Unid 21 - Procedimentos IV (Júri) - Roteiro LMM
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PROCEDIMENTO DO JÚRI
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1. Histórico (Legislativo)
- Magna Carta de 1215 (art. 39)1.
1.1. No Brasil
- Lei de 18 de julho de 1822: surgimento no Brasil com competência para o
processo e julgamento dos crimes de imprensa.
- Constituição de 1824: previsto no título 6º destinado à organização do Poder
Judiciário (arts. 151 e 152)2.
- Lei de 20 de setembro de 1830: disciplinou, ao tratar do “abuso da liberdade de
imprensa”, questões relacionadas ao procedimento do júri como a distinção entre júri
de acusação (“jury de accusação” – arts. 20 a 23) e júri de julgamento (“jury de
julgação – arts. 24 a 36).
- Código de Processo Criminal de 1832: alargamento da competência do júri aos
crimes em geral/processo ordinário (arts. 228 a 291).
- Lei n. 261 de 03 de dezembro de 1841: extinção do júri de acusação /
julgamento popular restrito à segunda fase (júri de julgamento) (arts. 47 a 68).
- Regulamento n. 120 de 03 de janeiro de 1842: disciplina o procedimento do júri
estabelecido pela Lei n. 261 de 1841 com julgamento popular apenas na segunda
fase (arts. 318 a 385).
- Constituição de 1891: previsto na seção atinente à “declaração de direitos”: Art
72. “A Constituição assegura a brasileiros e a estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade dos direitos concernentes à liberdade, à segurança individual e à
propriedade, nos termos seguintes”: § 31 - “É mantida a instituição do júri”.
1 Magna Carta. 1215. Art. 39. “No free man is to be arrested, or imprisoned, or disseised, or outlawed,
or exiled, or in any other way ruined, nor will we go against him or send against him, except by the
lawful judgment of his peers or by the law of the land”.
2 Constituição Imperial de 1824. Art. 151. “O Poder Judicial independente, e será composto de Juizes, e
Jurados, os quaes terão logar assim no Civel, como no Crime nos casos, e pelo modo, que os Codigos
determinarem”. Art. 152. “Os Jurados pronunciam sobre o facto, e os Juizes applicam a Lei”.
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3 STF – Tribunal Pleno – ADPF 779/DF – Rel. Min. Dias Toffoli – j. em 15.03.2021.
4 “AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL. CRIME DE
HOMICÍDIO QUALIFICADO. ALEGAÇÃO DE DEFICIÊNCIA DA DEFESA TÉCNICA NO PLENÁRIO DO
TRIBUNAL DO JURI. TESE DE ABSOLVIÇÃO NÃO APRESENTADA EM PLENÁRIO DO TRIBUNAL DO
JURI. CONFISSÃO FEITA EM JUÍZO. TESE DEFENSIVA QUE OBTEVE RAZOÁVEL SUCESSO.
RETIRADA DE UMA QUALIFICADORA, RECONHECIMENTO DE UMA ATENUANTE E PENA FIXADA NO
MÍNIMO LEGAL. PREJUÍZO NÃO DEMONSTRADO (...) Embora tenha sido sucinta a manifestação da
defesa (sete minutos de sustentação oral na defesa e um minuto na tréplica), os argumentos levantados
pelo advogado do Paciente foram considerados. Isso resta comprovado mediante o considerável sucesso
na retirada de uma de suas qualificadoras, reconhecimento de uma atenuante e a aplicação da pena no
mínimo legal (doze anos de reclusão)” (STJ – Quinta Turma - AgRg no HC 256.173/SP – Rel. Min.
Regina Helena Costa – j. em 15.10.2013 – DJe de 21.10.2013).
5 “Inexistência de nulidade. Agravante acompanhado “pela sua Defesa, na pessoa do Dr. Vinícius
Coutinho de Oliveira” (fl. 2, vol. 3), na sessão de julgamento pelo Tribunal do Júri realizada na origem,
tendo reiterado o mandato conferido ao defensor na interposição da apelação (doc. 15). Não
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demonstração do efetivo prejuízo ao exercício do direito de defesa do agravante, sem o que não se
decreta nulidade no processo penal, em atenção ao princípio do pas de nullité sans grief, corolário da
natureza instrumental do processo” (STF – Segunda Turma - HC 164.535 AgR – Rel. Min. Cármen Lúcia
– j. em 17.03.2020 – DJe de 20.04.2020).
