Terapia Analítico Comportamental Infantil
Terapia Analítico Comportamental Infantil
Terapia Analítico Comportamental Infantil
ANALITICO-COMPORTAMENTAL
INFANTIL
Organizadores
Adriana Rossi
lla Linares
Luiza Brandão
Seria impossível para mim, hoje, passar por
livros de Análise Clinica Comportamental, es
pecialmente os destinados ao atendimento
terapeutico a crianças, sem sentir-me forte-
mente compelida a dialogar com eles. O meu
encontro com a publicação intitulada Terapia
Analitico-Comportamental Infantil não fugiu
à regra e foi além, fazendo com que ele se
tornasse imediatamente indispensável
para
mim. Tive ainda, ao realizar avidamente sua
leitura, a forte sensação de que, dada a sua
relevância e características peculiares, facil-
mente ocuparia um espaço preferencial nas
bibliotecas ativas de muitos outros terapeu-
tas, experientes como eu, ou que dão agora os
seus primeiros passos.
E pouco comum que o terapeuta analiti-
co-comportamental infantil encontre hoje,
em suas buscas na literatura, conhecimento
relevante organizado de forma a
lhe permitir
implementação direta. E como o sofrimento
dos clientes e sua melhora é o que os
move,
acabam por realizar essas organizações e de-
rivações com muito custo pessoal ou então
desistem de incorporar novas descobertas ao
seu trabalho. Esse livro é uma excelente con-
tribuição nessa direção!
Nesta obra, os terapeutas analitico-com-
portamentais dedicados ao atendimento
infantil encontrarão, reunidos e muito bem
articulados, conhecimentos que Ihes permi-
tirá atuar
seguramente nas várias fases do
processo terapêutico; estender às crianças
propostas terapêuticas promissoras, orig-
nalmente delineadas para atendimento á
o
***'***'
* *
* '*' "***"************* . . . ..
Vários autores.
Bibliografia
ISBN 978-65-992016-1-5
20-42328 CDD-150.195
**** *****'
agosto 2020
SUMÁRIO
Sobre os autores 7
Apresentação 19
Prefácio 21
9 Introdução à psicoterapia
Analítico-funcional com 163
crianças
10 Niveis de intervenção terapêutica
na 179
psicoterapia com crianças
Caio Casella
Psiquiatria da Infância e Adolescência pelo Instituto de Psiquiatria
Geral e
do Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina da USP (Pq-HCFMUSP).
Coordenador da Equipe Médica do Hospital Dia Infantil e do ambulatório de
interconsultas da Infância e Adolescência do IPq-HCFMUSP. Membro do Corpo
E das
do Ambulatório de Transtornos de Aprendizagem, do CPN/NANI. uma
de
coordenadoras do Projeto Pela Primeira Infância (PPI) e consultora em projetos
de Psicopedagogia,
educação e saúde. Professora convidada da pós-graduação
em
da Universidade Presbiteriana Mackenzie e em cursos de especialização
Neuropsicologia.
seu pós-doutorado em
supervisionado sua aplicação por equipe de terapeutas em
Psiquiatria pela FM-USP.
Inaldo J. da S. Júnior
Psicólogo pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP), especialização
Clinica Analitico-comportamental e formação em Terapias Comportamentais
Contextuais pelo Paradigma- Centro de Ciências e Tecnologia do Comportamento.
Compliant Child".
Liane . S. Dahás
particular
consultório e no Centro
Psicóloga clínica e experimental. Atua
em
do Programa de pós-
raradigma como supervisora e professora. pesquisadora
E
do Instituto de Psicologia da USP
8raduação em Psicologia Experimental (PSE)
11
(IP-USP). Coordenadora do Laboratório de Terapia Comportamental Dialética
membro geral da diretoria da ACBS
(DBT-Lab) do Centro Paradigma. Atual
Science). Foi vice-
Contextual Behavioral
Chapter Brasil (braço da Association for
Realizou pós-doutorado no PSE do IP-
presidente da ABPMC (gestão 2017-2018).
do Comportamento da
USP. Doutora e mestra pelo Núcleo de Teoria e Pesquisa
Clínica Analítico-
Universidade Federal do Pará (UFPA) e especialista em Psicologia
comportamental (CESUPA).
Ligia Lacava
FM-USP
Psicóloga e psicopedagoga. Mestranda em Psiquiatria educação pela
e
Lygia T. Durigon
Psicóloga pela PUC-SP. Mestre e doutora pelo Programa de Psicologia
Experimental: Análise do Comportamento, da PUC-SP. Foi docente, supervisora
clinica e coordenadora de cursos ligados à criança, no Centro Paradigma de
Ciências e Tecnologia. Atualmente, é psicóloga clinica em consultório particular.
Márcia H. S. Melo
Docente-pesquisadora do Instituto de Psicologia da USP, com doutorado e pós-
doutorados na mesma Universidade e na Universidade de Lisboa. Ë supervisora
de atendimento clinico na USP e orientadora de mestrado e doutorado em dois
Programas de Pós-graduação. Associada fundadora da Associação Brasileira
de Pesquisa em Prevenção e Promoção em Saúde e membro do grupo diretor
no bienio 2016-2018. Consultora de órgãos governamentais para avaliação de
programas preventivos.
2001) e
18 anos de experiência no ensino de análise do comportamento e supervisão O
Roberto Banaco
Psicólogo formado pela Pontificia Universidade Católica de São Paulo (PUC-
SP), com doutorado e mestrado em Ciências (årea de concentração: Psicologia
Experimental), pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. Foi
professor da Faculdade de Psicologia da PUC-SP por 36 anos, aposentado como
professor titular. Hoje é membro docente do Mestrado Profissional em Análise
do Comportamento Aplicada, do Paradigma - Centro de Ciências e Tecnologia do
Tauane Gehm
Psicóloga (2011) pela Universidade de São Paulo (USP). Mestre (20o13) e Doutora
(2017) pelo Programa de Psicologia Experimental (PSE) da mesma universidade. Foi
consultora da ONU em saúde mental infanto-juvenil e colaboradora do Programa
de Saúde Mental do Ministério da Saúde (2013-2014). Atuou como docente na
Universidade Anhembi Morumbi e em cursos de especialização clínica do Núcleo
Paradigma. Atualmente, atua como psicoterapeuta em consultório particular. Já
desenvolveu pesquisas e publicações científicas nas áreas Análise Experimental
do Comportamento, Terapia Comportamental, Psicologia do Desenvolvimento e
História da Psicologia. Enfase atual em Psicologia do Desenvolvimento e Análise
do Comportamento.
Um abraço,
Adriana, lla e Luiza
19
PREFÁCIo
Psicologia Experimental.
Essa história foi brilhantemente resgatada por Rangé e Guilhardi (1995), em
reitor da
do Professor Darcy Ribeiro, na época
Espalhou-se até Brasilia. O convite
Professora Carolina Bori conduziu a expansão
Universidade de Brasilia (UnB), à
lideres do
Professor Keller, Ferster e outros
desse com a ajuda do
trabalho,
cognitiva no Brasil. Em
compor tamental
e
1
Guilhardi, H. J. (1995). psicoterapia
História da
Nange, B. e
Aplicações e Problemas, Bernard
Cognitiva Pesquisa, Pråtica,
-
e
rsicoterapia Comportamental São Paulo -
Brasil. 21
de Eventos. Campinas
-
e Promotora
Nange (Org.). Livraria, Editora
behaviorismo radical, ainda segundo as informações históricas de Rangé e
Guilhardi.
Em março de 1964, com o golpe militar, o reitor foi afastado e muitos
professores renunciaram. Em decorrência dessa grande perda, ocorreu um
beneficio paralelo para outras universidades, que acabaram recebendo muitos
professores que participaram do projeto do professor Keller e da professora
Carolina. Em 1965, em Campinas, foi aberto o primeiro curso de Psicologia da
Pontificia Universidade Católica de Campinas e tivemos nosso curso de Análise
Experimental do Comportamento (AEC), planejado e executado pelo querido
Professor Luiz Otávio. No ano seguinte, Luiz Otávio teve a colaboração de Hélio
Guilhardi. Junto com o quinto ano de Psicologia, 12 dos alunos iniciaram a póS-
pesquisas básicas.
Na proposta de Kohlenberg e Tsai, observa-se uma importante sistematização
dos dados, como um guia que direciona os terapeutas a formas de trabalho
mais eficientes. Desde o início da Modificação de Comportamento (1970),
olhar do terapeuta era direcionado às variáveis ambientais que controlam
os comportamentos no ambiente natural da criança, daí a preocupação com
Orientação de Pais e Professores. No consultório, pela influência do Behaviorismo
Metodológico, ocorriam intervenções apenas para os comportamentos
externalizantes (ver Regra, 2000). O atendimento clínico, baseado no Behaviorismo
Metodológico, deveu-se também à falta de leitura e à melhor compreensão das
propostas do Behaviorismo Radical, de Skinner, de modo que se pode afirmar que
este autor, foi, nessa época, compreendido apenas parcialmente, já que os eventos
privados foram deixados de lado. Kohlenberg e Tsai ocuparam esse espaço vazio
de modo enriquecedor e deram importante impulso à FAP, demonstrando a
importância da análise funcional para a elaboração de intervenções terapêuticas.
Deixaram claro que as técnicas são importantes, desde que sejam escolhidas após
a análise funcional do comportamento.
Após 1985, om a publicação do livro Descobrindo crianças, de Violet Oaklander,
que trata do uso da fantasia na terapia com crianças, foi possivel fazer uma
transposição para a análise verbal do comportamento da fantasia, fundamentada
pela evolução das pesquisas em equivalência de estímulo e em análise das
relações verbais (Regra, 1993). Ocorreu também a introdução da análise da
fantasia como análise das relações verbais de eventos privados, que descrevem
emoçoes depositadas nos personagens retratados pela fantasia. Tais mudanças
permanecem até os dias de hoje, com a terapia infantil se desenvolvendo por meio
da evolução da pesquisa básica.
A importäncia dada contato
ao com as escolas, de forma planejada, co
24 objetivos previamente definidos, limites e critérios cuidadosos, envolvendo s
aspectos éticos, capacita o terapeuta de crianças no tocante a esses importantes
critérios. O trabalho interdisciplinar no atendimento infantil e o entrosamento
dos profissionais colaboram para o bom funcionamento da equipe. Em relação
à Orientação de Pais, o leitor encontra, ainda, uma interessante análise sobre a
interação entre os pais ea criança e chama-se a atenção para a análise funcional
do comportamento dos pais, que muito auxilia na mudança dos comportamentos
necessårios. Alem disso, quando os pais aprendem a fazer análise funcional do
Jaíde A. G. Regra
Psicóloga da infância e adolescência em psicoterapia analítico-comportamental
1
Neto, 2002).
Para a Análise do Comportamento, o Comportamento e a interação entre
e
do contexto
podem ser entendidos a partir identificação
da
Comportamentais só
indivíduo faz parte de um
em que ocorrem (Skinner, 1953/2003). Uma vez que esse
controle ético sobre cada um de seus membros, por
grupo social, ele exerce um
intermédio de seu poder de reforçar ou punir. Dentro do grup0, existem "agências
controladoras", que manipulam conjuntos particulares de variáveis, operando
com maior sucesso do que o grupo em geral n0 Controle sobre o comportamento
dos indivíduos. Ainda segundo Skinner (1953), essas agências são divididas em
Essa última exerce controle
governo, religião, economia, educação e psicoterapia.
sobre o comportamento dos indivíduos, propondo-se lidar com subprodutos
ocionais e de comportamento operante do controle coercitivo, exercido pelo
grupo social sobre o indivíduo.
Assim, o terapeuta infantil analista do comportamento entende que muitas
queixas que levam os indivíduos (ou familiares) a buscar psicoterapia säão
subprodutos de controle excessivo ou inconsistente do ambiente (Skinner, 1953)
primordialmente da família e/ou da escola. Associados a predisposições biológicas
para o surgimento de determinadas características comportamentais, excessos ou
déficits comportamentais podem advir de estratégias de controle do grupo sobre
o indivíduo. Portanto, para manejar tais formas de controle que podem trazer
prejuizos para o individuo e para o grupo, o terapeuta precisa compreender e
atuar sobre tais ambientes.
''' ''***
1 A primeira data indica de
o
publicação original da obra e a segunda data indica a ediça0
ano
consultada pelo autor, que só será pontuada na
primeira citação da obra no texto. Nas seguintes,
28 será registrada apenas a data de
publicação original.
com a intância necessita estudar idiossincrasias e características desse univers0,
bem como desenvolver repertórios especificos
para trabalho com esse grupo
o
etário. Os diterentes objetivos e papéis do psicoterapeuta infantil são debatidos
de forma mais aprofundada ao longo do livro, porém é importante frisar que, a0
trabalhar com crianças, esse profissional
oferece modelos de comportamentos
adequados não só para a criança, mas também para os pais, expondo alternativas
sobre como se relacionar mais eficazmente com a criança. Além de atuar de
modo remediativo, ou seja, quando os
comportamentos-problema jå existem,
o terapeuta infantil também tem oportunidade de agir nos problemas de saúde
mental de forma preventiva, principalmente porque a fase da criança é de intens0
desenvolvimento. Vale pontuar que, a despeito do motivo da demanda pela
terapia, o profissional sempre deve refletir sobre suas intervenções à luz do Código
de Etica do Psicólogo (Código de Etica do Psicólogo, 2000), assim como à luz do
sistema ético skinneriano (Dittrich & Abib, 2004), considerando as implicações de
suas açoes para o individuo e para os grupos dos quais ele faz parte.
Na condução do processo psicoterapêutico, independentemente da idade
do cliente, o terapeuta tem, como um de seus objetivos, ensinar repertórios
Comportamentais que permitam-lhe lidar com as consequências do controle
aversivo exercido pelo ambiente, que sejam incapacitantes ou produtoras de
sofrimento. No atendimento de crianças, a psicoterapia tem também o objetivo
de intervir diretamente sobre ambientes que exercem controle sobre seu
comportamento e que estejam produzindo subprodutos indesejáveis. Alguns
exemplos desses subprodutos são o medo, a ansiedade, a raiva e a depressão,
assim como comportamentos excessivamente vigorosos ou excessivamente
restritos (Skinner, 1953).
O desenvolvimento de repertório terapêutico, com frequência, acontece
por intermédio de aulas, de supervisões e de discussões com terapeutas
mais experientes. Para atuar com crianças, o proissional deve desenvolver
Conhecimento técnico, habilidades de formação de víinculo e de manejo da
relação terapêutica, que diferem das necessårias para o trabalho com adultos e
adolescentes. O terapeuta infantil também precisa desenvolver habilidades para
Conduzir o trabalho com pais e com a escola (Gadelha & Menezes, 2008; Prado &
como as
terapëuticas,
Aceitaçãoe Compromisso (Hayes, Strosahl &Wilson, 2011), Psicoterapia Analítica
Funcional (Kohlenberg & Tsai, 2001) e a Terapia Comportamental Dialética
(Linehan & Dexter-Mazza, 2009)- podem ser úteis ao profhissional.
Além das habilidades necessárias para acessar encobertos, habilidades
relacionadas à proposição de atividades lúdicas também podem ser de grande
relevância para o terapeuta infantil. Não raro, observa-se, entre terapeutas
iniciantes, uma sede por informações sobre estratégias lúdicas, como sugestões
de materiais e atividades que proporcionem bons resultados no processo
terapêutico. Porém, é importante ter clareza de que, antes da seleção de qualquer
técnica ou estratégia, devem ser realizadas análises funcionais adequadas
dos comportamentos do cliente, para, então, selecionar brincadeiras, jogOS
Ou atividades que podem servir como ferramentas auxiliares apropriadas. Ad
31
paralelo, a escola pode ser envolvida no processo terapeutico como um contexto
Mitos ou verdades?
eo manejo dos desahos com os quais um terapeuta pode se deparar ao longo dos
atendimentos.
Resposta: Mito. Este tipo de pråtica pode ter uma série de implicações no
11. Se o terapeuta não tem filhos ele não consegue entender o que se passa.
Resposta: Mito. Esse tipo de afrmação não é compativel com a formação,
trabalho e competência de atuação do terapeuta. Assim, ter filhos (ou não) não
impacta na capacidade técnica do profissional, nem na sua capacidade de manejar
Referências
Carvalho Neto, M. B, (2002). Análise do comportamento: behaviorismo radical,
análise experimental do comportamento e análise aplicada do comportamento.
427-433
Gadelha, Y. A., de Menezes, I. N. (2008). Estratégias lúdicas na relação terapêutica
com crianças na terapia compotamental. Universitas: Ciências da saúde, 2(1),
57-68.
Adolescete).
36
Linehan, M Dexter-Mazza, E. (2009). Terapia comportamental dialética para
Transtorno de Personalidade Borderline. Manual clínico dos transtornos
psicológicos: tratamento passo a passo, 366-421. Artmed.
Moura, C. B, Venturelli, M. B. (2004). Direcionamentos para a Condução do Processo
Terapeutico Comportamental com Crianças. Revista Brasileira de Terapia
Comportamental e Cognitiva;v. 6; n° 1;17-30.
Papalia, D, Olds, S. (200o). Desenvolvimento Humano. (D. Bueno, trad.). Artmed
(trabalho original publicado em 1998).
Prado, O. Z, Meyer, S. B. (2004). Relação terapêutica: a perspectiva comportamental
evidências e o inventário de aliança de trabalho (WAI). Revista brasileira de terapia
comportamental e cognitiva, 6{2), 201-209.
Skinner B. F. (1974). About Behaviorism. Knopf.
(2003). Ciëncia e comportamento humano. (. C. Todorov & R. Azzi, Trad.)
