Gisele Pereira de Carvalho
Gisele Pereira de Carvalho
Gisele Pereira de Carvalho
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA
Dezembro de 2000
“Declaro que o presente trabalho é de minha autoria e que não recorri para realizá-lo, a nenhuma
tornou-se a tônica atual marcante dos países que desejam elevar o nível de suas populações.
Promover mais escolas e mais educação para o homem (homem, mulher, jovem/adulto) é o que
todos dizem.
Todavia, sou da opinião de que todos nós que somos dotados de maior conhecimento temos a
obrigação de leva-los aos nossos semelhantes. Se sabemos de mais coisas é porque tivemos
oportunidades em nossa vida de tempo, de recursos e de momentos que nem sempre são
extensivos a todos.
Agradeço a todos que colaboraram para esta pesquisa, com publicações, gráficos, tabelas,
intrínseco saber e apoio financeiro, enriquecendo o meu aprendizado e o final deste meu estudo
de honrosa graduação.
b) Recuperação ______________________________________________ 22
a) Reformas _______________________________________________ 28
O Déficit do governo
Armadilha de liquidez
V) Conclusão ________________________________________________________ 75
O grande salto rumo ao desenvolvimento, o percurso da revolução que o tornou uma potência
Este estudo visa introduzir a base histórica da economia do país do sol nascente como alicerce
Para a composição deste estudo serão utilizados, adicionalmente à bibliografia histórica básica,
os relatórios mensais do Ministério das Finanças do Japão fornecidos pelo professor orientador
Luis Roberto Cunha, informações recolhidas junto ao Consulado do Japão no Rio de Janeiro,
1) A RESTAURAÇÃO MEIJI:
navios portugueses iniciaram o comércio com a China e em 1542 com o Japão, e junto a
isso levavam missões jesuítas para a expansão da ideologia Cristã. A influência ocidental
“There are two reasons for this exclusion policy, one of course is to prevent the
expansion of Christians by closing the country. The second is more subtle and is related to
the policy of the Bafuku(government). In fact the Tozama Daimyos in western Japan and in
Kyushu profited a lot from the foreign trade and if allowed to continue they might have
easily grown strong enough to have endangered the primacy of the Bafuku. The only way
was then to prohibit all foreign trade at ports other than Nagasaki which was under direct
control of the Bafuku. By this way he obtained not only the control of foreign trade but also
250 anos de paz, durante os quais se disseminou uma cultura nacional desenvolvida.
fatores internos fizeram com que a abertura do país ao resto do mundo fosse inevitável. O
1
Profile of a Nation, Kondasha International.
7
uma intensa revolução cultural com o objetivo de construir um Estado moderno. Esse era o
Essa situação é resumida pelo historiador ocidental G.B Sansom, nas seguintes
palavras: “The country was full of restless spirits, dissatisfied with their condition and
thirsting for activity. There were nobles who wanted independence and foreign trade, to
develop the resources of their domains; samurai who wanted opportunities to use their
talents, whether as soldiers or as officials; merchants who wanted to break the monopolies
of the guilds; scholars who wanted to draw knowledge from new springs; humble peasants
and townsmen who wanted just a little freedom from tax and tyranny. Every force but
conservatism was pressing from within at the closed doors: so that when a summons came
from without they were flung wide open, and all these imprisoned energies were
p.524.) 2
O Japão, que até então era predominantemente agrário e isolado da evolução mundial,
bancário.
2
Lockwood, William W, The Economic Development of Japan-Growth and Structural Change 1868-1938.
3
Lockwood, William W, The Economic Development of Japan-Growth and Structural Change 1868-1938.
8
“Consumption requirements expanded beyond the inelastic limits of a backward and
exploitative agrarian society, as a result of population growth and the insatiable demands of
a parasitic ruling castle. Production and distribution within the traditional framework also
became subject to violent disturbances arising from the mismanagement of public finance.
From 1750 on the Shogunate was in almost constant financial difficulty. It sought escape
by heavier taxes, borrowing, and disorderly debasements of the currency. In lesser degree
this was true of many damyo, who tried in turn to solve their problems at the expense of the
samurai and peasantry. (...) The traditional institutions of Japanese feudalism were
and the rise of a new and ambitious class of merchants and townspeople.”4
da sociedade japonesa.
“While it was in large measure the open-mindedness and insight of the Meiji leaders
that made possible such a radical transformation of the social class structure, it was the
establishment of a nationwide public education system and the spread of the ideology of
self-advancement even among the general populace that enabled the new system to endure
4
Lockwood, William W, The Economic Development of Japan-Growth and Structural Change 1868-1938.
5
Sakakibara, Eisuke, Translated from Bunmei to shite no Nihongata shihonshugi (Japanese-Style Capitalism
as a Civilization) (Tokyo: Tôyô Keizai Inc., 1993), pp. 56-88. (Courtesy of Tôyô Keizai Inc.)
9
“The achievements of Tokugawa education, gave Japan a literacy rate surpassed by
only two or three countries in the world at that time. After the Restoration a large existing
educated class provided a useful body of schoolteachers until sufficient numbers could be
Em 1871, o governo Meiji enviou um time de oficiais de alta qualidade para uma
expedição nos E.U.A e em dez países da Europa por um período de aproximadamente dois
“The early decision, embodied in the National Banking Act of 1872 and its amendment
in 1876, to base the Japanese banking system on the American model resulted in the
de arroz foram abolidas. O governo também implementou a Land Tax Reform, onde as
tarifas de terras passaram a ser pagas em moeda, e não somente em arroz como antes, desde
6
Ronald P. Dore, Education in Tokugawa Japan/Berkeley:University of California Press, 1965, esp. pp. 254-
60.
7
Crawcour, E.Sydney, The Economic Emergence of Modern Japan.
10
A necessidade de reduzir a dependência por tecidos importados levou o governo
japonês a promover, sob sua direta administração, a indústria têxtil nacional, que foi a
aumentaram 40 vezes.
estrangeiro. Com o prestígio ganho após a rápida vitória na guerra contra a China e com a
adoção do padrão ouro em 1897, o governo japonês obteve vantagens no que diz respeito à
ajuda financeira estrangeira. Entre 1897 e 1903, ¥ 93 milhões em títulos públicos foram
aproximadamente ¥ 50 milhões.
