E-Book - Docência em EaD - Desafios Da Avaliação
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Docência em EaD:
Desafios da avaliação
Priscila Cristina Fiocco Bianchi
Docência em EaD: Desafios da avaliação
Introdução.
Todos nós já passamos por muitos momentos em que éramos avaliados em
nossa vida escolar, não é mesmo? Geralmente esses momentos envolviam estresse,
pressão e tensão e, na maioria das vezes, esses sentimentos negativos duravam até o
final do semestre, quando recebíamos a caderneta com as notas daquele período.
Pode‐se dizer que essa realidade era comum em praticamente todos os níveis de
ensino (ensino fundamental, médio, superior etc.) independente da época (nossos pais
certamente concordam com isso!). Aliás, isso ainda é bastante rotineiro em algumas
escolas públicas e até mesmo em escolas privadas.
Então, a partir dos conhecimentos que você já possui sobre a temática e de sua
trajetória na educação formal1 (seja como estudante ou como professor), qual é a
concepção de avaliação que você se apoia? Está diretamente relacionada com
procedimentos como prova, nota, chamara oral, boletim, recuperação e reprovação?
Ou, em sua opinião, é possível incorporar dinâmicas e estratégias diferenciadas na
avaliação da aprendizagem dos estudantes?
Pois bem! Neste material, nosso foco será realizar um estudo teórico buscando
conceituar a avaliação da aprendizagem e seus tipos a partir de autores que são
referência na área, bem como apresentar as especificidades da avaliação em ambiente
virtual de aprendizagem. Na primeira Unidade, veremos o conceito de avaliação da
aprendizagem. Para isso, estudaremos autores que abordam a temática de avaliação,
nas concepções somativa, diagnóstica, mediadora, autêntica, formativa e processual.
Na segunda, abordaremos a concepção de avaliação baseada em aspectos formativos
a partir da perspectiva da avaliação processual e suas especificidades no
acompanhamento do processo de ensino e aprendizagem em ambiente virtual de
aprendizagem.
Prontos para iniciarmos os estudos sobre esta temática?
Unidade 1 – Conceituando avaliação da aprendizagem.
Quando o assunto a ser tratado diz respeito à temática de avaliação da
aprendizagem, de modo geral, a literatura aponta que esta é caracterizada como uma
1
Considere educação formal como uma educação institucionalizada, que ocorre em espaços
sistematizados e suas atividades são assistidas pelo ato pedagógico (ALMEIDA, 2014, p. 4).
ação integrante da prática pedagógica e que por meio dela são obtidos os elementos
necessários para a reflexão e tomada de decisão sobre o processo de ensino e de
aprendizagem.
Embora no contexto educativo o termo avaliação esteja associado a
rendimento escolar, nota, conceito etc., vemos que avaliação é um conceito amplo e
também está presente em nosso dia a dia. O dicionário da língua portuguesa2 indica
que avaliar significa “determinar o valor, conhecer o valor” de alguma coisa.
Nesta direção, Saul (1999, p. 05) aponta que não há apenas um tipo de
avaliação e por isso, não podemos atribuir a ela um mesmo significado. Porém, o
termo avaliação inclui um julgamento de valor sobre nós mesmos, sobre o que
estamos fazendo e também sobre o resultado de nossos trabalhos.
Em consonância com o que aponta Saul, Luckesi (1998, p.76) complementa que
o ato de avaliar, além de ser considerado um julgamento de valor, implica um
posicionamento positivo ou negativo em relação ao objeto ou ação avaliada.
É fato que a avaliação passou por algumas mudanças em sua prática, com a
superação da concepção de que o ato de avaliar estava vinculado à finalidade de
classificação, como um momento distinto e isolado do processo de ensino e
aprendizagem. Porém, atualmente, o ato de avaliar extrapola esse conceito limitado,
embora a avaliação ainda possa ser reduzida à avaliação do estudante, dos resultados,
focada exclusivamente nos conhecimentos, centrada apenas em aspectos negativos e
utilizada para avaliar apenas quantitativamente (Arredondo, Telles e Duarte, 2001).