Martins Fontes. (Trabalho original publicado em 1953)
Silvares, E. F. de M. (2000). Estudos de caso em psicologia clínica comportamental
infantil - Volume lI. Papirus Editora.
37
2
O TERAPEUTA ANALÍTICO-
COMPORTAMENTAL DA INFÄNCIA
detém certo saber, resolverá problemas desconhecidos que são meus, que nada
sei sobre mim. Nada disso faz sentido.
Nos sentimos convocadas a, para uma reflexão mais profunda, apresentar
nossa posigão sobre o propósito do trabalho do terapeuta infantil. Em realicdade,
essa não é uma pergunta que tenha uma unica resposta, nem muitas respostas
Sinples. Esse é o contexto deste capítulo, que tem o objetivo de discutir diferentes
Características do trabalho do analista do compoitamento que trabalha com
Criangas no consultório. Por se tratar de um tema pouco discutido, o conteúdo
aqui apresentado será baseado não apenas na literatura, mas tambem em nossas
experiências como psicoterapeutas e supervisoras de atendimentos nessa
aDordagem. É importante pontuar que todas as divisões de papéis atribuídos ao
39
2
psicoterapeuta propostas têm função apenas didática, uma vez que tais papéis se
sobrepõemese intercalam a todo momento, variando caso a caso e se modificando
ao longo do processo terapêutico. Para refletir sobre isso, etapas do processo
terapeutico serão descritas em sintonia com o proposto em Vermes (2012). Aos
que desejam maior aprofundamento sobre como estruturar o atendimento
Tais repertórios individualmente. Vale dizer que, nesse processo, ter o apoio de um
esses dados em mã0s, um bom começo é criar uma tabela de análise de triplice
contingência (Estimulo antecedente Resposta - Consequência), colocando
42 o comportamento-queixa como resposta e tentar preencher os campos de
2
observação direta. A supervisão pode ser de grande valia para ampliar e aprofundar
as análises e para planejar com mais clareza os próximos passos.
Análises iniciais realizadas,
terapeuta deve ser capaz de transformar
o
comportamentos-queixa aqui
esta0 sendo mantidos, pois
se a hipótese de que os
Apenas esta compreensão
falar nao.
gritar dá acesso a reforçadores, enquanto
de intervenção focado em substituir os
funcional permite elaborar um plano
a dinâmica familiar
outros que alterem positivamente
comportamentos-queixa por
seus pais e
os minimize, para a criança,
ou pelo menos
e que não tragam prejuízos,
eventualmente outros familiares.
uma intervençao que inclua, por
Nesse caso, o terapeuta pode planejar
trabalho com a criança, focado em reforcar
exemplo, orientação aos pais e um
desejaveis ou nãopode
-
comportamentos
terapêutico e da manutenção de
aumentaro engajamento no processo terapêutico
e facilitar a generalização dos
ganhos da terapia.
pela continuidade do processo terapêutico,
A família e o terapeuta optando
interventivo (destaque para o termo
inicia-se etapa com caráter principalmente
a
dos comportamentos segue acontecendo
"principalmente", umavezque aavaliação
Durante a intervenção terapëutica, entra
ao longo de todo o processo terapêutico).
no terapeuta
em cena o talvez mais facilmente lembrado quando se pensa
papel
comportamental infantil: o de ensinar novos comportamentos para
a criança,
com objetivo de ajudá-la a superar
por meio de estratégias comportamentais
ambiente intra e
dificuldades atuais e a atuar como agente ativo de mudança no
extraconsultório. Importante destacar aqui que esse papel é muito diferente do
proposto nos primórdios da terapia comportamental, nos tempos da Modificação
do Comportamento. Ele vai além de diminuir de frequência a emissão de respostas
consideradas inadequadas. A aplicação de estratégias comportamentais aqui é
uma parte de um todo muito mais complexo. Modificar comportamentos só faz
sentido, e não produz todas as complicações que se criticava naquela época, como
parte de análises constantes, que levam em conta não apenas a criança, mas seu
entorno. As estratégias comportamentais utilizadas serão aquelas definidas no
momento do planejamento da intervenção, buscando não apenas a transformação
pontual de determinado comportamento, mas a mudança de um repertório mais
amplo, de maneira sustentável ao longo do tempo, levando sempre em conta o
qual pertence.
Levando em conta o desenvolvimento integral da criança, na medida em que o
terapeuta vai tendo acesso a comportamentos do cliente, ele consegue observar
aspectos daquele repertório. Nesse momento, ele pode identificar demandas que
extrapolam a atuação do psicólogo, vindo à tona, aí, mais um de seus papéis: ser o
responsável por fazer encaminhamentos para outros profissionais, estabelecendo
parcerias de trabalho. Este é um papel de vital importância na compreensão
holistica de saúde e desenvolvimento,já que, em diversas situações, outros colegas
proporcionarão as mudançaS que a família necessita naquele momento. Para
Cumprir essa função, é necessário que o terapeuta conheça a atuação de outros
profissionais que trabalham com crianças, como psiquiatras, fonoaudiólogos,
terapeutas ocupacionais, psicopedagogos, entre outros. E desejável, também, que
ele compreenda que comportamentos sugerem a necessidade do atendimento
por um desses proDssionais. Faz sentido pensar em prohssionais que trabalham
de maneira articulada com o trabalho do psicólogo, uma vez que esse tipo de
parceria traz ganhos para a criançae para suafamilia.
Mais do que conhecer os objetivos do trabalho e entender a importância
de desenvolver essas características da criança, é importante saber quando
encaminhar e como fazer esse encaminhamento de maneira que a família se sinta
acolhida e cuidada. A família pode se sentir sobrecarregada com a necessidade
de mais um trabalho terapêutico, pode também ter a necessidade de controle de
mais uma
informare explicar à criança a
que a ausência de doença, de forma que oterapeuta infantil pode ajudar as famílias
para além do anseio pela extirpação de um problema. Em consonância com a
premissa apresentada, um dos papéis importantes desse profissional é olhar o
desenvolvimento da criança como um todo, buscando compreender barreiras
ao seu desenvolvimento integral, e, a partir daí, traçar um plano com a famila
visando o pleno desenvolvimento da criança. O término do processo terapêutico
idealmente acontecerá quando terapeuta, pais e criança compreenderem que os
ganhos de repertório da família são suficientes para que a criança interaja com
seu ambiente sem a necessidade de suporte da psicoterapia. Maiores detalhes
sobre a avaliação de repertório comportamental da criança e como trabalhar o
tema será tema de um capítulo posterior.
Ao contrário do que um olhar simplista poderia supor, o terapeuta de infancla
tem funções para além de superficialmente resolver a queixa, geralmente do>
pais. Primeiramente porque resolver
queixas por si só demanda diversa
as
habilidades profissionais. Fazer isso com cuidado, empatia, respeito por tOu
48 as pessoas envolvidas no processo terapêutico é bastante trabalhoso,
"ia
2
Referências
Pergher, N. K. (2011) Contrato em Terapia Analitico-comportamental. In: Carpigiani,
B. (Org). Teorias e Técnicas de Atendimento em Consultório de Psicologia. 1ecd
Vetor, 135- 156.
Vermes,1.S. (2012). Clinica analítico-comportamental infantil a estrutura. In: Borges,
N.B. &Cassas, F.A. (Org.). Clinica analitico-comportamental: aspectos teóricos e
práticos. 1ed. Artmed, v. 1, 214-222
49
3
DESENVOLVIMENTO INFANTIL NA PERSPECTIVA DA
ANÁLISE DO COMPORTAMENTO
Se voce é analista do
comportamento e trabalha com crianças, talvez já tenha
se perguntado sobre como a
abordagem lida com a questão do desenvolvimento
infantil. O desenvolvimento infantil pode ser considerado assunto secundário
para alguns, uma vez que boa parte dos fenômenos observados poderia ser
explicada por meio do conceito de aprendizagem. Por outro lado, há quem
aponte a necessidade de olhar para aspectos biológicos e para padrões que se
repetem na maioria das crianças. Seja como for, os ambientes de cuidado infantil
são geralmente permeados por normatizações etárias, pelas expectativas de
aquisição de habilidades relacionadas às diferentes fases e por concepções
pautadas na maturação. Assim sendo, é importante que o psicoterapeuta
comportamental consiga compreender e descrever o desenvolvimento, ou
os fenômenos agrupados sob este rótulo, de forma compativel com a filosofia
behaviorista radical. Este capítulo foi pensado para suprir, ao menos em parte, essa
necessidade. Para tanto, nas linhas que seguem, será apresentada a concepção
analítico-comportamental do desenvolvimento, interpretações coerentes com a
abordagem sobre termos relacionados a este rótulo e alguns questionamentos
ainda existentes na área.
andar entre 11e 18 meses. ESse é o tempo médio que ela leva para viver interações
etarios do desenvolvimento.
com o ambiente é
O aumentoda história de interações da criança
do repertório de controle
acompanhado por mudanças biológicas e por ampliação
das possibilidades de escolha sobre
ambiental, o que resulta em um aumento
inúmeros aspectos. Após alguns meses, os individuos, já menos dependentes das
55
3
sociais como na linguagem. Ainda assim, é possível que, para essas útimas, o
ensino da linguagem seja estabelecido por meio de outros reforçadores que não
os estimulos sociais. Portanto, não faria sentido apontaro aprendizado social
como condição que precisaria ser satisfeita para que a linguagem pudesse, então,
ser desenvolvida, mas, sim, como condição que aumentaria a probabilidade de
seu desenvolvimento.
No que se refere à expressão da linguagem,
outro exemplo também pode
ser citado. As primeiras palavras costumam ser emitidas entre 12 e 24 meses de
idade, quando criança é exposta à estimulação adequada. Já o autocontrole
a
Começar a receber sanções por acessar mais odjetos perigosos; entre outrar
behavioural cusp.
mudanças. Engatinhar seria, portanto, um
na escola, que tem uma relação ruim com a professora e que apresenta respostas
de esquiva da tarefa? A resposta para isso deveria Surgir de uma análise funcional,
Porém, seria plausível supor que o aplicador, pautado no conceito de behavioural
Maturação
A Psicologia do Desenvolvimento geralmente contempla não ape
análises do impacto de interações comportamentais pregressas sobre nov
vas
3
Comportamentais prévias.
determinantes de uma resposta reflexa
Held e Hein (1963) investigaram alguns foram criados
Nessa pesquisa, gatos
de posicionamento das patas, em gatos.
da oitava semana de vida
(privação visual) e, partir
a
desde o nascimènto, no escuro
durante algumas horas por dia
visual (listras) apenas
foram expostos à estimulação durante a estimulaco
movimentos possibilitados
Metade dos sujeitos tinha seus
andavam. Os demais
conforme eles
forma que listras mudavam
as
"ativos"), de
sendo transportados passivamente
("passivos") estavam presos a uma caixa,
mudança visual nao era contingente
portanto, para eles,
a
estimulação
-
durante a
do reflexo de posicionamento das
testou-se o surgimento
ao andar. Após isso,
Os animais "ativos apresentavam a resposta
patas, constatando-se que apenas
entendida como a mudança do campo
esperada. A experiência viso-motora deles,
crucial para o desenvolvimento
visual em função do andar, foi, aparentemente,
da resposta. Ou
específicas de interação entreo
seja, foram necessárias
histórias
um repertório reflexo,
ambiente para o desenvolvimento de
comportamento e o
atribuída exclusivamente a fatores biológicos.
de modo que a causa não pode ser
forma como algumas sensibilidades
Outro refere-se à
exemplo
"incondicionadas" são estabelecidas ao longo da ontogènese. Pesquisas
realizadas por Gottlieb (1997) permitiram constatar que a sensibilidade de patos
ao chamado da própria espécie é estabelecida por meio da exposição pré-natal
a vocalizações emitidas pelo próprio embrião dentro do ovo e/ou a vocalizações
emitidas por outros membros da esp cie, cujo som penetra o ambiente
intra-ovino e chega ao embrião. Na ausència de tais estimulações sonoras,
a sensibilidade "incondicionada" ao chamado da espécie não se estabelece.
De forma análoga, no caso humano, o valor reforçador de alguns estimulosè
estabelecido ainda dentro do útero. Mais especificamente, pesquisas sugerem
que a exposição frequenteestímulo durante o período pré-natal ou
a um
no ambiente.
estimulos potencialmente aversivos presentes
do eixo HPA e baixos niveic
As características orgânicas do SHRP (inatividade
os filhotes aprendem
de corticosterona/cortisol) parecem ajudar a explicar por que
de evitar estimulos associados a dor (para uma explicaçã
a se aproximar em vez
O aprofundamento no SHRP
mais detalhada, consultar Opendak & Sullivan, 2016).
mencionar que as características
está fora do escopo deste capítulo, mas vale
consideravelmente alteradas em condições
biológicas descritas podem ser
ambientais atipicas, como na ausëncia da mãe, tanto em humanos como em
orovável diante da estimulação adequada. Por outro lado, uma vez passado esse
período sem que o repertório tenha sido adquirido, sua aprendizagem pode ser
dificultada. A Psicologia do Desenvolvimento tem chamado esses momentos de
períodos sensíveis, críticos ou privilegiados.
A linguagem oral
pode ser utilizada como exemplo para ilustrar essa questão
Há um acúmulo de dados que sugerem que a exposição à estimulação
adequada
durante a primeira infância favorece diferencialmente a aprendizagem da
linguagem oral (Kuhl, 2011). Evidências extraídas de casos de extrema privação
ambiental, negligência infantil, surdez congênita, lesão cerebral adquirida ou
aprendizado de um segundo idioma sugerem que a carência de tal estimulação
nessa taixa etária, para a maioria dos indivíduos, pode resultar em maior
dificuldade na aquisição da linguagem oral. Indubitavelmente, para cada uma
dessas condições, há variáveis intervenientes que devem ser consideradas
na análise, mas, de uma forma geral, dados compilados indicam que, quando
a aquisição ocorre mais tardiamente, a aprendizagem pode ser deficitária em
alguns aspectos, principalmente no que se refere aos aspectos fonéticos e
sintáticos (Kuhl, 2011; Morgan, 2014). Diante disso, tem-se sugerido
que a primeira
infancia seja um período sensivel para a aprendizagem desse repertório.
Mas o que leva determinados períodos a ser mais favoráveis para a aquisição
de determinadas habilidades? Alguns autores têm sugerido que, conforme
as interações da vida ocorrem, a
plasticidade orgânica e as potencialidades
comportamentais se tornam mais limitadas- tenömeno conhecido como
"canalização" (Kuo, 1976; Gottlieb, 1991). Uma vez que a canalização ocorre, são
desconhecidas contingências que possam fazer com que o organismo retorne
às potencialidades iniciais (Gehm, 2017). Assim sendo, o início da vida seria um
momento de menor acúmulo de interações, de menor canalização e, portanto,
de maior potencialidade para diferentes aprendizagens. Além disso, como já
apontado, algumas faixas etárias se correlacionam a ambientes especificos
(ambiente uterino para fetos e ambiente de cuidado materno intenso para recém-
nascidos, por exemplo). Tais ambientes dificilmente se repetem da mesma forma
posteriormente. Com isso, algumas estimulações ficam restritas a determinados
periodos da ontogênese. Por fim, é importante salientar que a cultura dispõe de
normas pautadas em faixas etárias, de forma a lidar de maneiras distintas com
específica,
habilidade considerando
as contingências ambientais para o ensino da
momento da
história daquele organismo e suas características biológicas
no
a
intervenção.
foram
maiores indicadores de psicopatologia, quando comparados åqueles que
adotado aos 8 anos apresentou
adotados aos 8 anos. Além disso, o grupo que foi
menores índices de problemas externalizantes. 65
3
resultaram no fator de risco, quanto para a cascata de eventos que se deu ens
que
entre
o fator especifico e o resultado observado no desenvolvimento. Cabe pergunt
ntar,
aconteceu entre os mausS-tratos
vIvenciados aos dois
por exemplo, o que anos
se vincular afetivamente aos 20 anos (resultad
(fator de risco) e a dificuldade em
observado). Dificilmente, algo que aconteceu noS dois primeiros anos pore
respeito do impacto da
prevenção dos maus-tratos no contexto familiar sou e
o desenvolvimento posterior dos vinculos sociais
e, a partir disso, avala
pertinencia de estratégias preventivas.
Conhecer fatores de risco tem,
66 outras
portanto, relevância prática, permitindo, ntre
coisas, uma coleta de dados
dirigida à sua identificação na historid do
3
Considerações Finais
Em síntese, o desenvolvimento, entendido como mudanças progresSIvas
Analise do Comportarm
das maiores contribuiçoes da
atingidos. Talvez uma
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4
INFLUENCIAS BIOLÓGICAS NO DESENVOLVIMENTO
DO COMPORTAMENTO INFANTIL
Aspectos filogenéticos
Charles Robert Darwin foi um naturalista britânico que viveu no século XIX
Ayala, 20o9). Em 1831, ele iniciou uma viagem ao redor do mundo a bordo do
HMS Beagle, que durou até 1836. Durante essa viagem, ele entrou em contato com
diferentes espécies animais nas ilhas Gálapagos e com fósseis de animais extintos
na Argentina, entre outros eventos que contribuiram para a elaboração da Teoria
da Seleção Natural. O livro On the Origin of Species by Means of Natural Selection
foi publicado em 1859 (Ayala, 2009) e teve um grande impacto na forma como
enxergamos o surgimento das espécies animais atuais, incluindo o ser humano. Um
ponto importante na obra de Darwin é que ele considerava os comportamentos
e instintos características biológicas, tanto quanto as características físicas. Dessa
Torma, eles também estariam sujeitos à seleção natural. Para ajudar a comprovar
essa ideia, ele estudou determinados comportamentos em espécies atuais e
Suas etapas evolutivas, tentando encontrar traços comportamentais comuns a
O córtex pré-frontal
O neocórtex, a parte cortical evolutivamente mais recente e associaaa
a funções cognitivas mais
Complexas, apresentou um aumento em volume,
relativo aotamanho corporal global, ao
longo da evolução (Fuster, 2002). Entre
Suas estruturas, pode-se destacar o córtex
pré-frontal (CXPE), que foi uma das
últimas áreas do neocortex a se
desenvolver
um crescimento ainda maior do
e, proporcionalmente, apreseno
que outras regiðes corticais (Fuster,
Estima-se que ele 200
corresponderia a cerca de
3.5% do córtex do gato, 12,5%
cachorroe 17% no chimpanz, at
atingir sua maior proporção no córtex huma
Correspondendo a cerca de 30% dele. Esse
aumento do CXPF te
estaria fortemein
relacionado à evolução também das funções cognitivas,
74 como a
linguagem.
