POTENCIAÇÃO E RADICIAÇÃO

Potenciação

Potenciação é uma operação do tipo

𝑎𝑏 = 𝑐

onde o número a é chamado de base, b de expoente e c de potência.

Antes de definirmos as propriedades da potenciação, é necessário saber a qual conjunto de

números pertencem a, b e c: naturais, inteiros, racionais???

 Se 𝑎 ∈ ℝ e 𝑏 ∈ ℕ, 𝑏 ≥ 2, então podemos escrever

𝑎𝑏 = ⏟
𝑎 ∙ 𝑎 ∙ 𝑎 ∙ …∙ 𝑎
b fatores

 Exatamente a mesma definição se aplica a 𝑎 ∈ ℝ e 𝑏 ∈ ℤ+. Para ambos os casos,

vamos definir algumas propriedades. Vejamos, antes, alguns exemplos:

𝑎 2 ∙ 𝑎 5 = (𝑎 ∙ 𝑎 ) ∙ (𝑎 ∙ 𝑎 ∙ 𝑎 ∙ 𝑎 ∙ 𝑎 ) = ⏟
𝑎 ∙ 𝑎 ∙ 𝑎 ∙ 𝑎 ∙ 𝑎 ∙ 𝑎 ∙ 𝑎 = 𝑎7 = 𝑎2+5

𝑎5 𝑎 ∙ 𝑎 ∙ 𝑎 ∙ 𝑎 ∙ 𝑎
= = 𝑎 ∙ 𝑎 ∙ 𝑎 = 𝑎3 = 𝑎5−3
𝑎2 𝑎∙𝑎

(𝑎3 )2 = 𝑎3 ∙ 𝑎3 = (𝑎 ∙ 𝑎 ∙ 𝑎) ∙ (𝑎 ∙ 𝑎 ∙ 𝑎) = 𝑎 ∙ 𝑎 ∙ 𝑎 ∙ 𝑎 ∙ 𝑎 ∙ 𝑎 = 𝑎6 = 𝑎3∙2

(𝑎𝑏)2 = (𝑎𝑏) ∙ (𝑎𝑏) = 𝑎𝑎 ∙ 𝑏𝑏 = 𝑎2 ∙ 𝑏2

(𝑎2 𝑏3 )2 = (𝑎2 𝑏3 ) ∙ (𝑎2 𝑏3 ) = 𝑎2 𝑎2 ∙ 𝑏3 𝑏3 = 𝑎4 ∙ 𝑏6 = 𝑎2∙2 ∙ 𝑏3∙2

𝑎 2 𝑎 𝑎 𝑎 ∙ 𝑎 𝑎2
( ) =( )∙( )= =
𝑏 𝑏 𝑏 𝑏 ∙ 𝑏 𝑏2
𝑎1 = 𝑎

𝑎𝑚
= 1 = 𝑎𝑚−𝑚 = 𝑎0
𝑎𝑚

A partir destes exemplos, podemos definir algumas propriedades:

1. Para multiplicar potências da mesma base, conserva-se a base comum e adicionam-se os

expoentes:

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𝑎𝑚 ∙ 𝑎𝑛 = 𝑎𝑚+𝑛
2. Para dividir potências da mesma base, conserva-se a base comum e subtraem-se os
expoentes:

𝑎𝑚
= 𝑎𝑚−𝑛 , 𝑠𝑒 𝑚 > 𝑛
𝑎𝑛
3. Para elevar uma potência a um outro expoente, eleva-se a base a um expoente expresso pelo
produto dos expoentes dados:
(𝑎𝑚 )𝑛 = 𝑎𝑚∙𝑛

4. Para elevar uma operação de multiplicação a um determinado expoente, eleva-se cada fator a
esse expoente
(𝑎𝑏)𝑚 = 𝑎𝑚 ∙ 𝑏𝑚
(𝑎𝑝 𝑏 𝑞 )𝑚 = 𝑎𝑝∙𝑚 ∙ 𝑏𝑞∙𝑚

5. Para elevar uma operação de divisão a um determinado expoente, eleva-se cada termo a esse
expoente

𝑎𝑝 𝑚 𝑎𝑝∙𝑚
( 𝑞 ) = 𝑞∙𝑚
𝑏 𝑏

6. Qualquer número natural elevado a expoente um é igual ao próprio número natural

𝑎1 = 𝑎
7. Qualquer número natural, diferente de zero, elevado a expoente 0 é igual a 1.
𝑎𝑚
= 1 = 𝑎𝑚−𝑚 = 𝑎0
𝑎𝑚
 Seja agora o caso ab em que a 𝑎 ∈ ℝ, 𝑎 ≠ 0 e 𝑏 ∈ ℤ . Vamos definir as seguintes
propriedades:

1
𝑎−𝑚 = , 𝑚 = 1,2,3, …
𝑎𝑚
𝑎 −𝑚 𝑏 𝑚 𝑏𝑚
( ) =( ) = 𝑚, 𝑎 ≠0𝑒𝑏 ≠0
𝑏 𝑎 𝑎

Exemplos:

1 1
2−3 = 3
=
2 8

3 −1 5
( ) =
5 3

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4 −2 1 1 32
( ) = = =
3 4 2 42 42
(3) 32

Obs: Quando o expoente é um número inteiro, as propriedades já vistas para 𝑎𝑏 , onde 𝑎 ∈ ℝ e

𝑏 ∈ ℤ+ continuam válidas!

