Educacao em Ciencias, Epistemicidio e Direitos Humanos

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Brazilian Journal of Development

Reflexões acerca do ensino de ciências, epistemicídio e a educação em direitos


humanos

Reflections on science teaching, epistemicide and human rights education

DOI:10.34117/bjdv6n7-682

Recebimento dos originais: 18/06/2020


Aceitação para publicação: 24/07/2020

Mariana da Silva de Lima


Formação acadêmica: Mestra em Biotecnologia pela Universidade Federal do Ceará
Instituição: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará
Rua Francisco da Rocha Martins, s/ nº, Bairro Pabussu, Caucaia, CE. CEP: 61609-090
E-mail: [email protected]

RESUMO
O trabalho se propôs a apresentar reflexões sobre situações cotidianas dentro do ambiente escolar, e
do ambiente acadêmico, sobre direitos humanos e o ensino de ciências. Para o desenvolvimento deste
estudo sobre ensino de ciências e educação em direitos humanos, o tema central abordado foi a
questão do epistemicídio dos saberes de outras matrizes civilizatórias.
O principal objetivo foi incitar a reflexão e a busca por formas mais democráticas de promover a
prática docente para a formação cidadã dentro das instituições de ensino.
As reflexões apresentadas sobre o sistema educacional e a necessidade de outras formas da atuação
docente e de se pensar políticas públicas em educação nos mostram que ainda há muito a fazer. Apesar
de ganhos importante através de ações afirmativas, que se multiplicaram nas instituições públicas nos
últimos anos, é fato que o próximo desafio é descolonizarmos os currículos escolares e universitários.
É necessário e urgente que pensemos em como transformar o sistema educacional em uma
experiência realmente democrática.

Palavras-chave: Decolonialidade, Epistemicídio, Interdisciplinaridade

ABSTRACT
The work aimed to present reflections on everyday situations within the school environment, and the
academic environment, on human rights and science teaching. For the development of this study on
science teaching and human rights education, the central theme addressed was the question of the
epistemicide of knowledge from other civilizing matrixes.
The main objective was to encourage reflection and the search for more democratic ways of
promoting teaching practice for citizen formation within educational institutions.
The reflections presented about the educational system and the need for other forms of teaching and
thinking about public policies in education show us that there is still a lot to do. Despite important
gains through affirmative actions, which have multiplied in public institutions in recent years, it is a
fact that the next challenge is to decolonize school and university curricula.
It is necessary and urgent that we think about how to transform the educational system into a truly
democratic experience.

Keywords: Decoloniality, Epistemicide, Interdisciplinarity

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1 INTRODUÇÃO

“Se os movimentos sociais reeducam a sociedade e a escola, que saberes eles têm trazido
para o campo educacional? Qual tem sido o lugar ocupado por esses saberes no cotidiano da
escola, dos currículos e das políticas educacionais do século XXI? Afinal, que caminho
poderia ser trilhado para se construir uma nova teoria crítica na educação que se debruce com
seriedade sobre as questões aqui colocadas?”
(GOMES, 2017. p. 43)

