Frenagem Dinâmica E Regenerativa Da Máquina de Corrente Continua

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE ENERGIA

PAULO ANTONIO DE SOUZA JUNIOR

FRENAGEM DINÂMICA E REGENERATIVA DA MÁQUINA


DE CORRENTE CONTINUA

ITAJUBÁ
2019
PAULO ANTONIO DE SOUZA JUNIOR

FRENAGEM DINÂMICA E REGENERATIVA DA MÁQUINA


DE CORRENTE CONTINUA

Dissertação submetida ao Curso de


Pós-Graduação de Ciências em Engenharia de
Energia, pela Universidade Federal de Itajubá,
como requisito parcial para a obtenção do
título de Mestre em Engenharia de Energia.

Orientador: Prof. Dr. Vladimir Rafael Melian


Cobas
Co-orientador: Prof. Dr. Ângelo José Junqueira
Rezek

ITAJUBÁ
2019
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho, aos meus amados pais, Terezinha Aparecida Ferraz e
Souza e Paulo Antonio de Souza (in memoriam), por tudo que fizeram por mim; aos
meus sogros, Lauritz Silva e Ana Maria Silva, pelo suporte diário; e aos meus
amores, à família que construí, minha linda esposa, Débora Cristina Silva e Souza e
ao meu amado e sensacional filho, Davi Silva e Souza, em especial pelo amor e
apoio incondicional em todos os momentos.
AGRADECIMENTOS

Primeiramente ao Grande Arquiteto do Universo, que é Deus, por estar


sempre me abençoando e me dando força, saúde e perseverança.
Ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Energia, pela
oportunidade de realização desse trabalho.
Aos meus sogros, Lauritz Silva e Ana Maria Silva, pelo auxílio essencial em
alguns momentos.
Ao meu prezado orientador, Prof. Dr. Vladimir Rafael Melian Cobas, pela
orientação e confiança, e em especial, ao meu estimado co-orientador, Prof. Dr.
Ângelo José Junqueira Rezek, por me conduzir, acreditar e perseverar junto comigo
nessa caminhada.
À minha amada esposa, Débora Cristina Silva e Souza, por seu apoio, amor e
paciência.
À CAPES pela provisão da bolsa de mestrado.
RESUMO

Neste trabalho, é efetuada a modelagem das frenagens dinâmica e regenerativa da


máquina de corrente contínua, excitação independente com o auxílio da resolução
da equação diferencial linear resultante da modelagem destes processos frenantes.
É utilizada a segunda Lei de Newton que relaciona o torque frenante para obtenção
da velocidade decrescente resultante deste processo dinâmico de frenagem.
Na frenagem dinâmica da máquina de corrente contínua utilizada neste trabalho, a
energia cinética é dissipada no banco de resistências, ao passo que na frenagem
regenerativa, parte desta energia cinética é devolvida para rede.
Nos casos das frenagens regenerativa e dinâmica, o equacionamento do processo
frenante será efetuado para a determinação do tempo de parada do motor, em
função da corrente limite, previamente ajustada, no caso da frenagem regenerativa e
da resistência inserida no circuito da armadura, para o caso da frenagem dinâmica.
Assim, o tempo de frenagem será obtido analiticamente, para comparação deste
tempo com aquele obtido experimentalmente. Desta maneira, as modelagens
efetuadas poderão ser avaliadas e comprovadas.

Palavras-chaves: Energia. Frenagem de Máquinas. Corrente Contínua.


ABSTRACT

In In this work, the dynamic and regenerative braking modeling of an independent


triggered DC machine is performed using a linear differential equation.
It uses the Second Newton’s Law, which relates braking torque to the resulting
decreasing speed from this dynamic braking process.
In the above dynamic braking process, the kinetic energy is dissipated in a resistance
pool, while in the regenerative braking, part of the kinetic energy returns to the grid.
In both cases, the braking process mathematical modeling will be used to determine
the engine stop time, based on the previously set top current, in the case of
regenerative braking. When considering dynamic braking, the stop time will depend
on the resistor inserted on the chassis circuit. Thus, the braking time will be
analytically determined, and compared to the actual trial time. In this way, the
described modelings will be evaluated and validated.

Keywords: Energy. Machine Braking. Direct Current.


SUMÁRIO

1 - INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 14
2 - APRESENTAÇÃO E COLOCAÇÃO EM OPERAÇÃO DA MÁQUINA DE
CORRENTE CONTÍNUA ..................................................................................................... 17
2.1 - PARTES CONSTITUINTES DE UMA MÁQUINA DE CORRENTE CONTÍNUA ........................ 18
2.2 - Principio de Funcionamento da Máquina de Corrente Contínua como Gerador ... 21
2.3 - Tipos de Geradores de Corrente Contínua .................................................................. 26
2.3.1 - Excitação Independente .............................................................................................. 27
2.3.2 - Auto-excitados: Série, Paralelo ou Shunt, Misto ou Compoud ............................... 30
2.4 - Equacionamento Básico para a Máquina de Corrente Contínua Geradora ............ 31
2.5 - Características a Vazio para as Máquinas de Corrente Contínua ............................ 33
2.6 - O Processo de Auto Excitação ....................................................................................... 34
2.7 - Razões que Impedem a Auto Excitação ....................................................................... 36
2.7.1 - Falta ou Baixo Magnetismo Residual ........................................................................ 36
2.7.2 - Conexão do Circuito de Campo Invertida com Relação ao da Armadura ............ 37
2.7.3 - Resistência do Circuito de Campo Muito Elevada................................................... 37
2.8 - Máquina de Corrente Contínua Motora ...................................................................... 37
2.8.1 - Principio de funcionamento como motor .................................................................. 37
2.8.1.1 - FORÇAS MAGNÉTICAS SOBRE CONDUTORES DE CORRENTE...................................... 37
2.8.1.2 - FUNCIONAMENTO DE UM MOTOR DE CORRENTE CONTÍNUA ELEMENTAR ............... 38
2.9 - Equacionamento Básico para máquina de corrente contínua ................................... 40
2.9.1 - Inversão do sentido de rotação do motor e controle de velocidade ....................... 42
2.9.2 - Partida do motor de corrente contínua excitação independente ............................ 42
2.9.3 - Tipos de motores de corrente contínua ..................................................................... 43
3 - MODELAGEM DA FRENAGEM DINÂMICA DA MÁQUINA DE CORRENTE
CONTÍNUA ............................................................................................................................ 43
3.1 - OBTENÇÃO DO TORQUE DE ATRITO MÉDIO, [TAM] .......................................................... 46
4 - FRENAGEM REGENERATIVA.................................................................................... 59
4.1 - EQUACIONAMENTO PARA FRENAGEM REGENERATIVA................................................... 64
5 - RESULTADOS OBTIDOS E ANÁLISE DOS MESMOS ............................................ 67
5.1 - FRENAGEM DINÂMICA ..................................................................................................... 67
5.2 - FRENAGEM REGENERATIVA ............................................................................................ 68
6 - CONCLUSÃO ................................................................................................................... 70
7 - REFERÊNCIAS.................................................................................................................72
ANEXO: ILUSTRAÇÃO DA BANCADA DE ENSAIO .................................................... 76
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Máquina de corrente contínua em corte ................................................................. 18


Figura 2 - Vista da máquina de corrente contínua. ................................................................. 20
Figura 3 - Gerador de corrente contínua elementar. ............................................................... 21
Figura 4 - Bobina girando dentro de um campo magnético .................................................... 22
Figura 5 - Força eletromotriz da bobina‫׳‬.. ................................................................................ 22
Figura 6 - Bobina na posição I . = 0 .................................................................................. 23
Figura 7 - Bobina na posição II. = .............................................................................. 23
Figura 8 - Bobina na posição III. = 0. ................................................................................ 23
Figura 9 - Bobina na posição IV . = .. ....................................................................... 24
Figura 10 - Bobina na posição V . = 0 .............................................................................. 24
Figura 11 - Forma de onda nos terminais da carga. .............................................................. 24
Figura 12 - Induzido com duas bobinas. .................................................................................. 25
Figura 13 - Tensão existente entre as duas espiras do induzido de uma máquina de corrente
contínua elementar .................................................................................................. 25
Figura 14 - Tensão de saída para um gerador de corrente contínua elementar com induzido
de duas espiras. ...................................................................................................... 26
Figura 15 - Gerador de corrente contínua excitação independente........................................ 27
Figura 16 - Vetor área da espira alinhado com vetor indução magnética .............................. 28
Figura 17 - Deslocamento do plano neutro pelo efeito da reação do induzido. ..................... 29
Figura 18a - Esquema de ligação gerador auto excitado série ............................................... 30
Figura 18b - Esquema de ligação gerador auto excitado paralelo .......................................... 30
Figura 18c - Gerador de corrente contínua auto excitado compoud – curta- derivação. ....... 30
Figura 18d - Gerador de corrente contínua auto excitado compound – longa derivação. ..... 31
Figura 19 - Máquina de corrente contínua excitação independente ....................................... 31
Figura 20 - Característica a vazio para a máquina de corrente contínua. .............................. 33
Figura 21 - Esquema de ligação para gerador auto excitado shunt. ...................................... 35
Figura 22 - Auto excitação de um gerador shunt .................................................................... 36
Figura 23 - Regra da mão esquerda para verificação de forças sobre condutores de corrente
................................................................................................................................. 38
Figura 24 - Funcionamento de um motor de corrente contínua elementar............................. 39
Figura 25 - Motor de corrente contínua em corte .................................................................... 39
Figura 26 - Motor de corrente contínua excitação independente............................................ 40
Figura 27 - Esquema de ligações para frenagem dinâmica MCC. ......................................... 45
Figura 28 - Torque de atrito médio........................................................................................... 47
Figura 29 - Gráfico velocidade x tempo para frenagem dinâmica - Torque de atrito médio
variando com o tempo. ............................................................................................ 55
Figura 30 - Gráfico velocidade x tempo para frenagem dinâmica - Torque de atrito variando
com a velocidade ..................................................................................................... 57
Figura 31 - Motor funcionando e frenando .............................................................................. 60
Figura 32 - Inversão da corrente de armadura..........................................................................60
Figura 33 - Ponte conversora para alimentação do motor de corrente contínua ...................... 61
Figura 34 - Circuito de comando .............................................................................................. 62
Figura 35 - Circuito para dissipação de energia ....................................................................... 62
Figura 36 - Ilustração da frenagem regenerativa mostrando a velocidade na curva 1 e corrente
da máquina na curva 2, para corrente de frenagem de 3,57[A] ............................... 64
Figura 37 - Ilustração da frenagem regenerativa mostrando a velocidade na curva 1 e corrente
da máquina na curva 2, para corrente de frenagem de 4,62[A] ............................... 65
Figura 38 - Ilustração da frenagem regenerativa mostrando a velocidade na curva 1 e corrente
da máquina na curva 2, para corrente de frenagem de 7,77[A] ............................... 66
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Comportamento velocidade x tempo para frenagem dinâmica ............................... 54