4
al., 2015).
Outro quadro psiquiátrico que está associado a alteraçoes no CxPF é
transtorno do espectro autista (TEA) (Teffer & Semendeferi, 2012). Nos primeiroc
ros
anos de vida, o cérebro dos individuos com TEA tem um tamanho maior
O organismo e o ambiente
Darwin teve papel muito
um
importante ao identificar a Teoria de Seleçao
Natural para ajudar a compreender o
surgimento das diversas espécies aninmad
existentes hoje, assim como os padrões evolutivos. Outro
passo muito importa
foi dado pelos estudos em
genética por Mendel, também no século XIX, que
foram "redescobertos" e
ganharam maior ênfase no início do século XX (5OE
2015). Aristóteles acreditava que o ambiente seria o
do fenótipo individual, o
responsável pela formiay
qual seria transmitido a seus descendentes (Burg ren
76 & Crews, 2014). Atualmente
sabemos o quanto a genética é e s s e
importante
4
Esse exemplo mostra como uma diiculdade pode surgir a partir da interação
CiLre o organismo e o ambiente, que podem não se adaptar entre si. Essa interação
ctre parentalidade e características mais inatas do individuo (temperamento)
seja, o gene
correspondente é "ativado". O oposto OCorre Com a
metilação das histonas (Bani-Fatemi
et
78
produção de pequenas moléculas de al., 2015). O terceiro método oCO pe
RNA não
codificante (que não e a nscrito
em proteinas) que interterem na produção e na ação de RNA
RNA que seria "lido'" para a produção de mensageiro (isto é, o
proteínas) (Bani-Fatemi et al, 2015)
Essas influências epigenéticas
podem ocorrer ao longo de todo o periodo
de vida, mas são mais marcantes no
período de desenvolvimento, em especial
no periodo pre-natal. Fatores como estresse materno,
alimentação e uso de
substâncias pela mãe durante a gestação, idade dos
genitores, dentre outros,
podem causar alterações epigenéticas nas células do embrião em
com um impacto em
formação,
potencial para o resto de sua vida (Nigg, 2016). Alterações
epigenéticas pós-natais podem ocorrer nos neurônios, tendo grande
em potencial no
impacto
comportamento do indivíduo. Essas alterações estão envolvidas
tanto em processos
fisiológicos do organismo, como em mudanças na produçao
proteica cerebral necessária para a formação de memórias e
também em transtornos mentais, como
aprendizado, como
esquizofrenia ou adicção a substäncias
(Gonzalez-Pardo & Perez Alvarez, 2013). Existe até o campo de
"epigenética
comportamental", que foca nessa influência do ambiente
comportamento no
através de mudanças epigenéticas (Gonzalez-Pardo &Perez Alvarez, 2013).
Um estudoimportante nesse campo foi o de Weaver et al. (2004), que
demonstrou alterações epigenéticas nos cérebros de ratos de acordo com o
comportamento das fëmeas que os criaram, sendo elas "adotivas" ou não- a prole
que fora criada por mes com menos comportamentos "maternos", como o hábito
de dar lambidas, tinham grau diferente de
um
metilação no
promotor doDNA do
gene de receptor de
glicocorticoide, que leva à
menor produção desse
receptor.
Com isso, eles se tornam menos sensiveis
aofeedback negativo pela corticosterona,
de forma que seus níveis séricos em
situações de estresse acabam sendo maiores
do que o dos ratos criados mães
Com com comportamentos de Cuidado. Foi uma
demonstração importante de que o ambiente psIcOssocial presente no início da
VIda tem um impacto na resposta ao estresse na vida adulta. Esses efeitos de
metilação também podiam ser revertidos com a administração intracerebral de
determinadas substâncias, mostrando que essas alterações não eram detnitivas.
O temperamento
temperamento é um conceito bem estabelecido na psicologia e psiquiatria
da infancia e adolescência há décadas a partir de estudo0S de Thomas e Chess
go3. tstes pesquisadores descreveram temperamento como o "estilo"
de resposta diferentes estímulos
comportamental da criança frente a em 79
diferentes ambientes (Thomas & Chess, 1977). Rothbart e sua
equipe (Rothh.
&Ahadi, 1994) ampliaram o conceito de temperamento, descrevendo-o como thbart
.
conjunto singular de características constitucionais que descrevem a diferen
reatividade
ença
na e autorregulação individual frente aos estimulos externos e
internos. Estas caracteristicas são: (a) inatas biológicas
por estarem presentes
e
por aprendizado na interação com o ambiente, ainda mais levando em conta que as
mesmas disposições temperamentais podem se expressar de maneiras distintas,
dependendo da idade. Por exemplo, estudos prospectivos mostraram que
mental e psicopatologia.
Pesquisas mostram que comportamentos associauos
a diferentes componentes
temperamentais presentes desde o inicio do
desenvolvimento até fases posteriores da infância e da
adolescência, como Al eto
Negativo, Extroversão/Afeto Positivo e Controle de Esforço, estão os
82 relaciolau
4
potencialmente problemáticos (De Pauw et al, 2010). Por outro lado, traços
significativamente baixos de extroversão, com baixa atividade motora e pouco afeto
positivo frente a estímulos novos, estão associados tanto a sintomas depressivos
e insatisfação quanto ansiedade e isolamento social durante diferentes fases do
desenvolvimento (De Pauw et al., 2010).
O maior controle de esforço com maior capacidade de perceber e direcionar
atenção e controlar impulsos reativos está relacionado longitudinalmente a
comportamentos adaptativos em diferentes contextos (Kochanska et al, 2000)
ao passo que baixa capacidade regulatória está associada a comportamentos
nomaticos como desatenção, impulsividade e agressividade (Eisenberg et al,
2009), alm de ser um agravante relacionado a psicopatologia. Baixa capacidade
regulatória pode estar associada também a jogo patologicoe vivência de eycl..
Ausäo
social (Agrawal et al, 2012).
Apesar de controle de esforço estar, em geral, relacionado a maior Contrei
role
de afeto negativo e maior bem-estar, quando há discriminação dos nan:
dos componentes "atenção" e "controle inibitorio, os achados podem
papéis
ser
paradoxais. Para crianças com alto índices de introversao, estudos apontam
que
altos níveis atencionais poderiam proteger contra sintomas ansiosOS ao long
por diferentes estudos que evidenciam que individuos com mais traços de
medo e ansiedade são mais sensiveis a controlar ameaças, sendo esse controle
exagerado um gatilho para exacerbar sintomas ansiosos (Moser et al, 2012)
Esse exemplo mostra a complexidade da interação entre subcomponentes da
reatividade e autorregulação, com múltiplos arranjos que podem gerar desfechos
negativos e positivos.
Temperamento e parentalidade
As interações recíprocas entre pais e filhos são fundamentais parao
desenvolvimento saudável da criança. Um dos potenciais efeitos dessas interações
é a ajuda do cuidador no ajuste das reações temperamentais e capacidade
regulatória com maior chance de adaptação infantil ambiental ao longo do tempo
(Kiff et al, 2012). Assim, tanto o temperamento quanto a qualidade parental são
preditores distintos de adaptação do indivíduo0.
Para que a parentalidade exerça uma influência saudável nas caracteristicas
temperamentais, OS pais devem primordialmente ser sensíveis para reconhecer e
se conectar às caracteristicas temperamentais
singulares de seus filhos; a qualidade
desse encaixe, chamado de goodness-of-fit pelos pesquisadores Thomas e
Chess
(1977), é um forte preditor de desenvolvimento psicológico saudável. Por outro
lado, temperamento das crianças gera respostas emocionais parentais e p
o
Conclusöes
Neste capítulo, descrevemos, a partir de uma revisão de conceitos de
filogenética e de outros campos da Biologia e da Psicologia desenvolvimental,
alguns aspectos do organismo humano que tëm um papel relevante na
determinação de seus comportamentos. Ressaltamos também a relevância das
interações recíprocas entre organismo e ambiente nesse processo, incluindo,
Como parte do ambiente em que a criança se
desenvolve, o estilo de parentalidade
exercido por seus cuidadores. A análise de todos esses aspectos é fundamental
para uma avaliação clinica compreenSiva e contextual que leva em conta a história,
tanto das características individuais biológicas, quanto das interações destas
características com o ambiente.
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elas, a avaliação inicial, que tem por objetivo a coleta de dados contemplada por
entrevistas com pais e profissionais envolvidos, bem como por sessões de avaliação
do comportamento da criança. Essa avaliação busca levarntar o maior numero de
informações, a fim de instrumentalizar o terapeuta, auxiliando-o na formulaçãão
do caso e na intervenção. Desta forma, quanto mais informações forem coletadas
nessa etapa do atendimento clinico, maior a amplitude de compreensão do caso e
do
de tratamento, (2) análise funcional, (3) seleção de tratamento, (4) avaliação
e
tratamento. Por sua vez, para Kanfer e Slaslow (1976), a avaliação compreende
ambiente sócio-físico-cultural.
Regra (2012) descreve de maneira detalhada cada etapa da avaliação inicial e faz
a seguinte divisão: (1) levantamento de dados com descrição dos comportamentos-
ocorrència 89
quexa, (2) levantamento de hipóteses que podem estar favorecendo a
5
formulação de caso.
Da teoria para a prática, parecem manter-se dterentes posições sobre a
forma de avaliação a ser desenvolvida no consultório pelo dlíinico analítico
comportamental infantil. Del Prette, Silvares e Meyer (2005) avaliaram 20 estudos
brasileiros de Terapia Analitico-Comportamental Infantil (TACI) e concluíram
que, de modo geral, predominam avaliações iniciais com os pais e com a criança,
bem como entrevistas com os pais durante a terapia. Quanto ao método de
coleta de dados, o principal é a observação em sessão, antes, durante e após as
intervenções (sem referência a registro sistemático). Além disso, em menos da
metade dos casos, houve reaplicação de instrumentos inicialmente aplicados ou
de avaliação ao final.
Ainda se referindo à forma de condução da avaliação inicial, alguns autores
destacam a relevância da utilização de diferentes estratégias lúdicas (e.g
desenhos e brincadeiras de faz de conta) que facilitem ao terapeuta ter acesso
a informações relevantes. Isso porque, em geral, a criança nem sempre é capaz
de relatar eventos do cotidiano com precisão. Dessa forma, além de ter acesso
a informações observando padrões de comportamento da criança ao brincal,
o clinico também pode coletar dados sobre o cotidiano por meio de perguntas
durante as brincadeiras (Del Rey, 2012,; Del Prette & Meyer, 2012).
A nso
diferenga entre as etapas de avaliação e de intervenção não é um consens
área. Bertolla e
na e Brandão (2017), por exemplo, defendem que avaliaa
ntervengão não estäo formalmente diferenciadas na literatura e, na pratica
ambas acontecem simultaneamente ao longo de todo o
processo terapêutico
90 Desta forma, não há um número determinado de sessões para esse
íodo
per
5
inicial de coleta de
intormações. Em todas as etapas do andamento do caso, o
terapeuta reune informações que podem ser relevantes para a análise funcional.
Convergindo com as autoras supracitadas, Conte e
Regra (2012) af1rmamn
que, desde o contato inicial com a família,
levantamento de dados e são
ocorre
implementadas intervenções possivelmente provocadoras de mudanças. AsSim,
não fica caracterizado um momento de
avaliação e outro de intervenção ao longo
do atendimento infantil. Para elas, tais
momentos acontecem de forma entrelaçada
durante os atendimentos.
Os autores que defendem não
a
diferenciação entre avaliação e
intervenção
explicam que esperar a conclusão de uma avaliação para depois ser iniciada a
intervenção se torna inviável, dada a urgência requerida por muitos casos. Ha
também situações em que nem
sempre é necessária uma avaliação completa para
que a intervenção aconteça (Conte & Regra, 2012). Nessas situações, intervenção e
avaliação caminham de forma concomitante.
Apesar dos distintos posicionamentos entre os momentos de avaliação e
de intervenção, entende-se que a estruturação das etapas de uma avaliação
terapêutica inicial, com fases definidas e com objetivos específicos, pode ser de
grande utilidade para o terapeuta e para a familia que procura a terapia. Para o
terapeuta, um bom exercício da prática clínica requer habilidade de levantar dados
para a construção de análises funcionais consistentes e para a definição dos
objetivos terapêuticos. Para a família, essa estruturação facilita a compreensão de
que há um delineamento a ser seguido durante o trabalho, combatendo, inclusive,
eventuais mitos de que o processo terapéutico seria desestruturado.
Por fim, fica claro que são várias as dificuldades enfrentadas no processo de
avaliação e, mais especiicamente, na delimitaç o de um momento de avaliação
inicial, dada a amplitude de possibilidades. Em busca de sistematizar e contribuir
com a construção do processo de avaliação na TACI, será apresentado um material
elaborado pelas autoras do presente capitulo, composto por diferentes elementos
que estão descritos na literatura da área.
Proposta de avaliação
Com base em algumas necessidades observadas pelas autoras durante o
processo de avaliação inicial, foi feita uma análise critica da literatura já produzida
ate o momento, conduzindo à proposição de uma estrutura de avaliação inicial.
91
Como fruto deste trabalho, a proposta de estrutura de avaliação inicial
uma a duas sessões. De forma alinhada ao modelo proposto por Regra (2012),
a entrevista inicial com os pais pode ser dividida em queixa livre - momento no
auxiliar no
planejamento das sessões iniciais com a mesma.
E fundamental que o dem
terapeuta considere que os relatos trazidos depen
da capacidade de
observação e de dos descrição pais, sendo, muitas
vezes,
um recorte do
comportamento. Assim, nem sempre são descritas as va
i á v e i s
Complementares.
e os
horários em que
registro das situações referentes à que
ocorrem;
Questionário/avaliação elaborado pelo terapeuta a ç ãd
o e
94
autonomia em para
relação a atividades da vida diária investigay
inente;
-
quando per
Ouestionário para
Fxemplo: Inventário deinvestigação
do humor dos
Depressão de principais
(BDI-I) (Gorenstein cuidadores.
Beck
Ouestionário para investigaçaão de et al,
2011);
de Estilos Parentais (EP) práticas parentais.
(Gomide, Exemplo: Inventário
Ouestionário para coleta de dados2006):
sobre o
na escola. Exemplo: Escala de comportamento da criança
Avaliação
Professor (EAC-P) (Brito, 2006).
do
Comportamento Infantil para o
Observação da criança
Para esta etapa, sao previstas duas sessões com
um dos principais objetivos, o criança, as quais têm, como
a
inicio do
estabelecimento de vínculo
(Regra, 2012). Outros objetivos incluem terapêutico
construir, em conjunto com a
compreensão sobre o que e e como se dá o criança, a
processo terapêutico, apresentar
o sigilo como elemento da relação terapêutica, estabelecer combinados em
relação às estruturas das sessões, além de realizar
observação, que permitirá a
a
identificação dos
comportamentos-alvo de intervenção e do repertório geral da
criança (Vermes, 2012).
Para identificação de comportamentos-alvo, são utilizadas atividades
a
para a intervenção.
de modelagem.
reforçadas em um processo
Lds
Intermediárias a serem
do "Material de suporte para
Nessa Clapa
etap da avaliação, sugere-se a utilização
o terapeuta, o qual
material de apoio para
edla
infanti (Anexo Il) como
o contato com
a criança. 95
oferece um avaliados durante
da
descrição de itens a serem
5
direcionando o registro
observação do terapeuta, de
Esse material norteia a
reperté:
diversas classes de respostas que, de
forma geral, sao importantes no
tório
para que o terapeuta noe.
Torna-se um estimulo
antecedente
oSsa
de uma criança. habilidades da crianca
desenvolvimento de diversas a.
refletir sobre o estágio do itens: identificar
são investigados
os seguintes ção
Por meio desse material,
autoconhecimento, frustracän0,
de seguimento de regras,
possíveis reforçadores,
civilidade, empatia, assertividad
autocontrole e expressividade emocional,
habilidades acadèmicas. Esse material contempla ainda
resolução de problemas e
para os itens em que a criança não
o registro de mediação oferecida pelo terapeuta
é avaliado e registrado se, com
demonstra autonomia de execução. Dessa forma,
executar o comportamento investigado.
certo nivel de ajuda, ela seria capaz de
criança, o terapeuta construirá
da
Assim, a partir das sessões de observação
uma espécie de panorama a respeito
das dificuldades e potencialidades atuais da
os comportamentos-alvo. Esta linha
criança, que servirão de linha de base para
ao longo do processo terapèutico, a
fim de avaliaro
de base será acompanhada
impacto da intervenção e os possiveis progressoS no comportamento da criança.
com a
criança. Por exemplo, pode-se ter como de
objetivo
desenvolvime o
to
Conclusão
Este capítulo teve por objetivo apresentar uma proposta de avaliação inicial
estruturada que contemple entrevista com os pais, observação da criança e das
praticas parentais, contato com escola e outros profissionais envolvidos no caso.