“Total receipts from all these sources were therefore about ¥ 2.200 million. On the
other hand, part of the loan and indemnity proceeds were left abroad as short-term assets,
largely specie holdings. Such holdings at the end of 1913 were ¥ 227 million higher than in
1899. Also Japanese capital went abroad for foreign long-term investment(mostly in China)
in the amount of ¥ 300 to ¥ 350 million. Thus the net inflow of capital in the form of loans,
11
indemnities, and investments from 1896 through 1913 was on the order of ¥1.600 million
or more.”8
era de 3% ao ano, com o setor industrial em rápido progresso, o setor agrícola ainda andava
8
Lockwood, William W, The Economic Development of Japan-Growth and Structural Change 1868-1938.
9
Klein e Ohkawa, Economic Growth-the japanese experience since the Meiji Era.
10
Moreau, Maurice, L’Économie du Japon.
12
Tabela 1:
1870-1913 1913-1938
(%) (%)
United States 4,6 1,1
Great Britain 2,1 0,7
Germany 2,7 1,8
Italy 1,5 1,7
Denmark 3,2 1,9
Norway 2,2 3,0
Sweden 3,0 2,4
Japan 2,4 3,9
(Nakamura, Takafusa, The economic Emergence of
Japan)
Gráfico 1:
5
% crescimento
1870-1913 (%)
4 1913-1938 (%)
3
2
1
0
United States Great Britain Germany Japan
Tabela 2:
13
2) O JAPÃO E A I GUERRA MUNDIAL:
prosperidade no Japão.
Relativo ao comércio exterior, o volume de comércio, que em 1870 era menos de ¥30
milhões (US$ 84.000), excedeu ¥500 milhões na I Guerra Mundial. Esse período promoveu
a oportunidade para um maior aumento das exportações, e redução das importações, onde
internamente.
Portanto, a estrutura das exportações japonesas mudou, com uma menor participação
14
Gráfico 2:
70%
60%
50%
40%
30%
20% Alimentíci
a
10% Pesada
0% Têxtil
85
95
05
15
25
35
50
55
65
75
80
Outros
18
18
19
19
19
19
19
19
19
19
19
Tabela 3:
15
3) DO PÓS I GUERRA MUNDIAL AO FIM DA II GUERRA MUNDIAL:
O Japão até então passava por um período de Boom econômico, devido à prosperidade
trazida pelo aumento das exportações durante a I Guerra Mundial. No entanto, com o final
da guerra, chegou também o fim do Boom. O rápido crescimento econômico japonês sofreu
uma desaceleração em 1920, atingido pela crise econômica internacional severa. Com a
volta das exportações dos países antes em guerra, e a retomada de importações que em
consideravelmente.
Esse período será dividido em três partes: a) a depressão e deflação de 1920’s a 1931;
Embora após a I Guerra Mundial os níveis de preço nos EUA e na Inglaterra tenham
mais que dobrado, ambos decidiram retornar ao padrão ouro sem desvalorizar suas moedas
frente ao preço do ouro, ou seja, adotaram a mesma paridade de 1914 acreditando que isso
Harding). No entanto, isso resultou na adoção de uma política deflacionária severa, que
levaria os preços aos níveis pré-guerra. Essa política foi publicamente criticada por John
16
críticas foram ignoradas.11 Keynes afirmava que a Inglaterra ao retornar ao padrão ouro,
deveria faze-lo adotando uma paridade menor que a do pré-guerra. Em um artigo para o
“There remains, however, the objection to which I have never ceased to attach
importance, against the return to gold in actual present conditions, in view of the possible
consequences on the state of trade and employment. I believe that our price level is too high,
unless the situation is saved by a rise of prices elsewhere, the Chancellor is committing us
to a policy of forcing down money wages by perhaps 2 shillings in the Pound. I do not
believe that this can be achieved without the gravest danger to industrial profits and
industrial peace.(...) It seems wiser and simpler and saner to leave the currency to find its
own level for some time longer rather than force a situation where employers are faced with
the alternative of closing down or of lowering wages, cost what the struggle may.”12
internacional. A Alemanha utilizava o capital proveniente dos EUA para pagar reparações
de guerra à Inglaterra e França, que por sua vez amortizavam débitos com os EUA. Com a
crise de 1929 do mercado de capitais e o crash da Bolsa de NY nos EUA, o capital norte-
americano foi retirado da Europa, causando uma crise em todo o fluxo de capital
11
Nakamura, Takafusa, The Economic Emergence of Modern Japan.
12
Blanchard, Oliver, Macroeconomics.
17
Esses eventos repercutiram no Japão. O objetivo da política econômica japonesa
também era o de retornar ao padrão ouro na paridade pré-guerra, mas o governo japonês
Durante a década de 20, a economia japonesa também estava contida pela deflação
balança comercial, e com a redução das reservas de ouro e moedas estrangeiras. Isso levou
a uma política financeira doméstica austera. No entanto, não foi possível evitar
falência fábricas, empresas e bancos. O eco desse colapso foi uma queda na taxa de câmbio
e no balanço de pagamentos.
Nesse período, o poder dos zaibatsus atingiu seu ponto máximo desde o fim da Era
Meiji.
trading, shipping, banking, insurance, real estate, mining, manufacturing, and colonial
undertakings. This concentration of control had been facilitated from the beginning by
close association with the military oligarchy and the civil bureaucracy; also by the complete
absence of antitrust laws and other public restraints on the exercise and perpetuation of
monopolistic power such as developed in the United States and England with the growth of
the corporate device. Now it was accelerated by postwar financial difficulties like the bank
crisis of 1927. These eliminated thousands of smaller and weaker concerns which were less
13
Nakamura, Takafusa, The Economic Emergence of Modern Japan.
18
well equipped than the zaibatsu companies to take losses, cut costs, and readjust to the new
situation.”14
porte, e o poder financeiro passou a ser crescentemente centralizado nas mãos de grandes
“The institution of the zaibatsu contributed greatly to the rapid accumulation of capital
enabled Japan to reap certain economies of large-scale organization, even where the
production unit remained small; it placed the direction of large sectors of the economy in
the hands of able technicians and executives employed by the combines; it afforded a
device by which industrial investment was accelerated through the ploughing back of huge
equilíbrio da demanda social e da oferta, não por controles quantitativos, mas por
14
Lockwood, William W, The Economic Development of Japan-Growth and Structural Change 1868-1938.