Nos círculos acadêmicos e na sociedade como um todo, muito se fala acerca da garantia dos
direitos humanos para o cidadão. A verdade é que na prática muitas pessoas desconhecem o que
realmente significa a expressão “direitos humanos”, quem faz jus a esses direitos e quais direitos
realmente os compõem. Quando dialogamos sobre esta temática é facilmente perceptível que são
muito recorrentes as deturpações sobre o assunto, fazendo com que as pessoas tenham um
entendimento equivocado sobre o tema. Isso é algo preocupante, pois a partir do momento em que
não se tem conhecimento do que são direitos humanos e de sua importância, é pouco provável que a
sociedade se articule para a defesa desses direitos.
É possível elencar alguns dos motivos do porquê a sociedade tem um conhecimento tão
deficiente sobre direitos humanos. Aspectos culturais e educacionais são exemplos de fatores que
levam o cidadão ao desconhecimento da questão. A mídia hegemônica em uma sociedade é um
instrumento muito efetivo de construção de certos tipos de paradigmas no imaginário das pessoas. A
qualidade da mídia influencia fortemente as referências, os arquétipos e o padrão de pensamento e
comportamento da população. Se temos uma mídia que trabalha com a marginalização de certos
grupos sociais, enquanto relaciona certos grupos privilegiados a um padrão de humanidade passível
de ser digno de direitos, teremos como resultado uma sociedade que tem a discriminação de minorias
como uma de suas bases. Discriminação que, em geral, resulta em negação de direitos e outros tipos
de violência.
O sistema educacional também é fundamental para o entendimento da questão dos direitos
humanos (MARTINS, 2019). Ocorre que a educação no Brasil é, na verdade, marcada pela ausência
do diálogo e da abordagem, por mínima que seja, desta temática. Esse assunto é um tema com
possibilidade de ser tratado de maneira transversal, pois acredita-se que todos os conteúdos precisam
abordar questões relacionadas aos direitos humanos. Inclusive a educação pautada em princípios que
respeitem o direito de todos é algo que deveria ser basilar para a construção de uma sociedade justa,
igualitária e que preza por uma ética nas relações entre os indivíduos. Quando se trata de educação
em ciências, essa premissa se mostra também extremamente urgente (OLIVEIRA, 2013).

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A qualidade da educação científica destinada aos indivíduos que compões uma sociedade irá
refletir na forma como estes cidadãos valorizam a ciência e apoiam profissionais que atuam
diretamente com questões científicas no país. Se promovemos uma educação em ciências deficiente,
pautada em apenas uma matriz cultural e civilizatória, não respeitando outras formas de saberes, e
damos pouca importância ao fato preocupante do distanciamento entre sociedade e ciência, muito
provavelmente estaremos fadados a uma sociedade que menospreza essa área tão estratégica para o
desenvolvimento de uma nação. E esta educação científica deve estar alinhada às principais questões
sociais do pais, a fim de que a ciência possa ser vista como forma de resolver os problemas
enfrentados pela população. Acerca do risco que é uma educação pautada apenas no conhecimento
ocidental, Ailton Krenak afirma em sua obra como é equivocada a idéia de que há apenas uma forma
de estar no mundo, uma forma de educação, a educação ocidentalizada:

“A idéia de que os brancos europeus podiam sair colonizando o resto do mundo estava
sustentada na premissa de que havia uma humanidade esclarecida que precisava ir ao
encontro da humanidade obscurecida, trazendo-a para essa luz incrível. Esse chamado para
o seio da civilização sempre foi justificado pela noção de que existe um jeito de estar aqui
na Terra, uma certa verdade, que guiou muitas das escolhas feitas em diferentes períodos
da história.
Agora, no começo do século XXI, algumas colaborações entre pensadores com visões
distintas originadas em diferentes culturas possibilitam uma crítica dessa idéia.”
(KRENAK, 2019. p. 11)

Além da questão da desqualificação de outros saberes, é importante também destacarmos que


a desvalorização da ciência, de maneira geral, é extremamente perigosa. Isso porque essa
desvalorização resulta em cidadãos susceptíveis aos mais diversos equívocos na tomada de decisões
cotidianas. Decisões estas que têm relação com o conhecimento científico. Alguns exemplos bem
atuais é o avanço, cada vez mais preocupante, de grupos anti-vacinas, que sem nenhum embasamento
científico disseminam informações equivocadas sobre possíveis ônus que a vacinação pode causar.
Esse tipo de grupo prolifera conteúdo perigoso a partir do momento que põe em risco a saúde da
população, para citar apenas um exemplo.
Assim, o ensino de ciências e a educação em direitos humanos são duas temáticas importantes
em nossa educação e devem andar juntas, pois tanto a produção científica deve cumprir algumas
normas éticas, que respeitem os direitos humanos, como a sociedade precisa ter como aliada a
educação em ciências, para que se façam cumprir estes os direitos dos cidadãos.
Desta forma, este artigo trata sobre reflexões acerca do ensino de ciências na perspectiva da
educação em direitos humanos. A finalidade é contribuir sobre o assunto e fomentar a discussão
acerca de uma prática docente, dentro das escolas e universidades, que supere uma lógica educacional

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meramente conteudista, e que se volte para as questões sóciocientíficas presentes no cotidiano de
todos os envolvidos na prática educativa.