Na sequência, veremos o que dizem autores considerados referência na área
de avaliação da aprendizagem.
É preciso refletir “para que” e “para quem” estamos no processo educacional.
Esse questionamento que abre o livro Avaliação: mito & desafio, de Jussara Hoffmann
nos propõe uma reflexão sobre a educação e nos conduz a uma visão de educação que
traz o estudante para o centro do processo educativo. Nessa concepção, a avaliação
necessariamente deve ser parte integrante do processo de educar, como ação
constante de acompanhamento e diagnóstico de diferentes aspectos da relação ensino
e aprendizagem. Portanto, deve estar integrada ao processo formativo, sistemático e
contínuo que leva o professor a escolher as alternativas prévias para as tomadas de
decisões.
2
https://dicionario.priberam.org/avaliar
Turra et al. (2004, p. 178) atribuem à avaliação algumas funções, entendendo
função como um exercício ou uma atividade com vistas ao alcance de um propósito.
São elas: fornecer as bases para o planejamento, possibilitar a seleção e a classificação
pessoal e ajustar políticas e práticas curriculares.
Bloom, Hastings e Madaus (1983) indicam três tipos de avaliação, que são
comumente utilizadas: somativa, diagnóstica e formativa. Segundo os autores, a
avaliação somativa tem por objetivo avaliar em que medida o estudante se
desenvolveu na direção desejada, isto é, esse tipo de avaliação busca identificar o que
de fato o aluno aprendeu. Essa avaliação é frequentemente utilizada ao final de um
período com a finalidade de atribuir notas e/ou conceitos e ainda predomina em
muitas escolas como sendo a única fonte avaliativa.
Por ser utilizada ao final de um processo de ensino e aprendizagem a avaliação
somativa tem característica verificadora e também informativa haja vista que situa o
aluno sobre o seu desempenho a partir do resultado obtido ao final de um processo
educacional.
Outro autor destacado por suas produções é Luckesi (2005), que nos apresenta
a avaliação diagnóstica. Em seus estudos, sinaliza a diferença entre avaliar e examinar.
Para ele, embora essa diferença tenha sido compreendida conceitualmente, não tem
gerado novas condutas entre os educadores.
Dessa forma, Luckesi (2005, p. 28) afirma que:
Diversamente, o ato de avaliar tem como função investigar a qualidade do
desempenho dos estudantes, tendo em vista proceder a uma investigação
para a melhoria dos resultados, caso seja necessária. Assim, a avaliação é
diagnóstica. Como investigação sobre o desempenho escolar dos
estudantes, ela gera um conhecimento sobre o seu estado de aprendizagem
e, assim, tanto é importante o que ele aprendeu como o que ele ainda não
aprendeu. O que já aprendeu está bem; mas, o que não aprendeu (e
necessita de aprender, porque essencial) indica a necessidade da
intervenção de reorientação..., até que aprenda. Alguma coisa que necessita
de ser aprendida, como essencial, não pode permanecer não aprendida.
Tomar conhecimento somente do que o educando aprendeu não permite
investir no processo, porém somente no produto. (LUCKESI, 2005, p.28)
Além disso, Luckesi reforça a necessidade da avaliação como um ato para uma
melhor condução do processo educativo.
Avaliar é o ato de diagnosticar uma experiência, tendo em vista reorientá‐la
para produzir o melhor resultado possível: por isso, não é classificatória nem
seletiva, ao contrário, é diagnóstica e inclusiva. O ato de examinar, por outro
lado, é classificatório e seletivo e, por isso mesmo, excludente, já que não se
destina à construção do melhor resultado possível; tem a ver, sim, com a
classificação estática do que é examinado. O ato de avaliar tem seu foco na
construção dos melhores resultados possíveis, enquanto o ato de examinar
está centrado no julgamento de aprovação ou reprovação. Por suas
características e modo de ser, são atos praticamente opostos; no entanto,
docentes e professoras, em sua prática escolar cotidiana, não fazem essa
distinção e, deste modo, praticam exames como se estivesse praticando
avaliação. (LUCKESI, 2002, p.05)
Segundo Bianchi a avaliação diagnóstica permite que o professor conheça a
aprendizagem dos alunos, “possibilitando também interferência durante todo o
processo educativo, isto é, a avaliação favorece a tomada de decisões durante o
processo de ensino e aprendizagem, visando melhorar a qualidade do conhecimento
que está sendo construído” (BIANCHI, 2013, p. 56).