15
Lockwood, William W, The Economic Development of Japan-Growth and Structural Change 1868-1938.
19
energia elétrica; v) indústrias constituídas durante a I Guerra Mundial, como de maquinário,
em larga escala.16
de câmbio estava bem abaixo da paridade antiga, e em 29, o yen alcançou sua taxa mínima
em relação ao dólar de ¥100/$ 43. A retirada do embargo na paridade antiga, levaria a uma
redução ainda maior das importações. Para prevenir isso, a demanda doméstica teria que
diminuir e políticas deflacionárias teriam que ser adotadas, já que os preços domésticos
mundo, o governo japonês decidiu então adotar o padrão ouro na paridade de janeiro de
1930, o que aprofundou a crise. As exportações ficaram resumidas já que o valor destas
declinou 50% de 1929-1931 como resultado do colapso dos preços. Contudo, o governo
Tabela 4:
Wholesale prices (1913 = 100, except for India, where 1914 = 100)
Japão India United States United Kingdom
1925 202 159 148 160
1929 166 141 137 134
1931 116 96 105 98
Source: Datas from The Statistical Yearbook of the League of Nations, 1934-35.
(Lockwood, Willian W., The Economic Development of Japan).
16
Yamamura, Takafusa, The Economic Emergence of Modern Japan.
20
No Japão, muita especulação fez com que o governo e o Banco do Japão apertassem as
Após a saída do padrão ouro, a economia do Japão por vários anos seguiu um curso de
a ser uma restrição severa somente a partir da guerra com a China em 1937. A
desvalorização monetária, com a taxa passando de US$ 0,499 em novembro de 1931 para
US$ 0,207 um ano após, serviu como estímulo para as exportações japonesas. As
exportações do Japão caíram 31,6% em 1930, comparadas aos anos anteriores, e caíram
comparadas aos anos anteriores, e caíram 40,3% em relação a 1930. No entanto, em seis
Tabela 5:
Exportação Importação
21
b) Recuperação:
Após a saída do Japão do Padrão Ouro em 1931, o então Ministro das Finanças
comércio internacional e a indústria doméstica. Essa política econômica, que durou até
1933, adotou baixa taxa de câmbio, baixas taxas de juros e alto nível de gasto público,
depressão.
levou esses países a protestarem contra o expansionismo japonês, congelando esses bens no
22
Várias leis foram implantadas para promover o desenvolvimento dessas indústrias.
Como a Oil Industry Law de 1934, e a Automobile Manufacture’s Law de 1936. Essas leis
da indústria pesada e química durante a II Guerra Mundial, e pode ser vista como a origem
Entre 1930 e 1936, a produção de bens de consumo da indústria japonesa cresceu 33%,
O crescimento líquido da economia japonesa, aos preços de 1930, pode ser resumido na
tabela abaixo.
Tabela 6:
A partir de 1933, Takahashi tentou amenizar os crescentes gastos fiscais, causados pela
26 de fevereiro de 36, o então Ministro das Finanças Baba Eiichi considerou impossível se
para o Exército por cinco anos, e um plano de seis anos para a Marinha.
23
O orçamento nacional para o ano fiscal de 1937 foi cerca de 40% maior que o de 1936.
Essa expansão orçamentária seria coberta por um grande aumento dos impostos e pela
emissão de títulos. Para facilitar a negociação com títulos, o governo voltou a reduzir a taxa
não-declarada com a China, na verdade, uma continuidade das hostilidades entre esses dois
países. A economia japonesa tinha sua administração focada na demanda militar, mesmo
Nos três primeiros meses da guerra com a China, os gastos militares se igualaram ao
orçamento anual de ¥ 2,5 bilhões. O déficit público financiado por empréstimo saltou de
¥ 605 milhões em 1937 para ¥ 1.298 milhões em 1939, e ¥ 2.406 milhões em 1941. Esses
A fim de organizar uma economia de guerra, controles drásticos tiveram que ser
assim como petróleo, aço e demais matérias estratégicas, o que levou à unificação da
24
estabelecido um rigoroso controle de preços e salários, reforçado ainda em 1940, temendo
Em 1939, com a explosão da II Guerra Mundial, o Japão tinha 17% de seu produto
voltado para a economia de guerra. A situação comercial japonesa era trágica. Em 1941,
com a Ordem de Controle de Comércio ou Trade Control Order, o Japão iniciou o seu
dependente do comércio dentro do “yen bloc”, que incluía suas colônias (Korea e Formosa),
e o comércio com países de fora desse bloco foi reduzido drasticamente. Embora existisse
um superávit nas exportações onde acordos eram feitos em yen, havia também um superávit
comercial com países fora do “yen bloc”. O Japão dentro do “yen bloc” era auto-suficiente
em matérias-primas como carvão, ferro e sal, mas para produtos como óleo, bauxita, níquel,
25
Tabela 7:
Totals Trade with the yen bloc Trade outside the yen bloc
Exports Imports Settlement balance Exports Imports Settlement balance Exports Imports Settlement balance
1931 1147 1236 -89 221 236 -15 926 1000 -74
1932 1410 1431 -21 276 206 70 1134 1226 -92
1933 1861 1917 -56 411 281 130 1450 1636 -186
1934 2171 2282 -111 520 311 209 1652 1972 -320
1935 2499 2472 27 575 350 225 1924 2122 -198
1936 2693 2764 -71 658 394 264 2035 2370 -335
1937 3175 3783 -608 791 437 354 2384 3346 -962
1938 2690 2663 27 1166 564 602 1524 2099 -575
1939 3576 2918 658 1747 683 1064 1829 2235 -406
1940 3656 3453 203 1867 756 1111 1789 2697 -908
1941 2651 2899 -248 1659 855 804 992 2044 -1052
Source: Japan Ministry of Finance, Customs clearance statistics, 1931-41.
da indústria química e pesada japonesa, e reduziu o produto por demanda privada em outras
Tabela 8:
26
Em 1945, após a derrota japonesa na II Guerra Mundial, o Japão havia perdido cerca de
três milhões de vidas e um quarto (1/4) de sua riqueza nacional. Seu território foi reduzido
em 44%, perdendo posse das colônias e muitas cidades e fábricas foram destruídas pelos
Embora o período de guerra tenha sido trágico para quem o vivenciou, este foi o
17
Yamamura, Takafusa, The Economic Emergence of Modern Japan.
