Revista 04.01

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O FEEDBACK NO

PROCESSO AVALIATIVO
HELLEN CRISTINE GEREMIA

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Ainda que não exista um consenso quanto de 1950, que o termo feedback passou a
à origem do termo, foi na primeira metade ser usado e, cerca de 20 anos depois, na
do século XX, em áreas como a Biologia, década de 1970 é que o termo passou a
Engenharia Elétrica e Física, que o termo ganhar mais sofisticação em abordagens
feedback foi caracterizado. No contexto comprometidas com o cognitivismo e
de ensino e aprendizagem, foi durante o posteriormente o sócio-interacionismo
predomínio do behaviorismo, na década (COSTA et al. 2016).

De modo geral, feedback pode ser compreendido como um ato de


comunicação.
Na educação, o feedback se refere à informação dada ao aluno,
relacionada ao seu desempenho em determinada situação ou atividade,
e que contribui para uma ação reflexiva por parte do aluno e para sua
aprendizagem.
Em processos avaliativos, o feedback é toda informação verbal ou
escrita dada ao aluno, que descreve e avalia seu desempenho em uma
determinada atividade. Essa informação evidencia as discrepâncias entre
o resultado obtido e o esperado. Isto, portanto, ajuda o aluno a identificar
tais resultados, incentivando a revisão ou, ainda, indicando os caminhos
adequados para o alcance do resultado esperado e motivando o aluno
para que tente novamente e obtenha mais sucesso no aprendizado.

2 O feedback no processo avaliativo


Esta é a grande diferença para o conceito mais generalista de feedback:

Daí a importância de comunicarmos aos alunos os critérios de


avaliação. É por meio do feedback que ocorre a regulação do processo
de ensino-aprendizagem.

Essa é pra
registrar!
Um feedback claro e bem estruturado fornece as
informações necessárias para que o estudante (e
professor também) perceba quão perto ou longe está
dos objetivos estabelecidos.

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Veja o esquema na figura.

Figura 1 – O processo de regulação da aprendizagem por meio do feedback


Borges, Miranda, Santana e Bollela (2014)

Mas dar o feedback para o aluno apenas ao final do semestre ajuda?


Muito pouco. O aluno terá poucas ou nenhuma condição de, junto do
professor, fazer os ajustes necessários para a melhor qualidade da
aprendizagem. Por isso, ele tem que ser contínuo!

Vamos analisar alguns aspectos importantes sobre esse


recurso tão precioso?
Podemos considerar o feedback um processo de ajuda quando
avaliamos o desempenho de uma pessoa em uma determinada tarefa.

Ele serve especialmente para acelerar o


autodesenvolvimento, otimizar o potencial do aluno
em avaliação e ampliar sua autopercepção em relação
ao seu desempenho e progresso.

Para tanto, precisamos superar alguns velhos paradigmas, como:


acreditar que elogiar estraga, que o aluno ficará chateado ou, então,
acreditar que se o aluno acertou, ele não fez mais do que a obrigação. É
preciso compreender que o feedback é uma ferramenta fundamental no
processo de crescimento e regulação do aluno, que reconhecimento é
uma ação essencial para nos manter motivados e comprometidos e que
receber críticas (do modo adequado) acelera o nosso desenvolvimento
e aprendizado.

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Essa é pra Existem duas maneiras de apresentar um feedback ao
registrar! aluno.

Existe o feedback formal, do qual tratamos neste


documento e que envolve certo planejamento. O pro-
fessor observa o desempenho do aluno nas estratégias
pedagógicas propostas, acompanha continuamente o
seu progresso e reporta ao aluno os resultados que ele
obteve, redirecionando esse aluno, quando necessário,
para o alcance do objetivo de aprendizagem.

Mas existe também o feedback informal, que é dado


quando algo acabou de acontecer e não requer plane-
jamento por não tratar de questões muito complexas.
Contudo, pode ter um impacto igualmente grande na
motivação e no aprendizado do aluno. Pode ser um
comentário, um olhar diferenciado, enfim, envolve o
comportamento não verbal do professor.

Mas é claro que não é o caso de sair


elogiando os alunos o tempo todo e em
toda circunstância.
O professor que compreende a avaliação
como formativa tem condições de saber
como e quando será oportuno apresentar
ao aluno os seus erros, enfatizar seus
acertos, solicitar que refaça suas
atividades e estimulá-lo para os estudos e
novas reflexões (FLORES, 2009).