Tabela 2 - Comportamento velocidade x tempo para frenagem dinâmica ............................... 56
Tabela 3 - Resultados obtidos experimentalmente ................................................................... 67
Tabela 4 - Resultados obtidos a partir da equação de rotação do torque de atrito médio ........ 67
Tabela 5 - Ilustração dos erros obtidos a partir da comparação de resultados experimentais e
de simulação para frenagem dinâmica, considerando-se torque de atrito médio .... 68
LISTA DE SÍMBOLOS

Ω ohm, unidade de resistência elétrica


Φ fluxo da máquina
Φ fluxo da máquina e variável com a corrente de excitação
fluxo remanescente devido ao magnetismo residual

vetor área da espira

vetor indução magnética

vetor comprimento

vetor indução magnética


∑R somatório das resistências ligadas em série com o circuito da armadura,
incluindo a resistência de carga
somatório das resistências conectadas em série com o circuito da
armadura
(•) corrente saindo dos terminais da bobina de armadura
(x) corrente entrando pelos terminais da bobina de armadura
A ampère, unidade de corrente elétrica
I corrente elétrica
Icc corrente contínua
Iexc corrente de excitação
rpm rotação por minuto, unidade de velocidade
V volt, unidade de tensão elétrica
N.m unidade de torque mecânico
E força eletromotriz
U tensão terminal em carga
Ia corrente de armadura
resistência do reostato para variação da corrente de excitação

corrente de excitação
K constante dependente das características da máquina
força eletromotriz gerada a vazio

corrente de excitação
Er tensão remanescente
n rotação [rpm]
força eletromotriz
resistência do campo shunt
I corrente
Rc resistência de campo
Rp reostato de partida do motor
Ef tensão contínua do circuito de campo
E K.n.Φ
Ua tensão aplicada ao circuito da armadura
E força contra – eletromotriz
n rotação da máquina
C torque desenvolvido pelo motor
corrente de armadura
Ta torque de atrito
Tn torque nominal
Ia corrente que o motor puxa da rede para suprir o torque do atrito
In corrente nominal
Pn potência nominal
nn rotação nominal
J momento de inércia do motor
K constante de proporcionalidade da máquina
K1, K2 contatores 1 e 2
DT1, DT2 relés de tempo 1e 2
Sw chave reversora de velocidade
CB1 e CC1 contatos auxiliares do contator K1
CB2 e CC2 contatos auxiliares do contator K2
dT1, dT2 contatos dos respectivos relés de tempo
f.em força eletromotriz
LISTA DE ABREVIATURAS – TERMOS TÉCNICOS

A - amperímetro
CC - corrente contínua
CP - conexão do tipo composta (compound)
GCC - gerador de corrente contínua
MCC - motor de corrente contínua
14

1 - INTRODUÇÃO

Nos dias atuais, repletos de inovações e tecnologias, fica difícil imaginar a


vida sem as máquinas elétricas e seus grandes benefícios. No dia a dia doméstico e
industrial, no entanto, levou-se séculos para chegarmos aos resultados de hoje.
Em 1663, o alemão Otto Guericke, construiu a primeira máquina eletroestática
e incrementada pelo suíço Martin Planta, em 1774.
Por volta de 1786, o italiano Alessandro Volta, descobriu que entre dois
metais diferentes, imersos em líquido condutor, surgia uma tensão elétrica. Em
1799, o mesmo desenvolveu uma fonte de energia chamada de “coluna de Volta”,
que podia gerar corrente elétrica. No ano de 1820, Hans Christian Oersted, físico
dinamarquês, verificou, por acaso, que a agulha magnética de uma bússola era
desviada de sua posição norte-sul quando passava perto de um condutor no qual
circulava corrente elétrica. Essa análise foi o primeiro passo em direção ao
desenvolvimento do motor elétrico.
Mais à frente, André-Marie Ampère, físico e matemático, fabricou o primeiro
eletroímã, sendo este, o dispositivo fundamental para a invenção de inúmeros
aparelhos, como o telefone, o microfone, o alto falante, etc. Após isso, em 1831, o
inglês, Michael Faraday, descobriu a indução eletromagnética.
Em 1832, S. Dal Negro, cientista italiano, construiu a primeiro motor de
corrente alternada com movimento de vaivém. Logo no ano seguinte, W. Ritchie,
outro cientista inglês, inventou o comutador, construindo um pequeno motor elétrico
em que o núcleo de ferro enrolado girava em torno de um ímã permanente. Para dar
uma rotação completa, a polaridade do eletroímã era alternada a cada meia volta,
através do comutador.
Levou quase três séculos, desde os primeiros estudos até a aparição das
máquinas elétricas em 1886, atribuída ao cientista alemão Werner Siemens, inventor
do primeiro gerador de corrente contínua auto induzido.
Seguindo-se os anos, outros grandes estudiosos contribuíram para o avanço,
como o croata Nikola Tesla, que apresentou um pequeno protótipo de motor de
indução bifásico com rotor em curto-circuito. Este acontecimento foi determinante na
divulgação da utilização da corrente alternada, permitindo a distribuição da energia
por longas distâncias.
15

Hoje em dia, estudos constataram que parte da energia consumida em


processos produtivos é desperdiçada ou utilizada de forma ineficiente. NETO et al,
relata que, segundo GUARDIA (2010), “a energia é um dos principais insumos da
indústria” e “sua disponibilidade, custo e qualidade são determinantes fundamentais
da capacidade competitiva do setor produtivo”, afirmando que cerca de 40% da
energia no Brasil é consumida pelo setor industrial e, deste percentual,
aproximadamente 45% corresponde à energia elétrica. PANESI (2006) menciona
que “no setor industrial, entre 50% e 60% da energia utilizada é consumida pelos
motores elétricos”.
De acordo com CHAPMAN (2013), uma máquina elétrica é um dispositivo que
pode converter tanto a energia mecânica em energia elétrica como a energia elétrica
em energia mecânica. Quando tal dispositivo é usado para converter energia
mecânica em energia elétrica, ele é denominado gerador. Quando converte energia
elétrica em energia mecânica, ele é denominado motor. Na prática, quase todos os
motores fazem a conversão da energia de uma forma em outra pela ação de um
campo magnético; salienta também, que no cotidiano da vida moderna, esses dois
tipos de dispositivos elétricos estão presentes em todos os lugares. Nas casas, os
motores elétricos acionam refrigeradores, freezers, aspiradores de ar,
processadores de alimentos, aparelhos de ar condicionado, ventiladores e muitos
outros eletrodomésticos similares. Nas indústrias, os motores produzem a força
motriz, responsável por mover praticamente todas as máquinas, sendo assim, existe
a necessidade de freiá-las.
A frenagem de máquinas elétricas, é um assunto bastante importante,
podendo-se averiguar aplicações imediatas, como por exemplo, em elevadores,
tração elétrica, processos industriais de laminação de alumínio e fabricação de
papel, etc.
A frenagem dinâmica da máquina de corrente contínua é um método utilizado
para desaceleração da máquina, onde há dissipação de energia num banco de
resistências previamente determinado para tal processo. Por exemplo, pode-se citar
uma importante aplicação do método na frenagem de caminhões de minério da Cia
Vale, onde apenas o freio convencional de lona de caminhão não é suficiente para
controlar o processo de controle da velocidade. A frenagem regenerativa também é
amplamente utilizada industrialmente, podendo-se citar por exemplo, a sua utilização
em trens metroviários, empregando chopper tiristorizado (metrô de São Paulo) e nas
16

fabricações de papel e alumínio, processos nos quais o conversor dual tiristorizado é


empregado. Neste caso ocorre a devolução de energia para a rede.
A frenagem regenerativa pode ser feita de duas maneiras:
• Utilizando duas pontes tiristorizadas em antiparalelo. Este arranjo é
conhecido como Conversor Dual. Neste caso ocorre a inversão da
corrente de armadura.
• Usando apenas uma ponte tiristorizada invertendo-se a corrente de
campo.
Este arranjo foi utilizado em laboratório.
A ponte de tiristores será controlada para frenagem eficiente da máquina.
Como pesquisa comparativa com outros trabalhos desenvolvidos relativos à
modelagem da frenagem dinâmica, pode-se citar o trabalho da referência, ERDMAN,
W. “Dynamic braking of DC machines: A mathematical approach” IEEE, vol. IA-
19, n.3, may/june, 1983, pp. 388-392.
A diferença básica deste trabalho, comparativamente ao citado acima, é o de
que desprezou-se a queda de tensão na indutância da máquina no processo
transitório de frenagem, o que resultou numa modelagem do processo frenante mais
simples e atribuindo-se um valor de resistência de frenagem, o tempo de parada do
motor obtido teoricamente foi bem próximo ao obtido experimentalmente,
comprovando a modelagem efetuada.
Como objetivo deste trabalho, pretende-se registrar a velocidade da máquina
durante o processo frenante, em função da resistência inserida no circuito da
armadura para o caso da frenagem dinâmica. No caso da frenagem regenerativa,
serão obtidos via registro de sinais, a corrente de frenagem e a velocidade da
máquina. O equacionamento da frenagem será feito, donde se pretende obter
expressões analíticas de tempos de frenagem, utilizando a segunda lei de Newton
(equação de balanço). Necessita-se, evidentemente, do momento de inércia da
máquina, pois este dado é necessário na equação de balanço. Uma posterior
comparação com resultados práticos será, então, realizada.
Como objetivos específicos, a modelagem matemática dos processos
frenantes serão efetuados, pretendendo-se também comprovar a modelagem teórica
com resultados experimentais obtidos em laboratório, a partir da utilização de uma
bancada de testes para tal finalidade.
17

2 - Apresentação e Colocação em Operação da Máquina de Corrente Contínua

A máquina de corrente contínua (MCC), é um dos três tipos básicos de máquinas


elétricas (máquinas CC, máquinas síncronas e máquinas de indução) que ainda tem
sido amplamente utilizada em determinados tipos de indústrias, principalmente por
ser capaz de permitir ajustes finos de torque e de velocidade em seu funcionamento.
As MCC, caracterizam-se por sua versatilidade, através das várias combinações
de enrolamentos de campo, excitados em derivação, série ou independentemente,
podendo ser projetadas de modo a expor uma extensa variedade de características
de tensão versus corrente ou de velocidade versus torque, para operações
dinâmicas e em regime permanente. Devido à facilidade com que podem ser
controladas, sistemas de máquinas CC têm sido usados frequentemente em
aplicações que exigem uma ampla faixa de velocidades ou de controle preciso da
saída do motor.
O funcionamento dos motores e geradores de corrente contínua se baseia nos
princípios do eletromagnetismo. Ao se aplicar uma corrente elétrica em um fio
condutor, é criado ao seu redor um campo magnético que, se estiver sob ação um
campo magnético fixo, sofre uma força tal que provoca sua movimentação e a
energia é convertida em trabalho.
A máquina de corrente contínua, devido a maior complexidade e elaboração em
sua construção, se apresenta como uma máquina relativamente cara e também de
manutenção mais frequente, devido a existência do comutador e escovas, que se
desgastam com o funcionamento das mesmas.
Como gerador a máquina de corrente contínua está em desuso devido ao
aparecimento dos dispositivos retificadores a estado sólido, que por serem
equipamentos estáticos não apresentam perdas rotativas, são de manutenção mais
simples e também mais baratos. Por isso mesmo a máquina de corrente contínua
ainda é bastante utilizada como motor, devido principalmente a duas características
extremamente importantes apresentados pelos motores de corrente contínua, que
são:
a) Facilidade de controle de velocidade com precisão dentro de uma ampla
faixa;
b) Característica de torque adequados à tração elétrica.
18

Convém, entretanto, salientar que o motor de indução trifásico, vem substituindo


gradativamente o motor de corrente contínua, devido ao amplo desenvolvimento da
eletrônica de potência, tornando mais acessíveis, eficientes e baratos os sistemas
de controle dos motores de corrente alternada.