A avaliação diagnóstica é efetuada antes do início da instrução e, na maioria
das vezes, depende dos resultados obtidos por meio da avaliação somativa, pois apoia
a tomada de decisões. Esta avaliação visa determinar o grau em que o estudante
domina os objetivos previstos para iniciar uma atividade ou verifica se existem
estudantes que já possuem o conhecimento e as habilidades previstos a fim de
orientá‐los a outras oportunidades (TURRA et al., 2004). A partir dos resultados dessa
avaliação o professor tem em mãos importantes informações que podem ajudá‐lo na
revisão de seu planejamento para atender as reais demandas dos estudantes.
Agora, vamos refletir sobre a visão dessas práticas no ensino e na
aprendizagem. Para isso, vamos retomar as questões que levantamos no início deste
material.
A partir dos seus conhecimentos prévios, qual é a concepção de avaliação que
você se apoia?
Está relacionada com procedimentos como prova, nota, boletim, recuperação e
reprovação?
Para você, a avaliação é encarada como um momento de tensão e pressão?
Caso a sua concepção esteja apoiada nestes procedimentos, você compartilha
da mesma visão de muitos professores e estudantes, o que faz da prática avaliativa
uma ação classificatória e autoritária, refletindo a sua história de vida e a dos demais
educadores, como estudante e professor (HOFFMANN, 2010). É fato, que muitos de
nós guardamos sentimentos negativos quando se fala em avaliação. E, por isso, a
avaliação não pode ser desenvolvida como um momento isolado do ato de educar.
Assim, a avaliação, necessariamente, deve ser parte integrante do processo de
educar. Deve ser vista como ação constante de acompanhamento e diagnóstico de
diferentes aspectos da relação ensino e aprendizagem vivenciada pelo estudante e da
Dando continuidade à nossa reflexão:
E a postura do professor nesse processo?
Hoffmann propõe a mudança da prática avaliativa do professor por meio da
avaliação mediadora. A postura mediadora do professor é aspecto fundamental para a
implementação de uma avaliação formativa, segundo Hoffmann (2010). Segunda a
autora, a mediação se dá na interação entre aquele que ensina e aquele que aprende.
Possibilita que haja aceitação do outro, suas diferenças e compreensão de suas
potencialidades para a aprendizagem num processo de “ação‐reflexão‐ação” tanto do
professor quanto do próprio aluno. A autora propõe a “conversão dos métodos de
correção tradicionais (de verificação de erros e acertos) em métodos investigativos, de
interpretação das alternativas de solução proposta pelos alunos às diferentes
situações de aprendizagem” (HOFFMANN, 2010, p. 68). Assim, esse acompanhamento
pelo professor do processo de construção do conhecimento do educando deve
privilegiar o entendimento e não a memorização do conhecimento.
Nessa dimensão, avaliar é dinamizar oportunidades de autorreflexão, num
acompanhamento permanente do professor que incitará o aluno a novas
questões a partir de respostas formuladas. (HOFFMANN, 2010, p.18)
A partir do entendimento da ação avaliativa como uma forma de mediação
entre professor e estudante, que busca propiciar a troca de ideias entre estudante‐
estudante e estudante‐professor, a promoção de questionamentos, a reorganização de
pontos de vistas para enriquecer seus aprendizados; vamos retomar a questão
apresentada anteriormente:
É possível incorporar dinâmicas e estratégias diferenciadas na avaliação
da aprendizagem dos estudantes?
