Conhecimento Declarativo No Futebol: 1. Introdução
Conhecimento Declarativo No Futebol: 1. Introdução
Conhecimento Declarativo No Futebol: 1. Introdução
INTRODUÇÃO
Nos Jogos Desportivos Colectivos (JDC), o processo que leva à formação dos jovens
é bastante complexo, fazendo interagir variados factores: tácticos, técnicos, físicos e
psicológicos (Tavares, 1993).
O Futebol, como desporto integrante dos JDC, tem uma estrutura funcional que
assenta, predominantemente, na relação cooperação/oposição, estabelecida entre colegas
e adversários (Moreno, 1984; Tavares, 1993; Garganta & Pinto, 1995; Mesquita, 1998).
Devido ao elevado número de acções de jogo imprevisíveis (Konzag, 1984; D'
Ottavio & Tranquilli, 1993), e à diversidade de estratégias para atingir os objectivos, torna-se
difícil, nesta modalidade, definir correctamente qual ou quais as variáveis mais importantes a
estudar para conhecer as razões conducentes ao sucesso ou insucesso (Bauer & Ueberle,
1988; Marques, 1990).
No entanto, é comummente aceite que os atletas, para agirem adequadamente,
devem conhecer a modalidade que praticam, gerindo e valorizando as informações mais
pertinentes, para que as decisões a tomar sejam as mais ajustadas. Ou seja, os atletas têm
que saber o que fazer, para depois eleger o como fazer, utilizando a resposta motora mais
adequada (Alves, 1990; Garganta & Pinto, 1995), o que significa que sem conhecer a
essência do jogo e dos princípios tácticos, não se pode aproveitar, na sua plenitude, a
qualidade técnica (Read & Davis, 1992).
Segundo Konzag (1990), durante o processo de preparação desportiva dos jovens
atletas de JDC é fundamental realizar uma formação centrada nos pressupostos cognitivos.
A investigação sustenta que a capacidade cognitiva (selecção de resposta e tomada de
decisão) e a capacidade de execução são imprescindíveis para a optimização do
rendimento (Rink et al. 1996a).
A este respeito, Tenenbaum & Bar-Eli (1993) referem que todas as actividades
desportivas envolvem, de alguma forma, o processo cognitivo, o qual por sua vez implica a
qualidade da tomada de decisão do atleta.
Têm sido salientados por diversos autores (French & Thomas, 1987; McPherson,
1994; Thomas, 1994; Thomas & Thomas, 1994; Gréhaigne & Godbout, 1995; Pinto, 1995)
dois tipos de conhecimento como importantes para a performance desportiva: o
conhecimento declarativo e o conhecimento processual.
1.2 Objectivos
1.3 Hipóteses
Diversos autores (Konzag, 1992; Gréhaigne & Godbout, 1995; Pinto, 1995; Sisto &
Greco, 1995; Rodrigues, 1998) efectuaram estudos sobre um aspecto de primordial
importância nos JDC em geral, que é o de indagar a importância dos aspectos cognitivos na
performance dos atletas.
Assim, antes de estudarmos os meios e métodos pedagógicos que têm em vista
potencializar o processo ensino-aprendizagem, é fundamental perceber como se aprende,
qual o nível de conhecimentos e capacidades (Godinho, 1998), para que se possa
estabelecer uma relação entre a "zona de desenvolvimento actual" e a "zona do próximo
desenvolvimento" dos sujeitos (Bento, 1987).
O praticante, ao adquirir informações de forma consciente, pode orientar-se mais
correctamente durante o jogo e manifestar mais êxito nas acções tácticas (Tavares, 1995),
garantindo a adequação da solução ao contexto. Isto significa tomar a decisão correcta, no
momento oportuno. Para tal é necessário que o jogador, ao olhar, veja o que é realmente
importante, o que só pode acontecer se ele souber valorizar o essencial em detrimento do
acessório, tendo para isso que possuir um vasto conhecimento da modalidade que pratica.