27
4) PÓS II GUERRA: RECONSTRUÇÃO E CRESCIMENTO ACELERADO-1945
a 1973.
a) Reformas:
Com o final da guerra, seis milhões de soldados e civis foram repatriados para o Japão,
e com a situação caótica em que se encontrava após a derrota, a falta de alimentos tornou-se
aguda. O Japão passou por um período de grandes dificuldades entre 1945-49, visando
sua nação foi concedido sujeito a uma intervenção das Forças Aliadas, com plano de
Visando assegurar a democracia no país e dar ao Japão um novo começo como nação
18
Profile of a Nation, Kondasha International.
28
permitindo novas entradas e aumento de escala, devido a uma maior concorrência; iii) a
de 1946, adotou uma política de emergência de restrição e controle de preços, adiando por
um tempo a decolagem da inflação.Em 1946, os preços estavam 16,3 vezes o nível de 34-
guerra para tentar reanimar a economia. Visava primeiramente concentrar capital e material
para aumentar a produção de carvão, utilizando-a para produzir aço. O governo criou o
Finance Bank, emprestou capital para a indústria de carvão, ofereceu preços subsidiados a
indústrias de aço e ferro. A produção de aço passou de 740.000 tons em 1947, para 100
milhões de tons produzidos nos anos 70. Portanto, o sistema de prioridade à produção
enviaram ao Japão o banqueiro Joseph Dodge para recomendar mudanças nas políticas
de 1949 foram: i) equilíbrio orçamentário para reduzir pressão inflacionária; ii) finalizar
19
Kosai, Yutaka, The Economic Emergence of Modern Japan.
29
estabelecer uma taxa de câmbio de ¥ 360/ US$ 1; v) retornar ao comércio internacional por
canais privados, ao invés de por agências do governo. Ou seja, essa política estabeleceu os
fixo.
Tabela 9:
30
Em 1960, o governo anunciou um plano de 10 anos para dobrar a renda nacional,
Tabela 10:
prosperidade até 1970, com uma taxa média real de crescimento de 12%, possibilitada pelo
ambiente sócio-econômico.
31
Em 1968, o Japão já era a segunda maior economia de mercado mundial, ficando atrás
somente dos EUA. No entanto, todo esse processo deu origem a alguns problemas: Esse
seja, ainda restam resquícios da estrutura dual japonesa. Os preços sustentavam uma
tendência inflacionária, já que a demanda, que estava contida durante a guerra, dobrou seu
Como condição para integrar organizações internacionais como GATT (Acordo Geral
produtos liberalizados era somente 15%, mas aumentou para 90% em 1963. Essas tarifas
eram cortadas ao longo do tempo e com os acordos assinados durante as Rodadas. A partir
de 1960, o Japão começou uma liberalização das importações em etapas, e uma suspensão
gradual das restrições ao câmbio de moedas estrangeiras. Em 1964, após ter adquirido o
20
Kosai, Yutaka, The Economic Emergence of Modern Japan.
32
e) Década de 70: Período de ajuste e as crises do petróleo:
o chamado Choque Nixon que levou a uma crise monetária internacional, tinha como
objetivo frear a inflação nos EUA. Em agosto de 1971, os EUA anunciaram a suspensão da
ajuste nas taxas de câmbio entre os países, e em 1973, uma mudança global para um
sistema de câmbio flutuante causou uma séria recessão acompanhada de inflação no Japão,
já que a tendência inflacionária foi agravada por uma política monetária afrouxada, adotada
Com a 1a Crise do Petróleo em 73, a economia japonesa ficou ainda mais abalada,
causando uma maior aceleração da inflação, com o nível de preços ao consumidor tendo
para economizar energia e para desenvolver fontes energéticas alternativas. Elevou as taxas
de juros, fez cortes em investimentos públicos e tentou controlar a demanda, causando uma
orçamento no “vermelho”.
33
Em 1975, pela primeira vez desde a II guerra, o governo teve que financiar o déficit e o
orçamento permaneceu no “vermelho” até o ano fiscal de 1990. Mas os esforços feitos
tanto pelo setor privado como pelo governo fizeram com que a economia japonesa voltasse
pode ser atribuída, portanto, a dois fatores: Em primeiro, as companhias tiveram sucesso
em seus esforços para reduzir seus pontos onde os custos se igualavam aos rendimentos,
elevação do número de empregos nas indústrias de serviços compensou esta perda, e assim
se à efetividade do aumento dos gastos do governo nos anos fiscais de 1977 e 1978, e a
política de baixas taxas de juros que prosseguiu até por volta de meados de 1979. Como
da 1a crise do petróleo, uma revolução no Iran dava início à 2a crise do petróleo. Já tendo
passado por uma situação parecida no início da década, o governo japonês foi capaz de
34
Os preços estavam praticamente controlados em 1980, mas a economia entrou em uma
fase de recessão, com taxas de crescimento menores que 4%, já que os gastos e o consumo
foram reduzidos, além da alta taxa de juros norte-americana ter prolongado ainda mais as
energia e trabalho. Com isso, passou a fazer grandes esforços para reduzir a necessidade de
energia e trabalho, e para introduzir novas tecnologias, esforços esses que depois levaram o
Japão a uma posição internacional fortemente competitiva, mais até que antes da crise.
