de ser guardada na arca como um testemunho contra toda e qualquer tentativa futura de rejeitar a escolha divina da famlia mediatorial. 37. Porque santos so. Por que os incensrios desses homens mpios foram considerados santos? Porque Deus tinha para eles sagrado propsito. "Porquanto os trouxeram perante o Senhor.. . sero por sinal. . . por memorial. . . para que nenhum estranho, que no for da descendncia de Aro, se chegue para acender incenso perante o Senhor" (cons. vs. 37-40). 48. Ps-se em p entre os mortos e os vivos. Uma ilustrao dramtica do ofcio mediador de Aro. No pela virtude dele em si mesmo (16: 5) mas apenas porque Deus o escolhera, o incenso de Aro efetuou a expiao pelo povo e interrompeu a praga (cons. Hb. 5:4-6).

Nmeros 17
17:4. Perante o testemunho. A referncia arca do testemunho. Onde eu vos encontrarei. O verbo encontrar no hebraico significa "marcar uma hora ou lugar". A mesma raiz foi usada para tabernculo da congregao, ohel moed, significando "a tenda da hora e do lugar marcados". A congregao algumas vezes chamada de eda, "o grupo reunido para o encontro". 6. Doze varas. Considerando que uma era de Levi (a de Aro) e que ambos, Efraim e Manasss, eram considerados como tribos, devia haver treze varas e no doze. Havia dois meios de se numerar as tribos para que sempre fossem doze. Em Nm. 1:5-15 os filhos de Jos so reconhecidos como uma s tribo. Em 13:4-15, contudo, tem-se em mente a terra e sua conseqente diviso; por isso a tribo de Jos foi subdividida

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 60 para que houvesse doze divises, uma vez que Levi no recebeu herana de terra. 8. No dia seguinte. Esta limitao de tempo ajuda a estabelecer o fato de que foi um verdadeiro milagre de Deus o que aconteceu. 10. A vara de Aro . . . para que se guarde por sinal. Um smbolo que ensinasse a futuras geraes. Para os filhos rebeldes. Os filhos da disputa, ou filhos da rebelio. Eram homens que tornaram suas vidas miserveis e ofenderam a Deus gravemente, permitindo que a autopiedade ou qualquer outra forma de profunda inquietao fervesse em seus coraes (v. 12). 12. Eis que expiramos, perecemos, perecemos todos. Uma expresso final de auto-piedade partindo de uma gerao contradizente encerra este captulo e tambm a narrativa do procedimento divino com ela. As prximas palavras da narrativa (20:1) descrevem os ltimos dias da peregrinao no deserto e o nascer de uma nova gerao.

Nmeros 18
D. Deveres e os Rendimentos dos Sacerdotes e Levitas. 18:1-32.

Aro e os levitas eram servos de Deus indicados para a realizao do ministrio sagrado do santurio, atravs do qual Israel aprendia Sobre a santidade de Deus (vs. 1-7). Nenhum membro da casa de Levi receberia herana de terra; Deus providenciou por eles atravs da poro perptua, haq'oleim (v. 8). Esta era a parte dos sacerdotes nas ofertas de Israel. Mas considerando que nem toda a tribo de Levi podia ser sustentada pelas pores das ofertas, os levitas recebiam o dzimo de toda a herana de Israel. E cada levita dava um dzimo do seu dzimo ao sacerdote, exatamente como se ele mesmo o tivesse plantado nos campos. 1. Levareis sobre vs a iniqidade relativamente ao santurio e ao vosso sacerdcio. Levar (perdoar) a iniqidade significa purificar por meio de oferta substitutiva. Os sacerdotes tinham de fazer expiao

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 61 de seus prprios pecados (Lv. 16: 6). Tambm, considerando que havia a possibilidade do santurio ser profanado por algum inadvertidamente, o Lugar Santo e o altar tambm tinham de ser purificados (x. 29:36, 37; Lv. 16:20). 6. So dados a vs outros para o Senhor. Eram concedidos aos sacerdotes como pessoas consagradas ("dadas") ao servio do Senhor. Este versculo uma chave para se compreender o uso que o apstolo Paulo fez de Sl. 68:18 em Ef. 4:8. 7. Por ofcio como ddiva. O sacerdcio era um servio privilegiado, designado e equipado por Deus. 8. Minhas ofertas. Estas terumot eram as contribuies aos sacerdotes e levitas, e se distinguiam das ofertas queimadas, que eram expiatrias. 9. Que me apresentarem. O pensamento aqui de devolver a Deus o que dEle. 10. Todo homem o comer. As ofertas do versculo 9 eram "santssimas"; por isso s os homens podiam participar delas. 11. A teus filhos, e a tuas filhas.. . todo o que estiver limpo. . . as comer. No ofertas queimadas para expiao; por isso toda a famlia sacerdotal participava. 16. O resgate . . . (desde a idade de um ms os regatars), ser segundo a tua avaliao, por cinco siclos de dinheiro (de prata). Compare com Lv. 27:1-7 para as diferentes avaliaes segundo a idade e sexo. Por cinco siclos de dinheiro. No havia dinheiro (no sentido atual) no antigo Israel. O texto hebraico diz, prata, cinco siclos, que de vinte geras (peso de cereais). 19. Aliana perptua de sal. De acordo com Lv. 2:13, todo sacrifcio era salgado. Cristo usou este pensamento para descrever a eterna verdade do inferno (Mc. 9:49). O sal significava uma aliana inviolvel entre Deus e os sacerdotes.

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 62 20. Eu sou a tua poro e a tua herana. Suas vidas deviam ser gastas servindo a Deus no santurio. Por isso deviam ser fisicamente sustentados pelo povo, o qual era sustentado por Deus.
24. Os dzimos . . . que apresentam ao Senhor em oferta, dei-os por herana aos levitas. Os levitas e os sacerdotes dependiam da fidelidade

do povo, o qual por sua vez desfrutava da boa vontade do seu Deus atravs da obedincia cuidadosa a todas as leis do santurio. 29. Toda oferta (contribuio) do (devida ao) Senhor: do mentor delas. As ofertas devidas ao Senhor (v. 26) deviam vir do melhor dentre o melhor. O povo dava o que tinha de melhor aos levitas, os quais davam o melhor disto ao Senhor, representado pelos sacerdotes. 31. a vossa recompensa pelo (como pagamento) vosso servio. A palavra 'seikeir, "salrio" pode parecer mercenria; mas compare Gn. 15:1, onde Deus mesmo se intitula o 'seikeir ("recompensa") de Abrao.

Nmeros 19
E. A gua Purificadora para Aqueles que se Contaminassem com Mortos. 19:1-22. Os versculos de 1 a 10 explicam como esta gua devia ser preparada, e o restante do captulo diz como devia ser usada. Eleazar, o filho de Aro, devia supervisionar o sacrifcio de uma novilha vermelha perfeita fora do acampamento. Devia aspergir o seu sangue na frente do Tabernculo sete vezes e depois queim-la inteiramente, incluindo o sangue, junto com madeira de cedro, hissopo e fazenda vermelha. As cinzas resultantes deviam ser usadas para o preparo da "gua purificadora"; isto , gua para remoo da impureza cerimonial. Uma pessoa contaminada por um morto devia ser considerada imunda durante sete dias. Adquiria a pureza cerimonial sendo aspergida com esta gua no terceiro e stimo dias. No stimo dia devia lavar suas roupas e o corpo e, ao pr do sol, estaria "limpa". Aquele que deixasse de obedecer devia ser excludo da congregao como pessoa imunda.

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 63 2. Uma prescrio da lei. O que aqui foi chamado de lei doutrinria, mais tarde foi chamado de estatuto perptuo, "eterno" (v.10). Portanto, o duplo propsito deste ritual era ensinar a Israel a pureza de Deus e preservar esta revelao s geraes futuras. Uma novilha vermelha, perfeita. Muitos tm tentado forar interpretaes alegricas no uso desta novilha vermelha, nas quais cada detalhe, incluindo a cor do animal, recebe um significado espiritual. Seria melhor aceitarmos esta cerimnia como o faramos com o quadro de um pintor, reconhecendo que, apesar do todo transmitir uma mensagem, os detalhes so insignificantes quando considerados independentemente. Hebreus 9:13, 14 aponta a mensagem desta lio objetiva o povo de Deus precisa experimentar a purificao da impureza. Tal como as cinzas da novilha vermelha purificavam cerimonialmente o israelita contaminado, o sangue de Cristo satisfaz a justia divina, purifica a conscincia do pobre pecador e o restaura diante de Deus. 4. Espargir para a frente da tenda da congregao. Este era o ato expiatrio que expiava o pecado e aplacava a Deus (Lv. 16:14, 15). A vida de uma vtima pura e inocente substitua a vida da pessoa maculada, por causa disso esta oferta pelo pecado chamava-se hattei't (Nm. 19:9, 17). 9. Num lugar limpo, isto , cerimonialmente limpo. Para a gua purificadora. Mais corretamente gua da impureza, aquela que remove a impureza. oferta pelo pecado. O plano deste ritual era providenciar uma maneira simples de purificar os israelitas de uma contaminao muito comum. Eles sentiam em suas conscincias o relacionamento que h entre o pecado e a morte e a necessidade da libertao da maldio que a morte representa, a maldio do pecado. 12. . . . se purificar. Como em 8:21, a expresso hebraica ele se des-pecar. Embora signifique purificao, a nfase est sobre a imundcia, no sobre a pureza, talvez porque ningum pode ser realmente purificado se no compreender que o pecado pecado.

64 13. Contamina o tabernculo do Senhor. Um israelita contaminado pela morte poluiria tudo o que tocasse ou de que se aproximasse. Esta idia do contgio da impureza cerimonial destaca-se nos versculos 14, 15 (cons. Ag. 2:13). 16. Em outro morto, ou nos ossos de algum homem, ou numa sepultura. Qualquer coisa relacionada com a morte contaminava. As pessoas no podiam evitar de se contaminarem ocasionalmente; por isso "a gua purificadora" estava sempre disposio. O sacerdote, contudo, estava proibido de se contaminar, exceto quando morriam seus parentes mais prximos (Lv. 21:1-3). 18. Um homem limpo tomar hissopo. Qualquer pessoa "limpa" podia realizar esta tarefa; no era necessrio que fosse um sacerdote. O propsito desta proviso era tomar facilmente acessvel a purificao do inevitvel contato com a morte. V. Do Deserto de Zim s Estepes de Moabe. 20:1 22:1. De Nm. 33:36 podemos deduzir que no fim dos anos da peregrinao, Israel se encontrava em Eziom-Geber, no litoral norte do Golfo de caba. Dali entraram no Deserto de Zim, no qual se localizava o osis chamado Cades, um termo usado em 33-36 para designar uma rea extensa. Pediram passagem pelo Edom atravs da antiga rota comercial, o caminho real, mas o pedido no foi aceito. Estes captulos indicam que Edom, Moabe, os amorreus e os cananitas controlavam muitas fortalezas estabelecidas no Neguebe e Transjordnia. Estando acampados no Monte Hor, Israel lutou contra Arade, o cananeu, e o derrotou. A esta altura (21:4) seguiram para o sul pelo caminho de Yam Suph (aqui o Golfo de caba) para evitar um conflito com os edomitas. Finalmente viajaram para o norte, no Vale de Arab, at que alcanaram o Wadi Zered, esquivando-se de Moabe pelo leste e Seguindo para o norte at Amom, depois para o oeste novamente pelo caminho real. O territrio ao norte do rio Amom, chamado de "as Estepes de Moabe", eles o capturaram derrotando Seom, o rei amorreu,

Nmeros (Comentrio Bblico Moody)

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 65 que o conquistara dos moabitas. Mais terras a leste do Jordo foram conquistadas, derrotando Ogue, rei de Bas. O restante de Nmeros (depois da histria de Balao) foi dedicada ao preparo desta nova gerao para maiores conquistas a oeste do Jordo.