2 METODOLOGIA
O trabalho se propôs a apresentar reflexões sobre situações cotidianas dentro do ambiente
escolar, e do ambiente acadêmico, sobre direitos humanos e o ensino de ciências. Para o
desenvolvimento deste estudo sobre ensino de ciências e educação em direitos humanos, o tema
central abordado foi a questão do epistemicídio dos saberes de outras matrizes civilizatórias,
diferentes da matriz ocidental, e a pluriversalidade como instrumento capaz de superar a lógica do
conhecimento dito universal. A fim de embasar as reflexões e análises deste estudo, foram analisados
artigos científicos da área da pluriversalidade e educação, educação decolonial, educação científica e
direitos humanos, educação e relações étnico-raciais e ensino de ciências em uma abordagem
decolonial.
O principal objetivo foi incitar a reflexão e a busca por formas mais democráticas de promover
a prática docente para a formação cidadã dentro das instituições de ensino.

3 RESULTADOS
A educação é um dos direitos fundamentais do cidadão. Para se fazer cumprir esse direito, a
maioria dos profissionais que atuam na área da educação acredita que as instituições de ensino
precisam viabilizar, dentre outras coisas, o acesso de crianças e jovens aos espaços educacionais
formais, garantir a permanência dos estudantes e promover um ambiente adequado para que o
processo de aprendizado ocorra. Todos estes elementos, de fato, são importantes e fundamentais para
a formação dos estudantes, no entanto é necessário refletir que a forma como o processo educacional
é construído e praticado atualmente nas instituições formais de ensino precisa ser repensado.
Especificamente, os currículos legalmente aprovados e considerados adequados estão muito distantes
de garantir uma educação democrática e plural. É urgente que os saberes ditos universais, advindos
de uma matriz civilizatória euroreferenciada, deixem de ser o saberes que hegemonicamente
aprendemos e somos levados a ensinar nas escolas e universidades (CARVALHO, 2018). A
educadora Nilma Lino Gomes, brilhantemente trata sobre este assunto em sua obra:

“É preciso uma mudança radical no campo do conhecimento. Mais do que somente na teoria
educacional e na escola. Será preciso construir uma pedagogia das ausências e das
emergências que nos ajude a produzir as epistemologias do Sul.
As epistemologias do Sul são um conjunto de intervenções epistemológicas que denunciam
a supressão das muitas formas de saber próprias dos povos e/ou nações colonizadas. Essa
supressão é resultado de um processo histórico de dominação epistemológica importa pelo
imperialismo. As epistemologias do Sul valorizam os saberes que resistiram com êxito a essa

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dominação e investigam as condições de um diálogo horizontal entre conhecimentos e
práticas.”
(GOMES, 2017. p. 53-54)