35
5) A ECONOMIA DO JAPÃO NA DÉCADA DE 1980:
No início da década de 80, a recessão econômica global causou uma queda no consumo
de petróleo, mas os preços foram cortados pela OPEP em março de 1983, trazendo um
A combinação da redução nos preços do petróleo, com o yen mais fraco, com as
medidas do governo, e com a recuperação dos EUA, teve um efeito positivo na economia
Portanto, o Japão elevava seu padrão de vida nacional, com uma renda média per capita
de US$ 7132 em 1980, comparado aos US$ 9318 nos EUA. Em 1984, o PNB do Japão
respondeu por 11,84% do total mundial, e o seu crescimento real aumentou para 4,1% em
1984 e 1985.
que ficou conhecido como “Plaza Accord”, a fim de diminuir o déficit comercial que os
EUA tinham com o resto do mundo. Sob os termos desse acordo, ficou concordado que o
valor do dólar deveria ser reduzido em relação ao yen. Esperavam que se o dólar se
dólar já havia caído de ¥240/US$ para ¥160/US$, levando a um período de recessão, já que
Banco do Japão adotaram medidas fiscais e monetárias para elevar a demanda interna,
36
visando estimular a recuperação econômica, a corrigir desequilíbrios externos e a reduzir o
superávit em conta corrente. Dentre as medidas tomadas, o governo reduziu a taxa oficial
Com a retomada da economia, o crescimento médio real era de 5,2% entre 1987 e 1990. Os
corrente, que foi de 4,4% do PIB em 1986, encolheu para 1,1% em 1990.
Contudo, o governo japonês ficou sobrecarregado por sua grande emissão de títulos
nacionais feita desde 1975, incluindo títulos para o financiamento de déficits, de maneira a
iniciar um programa com o objetivo de colocar as finanças públicas numa base saudável.
“Mas ao que parece é pouco provável que o déficit orçamentário nacional venha a ser
eliminado dentro dos próximos anos. Além disso, o público japonês está fazendo
exigências crescentes por um aperfeiçoamento no bem estar social e por um sistema mais
crescimento pequeno, porém estável, qualitativo, o que foi possível deslocando a estrutura
econômica baseada na exportação para uma estrutura voltada para a demanda doméstica.
21
Takeshi, Hiromatsu; O desenvolvimento Econômico do Japão.
37
O Japão continuava a se direcionar cada vez mais no sentido de uma economia
tecnologia, bem como em muitos bens de consumo manufaturados com a tecnologia mais
avançada.
38
6) A ECONOMIA DE BOLHA:
valorização do yen, tornou alguns ativos mais atrativos como investimento. A bolha
econômica inchou em 1988 e 1989, já que os juros baixos e a alta liquidez elevaram os
preços das ações e da terra. Como é o caso de toda bolha especulativa, os valores dos ativos
e a bolha inchava cada vez mais. Investidores se aproveitavam dos baixos juros e do yen
forte e pagavam preços exorbitantes por hotéis, campos de golfe e edifícios comerciais no
Havaí, Califórnia, Nova York e Londres. No final de 1989, a Bolsa de valores de Tókio
estava avaliada em ¥511 trilhões, 30% a mais que o valor de todas as companhias
22
americanas listadas. Os bancos concederam inúmeros empréstimos, garantidos
exclusivamente pelo patrimônio real, ou seja, pelas terras, esperando que os preços dessas
continuassem subindo.
Com o objetivo de conter esse fenômeno e de prevenir efeitos na inflação esperada com
22
Kojima, site de Berkley.
39
O declínio dos preços das terras levou os bancos a um grande desespero, pois ficaram
“The period in the late 1980s characterized by a sharp increase in the rate of economic
growth and the pace of business investment spending--screeched to a halt in 1991. This
shift from boom to bust was triggered by Japan's Ministry of Finance (MOF), which put the
measures, business investment and consumer spending plummeted, sapping the economy of
The Ministry's actions worked all too well. In fact, since 1991 the government has
adopted a series of monetary and fiscal policy measures to prop up the economy, so far
É possível se observar através das tabelas e gráficos a seguir, a tendência dos preços
23
James C. Jackson, Congressional research Services.
40
Tabela 11:
Residential Areas
41
Gráfico 3:
Gráfico 4:
42
Tabela 12:
Total
1983 1,136,797
1984 1,187,282
1985 1,236,072
1986 1,364,609
1987 1,674,300
1988 1,684,644
1989 1,662,612
1990 1,707,109
1991 1,370,126
1992 1,402,590
1993 1,485,684
1994 1,570,252
1995 1,470,330
1996 1,643,266
1997 1,387,014
1998 1,198,295
1999 1,214,601
Gráfico 5:
Source: The Research and Information Division, Economic Affairs Bureau, Ministry of Construction/ (Aug 2000)
43
7) A DÉCADA DE 90:
enfrentou uma queda brusca, levando o governo e o Banco do Japão a adotarem novamente
uma política menos severa. Um exemplo seria o pacote econômico de agosto de 1992,
recovery.
No ano fiscal de 1992 a economia quase chegou a um crescimento nulo, caindo para
uma taxa de 0,4%, piorando ainda mais no ano seguinte, alcançando uma taxa de 0,2%.
do Japão reduziu a taxa oficial de desconto, chegando ao nível de 1,75% em setembro de 93.
de outubro de 93, principalmente pelo investimento público e construção (ver tabela 12). A
No entanto, essa nascente recuperação econômica foi desacelerada por uma sucessão
de eventos negativos a partir de meados de 1994: o yen decolou, continuando uma trajetória
44
por um terremoto devastador em janeiro de 95; e o setor financeiro estava sob pesada carga
de nonperforming loans.
para 1% em abril de 95, e para 0,5% em setembro. Contudo, no ano fiscal de 1995, a taxa
45
Tabela 13:
Interest Rates (1986-1999) - (% per annum)
Effective Date Official Discount Rates *1
Jan. 30, 1986 4.50
Mar. 10, 1986 4.00
Apr. 21, 1986 3.50
Nov. 1, 1986 3.00
Feb. 23, 1987 2.50
May 31, 1989 3.25
Oct. 11, 1989 3.75
Dec. 25, 1989 4.25
Mar. 20, 1990 5.25
Aug. 30, 1990 6.00
Jul. 1, 1991 5.50
Nov. 14, 1991 5.00
Dec. 30, 1991 4.50
Apr. 1, 1992 3.75
Jul. 27, 1992 3.25
Feb. 4, 1993 2.50
Sep. 21, 1993 1.75
Apr. 14, 1995 1.00
Sep. 8, 1995 0.50
Tabela 14:
46
Gráfico 6:
Note: *2 Until Nov. 1998, figures are those of simple yields on TSE bonds(10years) selected with longest remaining
maturity; From dec 98, figures are those of OTC bonds (10 years) newly issued date trade, released by "The Japan
Bond Trading Co.".