 Por fim, temos o caso ab, onde 𝑎 ∈ ℝ, 𝑎 ≠ 0 e 𝑏 ∈ ℚ, podendo ser escrito como
𝑏 = 𝑝⁄𝑞 , onde 𝑝 ∈ ℤ, 𝑞 ∈ ℤ 𝑒 𝑞 ≠ 0. Podemos ainda supor que sempre 𝑞 > 0, pois
para um caso de termos um b negativo, podemos sempre representa-lo como:
𝑝 −𝑝
𝑏=− =
𝑞 𝑞

Assim, definimos a potenciação com expoente racional da seguinte forma:

𝑞
𝑎𝑝⁄𝑞 = √𝑎𝑝

Vemos que para esta definição, estamos usando a radiciação, sendo a elevado ao racional p/q
igual à raiz q-ésima de a elevado a p. Iremos definir a radiciação logo a seguir. Antes, vejamos um
exemplo de potenciação com expoente racional:
2
43⁄2 = √43 = √43 = √64 = 8

Neste exemplo, poderíamos também ter efetuado da seguinte forma:

3
43⁄2 = (22 )3⁄2 = 22∙2 = 23 = 8

Observe que para potências de expoente racional ainda continuam válidas as regras para
potências de expoentes inteiros!

Radiciação

Radiciação é uma operação do tipo

𝑛
√𝑏 = 𝑎 ⇔ 𝑎𝑛 = 𝑏

onde o número a é a raiz n-ésima de b, b  0 é um número real chamado aqui de radicando, n  1 é

um número inteiro chamado aqui de índice da raiz e o símbolo √ é chamado de radical.

Quando n = 2, não escrevemos o índice da raiz, e neste caso o número a é a raiz quadrada.
Vejamos alguns exemplos utilizando raiz quadrada.

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Exemplo 1: Calcule √4. Para resolvermos isso, precisamos buscar um número a  0 tal que este
elevado ao quadrado seja igual a 4. Facilmente chegamos à resposta a = 2, pois 22 = 4. No entanto,
existe um outro número que elevado ao quadrado é igual a 4, e este número é – 2, pois (−2)2 =
(−2) ∙ (−2) = 4. Porém, apenas um deles é chamado “raiz quadrada de quatro”, e este número é o 2.

Do exemplo anterior, vemos que para o caso geral b  0 sendo um número real, então existem
dois números que elevados ao quadrado são iguais a b: o positivo é chamado de raiz quadrada de b,
e é indicado por √𝑏; o outro número é −√𝑏.

Por definição √0 = 0, pois o único número que elevado ao quadrado seja zero é o próprio
zero!

Exemplo 2: (a) Determine a raiz quadrada de 16.

(b) Determine um número que elevado ao quadrado seja igual a 16.

Para resolvermos o item (a), devemos optar pelo número positivo que elevado ao quadrado
seja igual a 16; este número é 4, e assim, o conjunto solução deste problema é {4}.

Já quando resolvemos o item (b), temos 𝑥 2 = 16 ⇒ 𝑥 = ±√16 = ±4. O conjunto solução

aqui é {−4,4}.

Uma observação importante deve ser feita. Quando se pergunta qual o valor de √𝑥 2 , temos a
tentação de respondermos x, porém nem sempre esta resposta é correta! Se x for positivo, ok! Mas
quando x é negativo, ocorre como neste exemplo: √(−3)2 = −3, que é um resultado errado, pois
dissemos que a raiz quadrada deve ser sempre um número positivo, e de fato √(−3)2 = √9 = 3!
Concluímos, então, que o correto é

√ 𝑥 2 = |𝑥 |.

O fato que foi exemplificado no Exemplo 1 acontece também com outros índices de raízes,
sempre que estes forem pares.

Exemplo 3: Sabemos que existem dois números que elevados à quarta potência são iguais a 16, e
estes números são 2 e -2. No entanto, quando perguntada qual a raiz quarta de 16, a única resposta
4
permitida é 2, indicada por √16 = 2.

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A partir destes exemplos, podemos definir algumas propriedades, para i, j, k inteiros, i > 1, k
> 1:
𝑖 𝑖 𝑖
√𝑎𝑏 = √ 𝑎 √𝑏
𝑖
𝑎 √𝑎
𝑖
√ = 𝑖 , (𝑏 ≠ 0)
𝑏 √𝑏

𝑖 𝑘 𝑖
(√ 𝑎 ) = √𝑎 𝑘

𝑗 𝑗𝑖
√√
𝑖
𝑎 = √𝑎

com a ressalva de que se i é par, então 𝑎 ≥ 0 𝑒 𝑏 ≥ 0, 𝑒 𝑎 ≠ 0 𝑠𝑒 𝑘 < 0.

