Indicadores de Eficiência em Cogeração
Indicadores de Eficiência em Cogeração
Indicadores de Eficiência em Cogeração
CENTRO DE ENSINO
COORDENADORIA DE ENGENHARIA INDUSTRIAL MECÂNICA
Dedico este trabalho à minha família e à minha querida Adriana, que quase sempre teve
paciência em dividir seu tempo comigo na elaboração do mesmo.
2
Agradecimentos
3
A Vida é emoção não adianta fugir.
Te leva a lugares novos, mostra experiências novas
Te impõe barreiras, te descansa
Te faz brilhar, te faz conhecer
A vida quer de ti coragem e dedicação
A vida quer de ti ciência.
O autor.
4
RESUMO
Palavras Chave
5
ABSTRACT
Keywords
Cogeneration, Fuel Utilization Factor, energy conservation.
6
Índice
Lista de Figuras 09
Lista de Tabelas 09
Nomenclatura 10
Capítulo 1
1.0 –Introdução 11
Capitulo 2
2.0 - Revisão da Literatura 12
2.1 – Cogeração 12
2.2 – Geração Convencional ou Separada 12
2.3 - Turbina de Contrapressão 14
2.4 - Turbina de Extração e Condensação 15
2.5 -Turbina a Gás Convencional 15
2.6 – Ciclos Combinados 16
2.7 - Rendimento da Caldeira 17
2.8 - Rendimento Térmico 18
2.9 - Taxa SK 18
2.10 - Fator de utilização do Combustível (FUC) 18
2.11 - Heat Rate 19
2.12 - Economia de Combustível (EC) 19
2.13 - Eficiência Artificial 19
Capítulo 3
3.0 - Metodologia Utilizada 20
Capítulo 4
4.0 – Resultados 27
Capítulo 5
5.1 – Conclusão 31
5.2 –Comentários Adicionais 31
Referências Bibliográficas 32
7
Lista de Figuras
Lista de Tabelas
Tabela 01 - Perfis de uma planta industrial
8
Nomenclatura
a - Eficiência Artificial
c - Rendimento da Caldeira
9
Capítulo 1
1.0 -Introdução
A produção econômica de eletricidade para concessionárias, indústrias e comércio é
essencial para o crescimento de um país. A geração de energia elétrica hoje e no futuro tem
um objetivo comum : a produção de energia confiável com o mais baixo custo possível.
O uso de centrais elétricas gerando energia descentralizada vem crescendo no mundo
inteiro, em conseqüência das grandes vantagens oferecidas, como fácil e rápida instalação,
simplicidade de operação , flexibilidade de investimento passo a passo e o principal a não
dependência total da concessionária de energia. Globalmente o uso de energia elétrica está
crescendo duas vezes mais rápido que todas as outras formas de energia, com aumento de
trinta por cento na última década. No entanto a capacidade de transmissão só cresceu quinze
por cento no mesmo período. Dados da Eletrobrás mostram que mesmo quando a economia
brasileira foi recessiva, nos últimos 20 anos, o consumo de energia elétrica nunca parou de
crescer.
A partir daí e com políticas melhor definidas e mais transparentes em relação às regras
de distribuição, geração e consumo de energia elétrica no país, a cogeração passa a ter um
papel muito importante na matriz energética brasileira, principalmente quando se sabe que
existe o risco de déficit no país.
A análise termodinâmica e a análise econômica de plantas cogeradoras têm tido
bastante significância para engenheiros que cuidam desta área pois, um dos motivos é o temor
da escassez de combustível no planeta. A má utilização deste combustível se torna então um
ônus real penalizando a geração mais econômica de energia.
Duas etapas são importantes na análise de caracterização de qualquer arranjo
cogerador. A primeira delas diz respeito à questão técnica, onde indicadores termodinâmicos
são essenciais na caracterização deste tipo de arranjo. A segunda diz respeito a indicadores
econômicos. O objetivo do trabalho aqui proposto é investigar a consistência dos primeiros,
pois há um conjunto razoável deles usados como referência. Mas, percebe-se que após feita
uma simulação computacional e análise detalhada, apenas um desses indicadores apresenta
consistência. Valeu-se de um arranjo cogerador que utiliza turbina de contrapressão como
máquina geradora, pois é nesse tipo de arranjo onde se pode avaliar melhor a qualidade
daqueles indicadores. Utilizou-se Matlab e Excel como ferramenta para a simulação
computacional.