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É importante ressaltar que muitas mudanças, no que tangem a questão da inclusão nos espaços
educacionais, tiveram significativos avanços nos últimos anos. Porém não basta garantir o acesso da
população negra, de povos pindorâmicos e tradicionais e de pessoas com deficiência nos espaços
educacionais. É preciso também que haja inclusão nos conteúdos formalmente aceitos. É necessário
um realinhamento da prática pedagógica, que precisa tratar de todas as questões que envolvem essa
parcela dos educandos, além de precisarmos refletir e agir para mudanças profundas nos currículos
(NJERI, 2019). Não há como falar de inclusão se estes estudantes, os quais as pessoas à frente do
sistema educacional dizem querer incluir, não se percebem refletidos nos conteúdos e assuntos
tratados dentro de sala de aula (ARAÚJO, 2011). Ainda temos uma grande deficiência em tornar os
currículos realmente representativos para todos os tipos de culturas que compõem nossa sociedade
(BENITE; SILVA, 2018). Muito do que aprendemos ainda está arraigado na concepção ocidental
euroreferenciada de educação. É preciso que se conheça e se estude outras perspectivas para, a partir
daí, garantir uma educação pluriversal (NOGUERA, 2012).
A educação em direitos humanos (EDH) está intimamente ligada à essa temática, pois a
própria Resolução da ONU, de nº 184, que institui Educação e Formação em Matéria de Direitos
Humanos, enfatiza que para que a EDH seja realmente efetiva, ela precisa se pautar em várias
princípios, dentre os quais a igualdade e não discriminação. E a realidade é que os currículos das
instituições de ensino ainda são instrumentos para a prática da discriminação, não garantindo a
igualdade a partir do momento em que não oportuniza que povos negros e tradicionais saibam de sua
história, sua cultura e suas formas de ver e estar no mundo. Não há valorização de outros saberes no
ambiente acadêmico. Este ainda se mostra hegemonicamente branco, heteronormativo e masculino.
Por conta desta realidade, não é inadequado falarmos que no ambiente educacional formal o que
presenciamos é um verdadeiro epistemicídio. A palavra epistemicídio significa, em linhas gerais, a
morte do conhecimento. No entanto, é importante que analisemos a palavra de maneira mais
cuidadosa, a fim de refletirmos sobre que tipo de conhecimento está sendo aniquilado. Se pensarmos
sobre a cultura hegemônica em nossa sociedade, perceberemos que os saberes que são
negligenciados, subalternizados e depreciados são os saberes de matrizes africanas e de povos
tradicionais, que na maioria das vezes não são tratados como conhecimento válido em ambientes
acadêmicos. Sobre este assunto, Sueli Carneiro brilhantemente pontua em sua tese, que trata sobre os
instrumentos de biopoder em nossa sociedade:

[…] o epistemicídio é, para além da anulação e desqualificação do conhecimento dos povos


subjugados, um processo persistente de produção da indigência cultural: pela negação ao
acesso a educação, sobretudo de qualidade; pela produção da inferiorização intelectual; pelos
diferentes mecanismos de deslegitimação do negro como portador e produtor de
conhecimento e de rebaixamento da capacidade cognitiva pela carência material e/ou pelo

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comprometimento da auto-estima pelos processos de discriminação correntes no processo
educativo. Isto porque não é possível desqualificar as formas de conhecimento dos povos
dominados sem desqualificá-los também, individual e coletivamente, como sujeitos
cognoscentes. E, ao fazê-lo, destitui-lhe a razão, a condição para alcançar o conhecimento
“legítimo” ou legitimado. Por isso o epistemicídio fere de morte a racionalidade do subjugado
ou a sequestra, mutila a capacidade de aprender etc. É uma forma de sequestro da razão em
duplo sentido: pela negação da racionalidade do Outro ou pela assimilação cultural que em
outros casos lhe é imposta.
(CARNEIRO, 2005. pág. 97)

