Brunomarcelino, Elaine Silveira Mello Silva1
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Revista Latinoamericana de Estudios en Cultura y Sociedad | Latin American Journal of Studies in Culture and Society 1
V. 05, ed. especial, abr., 2019, artigo nº 1141 | claec.org/relacult | e-ISSN: 2525-7870
Resumo
Este artigo apresenta breve análise, sobre a importância da imagem como fonte e lugar de história e memória
para a pesquisa histórica. Para isso, se analisou algumas imagens representativas, nas quais foram criadas
durante o Estado Novo (1937-1945), pelo Departamento de Imprensa e Propaganda DIP, no sentido de propagar
a ideologia de patriotismo e também, a “imagem” de Getúlio Vargas, como sendo um líder justo, carismático
pelas crianças e provedor do Estado. Também, tinha como meta o desenvolvimentismo/nacionalismo do país
como um bem dos trabalhadores. Ainda apresentamos uma reflexão sobre a educação nesse contexto, bem como
uma singela mostra de como foi representada a infância ao longo da história e, ainda a abordagem feita pelo
governo no sentido de incutir nas crianças esses ideais, por ele defendidos. Usou-se essa metodologia, pois
entendemos que as imagens são artefatos-culturais e que podem nos surpreender a cada leitura que lhe fazemos,
sendo essa uma importante fonte para o estudo da história e memória.
Resumen
Este artículo presenta un breve análisis sobre la importancia de la imagen como fuente y lugar de la historia y la
memoria para la investigación histórica. Para ello, analizamos algunas imágenes representativas, en las que
fueron creadas durante el nuevo estado (1937-1945), por el Departamento de prensa y de propaganda DIP, con el
fin de propagar la ideología del patriotismo y también, la "imagen" de Getúlio Vargas, como siendo Un líder
justo y carismático para los niños y el proveedor del estado. También, tenía como su meta el desarrollo/el
nacionalismo del país como buen de los trabajadores. También presentamos una reflexión sobre la educación en
este contexto, así como un simple espectáculo de cómo la niñez estuvo representada a lo largo de la historia y,
aun así, el enfoque del gobierno para inculcar en los niños estos ideales, defendidos por ella. Se utilizó esta
metodología, porque entendemos que las imágenes son artefactos culturales y que pueden sorprendernos con
cada lectura que hacemos, y esto es un importante para el estúdio de la historia y la memória.
Abstract
This article presents a brief analysis on the importance of using the image as source and place of history and
memory for historical research. For that, we analyzed some representative images, which were created during the
Estado Novo (1937-1945), by the Department of Press and Propaganda DIP, in order to propagate the ideology
1
Mestranda do Programa de Mestrado Profissional em História (PPGH) FURG; Rio Grande; RS; Brasil;
[email protected]
2
Doutora em Educação - Filosofia e História da Educação pela UFPEL; Pelotas; Rio Grande do Sul; Brasil;
[email protected]
Histórico do artigo:
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of patriotism and also, the "image" of Getúlio Vargas, as being a just, charismatic leader for children and
provider of the state. Also, it aimed at the developmentalism / nationalism of the country as a good of the
workers. We also present a reflection on education in this context, as well as a simple example of how childhood
was represented throughout history and also the approach taken by the government to instill in children these
ideals that they defended. This methodology was used because we understand that the pedagogy of the image
can surprise us with each reading we make of the same image, being an important source for the study of history
and memory.
1.Introdução
História e memória, sempre vão estar juntas nas lembranças de quem busca
significado nas suas histórias de vida como escreveu, Monteiro (2007), “memórias
espontâneas” em sociedade. Assim, essas memórias podem despertar as mais belas sensações
e emoções de lugares que nos evocam prazeres, vontades, gostos de uma época distante,
juntamente com os, segundo a autora, “saberes ensinados e saberes aprendidos” em história.
Por outro lado, essas memórias também podem ser representadas através de imagens
dentre as quais podem evocar amargas lembranças de uma época, na qual foi de intensa
opressão, para quem as vivenciou. Por exemplo, imagens criadas com a intencionalidade de
ascensão social, de um grande líder e/ou um ídolo. Segundo Ferreira (2002), “A memória é
também uma construção do passado, mas pautada em emoções e evidências; ela é flexível, e
os eventos são lembrados à luz da experiência subsequente e das necessidades do presente.”