Um adequado delineamento do caso pode contribuir para intervenções mais
direcionadas e efetivas, aumentando a probabilidade de sucesso na intervenção
terapéutica. Por fim, vale pontuar que se trata de uma proposta especiñica a um
temaabrangente, o qual näo é restrit0 aum modelo único. Sendo assim, espera-se
que ocorra um aprimoramento contínuo deste modelo apresentado.
99
5
ANEXO
IDENTIFICAÇÃO
Data:
Nome do paciente:
Data de nascimento:
Idade:
Telefone residencial:
Nome da me:
Formação0: Ocupação:
Telefone de contato da me:
Nome do pai:
Formação: Ocupação:
Telefone de contato do pai:
Nome e idade dos irmãos:
Nome da escola:
Coordenador: Professor:
Ano:
Turma:
Outros profissionais que acompanham o caso (nome, profissão e telefone de
contato):
100
5
QUEIXA
ANÁLISE
Cite em quais contextos o problema não aparece ou aparece com menor
frequência:
101
5
HISTÓRICo CLÍNICO
GESTAÇÃo Gestação planejada: ( ) sim () näão
ldentifique:
ldentifique:
Algum atraso de desenvolvimento?
sim () não ( ) nãosei
Identifique:
Hospitalização por doenças ou acidentes?
)sim ( )não ( ) não sei
O que houve e quando foi:
DESENVOLVIMENTO
NEUROPSICOMOTOR
Járealizou avaliação neuropsicológica? () sim ( ) não
Quando:
ldade em que andou sem apoio:
Idade em que falou as primeiras palavras:
Idade do desfralde:
- Diurno
- Noturno:
102
5
ASPECTOS PSICOSSOCIAIS E DE SAÚDE
CONDIÇÕES Eventos estressores prévios aos sintomas atuais:
PSICOSSOCIAIS E
sim ()não
DE SAÚDE
Identifique:
Mudanças importantes na vida: ( ) sim () não
Identifique
Como estava a vida da famíilia na época do aparecimento das
dificuldades?
Mudanças:
Situação financeira:
Dificuldades conjugais:
Dificuldades com outros filhos ou familiares:
Doenças:
Diagnósticos e comorbidades:() sim () não
Identifique (anotar idade de início)
VIDA ESCOLAR
ldade de ingresso escolar:
Adaptação ao início escolar (descreva):
Em quais escolas já estudou:
Nome da escola Período
ROTINA
FAMÍLIA
Irmãos:()sim ( ) não
MEMBROS Nome e idade:
RELACIONAMENTOOS
Relação entre os irmãos e a criança: () assertiva (O passiva()
agressiva
Descreva:
Quais:
AVALIAÇÃO FINAL
Descreva:
Descreva:
106
5
ANEXO II
Descreve adequadamente
atividades de preferência
Descreve alimentos de
LEVANTAMENTO DE preferência
REFORÇADORES Nomeia atividades familiares,
programas de TVe da internet,
jogos, esportes de preferência
Nomeia amigos
Aceita interromper atividades
em curso durante o tempo de
espera na recepção
adequada
Consegue entender a relação
suas
entre eventos vivenciadose
emoções
Descreve seus padrões de
Comportamento
107
5
Faz com
Itens para direcionar observação em sessão com Não
Faz mediação faz OBS
a criança
Descreve oralmente
contingências relacionadas à
queixa
Oferece ajuda
Compartilha algo que tenha
Expressa sentimentos negativos
Fala sobre qualidades e defeitos
(do outro e de si)
Consegue manter diálogo iniciado
pelo interlocutor
alternativa
Avalia o processo de tomada de
decisão
109
5
é dito
competentes
Aguarda a vez para falar
Faz e responde perguntas
desejáveis
110
para
direcionar observação dos ambientes em
Itens Dados observados
criança taz parte
que a
Comportamento moral
(transmitem valores)
Punição inconsistente (pais punem
ou reforçam os comportamentos
da criança de forma não
contingente)
Punição fisica
PRATICAS PARENTAIS Disciplina relaxada (näão
cumprimento de regras
estabelecidas)
Monitoria negativa (excesso de
fiscalização/ grande quantidade de
instruções repetitivas)
Negligência (não estão atentos às
necessidades de seus filhos)
Seguimento de regras dos pais
Reação frente a frustração (na
relação com a criança)
Assertividade ao se expressar
dadas em sessão?
Quais as tentativas feitas pelos pais
para solucionar a queixa e quais os
resultados obtidos?
Como evoluiu a queixa, houve
modificação de frequência e
QUEIXA intensidade?
Quais as reações atuais
das pessoas frente aos
comportamentos queixa e por que
A criança concorda ou discorda da
queixa apresentada pelos pais?
Desempenho acadêmico
Relaçãocom os pares
Escola tem conhecimento da
queixa?
112
5
Referências
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dnalitico-comportamental infantil. Em DeFarias,
113
5
114
6
PSICOTERAPIA BASEADA EM EVIDËNCIAS NA
INFÄNCIA EADOLESCENCIA
prinip
116 agentes da mudança são pais, professores ou ambos; (4) são
ões
interveng
comportamentais Ou cognitivo-comportamentais, direcionadas principalmente a
das
as
recomendações sao
preferëncias valores dos pacientes, bem como a
as e
astimativa sobre O uso
adequado dos recursos do sistema de saúde,
como, por
exemplo, estudos de custo-efetividade (Guyatt et al., 2008).
O conjunto dediretrizes clínicas do sistema de saúde
National Institute Health
pública do Reino Unido,
o for and Clinical Excellence (NICE), é considerado um dos
mais consistentes no mundo, sendo composto por mais de
clínicas baseadas
120
recomendações
em custo-efetividade. Em 2006, o NICE abandonou seu
tradicional sistema de classiticação para adotar o sistema GRADE. Com isso,
passou a adotar a
prática de avaliar confiança em estimativas de efeito para cada
resultado, pesando tanto os resultados desejáveis versus indesejáveis quanto os
custos, gerando então um
julgamento sobre a força da recomendação (Thornton
et al, 2013).
As diretrizes do NICE estabelecem recomendações para serviços mais
os
adequados para a maioria das pessoas
com determinado diagnóstico, condição,
necessidade, ou pertencente a determinado grupo social. Também recomenda
maneiras de promover e proteger a saúde e
prevenir doenças, além de formas de
configurar os serviços de saúde e sociais. Por último, também estabelece como as
organizações públicas podem melhorar a qualidade dos serviços de saúde. Comm
relação à saúde das crianças e adolescentes, o NICE oferece atualmente um total
de 73 diretrizes, abrangendo desde implantes cocleares até febres em menores
de 5 anos.
Este capítulo tem por objetivo apresentar uma síntese das diretrizes do NICE
e da Divisão 53- Society of Clinical Child and Adolescent Psychology da American
Psychological Association no que se referem àas práticas de intervenção psicológica
na infäncia e adolescência. Nesse sentido, o texto não descreve os elementos
e tecnicas que compõem cada intervenção, mas oferece uma espécie de guia
Depressão
AS diretrizes clínicas do NICE para depressão em crianças e adolescentes
2 Er www.nice.org.uk/process/pmg2o/chapter/introduction-and-overview>. 119
6
da crian.
fatores de risco,
realizando
encaminhamento
iança
depressão e que avaliem se refere àe
necessário. O segundo passo
de saúde mental quando
para serviços em depressão para avaliar
habilidades de profissionais
de saúde especializados
i n s t r u m e n t o s de
ferramentas entrevist
encaminhadas, tendo
como
as crianças [K-SADS] ou Child
Disorders and Schizophrenia
como Kiddie Schedule for Affective
Assessment [CAPAJ e também avaliação não verbal do
and Adolescent Psychiatric somente o K-SADS fo
mais novas. Das duas ferramentas,
humor em crianças
raduzido e validado para população brasileira (Brasil, 2003
a
o NICE recomenda
uma "espera
Para crianças com depressão leve (paSSO 3),
avaliação. Caso Os Sintomas não tenham
atenta de 4 após
semanas primeira a
uma terapia suportiva
não diretiva, grupo
remitido, são oferecidos c o m o opções
um período
ou autoajuda guiada por
de Terapia Cognitivo Comportamental (TCC)
limitado entre 2 e 3 meses.
4 e 5) deve ser oferecida
crianças com depressão moderada agrave (passos
As
menos trës meses. O NICE não aponta uma
terapia psicológica especifica por pelo
no período inicial de tratamento,
abordagem psicológica específica e propõe que,
não há relação de superioridade
seja explicado à criança e aos familiares que
entre terapias psicológicas. Se a criança não for responsiva ao tratamento após
'*****' '**'****
3 A DiVisão 53 classifica
intervenções em cinco categorias, conforme os respectivos íveis
as
Autismo
Segundo as diretrizes do NICE, crianças com autismo e suas famílias devem
receber informações detalhadas sobre o autismo e seu tratamento desde 0
123
6
Ansiedade
Nas últimas décadas, diversos tratamentos foram desenvolvidos
especihicamente para o tratamento da ansiedade em crianças. Eles apresentam
níveis diferentes de evidência quanto à eficácia (Silverman & Pina, 2008)
Entretanto, o NICE não conta com nenhuma categoria mais abrangente para
a ansiedade em crianças, apesar de haver diretrizes para ansiedade social.
Como principios gerais para o tratamento desse diagnóstico, recomenda-se
Supervisão regular do clínico, uso de medidas de resultado, o engajamento em
monitoramento, avaliação da aderência ao tratamento e competència do clinico
Em relação à abordagem, o NICE aponta a TCC focada em ansiedade social para
Crianças Como a mais recomendada, considerando sempre o envolvimen
ativo de pais e cuidadores no tratamento (National Institute for Health and Calc
Excellence, 2013b)
Nas diretrizes clínicas da Divisão 53 da American Psychological Associato
ntos
124 Seis intervenções foram incluídas no nível 1, ou seja, na categoria dos tratamene
6
com maior níivel de evidència cientifica (nível 1: works well); a saber: TCC, técnicas
de exposição, modelagem, TCC com pais, psicoeducação do paciente e TCC
combinado com medicação. Um nível abaixo (works), estão
familiar, relaxamento, treinamento de
psicoeducação
assertividade, controle da atenção, TCC
para pais crianças, Storytelling cultural,
e
hipnose e inoculação do estresse (Higa-
McMillan, Francis, Rith-Najarian & Chorpita, 2016). Vale observar que a maioria
dos tratamentos para ansiedade baseados na TCC incluem
habilidades de
psicoeducação,
gerenciamento de
sintomas somáticos, reestruturação
cognitiva,
exposição gradual a situações temidas e planos de prevenção de recaídas
(Kendall, Crawford, Kagan, Furr & Podell, 2017)
Transtornos Disruptivos
Nessa categoria, estão principalmente dois
diagnósticos: Transtorno de
Oposição Desafiante (TOD) e Transtorno de Conduta. As diretrizes do NICE
recomendam inicialmente uma prevenção seletiva, em que se identificam
crianças
em maior risco (baixo rendinmento
escolar, impulsividade, contato dos pais com
a justiça criminal, abuso, baixa escolaridade e baixa
renda familiar) para as quais
são oferecidas intervenções preventivas, como aprendizado emocional em sala de
aula e programas de resolução de problemas.
O segundo ponto discutido nas diretrizes é a avaliação em dois níveis. O
primeiro nível se dá em settings diversos, como os sistemas de saúde em geral
e de assistência social, ambientes educacionais, sistema de justiça, entre outros.
Osegundo nível é uma avaliação abrangente conduzida por um profñssional da
saude mental ou da assistência social, que deve levar em conta fatores como
adrões de comportamento negativista, hostil ou desafiador, seu funcionamento
am casa, na escola, com os amigos, qualidade parental e histórico de algum
Outro problema mental ou fisico. Deve-se investigar também dificuldades de
aprendizado, incapacidades, condições neurodesenvolvimentais como autismo
Ou TDAH, transtornos neurológicos como epilepsia ou comprometimento motor,
Consideragões Finais
O presente capítulo apresentou uma síntese das recomendações baseadas
em evidências de pesquisa oferecidas pelo NICE e pela Divisão 53 da American
Psychological Association sobre os melhores tratamentos psicológicos para
alguns quadros clínicos de crianças e adolescentes. Cabe ao leitor interessado
em implementar essas intervenções se apropriar de cada uma delas em seus
respectivos manuais (livros que descrevem passo a passo Como executá-las). Alm
disso, sugere-se a leitura de compêndios que aprofundam os temas abordados
neste capitulo e descrevem intervenções empiricamente sustentadas para outras
problemáticas (estresse pós-traumático, enurese e encoprese, transtornos
alimentares, automutilação, dependencia química, suicídio etc.). Alguns exemplos
são os seguintes livros:
Em suma,
espera-se que este capítulo tenha
o modelo da Prática impelido o leitor a atuar conro
Baseada em Evidências em Psicologia na e no
126 tratamento de
problemas
de saúde mental de crianças
prevençao
e adolescentes.
6
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128
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EVIiaesion.
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Journal of Clinical Child R& Adolescent
Psychology, 46, 11-43
130
O BRINCAR FUNCIONAL: FORMAS DE CONDUZIR E O
DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES DO TERAPEUTA
ANALITICO-cOMPORTAMENTAL INFANTIL
Oma
metodologia que tem se mostrado eficaz para que a criança produza
Eiatos é o uso da fantasia, de jogos e de desenhos. Dessa maneira, a coleta de
aados de uma
terapia infantil difere muito da realizada na terapia com adultos, já
131
1
Conceito de brincar
Se, por um lado, apresenta-se neste capítulo a possibilidade de utilizar o brincar
com um objetivo terapêutico, o conceito mais utilizado
língua portuguesa para
na
o brincar signinca justamente fazer algo sem qualquer objetivo prático. De acora0
com a definição do Dicionário Aurélio (201), brincar é: "(.) [d]ivertir-se. Entreter-
se com
alguma coisa infantil. Galhofar; gracejar. Agitar maquinalmente. Procede
levianamente. Agitar-se (diz-se das ondas).
Compreendemos então que, de certa forma, usar a brincadeira para obje
psicoteraputico a faria perder uto o
característica mais central, a de ser Trul
sua
espontaneidade e falta de vieses teleológicos. Essa discussão teórica
perae
importancia, no entanto, quando nos do
apoiamos em uma premissa Da
Behaviorismo Radical, a de que todo que
quem se Comporte não saiba
comportamento tem funçao, I
mesmo
prol
dar de seus filhos; no
entanto, sabe-se que essa acaba sendo
Qfante do "brincar de imitar a vida adulta"
uma função
(Papalia, Olds, & Feldman, 2009, p.
a0) De
29 maneira semelhante, quando a criança brinca livremente representando
as atividades diarias da propria rotina, ela tende a
reproduzir o
que vive no
cotidiano.Sendo assim, o presente capítulo apresenta, explicitae defendeo brincar
funcional, o que seria nada mais do que manter, em contexto psicoterapéutico, a
esDontaneidade tipica das brincadeiras que ocorrem fora do consultório, desde
Que o psicólogo saiba conduzire descrever para si próprio as funções que as ações
dos brincantes estao apresentando e como utilizá-las para fins de psicoterapia.
O brincar no desenvolvimento infantil
Acredita-se que o brincar seja uma forma de desenvolver habilidades, ou em
outras palavras, de construir conhecimento. Em várias espécies de mamiteros,
brincar durante os primeiros anos de vida tem valor de sobrevivência. A
brincadeira de se esconder é comurm em diversas culturas pelo mundo (Fernald
&O'Neill,1993), por exemplo. O adulto chama a atenção da criança com gestos
Ou sons exagerados, se esconde atrás de um pano ou das mãos e, em seguida,
reaparece emitindo sons específicos, em geral agudos. Nos primeiros seis meses,
a brincadeira envolve principalmente a tentativa do adulto de chamar a atenção
da criança para o início da brincadeira, o que passa a ser menos necessário com
o passar dos meses, até que por volta de dois anos, o bebê é capaz de iniciar
a brincadeira, se cobrindo ou cobrindo uma boneca (Rome-Flanders, Cronk, &
Gourde,1995)
Papalia, Olds e Feldman (2009) descrevem as mudanças na brincadeira
de se esconder no decorrer dos meses envolvendo cada vez mais respostas
que os filhos
(estimulando a socialização e a expressão de sentimentos), enquanto
pais brincam de forma mais bruta com os filhos do que com as filhas (estimulando
a
competição e a agressividade) (Leaper, Anderson & Sanders, 1998; Leaper&
Smith, 2004). Especificidades de gênero nas brincadeiras entre os
pares também
são comuns nas diversas culturas e, sob uma
perspectiva evolucionista, parecem
promover treino para os
periodos posteriores do desenvolvimento, nos quais
comportamentos adequados para reprodução e sobrevivência daquele gênero
devem ser emitidos (Papalia, Olds, & Feldman,
2009).