2.1 - Partes Constituintes de uma Máquina de Corrente Contínua

A figura 1 ilustra as principais partes da máquina de corrente contínua.

Figura 1: Máquina de corrente contínua em corte.


Fonte: https://docente.ifrn.edu.br/heliopinheiro/Disciplinas/maquinas-acionamentos-
eletricos/apostila-de-maquinas-de-cc-1

Uma descrição sucinta das principais partes constituintes é feita a seguir:

1. Carcaça: Estrutura cilíndrica de aço ou de ferro fundido ou laminado. A


carcaça serve não só como suporte das demais partes da máquina, mas
também providencia um caminho de retorno do fluxo criado nos pólos da
máquina.
19

2. Enrolamento Polar: Consiste de poucas espiras de fio grosso para o campo


série ou de muitas espiras de fio fino para o campo shunt. A corrente
circulando nestes enrolamentos faz com que apareça uma força magneto
motriz responsável pela produção no entreferro do fluxo necessário para a
geração da força eletromotriz.

3. Núcleo Polar: São constituídos de ferro laminado ou não, aparafusados ou


soldados na carcaça, após a inserção dos enrolamentos de campo nos
mesmos.

4. Sapata Polar: Esta peça é curvada e é mais larga que o núcleo polar para
espalhar mais uniformemente o fluxo. A sapata é laminada devido às
variações de fluxo com que a mesma é submetida. É que a relutância
magnética do fluxo produzido nos pólos sofre pequenas variações devido às
ranhuras em movimento da armadura. Desta maneira, para minimizar as
perdas é usual fazer a sapata polar laminada.

5. Enrolamento do Interpolo: Também são colocados na carcaça da máquina,


situados entre os pólos principais. São de tamanho menor que os pólos e por
isto mesmo facilmente identificados. O enrolamento do interpolo é composto
de algumas poucas espiras de fio grosso, pois o mesmo é ligado em série
com a armadura.

6. Escovas: As escovas são de carvão e deslizando sobre o comutador são


encarregadas de fazer a conexão do circuito de armadura (girante) com o
circuito externo.

7. Coletor ou Comutador: Esta peça é fator de reconhecimento de uma


máquina de corrente contínua. É encarregada da retificação mecânica da
tensão da armadura, ficando também submetida a constante desgaste devido
ao faiscamento e atrito com as escovas. Pode-se dizer mesmo, que é a peça
que mais traz problemas para uma máquina de corrente contínua. É
constituída de inúmeras teclas de cobre separadas uma das outras por mica.
20

8. Enrolamento da armadura: São alojados nas ranhuras existentes nesta


peça.

9. Núcleo da Armadura: Sustenta as bobinas da armadura, construído de


camadas laminadas de aço, para minimizar as perdas.

10. Pedestal: Peça de apoio para a máquina.

A figura 2 a seguir, ilustra uma máquina de corrente contínua.

Figura 2: Vista da máquina de corrente contínua.


Fonte: http://www.eletrovalmotores.com.br/manutencao-motor-corrente-continua

As principais partes elétricas são:

1. Bobina do pólo
2. Núcleo e sapata polar
3. Interpolo com respectivo núcleo
4. Armadura
5. Bobina da armadura
6. Coletor
21

2.2 - Princípio de Funcionamento da Máquina de Corrente Contínua como


Gerador

No início do século XIX, por volta da década de trinta, a única fonte de


energia elétrica que era sabida eram as pilhas e baterias, que transformavam
energia química em eletricidade. Contudo, em 1831, o inglês Michael Faraday,
inventou um sistema capaz de produzir energia elétrica a partir de energia mecânica,
criando, assim, um dispositivo gerador de energia. O gerador de Faraday baseava-
se num disco de cobre que girava no campo magnético formado pelos polos de um
ímã de ferradura e produzia uma corrente elétrica contínua.
Com a conquista de Faraday, além de ser crucial para o crescimento,
desenvolvimento e aplicabilidade da energia elétrica, foi a primeira etapa para o
surgimento dos geradores de energia elétrica, que ao longo dos tempos foram sendo
aperfeiçoados, agregaram inovações tecnológicas e transformaram-se em uma
excelente e confiável fonte de energia.
A figura 3 ilustra um gerador de corrente contínua elementar, através do qual
ficará fácil a compreensão do princípio de funcionamento do mesmo.

Figura 3: Gerador de corrente contínua elementar.


Fonte: REZEK, AJJ. Eletrotécnica Geral Aplicada, Teoria e Prática

Seja uma bobina no interior de um campo magnético, como ilustra a figura 4.


22

Figura 4: Bobina girando dentro de um campo magnético.


Fonte:http://www.lsi.usp.br/~ramc/cabeamento_arquivos/APOSTILA%20DE%20ELETRICID
ADE%20B%C3%81SICA%20.doc (Adaptado).

Sabe-se que a força eletromotriz que aparece após um giro completo da


bobina é ilustrada na figura 5.

Figura 5: Força eletromotriz da bobina


Fonte:http://www.lsi.usp.br/~ramc/cabeamento_arquivos/APOSTILA%20DE%20ELETRICID
ADE%20B%C3%81SICA%20.doc (Adaptado).

Portanto, a onda resultante é alternada e não contínua. Para fazer a


retificação da tensão existe o coletor. Será visto a seguir como é feita a retificação
mecânica da tensão, por intermédio das figuras 6 a 7.
Para facilidade de compreensão, a bobina será dividida em duas partes com
uma metade enegrecida e a outra metade branca. Entre as escovas será suposta
uma carga. Durante 180° os terminais ligados a parte enegrecida têm tensão
superior ao terminal ligado à parte não enegrecida da bobina e durante os outros
180° o inverso ocorre.
23

Figura 6: Bobina na posição I . = 0.


Fonte: REZEK, AJJ. Eletrotécnica Geral Aplicada, Teoria e Prática

Figura 7: Bobina na posição II. = .


Fonte: REZEK, AJJ. Eletrotécnica Geral Aplicada, Teoria e Prática

Figura 8: Bobina na posição III. = 0.


Fonte: REZEK, AJJ. Eletrotécnica Geral Aplicada, Teoria e Prática
24

Figura 9: Bobina na posição IV . = .


Fonte: REZEK, AJJ. Eletrotécnica Geral Aplicada, Teoria e Prática

Figura 10: Bobina na posição V . = 0.


Fonte: REZEK, AJJ. Eletrotécnica Geral Aplicada, Teoria e Prática

A tensão de saída na carga possui o aspecto mostrado na figura 11.

Figura 11: Forma de onda nos terminais da carga.

Caso se tivesse o induzido com duas bobinas ao invés de uma apenas, se


teria quatro anéis coletores ao invés de apenas dois. A figura 12 ilustra o induzido
contendo duas espiras.
25

Figura 12: Induzido com duas bobinas.


Fonte: REZEK, AJJ. Eletrotécnica Geral Aplicada, Teoria e Prática

As tensões entre as duas espiras estarão defasadas de 90°, conforme


mostrado na figura 13.

Figura 13: Tensão existente entre as duas espiras do induzido de uma máquina de corrente
contínua elementar.
Fonte: REZEK, AJJ. Eletrotécnica Geral Aplicada, Teoria e Prática

Na figura 13 tem-se:

---------- = Tensão na bobina enegrecida


______ = Tensão na bobina branca

A tensão de saída do gerador é ilustrada na figura 14.


26

Figura 14: Tensão de saída para um gerador de corrente contínua elementar com induzido
de duas espiras.
Fonte: REZEK, AJJ. Eletrotécnica Geral Aplicada, Teoria e Prática

Pode-se verificar que quanto mais espiras e quanto maior o número de teclas do
coletor ou comutador, menos ondulada é a tensão de saída. Um gerador de corrente
contínua industrial apresenta inúmeras bobinas e por isto mesmo a tensão de saída
do mesmo apresenta apenas uma ligeira ondulação. Outra observação importante
que se pode constatar foi a seguinte:
• Com uma bobina no induzido obteve-se uma forma de onda senoidal
monofásica antes da retificação;
• Com duas bobinas no induzido obteve-se duas formas de onda senoidais,
defasadas de 90° antes da retificação;
• Com quatro bobinas no induzido se obteria quatro formas de onda defasadas
de 45° antes da retificação;

• Com N bobinas no induzido se obteria N formas de onda defasadas de

antes da retificação.
Em outras palavras, a máquina de corrente contínua analisada antes do coletor
se comporta como uma máquina elétrica de corrente alternada polifásica. O
dispositivo encarregado da retificação mecânica da tensão é o coletor, como já
pode-se verificar.

2.3 - Tipos de Geradores de Corrente Contínua

Os geradores de corrente contínua são classificados de acordo com o tipo de


ligação (excitação) para a alimentação de suas bobinas de campo. São elas:
- Geradores de CC com excitação independente
27

- Geradores com auto excitação.


Tem-se várias possibilidades de ligação para os geradores de corrente
contínua. As formas de ligação são:

2.3.1 - Excitação Independente

Os geradores de corrente contínua excitação independente ocorrem quando a


corrente de alimentação vem de uma fonte externa.
A figura 15 ilustra um gerador de corrente contínua excitação independente.

Figura 15: Gerador de corrente contínua excitação independente.


Fonte: REZEK, AJJ. Eletrotécnica Geral Aplicada, Teoria e Prática

Na figura 15 tem-se:

1. Fonte de alimentação para o campo do gerador;


2. Enrolamento de campo para a produção do fluxo magnético (campo shunt);
3. Armadura;
4. Interpólos;
5. Carga.

A finalidade do campo shunt é a de produzir o fluxo magnético. Os interpólos


possuem uma finalidade que será explicada a seguir. Já se sabe que não há tensão
induzida na espira quando o vetor área da mesma se encontra alinhado com o vetor
indução magnética. A figura 16 ilustra o alinhamento do vetor área com o vetor
indução magnética.
28

Figura 16: Vetor área da espira alinhado com vetor indução magnética.
Fonte: REZEK, AJJ. Eletrotécnica Geral Aplicada, Teoria e Prática

Sendo:

= vetor área da espira;

= vetor indução magnética.