(2002, p. 321). Nesse sentido, a memória, uma vez evocada a partir da contextualização
histórica, pode provocar o sentimento de pertencimento ou negação de um lugar, ou uma
época, mesmo que esteja distante, invade os pensamentos que ludibriam os sentimentos mais
íntimos do ser humano produzindo cultura própria do meio no qual, estão inseridos.
Conforme Bôas, em discussão em artigo publicado em (2013), escreveu que: “história
possui uma memória” e a partir desses estudos sobre memória e representações sociais,
discorremos sobre essa temática pela importância que a mesma possui. Assim, lugar de
memória também pode ser um livro, uma fotografia, uma pintura em uma tela, uma carta, um
diário pessoal, arquivos que poderão conter grandes segredos de Estado e ainda, tudo aquilo
que ao olhar de uma pessoa pode ser evocada uma história. Isso é uma singela definição,
porque memória vai muito além disso. Entretanto, se tornou comum ouvir nos meios
midiáticos, principalmente quando se trata de política que, o brasileiro é “um povo sem
memória”. De acordo com Ferreira, ela diz que,
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2.História e memória
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ser um povo esquecido, pois através da educação se desenvolveu um espaço para uma dada
memória, como escreveu Fonseca. Dessa forma podemos observar que a memória foi
utilizada de forma negativa pela ideologia política e que, ao passar dos tempos se percebe que
no campo conceitual político, ainda se incorpora essa realidade. Sendo uma estratégia
oportunista, na qual acontecia com mais frequência no âmbito educacional devido a
vulnerabilidade do público infantil.
Para refletirmos um pouco no que é ser criança, bem como no que é infância,
iniciaremos compartilhando sobre os estudos da filosofia da infância. Entretanto, muitos
estudiosos falam que ser criança é muito mais do que ter pouca idade, é não ter medo de errar,
não ter medo de falar o que pensa, nem tão pouco se importar para com o que os outros
pensam sobre ela, nem mesmo quando lhes são observadas, ao fazer uma travessura. E o que
é infância? Dê acordo com Kohan:
Assim, entendemos que a infância é algo que foge ao nosso alcance, ela pode ser
percebida, como uma fase pela qual a criança passa, sem objeções ou sentidos estabelecidos.
Sendo uma especificidade da criança e que dependendo da sua cultura ou classe social, pode
ser caracterizada, em diferentes categorias. Mas, como bem diz Kohan, 1999, sobre a
infância: “[...] é quando muito uma construção irregular ou cheia de brechas”. E muitas vezes
nessas irregularidades que estão os desafetos, os descuidos e as transgressões.
Entretanto, estudos de Ariès, (1914-1984) nos mostram que a infância ao longo da
história social da criança, não foi percebida, ou seja, o sentimento de infância não existia,
somente a partir do século XIII, que se começou a ter um despertar desse sentimento, ainda
muito tímido, sendo a criança notada pelos adultos mais no sentido de “entretenimento” do
que pelo sentido de um ser que necessita de afeto e cuidados, devido a sua fragilidade e
inocência. Ainda nesse sentido, as representações da infância começaram a ter uma maior
expressão a partir do século XVII, com o aparecimento dos retratos, e sem dúvida, com a arte
iconográfica que representava a criança nas pinturas. Nas imagens da virgem Maria e do
menino Jesus, por exemplo, as crianças são as que mais aparecem.
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Ainda segundo o autor, “Foi também nesse século que os retratos de família, muito
mais antigos, tenderam a se organizar em torno da criança, que se tornou o centro da
composição.” (1984, p. 28). Podemos perceber que a história da arte e da iconografia foi
essencial para a descoberta da infância, pois essa evolução se deu simultaneamente, ao se
registrar as senas de família, onde muitas vezes, as crianças eram representadas com
características físicas mais de adultos do que delas próprias, com o corpo com musculatura
desenvolvida como um adulto e com o rosto de criança, angelical. Essa era uma das
representações comuns durante a Idade Média e que nos dá a percepção de ausência do
sentimento de infância nesse período.
Percebe-se também, que não havia uma preocupação com a primeira educação que é
dada no ambiente familiar, sendo esta delegada a outras pessoas. Nem mesmo com a
educação destinada pelos mestres. Também em relação ao traje das crianças era o mesmo
para meninos e meninas, as brincadeiras e todo o convívio social, inclusive nas quermesses,
as crianças jogavam e se divertiam juntamente com os adultos.