Conforme ilustram os exemplos acima, para a
psicologia do desenvolvimento,
o brincar infantil tem como
consequencia a aquisição de competências, desu
as mais básicas, como as
sensoriomotoras (Papalia, Olds & Feldman, 2009), a
as mais
complexas, que envolvem comportamento verbal, como previsa
futuro, descrição de eventos passados, conceitos
matemáticos, planejamelhto
autocontrole e respostas de
cooperação. Embora permeada de explica es
de teor
mentalista, o consumo dessa literatura permite que o sta do
anal
Comportamento compreenda a importância do brincar e, portanto, o dS S S u m a
134
O brincar funcional
AItilização de jogos e
brinquedos na
lerapia
Cantil
Infar (TACI) é relativamente recente. A
relação da criança
Analítico-comportamental
com
enterapia passou por uma evolução desde
o
brinquedo na
psico a
Modificação do Comportamento
inffontil (Krumboltz & Krumboltz, 1977), momento em
que a criança não era
ciderada parte do
processo de
psicoterapia e tratava-se apenas a queixa dos
nais sem contato direto e frequente com a criança
(Gadelha & Menezes, 2004).
Os materiais de
avaliaçao comportamental eram inventários
que avaliavam
comportamentos e sintomas presentes em quadros de ansiedade, depressão,
agressividade e timidez (Watson & Gresham, 1998). O terapeuta trabalhava
com os pais para identiicar os comportamentos-problema da criança e seus
eventos privados não faziam parte da análise da queixa (Conte & Regra, 2000).
Eram também utilizadas práticas experimentais advindas de laboratórios com
objetivo de modiicar os comportamentos-problema da criança (Conte & Regra,
2000). Uma vez que o psicólogo não tinha contato com a criança, não era possivel
avaliar se o relato verbal dos pais a respeito dos filhos correspondia com o que a
criança apresentava em contexto clínico. Assim, a brincadeira estava longe de ser
ferramenta de avaliação e intervenção comportamental, pois a criança nem fazia
parte do processo psicoterapêutico.
No ano de 1960, a Terapia Comportamental Infantil passou a ser um modelo
psicoterápico (Gadelha & Menezes, 2004). A criança tornou-se protagonista
no processo psicoterap utico e seu comportamento começou a ser analisado
dentro da Analise do
brincar não ser precisa
Pear de a definição de brincam (De Rose &
crianças
Compe ento, não se pode negligenciar que as
135
7
136 do
brinquedo é um insu de de
processo de
aprendizagem e brincar é, uma também, possiD
rander novos comportamentos trente a determinados estímulos.
Ao registrar
aabservação do comportamento de
brincar, devemos nos atentar à
descriçãão
camortamental mais precisa possivel. Vale lembrar que, na tentativa de
propor
u formato de utilizaçao da brincadeira ferramenta de trabalho na terapia
como
De maneira geral, brincar livre, sem demanda, pode ser fácil para alguns. Já
o
uma habilidade
brincar funcional como recurso do analista do comportamento é
mais complexa que exige aprendizagem, treino, estudo,
supervisão com
ao universo intantil, dentre outros.
Tudo
terapeutas mais experientes, exposição
ISSO traz mais segurança na atuação
clinica para o uso de qualquer ferramenta
ao longo dos anos de
trabalho.
ludica, formando uma bagagem importante
em fase de avaliação
envolve a
compreendemos que o brincar funcional
ASsim,
em análise,
comportamental da criança
emissão de respostas típicas do repertório
ser usado
de tais respostas, e, também, pode
permitindo ao TACI analisar funções
novo durante a
fase de intervenção'.
Como auxilio na instalação de repertório
fazer vínculo
brincar o psicoterapeuta: 1)
ainos elencar algumas funções do
para
sessões;
voltar para próximas
finalidade de que ela queira
O aCriança com a com situações
aversivas e que,
O
'''** * ''*.
'**
de ordem superior (ou de
classe de comportamento
de Para
do conceito brincar tuncional.
que a Compreensão repertório de
C TACI em formação a generalizar seu
137
d Ordem) auxilie o
Catania (1999)
ler o nono capítulo de
protundamento, sugerimos
1
seja este privado ou público
o,
com o seu ambiente, A) avaliar
a relação da criança a criança a observar .
de avaliaçãoe intervenção
O brincar como método de que estão
iniciantes relatarem a sensaçao
a.
uma criança estiver prestes a se machucar, correndo algum risco, quebrar algum
dexar
material da sala, deve-se avaliar até que ponto é seguro e necessårio
e
a criança livre para explorar o ambiente. A fase de avaliação comportamental
durante
mais intensa primeiras quatro ou cinco sessões, porém está presente
nas
o erelro
todo o processo de psicoterapia, uma vez que estamos sempre avaliando
ur
de intervenções e estratégias de manejo clínico, bem como a manutençao
comportamentos novos.
iais
Nas primeiras sessões, devemos expor a criança a diferentes marer
Situações. O foco é observar como a criança se relaciona com a sala de ateia
com o terapeuta, em detrimento da manipulação de variaveis. u riança
Correspondências entre o repertório comportamental apresentado pela
a m ? E
Alauns exemplos de
comportamentos avaliados são: contato visual
a ser
cam o interiocutor, cumprImento ao chegar para a sessão, verbalmente ou com
ostos deabraço ou beijo no rosto; literalidade; rigidez/flexibilidade;
capacidade
do brincar individualmente e com outros, competindo, ou
cooperando;
maneira
de organização da sala, do jogo, de objetos; desenhos; apropriação do espaço
terapêutico; maneira de sentar-se; verbalizações a respeito da sala; preferências
de atividades e jogos, se experimenta novas brincadeiras. Tudo o que a criança faz
deve ser avaliado e tudo o que há na sala pode ser estímulo discriminativo que
evoca e/ou elicia respostas relevantes para o contexto clínico.
Após afase de avaliação, inicia-se a fase de intervenção. Essa fase é planejada de
maneira a estruturar brincadeiras que permitam que a criança aprenda respostas
alternativas ao comportamento-problema apresentado, como bater, xingar, gritar
chorar, dificuldade de expressar o que está sentindo, burlar regras, dentre outros.
Ao brincar, a criança exibe o comportamento-problema e, através da intervenção e
manejo do terapeuta, aprende respostas alternativas mais adaptadas ao contexto
social. O terapeuta deve ensinar a criança a compreender que o problema não
é sentir as emoções que o contexto elicia, mas como vivencia e expressa essas
emoções no mund0. Assim, aprender maneiras alternativas de expressar as
emoções é um objetivo chave do processo de psicoterapia.
A seguir, estão listadas algumas variáveis que devem ser levadas em
consideração pelo terapeuta para a escolha da atividade lúdica a ser utilizada:
(1) Comportamento alvo selecionado para intervenção e (2) suas possiveis
variáveis controladoras (identificação de antecedente e consequente que
controlam o comportamento da criança): as sessões iniciais com os pais já traz
inúmeras hipóteses sobre variáveis mantenedoras da queixa a serem checadas
nas sessões com a criança. Elencar tais respostas é o primeiro passo para pensa
Em Drincadeiras capazes de evocá-las. E importante também variar os contextos
cOs, de maneira a verificar em quais o comportamento-problema é mais
frequente. Crianças que chegam com diagnóstico psiquiatrico previo ou se e
de regras avaliados.
ter seus repertórios de autocontrole e seguimento
139
Nesse sentido,
qualquer jogo com
estabelecimento de consequências tantoregras pode ser bastante efetivo no
naturais ganhar o jogo quanto
arbitrárias- terapeuta elogiar por ter -
obedecido as regras
comportamento. Outra função de dopreestabelecidas -de
jogo pode ser aproximar a
um
tema aversivo,
por exemplo, utilizar um jogo que contenha a criança de m lire
140
Como a apresentação de uma brincadeira nova ou um livro com tex
Nesses casos,
longos. Nesses
sugere-se o estabelecimento
dade, ou seja, que ela seja sugerida e
da atividade
inserida
do
procedimento fade-in de
de respondentes
habituação de de forma gradual,
desagradaveis e o permitindo
alguma
estimulação motivadora
cuma estimu pareamento da atividade com
Oarincipio
principio de
(personagens,
Premack (Catania, 1999) fantasias, músicas).
também pode ser
nrasentar ao paciente a
possibilidade de engajamento na utilizado: consiste
h
DOssibilidade de se engajar em uma outra
atividade aversiva
nrODor uma caça a ngurinhas
altamente
reforçadora. Pode-
previamente escondidas
accÃo DOsterior envovendo um no
consultório, uma
reforçador de alta magnitude, como uma
n S t ltório para conhecer o extra-
animal de
de a Criança levar um
estimação daterapeuta, ou ainda combinar
brinquedo do consultório
de emprestado,
confiança, responsabilidade, cuidado, entre outros.
o
que gera o ensino
(6) Divisão do tempo da sessão entre
momento em que
uma atividade e momento em
o
terapeuta propõe
que o cliente pode proporo
que será feito: costuma
ser realizada com o intuito de estabelecer uma rotina ao ambiente
iniciando-se geralmente por uma atividade terapêutico,
proposta pelo terapeuta com um
objetivo especiico (que pode ser oralmente explicitado
para a criança, a depender
da função) e finalizar com algo escolhido
pelo cliente. E importante lembrar que
a necessidade dessa divisão (ou mesmo dessa ordem) deve estar relacionada ao
manejo/intervenção em cada caso. Em alguns casos, será necessário desenvolver
a autonomia e a tomada de decisão em
algumas crianças e, em especial, em
adolescentes. Nesse caso, seria maisaconselhável permitir que tenham uma
participação mais ativana escolha das atividades. Já no caso de a
criança apresentar
motivação natural pelas atividades que o terapeuta apresenta, bem como falar
Sobre as queixas relacionadas ao
comportamento-problema, essa divisão não é
necessária.
7) Disponibilidade de recursos (material, tempo, espaço): são diversas as
possibilidades de materiais para o desenvolvimento de brincadeiras. Podemos
ar
jogos, bonecos, massinha, criar atividades aplicadas aos objetivos
peuticos, adaptação de material conforme demanda do cliernte, alteração de
d s ae Jogos para fins específicos modificando a proposta inicial como, por
Entender qu
4ue a análise funcional norteia as nossas intervençóes e guia nossas 141
7
Se o planejamento de ler um
feito,
por vezes, em companhia da própria criança. livro
de habilidades sociais não fizer sentido por.
que vai explorar repertório e a
saber que 0 cachorro está doen
criança chegou ao consultório chorando apos nte
TACI deve ser sensível à demanda trazida, acolher o sofrimento.
nto e
por exemplo, o
redirecionar o andamento da sessão (por exemplo, para tarefas de expressão tde
*****'' '*
2 A porta da fada trata-se de uma pequena portinha de madeira (ou outro material, como i
maginane
exemplo) que é usada pela primeira autora para conectar o mundo real com um mundo a d a
a r a .
sobre algo com que tem dificuldade, que pode ou não fazer parte da queixa, pode compaa a d aq u a n d o
fada
a
alguma situação que viveu. O desenho ou carta da criança são respondidas pelara
142 ela passa para pegar o que as crianças deixam para ela, sem que tenha dia ou hora certa
introduzida na sala de atendimento, funciona como uma possibilidade
da treinar repertório social, falar dos sentimentos e problemas para o
teraveuta de maneira indireta, pois a criança pode escrever e desenhar
nara a fada. A espera pela resposta da fada, que pode ocorrer na sessäão
da semana seguinte ou dali duas ou três semanas, permite também que a
Conclusão
O TACI em formação muitas vezes entra nesse universo lúdico de forma
tão prazerosa, genuina e espontänea alunos que se
que, por vezes, ouvimos de
sentem em dúvida se estão brincando de trabalhar ou trabalhando de brincar.
Nesse momento, torna-se clara nossa conquista de ter contribuido para a
formação de um terapeuta infantil, restando-nos a esperança de que permaneça
em constante busca de aprendizado e aprimoramento de suas habilidades de
brincar funcionalmente.
Este capitulo teve objetivo apresentar inúmeras
como as possibilidades
de criatividade de manejo e intervenção clínica na TACI. Foram apresentadas
sugestões e ideias, sem esgotar de forma alguma a infinita gama de possibilidades
de criação dentro do universo do brincar funcional. É importante o psicoterapeuta,
a partir de seus estudos, supervisões, leituras, experiência clínica, dentre outros,
criar sua própria maneira de trabalhar, sempre considerando que, se há funçã
Comportamental, dentro dos limites éticos, podemos atuar.
Referências
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146
8
TERAPIA DE ACEITAÇÃO E COMPROMISSO:
INTERVENÇÕES COM CRIANÇAS
e intluencia do Comportamo
Comportamentais que facilitem a previsão nento,
a construÇão do mo
Com precisão, escopo e profundidade- por exemplo, nodelo
uma abordagem da pSIcopatologia e
de flexibilidade psicológica como Seu ca
repertório compora
gerador de sofrimento mantido pelo seguimento rígido de regras
(Hayes,
&Wilson, 1999/2012; Hayes, Barnes-Holmes& Roche, 2001).
1 Pera Lumac
8
psicopatologia. linguísticas,
desenvolvimento das habilidades
ARFT afirma que, no período do
relacionar estímulos arbitrariamente, o que rapidamente
S numanos aprendem a
atrav s de um treino de múltiplos
o r n a uma resposta operante generalizada
e emitido)
em que tal operante
CAEmplares (exposição a diversas situações
a o Se
pode confiar em adultos". Ao segui-la,
importantes
O L a t o Com outros contextos, longe
do pai perca oportunidades
-
O mesmo comportament
nto
com um professor gentil que deseja ajuda-lo. humano
que nos permire prosperar enquanto.
to espécie
complexo (de seguimento regras)
de
inflexibilidade psicologica(Luciano &Hayes, 200
2001).
também pode promover
Atenção
Inflexível
Apego ao
Self-conceitual
FIGURA 1.1
A inflexibilidade
psicológica como modelo de psicopatologia
'***
ou seja, um
hexágono de representação da flexibilidadepa
ológica.
Processos de Compromisso e
Ativaço Comportamental
Atenção flexivel ao
momento presente
Aceitação
Valores
Flexibilidade
Psicológica
Desfusão
Ação Comprometida
Self-como-contexto
FiGURA 1.2
Aflexibilidade psicológica como um modelo humano de funcionamento
e mudança comportamental
ambos.
comportamental
seria o repertório
AIDIdade psicológica, assim definida, humano
como um ser
contataro momento presente
O Individuo apto a
desnecessarias. Nessa
defesas
ente, de maneira íntegra, despojando-se de
em que ela se
apresenta,
situação, ele é
Capaz ca de interpretar a situaçãoda maneira
trata-se do gesto
e não do a situação
permite,
no que
quea rapa
p e n t a . Baseando-se
serviço de
valores
escolhidos
a possibilidade
de se engajar em acáar desconfort
comprometem
quando elas
valores. dentro da
abordagem
raz0avelmernte nova da Psicolo
ser uma
Apesar de são contabilizadoc
de redação
deste capitulo, ja
momento
até o
m exDanc
em expansáo (Hayes
o assunto,
numero que segue
randomizados sobre
clínicos estudos empíricos Com cri.
níveis de desenvolvimento.
generalização). Na escola, ele ouve um amigo contar que detesta gatos, porque
um
Nessa situação, os
8ato o arranhou, e que eles são muito piores do que cachorros.
esquiva de Pedro com relação agatos podem
aumentar
Comportamentos de fuga e
de Trequência. Ainda que ele nunca tenha sofrido nenhuma consequencia negativa
histórico de aprendizado verbal relacionado à
Contato direto com um gato, o
experiências.
Com o objetivo de enfraquecer o controle de regras que restringem o
comportamento do sujeito e fortalecer um repertório direcionado a valores (ie.
diferentes formas.
Tais estratégias, se consideradas no contexto daterapia infantil, podem tacia
a fogem
comunicação e oengajamento de crianças e adolescentes, uma vez que rog
do
a um contexto
terapêutico puramente discursivo. A partir dos pressupostos
Contextualismo Funcional, o terapeuta infantil
pode formular a conceitual e de
de caso e entender a
função do repertório do seu cliente, tendo a flexioe
formula
utilizar estratgias já
apresentadas na literatura da ACT, assim como de i
intervenções lúdicas que sejam úteis para cada caso. Para ilustrar esse P
156 discutiremos o campo da desfusão
atlex. Destusao
ponder
de respon a eles como fatos ou realidade (Hayes, Strosahl & Wilson,
vez
em
1)Consideremos, então, que Isabela, de 10 anos, após a separação dos pais,
2012). Consid
depar
com pensamentos constantes de que precisa tomar conta de sua mãe
nlao horrivel vai acontecer a ela. Quando lsabela chora e briga com a mãe para
oua
aie ela não saia ou nao aceita hcar sozinha na casa do pai, podemos dizer que
processo de
reforçamento negativo.
trabalhar com Isabela
terapeuta que compreenda essa dinâmica poderia
Um
e transformar suas
de alterar o Contexto em que aquele pensamento surge
formas
desenhar
de desfusão cognitiva pode ser escrever ou
funções. Uma estratégia
em um quadro branco de
diversas formas. Enquanto iss0,
os pensamentos
pensamento como nuvens no céu, que
terapeuta e cliente vãofalando sobreo
com a criança o comportamento
vão e vêm. Aqui oterapeuta procura modelar
ele pelo que é de fato: somente
de olhar para o pensamento e responder a
evitá-lo ou modificá-lo (conectando-
um pensamento, precisar agir para
sem
a ser considerado no trabalho
se ao campo da aceitação). Outro aspecto
Considerando
a inclusão da familia no processo.
psicoterapêutico com crianças é
costumam ser a parte mais signiticativa do contexto
os pais ou cuidadores
que maioria dos atendimentos.
inclusão é necessária na grande
infantil, sua
comumente abarcados pela terapia
nesse sentido incluem aspectos
Intervenções análise
tradicional, como psicoeducação, orientaçãoe
analitico-comportamental
a problemática
trabalhada pela
Tuncional da dinâmica familiar.