10
Capitulo 2
11
Figura 1.a - Geração Separada de Calor de Processo(vapor)
Assim com sistemas independentes eram gerados as duas formas de energia para suprir
a necessidade do usuário. Havia custos “dobrados” de operação e manutenção, bem como de
investimentos de capital para aquisição dos dois arranjos.
Surgiu então a idéia de se gerar energia simultaneamente de forma seqüenciada e, a
partir de uma só fonte de energia e assim temos vários arranjos cogeradores dentre eles ciclos
a vapor, ciclo a gás e ciclo combinado.
12
É a forma mais barata de se obter a energia cogerada considerando o investimento
inicial, por outro lado é bastante inflexível em relação a ajustes de variação nas duas formas
de energia produzidas . Por isso possui uma relação trabalho e calor de processo constante o
que é na maioria das vezes indesejável, devido ao fato de que em geral os consumidores
possuem perfis variados de consumo de energia elétrica e calor de processo. Esta variação
depende principalmente do tipo de indústria que utiliza o arranjo cogerador.
Neste caso só haveria duas saídas ajustar a planta à energia elétrica(power matching) ou
ajustá-la ao consumo de vapor(thermal matching). Caso se ajuste a planta à energia elétrica
ora ter-se-ia sobra ou falta de vapor no processo. Então uma medida penalizadora deveria ser
tomada, encontrar um fornecedor de vapor para suprir a falta ou descartar o vapor excedente.
Caso se ajuste a planta ao consumo de vapor(thermal matching) a situação se torna bem
menos desagradável do lado do calor de processo mas,torna-se necessário agora a compra de
energia elétrica em falta de uma concessionária ou a venda da mesma excedente para um
cliente qualquer. No caso anterior(power matching) o excedente de vapor também pode ser
vendido para um consumidor qualquer mas por razões óbvias se torna muito mais difícil de
ser comercializado, principalmente a nível nacional.
13
2.4 - Turbina de Extração e Condensação
As turbinas de extração-condensação são o modelo mais refinado e mais caro das versões
a vapor. A flexibilidade é bem mais elevada do que o arranjo anterior podendo ser total em
função dos perfis de variação das demandas térmica e elétrica/mecânica encontradas ou
atendidas. A turbina possui uma seção condensadora cuja capacidade determina em grande
parte o nível de flexibilidade. Não há necessidade de complementos ou arranjo de
dispositivos adicionais para se consegui-la. A figura 3 mostra um arranjo típico com duas
extrações que é o caso mais comumente encontrado nas instalações industriais. Pode existir
mais extrações utilizando inclusive arranjos regeneradores mas, essas são situações
extremamente específicas.
Ar Condensador
Calor de Processo
H2O Alimentação
14
Combustível Queima
Suplementar
Calor de
Processo
Ar HRSG
A HRSG pode ter incorporada ou não queima adicional de combustível para flexibilizar a
taxa P/H, apesar de que turbinas a gás normalmente têm uma flexibilidade razoável. A figura
4 mostra um arranjo básico.É possível também utilizar turbinas a gás com queima indireta.
Embora esse tipo de arranjo seja mais raro, complexo e mais caro, flexibiliza o uso de
combustíveis permitindo um leque mais amplo de alternativas principalmente para
combustíveis residuais .Porém ao inserir uma câmara de combustão externa esse tipo de
arranjo reduz a eficiência do conjunto, na medida em que as temperaturas máximas obtidas na
turbina são reduzidas de forma ponderável. Outro complicador adicional é a redução drástica
de performance em condições de carga parcial, fenômeno também observado nas turbinas a
gás de ciclo aberto principalmente se comparadas às turbinas de vapor nas mesmas condições.
(d) - motores de combustão interna normalmente são utilizados apenas na versão Diesel e,
normalmente associados a arranjos de pequena potência como hospitais, centros comerciais,
shopping centers. Raramente utilizados em arranjos industriais de médio ou grande porte.