6 O feedback no processo avaliativo


De toda forma, considere comunicar um feedback positivo
especialmente quando o aluno:

Entretanto, existe também o feedback chamado por Willians (2005,


p. 52 apud FLORES, 2009) de corretivo, cujo objetivo é modificar um
comportamento. Para emitir um feedback desse tipo, o professor
precisa ter muito cuidado para não transformá-lo num feedback
ofensivo, que não orienta, não permite a aprendizagem pelo erro e
não motiva para os estudos.

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Primeiro de tudo, lembre-se de que o feedback não é um conselho.
É importante deixar claro para os aluno que ele não estará sozinho. Você irá conduzi-lo
ao acerto, ao aprendizado. Vocês, juntos, irão decidir sobre as melhores formas de fazer
isso. E você deve gerenciar o processo de forma objetiva, empática e amorosa.
O conceito de feedback, de acordo com Borges et al. (2014, p. 328):

Exige uma certa abertura na interação professor-


aluno, cujo ponto fundamental deve ser o diálogo.
Além disso, deve ocorrer de forma dinâmica e
sempre no contexto de ensino-aprendizagem.
Diferente do contexto organizacional, na educação
esse processo não precisa ser muito formalizado,
mas deve ocorrer de forma regular, oferecendo
ao estudante condições e oportunidades para
que ele possa refletir e rever suas ações durante a
“experiência educacional”.

8 O feedback no processo avaliativo


O primeiro passo é estabelecer quais os objetivos de aprendizagem e quais
competências devem ser desenvolvidas. Este será o referencial que vai nortear a
construção do feedback.
Borges et al. (2014) salientam quais seriam as características desejáveis do feedback:

Oportuno
O feedback deve ocorrer o mais próximo possível do evento ou da atividade programada,
pois quanto mais tempo se passa, detalhes importantes da observação do aluno ou também
de você, professor, podem ser perdidos.

Restrinja-se ao que foi observado


Comente somente pontos observados naquela oportunidade, evitando comentários e
julgamentos dirigidos à personalidade do aluno ou baseados em opiniões pré-estabelecidas.

Inicie solicitando uma autoavaliação


Deixe sempre o aluno falar primeiro – esta é uma boa oportunidade para avaliar a capacidade
de autorreflexão do estudante e ver se ele consegue identificar seus pontos de melhoria.

Seja específico
Tente ser o mais específico e descritivo possível nos comentários. Evite frases amplas, sem
conteúdo formativo, por exemplo, “você foi muito bom” ou “bom trabalho”.

Comece pelos pontos positivos


Ressalte, inicialmente, os pontos fortes. Isto gera empatia e abre o canal de comunicação.
Iniciar o feedback pelos pontos mais delicados pode causar um bloqueio no aluno e gerar
uma atmosfera defensiva.

Crie um ambiente acolhedor


Tente criar um ambiente estimulante e acolhedor onde os estudantes se sintam livres para
manifestar dúvidas e fraquezas. Para tanto, evite tentar convencê-los com seus argumentos,
evite falta de clareza e de honestidade nas suas considerações.

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Além desses pontos, considere os passos sugeridos por Willians (2005, p. 93 apud
FLORES, 2009), elaborados para potencializar o efeito do feedback positivo:

Descrever um componente específico;

Descrever as consequências do comportamento;

Descrever como você se sente em relação ao comportamento e


porque você se sente dessa forma.

De acordo com Willians (2005 apud FLORES, 2009), o aluno pode entender com
maior clareza as consequências do seu comportamento a partir da forma como esse
comportamento influencia a si e as pessoas.

O aluno ficará mais disposto a estudar, a participar


das atividades e a enviar suas tarefas se tiver a exata
noção do efeito de seu comportamento no seu
desempenho e no professor que o acompanha (pelo
qual normalmente tem admiração, apreço, afeição).
Existem muitas coisas que podemos aprender
no que diz respeito a dar um retorno positivo
aos outros. É preciso um pouco de prática para
conseguir aplicar o feedback de forma poderosa
(WILLIANS, 2005, p. 94. apud FLORES, 2009) .