Ao considerarmos seis
os
sobre a importância de
analisar a forma como
CI,e necessário refletir apresentam
psicológica
pelo hexaflex se
trabalhados
5pectos da inflexibilidade Dixon &
Swain, Hancock,
dimbem na família (Coyne, McHugh & Martinez, 2011;,
esquiva experiencial,
.OTenömeno central da ACT a Considerando o contexto
cultural
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Harbinger Publications.
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Using Acceptance and Commitment Overcoming Fear, u
Therapy. New inger Publications.
Analyst, 10
8
161
9
INTRODUÇAO A PSICOTERAPIA ANALÍTICO-
FUNCIONAL COM CRIANÇAS
ao momento
terapeuta-cliente se restringe,
8 obsenve
da terapia,
sendo dificil ou quase impossivel que o
terapeu
e
interaja com o cliente fora da sessão.
164
9
Porem, o que configura como limite
também pode
significativas a partir ser
antre terapeutae cliente, relacionamento íntimo oportunidade
d e m u d a n ç a s
do
s e e s t a l
vivo.
ndizagem ao vivo,
ajudando-o a lidar com
cliente um
setting de
yen adquirir habilidades para o
Wrend
respor
POSaDilidade dos pais ou professores, nem sempre
dos
preparados para a tarefa. no ambiente
presentes
Com prováveis contingências
d
ldentihcação das (desenhos,
historias,
da criança
natural, aP Lr do relato ou da representação
de forma alternativa,
ambém possam
quue tambe ocorrer durante a sessão. Baseando-se nesse critério, o
nfogue analitico-Tuncional concentra-se nos
problemas do mundo exterior que
hm acontecem durante a sessão, 0 que não quer dizer
que não seja possível
dar também com Os que nao ocorrem, como a
enurese, por
exemplo.
A 2plicabilidade desse
aspecto å terapia comportamental infantil
cer bem compreendida, pois oS
precisa
problemas que as crianças apresentam podem
Ocorrer na sessao, tanto de forma direta, no relacionamento
terapeuta-criança,
auanto indireta,na forma como ela se
comporta durante as situações lúdicas
oropostas. Assim, a criança com queixas de agressividade, por exemplo, não
precisa, necessariamente, agredir o terapeuta para que este lide com o problema
(aliás, é mais confortável que isso não ocorra, embora eventualmente possa
acontecer), mas pode demonstrar esse padrão de conduta através de personagens
de histórias, ou de uma situação de brinquedo.
A representação ou a história poderão mostrar ao terapeuta as contingências
que estabeleceram o comportamento agressivo da criança e fornecer uma b0a
oportunidade para investigar sua função atual. Durante esta análise, ele pode,
ainda, levantar junto com a criança as alternativas de comportamento socialmente
mais adaptado do personagem, requerer a emissão de um comportamento mais
COoperativo no jogo, ou discutir as similaridades existentes entre o comportamento
ao personagem da história e o seu, ou do comportamento emitido no jogo com
Omportamento com amigos na escola (Moura & Conte, 1997; Conte & Regra,
a
como subsidios importantes para
2000). Essas informações também servirão
Orlentação aos pais e a outros adultos de interesse.
de crianças
RSeleção e discriminabilidade dos CRBs pelo terapeuta
os
em seu rpertorio pessoal,
dOTacilitadas se ele tiver desenvolvido,
Isso parece obVio pelo
com a criança.
Comp
TOLdmentos-meta que quer atingir nao
criança, mas na pratica
terapeuta ser um adulto e o cliente, uma e
consideradas adequadas
habilidades
nca ter desenvolvido em si mesmo
relaxado,
permanecer
criança, como
Conseguido observar rea
eações
semelhantes na
com derrotas, lidar com 167
saber brincar frustrações,
divertir, saber lidar
com
"de se
cobranças e pressões. Precisa, ainda, ter habilidade para fazer coisas
sas de
crianças gostam, ser flexivel e criativo, e nao ser ansioso em relação à ohtan.
que as
3er
obedecida" pelos adultos de seu ambiente
baixa autoestima e baixo senso de
Cianças podem chegar à terapia com
te olha, te cumprimenta, sorri? Entra sem a mae, ou entra com a mãe e iança
ficar sem ela? Atende às suas instruções ou ignora seus comandos? Fica olhan
ando
e pegando objetos ou andando pela sala? Fala como bebê? Faz auecti
de
colaborar ou de contrariar? E insistente, agitado, com diiculdade de permanerer
necer
sentado? Estabanado, derruba coisas? Preocupado com organização oulimpea
Impaciente, irritável, imediatista? Rói unhas? Mantém mão ou dedos naboca
Recusa experimentar uma brincadeira/atividade que não conhece ou escolhica
170 de
comportamento. Possíveis CRB2s incluem repertórios de comp
9
nressividade emocional positiva,
ssertivo, expressividac
resolução apropriada de
a s S e
Dado
que a
psicoterapia éum processo interacional complexo
172 algumas
Comportamentos multideterminados, Kohlenberg e Tsai (2001) Sugerem
9
ara oo
regras para
comportamento do
terapeuta, que,
reforçadores. A primeira regra segundo eles, seguidas,
esultam em efeitos
os se
para o processo.
Aquintaregracolocada por Kohlenberge Tsai (20o1) enfatizao desenvolvimento
de um repertório de descrição das relações funcionais entre as variáveis
Controladoras e o comportamento da criança, prioritário a uma boa atuação
cientiíficos e
principios FAP permite que os terapeutas infantis apliquem princípios
trabalhem consistentemente dentro da Análise do Comportamento.
sistematizar e
verdade, muito do que Kohlenberge Tsai (2001) Conseguiram
Na
Conceitualizar em relação à prática clínica em terapia
comportamental, já é utilizado
na algum tempo, de outra forma e sob outras bases teóricas, por psicoterapeutas
Oaklander (1980), atuando dentro da
de varias abordagens. Por exemplo,
livro um trabalho psicoterapèutico com
aDordagem gestáltica, descreve em
seu
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behavior in daily life contexts using Functional Analytic Psychotherapy in
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aspectos. In: E. F. M. Silvares (Ed.), Estudos de caso em psicoterapia dinca
177
10
EIS DE INTERVENC ÇÃO TERAPUTICA
PSICOTERAPIA COM CRIANÇAS
NA
carac
racterísticas diferenciais do tratamento nesta fase do desenvolvimento?
Este capítulo
O P r e t e n d e discutir as intervenções verbais queseestadeleLe
um contexto inter a criança. O que o terapetd
Leracional entre o terapeuta e
OU
diz, diante de comportamento, num momen
o
ume t e r m i n a d o
d
interme do proce nível de intervençao deve
Processo? Como decide qual com
focalizar n0 momento? Conteudo,
como a criança
resolve os problemas,
n0
relacionando
com o terapeuta
1ona com as está se
pes ou c o m o
aqui-agora
Oas
179
10
psicoteranA
niveis de interação
descreveu quatro tica, que
al. (1980) discussão do rale
Zaro et
desde a
discussâo do
conteudo ate a
num
lacionamento
evoluem
Considerando que a terapia Ocorre
Contexto de
terapeuta-cliente,
Nesse s e n u d o ,
ODServa
que o comportament
nento do
interpessoal.
relacionamento
e que isso pode ser usado em he
e vice-versa,
cliente afeta o do terapeuta
de mudança.
do processo
(1987), apresentaram uma prone
Alguns anos depois, Kohlenberg
e Isai
posta
intervenei.
teórico e praticO na mesma direço, a
sistematizada do ponto de vista
a unctional Analytic Psychathar
erapy
baseada na análise da relação terap utica:
"se o cliente emite o comportamento
problemático
(FAP). Tal proposta supõe que
esta guarda uma similaridade
dentro do contexto da relação
terap utica e porque
sua vida diária" (Braga
& Vandenberghe, 2006, D.200
funcional com o ambiente de
na relacão
trouxe o cliente para a terapia aparecerá
Ou seja, o problema que
assim as "variáveis
trabalhado ao viv0, Colocando
terapêutica, podendo ser
plano.
inespecificas" em primeiro
Conte (1997) analisaram com0 a proposta
Exatos 1o anos depois, Moura e
utilizada na prática clínica com crianças
de Kohlenberg e Tsai poderia ser
Mas considerando que as divisões e as definições dos níveis de intervenção
são úteis didaticamente aos terapeutas,
apresentados por Zaro et al. (1980)
tem como objetivo fazer uma
principalmente aos terapeutas infantis, este capítulo
Estar consciente
releitura desses níveis, no contexto da psicoterapia de crianças.
dos niveis de interação terapêutica que podem se estabelecer torna o terapeuta
mais capaz de avaliar e decidir quando e como responder de forma mais complexd
ao seu cliente.
que esta acontecendo na vida do cliente, o que ele faz, pensa e sente,
amento ele adota
que desencadeou problema e
o
que tipo de recurso de enfretamen
USualmente.
nção eficiente
Toco no conteúdo permite ao terapeuta a obtengdo e
informações
texto
sobre Contex
comportamentos especificos, reações,
e nivel
Oisequencias produzidas no ambiente fisico
180 e social. Entretan com o Conteudo
nportantes. No recorte acima, a terapeuta pôde perceber que a criança "não fazia
eia da inadequação da frequência e intensidade de suas respostas emocionas
as
situações corriqueiras de sua vida.
aro et al. (1980) afirmam que a urgência para entender os acontecimentoS e
*Oma como o cliente lidou com eles para, assim, fornecer respostas uteis que
promo
nudanças rápidas, pode aumentar a probabilidade de que o terapeuta
intervenha no nível do conteúdo.
Para
Para compreender o problema a partir de uma perspectiva diferente é
padrões portamentais
compor de seu pequeno cliente se repetem, o terapeuta
cld
181
10
Terapeuta continua: Bem, eu acho que neste caso, trés coisas aconteceram:
cair da bicicleta, estolar o pé e chorar muito. E esta última coisa parece
que não resolveu as duas primeiras, não é mesmo?
como
resposta aceitável em uma situação de queda de bicicleta, ela ?Uum
apenas conn8uid
choro escandaloso e dramático" uito"
A
(como definido pela mäe), como "chOrE
Opçao focar no padrão repetitivo de
e ando
comportamento da criança, eviuc
O modo como ela
reage aos
problemas e que no produz resultado ereuvO.
Na verdade, produz sim! Esta arte
mesmo com
182
as
punições (broncas, castigos) que recebe em seguida. Mas,
em se8
nivel de
abordagem, o terapeuta utiliza uma Como bas
informação ou um
rela
10
sobre um problema mais amplo. A
palamte resposta emocional
eprovavelme. aceauência de
deticit nos um exacerbada
arablemas e entrentament0, que ela ja repertórios de
autonomia,
deveria
dos adultos de seu convivic como apresentar, por isso
a
interpret
Outro exemplo:
inadequada para sua idade'.
* * * * **
Consciente dos problemas que devem ser focados, assim como dos degraus
a serem galgados com o cliente rumo às respostas-alvo, ou seja, das respostas
do cliente
Terceiro nível: estilo de relacionamento interpessoal observa
como um palco para
pode ser visto as
psicoterapêutico afuma que
O Zaro et.al. (1980)
OO O Cliente se relaciona com outras
pessoas.
relacionamento
de
tratamento,
carateristicas "terape
euta-paciente"
presentes
num
típicas
entre as pessoas.
interações
fazem-no diferente, sob vários
CLe,
aspectos, das
real de como seu
pequeno
muito 183
Apesar disso, serdpossivel obter uma
amostra
10
******* '****
da forma como a
terapeuta falou no "chororô", ela pode reforçar essa resposta
essa
no sentido do e z em
enfrentamento: "Isso! Oue tal a gente rir dos
quando? Pode funcionar! Vamos problemas,
Intervir
tentar?
nesse nível é gram
184 em torn0
particularmente útil para crianças cujos p
da forma como se relacionam socialmente, Com adutos, quan
tanto co
10
crianças. lal com ilustrado no ultimo exemplo, a
relação terapêutica
com outras
ssibilita observar
diretaou indiretamente o estilo interpessoal
einalizando
cliente, sinaliz uma alternativa na
airegao oposta, que
problemático do
pode ser treinadla no
momento, no calor(ou frescor!).da situação.
ett al.
Zaro (1980) ahrma que a vantagem em intervir nesse nível é que ele
al. (1980).
dá
acondicões de corrigir oS pontos cegos relativos à maneira pela aualaoo
ac
cliente ateta
outras pessoas. Por exemplo:
***'**** '*'
****
Gireção desejada. Importante ressaltar, que a terapeuta avisa que sua intervenção
na0 será agradável. Essa é uma tática que facilita a aceitação da confrontação,
pOIs a terapeuta mostra que se importa, e é seu papel apontar as "partes chatas
esse for o caso, espere uma sessão a mais e, quando for se arriscar, use a tática de
ao comportamento
do 185
NeConhecer suas reações pessoais
10
Aavaliação de sua própria reação emocional poderá ser o ponto de partida para
que o terapeuta formule uma resposta ao cliente. No recorte acima, entendenao
que a "choradeira inassertiva" se relaciona à falta de repertório de entrentamen
e admitindo que esse comportamento o frustre e o aborreça da mesma ror
c r i a n ç a
0 irrn
ar
preguiçoso e manipulador, melhor n
narecer
eria terapeutico apoiar intervenção sobre tais
da a
sso. Nãoseria
0derá
interação, pode usá-los para analisar e intervir no nivel da
relaço terapêutica.
No mesmo exemplo, ainda dentro da intervenção nesse nivel a tor
consegue falar o que quer na boa, sem chorar e lá na escola não? O que
relaçao terapel
Proprio estilo característico e s e u s problemas pessoais na r e c o m e n d a - s e
a
utilização
O de
mesm0 Contece com o terapeuta. Por e s s a razão, cuidadosas.
Apesar
afoitamente
suas
proprias
187
atribuir direção
de na
respostas idiossir
pecam
muitos
SSincráticas a seus
clientes,
10
'*** ***** *
Referências
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&
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U
189
10
tamento
comportame
e o processo terapeutico das crianças em diferentes níveis. nara
Lacianamento
que o relac
com seus pequenos Cientes
produza aprendizagem de
dutivos para ambos.
repertorios
Referências
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189
11
O
CONTATO COM ESCOLAS-
OBJETIVOs, LIMITES E CUIDADOS
dma que
necessidade dos pais, ou de outros profissionais/especialistasuma
criança. Por exemplo,
u e também já estão acompanhando
a
lança com alteração na linguagem oral, pode já ser assistida por um profiSSiOnai
da audiologia, escolares pode
ter o
4, asSim como outra com questões
acom Dessa torma,
ao
ompanhamento comp
" Complementar de um(a)
psicopedagogo(a).
19
iniciarmos rabalho, é parte fundamental
do processo estabelecer
contato
11
o Cliente, VIsando compreende.
com a rede de profissionais que acompanha
motivo do encaminhamento, como eles tem atuado e qual o escopo seu
Por
exposição a este ai
exemplo, se considerarmos o caso de um aluno des
que apresenta au
academicas, ou ainda, um diagnóstico da
confirmado de Dislexia; a depe der
queixae da complexidadedo quadro, faz-se necessário co-construir, com arios
192
participantes da rede, possíveis adaptações que permitirão que
este
ou
apoios que per
11
Aar
aluno seja melh aComodado ao ambiente escolar., E necessário
que esta decisão
mbém seja compartilh mnartilhada com o cliente e sua
familia, para que
tanmoe discutida e adaptada pela escola.
na
sequência
possa
ser
Podemos considerar também
um
do cenário, no qual o cliente apresenta dificuldade na
Nes cas0, novamente é
socialização com
seus colegas. importante que a parceria da rede esteja
bem actohelecida, para consideraro quanto a escola pode contribuir (seja com
ances
nterve mais diretas, ou
observações distância)
å
para ampliar os modelos
ncitivos de interação que oferecerá å criança e seus pares.
O contato inicial com a equipe escolar pode ser teito em diferentes
momentos.
Fm determinados contextos, sugere-se que ocorra
começo do processoologo no
Comportamen
OContrário
não é evidenciado no âmbito escolar. Também pode
ocorrer
CIDora
buscou
llustremos Co O caso de Marina, uma menina de 9 anos, cuja famila 193
terapia
terapia participativa
d esCOla alegava que a criança estava arredia, pouco
11
ola e uma segunda versão, mais extensa, para compartilhar com os especialistas
escolae
e médicos que eventualmente vennam a acompanhar o caso. Sugere-se, ainda,
aue o clínico hque atento para não divulgar informações contidas nos relatórios
elaborados por si ou por outros profissionais que avaliaram o cliente, caso esse
compartilhamento tenha sido negado por parte dos familiares.
A periodicidade com que se entrará em contato com a escola varia de caso a
caso. E importante salientar que, por mais que a criança não apresente questões
relacionadas ao desempenho acadèmico ou a comportamentos indesejados
na escola, importante manter um contato telefônico de tempos em tempos,
associado a alguns encontros presenciais por ano.