Source: *1 Financial and Economic Statistics Monthly (february 2000) / Research and Statistics Department Bank of
Japan (Feb. 29, 2000).
De acordo com o artigo escrito por Kijima Akira, diretor e escritor chefe de editorial do
“ While the direct cause of the recession was the rupture of the bubble, underlying the
abnormal bubble economy that arose at the end of the 1980’s were excesses born of a bank-
centered financial system gone away. The macroeconomic excess of savings gave rise to a
surplus of bank deposits. Having never experienced a Big Bang, and lacking adequate risk
management know-how, the banks made easy loans to companies backed by real estate.
Under the “land myth”, land prices were presumed to rise forever.
47
Banks therefore made loans secured by land as a matter of policy. So long as land was
offered as collateral, the loan was made. As a result, land prices climbed further during the
bubble economy. Rather than making loans through a risk assessment based on the
borrower’s business and the entrepreneur’s managerial expertise, banks decided loans
almost exclusively based on an assessment of the real estate making up the collateral.
When the bubble collapsed, the negative consequences of this system were revealed. The
value of real estate used as collateral continued to decline, and as it became increasingly
difficult to collect loans from borrowers whose businesses had failed, problem loans
mounted.”24
24
Kojima Akira, revista Look Japan de agosto 2000.
48
Tabela 15:
Gráfico 6:
Source: Comparative Economic and Financial Statistics, Japan and Other Major Countries (Oct.7,
1999). International Dpt Bank of Japan.
49
8) A AGÊNCIA DE PLANEJAMENTO ECONÔMICO (EPA):
Como foi visto anteriormente, o Japão passou por diversas dificuldades no período pós-
país necessária. A EPA, Economic Planning Agency, foi fundada em 1946, como um
No momento do Tratado de Paz, foi observado que o Japão já havia alcançado uma
política econômica e analisar as tendências. Em 1955, o nome do Comitê foi mudado para
50
51
Várias indagações são feitas a respeito do futuro da economia do Japão, e se os
esforços para a retomada do crescimento irão efetivamente acordar o gigante que há quase
a) Questão macroeconômica:
demanda doméstica, que deverá crescer a uma média acima de 4% ao ano, enquanto a
demanda externa cai. O consumo privado deve vir a aumentar o PIB a uma taxa mais
crescimento real de 2,7% do período 1979-1986. Os índices estão dispostos nas tabelas 16 e
17 a seguir.
Alguns dos fatores para o aumento do consumo serão o tempo livre adicional criado
para construção, e o aumento do poder de compra pela redução dos preços dos alimentos.
52
Tabela 16:
Major Economic Indexes (1991-2000)
Nominal Contribution of
GDP Real GDP Domestic Contribution of
Demand to GDP External Demand
Fiscal Year *1 to GDP *1
1991 5.6 2.9 2.2 0.7
1992 1.9 0.4 -0.2 0.6
1993 1.0 0.5 0.6 -0.1
1994 0.4 0.6 0.9 -0.3
1995 2.3 3.0 4.0 -1.0
1996 3.0 4.4 4.4 -0.0
1997 0.6 -0.1 -1.5 1.4
1998 -2.0 -1.9 -2.2 0.3
1999
(Projections)
*2 -0.4 0.6 0.7 -0.1
2000
(Projections)
*2 0.8 1.0 0.9 0.1
Sources: *1 Financial And Economic Statistics Monthly, (Dec. 31, 1999), Bank of Japan.
*2 Economic Outlook and Basic Policy Stance on Economic Management, (Jan. 18,
2000), Economic Planning Agency.
Tabela 17:
Private Demand *3
Non-
Private Residential Residential Private
Fiscal Year Consumption Investment Investment Inventory
*2 Economic Outlook and Basic Policy Stance on Economic Management, (Jan. 18,
2000), Economic Planning Agency.
*3 Preliminary Quarterly Estimates of National Expenditure, Changes from the previous
year(at 1990 prices). Economic Planning Agency, (Jun.9, 2000).
53
Gráfico 7:
O governo irá concentrar os investimentos públicos nas áreas aonde irá diretamente
Tabela 18:
Exports of Imports of
Government Public Good & Good &
Fiscal Year Expenditure *3 Investment *3 Services *3 Services *3
1991 1.4 7.2 5.3 -1.6
1992 2.1 16.6 4.4 -1.6
1993 2.4 12.6 0.5 1.5
1994 2.9 -1.1 5.9 10.5
1995 2.8 8.3 5.0 15.3
1996 1.3 -0.9 8.2 9.1
1997 2.2 -7.3 9.0 -2.1
1998 1.4 1.5 -3.8 -7.0
1999 0.7 -0.9 5.9 8.7
54
b) Estrutura Industrial:
vez mais a desaparecer, dando lugar a um novo tipo de classificação: (1) O setor produtor
Com o setor de produção de bens, o peso das indústrias materiais deve continuar a cair,
novos serviços e de forma mais sofisticada, rápida e eficiente. O setor produtor de serviço e
conhecimento continuará a oferecer a maior parte dos novos trabalhos, e a demanda deve
conhecido como Hiraiwa Report, dividido em duas partes, “objetivando reforma estrutural
55
O programa de reforma “o povo em primeiro lugar” é baseado em cinco princípios:
elaboração de uma visão compreensiva de bem-estar para a sociedade japonesa, que está
simples quanto possíveis. O governo passou a revisar suas políticas de investimento público
demanda doméstica. O plano compreendeu aproximadamente ¥ 630 trilhões para uma gama
rede nacional de cabos de fibra ótica. Em março de 1995 o Governo aprovou um Plano de
e desenvolver capital de risco, entre outras coisas. Várias políticas também foram adotadas
56
Além disso, em março de 1994 foi publicado um relatório intitulado “Visão de Bem-
como cuidados médicos aos idosos e o apoio aos cuidados de crianças, a fim de melhor
fiscal 1995-2000. Esse plano esboçava as direções básicas para a construção de uma
sociedade econômica livre e vigorosa, para a criação de uma sociedade econômica próspera
taxa de crescimento real anual de 3% do ano fiscal de 1996 para o de 2000, assumindo que
57
II) SITUAÇÕES RECENTES DA ECONOMIA DO JAPÃO:
a) O “BIG BANG”:
financeiro japonês, o que ficou conhecido como “Japanese Big Bang Program”. O seu
comparável aos de Nova York e Londres em 2001. Esse programa se baseava em dois
Para a reforma do sistema financeiro, têm-se três princípios: Livre, onde os mecanismos de
“In retrospect, the financial Big Bang should have been adopted by the end of the
1970s, or by the early 1980s at the latest. Yet it was only in November of 1996 that former
prime minister Hashimoto Ryutaro set Japan’s Big Bang in motion. This was an essential
measure for the economy, which had reached the stage of maturity, but the move came late,
and timed as it was in the midst of a recession, it exacerbated the economic slump.”25
janeiro de 1998, é analisada a situação em que se encontra a economia japonesa, e são feitas
A economia japonesa ainda não retornou para um caminho de forte recuperação após o
25
Kojima Akira; Look Japan, august 2000.