Neste instante a espira é posta em curto pelas escovas. Entretanto, não ocorrerá
faiscamento, pois a tensão nos terminais da espira é nula neste instante. Pode-se
tirar então as seguintes importantes conclusões:

1. No instante da comutação a bobina colocada em curto pelas escovas deve


estar no plano neutro, que é aquele para o qual não há tensão induzida sobre
a espira.
2. O plano neutro é sempre perpendicular ao vetor indução magnética.

Um fato importante, entretanto, ocorre: com o gerador em carga, o plano neutro


original é constantemente deslocado, devido ao efeito da reação da armadura (figura
17).
29

Figura 17: Deslocamento do plano neutro pelo efeito da reação do induzido.


Fonte: REZEK, AJJ. Eletrotécnica Geral Aplicada, Teoria e Prática

Na figura 17 pode-se verificar que a armadura percorrida por corrente também


produz um fluxo, que interagindo com o fluxo principal, resultará num fluxo resultado
da composição vetorial de ambos. Na figura 17 tem-se:

(•) = corrente saindo dos terminais da bobina de armadura;


(x) = corrente entrando pelos terminais da bobina de armadura.

Com a variação da corrente, a corrente do induzido variará e se terá também


alterada a reação do induzido. Com isto, constantemente o plano neutro mudaria de
posição e para que não houvesse faiscamento, também constantemente a posição
das escovas deveria ser alterada.
Para evitar este inconveniente, foi incorporado um enrolamento denominado
interpólos, ligado em série com a armadura. Este enrolamento se encarrega de criar
um fluxo capaz de neutralizar o efeito da reação da armadura. Em outras palavras,
produz um fluxo que na medida do possível se apõe ao efeito transmagnetizante da
reação da armadura, impedindo desta forma que se desloque o plano neutro e assim
a necessidade de se deslocar as escovas, que podem sempre ficar fixas em
determinada posição, independentemente da carga.
30

2.3.2 - Auto excitados: Série, Paralelo ou Shunt, Misto ou Compoud

As figuras 18a a 18d ilustram o esquema de ligação para os geradores auto


excitados.

Figura 18a: Esquema de ligação gerador auto excitado série.


Fonte: REZEK, AJJ. Eletrotécnica Geral Aplicada, Teoria e Prática

Figura 18b: Esquema de ligação gerador auto excitado paralelo.


Fonte: REZEK, AJJ. Eletrotécnica Geral Aplicada, Teoria e Prática

Figura 18c: Gerador de corrente contínua auto excitado compoud – curta derivação.
Fonte: REZEK, AJJ. Eletrotécnica Geral Aplicada, Teoria e Prática
31

Figura 18d: Gerador de corrente contínua auto excitado compound – longa derivação.
Fonte: REZEK, AJJ. Eletrotécnica Geral Aplicada, Teoria e Prática

Como visto anteriormente, o gerador de corrente contínua excitação


independente, tem sua corrente de excitação suprida através de uma fonte
independente de corrente contínua. Já os geradores auto excitados não precisam de
fonte independente de corrente contínua porque eles, por um processo
característico, se auto excitam.

2.4 - Equacionamento Básico para a Máquina de Corrente Contínua Geradora.

A máquina de corrente contínua excitação independente, apresenta-se


ilustrada na figura 19.

Figura 19: Máquina de corrente contínua excitação independente.


Fonte: REZEK, AJJ. Eletrotécnica Geral Aplicada, Teoria e Prática
32

Da figura 19 tem-se:

E = força eletromotriz (f.em.);


U = tensão terminal em carga;
Ia = corrente de armadura;
= resistência do reostato para variação da corrente de excitação;

= corrente de excitação.

Como gerador o equacionamento é o seguinte:

• f.em: E = K.n.Φ (2.4)

• corrente de armadura: = (2.4.1)

Sendo:

∑R = somatório das resistências ligadas em série com o circuito da armadura,


incluindo a resistência de carga;
K = constante dependente das características da máquina.

A máquina de corrente contínua possui campo fixo e armadura móvel.


Conforme já mostrado anteriormente, a tensão que aparece numa bobina com
velocidade relativa em relação a um campo magnético depende da rotação e do
fluxo, ficando comprovada, portanto, a equação da força eletromotriz gerada pela
máquina. Será feita neste ponto, uma pequena recordação do funcionamento da
máquina como gerador.
Resumindo, os polos são fixos, e excitados por corrente contínua produzem
um campo magnético estacionário. A armadura é colocada a girar por intermédio de
uma máquina primária e aparece nas bobinas da mesma uma força eletromotriz
induzida. O princípio de funcionamento até este ponto é idêntico ao do alternador
com polos fixos e armadura girante.
Por intermédio do comutador ou coletor, é feita mecanicamente a retificação
da tensão, de tal modo que nos terminais da armadura resulta uma forma de onda
praticamente contínua. As escovas deslizando sobre o coletor são responsáveis pela
conexão da armadura girante ao circuito externo.
33

Neste ponto, surge uma pergunta: No caso da máquina de corrente contínua


excitação independente, a corrente contínua dos polos é obtida por intermédio de
uma fonte independente externa mas, no caso das máquinas auto excitadas não se
possui esta fonte externa. Como então aparece a corrente contínua nos pólos para
produzir o fluxo magnético?
A resposta a esta pergunta é que como o próprio nome diz, as máquinas se
auto excitam, e o fenômeno da auto excitação será descrito a seguir.

2.5 - Características a Vazio para as Máquinas de Corrente Contínua

Seja uma máquina de corrente contínua. A característica E0 = f.(Iex) para a


máquina é ilustrada na figura 20.

Figura 20: Característica a vazio para a máquina de corrente contínua.


Fonte: REZEK, AJJ. Eletrotécnica Geral Aplicada, Teoria e Prática

Sendo:

= força eletromotriz gerada a vazio;

= corrente de excitação;
Er = tensão remanescente;
OBS: rotação constante.

Esta característica está de acordo com a equação da força eletromotriz, pois:


E = K.n.Φ
34

A partir de certo valor para a corrente de excitação ocorre o fenômeno da


saturação, ou seja, a tensão não se comporta mais linearmente com a corrente de
excitação.
Pode-se observar também que mesmo inexistindo corrente de excitação nos
pólos, aparece nos terminais da máquina uma pequena tensão, denominada tensão
remanescente. A explicação para este fato é que os pólos da máquina guardam
certo magnetismo remanescente, e por isto mesmo, um fluxo residual também
aparece. Portanto, quando a máquina geradora é colocada a girar por intermédio da
máquina primária surge nos terminais da mesma uma tensão remanescente dada
pela equação.

Er = K.n. . (2.5)

Sendo:

Er = tensão remanescente;
n = rotação [rpm];
= fluxo remanescente devido ao magnetismo residual.

Este magnetismo residual é responsável pelo processo de auto excitação da


máquina conforme será descrito a seguir.

2.6 - O Processo de Auto Excitação

Conforme já se comentou, numa máquina auto excitada, mesmo sem a


existência de uma fonte de corrente contínua externa para excitar os pólos, ocorre a
auto excitação da máquina.
Quando o gerador fornece a sua própria excitação, ele é chamado de gerador
auto excitado. Se o seu campo estiver ligado em paralelo com a armadura, ele é
chamado de gerador shunt ou em derivação. Seja, por exemplo, um gerador auto
excitado shunt (figura 21).
35

Figura 21: Esquema de ligação para gerador auto excitado shunt.


Fonte: REZEK, AJJ. Eletrotécnica Geral Aplicada, Teoria e Prática

De acordo com a lei de OHM sabe-se:

=( + Rc) x

Sendo:

= força eletromotriz;
= resistência do campo shunt;
Rc = resistência do reostato para variação da corrente de excitação.

A característica ( x ) é uma reta e a figura 22 ilustra essa característica a


vazio, juntamente com equação da reta que traduz a Lei de OHM para o circuito da
excitação.
36

Figura 22: Auto excitação de um gerador shunt.


Fonte: REZEK, AJJ. Eletrotécnica Geral Aplicada, Teoria e Prática

A auto excitação se processa da seguinte maneira: A tensão remanescente


faz circular no circuito da excitação uma pequena corrente de excitação I1. A
corrente de excitação I1 faz com que a tensão seja aumentada para E2. Havendo
uma tensão maior, a corrente de excitação também aumentará para I2. Esta por sua
vez fará com que a tensão passe para E3 e assim, sucessivamente até que seja
atingido o ponto de equilíbrio, resultado da interseção das duas curvas. Este ponto é
caracterizado na figura 22, pela tensão E6 e corrente de excitação I6.

2.7- Razões que Impedem a Auto Excitação

2.7.1 – Deficiência do Magnetismo Residual

O magnetismo residual pode ser perdido como resultado da condição que


tendam a desmagnetizar os pólos, como por exemplo: batidas mecânicas, vibração
excessiva, calor extremo, correntes alternadas, inadvertidamente aplicadas através
do enrolamento de campo e máquina parada por longo tempo.
O magnetismo pode ser recuperado pela magnetização dos pólos, ou seja,
pela aplicação de corrente contínua no circuito do campo shunt, até mesmo através
da utilização de uma bateria.
37

2.7.2 - Conexão Invertida entre o Circuito de Campo com Relação ao da


Armadura

A corrente que flui no circuito de campo deve produzir uma força magneto motriz
que auxilie o magnetismo residual. Em outras palavras, o fluxo produzido pela
bobina de campo deve ter a mesma polaridade magnética que a força magneto
motriz residual. Caso isto não ocorra, pode-se optar por duas soluções:
1. Inverter a rotação da máquina primária;
2. Inverter a corrente de excitação, invertendo as conexões ligadas aos
terminais do campo. Esta solução é mais utilizada.

2.7.3 - Resistência do Circuito de Campo Muito Elevada

Se a resistência do circuito de campo for muito grande, a inclinação da reta do


mesmo, será muito elevada e a interseção com a característica a vazio se dará
também num valor muito baixo de tensão. Neste caso deve-se diminuir a resistência
de campo Rc.

2.8 - Máquina de Corrente Contínua Motora

2.8.1 - Principio de funcionamento como motor

No caso de funcionamento como motor, a máquina recebe potência elétrica


de uma fonte externa. A alimentação em corrente contínua é feita através do coletor.
Para melhor entendimento, será feita uma recordação da lei das forças magnéticas
sobre condutores percorridos por corrente.

2.8.1.1 - Forças magnéticas sobre condutores de corrente

Esta lei é expressa vetorialmente através da equação a seguir, para condutor


retilíneo.

= I ( x )
38

Sendo:

I = corrente elétrica;
= vetor comprimento;

= vetor indução magnética.

A regra da mão esquerda esclarece melhor esta lei (figura 23).

Figura 23: Regra da mão esquerda para verificação de forças sobre condutores de corrente.
Fonte: https://www.citisystems.com.br/motor-cc/

De acordo com esta regra, tem-se o polegar, indicador e dedo médio da mão
esquerda formando três ângulos retos. Tem-se ainda:
1. polegar: apontando na direção da força sobre o condutor;
2. indicador: apontando na direção do fluxo magnético;
3. dedo médio: apontando na direção da corrente no condutor.