Enfim, as relações cotidianas davam se nos mesmos lugares para todos, sem a reserva
de espaços destinados para as crianças. Assim, passou-se muito tempo para que essa realidade
mudasse. Segundo o historiador Philippe Ariès, “sentimento de infância não é o mesmo que
gostar das crianças, mas a consciência da particularidade infantil, essa singularidade que
distingue a criança do adulto.” Dessa forma, sendo a infância uma especificidade da criança
que é vivenciada por toda pessoa, uma vez que não existe adulto que não teve infância.
No entanto, com o advento da sociedade Moderna e consequentemente com o
surgimento do sistema capitalista, essa condição de uma infância não percebida desaparece,
ocupando a partir desse momento em diante uma preocupação ainda muito lenta em relação às
especificidades e, necessidades das crianças, sobretudo com a educação institucionalizada e
seus direitos perante o Estado. Assim, essa realidade perdurou por longos anos, até que de
1824 a 1969 com as constituições federais, algumas garantias em relação aos direitos das
crianças foram se aprimorando, principalmente em relação a segurança e educação.
Entretanto o período no qual compreende este estudo, (1937-1945) do século XX,
vivenciou-se no Brasil, o regime ditatorial no qual pregava uma educação “doutrinária”, desde
a tenra idade. Assim, este estudo com imagens, analisaremos questões de patriotismo e
infância, no qual mostrará como a abordagem política da época foi capaz de, se “promover”
usando como meio para isso a propaganda política, na tentativa de passar aos eleitores a ideia
de um líder carismático e exemplar.
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Para tanto, sabemos que a história como ciência, se fundamenta em distintas vertentes
teóricas e metodológicas, que se caracterizam por defender sua ideologia, bem como mostrar
através da pesquisa, a razão de sua existência. Entretanto, neste trabalho a proposta de estudo
fundamenta-se na Teoria da Consciência Histórica, proposta por Jörn Rüsen e também
defendida por Luis Fernando Cerri. Para esse autor, em sua obra “Ensino de História e
Consciência Histórica”, ele se refere à importância que tem a consciência histórica, não como
um tempo distante, ou que fique apenas na memória, mas para o tempo presente, o hoje em
projeto para o futuro.
Assim ele diz: “A consciência histórica, entretanto, não se resume ao passado e à
memória, mas às projeções que fazemos para o nosso futuro.” (2011, p. 15). Por esse viés que
se dá a ligação da consciência histórica no tempo presente para que possamos refletir e mudar
o futuro. Ainda ter a percepção sobre o sentido que teve a imagem criada com o objetivo de
“doutrinar” as crianças enquanto categoria de sentido social.
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entendemos que estudar as ilustrações nos possibilita viajar por diferentes épocas, culturas e
tempos, bem como construir vivências e aprendizagens significativas por meio desta fonte
histórica. Nesse sentido, Peter Burke em sua obra “Testemunha Ocular” escreveu que, a
imagem pode nos oportunizar diferentes leituras dependendo da análise e sentido que se
pretende alcançar com esse estudo,
O testemunho das imagens necessita ser colocado no “contexto”, ou melhor, em uma
série de contextos no plural (cultural, político, material, e assim por diante),
incluindo as convenções artísticas para representar as crianças (por exemplo) em um
determinado lugar e tempo, bem como os interesses do artista e do patrocinador
original ou do cliente, e a pretendida função da imagem. (2017, p.282).
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que, se os compradores falissem por causa da guerra, deixariam de comprar o café e o algodão
brasileiro.
Com essa tensa situação, para o Brasil, seria melhor garantir uma boa relação entre os
países beligerantes da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), principalmente dos aliados,
Estados Unidos, Reino Unido e União Soviética. Para garantir, até onde fosse possível, uma
parceria econômico-comercial, como meio de manter a condição de país que aspirava se
desenvolver. De acordo com Boris Fausto,
Sob o aspecto socioeconômico, o Estado Novo representou uma aliança da
burocracia civil e militar e da burguesia industrial, cujo objetivo comum imediato,
era o de promover a industrialização do país sem grandes abalos sociais. (2015, p.
201).