Nmeros 20
A. O Deserto de Zim. 20:1-21. 1) O Pecado de Moiss. 20: 1-13. 1. Chegando . . . Israel . . . ao deserto de Zim, no ms primeiro. Zim (Sin) fica entre o aclive do Acrabim, a sudoeste do Mar Morto, e Cades (20: 16; 34: 3). Embora o ano no fosse mencionado, deve ter Sido no fim do trigsimo nono ou o quadragsimo ano depois do xodo. Pois eles prosseguiram de Cades para o Monte Hor (20:22), onde Aro morreu; e 33:38 nos conta que ele morreu no quadragsimo ano. 5. No de cereais, nem de figos, nem de rides, nem de roms, nem de gua para beber. Quando Nelson Gluek descreve a importncia da gua no Neguebe (Rivers in the Desert, pgs. 20-25) torna plausvel a simptica atitude divina para com esta queixa (pg. 16). 8. Falai rocha, e dar a sua gua. Uma rocha dando gua, indica que esta gua da rocha era a coisa esperada. O milagre consistia em Moiss saber qual a rocha que estava pronta a dar gua e no fato de que tinha apenas de lhe falar. 10. Ouvi, agora, rebeldes, porventura faremos sair gua. Salmo 106:32, 33 d o comentrio divino sobre estas palavras. O povo estava zangado com Moiss, "tornando seu esprito amargo a ponto de proferir palavras speras". No foi Deus, mas Moiss que ficou zangado com o povo. Por isso o pronome ns oculto, era uma forma de blasfmia. 11. Feriu a rocha duas vezes. Se Moiss tivesse apenas falado rocha, conforme orientao do Senhor, o milagre teria destacado o poder

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 66 de Deus. Conforme aconteceu, Moiss tomou o lugar de Deus, em palavras e atos. 12. Visto que no crestes em mim, para me santificardes diante dos filhos de Israel (conf. v. 24). O pecado de Moiss foi uma recusa obstinada de desviar a ateno de si mesmo para o poder de Deus, santificando assim o Senhor diante dos olhos do povo. Moiss e Aro partilharam do castigo deste pecado, pois Deus dissera; "Falai (plural) rocha". Depois do ato ele disse : "No fareis (plural) entrar este povo na terra que lhe dei". 13. So estas as guas de Merib. O lugar no foi cognominado Merib depois do incidente, como Refidim quarenta anos antes (x. 17:7); mas a gua foi agora intitulada de "guas da contenda" (meriba) porque os filhos de Israel contenderam com o Senhor. 2) O Pedido para Atravessar Edom. 20:14-21. 14. Enviou Moiss. . . mensageiros . . . Assim diz teu irmo Israel. Os edomitas eram descendentes de Esa (Dt. 23:7). Moiss declarou a verdade com diplomacia. 16. Em Cades, cidade nos confins do teu pas. A fronteira de Edom tem sido considerada como o lado oeste do Vale de Arab. Se a presente identificao de Cades no 'Ain Qadeis (ou 'Ain el-Quderat) for correta, ento a fronteira de Edom devia se estender pelo Neguebe adentro. Isto d uma idia da extenso da influncia de Edom, uma vez que as fronteiras reais s se estabeleciam pelo controle de certos postos chave. 17. Pela estrada real. Era uma antiga rota de caravanas. Muito antes de Moiss, j era usada como importante artria pblica. O versculo 19 chama-a de estrada pblica (mesilla). 20. E saiu-lhe Edom ao encontro com muita gente, e com mo forte. No houve luta, porque o propsito de Deus era no dissipar as foras de Israel aqui, mas reserv-las para a dura luta contra os amorreus, cuja terra era necessria por causa do acesso a Cana.

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) B. A rea do Monte Hor. 20:22 21:3.

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1) A Morte de Aro. 20:22-29. 22. Ento partiram de Cades; e . . . foram ao monte de Hor. A localizao do Monte Hor (Hor heiheir) indefinida. Muitos pensam que seja Jebel el-Medra, que fica exatamente a leste do Vale de Arab. Outros acham que o lugar alguma montanha a noroeste de Cades. Esta ltima idia se encaixaria na descrio que Moiss faz da esfera do poder de Edom, uma vez que o Monte Hor ficava na fronteira de Edom (v. 23). Moiss, em Dt. 1:44, supe que Seir (uma designao para Edom) fica no Neguebe, o que se encaixaria na opinio de que a fronteira de Edom no confinava com o Wadi Arab. A descrio da fronteira meridional de Israel em Nm. 34:1-5 e Js. 15:1-12 coloca ambas, as fronteiras de Israel e Edom, muito ao oeste de Arab, perto de Cades-Barnia, a caminho do rio do Egito (Wadi el Arish). 23. No monte de Hor, nos confins da terra de Edom. Isto no significa que a montanha ficasse justamente sobre a fronteira do Edom. Talvez fosse aperto uma mineira de diferenci-la do outro Monte Hor de 34:8. Diversos lugares eram chamados Cades (sagrado) e tinham de ser diferenciados, como, por exemplo, Cades-Barnia, Cades Naftali e Cades sobre o Orontes. 28. Moiss, pois, despiu a Aro de suas vestes, e vestiu com elas a Eleazar. Eram as vestes Sagradas de x. 39, smbolo do sumo sacerdcio. Elas distinguiam Aro e agora, Eleazar como mediador escolhido por Deus, cujo ministrio ensinava ao povo que Deus era o seu Amigo Todo-poderoso e Sempre-santo.

Nmeros 21
2) Arade, o Cananeu, Derrotado em Horm. 21:1-3. 1. O cananeu, rei de Arade, que habitava no Neguebe. O nome de Arade continua sendo usado em relao a um outeiro no Neguebe. Um homem que desse o seu nome a uma rea por milhares de anos,

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 68 dificilmente seria apenas um chefe de tribo (Glueck, Rivers in the Desert, pg. 114). Os versculos 1,2 no descrevem dois acontecimentos separados por centenas de anos, conforme pensam alguns. Pelo caminho de Atarim (dos espias). O caminho de ateirim era possivelmente o nome de uma estrada trilhada por caravanas, uma vez que o equivalente rabe de ateirim pegadas. 3. Destruirei totalmente as suas cidades. Os homens de Israel foram forados nesta batalha, pois no era seu plano entrar na terra pelo sul. O acontecimento transformou-se em um sinal de futuras conquistas. O resultado da ltima batalha que o povo de Deus enfrentou trinta e oito anos antes, foi uma triste derrota em um lugar chamado Horm (14:45). Por isso, aqui neste versculo h um jogo de palavras, uma vez que Horm tem a mesma raiz que o verbo "destruir totalmente". Esta no poderia ter sido a cidade de Horm mencionada em 14:45 (Js. 15:30; Jz. 1:17 ). Talvez Moiss procurasse levantar a moral mencionando este lugar de vitria como recordao da humilhante derrota pelo mesmo inimigo. C. A Viagem s Estepes de Moabe. 21:4 - 22:1. 1) Rebelio na Viagem Volta do Edom. 21:4 -9. 4. Caminho do Mar Vermelho. No o Mar Vermelho que nossos mapas indicam, mas o Yam Suph, que quer dizer "o mar onde crescem os juncos", neste caso o Golfo de caba. Deuteronmio 2:8 chama este caminho de "o caminho de Arab", referindo-se plancie que sobe gradualmente partindo das profundezas do Mar Salgado at o Golfo. Israel foi nesta direo, embora no necessariamente todo o caminho at o mar, para fugir ao contato com os edomitas. 8. Faze uma serpente abrasadora. No hebraico no h um adjetivo; o termo 'seireip significa uma "cobra venenosa". Todo mordido que a mirar, viver. S aqueles que creram na promessa de Deus puderam agir de acordo com a orientao e viver. Nosso Senhor viu nisto

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 69 no apenas uma ilustrao da eficcia da f na palavra de Deus, mas tambm uma lio objetiva eficiente de Seu prprio e futuro sofrimento vicrio, quando seria levantado entre os cus e a terra (Jo. 3:14). 2) Lugares Atravessados na Marcha desde o Arab. 21:10-20. 10. Ento partiram os filhos de Israel. Os versculos 10 a 20 do os nomes dos lugares onde Israel acampou viajando para o norte no Arab. Este itinerrio est descrito mais amplamente em 33:41-49. 14. O livro das Guerras do Senhor. Aqui est uma das fontes autnticas das quais Moiss e os escribas posteriores de Israel obtiveram informaes sobre acontecimentos anteriores. O que ele fez no Mar Vermelho. Estas palavras so uma traduo duvidosa do comeo de um fragmento desta fonte antiga. Esta primeira linha obscura porque foi extrada do seu contexto. A ltima parte do versculo 14 mais importante porque d o motivo da citao mostrar que o Vale de Amom era fronteira de Moabe. As duas palavras hebraicas abrangendo esta frase inicial da citao podem ser traduzidas de diversas maneiras. A E.R.A. segue o ICC na transliterao do hebraico quanto aos nomes dos lugares Vaebe em Suf. A AV toma as primeiras palavras como uma forma verbal aramaica (uma velha exegese judia, tambm seguida por Jernimo na Vulgata), A traduo de supa da AV para Mar Vermelho no aceitvel, uma vez que a rea em questo adjacente a Moabe. A incompreensvel referncia a sup (Sufe) em Dt. 1:1, localiza este lugar, sob outros aspectos desconhecidos, na Transjordnia, onde Moiss pronunciou suas ltimas palavras. O fragmento poderia ser traduzido assim:
Uma poro na direo de Sufe: At os wadis de Arnom, At os aclives dos wadis Que se voltam para o interior de Ar. Na verdade fica adjacente fronteira de Moabe.

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 70 17. Cantou Israel este cntico. Aqui se reflete a tradio potica. Os poetas e os cantores de canes populares podem ter transmitido um pouco da histria de Israel na poesia pica. possvel que o Livro das Guerras do Senhor fosse uma compilao de tais poemas. Que a poesia tradicional foi muito cedo incorporada aos registros, evidencia-se pela literatura ugartica do sculo quinze. Este pequeno fragmento do versculo 17 tem sido chamado de "A Cano do Poo". A primeira linha uma introduo ou tema. 18. Com o cetro, com os seus bordes provavelmente expressa a autoridade dos nobres, que teriam dirigido a escavao. Contudo, em um nahal, "wadi" ou leito de rio seco, a gua se encontrava muito perto da superfcie, de modo que enfiando-se simplesmente o bordo no solo a gua brotaria (cons. Gn. 26:19; II Reis 3:6-18).
"Brota, poo! Entoai-lhe cnticos! Um poo, que os prncipes cavaram, Que at mesmo os nobres do povo abriram, Com o cetro e com os bordes".