58
Devido a uma violenta resposta da demanda pela antecipação de um aumento nos
impostos de consumo em abril de 97, a economia desacelerou. Além disso, problemas nas
Policy Package Reforming Japan for the 21st Century”, para uma reforma econômica
medidas políticas para pequenas e médias empresas, sendo que em dezembro foi
Medidas para estabilizar o sistema financeiro estavam sendo preparadas, assim como a
e Programa de Empréstimos.
Era esperado que essas medidas contribuíssem para restaurar a confiança no futuro da
haviam emprestado recursos para outros países asiáticos que sofreram choques em suas
moedas, a situação financeira no Japão deteriorou. O corte no crédito pelo risco e falta de
confiança, acabou sendo uma forte causa para a deflação e para a taxa de crescimento
59
“It is important to stress that Japanese banks, already in fragile conditions after the
burst of the 1980s asset bubble and weakened by a stagnant economy in the 1990a, had
heavily lent to other Asian economies; given the very low interest rates in Japan, large scale
lending to the fast-growing East Asian countries was stimulated by the higher returns
available outside Japan. As the Japanese crisis deepened in 1997, many of these banks
suffered capital losses and were required to re-balance their loan portfolio in adherence to
capital adequacy standards. Since the capital adequacy requirement is higher for
international than for national lending, many banks chose to recall foreign loans and
contain the magnitude of the domestic lending squeeze. At the same time, however, banks
and firms in South East Asia that had borrowed from Japan were hit by the currency
shocks: the financial outlook of Japanese banks and securities firms correspondingly
deteriorated.”26
Políticas para o ano fiscal de 1998 - De acordo com o Relatório da EPA de início de
será necessário implementar novas políticas econômicas desenhadas para o século XXI,
- Reforma e estabilização do Sistema financeiro: Para isso, o governo irá tomar medidas
26
Corsetti, Pesenti, Roubini; What caused the Asian Currency and Financial crisis?; National Bureau of
Economic research.
60
O governo também estabelecerá um sistema financeiro justo e estável e corrigirá as
globalização das economias e com a população em rápido envelhecimento. Para que isso
- Promoção de Reforma Administrativa e Fiscal: Para lidar com a crise fiscal e com uma
especiais para Promoção da reforma Estrutural e Fiscal. Em 1998, o governo irá cortar
- Alcance de uma Melhor Qualidade de Vida: Visando a previdência, reformas serão feitas
Portanto, para 1998 era esperado que a economia do Japão voltasse para o caminho de
recuperação já que não mais existiriam fatores negativos como a violenta antecipação da
demanda aos aumentos dos impostos de consumo, e devido à implementação das medidas
61
para a estabilização. Como resultado, era esperado um crescimento à taxa de 1,9%. Era
previsto para o consumo privado uma recuperação devido à aumento na renda líquida dos
ao ajuste das ações e devido à recuperação nos lucros das empresas. Demanda pública era
esperado a cair, devido a cortes nos gastos. A economia mundial era esperada a continuar a
janeiro de 1999, é analisada a situação em que se encontra a economia japonesa, e são feitas
negócios estavam adotando uma postura cautelosa, resultando em uma redução da demanda
final, como consumo privado, investimento privado residencial e não-residencial. Com isso,
o governo lançou medidas e pacotes totalizando ¥ 27 trilhões. Com essas medidas tendo
seus efeitos mais no futuro, era esperada uma taxa de crescimento real do PIB para o ano
27
The Japanese Economy: Recent trends and Outlook 1998; Economic Planning Agency.
62
Políticas para o ano fiscal de 1999:
- Revitalização da Economia do Japão: O ano fiscal de 1999 está posicionado para ser o ano
para prevenir um crescimento negativo por três anos consecutivos. Para consolidar os
sistema financeiro e com a contração do crédito. Com isso, para transformar a resultante
posição tomada estará gerando medidas estimulantes suficientes para a demanda no curto-
instituições financeiras, e irá melhorará a supervisão sobre elas. O governo também fará
- Reformas Estruturais para o século XXI: Trazer conforto e um estilo de vida abundante.
Portanto, para o ano fiscal de 1999, medidas para estabilizar o sistema financeiro e
63
O consumo privado estará caminhando para uma recuperação lenta, já que o impacto do
corte permanente dos impostos sobre consumo poderá ser sentido. É esperado que a brusca
substituído pelo Gabinete de Obuchi Keizo, este ficou conhecido como “Economic Revival
das econômicas, para as raízes do sistema social. De acordo com o discurso do ministro
“(...) As our first goal, we have pledged to achieve positive economic growth in fiscal
1999 (...) Therefore, we are actually committing ourselves to a very bold policy position
when we say we shall definitely achieve positive growth in fiscal 1999 which runs from
Our second goal is to put a stop to the upward trend in unemployment (...) has risen
Our third goal is to promote greater international harmonization (...) committed to avoiding
the intensification of trade and economic frictions (...) doing all that is in our powers to
28
The Japanese Economy: Recent trends and Outlook 1999; Economic Planning Agency.