Dessa forma, Getúlio Vargas procurou manter em suas relações internacionais, uma
postura de neutralidade política, não se envolvendo no conflito armado. Contudo, houve um
momento no qual foi a “gota d’água” para que fosse rompida a aparente “boa relação”. Foi
quando a Alemanha afundou os navios da Marinha de Guerra brasileira, onde causaram a
morte de mais de mil pessoas. Assim, a partir desse instante em (1942), o Brasil entrou no
conflito armado, enviando a Força Expedicionária Brasileira (FEB), para a Itália como reforço
dos países aliados. No Brasil, Getúlio Vargas manobrava de forma articuladora, sendo capaz
desde um golpe para sua efetivação no Estado Novo (10 de novembro de 1937), até as mais
simples práticas populistas. Segundo a articulação golpista Alves escreveu,
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Para isso, durante o Estado Novo foram criados alguns departamentos, nos quais
auxiliavam o governo, no sentido de controlar as críticas feitas pela oposição, bem como
também, de promovê-lo com a criação de propagandas solidárias e patrióticas pela imprensa
escrita e audiovisual. Dentre as quais, algumas com imagens de Getúlio Vargas, mostrando-se
ser um político carismático e “provedor” da família perante o Estado. Sendo exaltado, como
uma pessoa que zela pela justiça, preocupado com a educação e a cultura dos concidadãos.
Nas palavras de Sosa:
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Dessa forma, a carta de 1937, não mostrava interesse em desenvolver uma educação
geral na rede pública de ensino. De acordo com Aranha, “No Brasil, o positivismo influenciou
as medidas governamentais do início da República e, na década de 1970, por ocasião da
tentativa de implantação da escola tecnicista.” Ainda que, “O positivismo permeou de
maneira eficaz a pedagogia daí em diante, ora de maneira explícita, ora camuflada.” (2006, p.
206). Por esse viés, a intenção se declara a partir de uma dualidade no ensino, sendo essa
constituição oposta, ao sentido democrático e assim, se distancia da sua finalidade.
Nesse sentido de dualidade Ghiraldelli Jr. 2009, ainda escreveu que: “os ricos
proveriam seus estudos através do sistema público ou particular e os pobres, sem usufruir
desse sistema, deveriam ter como destino as escolas profissionais.” (2009, p. 79). Assim, o
ensino técnico compreendeu as seguintes modalidades: Industrial, Comercial, Agrícola e
Normal.
Como vimos, à educação durante o Estado Novo foi conduzida pelo modelo
americano de educação. O Brasil vivia sob forte influência externa, em vários setores
institucionais. Entretanto, pregando uma ideia de nacionalismo e incentivando os
trabalhadores nesse sentido, o modelo de educação americano perdurou, até o final de 1955.
Assim, se priorizou o ensino técnico devido o país estar passando pelo processo de
industrialização. Para isso, se buscou a qualificação profissional que atendesse essa demanda
de trabalhadores para o mercado interno. Contudo, foram criadas algumas instituições como,
o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), o Serviço Nacional de
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Aprendizagem Comercial (SENAC), dentre outros. O que se decretou a partir desse momento,
o chamado sistema educacional brasileiro.
Em relação ao Ensino Primário, se priorizou a mediação do ensino através dos
materiais didáticos produzidos com forte ideologia política, uma vez que as cartilhas
continham um teor metodológico centrado nas imagens de Getúlio, muitas vezes com as
crianças, criando uma forte representatividade para o público infantil. Também se estendia
aos temas, sendo “Getúlio Vargas para crianças” e ainda, “Getúlio Vargas, amigo das
crianças”. Uma espécie de “mitificação” para conduzir a educação e a infância como
desejava. Tendo como eixo norteador “o amor, a dedicação, o respeito pela família e também
pela pátria”, ou seja, uma teoria de governo “protecionista”, na qual oportuniza para os
pequenos um desenvolvimento apolítico, ao ideal de educação progressista e inovadora.
Vejamos a imagem a seguir:
Figura: 2.
Nesta imagem o presidente Getúlio Vargas posa, com as crianças do ensino primário.
Com um gesto carismático, no qual representa o ideal de personalidade para um líder que quer
ser amigo das crianças. Nesse contexto, podemos perceber uma infância idealizada, uma vez
que as crianças estão bem vestidas, felizes, com a bandeira em mãos, ou seja, os futuros
patriotas em pleno desenvolvimento. No texto ao lado está escrito:
Crianças!
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Aprendendo no lar e nas escolas o culto da Pátria, trareis para a vida prática todas as
probabilidades de êxito.