Queima
Turbina a
Vapor CP ou
Ar EC
HRSG
Calor de
Condensação
Processo
A figura 5 mostra o arranjo na sua forma mais genérica e, principalmente com a inserção
de alternativas que o torna adequado a instalações industriais. Para países como o Brasil onde
as concessionárias não se envolvem com a geração e venda de vapor (aquecimento distrital e
outros), algumas dessas alternativas seriam dispensáveis e, o ciclo combinado perderia suas
características de arranjo cogerador passando a ser mais um produtor e energia elétrica.
É a relação entre a energia que sai da caldeira (QH) pela energia que entra através do
combustível (F) então:
c = QH F
Onde F representa o produto mf * PCI , mf o fluxo de massa de combustível e PCI o
poder calorífico inferior do mesmo. QH é o resultado em termos de energia térmica obtida
pela caldeira. Normalmente uma boa caldeira de uso industrial tem seu rendimento em torno
de 90%.
16
QH
Tubulão superior
F
Tubulão inferior
H2O de Alimentação
Figura 6 - Desenho esquemático de uma caldeira
É utilizado para medir a relação entre o trabalho produzido(W) e a energia que entrou
via combustível (F), num ciclo termodinâmico. Então:
t = W F
2.9 - Taxa SK
Relação entre os produtos (calor de processo mais trabalho produzido pela turbina), com
a entrada (combustível) de uma planta cogeradora.Resulta então :
FUC = (CP+W) (F)
17
É o inverso do rendimento térmico, mede quanto da energia do combustível está
presente em cada unidade de trabalho produzido.
HR = F W
No sistema inglês é medida em BTU/kWh e no sistema internacional é medida em
kJ/kWh.
É o índice que relaciona o quanto foi gasto de combustível pela planta cogeradora e o
quanto de combustível se gastaria, para produzir os mesmos produtos numa geração separada
tomada como base. Pode ser positivo ou negativo dependendo do consumo de cada
instalação.Pode ser avaliada em base energética ou monetária.
EC = Fsep - Fcog
Índice calculado pela relação entre o trabalho produzido pelo arranjo cogerador e o
combustível total consumido nesse arranjo, subtraído do combustível que se usaria para a
produção do vapor de processo numa caldeira convencional. Para isso no presente trabalho
supõe-se que o calor de processo tenha sido produzido em uma caldeira com rendimento igual
a 90%.
Assim :
18
Capítulo 3
3.0 - Metodologia Utilizada
19
F = (W t) + (Cp c) (02)
Admitindo como exemplo t = 0,41 e c = 0,85 o autor plota uma curva típica da
relação entre FUC e Sk ( ou taxa P/H) na faixa de 0 a 2,5 ( Mwel / Mwth ) representativa de
um grupo razoável de esquemas de produção combinada em arranjos convencionais ou
plantas isoladas.
(b)- turbinas de contrapressão (ou caso 1 de arranjo cogerador ) esse tipo de arranjo
utiliza turbinas de contrapressão e, só podem ser produtores de potência se houver uma
demanda térmica acoplada. Assim:
F = (W + CP) t (04)
FUC = c (05)
20
Na seção de extração a taxa P/H é definida como Sko e dada por :
Sko = Pw CP (07)
Com o uso das duas equações acima resulta para o fator de utilização :
FUC = { (Sk + 1) [ (Sko + o + 1 ).t + Sk – Sko ] }.t (13)
21
Observa-se o tratamento generalizado de primeira lei utilizado por
SCHWARZENBACH(1980) que é um padrão empregado de forma ostensiva por vários
autores filiados à empresa à qual o autor também é afiliado, a Brown Boveri, um dos maiores
construtores e consultores sobre turbinas de forma geral e, arranjos de cogeração em
particular. Também o nível de consistência obtido via parametrização das diversas grandezas
termodinâmicas definidas mesmo com esse enfoque.
A partir deste estudo plotou-se em Matlab os resultados obtidos por
SCHWARZENBACH(1980), utilizando suas equações e obteve-se para a geração separada,
com uma caldeira com rendimento de 90% e um ciclo de 35% a curva da figura 7.
Observa-se na figura que quando se direciona para uma taxa P/H alta o FUC tende para
o rendimento do ciclo térmico e, quando se direciona para uma taxa P/H baixa o FUC tende
para o rendimento da caldeira. Concluí-se que o gráfico está de acordo com a instalação e
condiz com a realidade desse tipo de geração, a geração separada, portanto a parametrização
neste caso é coerente e eficaz.