18. Do deserto partiram para Matana. A maior parte dos nomes de lugares dos versculos 18-20 no podem ser exatamente localizados. A direo geral da viagem foi do deserto a leste de Moabe, na rea norte de Arnom, a oeste do pico chamado fisga, de onde se descortinavam as guas do Mar Salgado e as terras devastadas do Deserto de Jeshinom. 3) Derrota dos Amorreus. 21:21-32. 21. Israel mandou mensageiros a Seom. O propsito de Moiss era ter acesso s terras a oeste do Jordo. Pediu passagem pacfica (vv. 21,22), mas Seom recusou (v. 23); e por isso no houve meio de se evitar um conflito. 24. Amom, cuja fronteira era fortificada. A LXX tem um texto hebraico melhor, e traduz corretamente, Jaezer era a fronteira dos amonitas (Js. 13:25; Nm. 32:1). Nosso atual texto hebraico perdeu uma letra, um "r".

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 71 26. Que tinha pelejado contra o precedente rei dos moabitas, de cuja mo tomam toda a sua terra at Arnom. Este versculo, ao lado da vitria de Israel sobre Seom, explica o significado do poema apresentado em 21:27-30. 27. Pelo que dizem os poetas. Os moshelim eram poetas, possivelmente cantores de baladas. Orculos de Baalim eram chamados mashals, como Provrbios e alguns salmos didticos (veja ttulos de Sl. 32, 42, 52, e outros). De acordo com Nm. 21:26, Seom, o amorreu, destrura Moabe anteriormente (cons. as estrofes paralelas abaixo, segunda e terceira); mas os vs. 21.25 nos informam que Israel tinha destrudo os amorreus (1 e 4 estrofes paralelas). O poema uma ode satrica, a qual diz, em resumo: "Vocs (amorreus) os derrotaram (os moabitas), mas ns (os israelitas ) derrotamos vocs". Observe o equilbrio estrfico e o desenvolvimento na direo do clmax do poema. A segunda e terceira estrofes tm o mesmo padro estrutural. A estrofe final responde por anttese que a precede imediatamente, mas na verdade completa o significado da estrofe inicial.
"Venham! Hesbom ser (re) construda, Sim! Que se (re) estabelea a cidade de Seom. Porque fogo saiu de Hesbom, Uma chama da cidade de Seom; Consumiu Ar de Moabe, Os Baals dos lugares altos de Amom. Ai de ti, Moabe! Perdido est, povo de Camos! (Porque) entregou seus frios como prisioneiros, E suas (ilhas como escravas, At a Seom, o rei dos amorreus. Mas ns os acertamos: Hesbom pereceu at Dibom. Sim, ns (os) assolamos, at que o fogo se espalhou at Medeba".

31. Israel habitou na terra dos amorreus. Todo o territrio compreendido entre os rios Arnom e Jaboque fora conquistado e, em aditamento, a cidade amorita de Jaezer (v. 32) e o reino de Ogue (vs. 33-

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 72 35); de modo que Israel controlava as terras a leste do Jordo desde o Arnom at o Monte Hermom (Dt. 3:8). A maior parte das designaes geogrficas destes versculos so muito conhecidas at nos dias de hoje. 4) A Derrota de Ogue. 21:33-35. 33. Ogue, rei de Bas, saiu contra eles. Estes versculos so paralelos de Dt. 3:1-4 quase que palavra por palavra (exceto quanto ao pronome pessoal). O estrado de ferro da cama (ou sarcfago) de Ogue evidentemente despertou a curiosidade de Israel. A ateno especial que lhe foi dada aqui, sugere que o uso de ferro era coisa rara naquele tempo. (Com referncia ao seu tamanho, via Dt. 3:11; cf. coment. sobre 13:33).

Nmeros 22
5. Chegada s Plancies de Moabe. 22:1. 1. Acamparam-se nas campinas de Moabe. Acamparam em um lugar chamado Sitim (25:1), perto do qual o Jordo desemboca no Mar Salgado. Alm do Jordo, na altura de Jeric. Veja coment. sobre 34:15.
Segunda Parte. Intriga Estrangeira Contra Israel. 22:2 23:30.

Os captulos 22 a 25 formam uma diviso literria entre as duas metades lgicas do Livro de Nmeros. Em nenhum lugar dos captulos 22 a 24 temos a costumeira frmula, "Deus disse a Moiss", que se encontra em qualquer outro captulo. Esta seo, como o Livro de J, pode ter se originado fora de Israel. Embora sejamos informados (Dt. 23:5) que Moiss tinha conscincia das maquinaes de Balao, impossvel determinar se este material de fonte "estrangeira" tornou-se parte do registro sagrado sob a superviso de Moiss. Nmeros 22:4b que diz, Balaque .. . naquele tempo, era rei dos moabitas, aponta para a obra de escribas ps-mosaicos. A histria, ento, poderia ter sido inserida aqui, onde se encaixa cronologicamente e ao mesmo tempo

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 73 fornece uma articulao literria para a passagem da velha gerao para a nova, e um novo recenseamento e nova legislao apontavam para o estabeleci" mento na terra. Alguns comentadores tentam reduzir o destaque de Balao, o homem, nesta histria (ICC, pg. 316; seguido por IB, Vol. 2 pgs. 248263), vendo nele apenas os conceitos religiosos-polticos mais importantes da cultura representada. Mas Balao um carter to integral e fortemente definido que ningum poderia realmente apreciar a histria sem procurar entend-lo. Certamente o propsito da narrativa mostrar como Deus protegeu Seu povo dos desgnios malignos de um monarca pago, e a concupiscncia oculta de um profeta errante. Mas os feitos sutis de Balao e as suas poderosas palavras fazem da histria uma obra prima dramtica. O medo foi instilado no corao de Balaque, rei de Moabe, por causa da vitria de Israel sobre os amorreus. Mandou buscar Balao, um conhecido profeta ao norte da Mesopotmia, prometendo-lhe fama e riquezas em troca da maldio de Israel. Balao foi avisado pelo Senhor a que no fosse, e por isso ele recusou. Contudo, quando o Rei Balaque fez maiores promessas, o profeta tentou mudar a mente do Senhor. O Senhor, ento, permitiu que Balao partisse para Moabe. No caminho, Deus procurou, atravs de um anjo, comunicar ao profeta o seu aborrecimento. Mas s a jumenta de Balao viu o anjo do Senhor. A jumenta finalmente falou e repreendeu Balao por causa de sua cegueira espiritual. Ento os olhos do profeta se abriram e ele viu o anjo. O Senhor permitiu que Balao fosse a Moabe para que abertamente declarasse o propsito divino de realizar Sua antiga promessa feita a Israel. Balaque mostrou a Balao o acampamento de Israel de trs diferentes vantajosos pontos em sucesso, e em cada ponto o profeta pronunciou uma bno sobre Israel. Balaque, aborrecido, mandou que Balao nada mais dissesse. Mas o profeta continuou com outros orculos ainda, nos quais predisse no s a futura prosperidade e poder de Israel

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 74 como nao, mas tambm a destruio de Moabe, Edom, Amaleque, os quenitas e Assur. I. O Fracasso de Balaque de Afastar o Senhor de Israel. 22:2 24:25. A. Balao Convocado por Balaque. 22:2-40. 4. Balaque, filho de Zipor, naquele tempo, era rei dos moabitas. Como referncia ps-mosaica, ou esta sentena foi acrescentada, ou reflete o fato de que toda a narrativa foi inserida em poca ps-mosaica (veja acima). 5. Petor, que est junto ao rio Eufrates, na terra dos filhos do seu povo. O ICC declara que algum editor confundiu dois lugares diferentes na compilao de diversas histrias. O rio o Eufrates; a terra chamada de Aram dos dois rios em Dt. 23:4. Esta rea era tanto a terra dos ancestrais de Moabe atravs de L (Gn. 19:37) como dos ancestrais de Israel atravs de Abrao. Har, o pai de L, morreu na sua terra natal, em Ur dos caldeus (Gn. 11:28). H evidncias de que Ur era possivelmente uma cidade ao norte da Mesopotmia e no a antiga cidade sumeriana ao sul da Mesopotmia (JNES XVII, 1958, pgs. 2831, 252), A famlia de L continuou adorando o senhor, mas os descendentes de L, os moabitas e os amonitas, adotaram os deuses dos povos entre os quais se estabeleceram. O fato de haver um profeta do Senhor na rea chamada Aram Naharayim (Gn, 24: 10), encaixa-se em todo o quadro bblico. 6. Sei que, a quem tu abenoares ser abenoado. Balao era, ao que parece, um profeta popular e tambm um profeta do Senhor (Jeov). Balaque, portanto, enviou "o preo dos encantamentos" (v. 7), na esperana de que tal combinao de talentos teria efeito contra Israel. Se Balao era um verdadeiro profeta desviado ou um friso profeta que recebeu o poder de Deus, no podemos ter certeza. Os comentrios sobre ele em outros lugares do V.T. e N.T., so consistentemente depreciativos

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 75 (Nm. 31: 8, 16; Dt. 23:5, 6; Js. 13:22; 24:9; Ne. 13:2; II Pe. 2:13-15; Jd. 11; Ap. 2:14). Embora alguns escritores tenham apresentado o fraco argumento de que, em Mq. 6:5, Deus fala bem de Balao, na realidade ali o Senhor s fala bem de Sua prpria bno sobre Israel proferida atravs do profeta infiel, no fazendo comentrios sobre o carter de Balao. Em Is. 13:22 Balao chamado de adivinho (haqqosem), e os adivinhos eram abominao para o Senhor (Dt. 18:10). Poderamos comparar este profeta com Simo, o Mago (Atos 8:13-24, um crente confuso que procurou combinar seus poderes de adivinho com o poder do Esprito Santo.) Nmeros 24:1 nos informa que Balao fazia uso de augrios (neheishim). 7. Levando consigo o preo dos encantamentos. A histria mostra o notvel contraste entre o conceito pago de que o profeta fosse um manipulador dos deuses e a idia hebraica de que Deus era o Determinador soberano de tudo o que acontece, "que abenoa a quem abenoa e amaldioa a quem amaldioa" (v. 6). 18. Ainda que Balaque me desse a sua casa cheia de prata e de ouro, eu no poderia traspassar o mandado do Senhor. Embora fossem grandes palavras, no correspondiam ao seu corao (cf. v. 18). Deus tinha falado, mas Balao esperava que alguma mudana tornasse possvel a sua ida. E Deus permitiu que fosse, para mostrar de maneira dramtica Sua escolha soberana de abenoar Israel. 22. Acendeu-se a ira de Deus, porque ele se foi. O uso de um particpio no hebraico sugere a traduo, "Acendeu-se a ira de Deus quando ele ia". Embora Deus acedesse ao desejo de Balao, concedendo que fosse, Sua ira acendeu-se por causa do corao do profeta que era dominado pelo amor ao "salrio da injustia" (II Pe. 2:15). 25. E comprimiu contra este (muro) o p de Balao. O esmagamento do p pode estar refletido na palavra shepi (23: 3), a qual, conforme tem-se dito, pode vir de uma raiz acadiana, shepu, que significa "com passo prejudicado". A E.R.A. traduz shepi para "morro desnudo" e a E.R.C, para "um alto" (23:3).