Ou seja, sem uma adequada leitura de jogo, não há lugar a um trabalho positivo, pois a
incorrecção da análise feita reflecte-se definitivamente na didáctica do jogo (Ferreira &
Queiroz, 1982).
Havendo, da parte do jogador, uma correcta percepção do que é importante, isso vai
reflectir-se na sua qualidade de decisão, a qual é também condicionada pelas possibilidades
de resposta que o jogador/atleta se sente capaz de executar. Ele vai eleger de entre as
várias soluções possíveis, aquela que, no seu entender, mais se adequa à situação em
apreço, tendo, no entanto, em conta as suas possibilidades/capacidades de execução.
A tomada de decisão é, na opinião de vários autores (Rippol, 1987; Temprado, 1989;
Tavares, 1993; Alves & Araújo, 1996), uma das mais importantes capacidades dos atletas e,
em muitos casos, a responsável pelas diferenças inter- individuais do rendimento. Esta
tomada de decisão origina, por parte dos atletas, a execução de um determinado gesto
técnico, onde a qualidade da resposta motora decorre, em larga medida da justeza das
fases que a precederam, havendo aqui como que uma fusão do conhecimento declarativo
com o processual. No entanto, Thomas (1994) considera que a existência de conhecimento
declarativo não garante, por si só, a excelência na modalidade, sendo também uma
afirmação válida se nos referirmos ao conhecimento processual (French & Thomas, 1987;
Thomas, 1994).
Garganta (1995) considera que a organização das equipas deve fazer com que se
transformem a seu favor acontecimentos de jogo cuja frequência, ordem cronológica e
complexidade, não possam ser previstos antecipadamente.
O ensino do futebol
"Ensinar através do jogo, é já ponto assente para a
abordagem da problemática da iniciação aos Desportos
Colectivos."
(Araújo, 1983)
Segundo Garganta (1995), os JDC têm sido ao longo dos tempos ensinados das
mais variadas formas, de acordo com diferentes perspectivas, sobre qual ou quais os
aspectos a privilegiar.
Diversos autores criticam algumas formas de abordagem dos JDC pelo facto de
nelas se empregar muito tempo no ensino da técnica, e pouco ou nenhum no ensino do jogo
propriamente dito (Read & Davis,1992; Santesmases, 1998). Outros há que consideram
necessário, para um correcto desenvolvimento, a existência de uma unidade entre formação
técnica e táctica (Manno et al., 1993), sendo importante que a primeira tenha em
consideração as exigências da segunda (Manno et al., 1993 a).
Um executante é confrontado com dois tipos de problemas: seleccionar a resposta
adequada à situação que se lhe depara, para o que necessita de conhecimento táctico, e
execução dessa mesma resposta, para o que necessita de competência e conhecimento
técnico (Garganta, 1997; Mesquita, 1998).
Saber qual a melhor forma de iniciar a abordagem às práticas desportivas nos JDC,
é a questão que vários autores têm colocado nos últimos anos (Konzag, 1984; Noguera,
1984; Greco, 1988; McPherson & French, 1991; Konzag, 1990; Konzag, 1992; Sisto &
Greco, 1995; Uriondo & Santos, 1995; Santesmases, 1998).
No entendimento de Araújo (1983), Alves (1990), Gréhaigne (1992), Read & Devis
(1992), Garganta & Pinto (1995), Graça (1995) e Garganta (1995, 1997), a aprendizagem
dos jogos desportivos deve evoluir da táctica para a técnica, ou seja, do para quê para o
quê. O esquema da figura 1 ilustra a importância da táctica, na aprendizagem, treino e
avaliação dos JDC.
Estratégia-Táctica
Situação
Resultado
O ensino do Futebol é efectuado nas escolas e nos clubes. Uns e outros são
instituições com características e dimensões próprias que não se opõem, antes se
complementam (Coelho, 1988), até porque, tanto num como noutro local, ocupam-se com
as mesmas pessoas jovens (Bento, 1991).