Sim! Não só é possível como é desejável que isso aconteça. É necessário que a
avaliação seja pensada já no momento do planejamento da atividade em função do
levantamento das necessidades de aprendizagem dos estudantes, objetivos que se
busca alcançar, estratégias e instrumentos adequados, atribuição dos critérios
avaliativos etc. Nessa direção, o professor é o responsável pelo acompanhamento
individual e sistematizado do estudante oferecendo todo o suporte necessário ao
sucesso de seu processo de aprendizagem. Para isso, precisa estar sempre atento as
necessidades apresentadas por eles, buscando sempre contribuir com
desenvolvimento educativo e também pessoal. Do mesmo modo, o aluno tem a
oportunidade de aprimorar “sua forma de pensar o mundo na medida em que se
depara com novas situações, novos desafios e formulam e reformulam suas ideias”
(HOFFMANN, 2010, p. 57).
Nessa direção, Mueller (2005) nos apresenta a avaliação autêntica. Segundo o
autor, avaliação autêntica é aquela que deve ensinar o estudante a realizar tarefas
significativas que irão encontrar no dia a dia de sua profissão. As tarefas que o
estudante irá desempenhar em seus estudos devem ter relação direta com problemas
enfrentados em sua área. É preciso enfatizar a necessidade de os estudantes
aprenderem e, posteriormente, demonstrarem a capacidade de aplicar os
conhecimentos e as habilidades em contextos do mundo real. Para Mueller (2005), a
avaliação autêntica é uma forma de avaliação em que os estudantes são chamados a
realizar tarefas do mundo real que demonstram aplicação significativa de
conhecimentos e habilidades essenciais.
Replicar desafios do mundo real, como coloca o autor, é uma tarefa que cabe
aos professores, tornando as avaliações mais significativas, atrativas e autênticas. Além
disso, tarefas autênticas tendem a dar aos estudantes mais liberdade em como eles
irão demonstrar o que aprenderam. Mas para isso, Mueller (2005) aponta que os
docentes precisam definir bons critérios para que dessa forma, seja possível avaliá‐los
mesmo que o desempenho do estudante seja expresso de forma diferente de
estudante para estudante, tendo como base diferentes estratégias avaliativas.
A partir das reflexões dos autores citados, observamos que outra característica
da avaliação formativa vem à tona: a avaliação processual. De acordo com Demo
(2012, p. 5), a avaliação processual “faz parte do processo de aprendizagem,
preventiva e diagnóstica, sendo realizada mediante a análise dos textos que o aluno
produz a cada aula”.
Nesse sentido, Otsuka e Rocha (2005, p. 4) afirmam que:
A fase de acompanhamento das participações em uma atividade de
aprendizagem avaliada deve ocorrer durante todo o processo de
desenvolvimento da atividade e, em alguns casos, após a sua finalização.
Por isso, a avaliação processual, como o próprio nome sugere, deve consistir
em uma ação continuada e necessária durante todo o processo de aprendizagem,
planejada no desenvolvimento da disciplina como ato de reflexão para o estudante.
Essa prática permite ao estudante a comprovação daquilo que aprendeu e das
necessidades de apoio e estudo para a construção das novas aprendizagens, bem
como a reflexão para o professor a respeito dos procedimentos didáticos da disciplina,
de modo a corresponder às reais necessidades formativas dos estudantes.
Essa avaliação processual supõe verificar se, de fato, o estudante está
aprendendo, se está se tornando autor, se produz com autonomia, se lê
adequadamente, se argumenta e fundamenta com propriedade, etc. (DEMO, 2012, p.
13).
Veremos na próxima unidade como a avaliação formativa pode ser
implementada em cursos que utilizam ambientes virtuais de aprendizagem.
Unidade 2 – Avaliação formativa e suas especificidades no acompanhamento do
processo de ensino e aprendizagem em ambiente virtual de aprendizagem.