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 76 28. O Senhor fez falar a jumenta. Ser que a jumenta enunciou sons audveis, ou teria sido apenas uma experincia na mente de Balao? A verdade provavelmente se encontra de ambos os lados. Embora a apario do anjo e a voz da jumenta no fossem alucinaes, parece que aquele foi visto e esta ouvida apenas por Balao e no pelos outros que se encontravam presentes como foi o caso diversas vezes no Novo Testamento (Atos 9:7; 22:9; Jo. 12:28, 29). Na estrada de Damasco houve fenmenos fsicos que s Paulo entendeu; assim Balao, por causa da combinao de sua confuso mental e espiritual, no pde ver o anjo at que Deus lhe abriu os olhos. Nem outros poderiam ter compreendido a jumenta se Deus no lhes desse a capacidade. 35. Vai-te com estes homens. Como em 22:20, Deus disse a Balao que fosse, Ele no estava zangado, portanto, pelo fato do profeta ir, mas por causa das suas motivaes. Os homens no podem facilmente determinar as motivaes dos outros, mas Deus pode. Temos o comentrio divino no restante das Escrituras para nos orientar, e Nm. 31:16 prova que Balao foi reprovado. Alm disso, a histria no pode ser compreendida de outra maneira, a no ser que adotemos o dbio expediente de que a narrativa seja a juno de diversas histrias diferentes (cons. ICC). 38. Acaso poderei eu agora falar alguma coisa? A palavra que Deus puser na minha boca, essa falarei. Balao no falou aos moabitas da inteno divina revelada de abenoar Israel. E por isso o melhor que se pode dizer desta resposta que ela ambgua, provavelmente porque Balao esperava que Deus mudasse de opinio. Balaque entendeu, portanto, que a vinda de Balao indicava sua disposio de amaldioar Israel. B . Os Orculos de Balao. 22:41 - 24:25. Notveis lingistas semitas vem nesta poesia um reflexo da Era de Moiss. A forma da 1inguagem, o assunto, os termos tcnicos e os nomes prprios, tudo tende a sustentar a opinio de que foram

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 77 pronunciamentos autnticos de um poeta dos meados do segundo milnio. Balao chama cada poema de meisheil, traduzido para "palavra" em 23:7,18; 24: 3, 15. Meisheil no pode ser limitado a parbola ou provrbio; antes, tem um significado to amplo que se aplica a toda a literatura da Sabedoria. A poesia hebraica tem como aspecto principal o paralelismo de pensamentos, linhas e estrofes, em forma oposicional, oposicional ou progressiva. Os orculos de Balao exibem tudo isto e, ainda mais, tm um sabor arcaico e muitas vezes aramaico, que aponta para a antiguidade e origem (de Aram) do personagem que fala. William F. Albright, que produziu uma obra definida e erudita sobre estes orculos, diz: "Nada h no assunto dos poemas que indique uma data no sculo dcimo ou mais tarde para a sua composio" (JBL, Setembro, 1944, pg. 227). Ele observa que o nome de Balao caracterstico do segundo milnio A.C. (2000-1000), e que sobreviveu em diversos lugares, os quais todos retrocedem ao sculo quinze. Ento ele declara que Balao era realmente "um adivinho norte-siro do Vale do Eufrates", que "passou algum tempo na corte moabita . . . convertendo-se ao Jeovismo, abandonando Israel mais tarde para juntar-se aos midianitas na luta contra os jeovitas (Nm. 31:8,16)" (JBL, Setembro, 1944, pgs. 232, 233). Um exame adequado dos poemas no seria possvel aqui. Por isso oferecemos uma traduo particular, a qual, esperamos, vai esclarecer alguns pontos e ilustrar a estrutura potica.

Nmeros 23
Primeiro Orculo. 23:7-10. O poema contm um padro de 1-2-1-2-1 de parelhas de versos, paralelos, sendo a ltima, a concluso que expressa o pensamento nostlgico de que Balao gostaria de participar da bno de Israel.
7. Balaque me trouxe de Aram, O rei de Moabe das colinas do leste.

Nmeros (Comentrio Bblico Moody)


V, amaldioe-me Jac, V, condene Israel'. 8. Como amaldioarei se Deus no amaldioou? Como condenarei se Deus no condenou? 9. Do alto das montanhas eu vejo. Das colinas eu observo. Eis que um povo vive sozinho, Entre as naes no est reconhecido. 10. Quem pode contar a poeira de Jac, Ou enumerar a nuvem da poeira de Israel? Que eu morra a morte de um homem justo. Que o meu fim seja como o seu!"

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Segundo Orculo: 23:18-24. Balao encara o Senhor aqui como Aquele que o fora a abenoar Israel, porque Ele tem de cumprir a Sua palavra empenhada. O Senhor a fonte da fora do Seu povo; por isso nenhum encanto faria efeito contra ele. Balao conclui comparando Israel a um leo que espreita, que apanha e devora a sua presa. Na frase, aclamaes ao seu rei (v. 21), seguimos a LXX, o Targum de Onkelos e o Pentateuco Samaritano, e traduzimos para majestade real.
Introduo 18. "Levante-se, Balaque, e oua: Oua o meu testemunho, Filho de Zipor. Estrofe 1 19. Deus no um homem, para que possa mentir. Nem um ser humano, para que se arrependa. Aquilo que diz, no o faria? Aquilo que decreta, no o realizada? 20. Eis que eu aprendi a abenoar, E abenoarei porque no posso fazer outra coisa. 21. A iniqidade no se encontra em Jac, Nem a perversidade est evidente em Israel.

Nmeros (Comentrio Bblico Moody)


Estrofe 2 O Senhor seu Deus est com ele, E a majestade real o acompanha. 22. Quando Deus o retirava do Egito, Ele tinha a fora de um boi selvagem. 23. Pois no pode haver encantamento contra Jac, Nem agouro contra Israel. Agora se dir de Jac, E tambm a respeito de Israel: O que Deus fez! Concluso 24. Eis um povo que se levanta como a leoa, Que se exalta como um leo, Que no se deita at que devore a presa, E lamba o sangue dos mortos".

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Nmeros 24
Terceiro Orculo. 24:2-9. As duas estrofes principais deste poema fazem um contraste de Israel na paz e na guerra. Entre os povos do Oriente Prximo da antiguidade, esta era a maneira favorita de descrever-se uma nao. Os padres de guerra e paz das Tumbas Reais de Ur (J. Finegan, Light From the Ancient Past, figura 16) exemplificam eficazmente este costume. O poema tambm exibe simetria nas parelhas de versos paralelos da abertura e da concluso, que so as nicas linhas com o pronome "te" em relao a Israel. Embora a parelha que conclui a primeira estrofe seja declaradamente difcil, este escritor tem certeza de que se refere aos galhos das rvores mencionados nos versos precedentes. Ezequiel 31 usa a mesma figura ("os cedros" so a Assria) e a mesma raiz deila, com referncia aos galhos do cedro que crescem junto a muitas guas. Em Ez. 19 Israel "uma videira junto a muitas guas" e "um leo devorador". A primeira parelha da segunda estrofe deste orculo no se

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 80 encontra em nosso texto hebraico, mas vem da LXX. Talvez represente uma famlia de manuscritos inferiores LXX que preservaram este versculo, mas perderam a parelha anterior. Esta parelha d uma transio entre as estrofes sobre a guerra e a paz.
Estrofe 1 5. Como so agradveis as tuas tendas, Jac, Tuas habitaes, Israel. 6. Como vales de rios que se estendem, Como jardins junto a um rio, Como rvores de sndalo que o Senhor plantou, Como cedros junto s guas, 7. Com o orvalho pingando dos seus ramos, Com suas sementes entre muitas guas. Estrofe 2 8. Pois quando Deus o trazia do Egito, Ele tinha a fora de um boi selvagem. As naes, suas adversrias, ele devorar, Seus ossos quebrar em pedaos, E com suas flechas as atravessar. 9. Ele rasteja, ele se deita, Como um leo, como um leozinho. Quem pode levant-lo? Concluso Bendito quem te abenoar, Maldito quem te amaldioar".

Quarto Orculo. 24:15, 19. Balao se apresenta (estrofe 1) com as mesmas palavras que usou em 24: 3,4. A traduo das ltimas palavras da estrofe introdutria, "que tem olhos verdadeiros", tem o apoio de um texto de magia fencia que usa uma expresso idiomtica semelhante (Albright, JBL, Setembro, 1944). Aqui se prediz o Rei Davi como a estrela de Jac que viria a destruir ambos, Moabe e Edom. A traduo da ltima tinha, "o remanescente de Seir", envolve uma ligeira comea do texto, no que o contexto favorece.

Nmeros (Comentrio Bblico Moody)


Estrofe 1 15. "Orculo de Balao, filho de Beor, Orculo do homem que tem olhos verdadeiros. 16. Orculo daquele que ouve as palavras de El, Aquele que conhece a sabedoria de Eliom. Aquele a quem foi revelado o que Shadai v, Aquele que est prostrado mas de olhos abertos. Estrofe. 2 17. Eu vejo, mas no agora, Eu contemplo, mas no de perto. A estrela de Jac governar, O cetro de Israel se levantar, E esmagar a fronte de Moabe, E arrancar a cabea dos frios de Sete. 18. E Edom ser desapossado. At Seir est desapossado por seus inimigos. 19. Mas Israel far maravilhas; Jac exercer o domnio, E o remanescente de Seir ser destrudo".

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Quinto Orculo. 24:20. A destruio dos amalequitas foi um feito particularmente davdico.
Ento ele viu Amaleque .. . e disse, "A primeira das naes Amaleque, Mas seu destino final a eterna destruio".

Sexto Orculo. 24:21, 22. Conforme Albright destaca (JBL, 1944, Vol. 63, n. 3, pg. 227), a nica ocasio em que os queneus (ferreiros) foram povo autnomo foi durante a Era Mosaica, de modo que o orculo no pode ter vindo do sculo dcimo, conforme muitos do a entender. Assur (v. 22) era nome de uma tribo rabe que vivia no mesmo territrio dos queneus (cons. Gn. 25:3); mas tambm o nome dado aos assrios. Estes ltimos no tinham contato com os queneus como povo distinto. Trocando-se duas letras na palavra queimado (consumido), a sentena ficaria assim, "Os quenitas

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 82 pertencero a 'eber ('o hebreu')". Os quenitas foram realmente assimilados pelos israelitas e fizeram parte do Israel do norte (Jz. 4:17; 5:24) quando foram levados ao cativeiro pelos assrios em 722 A.C.. Contudo, W.F. Albright acha que "Assur" um verbo, "eu olho atentamente"; mas isto faz pouco sentido at mesmo como uma emenda.
Ento ele viu o quenita e... disse, "Duradoura a sua habitao; Seu ninho est nas rochas. No obstante o quenita ser queimado, At que Assur o leve prisioneiro".