2.8.1.2 - Funcionamento de um motor de corrente contínua elementar

Seja a figura 24 ilustrada a seguir:


39

Figura 24: Funcionamento de um motor de corrente contínua elementar.


Fonte: REZEK, AJJ. Eletrotécnica Geral Aplicada, Teoria e Prática

Os condutores da armadura percorridos por corrente e sob a ação do campo


magnético dos pólos ficam submetidos a uma força, resultando desta maneira em
torque mecânico e o motor gira.
A figura 25, ilustra o motor de corrente contínua em corte, onde se pode
visualizar também o caminho magnético do fluxo dos pólos.

Figura 25: Motor de corrente contínua em corte.


Fonte: REZEK, AJJ. Eletrotécnica Geral Aplicada, Teoria e Prática

Na figura 25, têm-se as bobinas enroladas sobre os pólos criando um fluxo


cujas linhas de força são ilustradas na mesma. Têm-se ainda:

(x) = corrente entrando no plano do papel;


40

(•) = corrente saindo do plano do papel.


O sentido de rotação é indicado na figura 25.

A necessidade de comutação fica bem evidenciada por intermédio da figura,


pois para que o movimento permaneça sempre num mesmo sentido, as correntes
têm que ser mantidas sempre nos mesmos sentidos indicados na figura 23. Melhor
esclarecendo, a corrente deve sempre ter sentido (x), nos condutores representados
no semicírculo esquerdo e (•) nos condutores situados no semicírculo direito do
comutador. Quem se encarrega disto é o coletor ou comutador, pois para cada giro
de 180° da armadura, pela ação do comutador, as correntes são mantidas nos
sentidos indicados.

2.9 - Equacionamento Básico para máquina de corrente contínua

Seja um motor de corrente contínua, excitação independente, como ilustra a


figura 26.

Figura 26: Motor de corrente contínua, excitação independente.


Fonte: REZEK, AJJ. Eletrotécnica Geral Aplicada, Teoria e Prática

Onde:

Rc = Resistência de campo;
Rp= Reostato de partida do motor;
Ef = Tensão contínua do circuito de campo.

Tem-se na figura 26.


41

corrente de armadura: = (2.9)

Onde:

= somatório das resistências conectadas em série com o circuito da


armadura;
E =K.n.Φ

Sendo:

Ua = Tensão aplicada ao circuito da armadura [V];


E = força contra – eletromotriz [V];
n = rotação da máquina [RPM];
Φ = fluxo produzido pelo circuito de campo da máquina [WEBER].

Velocidade: pode-se obter a velocidade da equação de força contra-


eletromotriz.

n= ou ainda n= (2.9.1)

Logo duas conclusões são importantes:

1. A velocidade é diretamente proporcional à tensão de armadura;


2. A velocidade é inversamente proporcional ao fluxo da máquina.

Torque: o torque depende do fluxo e da corrente de armadura.

C=K.Φ. (2.9.2)

Sendo:

C = torque desenvolvido pelo motor;


K = constante de proporcionalidade da máquina;
42

Φ = fluxo da máquina e variável com a corrente de excitação;


= corrente de armadura.

2.9.1 - Inversão do sentido de rotação do motor e controle de velocidade

A inversão do sentido de rotação do motor é conseguida, invertendo-se o fluxo


ou a corrente de armadura, pois desta maneira inverte-se o torque.
O controle de velocidade pode ser feito das seguintes maneiras:
• Alterando-se o valor da tensão aplicada à armadura.
Esta prática pode ser feita por intermédio da utilização de pontes conversoras
tiristorizadas, sendo atualmente este método o empregado nas indústrias; a
velocidade é diretamente proporcional à tensão aplicada ao circuito da armadura,
mantendo-se constante a corrente de campo até ser aplicada à máquina. Caso se
desejar aumentar a velocidade, aí sim, procede-se ao enfraquecimento de fluxo do
campo, uma vez que a tensão não pode ser mais aumentada, pois já se opera,
neste caso, com tensão nominal.
• Mudando-se o valor da corrente de excitação e consequentemente do fluxo.
É bom salientar que quando o fluxo é diminuído, a velocidade aumenta e quando
o fluxo é aumentado, a velocidade diminui. A velocidade é, portanto, inversamente
proporcional ao fluxo (vide equação 2.9.1).
Pode-se ainda controlar a velocidade da máquina por intermédio da alteração do
valor de resistências inseridas no circuito da armadura. Entretanto, esta prática não
é usada, pois acarreta em perdas joule, reduzindo o rendimento do processo.

2.9.2 - Partida do motor de corrente contínua excitação independente

Seja a equação da corrente da máquina

No momento da partida, a força contra eletromotriz é nula pois, E = K . n . Φ;


como: n = 0, → E = 0.
43

Portanto, para limitar-se a corrente no momento da partida, têm-se duas


possibilidades:
1. diminuir a tensão aplicada ;
2. aumentar as resistências no circuito da armadura.

A diminuição da tensão aplicada nem sempre é possível, sendo viabilizada


esta solução, quando se dispõe de pontes conversoras tiristorizadas, para
alimentação do circuito da armadura da máquina.
Por isto, inclui-se o reostato de partida , quando não se dispõe de pontes

conversoras tiristorizadas, que deve ser introduzido no momento de partida do motor


para limitar a corrente de partida. Após a partida do motor, o mesmo deve ser
retirado. Este reostato é conhecido como reostato demarrador.
Uma observação de extrema importância é que se o circuito de excitação da
máquina é interrompido, resta apenas na máquina o fluxo remanescente que é
bastante pequeno e, portanto, a máquina tende a disparar (olhar a equação 2.9.1).

2.9.3 - Tipos de motores de corrente contínua

Tem-se da mesma maneira, que para os geradores, os motores tipo série,


excitação independente e compound, cujos esquemas de ligação já foram
anteriormente apresentados.
O motor série de corrente contínua é bastante utilizado em tração elétrica
devido ao alto torque desenvolvido por este tipo de motor.

3 - Modelagem da frenagem dinâmica da máquina de corrente contínua

A frenagem de máquinas elétricas é assunto bastante importante, podendo-se


averiguar aplicações imediatas, por exemplo, em elevadores, tração elétrica,
processos industriais de laminação de alumínio e fabricação de papel, etc. Pretende-
se nesta pesquisa modelar a frenagem dinâmica, onde, neste caso, a armadura é
desconectada da fonte de corrente contínua e ligada num banco de resistores de
44

frenagem. A confirmação e avaliação da modelagem efetuada será feita


experimentalmente.
Observe que a máquina de corrente contínua tem duas fontes de alimentação
independentes, sendo uma para o circuito de excitação (campo) e outra para o
circuito de armadura.
É um método utilizado para desaceleração da máquina, onde há dissipação
de energia num banco de resistências previamente determinado para tal processo.
Por exemplo, pode-se citar uma importante aplicação do método na frenagem de
caminhões de minério da Cia Vale, onde apenas o freio convencional de lona de
caminhão não é suficiente.
Pode-se relatar a evolução histórica dos sistemas de frenagem das máquinas
de corrente contínua, sendo da seguinte forma:
• Paralisação própria pelo atrito interno nos mancais e ventilação;
Com o surgimento da utilização de máquinas de corrente contínua no setor
industrial, não houve nenhuma preocupação em se organizar uma forma de
paralisação das máquinas inicialmente, em caso de falta de energia.
Sendo assim, quando o fato ocorria, as máquinas só iriam interromper seu
movimento, quando toda a energia cinética acumulada fosse dissipada sob forma de
calor através dos atritos dos próprios mancais e dos mancais do equipamento ativo
e em menor quantidade, pela ventilação da máquina.
Obviamente, isso provocou transtornos e prejuízos, pois o tempo de
paralisação da máquina era bastante demorado.
Neste caso, surgiu a idéia de instalar um sistema de frenagem mecânica.
• Frenagem mecânica;
A frenagem mecânica nada mais é que a ação de um dispositivo mecânico,
em um ponto estabelecido do equipamento, onde através do atrito, busca-se a
transformação da energia cinética acumulada, em energia térmica, eliminando-a em
forma de calor.
• Frenagem dinâmica, a auto excitação;
O método de frenagem dinâmica, a auto excitação baseia-se em se conectar
o circuito de excitação, em paralelo com o circuito da armadura e fazer com que o
magnetismo excedente nos pólos de excitação, iniciem o processo de amorçamento
da máquina, transformando-a em um gerador cc shunt ou derivação.
45

• Frenagem dinâmica, a campo escalonado;


Esse método, fundamenta-se em tentar-se manter o fluxo de excitação em um
valor tal que multiplicado pela rotação atual da máquina, faça com que o circuito da
armadura tente atingir uma força eletromotriz gerada igual ou bem próxima à
nominal, feito por etapas, para ser mais preciso, trata-se de um “reostato” no circuito
de excitação, com variações em “degraus”.
• Frenagem dinâmica, a campo mínimo
Neste método, estima-se que na hora da queda de energia, a máquina possa
estar em sua pior condição de frenagem, ou seja, girando à máxima velocidade
possível.
Sendo assim, a energia elétrica dissipada no banco de resistores de frenagem
proporcional ao quadrado da tensão e por sua vez, proporcional à velocidade.
Podendo-se concluir que a eficiência da frenagem caia com a rotação da
máquina levando todo o conjunto a um tempo de frenagem relativamente longo.
A figura 27 abaixo, ilustra o esquema de ligação para frenagem dinâmica.

Figura 27: Esquema de ligações para frenagem dinâmica MCC


Fonte: Próprio do autor

A chave na posição 1 possibilita a operação da máquina como motor, para


aceleração, até que seja atingida a velocidade nominal da máquina.
46

Quando se passa a chave para a posição 2, a máquina passa a operar como


gerador, havendo então dissipação da energia cinética da máquina no grupo de
resistências, ocorrendo então a frenagem dinâmica da máquina (MCC).

3.1 - Obtenção do torque de atrito médio, [Tam]:

Para obter o torque de atrito médio, temos a equação a seguir:

Ia (3.1)
Ta = Tn 
In

Pn 2000 2000
Tn = = = = 10,61[ N .m]
nn 2 188,5
1800 
60
I a = 2,1[ A]
I n = 9,1[ A]

Substituindo os valores em (1):


2,1
Ta = 10,61 
9,1
Ta = 2,44[ N .m]

Onde:

Ta = Torque de atrito;
Tn = Torque nominal;
Ia = Corrente que o motor puxa da rede para suprir o torque do atrito;
In = Corrente nominal;
Pn = potência nominal;
nn = rotação nominal.