64
What must be done to achieve these three objectives? (...) Our investigations have led us to
the conclusion that the first and foremost problem of the Japanese economy is to be found
in its ailing financial system. (...) The Obuchi administration decided that it must
completely sweep away the systemic risks which have plagued Japan’s financial
institutions over the past six years. (...) While providing the financial institutions with
public funds, the government is also pressing them to thoroughly restructure themselves.
The second economic action targeted by the Obuchi administration has been the stimulation
of aggregate demand (...) four special projects have been identified for implementation: the
based on information technology; the improvement of the urban transportation and living
competitiveness; promoting new city planning for a safer and more comfortable
The third theme of the emergency Economic Package is the expansion of employment. (...)
“ Japan is the world’s largest creditors nation. Japan has the largest stock of personal
savings in the world. And among all the nations of the world, Japan has one of the top
levels of higher education. Blessed with this rich heritage, Japan should certainly be able to
make many very important contributions to the world of the 21st century. I will close by
saying that the Japanese people today are earnestly aspiring to this noble dream and are
very much aware of the responsibilities that come with these potentialities.” 29
29
Speech by Minister Taichi Sakaya, Sorbonne University, Paris, January 7, 1999.
65
d) Ano Fiscal de 1999:
A economia Japonesa continua a melhorar aos poucos. Isso pode ser atribuído aos
economia tem falhado em alcançar uma recuperação auto-sustentável, levada pela demanda
privada.
Baseada nas condições correntes, o gerenciamento para o ano fiscal de 2000 deve se
alcançar uma transição suave de um crescimento liderado pelo setor público para um
crescimento levado pelo setor privado, e a colocar a economia de volta ao caminho de uma
recuperação auto-sustentável.
66
67
68
III) DIFICULDADES A SEREM ENFRENTADAS RUMO AO SÉCULO XXI:
“A country that does not need to defend its exchange rate can fight recessions easily,
simply by cutting interest rates as low as necessary - all the way to zero. But what if a zero
interest rate isn’t low enough - if, even at a zero rate, businesses do not want to invest as
much as consumers want to save? This is the dreaded "liquidity trap", in which monetary
policy finds itself "pushing on a string" - in which attempts to expand the economy by
expanding credit fail because banks and consumers alike prefer holding safe, liquid cash to
Then came the problems of Japan. After the bursting of the "bubble economy",
Japanese authorities were at first reluctant to cut interest rates, for fear of reinflating the
bubble. Since 1996, however, short-term rates have been well under 1 percent; today they
are only 0.25 percent. Yet this was insufficient to prevent a slide into recession, let alone to
reverse the stagnation that has characterized the Japanese economy since 1992. (...)
Moreover, even if a liquidity trap should emerge, there seemed to be a ready answer: pump
consecutivo. Então porque os japoneses não têm conseguido acabar com o problema?
O Japão tentou estimular a economia, mas isso não funcionou. O orçamento foi de um
superávit de 2,9% do PIB em 1991 para um déficit de 4,3% em 96, com juros decrescentes.
30
Krugman, Paul; The return of Demand-Side Economics.
69
“Why might deficit spending not have worked in Japan? One answer might be that
Japanese consumers took deficits now to mean higher taxes later, so that tax cuts were
saved and public works spending offset by reduced private consumption. On the other hand,
short-run swings in Japanese fiscal policy have had the normal effect: a move toward
greater deficits in 1995-6 did start a noticeable if short-lived expansion, while Prime
Minster Hashimoto's ill-advised tax increase in 1997 did much to provoke the current
recession. So why didn't the long-run move toward fiscal stimulus work? Perhaps because
it didn't really happen. Posen and others, myself included, have argued that standard
estimates of Japanese potential growth are understated, and hence that the "structural"
budget deficits actually include a substantial cyclical component - in plain English, that
mainly Japan has a budget deficit because it is depressed, not because it is actually
following an expansionary policy. In that case the question really becomes one of political
economy rather than economics: why would a sophisticated nation like Japan fail to take
Com isso, os consumidores estão poupando para a aposentadoria, mesmo quando firmas
Krugman continua:
70
“ But it is also a long-run source of budget concern: like other advanced countries,
Japan worries about paying social insurance to retirees in the next century. As a result, the
government is reluctant to run up debt. Indeed, it was concerns about such long-run
71
IV) REPORTAGENS RECENTES:
Japão, chamando atenção para o endividamento excessivo do governo para realizar seu
nível exorbitante de ¥ 645 trilhões, ou US$ 6,08 trilhões em março de 2001, representando
Essa notícia do risco japonês enfraqueceu a moeda, quando o yen se desvalorizou em 0,9%.
Há poucos dias, o governo do Japão cancelou 256 projetos de obras públicas, com o
Além disso, a demanda externa por exportação vem caindo, levando a uma taxa de
produção industrial de apenas 1,5%. Isso pode ser um indício de que a recuperação
72
Reportagem 1: Gazeta Mercantil, 11 de setembro de 2000.
73
Reportagem 2: O Globo, 09 de setembro de 2000.
74
Reportagem 3: Gazeta Mercantil, 30 de novembro de 2000.
75
V) CONCLUSÂO:
Contudo, muitos esforços estão sendo feitos a fim de acordar o gigante, de forma a
isso possa acontecer antes mesmo de 2005, ano previsto de acordo com o ciclo econômico
é necessário que essas questões que vêm preocupando os agentes sejam efetivamente
ocorrerá, a menos que bancos do setor privado e outras instituições financeiras ajam
rapidamente para efetivamente tornar seu gerenciamento viável. Os japoneses têm aceitado
gerenciamento por capital estrangeiro tenha um efeito estimulante para os bancos japoneses
em geral.
31
Kojima Akira; Look Japan, august 2000.
76
VI) BIBLIOGRAFIA :
KLEIN and OHKAWA – Economic Growth – The Japanese Experience since the Meiji Era.
The Japanese Economy: Recent Trends and Outlook – Coordination Bureau Economic
Artigos da revista Look Japan, do jornal Gazeta Mercantil, e demais fontes relevantes.
77