A Escola deve ser um local de formação integral, permitindo desenvolver todas as
capacidades e potencialidades dos jovens que a frequentam (Guterman, 1999). Nesta
formação integral deve estar implícito o ensino do futebol. No entanto, o futebol na Escola é
visto de duas formas completamente antagónicas.
Na opinião de Garganta & Pinto (1985), o futebol, é visto por uns, como a
modalidade que os alunos já praticam nos intervalos ou no exterior (clubes), abdicando de a
integrar na programação; outros "futebolizam" as aulas de Educação Física, deixando no
entanto que os alunos joguem sem orientação, abdicando o Professor do seu papel de
agente de ensino.
Com o surgir, de há uns anos a esta parte, do Desporto Escolar (DE), o futebol
ganhou o seu espaço na Escola, sendo presentemente, ao nível nacional, a modalidade que
possui maior número de praticantes.
Para além da Escola, o Futebol também é ensinado/aprendido nos clubes, e,
segundo Bento (1991) não há justificação para que o jovem na escola e no clube não seja
tratado, incentivado e educado de acordo com os mesmos princípios gerais e pedagógico-
-didáticos, porque é o mesmo jovem, a mesma pessoa, num sítio e no outro.
pela sua complexidade, não são compatíveis com o processo natural de desenvolvimento
das crianças (Ferreira, 1983).
Ser treinador implica dirigir indivíduos e grupos com o objectivo básico de influenciar
favoravelmente o seu progresso e desenvolvimento. Por isso, o treinador deve dispôr de um
conjunto de capacidades e competências sem as quais não alcançará a eficácia.
Neste contexto impõe-se um elevado conhecimento do conteúdo da matéria de
ensino e treino, nomeadamente no domínio táctico-técnico. Mas, para além disso, ser
treinador exige também a existência de uma filosofia de acção que englobe e oriente toda a
sua actividade (Araújo, 1995).
Os treinadores, ao serem responsáveis por um processo de formação, terão que
conhecer muito bem a modalidade desportiva, e tudo o que se refere ao desenvolvimento
biológico, motor, psicológico e social do indivíduo, sendo capazes de gerir e integrar estes
dados na preparação desportiva dos jovens praticantes (Mesquita, 1997).
No entender de Pinto (1991), ser-se treinador é compreender, identificar e encontrar
as soluções adequadas à especificidade de cada realidade/equipa.
Terão os treinadores dos nossos jovens estas qualidades?
Na opinião de Pereira (1996), no que ao futebol federado se refere, a maioria dos
treinadores dos escalões jovens não dispõe de um corpo de conhecimentos e conteúdos
definido que lhes permita transmiti-los correcta e convenientemente aos seus jogadores.
Na ex- RFA, segundo Curado (1982), um alto responsável do futebol alemão,
quando questionado sobre as razões de exigir alta qualificação dos treinadores, respondeu
que se os jogadores eram bons, não podia permitir que fossem treinados por entusiastas
não qualificados. Talvez seja importante reflectir sobre o que nos diz Nunes (1995), quando
refere não devermos estudar só os atletas, mas também os treinadores. Se do ponto de
vista "físico" já parece haver um certo cuidado na qualidade do treino, no que se refere aos
aspectos cognitivos, muito há ainda a fazer para que o processo de formação do jovem
jogador seja adaptado às suas características.
Araújo (1995) sublinha a importância da qualidade e quantidade do treino, pois em
seu entender, constituindo o jogo uma situação muito complexa e exigente, só estarão
preparados para o enfrentar os jogadores que treinam atendendo a esses padrões de
complexidade.
Nos últimos anos o centro das atenções dirigiu-se para as questões tácticas (Greco
& Chagas, 1992). No entanto, no futebol ainda são poucos os estudos que focalizam a sua
atenção no tratamento das variáveis de carácter táctico (Garganta 1996).