Através do gráfico abaixo, Ta x t, é obtido o torque de atrito médio, [T am]:


47

Figura 28: Torque de atrito médio


Fonte: Próprio do autor

Assim:

Tam = 1,22[N.m]

Obtenção da expressão da rotação:

A partir do torque de atrito médio, Tam=1,22[N.m], será obtida a equação


diferencial linear:

T = K   i
K  = K '
E
i=
R

Temos que:

E
T = K' 
R
Como:
E = K  nn  

nn 188,5
Te = K ''   Te = K ''  (3.2)
R R
48

No instante inicial da frenagem;


220
256,5
Te 0 = Tn  R  Te 0 = (3.3)
In R

Substituindo (3.2) em (3.3):

K '' = 1,36

Substituindo valores na equação a seguir:

K ''  n dn
− − Tam = J 
R dt

J - Momento de inércia do motor (Kg.m2)

Temos seguinte equação diferencial linear:

− 1,36  n dn
− 1,22 = J
R dt

Resolvendo a equação diferencial linear:

dn 1,36  n
J + = −1,22
dt R
dn 1,36  n − 1,22
+ =
dt JR J

Temos:
1,36
P (t ) =
R J
− 1,22
Q(t ) =
J

 

− Pdt
  Pdt 
n0 = e    Q  e dt + C 
 

1, 36t f
 − 1,22 1,36t f 
n0 = e J R
   e J R dt + C 
 J 
49

no = e- 1,36 tf/JR [ ∫ - 1,22/J e1,36 tf/JR dt + C ]

no = e -1,36 tf / 1,36/JR x [ -1,22/J e1,36 tf/JR + C ]

no = -1,22 x R/1,36 + CJR/1,36 e-1,36 tf/JR

no = 0,897R + CJR/1,36 e-1,36 tf/JR

P/ t = 0 n = 188,5 rad/s

188,5 = - 0,897R + CJR/1,36


C = (188,5 + 0,89R) x 1,36/JR

(I). P/ R1 = 31,3 Ω; J = 0,09 [kg.m2]

C1 = (188,5 + 0,897 x 31,3) x 1,36 / 0,09 x 31,3

C1 = 216,58 x 0,483

C1= 104,56 Ω

Logo,

no(1) = - 28,08 + 216,58 e-0,483tf

(II). P/ R2 = 38,7 Ω

C2 = (188,5 + 0,897 x 38,7) x 1,36 / 0,09x38,7

C2 = 223,21 x 0,3905

C2 = 87,16 Ω

Logo,

no(2) = - 34,71 + 223,22 e-0,39tf

(III). P/ R3 = 50,4 Ω
50

C3 = (188,5 + 0,897 x 50,4) x 1,36 / 0,09x50,4

C3 = 223,70 x 0,3

C3 = 70,07 Ω

Logo,

no(3) = - 45,21 + 233,70 e-0,30tf

(IV). P/ R4 = 54 Ω

C4 = (188,5 + 0,897 x 54) x 1,36 / 0,09x54

C4 = 236,94 x 0,280

C4 = 66,30 Ω

Logo,

no(4) = - 48,44 + 236,93 e-0,28tf

(V). P/ R5 = 71 Ω

C5 = (188,5 + 0,897 x 71) x 1,36 / 0,09x71

C5 = 252,19 x 0,213

C5 = 53,72 Ω

Logo,

no(5) = - 63,69 + 252,41 e-0,21tf

(VI). P/ R6 = 142,9 Ω

C6 = (188,5 + 0,897 x 142,9) x 1,36 / 0,09x142,9

C6 = 316,68 x 0,1057

C6 = 33,49 Ω

Logo,

no(6) = - 128,18 + 316,70 e-0,106tf


51

(VII). P/ R7 = 10.000 Ω

C7 = (188,5 + 0,897 x 10.000) x 1,36 / 0,09x10.000

C7 = 9158,5 x 0,00151

C7 = 13,84 Ω

Logo,

no(7) = - 8970 + 9158,82 e-0,0015tf

Tatrito = Ka.n

2,44 = Ka x 188,5

Ka = 2,44/188,5 = 0,013 [N.m/rad/s}

no = e-∫Pdf [ ∫ Q e ∫Pdf dt + C ]

J dn/dt + 1,36n /R = 0,013n

J dn/dt + 1,36n /R + 0,013n = 0

dn/dt + n/J (1,36/R + 0,013) = 0

P/ J = 0,09 [kg.m2] R = 31,3 Ω

dn/dt + n/0,09 (1,36/3,13 + 0,013) = 0

dn/dt + n x 0,627 = 0

P/ P = 0,624 Q = 0
52

no = e-∫0,627dt [ C ]

no = e-0,627t C

P/ t = 0 C = 188,5

n(1) = 188,5 x e-0,627t

P/ J = 0,09 [kg.m2] R = 38,7 Ω

dn/dt + n/0,09 (1,36/38,7 + 0,013) = 0

dn/dt + 0,535n = 0

n(2) = 188,5 x e-0,535t

P/ J = 0,09 [kg.m2] R = 50,4 Ω

dn/dt + n/0,09 (1,36/50,4 + 0,013) = 0

dn/dt + 0,444n = 0

n(3) = 188,5 x e-0,444t

P/ J = 0,09 [kg.m2] R = 54 Ω

dn/dt + n/0,09 (1,36/54 + 0,013) = 0


53

dn/dt + n (0,424) = 0

n(4) = 188,5 x e-0,424t

P/ J = 0,09 [kg.m2] R = 71 Ω

dn/dt + n/0,09 (1,36/71 + 0,013) = 0

dn/dt + n (0,357) = 0

n(5) = 188,5 x e-0,357t

P/ J = 0,09 [kg.m2] R = 142,9 Ω

dn/dt + n/0,09 (1,36/142,9 + 0,013) = 0

dn/dt + n (0,250) = 0

n(6) = 188,5 x e-0,250t

P/ R = 10.000

dn/dt + n/0,09 (1,36/10.000 + 0,013) = 0

dn/dt + n (0,146) = 0

n(7) = 188,5 x e-0,146t


54

A tabela 1 e a figura 29, ilustram o comportamento velocidade x tempo para

V1 Tempo [s] V2 Tempo [s] V3 Tempo [s] V4 Tempo [s] V5 Tempo [s] V6 Tempo [s] V7 Tempo [s]
188,5 0 188,5 0 188,5 0 188,5 0 188,5 0 188,5 0 188,5 0

Tabela 1: Comportamento velocidade x tempo para frenagem dinâmica


141,97 0,5 148,96 0,5 155,94 0,5 157,54 0,5 163,56 0,5 172,17 0,5 181,95 0,5
105,48 1 116,42 1 127,92 1 130,63 1 140,91 1 156,67 1 175,09 1
76,83 1,5 89,65 1,5 103,8 1,5 107,23 1,5 120,52 1,5 141,96 1,5 168,23 1,5
54,32 2 67,61 2 83,05 2 86,9 2 102,15 2 128,02 2 161,38 2
36,64 2,5 49,49 2,5 65,18 2,5 69,22 2,5 85,62 2,5 114,79 2,5 154,54 2,5
22,75 3 34,57 3 49,8 3 53,84 3 70,74 3 102,25 3 147,7 3
frenagem dinâmica, considerando-se o torque de atrito médio.

11,85 3,5 22,29 3,5 36,57 3,5 40,48 3,5 57,34 3,5 90,36 3,5 140,86 3,5
3,28 4 12,19 4 25,18 4 28,86 4 45,28 4 79,08 4 134,03 4
0,39 4,2 3,88 4,5 15,37 4,5 18,77 4,5 34,42 4,5 68,38 4,5 127,21 4,5
0,99 4,7 6,93 5 9,99 5 24,64 5 58,23 5 120,39 5
0,33 5,5 2,35 5,5 15,83 5,5 48,61 5,5 113,57 5,5
0,95 5,6 7,91 6 39,48 6 106,76 6
0,77 6,5 30,83 6,5 99,95 6,5
22,62 7 93,15 7
14,83 7,5 86,36 7,5
7,45 8 79,57 8
0,45 8,5 72,79 8,5
66,01 9
59,23 9,5
52,46 10
45,7 10,5
38,94 11
32,18 11,5
25,44 12
18,69 12,5
11,95 13
5,22 13,5
0,51 13,85
55

Figura 29: Gráfico velocidade x tempo para frenagem dinâmica – Torque de atrito médio
variando com o tempo
Fonte: Próprio do autor