𝑖𝑙 𝑙
Para 𝑎 > 0 e i e l inteiros maiores do que 1, temos √𝑎𝑖𝑗 = √𝑎𝑗 .

𝑖 𝑖 𝑖
OBSERVAÇÃO: É importante notar que não existe uma propriedade do tipo √𝑎 + 𝑏 = √𝑎 + √𝑏 ,
𝑖 𝑖 𝑖
simplesmente porque isso não é correto! Em geral, √𝑎 + 𝑏 ≠ √𝑎 + √𝑏.

Exemplos:
3 3 3 3 3
2 √4 + 5√4 − √4 = (2 + 5 − 1) √4 = 6√4

√2 ∙ √5 = √2 ∙ 5 = √10

5
√15 5 15 5
=√ = √5
5
√3 3

7 2 7 7
( √3) = √32 = √9

3 4
√ √2 = 12√2

15 3
√245 = √29

√9 + 16 = √25 = 5 ≠ √9 + √16 = 3 + 4 = 7

Já que estamos revendo Radiciação, vale a pena lembrarmos a Racionalização, que consiste
em eliminarmos os radicais dos denominadores de frações com o intuito de facilitar cálculos.

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Se quisermos racionalizar 1⁄√𝑎 , multiplicamos numerador e denominador por √𝑎:

1 1 ∙ √𝑎 √𝑎 √𝑎
= = 2 =
√𝑎 √𝑎 ∙ √𝑎 (√𝑎) 𝑎

Quando o denominador apresentar uma soma de duas raízes, convém multiplicarmos

numerador e denominador pelo complexo conjugado do denominador, usando a propriedade
𝑎2 − 𝑏2 = (𝑎 + 𝑏) ∙ (𝑎 − 𝑏). Assim, temos

1 1
√𝑎 − √𝑏 √𝑎 − √𝑏
= = ∙
√𝑎 + √𝑏 √𝑎 + √𝑏 √𝑎 − √𝑏 𝑎−𝑏

Observem que usaríamos artifício semelhante se no denominador houvesse a subtração das raízes;
neste caso, multiplicaríamos numerador e denominador pela soma das raízes!

Podemos ainda querer racionalizar uma fração que envolva raízes cúbicas em seu
denominador, como

1
3 3
√𝐴 − √𝐵

Tendo em mente o procedimento adotado anteriormente, devemos buscar um produto notável

que envolva a diferença de dois cubos, como é o caso de 𝑎3 − 𝑏3 = (𝑎 − 𝑏) ∙ (𝑎2 + 𝑎𝑏 + 𝑏2 ).
3 3 3 3 3 2 3 3 3 2
Fazendo 𝑎 = √𝐴 𝑒 𝑏 = √𝐵, temos que 𝐴 − 𝐵 = ( √𝐴 − √𝐵) ∙ [( √𝐴) + √𝐴 ∙ √𝐵 + ( √𝐵) ].
Vejam que o que faremos é substituir o denominador por uma expressão equivalente, isolando
3 3
( √𝐴 − √𝐵 ) na equação acima. Assim, temos

1 1
= =
3
√𝐴 − √𝐵
3 𝐴−𝐵
3 2 3 3 3 2
[( √𝐴) + √𝐴 ∙ √𝐵 + ( √𝐵) ]

3 2 3 3 3 2
[( √𝐴) + √𝐴 ∙ √𝐵 + ( √𝐵) ] 3 3
√𝐴2 + √𝐴 ∙ 𝐵 + √𝐵2
3

= =
𝐴−𝐵 𝐴−𝐵
Exemplos:

Realize as racionalizações:

5 5 √5 5√5
= ∙ = = √5
√5 √5 √5 5

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2𝑥 2𝑥 √10 + √𝑥 2𝑥(√10 + √𝑥)

= ∙ =
√10 − √𝑥 √10 − √𝑥 √10 + √𝑥 10 − 𝑥

3 3 3
1 1 1 √𝑥 2 + √8𝑥 + √64
= = =
3 3 3
√𝑥 − 2 √𝑥 − √8 3 𝑥−8 𝑥−8
2 3 3 2
√𝑥 + √8𝑥 + √8

Coloque as seguintes frações em ordem crescente:

1 √11 + √5
𝑒
√11 − √5 2

Para fazermos a comparação, vamos primeiro racionalizar a primeira delas, obtendo

1 1 √11 + √5 √11 + √5 √11 + √5

= ∙ = =
√11 − √5 √11 − √5 √11 + √5 11 - 5 6

Agora podemos facilmente colocar as frações em ordem crescente, obtendo

1 √11 + √5
<
√11 − √5 2

Referências:

Bosquilha, Alessandra, “Minimanual compacto de matemática : teoria e prática : ensino médio”, Alessandra Bosquilha,
Marlene Lima Pires Corrêa, Tânia Cristina Neto G. Viveiro. -- 2. ed. rev. -- São Paulo : Rideel, 2003.
Boulos, Paulo, “Pré-Cálculo”, São Paulo, Makron Books, 1999.

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