Stimo Orculo. 24 : 23, 24. Seguimos Albright parcialmente na traduo desta difcil passagem. Na primeira linha preferimos a palavra aramaica haya, "mostrar ou tornar conhecido", a uma raiz rabe semelhante significando "reunir". Albright diz que a passagem se refere invaso dos povos mediterrneos que levaram os filisteus das ilhas egias para a terra de Cana, em estgios, durante o segundo milnio. Surge novamente a questo, Assur seria os assrios distantes, ou simplesmente uma tribo rabe relacionada com os midianitas atravs de Quetura, mulher de Abrao? Esta ltima situao se encaixaria no quadro se Balao estivesse falando sobre os primitivos povos martimos do mundo egeu. O primeiro ponto de vista costuma ser interpretado de vrias maneiras: Assur (Sria) dos selucidas; ou 2) Assur como Prsia, e "navios de Quitim" como Alexandre, o Grande (cons. I Mac. 1:1).
23. Retomou a sua parbola e disse, "Ilhas que so conhecidas no lado do norte, 24. At os navios da costa de Quitim, Eles afligiro Assur, Afligiro at o seu quartel (ou, 'eber, 'o hebreu') E ele tambm perecer".

Nmeros (Comentrio Bblico Moody)

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Nmeros 25
II. O Sucesso de Balaque em Afastar Israel do Senhor. 25:1-18. Nmeros 31:16 mostra que Balao, que no conseguiu desviar Deus do Seu povo, teve sucesso em desviar alguns dentre o povo de Deus. O Novo Testamento fala de "o caminho de Balao" (II Pe. 2:15), referindose ao seu amor ao "salrio da injustia" (cons. Nm. 22,24), e "doutrina de Balao" (Ap. 2:14), referindo-se a este incidente. A. O Pecado de Baal-Peor. 25:1,5. 2. Convidaram o povo aos sacrifcios dos seus deuses. O sujeito estas feminino, referindo,se s filhas de Moabe, com as quais os homens de Israel fornicaram. Balaque, a conselho de Balao (Ap. 2:14), usou este mtodo para enfraquecer Israel. 3. Juntando-se Israel a Baal-Peor. Possivelmente Baal de BetePeor (Dt. 3:29 ; 4:46). No culto a Baal, havia os festivais da primavera que dramatizavam, ao vivo, a cpula de Baal com a deusa da fertilidade. A arqueologia descobriu que os devotos de Baal praticavam a prostituio como parte de sua adorao. Esta prtica srdida foi adotada pelos israelitas. Legislao contra a prostituio masculina e feminina foi dada em Dt. 23:17. 4. Toma todos os cabeas do povo. Convoque os ancios para julgamento. E enforca-os. Isto , os fornicadores. O verbo est um tanto obscuro. Poderia ser "mata-os". B. O Zelo de Finias. 25:6-18. 8. Foi aps o homem . . . at ao interior da tenda. O termo qubba, fora do comum, significando "tenda abobadada", indica a alcova onde Finias apanhou-os no ato (Delitzsch). 11. Estava animado com o meu zelo. Literalmente, zeloso com o meu zelo. Finias defendera o dio zeloso de Deus contra o pecado. Tal

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 84 dio perfeito ao pecado est detrs de todas as "difceis" pragas e imprecaes da Bblia. 13. Sacerdcio perptuo. Por causa desta aliana de paz (v. 12), os descendentes de Finias viriam a ser os sumo sacerdotes de Israel (cons. I Sm. 14:3; 22:11, 20). Continuaram assim atravs de toda a histria do Tabernculo e do Templo. 14. Casa paterna. A casa de um pai, conforme usado em 1:2 e outras passagens, significa uma subdiviso de tribo. 15. Cosbi, filha de Zur. Este homem foi alistado como um dos cinco reis de Midi. Aqui ele chamado de "cabea de um cl". 17. Afligireis os midianitas. Matar a filha de um rei s podia significar guerra. Deus fez Israel se lembrar de que tinha uma justa razo para estar em p de guerra com Midi. Os midianitas e os moabitas eram confederados na oposio ao povo escolhido de Deus, ambos estavam implicados na contratao de Balao (22:4) e neste caso de Peor (v. 18).
Terceira Parte. Preparativos para Entrada na Terra. 26:1 36:13.

Deste ponto at o fim de Nmeros 36, o assunto principal est diretamente 1igado entrada de Israel na terra prometida, uma nova convocao de guerreiros (cap. 26), problemas de herana de filhas e a consagrao de um sucessor de Moiss (cap. 27), a diviso da terra e orientao para o estabelecimento da terra (caps. 32; 34) e o estabelecimento das cidades levticas (cap. 35).

Nmeros 26
I. Segundo Recenseamento nas Plancies de Moabe. 26:1-65. 5. Rben, o primognito de Israel. Este recenseamento, em contraste ao do Sinai, faz uma lista das famlias das diferentes tribos, tendo em vista a herana delas (cons. Gn. 46).

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 85 11. Mas os filhos de Cor no morreram. Nem toda a famlia de Cor foi destruda. Provavelmente Cor tinha filhos adultos com suas prprias casas, que no tiveram de participar do julgamento do pai (cons. coment. sobre cap. 16). Alguns dos filhos de Cor ficaram famosos em Israel. O profeta Samuel e o cantor Hem (I Cr. 6:33-37; cons. Sl. 88, o ttulo). 51. Seiscentos e um mil setecentos e trinta. Israel multiplicou-se fenomenalmente no Egito (x. 1:20). Por que, ento, depois de trinta e oito anos de peregrinao no deserto, a nao permaneceu aproximadamente dentro do mesmo nmero do Sinai? A resposta jaz nos versculos 64, 65, os quais mostram que apenas trs dos 603.550 (Nm. 2:32) ficaram vivos. Alm disso, Israel passou por diversas pragas srias durante este perodo, a ltima das quais levou 29.000 vidas. 53. A estes se repartir a terra. Alm de informaes adicionais para propsitos militares, este recenseamento teve tambm a inteno de fornecer uma base para a diviso da terra. As tribos maiores herdariam mais terra e as menores, menos, com a distribuio das tribos a ser decidida por meio de sortes (26:54-56; 33:54). 59. A mulher de Anro chamava-se Joquebede, filha de Levi . . . teve ela de Anro a Aro e a Moiss, e a Miri. Alguns acham que Anro e Joquebede eram antepassados, mas no o pai e a me de Moiss. Eles dizem que a genealogia de Coate, Anro e Moiss curta demais para que houvesse 8.600 coatitas de um ms para cima (3:27, 28) no tempo de Moiss. Contudo, se o pai de Moiss tivesse filhos com outras esposas e seus tios cada um tivesse filhos com diversas esposas, cada um dando incio a uma nova gerao (tendo Moiss oitenta anos antes de sair do Egito), ento 8.600 primos com a idade de Moiss, alm de primos segundos e terceiros at aqueles com um ms de idade, no seria um nmero exorbitante de se aceitar.

Nmeros (Comentrio Bblico Moody)

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Nmeros 27
II. A Lei da Herana. 27:1-11. 4. D-nos possesso entre os irmos de nosso pai. O manassita Zelofeade teve cinco tribos e nenhum filho. Essas filhas fizeram ver que se, como filhas, no podiam herdar a terra, ento a herana de seu pai desapareceria. Deus confirmou a Moiss a muito conhecida proviso pela qual as filhas poderiam herdar a terra (Js. 17:3,6). Mas o prximo na linha da herana ter de ser os irmos paternos do falecido, os tios paternos e, ento, o parente mais prximo, Contudo, as filhas tinham liberdade de se casar, e seus filhos continuariam a genealogia de seu pai e herdariam suas terras. Assim Jair fui o herdeiro de Manasss em 32:41 e Dt. 3:14 (cons. tambm I Cr. 2:34, 35). Semelhante a esta era a lei do casamento em levirato, pelo qual uma viva sem filhos casava-se com o parente mais prximo de seu marido, para que o seu nome e sua herana no desaparecessem. Ambas estas leis se baseavam no princpio de que a terra que o Senhor dava a uma famlia, no deveria nunca ser vendida ou passada a outra famlia (Lv. 25:23). O costume da propriedade inalienvel, sabe-se agora, era praticado h muito tempo antes de Moiss, do que testificam as falsas adoes em Nuzu (C.H. Gordon, Old Testament Times, pg. 101). Os hebreus geralmente seguiam a tradio de seus antepassados, atravs da qual uma herana passava de pai para os filhos (Dt. 25:5-10). Mas no Egito, onde passaram muitos anos, a herana passava atravs das mes. Sob uma circunstncia atenuante, o que est sendo permitido no texto. III. Escolha do Sucessor de Moiss. 27:12-23. 12. Sobe este monte Abarim. Abarim era o nome da serra que confina com o corte geolgico que forma o Vale do Jordo e o Mar Salgado (Nm. 33:47,48). Uma parte desta serra, chamada Monte Pisga, tinha um pico chamado Nebo, onde Moiss veio a morrer (Dt. 34:1). Provavelmente a cidade chamada Nebo (Nm. 32:38) deu o seu nome a

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 87 esta elevao. Est evidente que em 32:1 a cidade de Jaezer deu o seu nome ao territrio ao seu redor, e pela mesma razo o povo de Tiro era s vezes chamado de sidnio. 16. Autor e conservador de toda vida. Veja observao sobre 16:22. 17. Que saia adiante deles, e que entre adiante deles. O hebraico costuma usar antnimos para expressar totalidade. Josu seria o homem que estaria com eles em qualquer situao. Para que a congregao do Senhor no seja como ovelhas que no tm pastor. Moiss acabara de ser lembrado que no entraria na terra por causa do Seu pecado junto s "guas de Merib", em Cades. Mas o esprito de Moiss era como o de Cristo que, sem auto-piedade, embora rejeitado e enfrentando o Calvrio, foi tomado de compaixo pela multido que viu como ovelhas sem pastor (Mt. 9:36). 18. Toma a Josu. . . homem em quem h o Esprito. A palavra Esprito no tem artigo no hebraico. Embora a referncia primria aqui seja capacidade de Josu, ele recebeu tambm capacitao divina. A Bblia diz que ele "estava cheio do esprito de sabedoria, porquanto Moiss havia posto sobre ele as suas mos" (Dt. 34:9). E impe-lhe a mo. A imposio de mos como um smbolo de concesso de autoridade ou transmisso de responsabilidade antiga prtica bblica. Jac seguiu este costume quando transmitiu bnos aos filhos de Jos (Gn. 48:14). O povo de Israel transferiu sua responsabilidade impondo as mos Sobre os levitas (Nm. 8:10), e os levitas transferiram sua prpria culpa para os novilhos da expiao impondo-lhes as mos (8:12). A prtica continuou nas sinagogas e foi adotada pelos apstolos (Atos 6:6; I Tm. 4:14). 19. D-lhe, vista deles, as tuas ordens. O hebraico diz ordena-lhe. A ordem era para todo o povo, alm de Josu (veja Dt. 31). 20. Pe sobre ele da tua autoridade, para que lhe obedea toda a congregao. Esta autoridade Josu precisava a fim de ser respeitado pelo povo como lder.