O texto acima sintetiza o sentimento nacionalista que a educação vigente impunha que
fosse desenvolvido, desde a infância pelas crianças do ensino primário. Entretanto, como
vimos a infância ao longo da história é pouco percebida, contudo, essa estratégia é uma
característica marcante, na história da infância. Prioriza-se, fortemente o despertar do
sentimento de amor pela Pátria. Sendo as crianças o aporte para isso. E ainda, se percebe uma
valorização bem mais direcionada a pátria do que por uma educação igualitária.
Dessa forma, o texto é explícito no ideal de educação que deveria ser alcançada. Na
qual seria centrada na organização disciplinar, com o objetivo de promover a política
Getulista, bem como desenvolver nas crianças um exaltado sentimento de patriotismo e assim,
a continuação do sistema vigente. A educação no contexto familiar e a disciplina como
princípio condutor das crianças. A imagem que circulava era a representação como forma de
amor e respeito à família. Vejamos:
Figura: 3.
Para tanto, como vemos o conteúdo das imagens é bem claro e aponta o caminho
condutor que o governo de Getúlio Vargas, almejava que os futuros cidadãos cruzassem
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através da educação brasileira. Na qual foi apresentada de forma imprópria, sendo excludente
e preconceituosa, pois classificava os estudantes desde a formação inicial por categorias
profissionais de acordo com a condição financeira da família. Assim, os que possuíam
melhores condições, seguiriam os estudos a nível superior. E os que estavam destinados para
atuarem nas indústrias e comércio que se desenvolviam no país, o ensino técnico. Ainda havia
a educação, destinada aos pequenos do ensino primário, nos quais desde a tenra idade, eram
“doutrinados” a serem amáveis, respeitosos e obedientes primeiro com a família e assim
educados, também procederiam com os seus governantes. De acordo com Pinsky:
Esta imagem também nos mostra, o quanto à disciplina foi valorizada neste regime
ditatorial. Segundo Tota, “[...] estávamos diante de um Estado que, ao se implantar, se valia
dos mais variados mecanismos para processar sua legitimação.” (1989, p. 184). As crianças
seguiam uma rotina condutora de princípios e valores nos quais os cuidados com o corpo e o
comportamento, os exigiam uma postura de centralidade. Quanto à disciplina nos espaços
educacionais Foucault escreveu que, “A disciplina “fabrica” indivíduos; ela é a técnica
específica de um poder que toma os indivíduos ao mesmo tempo como objetos e como
instrumentos de seu exercício.” E ainda nesse sentido:
Entretanto, esse modelo de educação perdurou por todo o governo de Getúlio Vargas,
uma vez que não havia outra forma de aquisição do conhecimento escolarizado,
principalmente para os filhos dos trabalhadores. A educação nas escolas católicas era muito
caro, e assim sendo considerado um privilégio para poucas pessoas. Dessa forma, o
analfabetismo prevaleceu na maior parte da população brasileira, contudo contribuindo para
que o governo tivesse o controle e, ideal alcance nas campanhas populistas, assim o povo foi
governado nos padrões Getulistas.
6.Considerações finais
Como vimos durante o Estado Novo Getúlio Vargas desenvolveu ações e as praticou
de forma autoritária e sem grandes mobilizações, pois tinha o apoio das maiores forças, como
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que pode mudar é a partir da análise que será realizada e objetivos em que se pretende através
dessa fonte, como testemunho histórico.
Por fim, vimos como Getúlio Vargas conduziu através da política a educação, a
cultura e a população do Estado. Como imagens, com crianças do Ensino Primário foram
utilizadas para representar a “boa imagem” do governo e ainda; como a infância foi
representada no sentido de mostrar o carisma de Getúlio, sendo essa (como tudo indica),
menos importante do que a figura do presidente. Entretanto, foi um período de intensa
“movimentação” política em todos os sentidos, em que podemos como professores/
historiadores buscar através das fontes, o saber histórico tanto para o ensino de História, como
para a escrita historiográfica.
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Histórico do artigo:
Submetido em:11/01/2019– Aceito em: 19/03/2019
RELACult – Revista Latino-Americana de Estudos em Cultura e Sociedade
Revista Latinoamericana de Estudios en Cultura y Sociedad | Latin American Journal of Studies in Culture and Society 19
V. 05, ed. especial, abr., 2019, artigo nº 1141 | claec.org/relacult | e-ISSN: 2525-7870
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Submetido em:11/01/2019– Aceito em: 19/03/2019