6 STJ – Terceira Seção - HC 313.251/RJ – Rel. Min. Joel Ilan Paciornik – j. em 28.02.2018 - DJe de
27.03.2018. Na mesma linha: “1 - É vedado aos jurados, segundo disposição processual penal,
comunicarem-se entre si acerca do mérito do julgamento. 2 - Na espécie, em plena fala da acusação, em
plenário, uma jurada afirmou que havia crime. O juiz togado limitou-se, segundo a ata do julgamento, a
repreendê-la, seguindo o Júri até o final. 3 - Segundo o art. 466, §1º do Código de Processo Penal,
acontecimento deste jaez seria motivo para dissolução do conselho de sentença que, se não realizada,
mostra a existência de nulidade flagrante (STJ – Sexta Turma - HC 436.241/SP – Rel. Min. Maria
Thereza de Assis Moura – j. em 19.06.2018 – DJe de 27.06.2018).
7 STF – Primeira Turma - HC 166.418/SC – Rel. Min. Marco Aurélio – j. em 24.02.2021 – DJe 041 de
04.03.2021.
8 “2. Esta Corte Superior possui jurisprudência no sentido de que o art. 483, inciso III, do Código de
Processo Penal traduz uma liberalidade em favor dos jurados, os quais, soberanamente, podem absolver
o acusado mesmo após terem reconhecido a materialidade e autoria delitivas, e mesmo na hipótese de a
única tese sustentada pela defesa ser a de negativa de autoria. 3. Ressalvado meu ponto de vista, a
Terceira Seção do STJ firmou o entendimento de que a anulação da decisão absolutória do Conselho de
Sentença (ainda que por clemência), manifestamente contrária à prova dos autos, segundo o Tribunal
de Justiça, por ocasião do exame do recurso de apelação interposto pelo Ministério Público (art. 593,
inciso III, alínea "d", do Código de Processo Penal), não viola a soberania dos veredictos. 4. Na hipótese,
o Tribunal de origem, com base em percuciente apreciação probatória, concluiu, de forma
fundamentada, pela contrariedade da decisão dos jurados às provas dos autos, por entender haver
evidente dissonância entre a sentença absolutória e os elementos probatórios carreados aos autos.
5. Destaque-se que a contradição não é de cunho jurídico, de interpretação ou aplicação da norma. A
contradição é fática, residente no claro antagonismo entre as respostas dadas pelos jurados e todo o
arcabouço fático-probatório produzido no processo (AgRg no HC 561.448/AC, Rel. Ministro ANTONIO
SALDANHA PALHEIRO, Sexta Turma, julgado em 4/8/2020, DJe de 10/8/2020)” (STJ – Quinta Turma
- HC 634.610/RO – Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca – j. em 09.03.2021 – DJe de 15.03.2021).
9 “JÚRI – ABSOLVIÇÃO. A absolvição do réu, ante resposta a quesito específico, independe de elementos
probatórios ou de tese veiculada pela defesa, considerada a livre convicção dos jurados – artigo 483, §
2º, do Código de Processo Penal” (STF – Primeira Turma - HC 178.777/MG – Rel. Min. Marco Aurélio – j.
em 20.09.2020 – DJe 291 de 11.12.2020).
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10 “Habeas corpus. 2. Tribunal do Júri e soberania dos veredictos (art. 5º, XXXVIII, “c”, CF).