A táctica é o elemento central nos jogos de oposição (Araújo, 1983; Konzag, 1985;
Aguilà et al. 1990; Alves, 1990; Greco & Chagas, 1992; Aguilà & Pereira, 1993; Riera,
1995a; Sisto & Greco, 1995; Moya, 1996), sendo considerada por Bayer (1994), como
conteúdo principal para o ensino dos JDC, pois o jogador em qualquer situação de jogo, tem
de saber o que fazer (decisão táctica), antes de eleger o como fazer (decisão técnica),
seleccionando e utilizando a resposta motora mais adequada (Aguilà et al., 1990; Alves,
1990; Aguilà & Pereira, 1993; Badin, 1993; Garganta & Pinto, 1995; Castelo, 1998;
Mesquita, 1998).
Tendo em conta os pressupostos anteriores, para Garganta (1997) é importante
ensinar e treinar as técnicas do Futebol a partir do jogo, em oposição ao ensino e treino do
jogo a partir das técnicas. O modelo da figura 2 é, na perspectiva de Bunker & Thorpe
(1982), o que melhor sintetiza a abordagem à aprendizagem do jogo.
1
Jogo
2 6
Capacidade táctica Habilidade motora
Decisões :
3 O que fazer?
Como fazer? 5
4
Fig. 2 - Cadeia acontecimental do comportamento táctico-técnico do jogador no jogo ( Bunker & Thorpe,
1982).
1983; Konzag, 1985; Queiroz, 1986; Mahlo, 1990; Badin, 1993; Garganta & Pinto, 1995;
Garganta, 1997; Garganta, 1998).
Queiroz (1986), ao tipificar os grupos de estudiosos do fenómeno futebolístico,
sublinha que, enquanto para uns o jogo é a soma de funções técnicas e tácticas parciais
cujo domínio (parcelar) permite atingir o êxito global, para outros (nos quais ele se inclui) o
jogo não pode ser separado nas suas várias componentes. Ou seja, a indivisibilidade das
componentes deve constituir-se como o princípio e via fundamental da metodologia do treino
(Ferreira, 1983), uma vez que, treinando separadamente os diferentes elementos, estes não
induzem automaticamente uma transferência do efeito de treino para o jogo (Tavares, 1993;
Moya, 1996; Garganta, 1997).
A permanente realização de acções tácticas coloca grandes exigências ao nível do
sistema perceptivo, cognitivo e motor dos jogadores (Tavares & Vicente, 1991). Importa,
pois, desenvolver nestes, uma disponibilidade motora e mental que ultrapasse a simples
mecanização de gestos e se centre na aquisição e assimilação de regras de acção e
princípios de gestão do espaço de jogo (Garganta, 1995). Por isso, no entendimento de
Knapp (1979) e Teodorescu (1994), o raciocínio táctico confere conteúdo táctico aos
procedimentos técnicos.
No plano prático, a táctica e a técnica são indissociáveis, estando as habilidades
técnicas sempre em relação com as apreciações (leituras) e as escolhas efectuadas pelos
jogadores (Gréhaigne, 1992). Deveremos, pois, centrar-nos, ao nível do ensino, na
valorização e na optimização da capacidade e habilidade táctica (Araújo, 1988). Segundo
Moya (1996), estas devem ser entendidas .como a utilização inteligente da técnica, ou seja,
no momento adequado executar o gesto correcto de entre o nosso vasto reportório.
A técnica e a táctica constituem uma unidade, condicionando-se e influenciando-se
reciprocamente, exigindo do atleta uma actuação inteligente para as usar de acordo com a
necessidade do momento (Aguilà et al., 1990; Araújo, 1995, Balasch, 1998). Assumir a
execução de uma técnica em condições analíticas não garante a sua realização bem
sucedida nas acções do jogo (Aguilà et al., 1990; Bonaventure, 1995; Garganta, 1997). Por
isso Brettscheneider (1990), cit. por Garganta (1997), usa a expressão, capacidade de jogo,
para melhor definir aquilo que ele entende como fundamental nos jogadores, i.é., a
capacidade de comunicar e interagir com os outros no jogo.