Entretanto, em casos em que a escola está diretamente relacionada à queixa,
o Contato com ela deve acontecer de forma mais frequente, uma vez que parte
das metas terapêuticas envolve esse ambiente físico e social. Vejamos, por
exemplo, o caso 2: Felipe é encaminhado para a terapia a pedido da escola, com
o consentimento dos pais. A escola relata que o cliente tem apresentado um
transtorno de ansiedade de separação, não conseguindo frequentar a escola
todos os dias da semana, nem durantetodooperíodo escolar
Nesse casO, o clínico precisará estabelecer um contato frequente com a escola
nao precisa ocorrer na mesma frequéncia que nos exemplos anteriores, pois as
prioritárias devem acontecer no ambiente familiar. Já nos cacoc1e2,
sn
&Macedo, 2009).
ldnte dessa confirmacão diagnóstica, a analista do comportament
pode as reuniões com a coordenação escolar, reforçando
as areas
de
dl
Tagilidade cognitiva e comportamental confirmadas pela avaliaao
com a
para, na c
sequënd
iCia, estabelecer novas metas terapêuticas (em conjunto
nstruir, colaborativame
dIvamente, estratégias que
diminuirão
19/
11
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201
12
TRABALHO INTERDISCIPLINAR NO
ATENDIMENTO ACRIANÇAS
influenciarao na
d a o fisica-cognitiva e emocional, säo estímulos que
NowakowsK et
a e cerebrale no neurodesenvolvimento (Palkhivala,2010; historico
conta seu
criança, deve-se sempre levar em
. SSim, ao avaliar a
de vida e, diferente perante seu
expectativa
ci estágio da vida,
Cada ter uma
estarao
capacidades so
omportarmento emd
Emocional e físico uma vez que algumas
senvolvidas em estágio de desenvolvimento pos
203
12
citar a capacidadoe
peculiaridades de cada idade, podemos
Como exemplo das
esperados para essa habilidada
manter-se atento a atividades. Os parametros
de
maneira ate os seis anos é normal que
geral, a
De uma
variam conforme a idade.
muito curto, com
inumeras interrupções de suas
criança tenha um tempo de foco
adulto para organizar a tarefa a ser realizada
atividades e a necessidade de um
aumentando, até o momento
vai ficando mais velha, essa capacidade vai
Quando minutos em uma atividade
se manter focada por mais de 30
em que ela consiga
como estudar (Hood, 1995
Johnson, 1990). Caso
a principio, pouco motivadora,
não sejam levadas em conta,
é muito provável que um diagnóstico
tais diferenças
(TDAH) seja
incorreto de de Déficit de Atenção e Hiperatividade
Transtorno
um desempenho
atencional adequado
atribuido a uma criança que apresente
mais novas dentro de
Estudos já evidenciaram que crianças
para sua faixa etária.
dezembro em comparação com as
uma mesma série escolar, como
as nascidas em
e do desenvolvimento socioemocional.
Vale ressaltar que transitar por esses campos é bem diferente de possli
204
12
interdisciplinar: conceitose
Equipes multie
desdobranmentos práticos
aneuta analitico-comportamental 8eralmente trabalha com equipes de
O terapeuta anali
nutricion
e Dsiquiatras). Na clinica intantil, essa
é também comum prática
nonte recomendada, tendo em vista que a criança está no início do seu
rocesso de desenvolvimento, com funcionamentos neuronal e motor, assim
como padrõe comportamentais, altamente flexíveis (Papalia, Olds, &Feldman,
2009)
Dentro das ciências da aüde, são utilizados vários termos para se referir ao
trabalho conjunto de profDssionais provenientes de diferentes áreas. São descritos
a seguir os conceitos de multidisciplinaridade e interdisciplinaridade, e, ao final
desta seção, será explicitado por que o ütimo termo foi o escolhido pelas autoras
como o mais adequado nos cuidados da saúde mental da criança.
Multidisciplinaridade é um termo utilizado para se referir ao conjunto de
disciplinas estudadas de maneira paralela, ou seja, cada profissional contribui
com seu conhecimento para o caso em questão a partir dos conhecimentos da
sua disciplina de origem (Choi & Pak, 2006). Metaforicamente, podemos imaginar
uma colcha de retalhos, cuja composição contém um pedacinho de pano de cada
rOnssional. E uma abordagem bastante comum em contextos ambulatoriais, nos
quais cada especialista contribui com aquilo que lIhe compete, não havendo uma
uma a
OTmuiaça0 do caso comum entre eles. As análises vão sendo somadas,
na,e comumente há um líder (em geral, médico) que as aglutina e decide quais
responder a com
omandos realizados
gestos para com
comportamento
certamente
analista do
Comandos vert , psicólogo
Enquanto o
205
12
que, quando o comando não vocal estiver bem estabelecido, o vocal seja inserido
no repertório.
das abordagens muli e
Nota-se que os efeitos no curso do tratamento
sao
interdisciplinar são bastante diversos: em uma, interpretações dialéticas
seria o tratamento
posSIveis e há uma escolha por um dos profissionais sobre qual
mais adequado. Em outra, a necessidade de formular um caso e de tomar decis0E
denue
profissionais a elaborarem uma formulação sintética
em conjunto obriga os
as diferentes interpretações
gem
AS autoras do presente capítulo defendem prioriza a abordag
a linha que
OS
trazer
infantil. Nela, cada profissional poderá
interdisciplinar na clinica
e s em equipe
Conhecimentos específicos de sua área, que, a partir das discussOES
alinhados
serão
com todos osprofissionais envolvidos almente no caso, a gerar
206
12
Transtornos do neurodesenvolvimento
intep
ntegração sensorial, aco
a , a c o m p a n h a m e n t o com psiquiatra da infância e adolescência
elou neuropediatra.
207
12
comorbidades, como
transtornoS ansiosos.
assim como para a abordagem de
entre outros. Quando necessaria, a medicação
transtorno depressivo, TDAH,
assim, traz melhores condições para
ajuda a melhorar o bem-estar do paciente
e,
tratamentos implementadoS
que ele responda aos
estratégias compensatórias.
Para todos os indivíduos, o distúrbio especíñico de aprendizagem pode
produzir prejuízos ao longo da vida em atividades dependentes das habilidades,
uindo o desempenho ocupacional (American Psychiatric Association, 2013). O
lagnostico é baseado em uma síntese da história médica, de desenvolvimento
Além dos três quadros descritos acima, vários outros também podem ser
citados. Entre eles, estão:
210
através do aumento de atividades relaxantes e naturalmente praze
12
acadêmicaci
.E
fundamental a compreens o de que o organismo funciona como um odo
e
que comportamento é multideterminado e, portanto, pode ter sua etialoinem
diferentes pontos de um continuum dos tres niveis de seleção (Tourinho, 2012)
O convite de um novo profissional ao cas0, acontecera se o terapeuta
ampliará o repertório da criança, de uma forma que o lACI não alcançaria com
suas ferramentas, ou não faria com tanta maestria ou na mesma velocidade
ou ainda epigenéticos
biológicos (Peruzzolo, Estivalet, Mildner, & Silveira, 2014),
etc.)
(nutricionais, funcionamento digestivo e excretor, exposição patógenos
a
montar uma
r equipe para um caso especico. Por exemplo, a frequência.
uma eq
de
e
d e sofr
grau de sofrimento do cliente
determinada área da sua vida
em
magnituo
como a dicão
condiçãc financeira da familia tambem influenciam no convite de um ou
profissionais para compor a equipe concomitantemente, ou se é necessário
mais
neuronal funcionando
suficientemente para que consequencias
PSa
Suas Xue, & Belluzzi, 1993).
respostas tenham função reforçadora (Stein,
escop0, pouca
valorizaça0
Conclusão
As autoras concluem que o interdisciplinar na clínica infantil é
atendimento
A analisede
da raso
determinará qual e a
equipe a ser
recrutada, levando
taOs auadros quue
usualmente demandam a
entrada de vários
Cucto/benefício
profissionais, o custo/be da entrada de cada um deles e
a disponibilidade e
abertura que eles apresentam para o trabalho interdisciplinar.
c iníimeras dificuldades do trabalho interdisciplinar,
Enti
podemos destacar a
faltade anscientização da importancia dessa abordagem, atalta de
disponibilidade
profissionais e a "disputa" em relação ao grau de
dos importäncia do papel de cada
prohissional para decidir quem vai orientar o melhor caminho
As autoras exortam oS analistas do
a ser
seguido.
comportamento sair
dessa "briga de
a
Enire" interprofissional, assim como a ter o cuidado de identificar
quais casos são
mais complexos exigiro uma dedicação maior fora do período de
e
atendimento.
Mesmo quando a equipe ainda não funciona de forma
com todo o seu conhecimento acerca da
integrada, é papel do TACI,
humano e do pragmatismo tipico do
multideterminação do comportamento
Behaviorismo Radical, ignorar as
ego' e continuar convidando os profissionais da "brigas de
e voltada
equipe a ter uma postura diferente
para o bem-estar da criança em atendimento.
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217
13
ANÁLISE UNCIONAL DE INTERVENÇÕES COM PAIS
ORIENTAÇÃO OUTREINAMENTO?
qualquer "causa" contempla uma complexa rede de influëncias dos três níveis da
selecão filogênese, ontogênese e cultura (Skinner, 1953). Ainda assim, os paistêm
papel fundamental na aprendizageme no desenvolvimento da criança, por serem
usualmente as principais figuras de apego e afeto (Troutman, 2015), pelo poder
decisório sobre muitos aspectos da vida da criança e pela torma como interagem,
evocando, reforçando e sendo modelo de padrões de comportamento (Leiten,
Gardner, Melendez-Torres, Knerr & Overbeek, 2018). Todos esses aspectos vão ao
encontro do sentido skinneriano do papel da família como agência controladora
(Skinner, 1953).
Comportamentos-alvo da criança
Partiremos neste capítulodaterminologiae classificação doscomportamentos
alvo da criança, propostas por Forehand e McMahon (2003): "comportamentos
OK" e "comportamentos não OK". Segundo os autores, comportamentos
não OK são aqueles que deveriam diminuir de frequência e comportamentos
OK são todos os outros, que poderiam ou deveriam acontecer em maio
de
(e.g. e
uETestringe os comportamentos-alvo a partir de padrões opostos imbuidos
são osdéfic
axcessos, respectivamente numa e noutra classe, que podem
prejuz
aos seus relacionamentos e ao desenvolvimento em diversas
trazer
ca, intelectual, interpessoal,
esteras,
como a atetiva,
intrapessoal e moral.
sentido, algumas classes de comportamentos OK da criança podem
Nesse
e ter relação com transtornos mentais na infäncia, como por exemplo o uso de
tablets e celulares (Twenge & Campbell, 2018).
Por fim, modiicando a definição original de Forehand e McMahon (2003),
caracterizaremos, neste capitulo, os comportamentos OK e não OK a partir de
uma análise da triplice contingência, e não apenas da resposta da criança. Por
xemplo, ao invés de "desobedecer aos pais" ser um comportamento não OK, ele
seria definido como (a) características do comando dado pelos pais (antecedente)
(0) o desobedecer (resposta) e (c) como os pais lidam com a desobediència
(consequências). Ou seja, toda a contingência deveria acontecer menos, e não só
a resposta de bater da criança. Assim, o critério de aumento ou diminuição de
principalmen
4Inodificação de ciclos
coercitivos de interação queintensiicam
ComportO ame S
de criança "disruptivos" (Patterson, Reid & Disthion, 2002).
Na terapia
que mantem
a acomodação familiar
problemas de ansiedade,
opadrão S e r i a o alvo principal
da intervenção
com pais (Lebowitz, 221
13
Marin, Martino, Shimshoni & SIlverman, 2019).Já para criancas
as respostas da criança. e
COnpoamentos que auxiliam na resolução de problemas e na tOa
ac
2014). Em nivel privado, isso equivale ao que usualmente chamamos(Baum, 1994
994)
diante
deduzir, imaginar, analisar, formular hipóteses e assim por ntos
da
actáo se comportando de forma a alterar a probabilidade de agirem
Criança,e s t ã o
são
ntes os comportamentOs abertos dos pais de buscar e obter
p r e c o r r e n t e
223
13
TABELA 1
Estimulos discriminativos, respostas dos pais e consequências na
prática parental de arranjar contingências
**
.
Estímulos
discriminativos Respostas Consequências
Pais arranjam
Produtos dos Sd's contingências Produção de mudanças
produzidos por temporárias e/ temporárias ou prolongadas
comportamentos Ou prolongadas no no ambiente fisico e/ou social
precorrentes dos pais ambiente físico e/ou da criança
social da criança;
inclui
Os exemplos listados na Tabela 1 ilustram que arranjar continge 0S
am
um grande conjunto de implementação de decisöes dos pa's que
224
compor
nentos das crianças. O primeiro efeito 13
mais óbvio sobre a
os limites de suaação dentro das
oennir
utras
spalavras, certos comportamentos da possibilidades
arranjadas criança é o de
pelos pais. Em
adicionalmente, outros criança só são
, possíveis
de
O arranjode comportamentos tornam-se
contingências é uma
devido a ess
Sse
7
vez ue são os
parte
pais que tem o maior poderimportante das impossíveis.
práticas parentais, uma
de decisão
davida dos filhos. A escolha da sobre
IdoS, alimentos, passeiOs,
escola, dos horários de
Viagens e encontros sãoatividades, dos tipos de
macrocontingências
nem. em última instancia, O alguns exemplos aue
que caracteriza e o
vida da criança. que não
caracteriza o tipo de
Esse erupo de práticas parentais inclui também 0
da dia a dia com a
criança. Isso
arranjo de microcontingências
acontece quando
concorrentes e/ou pais afastam estímulos
aproximam estimulos que
estabelecem
Comportamento esperado. Apagar as luzes e a ocasião
para um
hora de dormir, por desligar a TV
momentos antes da
exemplo, retira estimulos concorrentes com os
a
resposta de ir para a que evocariam
cama, ao
passo que
à cama
poderia evocar a resposta da
disponibilizar livros infantis próximo
criança de deitar-se e ler,
pois, da resposta
subsequente de dormir. aproximando-se,
Modihcar operações
motivadoras também é um arranjo de
Mcainnis, Houchins-Jua'rez, McDaniel & Kennedy,
contingèncias (e.g.,
provavel um
2010), tornando mais ou menos
comportamento ao estabelecer ou abolir,
rerorçador das consequências respectivamente, o valor
que ele produz.A duração do intervalo que acriança
d sem
comer, por exemplo, pode alterar a
probabilidade de ela aceitar a salada
Ogo. duração do intervalo
A
que ela fica sem atenção pode impactar na
PODaDilidade de chamar a atencão dos pais de formas não OK,
porm aitamente
eficientes,ar que também sujeitas apunições. Aprivação de comida, bebida,
Sono; a Osição prolongada:a estimulação auditiva e visual (como ao assistir à
ftTV; a escassez de estímulos (que chamariamos de tédio); a restrição de espaçoo
icoead privação de interação social são exemplos de operações motivadoras que
alteram esta uos emocionais (como no caso da irritabilidade) e a probabilidade
de
inclui tambem
mportamentos
a forma com ao OK. Dessa forma, o arranjo de contingências
motivadoras do comportamento
Ca criança. que O pais manejam operações
O arranjo infaliveimente, o
microcontingências
não determina, 225
nacro e impossivel,
fisicamente possivel ou
Comportamen Criança; somente o torna
13
provável. AS Contingencias arranjadas pelos pais Dodem .
razer
mais ou menos
soluções, mas também problemas e desatios. Na intervenção com pais, o clínico
nao a respostas não OK da criança. Diante disso, há duas saídas possiveis pard
criança. Na primeira, ela responde de forma OK e com isso se esquiva da situaga
nao
de forma
aversiva(reforçamento negativo). segunda,
Na a criança responde omo
226
13
TABELA 2
TABEL
Análisede ntingências de práticas parentais na
itivo, reforçamento
excessos no
de
interação com a criança:
reforçamento de respostas OK
respostas não OKe déficits no
Padrão de Antecedentes
dos pais
Respostas Consequencias dos pais
contingências da criança
1. OK da
1. Estímulos
1.
reforço negativo (esquiva
1.Ciclo coercitivo criança de punição)
aversivos (Sav)
1e 2.
punição positiva e
1e2.não negativa
2. Excessos no OK da 1e 2.
reforçamento de
retorço positivo
2. Excesso de Sd mais
não OK
criança provável, em maior
magnitude, duraçãooe
contiguidade
3. Déficits no
3. reforço
reforçamento de 3. Poucos Sd 3. OK da positivo menos
OK
provável, em menor
criança magnitude e duração e
pouco contíguo
Chamamos esse
padrão de "ciclo
coercitivo" porque pais e
Como
estimulação aversiva um para o outro e as criança funcionam
Ora
reforçadas negativamente. A ações ambos são ora punidas,
de
228
13
magnitude e duracão
e menos contiguas as
respostas OK do que às respostas
ianCa. Além disso, a topogratia novamente
OKda cr
não pode ser importante para
funcionar com amo consequência reforçadora. Por exemplo, elogios vagos como
muito bem, parabéns", comentários com críticas embutidas, como "gostei, mas
ar Qlle VOCê não faz assim sempre: ou ditos de forma mecänica, sem entonacão
ole sem contato visual podem nao reforçar coisa alguma e até mesmo ser
VOcal e
mportamentos pr
e conselhos, precorrentes, como relatar, ouvir as informações,
tentem
analises
seguir as 231
dzer Suas próprias análises. Caso os pais
13
c o m o suplementaçao verbal evocando
o respost:
orientações, elas funcionariam
com o conteudo orientado. Mas há nouCo
comportamentos OK.
o role-playing é uma técnica bastante utilizada e que poderia trazer, com
limitações, o acesso direto ás habilidades parentais dentro da sessão. É referida
usualmente, como uma oportunidade de os pais praticarem as habilidades em
sessão simulando, como clínico, a interação com a criança (Thompson & Laver
Bradubury, 2013). O role-playing é sugerido em manuais de intervenção com
pais, mas nem sempre combinado com feedback, modelação e/ou modelagem
(Del Prette, 2017). De fato, o role-playing permite ao clíinico a observação do
desempenho dos pais em uma situação simulada, porem, como não há acesso
à interação pais-criança, não seria uma intervenção sobre o comportamento dos
pais (incluindo antecedentes, respostas e consequências naturais providas pela
criança), mas sobre as respostas que apresentam na sessão.