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 88 21. Apresentar-se- perante Eleazar. . . o qual por ele constituir, segundo o juzo do Urim. A autoridade de Josu no seria igual de Moiss, cuja comunho com o Senhor era direta (Nm. 7:89; 12:7, 8). Josu dependeria do uso do Urim e Tumim (x. 28:30) por Eleazar, o Sacerdote. No sabemos, hoje, como o Sacerdote usava este meio de determinar a vontade de Deus. IV. Terceira Lista Sacerdotal. 28:1 29:40. Os dois captulos de Nm. 28 e 29, como Lv. 23, do o esboo de todo o ritual anual. Mas aqui se trata das quantidades das ofertas, tendo em vista o estabelecimento de Israel na terra. Os meses so numerados, e o ano ainda dividido pela comemorao de uru festival no comeo do stimo ms (Nm. 29:1). O primitivo calendrio religioso hebreu era controlado pelas estaes da agricultura, o que se constata do nome Abibe "a primeira cevada amadurecida" (x. 13:4) e do Calendrio de Gezer, em uma placa israelita do sculo dez (G.E. Wright, Biblical Archaeology, pgs. 180,181). Tal dependncia das estaes solares (Dt. 16:9) evitou que o calendrio dos israelitas se afastasse das estaes do ano, como o calendrio religioso rabe hoje em dia, pois os hebreus inseriam um ms extra quando fosse necessrio. Nestes captulos, os meses (as luas novas) eram indicadas pelo tocar das trombetas de prata, fornecendo um meio prtico de cumprir o ano ritual aqui prescrito. Em sua rstica simplicidade os hebreus evitavam os complicados problemas do calendrio egpcio de 365 dias, baseado na observao das estrelas, o qual, embora sofisticado, perdia um quarto de dia e, no devido tempo, alterava completamente o calendrio em relao s estaes. Por outro lado, os hebreus, ao que parece, tomaram emprestado o sistema egpcio de numerar os meses, enquanto a maior parte dos semitas davam-lhes nomes. Contudo, Israel no o fazia oficialmente, at depois do Exlio, quando adotaram as designaes babilnicas.

Nmeros (Comentrio Bblico Moody)

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Nmeros 28
A. Introduo. 28:1, 2.
2. Minha oferta, do meu manjar para as minhas ofertas queimadas.

O manjar de Deus aqui mencionado no era aquele que os sacerdotes recebiam como sua parte, mas antes o alimento que subia na fumaa das ofertas queimadas. O pensamento que Deus come e bebe com seus adoradores, o qual, longe de ser uma noo primitiva, foi transportado para o N.T. na ordenana paralela da mesa do Senhor, a Comunho. B. Ofertas Dirias. 28:3-8.
5. Um efa de flor de farinha . . . um him de azeite batido. A farinha era o solet, farinha fina, e o azeite era de azei, tonas batidas ou esmagadas,

muito caro, embora prescritos no Sinai e repetidos aqui, destinavam-se especificamente para aqueles que iam se estabelecer na terra. C. Ofertas Sabticas. 28:9, 10. 10. Alm do holocausto contnuo. As ofertas eram comutativas, a oferta sabtica sendo acrescentada oferta diria, e assim por diante no demais destes dois captulos. D. Ofertas Mensais. 28:11-15. 11. Nos princpios dos vossos meses (luas novas). Uma vez que o ponto destacado so as quantidades das ofertas, a orientao para o tocar das trombetas de prata (cons. 10:10) foi omitida, embora destacada como parte do festival religioso no comeo do stimo ms (29:1). De acordo com 10:10, as trombetas eram regularmente tocadas nas luas novas. O costume foi possivelmente designado com significado civil e tambm religioso para o povo. 15. Um bode como oferta pelo pecado. Uma oferta pelo pecado era acrescentada pua resolver os pecados que no fossem expiados durante aquele ms.

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) E. Ofertas Anuais. 28:16 29:40. 1) Festa dos Pes Asmos. 28:16-25.

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16. No primeiro ms, aos catorze dias do ms, a pscoa. Nenhuma

oferta foi especificada para a Pscoa, porque estas instrues foram dadas para as ofertas pelos sacerdotes. A cerimnia do cordeiro pascal era um negcio familiar (x. 12:3-14, 21,22). 17. Aos quinze dias ... haver festa. A Festa dos Pes Asmos (massot) devia Ser comemorada desde o dia quinze at o dia vinte e um do primeiro ms (x. 12:15-17). Os dias primeiro e stimo deviam ser sbados, quando no se faria nenhum trabalho "servil" (Nm. 28:18, 25 ).
24. O manjar da oferta queimada . . . alm do holocausto contnuo se oferecer isto. Alm das ofertas dirias, estas outras festas especiais

deviam ser oferecidas diariamente durante a festa. 2) A Festa das Semanas. 28:26-31. 26. Quando trouxerdes oferta nova de manjares (cereais) ao Senhor, segundo a vossa festa de semanas. Levtico 23:16 fornece a chave para se compreender estas palavras. No dia seguinte aos sete sbados depois da Festa dos Pes Asmos (Pentecostes, Gr., "qinquagsimo dia"), o povo devia oferecer uma oferta de cereais das primcias. Os sacrifcios da festa a serem oferecidos nessa ocasio eram iguais aos oferecidos por ocasio dos pes asmos. 29. Uma dcima, para cada um dos sete cordeiros. O dcimo de uma efa devia ser oferecido junto com cada cordeiro. (Veja a mesma expresso nos vs. 13, 21).

Nmeros 29
3) A Festa das Trombetas. 29:1-6. 1. No primeiro dia do stimo ms, tereis santa convocao. A lua nova do stimo ms era um dia de sacrifcios acumulados, incluindo os sacrifcios dirios, os sacrifcios regulares das luas novas, mais aqueles que marcavam o incio da segunda metade do ano (cons. Lv. 23:24).

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 91 4) Dia da Expiao. 29:7-11. 7. No dia dez deste stimo ms . . . afligireis as vossas almas. Meno especial se faz do arrependimento e auto-exame neste importante dia quando o sacerdote entrava por trs do vu para fazer expiao por si mesmo e por todo o povo (Lv. 16:29, 34; 23:26-32). 5) A Festa dos Tabernculos. 29:12-40. 12. Aos quinze dias do stimo ms . . . celebrareis festa. Esta festa era o clmax do ano religioso. A ateno dada oferta dos novilhos em cada dia indica a importncia da festa. Setenta novilhos ao todo eram oferecidos, comeando com treze no primeiro dia, doze no segundo, e assim por diante, at os sete novilhos do stimo dia. Seguia-Se, ento, um oitavo dia Sabatino de ofertas. Tudo isto era feito alm das ofertas regulares dirias. Como no caso do tocar de trombetas mensal (10:10), presume-se aqui que tais detalhes como o habitar em cabanas j eram conhecidos (Lv. 23:40-44). Os sacrifcios animais eram multiplicados nesta poca porque era uma "festa" (hag); no um "jejum". Com exceo da Pscoa e do Dia da Expiao, quando havia aflio de almas, o povo festejava em seus dias especiais. Embora algumas ofertas pelos pecados Sempre fossem prescritas, a maior parte destas ofertas eram ofertas de consagrao e ao de graas 39. Alm dos vossos votos, e das vossas ofertas voluntrias. Alm da apresentao das ofertas prescritas, o povo sentia-se sempre encorajado a tomar votos de consagrao (Nm. 6) e a fazer ofertas voluntrias em gratido a Deus por causa de Sua proviso generosa.

Nmeros 30
V. A Validade dos Votos das Mulheres. 30:1-16. Cada civilizao arquiteta maneiras de tornar constrangentes os propsitos humanos. Nas questes civis, o mundo bblico usou tanto o documento assinado como o juramento oral. Nas questes religiosas o

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 92 povo fazia votos. A inteno no enunciada, tomava-se constrangente se enunciada em palavras. As leis que regulam os votos esto expostas em Dt. 23; Lv. 27 e Nm. 6; mas aqui se d nfase especial sobre a validade do voto de uma mulher. O Senhor orientava que o pai ou o marido de uma mulher podia invalidar seus votos, se sentisse que ela no podia arcar com aquela responsabilidade. Ele poda sustentar o voto dela com o silncio ou torn-lo invlido atravs do seu veto. O pai tinha autoridade absoluta sobre uma iria solteira em tais assuntos, e um marido sobre a esposa. As mulheres em geral no eram instrudas quanto aos detalhes das cerimnias religiosas e portanto podiam fazer votos precipitados (veja obs. sobre 6) ou votos que prejudicassem a sua famlia. Uma esposa desleal podia fazer de propsito um voto ou juramento que prejudicasse o seu marido. Por isso a capacidade legal dele invalidar o voto da esposa, protegia suas propriedades, uma vez que o voto podia incluir o pagamento de uma grande soma em dinheiro. Se o voto fosse do tipo que impusesse uma aflio ou proibio esposa, o marido tinha a liberdade do validar o voto e partilhar do fardo, ou de vet-lo. 5. Mas se o pai ... o desaprovar. Um dos verbos usados para expressar a invalidao do voto da mulher heni', "impedir, restringir, ou frustrar". A raiz, embora rara, foi grandemente usada om Nmeros e aparece em 14:34 (veja observao), onde somos informados que, durante quarenta anos, Deus frustrou, ou impediu que Israel entrasse na terra prometida. A mesma raiz tambm foi usada para descrever o que os espies fizeram, isto , "desencorajaram o corao dos filhos de Israel" (32:7, 9). Aqui em Nmeros 30, faz-se proviso para que uma filha seja perdoada, se for impedida pelo pai de cumprir o seu voto; e para o marido de "frustrar" a inteno de sua esposa para o bem de sua casa. 6. Dito irrefletido dos seus lbios. A fora desta clusula est no "dito irrefletido dos seus lbios". Foi assim irrefletidamente que Moiss falou junto s guas de Merib (Sl. 106:32, 33). 15. Porm se lhos anular. . . responder pela obrigao dela. Deixar de cumprir um voto era pecado. Se um marido invalidava o voto

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 93 de sua esposa, tinha de responder pela iniqidade dela. Isto , devia cumprir todo o cerimonial e exigncias legais como se o pecado fosse dele prprio.