Impugnabilidade de absolvição a partir de quesito genérico (art. 483, III, c/c §2º, CPP) por hipótese de
decisão manifestamente contrária à prova dos autos (art. 593, III, “d”, CPP). Absolvição por clemência
e soberania dos veredictos. 3. O Júri é uma instituição voltada a assegurar a participação cidadã na
Justiça Criminal, o que se consagra constitucionalmente com o princípio da soberania dos
veredictos (art. 5º, XXXVIII, “c”, CF). Consequentemente, restringe-se o recurso cabível em face da
decisão de mérito dos jurados, o que resta admissível somente na hipótese da alínea “d” do inc. III do
art. 593 do CPP: “for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos”. Em caso de
procedência de tal apelação, o Tribunal composto por juízes togados pode somente submeter o réu a
novo julgamento por jurados. 4. Na reforma legislativa de 2008, alterou-se substancialmente o
procedimento do júri, inclusive a sistemática de quesitação aos jurados. Inseriu-se um quesito genérico
e obrigatório, em que se pergunta ao julgador leigo: “O jurado absolve o acusado?” (art. 483, III e §2º,
CPP). Ou seja, o Júri pode absolver o réu sem qualquer especificação e sem necessidade de motivação.
5. Considerando o quesito genérico e a desnecessidade de motivação na decisão dos jurados, configura-
se a possibilidade de absolvição por clemência, ou seja, mesmo em contrariedade manifesta à prova dos
autos. Se ao responder o quesito genérico o jurado pode absolver o réu sem especificar os motivos, e,
assim, por qualquer fundamento, não há absolvição com tal embasamento que possa ser considerada
“manifestamente contrária à prova dos autos”. 6. Limitação ao recurso da acusação com base no art.
593, III, “d”, CPP, se a absolvição tiver como fundamento o quesito genérico (art. 483, III e §2º, CPP).
Inexistência de violação à paridade de armas. Presunção de inocência como orientação da estrutura do
processo penal. Inexistência de violação ao direito ao recurso (art. 8.2.h, CADH). Possibilidade de
restrição do recurso acusatório. Ordem concedida para invalidar o acórdão proferido pelo Tribunal de
Justiça do Estado, restabelecendo-se, em consequência, a decisão proferida pelo Conselho de Sentença,
que absolveu a ora paciente com base no art. 483, III, do CPP” (STF – Segunda Turma - HC 176.933/PE
– Rel. Min. Celso de Mello – Rel. p/ Acórdão Min. Gilmar Mendes - j. em 20.10.2020 – DJe 274 de
17.11.2020).
11“RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. PENAL E PROCESSUAL PENAL. TRIBUNAL DO JÚRI E
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5. Juízo da Acusação
- “juízo de prelibação”: admissibilidade da acusação / filtro processual: papel
garantidor do due process of law a inibir julgamentos populares em casos nos quais
ausente o devido lastro probatório.13
- atos básicos: i) oferecimento da denúncia ou da queixa-crime subsidiária; ii)
recebimento (ou rejeição) da denúncia ou da queixa-crime subsidiária; iii) citação do
acusado; iv) resposta escrita à acusação em 10 dias; v) vista ao MP (eventual réplica);
vi) audiência de instrução, debates e julgamento (pronúncia, impronúncia,
desclassificação ou absolvição sumária);
- absolvição sumária na forma do art. 397 do CPP (procedimento comum
ordinário) e aplicação (ou não) ao procedimento (especial) do júri:
- doutrina: a) possível com base no art. 394, § 4º, do CPP (Badaró)14; b)
incabível por ausência de previsão legal (Rangel)15.
12 Em sentido contrário, pela instituição do tribunal do júri no âmbito da justiça militar: “(...) a EC n°
45/2004 determinou alteração na Organização Judiciária dos Estados para instituir o Tribunal do Júri
na Justiça Militar” (ROCHA, Fernando A. N. Galvão da. Tribunal do Júri na Justiça Militar Estadual.
Revista de Estudos & Informações (Tribunal de Justiça Militar de Minas Gerais). Belo Horizonte, n. 17,
p. 29-32, out. 2006, p. 32).