Entre os quatro manuais de intervenção com pais, analisados por Del Prette
(2017), as estratégias de avaliação e intervenção de três deles corresponderiam,
mais apropriadamente, à definição de orientação de pais presente nos manuaS
"Defiant children: A clinician's manual for assessment and parente training'" (Barkey,
1996), "Incredible Years" (Webster-Stratton & Reid, 2012) e "New Forest Pareting
Programme" (Thompson &Laver-Bradubury, 2013). No programa de Barkley (199,
a principal
estratégia de ensino é a apresentação e discussão do conteúdo como
pais, que recebem tarefas de casa entre as sessões, sendo o role-playing op
e, segundoo autor,dispensável. Em Webster-Stratton e Reid (2012), as sessoessa
compostas de aproximadamente 25% de videomodelação, 15% de ensino diaa
0as habilidades propostas e 60% de discussões e apoio ao grupo (ct. Forehan
Laver
& McMahon, 2003). Por fim, as sessões do programa de Thompsone
ém
da P
Bradubury (2013), acontecem da família e na presença
na casa craii
a pariCipa somente dos instantes finais de um quinto das ses>
feedback na
Treinamento parental
sobre a interaçao
a
principal de avalh ldao. As intervenções
do clínico
acontecem
(como
antecedentes
das
ais-criançaae
Ções dos
POdem incluir: dar
instruções e
empatizar
modelo
discordar;
analisare dar feeaback 235
descrever: aprovar:
e
13
daS açoes dos pais). As intervencäoe
es
contínuoe imediato (como consequëncias
modelar novas respostaS dos pais, que produzan
am
evocar e
do clinico visam
da criança e, por sua vez, também reforcem
m
mudanças imediatas na resposta
tarefas de casa são utilizadas como forrma
naturalmente as mudanças dos pais. As
consultorio e para outras situações, de
de promover a generalização, para fora do
sessão.
aprendizagem que já se iniciou
na
uma
na seçao anterior são
As três classes de práticas parentais apresentadas
Abikoff et al.,
2015), maior a Sonuga-Barke et al., 2013 e ensaio clinicoude
234 da Análise do
Comportamento
consistênciateórica de suas propostas
em
relação à definição de comorerere cial
comportamento -alvo
13
d o s pais, as estrategias ae intervençao e as formas de avaliacão dos
e d
criança
da
r e s u l t a d o s .
Dos quatro manuais analisadoS por Del Prette (2017), a intervenção
snualizada no Helping the Non-Compliant Child (Forehand & McMahon, 2003) foi
maior
tamanho de efeito (ct. Abikoff et al, 2015), sendo a única construída
tar
de
a
ace somente
$omente na abord.
abordagem comportamental, cujas estratégias de avaliação
combase
e
intervenção
eran compatíveis com a definição de treinamento parental que
propusemos neste capítulo.
três classes de práticas parentais. Uma vez que a interação pais-criança acontece
diante de seus olhos, os resultados da intervenção sobre essa interação acontecem
na própria sessão e não apenas fora desta. O
Considerações finais
Buscamos descrever, neste capitulo, os aspectos que consideramos relevantes
em uma intervenção clínica com os pais, considerando resultados de pesquisa e
05 principios da Análise do Comportamento. A análise apresentada não esgota
2s possibilidades, contudo abrange os principais aspectos relacionados aos três
a análise
proprio clinico. Em todos os pontos abordados em nosso capitulo,
existentes
TUncional é considerada um guia para a sistematização das informações
na lteratura e como base para as propostas e definições sugeridas.
neste capítulo possam ser
que algumas das hipóteses sugeridas
ESperamos
c o d e estudos futuros e que ampliem a análise de
Del Prette (2017) para outros
Mesmo que haja outros programas disponiveis, alem dos aqui mencionados
veroa (cf.
ransmitidapelo grupo, de geração em geração, via comportamento
Daum, 1994).
Assim, sessões semanais com a criança e esporádicas co pais,
Daseadas da
em
estratégias de orientação, caracterizariam uma prática Cui
psicoterapia infantil (até mesmo independentemente da abordagem) no DBrasil.
236
13
Entendemc
e tanto a
pesquisa quanto a pratica clínica
ainda têm
camiinho a
ava ancar e, certamente, um desatio pela frente: um
Referências
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Reflexão e Critica, 14(1), 107-117.
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13
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240
14
O ATENDIMENTO DE FAMÍLIAS:
FAMILIA PRA QUE TE QUERO
Mensagem à Familia
Na educação de nossos filhos
Todo exagero é negativo.
Responda-lhe, não o instrua.
Proteja-o, não o cubra
Ajude-o, não o substitua.
Abrigue-o, não o esconda.
Ame-o, não o idolatre.
Acompanhe-o, não o leve.
Mostre-lhe o perigo, não o atemorize.
Inclua-o, não o isole.
Alimente suas esperanças, não as descarte.
Não exija que seja o melhor, peça-lhe para ser bom e dê exemplo.
Não o mime em demasia, rodeie-o de amor.
Não o mande estudar, prepare-lhe um dlima de estudo.
Não fabrique um castelo para ele, vivam todos com naturalidade.
Não Ihe ensine a ser, seja vocë como quer que ele seja.
Não lhe dedique a vida,vivam todos.
Lembre-se de que seu filho não o escuta, ele o olha.
E, jinalmente, quando a qaiola do canário se quebrar, não compre outra...
Ensina-lhea viver sem portas.
Eugênia Puebla
241
14
por vezes, podem estar produzindo e/ou mantendo os problemas dos quais
reclamam. Conforme Marinotti (2012), o trabalho de orientação aos pais é parte
integrante do processo clinico com a criança; todavia essa orientação pode não
ser suhciente para obter as mudanças desejadas. Nesses casos, uma alternativa
a ser considerada, com base na análise dos dados obtidos e na compreensão do
A família e
aterapia familiar
A importäncia de intervir nas relações familiares reside no fato de a familia ser
o primeiro meio social da criança. E nesse ambiente que ela aprende os
primen
O e mais variados repertôrios comportamentais. Também é nesse ambiente que
isso se dá no contexto
a maneira familiar
E mportante,
portanto, pela qual os integrantes da familia
pois isto estabelecem
elações entre si,
si, pois isto influenciará em como cada um se
sistema familiar e no
comportamento da criança
comporta dentro do
peranteo mundo.
Ac definições do que seria uma familia costumam ser raras, talvez porque a
dli ralidade de
plur contormaçóes pOsSIveis seja muito vasta, no
muitas vezes, um elo comum
que pOSsa ser
se
encontrando,
extraido da essëncia do
familia' conceito
Minuchin, Lee e Simon (2008)
apresentam a seguinte definição para a família:
Uma familia é
grupo de pessoas, conectadas por
um
emoção e/ou sangue,
que viveu tempo suficiente para ter
desenvolvido padrões de interação e
histórias que justificam explicam esses
e
padrões de interação. Em suas
interações padronizadas entre si, os membros familiares
constroem uns aos
Outros. Essa
construção complementar nateia familiar de transações é tanto
uma boa como uma má novidade (p. 52).
ES$a
dehinição nos pareceu bastante abrangente
ponto de
e
pode ser considerado
partida
abordarmos que tipo de
para
relações deveriam ser
IEmpladas em uma relação
reterindo a um modelo terapêutica familiar. Dessa forma, não estamos nos
sacia
D e c o r r ê n c i a
dessa proposição e que quando se observa um
entrelaçamento
lqiuém obtém vantagens e outro as
perde, estaremos identificando
em
umar
má relação soCial, que tende a se desintegrar. Por exemplo, um homem que
prar um carro novo para si e faz a familia economizar, alegando falta de
Quer
terapia
niliar:
an identinicar objetivos comuns, em que todoS
permaneçam satisfeitos por
iuntos e localizar em que tipos de relações esse valor não está acontecendo.
estar
Orientações ao terapeuta
A seguir, serão mencionadas sugestoes ao trabalho do terapeuta familiar.
Provavelmente algumas delas serão óbvias para determinados leitores, mesmo
assim, é válido relembrá-las. O ambiente fisico da terapia deve ter espaço
Suficiente para acomodar a família com conforto, considerando número de
assentos, iluminação, circulação do ar. E interessante o terapeuta ter lenço de
papel acessiível, água, materiais gráficos, brinquedos e jogos e é importante, em
aiguns casos, haver espaço suficiente para que as pessoas não tenham alcance
umas as outras, quando acomodadas.
O terapeuta pode determinar a duração da sessão, mas a literatura recomenda
podend
PEnder seu julgamento para membros dafamília que
vivem contingências
Semelhantes às suas (Banaco, 2008). Por exemplo, umterapeuta que seja pai e
finanças da sua própria casa, pode empatizar
.dexpressivamente com as
mais facilmente com mãe que seja o arrimo dafamilia. Por
Com as reclamações de uma
outro lado,ETapeuta
um que tenha boa parte de
suas necessidades
atendidas
pelo financiamen
EntO de outros membros da familia pode
entender mais facilmente
reca
a redamaçä irmaos.
e direitos de um filho que esteja sendo sustentado pelos
245
14
Sendo assim, é importante que, tanto um terapeuta que atenda uma familia
sozinho, quanto os coterapeutas que atendam em conjunto, estejam sempre
dispostos a revisar suas interpretações acerca das dinamicas familiares. o
autoconhecimento e a auto-observação do terapeuta são requeridos para facilitar
a identiicação dos efeitos que as falas e as ações dos membros do grupo familiar
Si. Alem disso, servem para auxiliá-lo a identihcar se, ao aliar-se a um
dos integrantes ou a um subsistema familiar, a sua condução está norteada por
uma racional clinica, ou se está se aliando a essa pessoa por compartilhar ou ainda
por discordar dos valores que estão sendo impostos a quem ele (a) se aliou.
As descrições do que éobservado pelo analista do comportamento devem ser
isentas dejulgamentos morais prévios. Devem também evidenciar Os antecedentes
e as consequências produzidas por determinadas respostas. O intuito deste
procedimento é ajudar os integrantes da familia a aprimorar seu repertório de
identificação e expressão das emoções, dos pensamentos, de resolução de
conflitos, de realização de pedidos e de identificação das variáveis que controlam
o responder dos seus membros.
Nas sessões, o idealé que o terapeuta privilegie as interações entre os membros
da família, em vez de centralizar o trabalho em sua interação com cada um dos
integrantes. Dessa maneira, poderá presenciar como os membros se relacionam e
auxiliar no aprimoramento de habilidades interpessoais. Outra tarefa terapêutica
é identificar os comportamentos-alvo quando eles ocorrem na sessão para que
sejam consequenciados o mais próximo possível de sua emissão. Por exemplo,
durante um relato de umasituação em sessão familiar, a filha dirá diretamente aos
pais como se sente (em vez de dizer isso ao terapeuta na frente dos pais). Assim,
ela emitirá em sessão terapêutica a classe de respostas que se pretende levar para
fora da sessão. Nesse momento, pode ser feita a notação da mudança ocorrida
pelo psicólogo, o que pode ter um efeito reforçador nesse entrelaçamento.
O conteúdo do discurso verbal é adjacente e auxiliar na compreensão do caso.
A observação das interações entre os membros do grupo familiar é que serão mais
importantes. O terapeuta deve estar atento a como ocorre o relato, o contexto
no qual é apresentado, a expressão emocional do falante e dos ouvintes, as
interações originadas a partir do que foi dito e a identificação do que está sendo
dito para além das palavras - por exemplo, com autocliticos do tipo entonaça
seremr e a l z a d a s
os integrantes da
da família respeitando seus valores morais, éticos e religiosos.
c o adequado é se abaixar ao interagir com ela; ser sucinto, claro e
Com crianças, o
separadamente dos pais. Para a sessão tamiliar, devem ser resguardados os temas
que atingem as contingências
de todos.
E, por fim, recomenda-se observar, incentivar e permitir que os membros
da familia busquem alternativas para lidar com uma situação problema, tendo
sempre em vista, como sentido norteador, o objetivo do grupo. Por outro lado,
o comportamento do psicólogo de elencar diversas soluções para uma situação
pode ser considerado uma conduta de pouco efeito terapêutico, por soarem
como recomendações. Rodrigues, Lima, Zamignani et al. (2014) citam estudos
0e autores de diferentes abordagens psicológicas que encontraram evidências
248
14
Primeiro
Passo
Segundo Passo Terceiro Passo Quarto Passo
Buscar
compreender, A partir dos
principalmente, dados obtidos
Como a
e das análises
Identificar, com ontogênese e a
os integrantes funcionais acerca
cultura podem
das relações
da familia e ter favorecido
por meio da
familiares, definir
Ampliar a a instalação
quais serão os
unidade de observação de regras e
análise. Em clínica, as comportamentos
Proposta autorregras e, de melhora e as
de vez de focar variáveis possivelmente,
adaptação na situação0 das quaiso intervenções que
deixado o
para comportamento indivíduo possivelmente
problema serão apropriadas
termos Ou em um é função e insensível às
ao caso.
da terapia que podem
integrante, contingências
analitico levantar Contribuir para a atuais. ldentificar
comporta- dados acerca manutenção de valores em Identificar os
mental das relações um repertório amplas classes de gatilhos" que
familiares problemático respostas. podem levar a um
estabelecidas. para a relação
Identificar
encadeamento de
familiar ganhos não comportamentos
dos membros da
relatados para o
Tamilia de maneira
Comportamento-
que conduzam
queixa em todos
a sotrimento
Os envolvidos
familiar.
no episódio
analisado.
FiGURA
Adapt
2o08) açãodo resumo
O do mapa do mapa em quatro passos de Minuchin, Lee & Simon
249
14
disposiçao um arcabouço teórico e
tem à sua
O analista do comportamento utilizado, contribui com o bem-
prática, e ao ser
sustenta a sua
tecnológico que dessa
vivendo em grupos. O profissional
pode fazer uso
estar dos indivíduos
à familia. A seguir, serão apresentadas
tecnologia quando o trabalho dirigido
é
intervenções.
algumas possibilidades gerais de
do caso é o instrumento
A hipótese funcional estabelecida na formulação
de diagnóstico e
empregado analista do comportamento para realizaçaão
pelo
de partida para o planejamento
avaliação do processo terapêutico, sendo o ponto
e acompanhamento das intervenções (Nery & Fonseca, 2018). Pode ser também,
1m2aneir'a
planejad para ensinar um repertório específico durante a sessão
Delitti e Derdyk relatam que: "A partir de modelação e ensaios
oèutica.
oêutica.
oortamento
to de observar a si e aos outros, analisar e descrever contingências,
melhoram os valores de
O fortalecimento das interações afetivas,
Vi0aeo PEILOrio Comportamental das pessoas ali envolvidas. Entatizar o vinculo
entreos pais e filhos, conforme dito por Sidman (1989/2o09) é uma maneira de
ajudar filhos a tere
os
feliz, sem sentir que precisam
vida produtiva
azer algo Oa terem uma e
é um
PELIalpara obter amor e proteção. Além disso, proporcionar
ambiente
dasabemno qual se sintam seguros e que, mesmo que façam algo de errado,
ainda saberm que terão 251
proteçãoe afeto.
14
Camo citado em outros momentos neste texto, o terapeuta deve n
Comportar em direção aos seus valores. Brandão (2008) entende que elucidar
valores e compromissos dos clientes em agir em função das metas estabeleciaa
e uma maneira didática de iniciar as sessões. Ter claros os valores de uma famild
da teoria dos
quadros relacionais (RFT -
Relational Frame
, a
Theory), a compic
compreender
e revelar S,
as molduras estabelecidas relacão
na familiar Em outras paia
Sucintamente, revela como o controle verbal excessivo e as relações estau
252
14
rária
d em a n e i r aa r b i t r á r i a , Dodem intluenciar na manutenção de um repertório limitado,
xível e
insensível
Contingências de reforçamento.
p o u c o
Consideraçóes finais
Fste capítulo destinou-se a identihcar algumas situações que podem
nroduzir mudanças nas relações familiares, que, por sua vez, podem afetar
consideravelmente o comportamento de crianças. Habilidades de orientação
parental são suhcientes para a condução de diversos processos terapêuticos
infantis, mas, por vezes, encontram-se, nas próprias relações familiares a origem
dos problemas enfrentados e vivenciados por crianças. Cabe ao
terapeuta
identihcar se e quando as orientações serão suficientes
processo e quando um
teraputico mais robusto deve ser conduzido para a solução dos problemas
trazidos à clínica.
Mudanças em condições estruturais de vida - tais como entrada e/ou saída
0t aguem no convívio familiar costumam produzir grande influência sobre
aS
relações sociais da criança, demandando que o processo de adaptação seja
I a o de maneira segura e coerete. O processo deve ser conduzido de
d
ue todos na família possam se beneficiar das mudanças perseguidas
s indicações da formulação comportamental. O terapeuta deve considerar
terum
um problema" e não apenas "ter uma criança que vinha sendo considerada
problemática'.
Foram t a d a s as propostas de adaptação
descritas por Minuchin et
al. (2008)
enos analítico-comportamentais, de
forma a ser seguido pelo
atobrasendiquemento
llar
encontrar na literatura citada abaixo
e o leitor poderá
Outras
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Analitico-Comportamental em Grupo. ESETec Editores Associados, 61-91
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Sugestões de leitura
Kohlenberg & I s a i , M. (2001). Psicoterapia analitica funcional: Criando relaçoes
Kerbauy). ESElec.
terapêuticas ensas e curativas. (trad. organizada por R.R.
256