A tabela 2 e a figura 30, ilustram o comportamento velocidade x tempo para


frenagem dinâmica, considerando-se o torque de atrito variando diretamente
proporcional à velocidade.
56
V1 Tempo [s] V2 Tempo [s] V3 Tempo [s] V4 Tempo [s] V5 Tempo [s] V6 Tempo [s] V7 Tempo [s]
188,5 0 188,5 0 188,5 0 188,5 0 188,5 0 188,5 0 188,5 0
137,7 0,5 144,2 0,5 151 0,5 152,49 0,5 157,68 0,5 166,3 0,5 175,2 0,5
100,7 1 110,4 1 121 1 123,36 1 131,91 1 146,8 1 162,9 1
73,6 1,5 84,5 1,5 97 1,5 99,79 1,5 110,34 1,5 129,5 1,5 151,4 1,5
53,8 2 64,7 2 78 2 80,73 2 92,3 2 114,3 2 140,8 2
39,3 2,5 49,5 2,5 62,1 2,5 65,31 2,5 77,21 2,5 100,9 2,5 130,9 2,5
28,7 3 37,9 3 50 3 52,83 3 64,59 3 89,04 3 121,6 3
21 3,5 29 3,5 39,85 3,5 42,74 3,5 54,03 3,5 78,58 3,5 113,1 3,5
15,3 4 22,2 4 31,92 4 34,57 4 45,2 4 69,34 4 105,1 4
11,2 4,5 17 4,5 25,6 4,5 27,97 4,5 37,81 4,5 61,2 4,5 97,7 4,5
8,2 5 13 5 20,4 5 22,63 5 31,63 5 54,01 5 90,8 5
6 5,5 9,94 5,5 16,4 5,5 18,3 5,5 26,46 5,5 47,66 5,5 84,4 5,5
4,4 6 7,6 6 13,1 6 14,81 6 22,13 6 42,06 6 78,5 6
3,2 6,5 5,8 6,5 10,5 6,5 11,98 6,5 18,51 6,5 37,12 6,5 72 6,5
2,3 7 4,45 7 8,4 7 9,69 7 15,49 7 32,76 7 67,8 7
1,7 7,5 3,41 7,5 6,7 7,5 7,84 7,5 12,96 7,5 28,91 7,5 63,1 7,5
1,25 8 2,61 8 5,4 8 6,34 8 10,84 8 25,51 8 58,6 8
0,9 8,5 2 8,5 4,3 8,5 5,13 8,5 9,07 8,5 22,51 8,5 54,5 8,5
0,67 9 1,53 9 3,5 9 4,15 9 7,58 9 19,87 9 50,7 9
0,49 9,5 1,17 9,5 2,8 9,5 3,36 9,5 6,34 9,5 17,53 9,5 47,1 9,5
0,36 10 0,89 10 2,2 10 2,72 10 5,31 10 15,47 10 43,8 10
0,26 10,5 0,68 10,5 1,8 10,5 2,2 10,5 4,44 10,5 13,65 10,5 40,7 10,5
0,19 11 0,52 11 1,4 11 1,78 11 3,71 11 12,05 11 37,8 11
0,14 11,5 0,4 11,5 1,1 11,5 1,44 11,5 3,11 11,5 10,63 11,5 35,2 11,5
0,1 12 0,31 12 0,9 12 1,16 12 2,6 12 9,38 12 32,7 12
0,07 12,5 0,23 12,5 0,7 12,5 0,94 12,5 2,17 12,5 8,28 12,5 30,4 12,5
0,18 13 0,6 13 0,76 13 1,82 13 7,31 13 28,2 13
0,14 13,5 0,5 13,5 0,62 13,5 1,52 13,5 6,45 13,5 26,3 13,5
0,1 14 0,4 14 0,5 14 1,27 14 5,69 14 24,4 14
0,08 14,5 0,3 14,5 0,4 14,5 1,06 14,5 5,02 14,5 22,7 14,5
0,2 15 0,33 15 0,89 15 4,43 15 21,1 15
0,19 15,5 0,26 15,5 0,74 15,5 3,91 15,5 19,6 15,5
0,15 16 0,21 16 0,62 16 3,45 16 18,2 16
0,1 16,5 0,17 16,5 0,52 16,5 3,05 16,5 16,9 16,5
0,09 17 0,14 17 0,44 17 2,69 17 15,7 17
0,11 17,5 0,36 17,5 2,37 17,5 14,6 17,5
0,09 18 0,3 18 2,09 18 13,6 18
0,25 18,5 1,85 18,5 12,6 18,5
0,21 19 1,63 19 11,8 19
0,18 19,5 1,44 19,5 10,9 19,5
0,15 20 1,27 20 10,2 20
0,12 20,5 1,12 20,5 9,4 20,5
0,1 21 0,99 21 8,8 21
0,09 21,5 0,87 21,5 8,2 21,5
0,77 22 7,6 22
0,68 22,5 7,1 22,5
0,6 23 6,6 23
0,53 23,5 6,1 23,5
0,47 24 5,7 24
0,41 24,5 5,3 24,5
0,36 25 4,9 25
0,32 25,5 4,5 25,5
0,28 26 4,2 26
0,25 26,5 3,9 26,5
0,22 27 3,7 27
0,19 27,5 3,4 27,5
0,17 28 3,2 28
0,15 28,5 2,9 28,5
0,13 29 2,7 29
0,12 29,5 2,5 29,5
0,1 30 2,4 30
0,09 30,5 2,2 30,5
2 31
1,9 31,5
1,8 32
1,6 32,5
1,5 33
1,4 33,5
1,3 34
1,2 34,5
1,1 35
1 35,5
0,98 36
0,9 36,5
0,85 37
0,79 37,5
0,73 38
0,68 38,5
0,63 39
0,59 39,5
0,55 40
0,51 40,5
0,47 41
0,44 41,5
0,41 42
0,38 42,5
0,35 43
0,33 43,5
0,3 44
0,28 44,5
0,26 45
0,24 45,5
0,23 46
0,21 46,5
0,2 47
0,18 47,5
0,17 48
0,16 48,5
0,15 49
0,14 49,5
0,13 50
0,12 50,5
0,11 51
0,1 51,5
0,09 52

Tabela 2: Comportamento velocidade x tempo para frenagem dinâmica


57

Figura 30: Gráfico velocidade x tempo para frenagem dinâmica – Torque de atrito variando
com a velocidade
Fonte: Próprio do autor

Considerando-se uma redução do momento de inércia de 0,09 para


0,07Kgm2, e também uma redução das resistências de frenagem de 10%, tem-se:

CRJ − 1,36tf
no = - 0,897 . R + e
1,36 J .R

Obs.: Resistências diminuídas em 10%.

(I) P/ R = 28,17 Ω J = 0,07 [kg.m2]

C1 = 147,43 Ω
58

no(1) = −25,27 + 213,76 e −0, 689tf 3,1 [s]

( II ) P/ R = 34,2 Ω J = 0,07 [kg.m2]

1,36
C2 = (188,5 + 0,897 x 34,2) x
0,07 x34,2

C2 = 219,18 x 0,5681 = 124,52 Ω

no( 2 ) = −30,68 + 219 ,19 e −0,568tf 3,42 [s]

( III ) P/ R = 45,36 Ω J = 0,07 [kg.m2]

1,36
C3 = (188,5 + 0,897 x 45,36) x
0,07 x 45,36

C3 = 229,19 x 0,4283 = 98,16 Ω

no( 3) = −40,69 + 229 ,17 e −0, 428tf 4,00 [s]

( IV ) P/ R = 48,6 Ω J = 0,07 [kg.m2]

1,36
C4 = (188,5 + 0,897 x 48,6) x
0,07 x 48,6

C4 = 232,09 x 0,3998 = 92,79 Ω

no( 4 ) = −43,59 + 232 ,11 e −0, 400tf 4,15 [s]

(V) P/ R = 63,9 Ω J = 0,07 [kg.m2]

1,36
C5 = (188,5 + 0,897 x 63,9) x
0,07 x63,9

C5 = 245,82 x 0,3040 = 74,73 Ω

no(5) = −57 ,32 + 245 ,78 e −0,304tf 4,78 [s]

( VI ) P/ R = 128,6 Ω J = 0,07 [kg.m2]

1,36
C6 = (188,5 + 0,897 x 128,6) x
0,07 x128,6
59

C6 = 303,85 x 0,1511 = 45,91 Ω

no( 6 ) = −115 ,35 + 303,88 e −0,151tf 6,4 [s]

( VII ) P/ R = 9000 Ω J = 0,07 [kg.m2]

1,36
C7 = (188,5 + 0,897 x 9000) x
0,07 x9000

C7 = 8261,5 x 0,00216 = 17,84 Ω

no( 7 ) = −8073 ,0 + 3264 ,12 e −0, 0022tf 10,65 [s]

Erro percentual:
E1% - 1 – 3,1/2,4 = - 29,17%
E2% - 1 - 3,42/3,25 = - 5,23%
E3% - 1 – 4,00/3,98 = - 0,005%
E4% - 1 – 4,15/4,80 = 13,54%
E5% - 1 – 4,78/5,30 = 9,81%
E6% - 1 – 6,4/7,60 = 15,79%
E7% - 1 – 10,65/15,56 = 31,55%

4 - Frenagem Regenerativa

Um freio regenerativo é um mecanismo de recuperação de energia que produz


um contra torque no eixo da máquina elétrica (motor) que causa a diminuição da
velocidade, convertendo a sua energia cinética em uma outra forma, geralmente em
energia elétrica, que é realimentada de volta para a fonte que inicialmente a
forneceu.
A frenagem regenerativa implica na redução ou cessação do movimento de
motores elétricos, convertendo a energia cinética da rotação em energia elétrica,
sem utilização de freios mecânicos. O restante da energia é perdida na forma de
calor nos enrolamentos e nos mancais da máquina elétrica. Afirma-se ainda que na
60

maioria das máquinas elétricas passa suavemente de motor ao regime de geração,


quando a carga produz alta velocidade de rotação. Isto ocorre nos motores de
elevadores, locomotivas da Alstom, guindastes e trens quando em movimento
descendente, ou seja, a velocidade da carga excede a velocidade normal do motor e
a corrente no estator permanece a mesma.
Nos experimentos, considerando-se frenagem regenerativa, a energia cinética é
devolvida à rede por intermédio do conversor ca-cc (ponte tiristorizada), responsável
pela alimentação da armadura do motor, e a máquina funciona como gerador.
Nas figuras de frenagem regenerativa ilustradas nas figuras 36, 37 e 38, o
método utilizado foi o da inversão da corrente de campo (Figura 34).
A figura 31 a seguir, ilustra a inversão da corrente da máquina, para mudança de
funcionamento de motor para gerador.

Figura 31: Motor funcionando e frenando


Fonte: Brown. Troubleshooting of Electrical Equipment and Control Circuit, 2005.
(Adaptado)

As figuras a seguir, mostram os esquemas de ligações para frenagem


regenerativa.

• Conversor Dual

Figura 32: Inversão da corrente de armadura


Fonte: BORGES, Gustavo Mendes. - Frenagem dinâmica e regenerativa de uma
máquina de corrente contínua
61

Os tiristores são chaves estáticas controladas com a entrada em condução


pela polarização direta, tensão anodo-catodo positiva e aplicação de um pulso de
corrente no terminal de gate.
A saída de condução ocorre quando se anula a corrente na chave.

Ponte de tiristores em imagem detalhada e ampliada.

Figura 33: Ponte conversora para alimentação do motor de corrente contínua


Fonte: BORGES, Gustavo Mendes. - Frenagem dinâmica e regenerativa de uma
máquina de corrente contínua

• Circuito de Comando para inversão de corrente de campo

Para a inversão de corrente de campo, elaborou-se o circuito a seguir,


mostrado na figura 34.
62

Figura 34: Circuito de comando


Fonte: BORGES, Gustavo Mendes. - Frenagem dinâmica e regenerativa de uma
máquina de corrente contínua

Figura 35: Circuito para dissipação de energia


Fonte: BORGES, Gustavo Mendes. - Frenagem dinâmica e regenerativa de uma
máquina de corrente contínua
63

Onde:

K1, K2 – Contatores 1 e 2;
DT1, DT2 – Relés de tempo 1 e 2;
Sw – Chave reversora de velocidade;
CB1 e CC1 – Contatos auxiliares do contator K1;
CB2 e CC2 – Contatos auxiliares do contator K2;
d1t, d2t – Contatos dos respectivos relés de tempo.

Considerando inicialmente a chave Sw na posição 1, tem-se os contatos d1t


fechado, energizando assim o contador K1. Estando assim, K1 fechado, pode-se
observar na figura 34 que os contatos CB1 e CC1 então fechados e CB2 e CC2
estarão abertos, pois K2 no caso está desenergizado. Desta forma, a corrente
circula num determinado sentido, fazendo o motor girar no sentido correspondente à
corrente de campo.
Mudando-se a chave Sw para a posição 2, energiza-se a bobina do relê de
tempo DT2, que por sua vez inicia a contagem de um tempo pré-determinado
(100ms). Durante esse tempo, os contatos CB1 e CC1 se abrem, pois, com a
mudança de Sw, desenergiza-se imediatamente K1. Vale ressaltar também, que
este tempo de espera é necessário para que a bobina de campo pode dissipar sua
energia através do resistor R (700). Passado este tempo, o relê DT2 aciona o
contato d2t que por sua vez energiza o contator K2. Com K2 energizado, os contatos
CB2 e CC2 fecham, mudando o sentido da corrente de campo e consequentemente
o torque aplicado ao motor. Estando K1 desenergizado, CB1 e CC1 estarão abertos.
Para uma nova frenagem e inversão de rotação, muda-se novamente a
posição de Sw para 1, desenergizando assim, a bobina do relê DT2 e os contatos
CB2 e CC2 se abrem, energizando-se então a bobina do relé de tempo DT1. Este,
por sua vez, inicia uma contagem de tempo da mesma forma e para a mesma
finalidade que DT2, citado anteriormente. Passado o tempo estabelecido, d1t fecha,
energizando K1, e CB1 e CC1 se fecham, voltando assim à condição inicial
considerada, em que CB1 e CC1 estão fechados e CB2 e CC2 estão abertos.
64

4.1 - Equacionamento para frenagem regenerativa

Obtenção dos tempos:

Como torque de atrito médio, Tam, foi o obtido anteriormente, temos que
Tam=1,22[N.m], tem-se os registros da corrente de armadura e da velocidade,
conforme mostrados nas figuras a seguir:

1o caso:

Figura 36: Ilustração da frenagem regenerativa mostrando a velocidade na curva 1 e


corrente da máquina na curva 2, para corrente de frenagem de 3,57[A].
Fonte: A.J.J. REZEK et al, A four quadrant regenerative dc drive by speed reversal
using armature current inverting and by means of field current inverter - a
comparative analysis.