Nmeros 31
VI. Guerra contra Midi. 31:1-54. O Senhor ordenou a destruio dos midianitas porque constituam o povo desprezvel e responsvel pela orgia de Baal-Peor (cap. 25). (Para tomar conhecimento da degradao dos cultos cananitas, veja G.E. Wright, Biblical Archaeology, pgs. 111-119.) Quando os guerreiros hebreus retornaram da batalha, com as mulheres e crianas midianitas cativas, Moiss f-los lembrar que essas mulheres eram as mesmas de Baal-Peor, que eram moralmente baixas e que por isso deviam morrer. Pode parecer um julgamento cruel, mas era dos males o menor. A alternativa era deixar que as midianitas vivessem e corrompessem Israel, o que seria transigir com o sofrimento humano e desonrar a Deus. As crianas midianitas do sexo masculino tambm foram mortas, pois se fossem criadas entre os filhos de Israel, teriam destrudo a herana deles. As nicas que ficaram com vida foram as moas virgens, as quais poderiam ser assimiladas por Israel. Tempos depois o mesmo princpio foi aplicado naqueles casos em que mulheres no israelitas (mas nunca homens) tornavam-se parte da linhagem messinica (Raabe e Rute por exemplo). Nada se diz da luta com Madi, o que indica que o propsito central deste longo captulo foi estabelecer a lei relativa aos despojos e prisioneiros de guerra. Caso contrrio a derrota de Midi poderia ter sido mencionada em alguns poucos versculos (cons. o tratamento dado s vitrias sobre Arade, Siom e Ogue; Nm. 21). Esta lei especificava que todo o despojo tinha de Ser purificado, ou pelo fogo ou com "a gua da purificao" (31:23; 19:9). Metade dos despojos (de cativos e animais) era dos homens de guerra, e a outra metade para aqueles que ficavam no

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 94 acampamento. Ento, da metade que pertencia aos soldados, uma parte em quinhentos devia ser dado aos Sacerdotes como oferta ao Senhor. Da metade que pertencia ao restante da congregao, uma parte em cinqenta devia ser dado aos levitas. Depois da derrota de Midi, os soldados fizeram oferta especial do ouro e das jias que tomaram. Isto eles entregaram ao santurio "para fazer expiao" pelas suas "almas", A. Destruio de Midi. 31:1-18. 3. A vingana do Senhor contra eles. Vingar "punir justa ou merecidamente aquele que errou" (Webster). O Senhor convocou Israel para proporcionar tal castigo a Midi. Este mandamento, contudo, no justificativa para qualquer uma das guerras santas da era crist, pelo simples motivo de que nesta era no houve um Moiss que recebesse por meio de revelao a informao de quando e onde o Deus soberano queria se fazer vingado. 6. Finias . . . o qual levava consigo os utenslios sagrados. . . as trombetas. Este uso do Urim e das trombetas pelos sacerdotes na batalha (27:21; 1 Sm. 28: 6), os nomes singulares dos cinco reis de Midi (Nm. 31:8; Jz. 21:12), e a aceitao das virgens midianitas por esposas, todos so detalhes que se opem opinio defendida por alguns de que o captulo um Midrash posterior e portanto de pouco valor histrico (ICC, pg. 418). 17. Matai de entre as crianas todas do sexo masculino. O Senhor, e no Moiss, foi o responsvel por esta matana. Deus no disse que era Aquele que visita "a iniqidade dos pais nos filhos at terceira e quarta gerao daqueles que me aborrecem"? (x. 20:5). Se nos recusamos a reconhecer a prerrogativa de um Soberano justo de julgar o pecado, ns o reduzimos a algo menor que um homem pecador. B. Purificao dos Guerreiros. 31:19-24. 23. Tudo o que pode suportar o fogo. Nesta proviso o Senhor diferenciou entre aquelas coisas que podiam Ser purificadas pelo fogo

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 95 (metais) e aquelas que no podiam (gente e artigos de madeira). Tudo aquilo que no podia, inclusive os guerreiros e seus prisioneiros, tinham de ser purificados com "a gua da purificao" feita com as cinzas de uma novilha vermelha de acordo com a lei do captulo 19. C. Dividindo os Despojos da Guerra. 31:25-54. 30. De cada cinqenta um . . . e os dars aos levitas. Da metade que pertencia aos guerreiros, uma parte em quinhentos, devia ser dado aos Sacerdotes como oferta ao Senhor (v. 28). Aqui, uma parte de cada cinqenta da poro do povo foi destinado aos levitas. Mltiplos de cinco, ao que parece, prevaleciam para proslitos do fisco no mundo semita. Jos criou uma lei no Egito que estipulava um imposto de um quinto dos seus produtos (Gn. 47 : 26). 32. Seiscentas e setenta e cinco mil ovelhas. Diz-se que estes nmeros so elevados demais para serem autnticos. O recenseamento no captulo 1 e aquele do 26 apresentou um resultado de mais de 600.000 homens de guerra no exrcito de Israel. Compare com o recenseamento de Davi com 800.000 homens de guerra em Israel e 500.000 em Jud (II Sm. 24:9). No lgico que os crticos aceitem o recenseamento de Davi, mas duvidem das cifras de Moiss. A civilizao egpcia por trs de Moiss era muito mais sofisticada que aquela que sustentava Davi. No h maneira de se provar que as cifras de Moiss no so corretas.

Nmeros 32
VII. Estabelecimento de Duas Tribos e Meia na Transjordnia. (32:1-42) Rben e Gade, que tinham muito gado, vendo que as terras de Jazer e Gileade eram boas para pastagens, pediram a Moiss para ficar morando ali. Moiss temia que o estabelecimento das duas tribos a leste do Jordo pudesse abalar a moral do povo, como os "maus relatrios"

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 96 dos espies h trinta e sete anos antes. Ele os lembrou dos trgicos resultados da incredulidade de seus pais em Cades. Se agora eles por sua vez, disse Moiss, fugissem de enfrentar o inimigo, poderiam desencadear resultados semelhantes e a nao seria destruda. Rben e Gade aceitaram o conselho e de boa vontade ofereceram-se para lutar com seus irmos at que todos estivessem em suas herdades, retomando depois para seus lares. Moiss concordou com isto, com uma advertncia final de que fazer menos que isso seria pecado. E acrescentou: "Sabei que o vosso pecado vos h de achar" (v. 23). As duas tribos prometeram fazer conforme Moiss ordenara (v. 25). E assim Rben, Gade e a meia tribo de Manasss receberam inmeras cidades na Transjordnia. Reconstruram as cidades, deram-lhes novos nomes e providenciaram abrigos para o seu gado. A. A Resposta de Moiss ao Pedido de Gade e Rben. 32:1, 33. 1. Gado em muitssima quantidade. Grande parte deste gado foi adquirido por meio das conquistas (cap. 31) Contudo, Israel j tinha algum gado no deserto, que no era de todo estril (cons. 20:19). A terra de Jaezer, e a terra de Gileade. Jaezer estava na fronteira do territrio amonita (veja v. 32; cons. LXX, Nm. 21 : 24). A Transjordnia foi dividida em duas partes, norte e sul do rio Jaboque (JS. 12: 2). 4. A terra que o Senhor feriu. A terra foi descrita no pelas fronteiras incertas, mas pelas cidades fortificadas (v.3) que controlavam certas reas. A figura do Senhor ferindo a terra faz-nos lembrar que figuras semelhantes no Livro das Guerras do Senhor (21:14), as quais, como os grandes poemas picos, x. 15, Sl. 68 e Hc. 3, que descrevem o Senhor na pessoa de um guerreiro herico que funda ou salva uma nao. A mesma figura domina a literatura apocalptica da Bblia, a qual descreve o Senhor levando a nao ao seu destino final (cons. Is. 9:6 El gibbor, "o poderoso heri "). 7. Por que, pois, desanimais o corao dos filhos de Israel. Moiss temia que a sua proposta pudesse dar incio a uma onda de

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 97 complacncia entre as outras tribos, que j tinham enfrentado os perigos de um inimigo desconhecido. Se alguns poucos descansassem sobre os lauris de vitrias passadas, todos os demais no desejariam o mesmo? Como um lder enfrentando um problema de moral, Moiss estava justificado no severo tratamento que dispensou s duas tribos. A escolha que Moiss fez do verbo, lembrou-os da repreenso de Deus em 14:34 (cons. comentrio); e suas palavras destacaram aquele incidente para que no tornassem a fracassar totalmente diante do Senhor (32:11.13). A separao geogrfica dessas tribos alm do Jordo, veio a produzir nelas uma indiferena para com o bem-estar da nao, a ponto de Dbora, em seu cntico, chegar a desprez-los (Jz. 5:16, 17). O tempo comprovou que os temores de Moiss tinham fundamentos. 27. Cada um ornado para guerra. A raiz heilas, "cingir-se para a batalha", foi usado em 32:17, 20, 21, 27, 30, e em 31:3. O cinturo do heri, heilisa, com o qual ele se cingia, era equipamento padro para cada guerreiro. Veja II Sm. 2:21 (armadura) e Jz. 14:19 (despojou-os), que indica que arrancar este cinturo de um inimigo simbolizava vitria sobre ele. Os cintures dos soldados eram peas do seu equipamento to comumente aceitas na antiga arte semita, egpcia e grega, que no s os heris humanos, mas tambm os divinos so retratados com eles. De acordo com esse costume, o MesSias usa "o cinto da justia" e "o cinto da fidelidade" (Is. 11:5). (Veja C.H. Gordon, "Belt Wrestling in the Bible Word", Hebrew Union College Annual, Vol. XXIII, pg. 131). 30. Porm se no passarem, armados, convosco, tero possesses entre vs na terra de Cana. A fim de assegurar suas possesses na Transjordnia, tinham de ser armados para a guerra na presena de Deus quando Israel atravessasse o Jordo, comprovando assim que criam na promessa de Deus referente terra e que estavam prontos a confiar nele pela vitria final, as tribos que escolheram viver ao leste do Jordo ajudaram na conquista de Cana, retornando depois s suas herdades.

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 98 B. Cidades Reconstrudas por Rben e Gade. 32:34-3 8. 34-36. Os filhos de Gade edificaram . . . cidades fortificadas; e currais de ovelhas. Isto , reconstruram em cima das runas ou simplesmente ampliaram as cidades capturadas. Muitas dessas cidades foram citadas na famosa inscrio do Rei Mesha de Moabe, que data de 835 A.C., onde o rei de Moabe diz que "os homens de Gade habitaram na terra de Atarote", etc. Os currais eram grosseiros e cercados de pedra, iguais aos que continuam sendo usados at o dia de hoje naquela regio (cons. 10:1-18). 38. Nebo, e Baal-Meom, mudando-lhes o nome. Nebo pode ter recebido o seu nome de alguma divindade babilnica, enquanto Baal era um deus popular do panteo cananita. Os israelitas reagiram contra a concesso de reconhecimento aos deuses pagos em seus lugares de habitao. Escribas de pocas posteriores costumavam mudar as denominaes que continham o nome de alguma divindade pag (por exemplo, em I Cr. 8:33,34, dois dos filhos de Saul so chamados de Esbaal e Meribe-Baal; em II Sm. 4:4, 8 eles so Isbosete e Mefibosete). C. Gileade tomada pelos manassitas. 32:39-42. 41. E tomou as suas aldeias; e chamou-lhes Havote-Jair. O termo havvot, traduzido para aldeias, significa "aldeias de tendas"; mas isto apenas comprova que eram isso mesmo, pois Jz. 10:4 diz que eram trinta e as chama de "cidades". Embora no fossem mais "cidades de tendas", tambm no eram fortalezas, como Quenate, mencionada no versculo seguinte, onde o texto fala de Quenate com as suas aldeias. O povo que trabalhava nos campos, embora morasse em cabanas, podia encontrar refgio por trs dos muros da cidade-me, quando houvesse alguma invaso.

Nmeros 33
VIII. A Rota do Egito at o Jordo. 33:1-49.