13 AQUINO, Álvaro Antônio Sagulo Borges de. A Função Garantidora da Pronúncia. Rio de Janeiro:
‘absolvição sumária’ ao término do juízo da acusação (CPP, art. 415), isso não impede que seja aplicado
o art. 397 do CPP, sendo possível ao juiz, logo após o oferecimento da resposta, absolver sumariamente
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- STJ: incabível.16
- prazo de encerramento: 90 dias (art. 412 do CPP).
o acusado. Aliás, o § 4º do art. 394 prevê que ‘as disposições dos arts. 395 a 398 deste Código aplicam-
se a todos os procedimentos penais de primeiro grau, ainda que não regulados neste Código’. Aplica-se,
pois, o art. 397 ao procedimento dos crimes dolosos contra a vida” (BADARÓ, Gustavo Henrique.
Processo Penal. 8 ed. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2020, p. 771).
15 “(...) Não há no rito do júri outro momento em que o juiz poderá, desde logo, absolver o réu a não ser
o do art. 415 do CPP” (RANGEL, Paulo. Tribunal do Júri: visão linguística, histórica, social e jurídica. 04
ed. São Paulo: Atlas, 2012, p. 101).
16 “Caso em que não se aplica a regra do art. 397 do CPP. Nos processos que tramitam pelo rito do
Tribunal do Júri, a avaliação acerca da absolvição é regulada pelo art. 415 do Código de Processo
Penal. Precedentes” (STJ – Quinta Turma - RHC 68.765/ES - Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca - j.
em 17.11.2016 – DJe de 28.11.2016).
17 “Na fase da pronúncia vigora o princípio do in dubio pro societate, uma vez que há mero juízo de
suspeita, não de certeza. O juiz verifica apenas se a acusação é viável, deixando o exame mais acurado
para os jurados. Somente não serão admitidas acusações manifestamente infundadas, pois há juízo de
mera prelibação” (CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 19 ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 655).
18 STF – Primeira Turma - ARE 1250182 AgR/MA - Rel. Min. Luiz Fux - j. em 21.02.2020 – DJe 053 de
11.03.2020.
19 LOPES JÚNIOR, Aury. Direito Processual Penal. 15 ed. São Paulo: Saraiva, 2018, pp. 799 - 801.
20 NOGUEIRA, Rafael Fecury. Pronúncia: valoração da prova e limites à motivação. Dissertação de
provas, produzidas em juízo, que sustentem a tese acusatória, nos termos do art. 414, CPP. 4.
Inadmissibilidade in dubio pro societate: além de não possuir amparo normativo, tal preceito ocasiona
equívocos e desfoca o critério sobre o standard probatório necessário para a pronúncia. 5. Valoração
racional da prova: embora inexistam critérios de valoração rigidamente definidos na lei, o juízo sobre
fatos deve ser orientado por critérios de lógica e racionalidade, pois a valoração racional da prova é
imposta pelo direito à prova (art. 5º, LV, CF) e pelo dever de motivação das decisões judiciais (art. 93, IX,
CF). 6. Critérios de valoração utilizados no caso concreto: em lugar de testemunhas presenciais que
foram ouvidas em juízo, deu-se maior valor a relato obtido somente na fase preliminar e a testemunha
não presencial, que, não submetidos ao contraditório em juízo, não podem ser considerados elementos
com força probatória suficiente para atestar a preponderância de provas incriminatórias. 7. Dúvida e
impronúncia: diante de um estado de dúvida, em que há uma preponderância de provas no sentido da
não participação dos acusados nas agressões e alguns elementos incriminatórios de menor força
probatória, impõe-se a impronúncia dos imputados, o que não impede a reabertura do processo em caso
de provas novas (art. 414, parágrafo único, CPP). Primazia da presunção de inocência (art. 5º, LVII, CF e
art. 8.2, CADH). 8. Função da pronúncia: a primeira fase do procedimento do Júri consolida um filtro
processual, que busca impedir o envio de casos sem um lastro probatório mínimo da acusação, de modo
a se limitar o poder punitivo estatal em respeito aos direitos fundamentais. 9. Inexistência de violação à
soberania dos veredictos: ainda que a Carta Magna preveja a existência do Tribunal do Júri e busque
assegurar a efetividade de suas decisões, por exemplo ao limitar a sua possibilidade de alteração em
recurso, a lógica do sistema bifásico é inerente à estruturação de um procedimento de júri compatível
com o respeito aos direitos fundamentais e a um processo penal adequado às premissas do Estado
democrático de Direito” (STF – Segunda Turma - ARE 1.067.392/CE - Rel. Min. Gilmar Mendes - j. em
26.03.2019 – DJe 167 de 02.07.2020). Na mesma linha: “A regra “in dubio pro societate” – repelida pelo
modelo constitucional que consagra o processo penal de perfil democrático – revela-se incompatível com
a presunção de inocência, que, ao longo de seu virtuoso itinerário histórico, tem prevalecido no contexto
das sociedades civilizadas como valor fundamental e exigência básica de respeito à dignidade da pessoa
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humana” (STF – Segunda Turma - HC 180.144/GO - Rel. Min. Celso de Mello - j. em 10.10.2020 – DJe
255 de 21.10.2020).