I frenagem
= 1,7  2,1 = 3,57[ A]
3,57
T elétrico
= 10,61 = 4,16[ N .m]
9,1
T frenante
=T elétrico
+T atrito

T frenante
= 4,16 + 1,22 = 5,38[ N .m]

Equação de balaço:
65

2 n
T frenate =J
60 t
2 1000
5,38 =  0,090 
60 t1
t1 = 1,71[ s ]

2 o caso:

Figura 37: Ilustração da frenagem regenerativa mostrando a velocidade na curva 1 e


corrente da máquina na curva 2, para corrente de frenagem de 4,62[A].
Fonte: A.J.J. REZEK et al, A four quadrant regenerative dc drive by speed reversal
using armature current inverting and by means of field current inverter - a
comparative analysis.

I frenagem
= 2,2  2,1 = 4,62[ A]
4,62
T elétrico
= 10,61  = 5,39[ N .m]
9,1
T frenante
=T elétrico
+T atrito

T frenante
= 5,39 + 1,22 = 6,61[ N .m]

Equação de balanço:
66

2 n
T frenate =J
60 t
2 1000
6,61 =  0,090 
60 t 2
t 3 = 1,42[ s ]

3 o caso:

Figura 38: Ilustração da frenagem regenerativa mostrando a velocidade na curva 1 e


corrente da máquina na curva 2, para corrente de frenagem de 7,77[A].
Fonte: A.J.J. REZEK et al, A four quadrant regenerative dc drive by speed reversal
using armature current inverting and by means of field current inverter - a
comparative analysis.

I frenagem
= 3,7  2,1 = 7,77[ A]
7,77
T elétrico
= 10,61 = 9,06[ N .m]
9,1
T frenante
=T elétrico
+T atrito

T frenante
= 9,06 + 1,22 = 10,28[ N .m]

Equação de balanço:
67

2 n
T frenate = J
60 t
2 1000
10,28 =  0,090 
60 t 2
t 3 = 0,92[ s ]

5 - RESULTADOS OBTIDOS E ANÁLISE DOS MESMOS

5.1 - Frenagem Dinâmica

As tabelas a seguir, ilustram os dados obtidos experimentalmente e por


intermédio de simulações, no caso da frenagem dinâmica.

• Resultados obtidos experimentalmente:


Resistência [] Tempo [s]
R1= 31,3 2,74
R2= 38,7 3,25
R3= 50,4 3,98
R4= 54 4,80
R5= 71 5,30
R6= 142,9 7,60
R7=  15,56
Tabela 3: Resultados obtidos experimentalmente

• Resultados obtidos a partir da equação de rotação do torque de atrito médio:


Resistência [] Tempo [s]
R1= 31,3 4,2
R2= 38,7 4,7
R3= 50,4 5,5
R4= 54 5,6
R5= 71 6,5
R6= 142,9 8,5
R7=  13,85
Tabela 4: Resultados obtidos a partir da equação de rotação do torque de atrito médio
68

Análise comparativa e erro percentual:

• E1% = 1- 4,2/2,74 = -53,28%


• E2% = 1- 4,7/3,25 = -44,61%
• E3% = 1- 5,5/3,98 = -38,19%
• E4% = 1- 5,6/4,80 = -16,67%
• E5% = 1- 6,5/5,30 = -22,64%
• E6% = 1- 8,5/7,60 = -11,84%
• E7% = 1- 13,85/15,60 = 11,22%

Erro percentual Resistência []


1= -53,28% R1= 31,3
2= -44,61% R2= 38,7
3= -38,19% R3= 50,4
4= -16,67% R4= 54
5= -22,64% R5= 71
6= -11,84% R6= 142,9
7= 11,22% R7= 

Tabela 5: Ilustração dos erros obtidos a partir da comparação de resultados experimentais e


de simulação para frenagem dinâmica, considerando-se torque de atrito médio.

5.2 - Frenagem Regenerativa

• 1 o caso:

Foi calculado o tempo T1= 1,75 [s], enquanto que foi medido o tempo
T1’= 2 [s].
69

Análise comparativa e erro percentual:

Tcalculado
 = 1−
%1
Tmedido
1,75
 = 1−
%1
= 12,5%
2,00

• 2 o caso:

Foi calculado o tempo T2= 1,42 [s], enquanto que foi medido o tempo
T2’= 1,5 [s].

Análise comparativa e erro percentual:

Tcalculado
 =1−
%1
Tmedido
1,42
 =1−
%1
= 5,3%
1,50

• 3 o caso:

Foi calculado o tempo T3= 0,92 [s], enquanto que foi medido o tempo
T3’= 1,00 [s].

Análise comparativa e erro percentual:

Tcalculado
 = 1−
%1
Tmedido
0,92
 = 1−
%1
= 8,0%
1,00
70

6 - Conclusão:

Neste trabalho, a modelagem do processo frenante da máquina de corrente


contínua foi desenvolvida e comparou-se resultados teóricos de simulações e
experimentais obtidos em laboratório, para comprovação satisfatória da modelagem
teórica utilizada.
A frenagem dinâmica requer apenas um banco de resistências para ser
conectado em paralelo com a armadura da máquina, ao passo que, a frenagem
regenerativa requer o uso de conversores de potência CA/CC, portanto, a primeira
frenagem apesar de ser dissipativa, é o método mais simples e barato.
Variando-se o valor da resistência de frenagem, consegue-se variar o tempo
frenante de maneira aproximadamente proporcional, ou seja, aumentando-se a
resistência de frenagem, aumenta-se o tempo e reduzindo-se esta, também ocorre a
diminuição do tempo frenante.
O erro obtido, comparando-se resultados teóricos e experimentais, uma vez
que o tempo calculado foi maior que o tempo medido, se deve principalmente devido
ao erro nas medições do momento de inércia e da resistência de frenagem,
podendo-se mesmo concluir que o momento de inércia adotado foi maior que o real,
daí o tempo calculado para frenagem, foi obtido maior que o experimental.
Efetuaram-se cálculos teóricos de simulações, diminuindo-se um pouco o
momento de inércia e também os valores das resistências de frenagem. Houve,
desta forma, uma maior aproximação entre valores dos tempos de frenagem
calculados pela modelagem e aqueles obtidos experimentalmente.
No processo de frenagem regenerativa, os erros, comparando-se os resultados
teóricos e experimentais, foram menores que aqueles obtidos no processo de
frenagem dinâmica.
A corrente de excitação da máquina foi mantida constante e portanto, desta
forma, realizou-se a análise das frenagens dinâmica e regenerativa da máquina de
corrente contínua do tipo excitação independente.
Considerando-se os aspectos das curvas obtidas por intermédio de simulações
(Figura 29), comparativamente aos aspectos obtidos experimentalmente, verifica-se
uma aproximação entre estes, o que comprova a técnica teórica utilizada, do
equacionamento, para obtenções de simulações, visando à obtenção da curva de
71

velocidade no tempo, durante o processo de frenagem, bem como, os respectivos


tempos de frenagem (parada do motor).
As frenagens do tipo dinâmica e regenerativa tem como objetivo, frenar o
motor de maneira simples e eficiente. Cita-se por exemplo, a aplicação na frenagem
dos caminhões de minério da Vale, em que a frenagem convencional, utilizando a
lona de freio, não é suficiente. Neste caso, é utilizada a frenagem dinâmica.
Também nos processos de laminação na indústria siderúrgica e de fabricação de
papel, a frenagem regenerativa é utilizada.
Num próximo trabalho, sugere-se o estudo e modelagem da frenagem da
máquina de corrente contínua do tipo auto excitado, na qual, a corrente de excitação
de campo é obtida por intermédio da alimentação pela tensão de armadura.
Neste caso, uma vez que a máquina vai sendo frenada, esta tensão de
armadura vai sendo decrescida, e portanto, a corrente de excitação também vai
diminuindo ao longo do processo frenante.
É de se esperar, portanto, que como o torque frenante é dependente dessa
corrente de excitação, a qual é menor que no caso da frenagem da máquina de
excitação independente, pois esta vai sendo decrescida gradativamente, os tempos
de frenagem serão maiores, teórica e experimentalmente. Este fato se deve, pelo
motivo de que a corrente de excitação da máquina do tipo auto excitada, é obtida a
partir da ligação em paralelo do campo com a armadura e uma vez que a tensão da
armadura da máquina do tipo auto excitada vai decrescendo, o mesmo ocorre com a
corrente de excitação.
Também, considerando-se o torque de atrito variando linearmente no tempo,
será objetivo de uma sugestão para próximo trabalho.
72

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76

Anexos

As fotos a seguir, ilustram a bancada de ensaio:

Foto 1: Tacômetro mostrando a velocidade inicial

Foto 2: Máquina de corrente contínua a ser frenada – máquina central


77

Foto 3: Chave reversor da operação da máquina de motor para gerador

Foto 4: Reostato de campo da máquina de corrente contínua (MCC)


78

Foto 5: Miliamperímetro mostrando a corrente de campo da MCC

Foto 6: Banco de resistências de frenagem


79

Foto 7: Painel de ligação – fonte de corrente contínua

Foto 8: Vista geral da bancada de ensaios


80

Foto 9: Vista do tacogerador (transdutor de velocidade) para registro da velocidade


81

Foto 10: Reostato de partida do motor (reostato demarrador)


82

Foto 11: Registro desde a velocidade inicial (1800 rpm), até a parada da MCC (0
rpm).

Foto 12: Registro da velocidade por parada por atrito (Todas as chaves do banco de
resistências de frenagem abertas).
83

Foto 13: Registro da velocidade para 1 chave fechada do banco de resistência

Foto 14: Registro da velocidade para 2 chave fechada do banco de resistência

Foto 15: Registro da velocidade para 3 chave fechada do banco de resistência


84

Foto 16: Registro da velocidade para 4 chave fechada do banco de resistência

Foto 17: Registro da velocidade para 5 chave fechada do banco de resistência

Foto 18: Registro da velocidade para 6 chave fechada do banco de resistência

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