0% acharam este documento útil (0 voto)
29 visualizações6 páginas

Analise

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1/ 6

Aula vinte e dois: Funções de Lipschitz, continuidade

uniforme, e contrações
Proposição 0.1. A composição de duas funções contı́nuas é contı́nua.

Corolário 0.2. Toda restrição de função contı́nua é contı́nua.

0.0.1 Continuidade conjunta e separada


Podemos considerar uma função

f : Rn → R

x = (x1 , x2 , .., xn ) −→ y = f (x1 , .., xn )


como função de n variáveis, sendo que, para cada i, xi varia em R. Nesse
caso, f é contı́nua no ponto x̂ = (x̂1 , .., x̂n ) se para cada  > 0 existe δ > 0
tal que:
p
d(x, x̂) = (x1 − x̂1 )2 + .. + (xn − x̂n )2 < δ ⇒ d(f (x), f (x̂) = |y − ŷ| < .

Por outro lado, f é contı́nua no ponto x̂ = (x̂1 , .., x̂n ) relativamente à


primera variável quando a função

f (·,x̂2 ,..,x̂n ) : R → R

x → y = f (x, x̂1 , .., x̂n )


é continua no ponto x = x̂1 , e analogamente se define continuidade respeito
as outras variáveis.

Se f for contı́nua relativamente à toda variável, f se chama de conti-


nua separadamente em relação a cada uma das suas variáveis. Se f for
contı́nua, então é contı́nua separadamente em relação a cada uma das suas
variáveis, más a recı́proca é falsa. Controexemplo:

f : R2 → R
 xy
x2 +y 2
se (x, y) 6= (0, 0)
(x, y) → f (x, y) =
0 se (x, y) = (0, 0)
é separadamente contı́nua em zero, más não é contı́nua em zero.

1
0.0.2 Exemplo de funções continuas
Exemplos de funções contı́nuas:

• Seja (M, d) qualquer, então a função identidade f : M → M é contı́nua,


prendendo δ = .

• Se (M, d) é um espaço métrico discreto, toda a função f : M → N é


continua.

• A função
f :R→R
x → x2
é contı́nua. Em geral, polinômios são contı́nuos.

• Seja V um espaço vetorial normado, a multiplicação:

m:R×V →V

(c, x) → c · x
é contı́nua em cada subconjunto limitado de R×V (na métrica do max:
se (x, c) ∈ R × V , então d((c, x), (0, 0)) = max{dE (c, 0), dV (x, 0)} =
max{|c|, kxkV })

• Funções de Lipschitz.

• Contrações fracas. Uma função f : M → N tal que

d(f (x), f (y)) ≤ d(x, y)

chama-se de contração fraca. Uma contração fraca é uma função de


Lipschitz com constante de Lipschitz c = 1, e então é continua.

• Seja V um espaço vetorial normado, então a norma

kk : V → R

é uma contração fraca, e assim é continua.

• Seja V um espaço vetorial normado com norma kkV e a métrica indu-


zida dV , e define no produto cartesiano V × V a norma:

kkV ×V : V × V → R

2
(x, y) → kx + ykV ×V = kxkV + kykV
Então no espaço normado V ×V coa norma kkV ×V e a métrica induzida
dV ×V , a soma
s:V ×V →V
(x, y) → x + y
é uma contração fraca, e assim é contı́nua.
Em particular, a soma é contı́nua em Rn .

0.0.3 Funções de Lipschitz, continuidade uniforme, e contrações


Uma função f : M → N pela qual existe c > 0 tal que, para todo x, y ∈ M

d(f (x), f (y)) ≤ cd(x, y)

chama-se função Lipschitz (e c é a constante de Lipschitz). Como vimos


sexta feira, funções Lipschitz são contı́nuas, pois fixado  > 0, seja δ = /c,
então
d(x, y) < δ ⇒ d(f (x), f (y)) ≤ cd(x, y) < .
Assim, δ depende só de  e da constante de Lipschitz, não do ponto!!.
Então, funções de Lipschitz são más que contı́nuas, são
√ uniformemente
contı́nuas (o contrário é falso: controexemplo: f (x) = x em ((0, 1), dE )).

Definição 0.3. Seja f : M → N , onde (M, d) e (N, d0 ) são espaços métricos.


Então f é uniformemente contı́nua em A ⊆ M se para cada  > 0 existe
δ > 0 tal que, para todo x, y ∈ A:

d(x, y) < δ ⇒ d0 (f (x), f (y)) < .

Funções uniformemente contı́nuas são contı́nuas, en quanto funções con-


tinuas não são necessariamente uniformemente contı́nuas. Porém, em com-
pactos, funções contı́nuas são uniformemente contı́nuas:

Teorema 0.4. Seja f : M → N uma função contı́nua entre espaços métricos


(M, d) e (N, d0 ). Se K ⊆ M é compacto, então f é uniformemente continua
em K.

Demonstração. 1. Seja f contı́nua em todo ponto do comjunto compacto


K, então dado  > 0 e x ∈ K, existe δ = δ(/2, x) > 0 tal que

d(x, y) < δ ⇒ d0 (f (x), f (y)) < .

3
2. Para cada x ∈ K, considera a bola aberta:
B(x, δ(/2, x)/2) := {y ∈ M : d(x, y) < δ/2}.