22 GRECO FILHO, Vicente. Manual de Processo Penal. 09 ed. São Paulo: Saraiva: 2012, p. 440.
23 Naquelas hipóteses em que há mais de uma imputação inicial de crime doloso contra a vida, se
ocorrer apenas a desclassificação de uma infração e a pronúncia da(s) outra(s), não haverá separação
processual, ou seja, o caso permanece na competência do tribunal do júri, mesmo para o julgamento do
ilícito penal objeto de desclassificação, em virtude da sua força atrativa pela conexão.
24 “Note-se que a competência em razão da matéria é absoluta e não pode ser prorrogada, razão pela
qual, a todo instante, pode o magistrado suscitá-la, tão logo dela tome conhecimento. Além disso, há a
questão do juiz natural, que é o constitucional e legalmente previsto para deliberar acerca de uma
causa, incluindo-se, nesse contexto, o tribunal competente para dirimir o conflito de competência”
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6. Segunda Fase
- pressuposto: preclusão da decisão de pronúncia (art. 421, caput, do CPP).
- etapas fundamentais: “(1) requerimento de diligências pela acusação; (2)
requerimento de diligências pela defesa; (3) realização de diligências pelas partes; (4)
preparação do processo; (5) eventual desaforamento; (6) convocação do júri; (7)
sessão de julgamento”.26
(NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Processo Penal e Execução Penal. 11. ed. São Paulo: Editora
Revista dos Tribunais, 2014, p. 698-699).
25 “Caso não haja recurso das partes, a decisão foi tomada unicamente pelo juízo de primeiro grau e as
partes com ela concordaram. Caso o juízo que receba os autos e suscite o conflito haveria situação
equivalente à reformatio in pejus, o que não pode ser admitido pelo sistema (...) Caso haja recurso das
partes a decisão foi confirmada pelo Tribunal e o juiz que recebe este feito não poderá suscitar o
conflito, pois não existe conflito de competência entre juiz de primeiro grau e decisão do tribunal ao qual
pertence. Isso em contar, evidentemente, a questão também da reformatio in pejus” (DEZEM, Guilherme
Madeira. Curso de Processo Penal. 05 ed. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2019, p. 1054-1055).
26 BADARÓ, Gustavo Henrique. Processo Penal..., p. 727.
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Defensoria, em uma urna (geral) fechada a chave, que ficará sob a responsabilidade
do Juiz Presidente do Júri (art. 426, § 3º, do CPP).
- exclusão legal (evitação do “jurado profissional”): “o jurado que tiver integrado o
Conselho de Sentença nos 12 (doze) meses que antecederem à publicação da lista
geral fica dela excluído” (art. 426, § 4º, do CPP).
- complemento anual da lista geral de jurados (art. 426, § 5º, do CPP).
6.3.2. Características
- incidente exclusivo da segunda fase do procedimento especial do tribunal do
júri;
- medida que depende de autorização judicial por órgão hierarquicamente
superior (TJ/TRF) ao tribunal do júri inicialmente competente para o julgamento do
caso; não pode ser autorizada essa mudança de competência pelo próprio juiz
presidente do tribunal do júri.
27 STJ - Quinta Turma - HC 440.620/PA- Rel. Min. Min. Reynaldo Soares da Fonseca - j. em 26.06.2018
- DJe de 01.08.2018.