Diversos investigadores procuraram definir qual o modelo de ensino ideal.
Read & Devis (1992) e Garganta (1997) sustentam que, praticantes sujeitos à
aplicação do modelo técnico de ensino dos jogos desportivos, revelam poder de iniciativa
limitado e um escasso conhecimento do jogo, pois existe pouca transferência da
aprendizagem técnica para a situação real de jogo. Garganta, no mesmo trabalho,
complementa esta ideia ao afirmar que um jogador considerado bom tecnicamente sem a
oposição de adversários, poderá não o ser quando colocado em situação de jogo, com
oposição.
Táctica e técnica devem estar interligadas na iniciação, já que se complementam
(Almond, 1997). É pois fundamental iniciar-se a aprendizagem, valorizando estes aspectos,
ou seja, toda a acção técnica deve ter um fim táctico, quando não torna-se inconsequente.
A verdadeira dimensão da técnica repousa então, na sua utilidade para servir a
inteligência e a capacidade de decisão táctica dos jogadores e das equipas no jogo (Aguillà,
et al., 1990; Garganta & Pinto, 1995). Executar uma determinada acção, implica que, para
além da correcção da acção propriamente dita, ela também seja usada no momento ideal,
quando não, perderá toda a sua importância (Moreno, 1984; Balasch, 1998).
No entendimento de vários autores (Rippol, 1987; Tavares, 1993; Uriondo & Santos,
1995; Alves & Araújo, 1996; Graham et al., 1996; Araújo, 1997), a tomada de decisão no
desporto adquire grande importância, sendo considerada uma acção eminentemente táctica
(Olivera & Ticó, 1992) e uma das mais importantes capacidades do atleta, sendo, em muitos
casos, responsável pelas diferenças inter individuais de rendimento.
Nos JDC em geral, e no Futebol em particular, o elevado número de jogadores
presentes e a infinidade de acções e decisões possíveis tornam a tomada de decisão
bastante complexa (Konzag, 1985; Greco, 1989).
Segundo Tenenbaum & Bar-Eli (1993), alguns estudos indiciam os melhores atletas
como sendo capazes de utilizar a informação do meio envolvente, tendo em vista melhorar a
sua antecipação perceptiva.
Quando se inicia o ensino de qualquer modalidade colectiva, o praticante deve
desenvolver aptidões de decisão (Ferreira, 1983; Graça 1995; Tavares, 1995).
No entendimento de Alves & Araújo (1996), a qualidade de decisão do atleta está
ligada ao seu conhecimento declarativo e conhecimento processual específicos, às suas
capacidades cognitivas e à competência na sua utilização.
Segundo McGown (1991) e Tavares (1993), os jovens não processam informação de
forma ilimitada, revelando dificuldades em seleccionar e concentrar-se no que é relevante,
dificuldades essas relacionadas sobretudo com as etapas de identificação e selecção da
resposta (Nougier, 1992). No entanto, Gréhaigne & Godbout (1995) consideram que se o
praticante automatizar os seus processos de decisão, isto é, se reconhecer o que é
relevante em cada situação, o mesmo reduz substancialmente o tempo relativo à tomada de
decisão. Para agir no jogo, o praticante deve possuir uma imagem mental sobre o que ele
privilegia no jogo, sendo os desportos onde as situações são mais complexas, aqueles que
fazem um maior apelo às capacidades de decisão do praticante (Manno et al., 1993).
O ensino do Futebol deve, pois, visar a capacitação de jogadores inteligentes,
tornando-os aptos para actuar e tomar decisões em função da leitura das diferentes
situações que o jogo lhes oferece.