Desta forma, é fundamental que a reflexão acerca da educação em direitos humanos, inclusive
em relação a educação em ciências, foque também na desconstrução da violência que é a negação de
outros conhecimentos. Conhecimentos estes advindos de culturas que também fazem parte de nossa
sociedade, portanto, devem ser abordadas nos currículos se realmente quisermos falar em uma
educação verdadeiramente democrática (LIMA, 2020).
Acerca do ensino de ciências, alguns exemplos podem ser diretamente discutidos e
problematizados, o que pode inclusive enriquecer muito o ensino em ciências (PINHEIRO; ROSA,
2018). Quando falamos de determinados assuntos da área das ciências biológicas, por exemplo, há
uma gama enorme de conhecimento que pode ser trabalhado no sentido de trazer os saberes
tradicionais para sala de aula. Um dos exemplos mais simples de se trabalhar é botânica e o uso de
plantas medicinais na cultura africana e indígena. É sabido que as plantas são muito presentes na
cultura de outros povos. Outro exemplo relevante na área da biologia é o estudo sobre fisiologia
humana. É fato que a grande parte da informação sobre o conhecimento em fisiologia se detém sobre
o que conhecemos da saúde do homem branco ocidental, tratando-o como o modelo padrão a ser
estudado em saúde. Pouco se discute sobre doenças comuns à população negra como anemia
falciforme, câncer de próstrata, diabetes e hipertensão. Ao abordar o assunto, inclusive, é interessante
que os estudantes saibam as possíveis causas que levam a altos índices destas doenças na população
negra, o que é uma oportunidade para se falar sobre desigualdades de acesso à saúde, atendendo
também à interdisciplinaridade, algo fundamental na formação em educação em direitos humanos.
Ecologia e Meio Ambiente também podem ser abordadas em sala de aula de forma a
aproximar os estudantes à sua própria realidade. Alguns assuntos como o Racismo Ambiental, os
conflitos por recursos naturais e os sujeitos que mais sofrem com estes conflitos no país também
podem ser abordados de forma a trazer à reflexão em sala de aula sobre quais vidas são impactadas
por estas questões. Além de também ser interessante a abordagem sobre consumo, recursos naturais
e racismo.
Um conjunto interessante de outros assuntos podem ser abordados no ensino de ciências e que
têm relação direta com várias outras questões sociais, raciais e étnicas. Seja na química, com a
abordagem da química da pigmentação da pele ou da química do cabelo, para dar alguns exemplos,

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seja na matemática, com a abordagem da etnomatemática, ou na possibilidade de construção de
metologias diversas por docentes dispostos em contribuir com a ruptura da lógica epistemológica
ocidental (SILVA, 2018; CARDOSO; ROSA, 2018).
A respeito da diversidade e interdisciplinaridade dentro da escola e das universidades, é
fundamental que se dialogue também sobre outro elemento: o protagonismo dos estudantes em seu
processo de ensino-aprendizagem. Essa questão amplamente discutida em reuniões docentes é muitas
vezes objeto de projetos de apoio ao ensino. No entanto, o que se percebe é que esta prática é algo
pontual, sem uma continuidade adequada nos espaços educacionais. A realidade é que o sistema
educacional, da forma como foi planejado, inviabiliza a autonomia estudantil na construção do seu
próprio conhecimento. Isso também é reflexo de práticas educacionais ocidentalizadas, formatadas
para repassar informações mas incapaz de, da forma como está, despertar e exercitar nos estudantes
outros saberes.

4 CONCLUSÕES
As reflexões apresentadas sobre o sistema educacional e a necessidade de outras formas da
atuação docente e de se pensar políticas públicas em educação nos mostram que ainda há muito a
fazer. Apesar de ganhos importante através de ações afirmativas, que se multiplicaram nas
instituições públicas nos últimos anos, é fato que o próximo desafio é descolonizarmos os currículos
escolares e universitários.
É necessário que, além da escola, os cursos de formação de professores abordem essas
questões de maneira qualificada e comprometida, pois são os docentes que atuarão de maneira efetiva
em sala de aula, e estes precisam refletir sobre esta problemática desde os primeiros anos de sua
formação. É preciso que os docentes de todas as áreas se habituem a incluir em sua prática a realidade
dos estudantes, e os problemas sociais. Muitos dos licenciados inclusive atuarão em cargos de tomada
de decisão na escola, e todos precisam estar sensíveis aos desafios de se garantir espaços educacionais
realmente diversos e inclusivos.
Uma escola plural é um benefício para toda a sociedade, educar nossos jovens baseada em
uma única matriz civilizatória é castrar a possibilidade de conhecermos outras formas de resolução
de problemas, outras maneiras de ser, de se relacionar e de atuar no mundo. É necessário e urgente
que pensemos em como transformar o sistema educacional em uma experiência realmente
democrática.

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