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6.3.3.1. Vedação
a) “na pendência de recurso contra a decisão de pronúncia” (art. 427, § 4º,
primeira parte, do CPP): somente cabível o pedido de desaforamento após a preclusão
da decisão de pronúncia;
b) “quando efetivado o julgamento, não se admitirá o pedido de desaforamento,
salvo, nesta última hipótese, quanto a fato ocorrido durante ou após a realização de
julgamento anulado” (art. 427, § 4º, segunda parte, do CPP).
28 STJ - Quinta Turma - HC 492.964/MS - Rel. Min. Ribeiro Dantas - j. em 03.03.2020 - DJe de
23.03.2020.
29 STJ - Quinta Turma - AgRg no AREsp 1.784.904/PR - Rel. Min. Ribeiro Dantas - j. em 16.03.2021 -
DJe de 19.03.2021.
30 STJ - Quinta Turma - HC 618.687/BA - Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca - j. em 17.11.2020 -
DJe de 23.11.2020.
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6.3.5. Procedimento
- distribuição imediata e preferência de julgamento na Câmara ou Turma
competente (art. 427, § 1º, do CPP).
- possível suspensão, mediante decisão do relator, quanto ao julgamento pelo júri
(art. 427, § 2º, do CPP).
31 STJ - Sexta Turma - HC 445.864/RJ - Rel. Min. Sebastião Reis Júnior - j. em 07.06.2018 – DJe de
13.06.2018.
32 STJ - Sexta Turma - HC 364.106/PR - Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura - j. em 02.02.2017 –
DJe de 10.02.2017.
33 BADARÓ, Gustavo Henrique. Processo Penal..., p. 794.
34 “Os legitimados para requerer o desaforamento por excesso de trabalho são: a requerimento do
Ministério Público, do assistente, do querelante ou do acusado, menos, como deixa claro a lei, o juiz,
pois ele é ouvido nesse requerimento, já que a inércia é dele próprio, não sendo razoável que ele mesmo
peça ao tribunal para desaforar um processo por sua falta de trabalho” (RANGEL, Paulo. Tribunal do
Júri: visão linguística, histórica, social e jurídica..., p. 190)
35 “(...) entendemos que o magistrado não pode ser impedido de representar pelo desaforamento e, em
especial, porque na nova sistemática não há a restrição que havia na sistemática anterior” (DEZEM,
Guilherme Madeira. Curso de Processo Penal..., p. 1063).
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6.5. Sorteio e Convocação dos Jurados para Reunião Periódica (arts. 432 a 434
do CPP)
- intimação: representante do MP, da OAB e da Defensoria Pública para
acompanharem, em dia e hora designados, o sorteio dos jurados que atuarão na
reunião periódica (art. 432 do CPP);
- sorteio: presidido pelo juiz, a portas abertas (ato público), cabendo-lhe retirar as
cédulas (da urna geral) até completar o número de 25 (vinte e cinco) jurados (da urna
específica / “urna do sorteio”), para a reunião periódica ou extraordinária (art. 433
do CPP).
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- sorteio de jurados: entre o 15º e o 10º dia útil anterior à instalação da sessão
(art. 433, § 1º, do CPP);
- audiência de sorteio não será adiada pelo não comparecimento das partes
(art. 433, § 2º, do CPP);
- jurado não sorteado poderá ter o seu nome novamente incluído para as
reuniões futuras (art. 433, § 3º, do CPP).
- jurados sorteados: intimados por correio ou qualquer meio hábil (ex.: e-mail)
para comparecerem, na data e hora, à reunião/sessão de julgamento (art. 434 do
CPP).
- edital afixado na porta do edifício do Tribunal do Júri com a relação dos jurados
convocados, os nomes dos acusados e dos procuradores das partes, além do dia,
hora e local das sessões de instrução e julgamento (art. 435 do CPP).
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STJ - AgRg no AREsp 1.791.869/SP – Rel. Min. Min. Reynaldo Soares da Fonseca - j. em 09.03.2021 -
DJe de 15.03.2021.