Para darmos continuidade, faz‐se necessário compreender o que são ambientes
virtuais de aprendizagem (AVA):
são sistemas computacionais que oferecem um rico espaço na Internet para
a organização, o desenvolvimento e o acompanhamento de cursos a
distância, sendo possível o estabelecimento de importantes canais de
comunicação assíncronos e síncronos entre os participantes de um curso
(professores, tutores e estudantes), o acompanhamento contínuo dos
processos de aprendizagem, a organização de diversos tipos de atividades
de aprendizagem e de diferentes recursos educacionais (OTSUKA, LIMA e
MILL, 2011, p. 45)
Isto é, sem entrar em pormenores, além de facilitar a organização de cursos e
disponibilizar os materiais didáticos, ambientes virtuais desempenham um papel
fundamental no acompanhamento contínuo dos processos de aprendizagem pelos
professores, independente da modalidade de ensino, pois permite o acompanhamento
individual de cada estudante no curso de modo a verificar se os objetivos estão sendo
atingidos ou se é necessário realizar algum ajuste durante o processo. Enfatizamos
também que nos ambientes virtuais há diversos recursos para interação e
comunicação entre os participantes e “à medida que se estabelecem interação,
mediação e interatividade entre os sujeitos da formação (professores, tutores, alunos
e gestores), o AVA propicia o desenvolvimento dos participantes” (MACIEL, 2018, p.
31).
Segundo o documento ‐ Referenciais de Qualidade para Educação Superior a
Distância ‐, o modelo de avaliação da aprendizagem deve ajudar o estudante a
desenvolver graus mais complexos de competências cognitivas, habilidades e atitudes,
possibilitando‐lhe alcançar os objetivos propostos.
Para tanto, esta avaliação deve comportar um processo contínuo, para
verificar constantemente o progresso dos estudantes e estimulá‐los a
serem ativos na construção do conhecimento. Desse modo, devem ser
articulados mecanismos que promovam o permanente acompanhamento
dos estudantes, no intuito de identificar eventuais dificuldades na
aprendizagem e saná‐las ainda durante o processo de ensino‐aprendizagem
(MEC, 2007, p. 16).
Quando falamos de cursos que utilizam ambientes virtuais de aprendizagem,
não podemos afirmar que a finalidade do AVA é única e exclusiva para disponibilização
de informações e conteúdos. Vimos que por meio dos AVA é possível o
acompanhamento sistemático do estudante. É mais que isso também! Com o avanço
das tecnologias e com a modernização dos AVA, estes espaços passaram a ser
considerados ambientes favoráveis à promoção de interação, comunicação,
Entretanto, Otsuka e Rocha (2002, p. 147) nos alertam que
apenas o registro das interações não é suficiente para prover suporte efetivo
à avaliação formativa. Esse processo de avaliação demanda muito trabalho e
tempo do professor [tutor] no acompanhamento, análise e orientação das
atividades desenvolvidas ao longo do curso, o que consiste num dos
principais problemas da avaliação formativa, seja ela presencial ou a
distância.
Por isso, nessa perspectiva, o estudante de EaD também desempenha papel
central no processo de ensino e aprendizagem. É esperado que o estudante de EaD
tenha uma participação ativa, de forma a desenvolver interações significativas junto
aos colegas, professores e tutores em espaços específicos para tal, como por exemplo,
em fóruns de discussão. Nesse contexto, Oliveira e Lima (2011, p. 61) apontam que o
estudante em qualquer processo de aprendizagem, e, sobretudo na EaD,
necessita ser ativo, investigativo e crítico sobre os conteúdos,
procedimentos e atitudes a serem desenvolvidos durante esse processo. É
essencial que ele assuma a responsabilidade por seu desempenho,
compreendendo os colegas, tutores e professores como co‐responsáveis e
parceiros dessa jornada, e que, acima de tudo, a aprendizagem se faça
3
Considera‐se educação a distância a modalidade educacional na qual a mediação didático‐pedagógica
nos processos de ensino e aprendizagem ocorra com a utilização de meios e tecnologias de informação
e comunicação, com pessoal qualificado, com políticas de acesso, com acompanhamento e avaliação
compatíveis, entre outros, e desenvolva atividades educativas por estudantes e profissionais da
educação que estejam em lugares e tempos diversos (BRASIL, 2017).
prazerosa e significativa, contribuindo para o seu desenvolvimento pessoal
e profissional.