Em uma segunda instância plotou-se o gráfico da planta backpressure ou turbina de
contra-pressão, figura 8. De fato essa é a primeira planta cogeradora, pois a anterior não
pertence a esta classificação. Observa-se uma função constante com o FUC sempre igual ao
22
Figura 08 - FUC da Planta de Contra Pressão
rendimento da caldeira independentemente da taxa PH. Aqui a parametrização e ineficaz, pois
esse ciclo seria o de maior eficiência o que contradiz a prática corrente.
O primeiro passo para tentar sair dessa limitação foi a adição de um termo para se
parametrizar a equação. Foi então adicionado o rendimento da troca térmica, ou seja admite-
se que há um rendimento térmico devido as perdas provocadas pela tubulação e outros e, a
equação parametrizada tornou-se:
FUC=(SK+tc).c : (SK+1) (14)
Plotou-se então novamente o FUC versus taxa PH para a planta de contrapressão. O
resultado e mostrado na figura 9 a seguir. Observa-se que o rendimento da troca térmica afeta
principalmente a zona da troca de calor, regiões de taxa PH baixa e afeta pouco a área de taxa
PH alta. Embora seja um avanço o efeito ainda não é suficiente para dar consistência ao
parâmetro pois, observa-se nas regiões de potência ou taxa PH elevada, o FUC tende para
eficiência da caldeira.
23
Figura 09 – Efeito da Troca Térmica (tc) sobre o FUC.
24
Capítulo 4
4.0 - Resultados
A planta de contrapressão da figura 10 foi tomada como referência para obtenção dos
resultados e analisada para todos os parâmetros definidos anteriormente. Um parâmetro
adicional, a economia de combustível considerada na forma de energia poupada, foi
introduzida nas análises por constituir um indicador alternativo a ser avaliado em relação aos
parâmetros clássicos já elencados. A figura 10 representa uma planta de contrapressão na
condição mais crítica, pois esse tipo de instalação é o que apresenta maiores problemas na
utilização dos indicadores clássicos para medidas de eficiência.
mv1
mv2
25
Tabela 01 – Perfis de uma Planta Industrial
Com base nos dados da tabela e nas equações desenvolvidas e citadas na metodologia,
foram plotados os resultados do estudo comparando os diversos parâmetros envolvidos.
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medida em que a cogeração é penalizada com redução na economia de combustível a
eficiência artificial, o similar da eficiência de ciclos térmicos para a cogeração, decresce
indicando que realmente a queda da economia de energia cobra um preço razoável no
indicador de eficiência da planta. Percebe-se com nitidez que as curvas seguem o mesmo
padrão de crescimento e decrescimento, ou seja quando uma cresce a outra cresce e deste
mesmo modo para o caso de decrescimento. No gráfico a economia de energia está dividida
por 108 para efeito de visualização, por que na verdade o que nos interessa é o tipo de
inclinação que sofreu a planta cogeradora.
1,20E+05
1,00E+05
8,00E+04
6,00E+04
4,00E+04
2,00E+04
0,00E+00
-2,00E+04 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
-4,00E+04
-6,00E+04
mês
ec/10E+3 mv1/10 mv2
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pela válvula certamente constitui um elemento negativo na vantagem da cogeração sobre a
planta convencional.
1,00E+04
8,00E+03
6,00E+03
4,00E+03
2,00E+03
0,00E+00
-2,00E+03 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
-4,00E+03
mês
hr ec/10E+4
Observações Finais
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5.1 - Conclusão
Com as considerações anteriores acredita-se ter demonstrado com bastante consistência
que, o melhor parâmetro para balizar as vantagens da cogeração em relação às instalações
térmicas convencionais é a economia de combustível. Portanto dentro dos indicadores
técnicos esse parâmetro é que deve ser utilizado para eventuais comparativos. Obviamente
além do parâmetro aqui indicado, que foi utilizado em base energética, devem ser utilizados
também indicadores de viabilidade econômica, taxa interna de retorno e valor presente
líquido, o que normalmente constitui uma segunda etapa das análises comparativas desse tipo.
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Referências Bibliográficas
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