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“1. Com efeito, o art. 572, I, deve ser interpretado, sistematicamente, com o art. 457 do Código de Processo
Penal, no sentido de que, a despeito de ser possível a realização da sessão plenária do Júri sem a presença do
pronunciado, imprescindível, para tanto, que este tenha sido previamente intimado. E, nos termos do art. 420,
parágrafo único, do CPP, não sendo o acusado solto encontrado para intimação pessoal, imprescindível sua
intimação via edital, o que não ocorreu no caso dos autos (HC n. 374.752/MT, Ministro Reynaldo Soares da
Fonseca, Quinta Turma, DJe 17/2/2017). 2. Apesar de não se mostrar imprescindível o comparecimento do
acusado na sessão de julgamento pelo Conselho de Sentença, é imperioso que se possibilite a ele exercer tal
faculdade, o que somente se dará com sua prévia intimação pessoal ou ficta. [...] Nesta esteira, diante da
garantia constitucional da plenitude de autodefesa, mister se faz considerar tal nulidade como absoluta, não
havendo se falar em preclusão, nos termos dos art. 571, VIII, do CPP. Precedentes (AgRg no REsp n.
1.310.997/SE, Ministro Ribeiro Dantas, Quinta Turma, DJe 11/5/2018). 3. De fato, a prévia intimação do acusado
para submissão ao Conselho de Sentença é indispensável, sob pena de nulidade, pois decorre das garantias
constitucionais do contraditório e da ampla defesa. Por essa razão, nos termos do art. 420, parágrafo único, do
CPP, o acusado solto que não for encontrado para intimação pessoal deverá ser intimado por edital. 4. Recurso
especial provido a fim de reconhecer a nulidade absoluta dos atos praticados após a decisão de pronúncia, haja
vista a ausência de intimação do recorrente quanto a esta decisão, bem como à data da sessão de julgamento no
Conselho de Sentença, determinando, assim, a realização de um novo Júri, após a sua devida comunicação” (STJ
– Sexta Turma - REsp 1.776.472/MS – Rel. Min. Sebastião Reis Júnior – j. em 19.02.2019 – DJe de 11.03.2019).
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39 “(...)7. O emprego de algemas durante o julgamento plenário não viola a Súmula vinculante n.º 11 do
Supremo Tribunal Federal, quando necessário para garantir a segurança de todos os presentes, como
demonstrado pelo Juiz Presidente do Tribunal do Júri no caso” (STJ - Sexta Turma - HC 507.207/DF -
Rel. Min. Laurita Vaz - j. em 19.05.2020 – DJe de 12.06.2020).
40 “(...) 4. Havendo razoabilidade mínima no pleito da defesa, como se vislumbra do pedido pela
apresentação do réu em Plenário com roupas civis, resta eivada de nulidade a decisão que
genericamente o indefere. 5. A nulidade não exsurge do simples comparecimento do acusado na Sessão
Plenária com as vestimentas usuais dos presos, sendo certo que diariamente julgamentos ocorrem
nessa condição. 6. Desponta-se constrangimento ilegal quando, pleiteada a substituição dos trajes,
dentro de uma estratégia defensiva traçada, o Juízo, sem pormenores, indefere o pedido, havendo
cerceamento da plenitude de defesa do réu nesse ponto, haja vista não lhe ser proibido buscar a
melhor forma, dentro dos parâmetros da razoabilidade, de se apresentar ao júri” (STJ - Quinta Turma -
RMS 60.575/MG - Rel. Min. Ribeiro Dantas - j. em 13.08.2019 – DJe de 19.08.2019).
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- debates: tempo: a) regra: inicial (01h30min para cada parte, iniciando pela
acusação) / réplica ou tréplica (01h); b) mais de um acusado: inicial (acrescido de
uma hora) / réplica ou tréplica (dobro) (art. 477 do CPP).
- assistente de acusação: falará depois do Ministério Público (art. 476, § 1º, do
CPP).
- pluralidade de acusador ou defensor: divisão acordada do tempo de fala ou, na
falta de acordo, por divisão judicial, sempre respeitado o prazo legal (art. 477, § 1º,
do CPP).