3. Assim temos que a união destas bolas B(x, δ/2), com x ∈ K, é uma
cobertura aberta de K, isso é:
[
K⊆B= B(x, δ/2).
x∈K

4. Sendo K compacto, existe uma subcobertura finita de B cubrendo K,


isso é, existem x1 , .., xn tal que
K ⊆ B(x1 , δ1 /2 = δ(/2, x1 )/2) ∪ ... ∪ B(xn , δn /2 = (/2, xn )/2).

5. Define
1
δ̂ = δ() = inf {δ1 = δ(/2, x1 ), ..., δn = (/2, xn )/2)}.
2

6. Sejam agora x y ∈ K tal que d(x, y) < δ̂, e vamos ver que d0 (f (x), f (y)) <
.
7. Por construção, existe i ∈ [1, n] tal que d(xi , y) < δi /2 = δ(/2, xi )/2,
pois y ∈ K.
8. Sendo que δ̂ ≤ δi /2, temos pela desigualdade triangular:
d(x, xi ) ≤ d(x, y) + d(y, xi ) < δi /2 + δi /2 = δi = δ(/2, xi )

9. Sendo f contı́nua, temos que


d0 (f (x), f (xi )) < /2 e d0 (f (y), f (xi )) < /2
e assim utilizando a desigualdade triangular obtemos:
d0 (f (x), f (y)) ≤ d0 (f (x), f (xi )) + d0 (f (y), f (xi )) < /2 + /2 = .

Contrações em espaços métricos completos.


Uma função de Lipschitz f : M → N entre espaços métricos (M, d) e (N, d0 )
é uma contração (ou contração forte) quando a constante de Lipschitz c
satisfaz c < 1. Contrações num mesmo espaço métrico f : M → M tal que
(M, d) é completo presentam uma propriedade importante: tem um ponto
fixo, isso é, um ponto x ∈ M tal que f (x) = x.

4
Teorema 0.5. Teorema do ponto fixo de Banach. Seja (M, d) um
espaço métrico completo (e não vazı́o) f : M → M uma contração, então f
presenta um ponto fixo, único.
Demonstração. 1. Sabemos que existe c < 1 tal que, para todo x, y ∈ C
temos
d(f (x), f (y)) ≤ cd(x, y).
Seja xi ∈ M , e define x2 = f (x1 ), assim de definir inductivamente a
sequência (xn )n onde:
xn+1 = f (xn ), n ∈ N.

2. Precisamos demonstrar que a sequência (xn ) converge, pois o limite


x̂ vai ser o ponto fixo f (x̂) = x̂. Sendo (M, d) completo, é bastante
monstrar que (xn ) é de Cauchy.
3. Para isso, observamos que:
d(x3 , x2 ) = d(f (x2 ), f (x1 )) ≤ cd(x2 , x1 ),
assim que, inductivamente:
d(xn+1 , xn ) = d(f (xn ), f (xn−1 )) ≤ cd(xn , xn−1 ) ≤ cn−1 d(x2 , x1 ).

4. Então, se m ≥ n, temos que pela desigualdade triangular d(xm , xn ) é


menor igual da distância entre xm e xm−1 , más a distância entre este
último e o anterior, e seguindo até chegar á xn , isso é:
d(xm , xn ) ≤ d(xm , xm−1 ) + d(xm−1 , xm−2 ) + .. + d(xn + 1, xn ) ≤
≤ (cm−2 + cm − 3 + ... + cn − 1)(d(x2 , x1 ) =
= cn−1 (cm−2−(n−1) + cm−3−(n−1) + ... + 1)d(x2 , x1 ) =
Xm−n−1 X∞
= cn−1 ( ci )d(x2 , x1 ) ≤ cn−1 ( ci )d(x2 , x1 ) =
n=0 n=0
n−1
1 c
= cn−1 ( )d(x2 , x1 ) = d(x2 , x1 )
1−c 1−c
que converge à zero pois c < 1.
5. Vamos ver agora que o ponto fixo é único. Sejam x̂ e ŷ dois pontos
fixos, então
d(x̂, ŷ) = d(f (x̂), f (ŷ)) ≤ cd(x̂, ŷ),
assim que, se x̂ 6= ŷ, c ≥ 1, absurdo.

5
0.0.4 Homeomorfismos
Um Homeomorfismo é uma função continua

f :M →N

tal que a inversa


f −1 : N → M
também é contı́nua.

Exemplos:

• Homeomorfismos entre bolas. Seja V um espaço vetorial normado,


x ∈ V e 0 6= c ∈ R, temos que as funções:

1. translação tx : V → V , v → v + x,
2. homotetia mc : V → V , v → c · x,
3. suas inversas (tx )−1 = t−x : V → V , v → v − x,
4. (mc )−1 = m1/c : V → V , v → x/c

são contı́nuas, assim que translações a homotetias são homeomorfis-


mos. Então, duas bolas abertas qualquer B(x, c) e B(y, d) são home-
omorfas. De fato, o homeomorfismo é a função:

φ = ty ◦ md/c ◦ t−x : E → E

pois:

1. t−x (B(x, c)) = B(0, c),


2. md/c (B(0, c)) = B(0, d),
3. ty (B(0, d)) = B(y, d).

Da mesma forma, duas bolas fechadas qualquer são homeomorfas.

Você também pode gostar