10 O feedback no processo avaliativo


Por outro lado, mudar de comportamento é um processo lento, que requer tempo e
atenção. Por isso, Willians (2005, p. 103 apud FLORES, 2009) também descreveu passos
para o feedback corretivo:

Iniciar com feedback positivo;

Fazer perguntas cuidadosamente orientadas, relacionadas à


atividade proposta;

Dizer claramente qual a mudança necessária, aplicar a disciplina


apropriada e estabelecer um limite para uma nova entrega.

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Outra metodologia interessante de ser utilizada no contexto educacional é a
chamada de feedback 4C. Essa técnica consiste na descrição pormenorizada
de 4 aspectos que facilitariam o entendimento do aluno em relação à
circunstância que gerou o feedback e ao plano de ação em direção ao objetivo
de aprendizagem. Os passos são os seguintes:

1
Descrever o contexto em que determinada situação
aconteceu;

2
Descrever o comportamento do aluno, o que ele fez;

3
Relatar as consequências do comportamento do
aluno;

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E, por fim, descrever as ações de continuidade para
avançar em direção ao objetivo estabelecido.

Figura 2 – Passos do feedback 4C


Fonte: do Autor (2021)

12 O feedback no processo avaliativo


Existe, ainda, uma técnica amplamente ou resultado do aluno que o recebe.
conhecida e utilizada no universo Depois, apontam-se oportunidades
corporativo e que pode ser empregada de melhorias e, por fim, há um novo
no contexto educacional – o feedback reforço das qualidades do aluno ou dos
sanduíche, cujo objetivo é informar aspectos positivos da vivência como um
o aluno de que um determinado todo. Essa técnica reforça a ideia de erro
comportamento ou resultado como oportunidade de crescimento e
apresentado deve ser revisto ou aprendizado que vimos anteriormente.
melhorado. Para que o foco da conversa
Além dessas técnicas e de outras mais
não fique apenas no aspecto corretivo,
que você pode localizar com facilidade,
o professor dará o feedback apontando
é importante que você encontre um
também comportamentos e resultados
caminho próprio, considerando que
do aluno que foram positivos e que
a informação passada deve ser útil e
devem ser reforçados.
conduzir para a aprendizagem, bem como
Então, o feedback é iniciado com um a linguagem utilizada precisa dialogar
comentário positivo sobre o desempenho com o interior no aluno.

Espia Últimas recomendações para um feedback de qualidade:

só! • Seja claro ao fazer qualquer pergunta ou comentário;

• Solicite ao aluno que comente o que ele fez bem du-


rante a avaliação ou discussão e porque ele chegou a
essa conclusão;

• Se o feedback for fornecido em uma atividade em gru-


po, peça para que os demais integrantes comentem o
que observaram que o aluno fez corretamente;

• Discuta o que poderia ter sido diferente e qual a me-


lhor maneira de executar aquela tarefa.

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Lembre-se de que o feedback não deve tratar
sobre quem o aluno é, mas sim sobre como
ele desempenhou determinada atividade
num determinado contexto. O aluno está
em processo de aprendizagem, você é um
mediador e errar faz parte do processo. Então,
tenha empatia, procure conectar-se com a
pessoa que está recebendo seu feedback,
tente conhecer suas características, ouvir suas
necessidades e dificuldades.

14 O feedback no processo avaliativo


REFERÊNCIAS
BORGES, M. C.; MIRANDA, C. H.; SANTANA, R. C e BOLLELA, V. R.
Avaliação formativa e feedback como ferramenta de aprendizado na
formação de profissionais da saúde. Medicina (Ribeirão Preto), 2014,
47 (3): 324-31.

COSTA, E. et al. Modelos de Feedback para estudantes em Ambientes


Virtuais de Aprendizagem. Capítulo 1. V Congresso Brasileiro de
Informática na Educação (CBIE 2016) - V Jornada de Atualização
em Informática na Educação (JAIE 2016). Disponível em: https://
edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5459995/mod_resource/content/0/
Modelos%20de%20Feedback%20para%20estudantes%20em%20AVA.
pdf. Acesso em: 06 abr. 2021.

FLORES, A. M. O feedback como recurso para a motivação e avaliação


da aprendizagem na educação a distância. UNISUL, 2009. Disponível
em: https://ceduc.unifei.edu.br/wp-content/uploads/2020/05/O-
feedback-como-recurso-para-a-motiva%C3%A7%C3%A3o-e-
avalia%C3%A7%C3%A3o-da-aprendizagem-na-ead.pdf. Acesso em: 12
mar. 2021.

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