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 99 Nmeros 33 d o itinerrio das viagens de Israel desde o dia em que saiu do Egito at a sua chegada s margens do Jordo, quarenta anos depois. No versculo 2 o escritor afirma que Moiss escreveu estes fatos de acordo com a ordem do Senhor. Aqueles que declaram que o captulo um composto de diversos documentos carecem de provas, pois no h evidncias de que uma autoria fraudulenta tenha desempenhado algum papel nos escritos hebraicos pr-helenistas. Nada se sabe da parte da viagem descrita nos versculos 18-30. Esta passagem descreve a rota durante os silenciosos trinta e sete anos aps a derrota em Horm (14:15). O captulo no menciona Cades quando os espias foram despachados (v. 18). O motivo pode ser o fato de Cades designar uma rea como tambm uma cidade no Deserto de Par-Sim e de Ritm ter sido um osis menor na regio de Cades. O acampamento cobria uma regio extensa que poderia ter includo ambas as cidades (cons. v. 49). Wadi Abu Retemat (cons. Ritm) fica perto de Ain Qadeis, a qual os modernos arquelogos esto convencidos de que ficava perto de Cades-Barnia (KD, Vol. III, pg. 243). 8. Deserto de Et. Chamada Sur em x. 15;22, Era uma rota antiga usada pelos patriarcas (Gn. 16:7; 20:1; 24:62; 25:18 ; 26:22). 13. Dofca . . . Alus. Atualmente Dofca foi identificada como Serabit el-Kadim, um centro mineiro egpcio (G.E. Wright, Biblical Archaeology, pg, 64). Todos os lugares mencionados nos versculos 5.12 se encontram na narrativa do xodo, exceto Dofca e Nus. 15. Refidim. Identificada pelos arquelogos como Wadi Refaid, perto do Monte Sinai. 31. Moserote. Este o lugar onde Aro morreu, de acordo com Dt. 10:6, 7. Ficava perto ou sobre o Monte Hor. Em Dt. 10:6, 7 estas cidades esto em ordem diferente, o que d a idia deste versculo (31) estar falando de viagens anteriores nesta regio, enquanto que os verscios 37-39 coincidem com Dt. 10:6, 7; Nm. 20:22-29. 36. Eziom-Geber (Elate). Este Tel el-Keleif no litoral norte do Golfo de caba, onde se descobriram as refinarias de cobre de Salomo.

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 100 42. Punom. Finam, ao norte de Edom, mencionada em fontes bizantinas, tambm era um centro mineiro de cobre (veja G.E. Wright, Biblical Archaeology,, Figura 35). 43. Obote. Identificada como Ain-el-Weiba, a oeste de Arab, cerca de 48 kms ao sul do Mar Salgado. 46. Dibom-Gade. Dibam, alguns quilmetros ao norte de Amom. A tribo de Gade herdou-as dos amorreus, que a tomaram dos moabitas (21:27-30). Mais tarde veio a ser a capital de Moabe, de acordo com a inscrio de Mesha (835 A-C.). 49. Desde Bete-Jesimote at Abel-Sitim. A extenso do acampamento de Israel, conforme se deduz do versculo, encaixa-se bem dentro dos grandes nmeros apresentados pelas listas do recenseamento.
IX. Orientao para o Estabelecimento em Cana. 33:50 35:34. A. Expulso dos Habitantes, Estabelecimento das Fronteiras, Diviso da Terra. 33:50 - 34:29.

A seo abre com uma frmula introdutria (33:50), que se repete em 35:1: "Disse mais o Senhor a Moiss nas campina de Moabe, junto ao Jordo na altura de Jeric". Moiss instruiu Israel a que se destrusse todos os dolos de pedra, imagens fundidas e os lugares altos do culto pago encontrados em Cana. Deviam expulsar os habitantes pagos, pois se o deixassem de fazer, essa gente se transformaria em espinhos na carne e acabaria destruindo o prprio Israel. O captulo 34 uma descrio das fronteiras ideais da futuro terra natal. Israel no alcanou essas fronteiras at os reinados de Davi e Salomo. Mesmo ento obtiveram parte delas por meio de traio e no pela conquista. Finalmente ia-se dividir a terra segundo a herana, disse Deus, sob a superviso de Josu e Eleazar, o sacerdote, coma ajuda de um prncipe de cada tribo.

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 101 33:52. Desapossareis de diante de vs todos os moradores. Destruireis todas as suas pedras com figura. (Veja W.F. Albright, The Archaeology of Palestine, Figura, 27, sobre as placas de Astarte nos fins da Idade do Bronze). 54. Herdareis a terra por sortes, segundo as vossas famlias. O tamanho da herana era determinada pelo tamanho da tribo, mas a posio era determinada pela sorte.

Nmeros 34
34:3. A banda do sul vos ser desde o deserto de Zim at aos limites de Edom. Esta descrio geral, especificada nos dois versculos seguintes, prova de que o domnio de Edom inclua territrio considervel a oeste de Arab. 4. A subida de Acrabim (Desfiladeiro do Escorpio). Entre esta ngreme subida partindo do Arab at Cades-Barnia fica o irregular territrio montanhoso chamado Deserto de Zim. Por ele passava a fronteira do sul e ento se desviava para o noroeste perto de Cades (Ain Qadeis) seguindo o Wadi al'arish, ribeiro do Egito (v. 5), at o Mediterrneo. 7. Este vos ser o limite do norte: desde o Mar Grande marcareis ao monte Hor. Com exceo de lugares to importantes como Hamate, o mar de Quinerete (Galilia), e o Jordo, a maior parte dos pontos nas fronteiras do norte e leste no podem ser identificados com certeza (cons. comentrio sobre 20:23).
15. Deste lado do Jordo, na altura de Jeric, da banda do oriente.

Comentrios de crticos destrutivos sobre estas palavras fornecem exemplo excelente de como a interpretao de Nmeros tem sido obscurecida por causa de um mtodo negativo. O ICC declara que "na altura de Jeric" uma expresso inadequada para descrever a linha da fronteira das duas e meia tribos e que a frase foi escrita mecanicamente. De acordo com este ponto de vista, o IB declara que Jeric aqui est descrita como se ficasse ao leste, e portanto a sentena foi escrita em

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 102 Cana, e que a meno de Jeric no exatamente uma descrio completa do territrio pedido por essas tribos. Em um certo nmero de passagens (22:1; 26:3, 63; 34:15; 36:13) a frase usada foi Yarden Yereho, "O Jordo de Jeric". Nmeros 34:15 e Is. 20:8 dizem: "a leste do Jordo de Jeric", e ento se file refere como o todo da Transjordnia. O fato que a palavra "Jordo" vem da palavra leste-mediterrnea introduzida por Caftorim e outro povo egeu (Dt. 2:23), e significa "o Rio" em sua terra natal, a Creta (C.H. Gordon, Old Testament Times, pg. 109, coment.). Portanto, todas estas passagens se referem ao "Rio (Jordo) de Jeric" e a toda a terra que lhe fica ao leste. O artigo definido foi usado quando a palavra Jordo est sozinha, mostrando que era um substantivo comum, no prprio. Ele "O rio" daquela terra, e Jeric era a fortaleza mais impressionante daquele vale, portanto, "O Rio de Jeric". 17. So estes os nomes dos homens que vos repartiro a terra. Estes prncipes foram mencionados aproximadamente na ordem da colocao das tribos na terra, comeando com Jud no sul at Naftali ao norte. Isto parece indicar que as sortes para a posio (33: 54) j foram lanadas e que estes versculos no fizeram parte do texto at que se desenrolassem os acontecimentos de Js. 14:1-5 (o lanar das sortes).

Nmeros 35
B. Cidades dos Levitas e Cidades de Refgio. 35:1-34. Deus orientou o povo a dar aos levitas, da parte de Sua possesso, cidades para habitarem e as pastagens volta delas. Seis dessas cidades seriam "cidades de refgio" para os homicidas involuntrios (no culposos). Quarenta e duas outras cidades dos levitas com pastagens deviam ser providenciadas para que os levitas as habitassem. O homicida involuntrio (Dt. 19) foi definido como aquele que mata por acidente e deve ser protegido do go'el, "o parente remidor", o qual, entre outras coisas, era o vingador do sangue do irmo assassinado. A proteo do homicida involuntrio era um princpio moral sublime que assegurava a

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 103 administrao da justia. O homicida devia fugir para uma destas cidades e ficar l at que pudesse comparecer diante da congregao para julgamento. O Senhor aqui declarou que o homem que mata outro deve morrer, e, de acordo com o costume prevalecente, o vingador do sangue (parente do morto) devia matar o assassino. Este princpio da vingana, que continua sendo praticado pelos bedunos no Oriente Prximo, est apoiado neste captulo. Age como um impedimento nas comunidades onde no h nenhuma ou pouca autoridade central estabelecida. Tal seria o caso em Israel durante muitos anos, at que se levantasse a Monarquia Unida. Mesmo se um homem fosse declarado judicialmente homicida involuntrio, disse o Senhor, devia morar na cidade de refgio at a morte do sumo sacerdote, depois do que podia retornar sua prpria cidade. O Senhor teve o cuidado de destacar que o homicida premeditado culpado de dio e mau intento (v. 20). Proteo subseqente para assegurar a justia exigia que um homem no fosse condenado morte s pelo testemunho de uma nica pessoa (v. 30). 5. Medireis. Alguns acham que as medidas dados neste versculo transformam a cidade em um simples ponto (IB, Vol. 2, pg. 303). Ateno acurada ao texto hebraico mostra o seguinte. O versculo 4 diz, "desde o muro da cidade e para fora, sero de mil cvados". Uma traduo mais literal do versculo 5 seria, "Medireis do lado de fora com referncia cidade, do lado leste dois mil cvados" "Com referncia cidade" pode muito bem significar que estas medidas perimetrais eram adicionais s medidas da cidade, e qualquer cidade que fosse medida. 31. No aceitareis resgate pela vida do homicida. Isto , nenhum preo de resgate podia ser tomado para salvar a sua vida, nem podia o homicida casual pagar resgate para sair da cidade de refgio. Considerando que o derramamento de sangue humano polua cerimonialmente a terra na qual o Senhor habitava, nenhuma oferta de sacrifcio animal ou pagamento em espcie podia purificar a terra, mas apenas o sangue daquele que derramara o sangue. Isto explica o conceito

Nmeros (Comentrio Bblico Moody) 104 do V.T. dos crimes de sangue (SI. 51:4,14) como um abuso pureza de Deus.

Nmeros 36
X. Casamento das Herdeiras. 36:1-13. Ancios da tribo de Manasss queixaram-se de que a legislao dada em relao s filhas de Zelofeade (cap. 27) resultaria na perda da poro herdada por Zelofeade, se as suas filhas se casassem fora de sua tribo. Moiss, sob autorizao divina, concordou com isto e exigiu que as filhas de Zelofeade se casassem dentro de sua tribo, a de Manasss. A propriedade era inalienvel e no podia ser transferida nem mesmo de tribo para tribo (v. 7). O princpio da propriedade inalienvel Israel j defendia, tal como outros povos do Oriente Prximo, antes de emergir como nao. Os contratos imobilirios de Nuzu, uma cidade do sculo quinze, ao norte da Mesopotmia, centralizam-se neste princpio (cons. coment. sobre 27:4). Ele continuou controlando o pensamento dos israelitas fiis at os dias de Acabe e Nabote (I Reis 21:3). Assim estas mulheres tiveram de se casar com primos paternos (Nm. 36:11), que poderiam ter sido seus segundos ou terceiros primos. 13. So estes os mandamentos. . . nas campinas de Moabe. Este versculo forma um eplogo adequado Terceira Parte (caps. 26-36), a legislao que chamava a ateno exclusivamente para a entrada de Israel na Terra Prometida.

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