Do mesmo modo, o professor precisa rever a sua função docente, colocando o
estudante no centro do processo. É necessário que tutores (e professores) estejam
atentos à evolução (ou não) de cada estudante no processo educacional, pois dessa
forma é possível identificar e intervir nas causas que conduzem à reprovação em
disciplinas e à evasão do curso. Para isso, os tutores precisam observar as
manifestações de cada estudante, o que exige um acompanhamento e uma
participação ao longo do processo educativo. Cada observação deve ser registrada e
avaliada, de modo que ainda no desenvolvimento do curso os ajustes e os
direcionamentos possam ser feitos e, por consequência, as dificuldades detectadas
sejam superadas. Ao avaliar processualmente, o tutor (e também o professor) terá
condições de fazer as intervenções em momentos adequados.
Acompanhar o estudante por meio do AVA significa acompanhá‐lo no cotidiano
acadêmico, por meio de intervenções diretas, orientações e ações específicas. Desse
modo, é possível combater as dificuldades, limitações e entraves do processo de
ensino e aprendizagem. Certamente a proximidade com os estudantes e a
possibilidade de estudo de cada situação contribuem para que sejam bem sucedidos
nas suas atividades acadêmicas e para a melhoria dos índices de acesso e permanência
nos cursos.
Nesse contexto, a tutoria (realizada pelo tutor virtual ou pelo professor) é
necessária para orientar, dirigir e supervisionar o processo de ensino e aprendizagem.
É a partir do estabelecimento de um contato, uma interação direta do estudante com
o professor, que são fortalecidas as estratégias de acompanhamento. Ao estabelecer o
contato com o estudante por meio das interações em fóruns, chat, esclarecimento de
dúvidas e outros mecanismos de comunicação síncrona ou assíncrona disponíveis no
AVA torna‐se possível delinear o perfil de cada estudante: ao analisar a forma como
ele desenvolve os trabalhos e tarefas, como interage com os colegas, o seu interesse
pelo curso etc.
Por isso, cabe ao professor promover questionamentos, pensamento crítico,
autonomia, diálogo e colaboração, para contribuir com o desenvolvimento de
interações e relações interpessoais produtivas entre o grupo de estudantes, além de
criar condições para que o ensino seja partilhado e (re)construído pelos estudantes.
Algumas considerações.
No decorrer do material, vimos que a literatura aponta uma série de tipos de
avaliações. Dentre elas temos: somativa, diagnóstica, mediadora, autêntica, formativa
e processual. Cada uma das avaliações apresentadas possuem especificidades e
características e devem ser definidas no momento do planejamento da atividade,
sempre considerando as necessidades de aprendizagem dos estudantes, os objetivos
que se busca alcançar, as estratégias e instrumentos mais adequados e etc. O fato de o
professor selecionar um modo de avaliar não o impede de planejar outros modos de
avaliação durante o processo de ensino e aprendizagem. Pelo contrário, as avaliações
podem (e devem) estar articuladas buscando sempre ajudar o estudante na
reorganização de seu investimento na tarefa de aprender.
Por isso, é fundamental que o professor esteja atento à evolução (ou não) de
cada estudante no processo educacional, pois dessa forma é possível identificar e
intervir nas causas que conduzem à reprovação em disciplinas e à evasão do curso.
Ademais, precisamos ter sempre em mente que a avaliação subsidia o professor com
elementos para uma reflexão contínua sobre a sua prática, sobre a criação de novos
instrumentos de trabalho e a retomada de aspectos que devem ser revistos, ajustados
ou reconhecidos como adequados para o processo de aprendizagem individual ou de
todo grupo.
Por fim, esse material não esgota a discussão sobre a temática de avaliação em
processos de aprendizagem. No entanto, espera‐se que possibilite incitar debates e
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Como citar este material:
BIANCHI, P. C. F. Docência em EaD: Desafios da avaliação. São Carlos: Portal de
Cursos Abertos da Universidade Federal de São Carlos ‐ PoCA‐UFSCar, 2019.
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