- vedação argumentativa no debate (sob pena de nulidade): a) “à decisão de
pronúncia, às decisões posteriores que julgaram admissível a acusação ou à
determinação do uso de algemas como argumento de autoridade que beneficiem ou
prejudiquem o acusado”; b) “ao silêncio do acusado ou à ausência de interrogatório
por falta de requerimento, em seu prejuízo” (art. 478 do CPP).
- vedação à leitura de documento ou exibição de objeto em plenário: juntado sem
observância de antecedência mínima de 03 dias úteis, dando ciência à parte
contrária (art. 231 X art. 479, § único, ambos do CPP).
- direito ao aparte: regulado pelo juiz (art. 497, XII, do CPP).
- posição ocupada pelo Ministério Público (art. 41, XI, da Lei 8.625/93).41
- abandono de plenário: inadmitido como tática defensiva (STJ).42
- dissolução do conselho de sentença para realização de diligências necessárias (e
impossíveis de realização imediata) à verificação de fato essencial para julgamento do
caso (art. 481 do CPP).
41 SCHRITZMEYER, Ana Lúcia Pastore. Jogo, Ritual e Teatro: um estudo antropológico do Tribunal do
Júri. São Paulo: Terceiro Nome, 2012.
42 “A Quinta Turma tem rechaçado a postura de abandonar o plenário do Júri como tática da defesa,
considerando se tratar de conduta que configura sim abandono processual, apto, portanto, a atrair a
aplicação da multa do art. 265 do Código de Processo Penal. Precedentes. (RMS 54.183/SP, Rel.
Ministro RIBEIRO DANTAS, Rel. p/ Acórdão Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA
TURMA, DJe 2/9/2019)” (STJ - Quinta Turma - AgRg no REsp 1.821.501/PR - Rel. Min. Joel Ilan
Paciornik - j. em 28.04.2020 – DJe de 04.05.2020).
43 LIMA, Renato Brasileiro de. Curso de Processo Penal. 02. ed. Salvador: Juspodivm, 2014, p. 1345.
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44 “1. Segundo a interpretação desta Corte Superior acerca do art. 483, § 4º, do Código de Processo
Penal, a desclassificação deverá ser perguntada aos jurados após o segundo quesito (referente a autoria
ou participação) quando for a principal tese defensiva, ou depois do terceiro quesito (absolutório
genérico) quando a defesa sustentar, primordialmente, a absolvição do acusado. 2. A pretensão de
reconhecimento de nulidade por inversão na ordem dos quesitos deve se coadunar com o princípio pas
de nullité sans grief, segundo o qual não há nulidade sem que o ato tenha gerado prejuízo para a
acusação ou para a defesa. Não se prestigia, portanto, a forma pela forma, mas o fim atingido pelo ato.
3. Se houver inversão da ordem dos quesitos, em dissonância com a orientação desta Corte Superior a
respeito do art. 483, § 4º, do CPP, será necessário verificar se foi oportunizado aos jurados analisar as
teses de absolvição e desclassificação, a fim de concluir pela ocorrência de prejuízo que justifique a
anulação do julgamento. Não há nulidade se ambas as teses são, ao fim e ao cabo, apreciadas pelo
Conselho de Sentença. 4. Em contrapartida, estará configurado o prejuízo para o réu se, em
decorrência da inversão dos quesitos, o Conselho de Sentença acolher o pleito defensivo de
desclassificação, sem que haja sido apreciada a tese principal, qual seja, a absolvição. 5. Na espécie,
não há falar em prejuízo, e, portanto, em nulidade, uma vez que, a despeito da inversão dos quesitos
absolutório e desclassificatório, ambas as teses foram apreciadas - e rejeitadas - pelos jurados” (STJ -
Sexta Turma - REsp 1.849.862/RS- Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz - j. em 15.09.2020 – DJe de
28.09.2020).
45 STF - Tribunal Pleno - ARE 1.225.185 RG/MG - Rel. Min. Gilmar Mendes - j. em 07.05.2020 - DJe
155 de 22.06.2020.
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