A velocidade a que o jogo se desenrola actualmente, implica que a decisão sobre
aquilo que vai executar seja tomada antes ou durante a recepção da bola (Castelo, 1994),
ou seja, a velocidade no futebol deixa de ser entendida como a capacidade de executar
acções motoras no mais breve espaço de tempo, para passar a ser uma capacidade de
adequação da velocidade à tarefa a realizar (Garganta, 1999).
O futebolista moderno deve possuir correspondência entre a velocidade física e
mental, tem de decidir bem e depressa. Nos momentos fulcrais, quem toma as decisões
correctas é o indivíduo mais inteligente e com melhor conhecimento táctico (Riera, 1995a).
Nos JDC a dificuldade de manter os níveis de performance evidenciados nos
exercícios complexos (exercitação dos elementos técnico-tácticos em situação controlada),
nas situações de aplicação (transferência para o jogo) e no próprio jogo, tem preocupado
tanto investigadores como especialistas do terreno (Mesquita, 1996). É, pois, nesta
eleger a melhor opção, entre as várias possibilidades que se lhe deparam (Csanadi, 1982;
Ferreira, 1983; Jacques & Michel, 1984; Uriondo, 1998).
Segundo Rubio & Campo (1992), não devemos centrar a nossa atenção apenas na
fase final do movimento, "isto é, na resposta muscular", esquecendo a fase inicial "o
estímulo", que possibilita essa resposta, e que, no caso concreto do futebol, é
fundamentalmente visual. Se esta for deficiente, condiciona negativamente a capacidade de
resposta das acções a desenvolver (Garganta, 1999).
Alves (1990) e Tavares (1995) dizem-nos que, nos JDC, a actividade motora do
jogador exige que ele seja capaz de efectuar um processamento de informações visuais
com o objectivo de analisar e interpretar a situação e de executar a resposta com o máximo
de precisão.
A execução de um gesto técnico em futebol deve privilegiar a interacção com o
envolvimento (Riera, 1995a), isto é, deve ser o resultado do reconhecimento por parte do
jogador, das informações visuais propioceptivas e cognitivas (Jacques, & Michel, 1984;
Moya, 1996), pelo que é fundamental o atleta seja colocado perante situações que o
ensinem a "ver" para melhor elaborar as suas decisões (Mariot, 1993).
Uma adequada leitura de jogo permite que um jogador, mesmo sendo mais lento do
que outro do ponto de vista neuro-muscular, possa "chegar primeiro" pois "antecipou" a
resposta (Garganta, 1997).
Segundo Rippol (1987) e Tavares & Vicente (1991), as informações visuais
sustentam a formação de um pensamento táctico que visa permitir a identificação dos
problemas e de entre o conjunto de soluções possíveis escolher, aquela que é mais
apropriada para a acção em curso. No entender de Barreto (1991), significa que perante os
problemas reais que o jogo levanta, os praticantes têm de saber ler as situações, e tomar
decisões em função do que percepcionam.
O desempenho dos jogadores depende, pois, dos aspectos relacionados com a
leitura de jogo e tomada de decisão (Tavares, 1995), devendo privilegiar-se o
desenvolvimento da actividade perceptiva dos jogadores, para que identificando no jogo as
suas variáveis, seleccionem a que melhor se adequa à decisão que entendem dever tomar
(Graça, 1995).
Na figura 3, Uriondo (1998) apresenta-nos um esquema da importância da visão de
jogo, e de todos os componentes que ela abarca.
Visão de jogo
Capacidade
visual
Conhecimento táctico
Correcta orientação
Ataque
Visão periférica
Defesa
Colectivo
Atenção
Individual
É ainda Uriundo (1998) quem afirma que um futebolista eficaz deverá aplicar os seus
conhecimentos tácticos no menor tempo possível. Esta afirmação vem sobrevalorizar a
importância da leitura e velocidade de jogo dos atletas, a qual segundo Garganta (1999),
deve ser vista como uma grandeza táctico-técnica, perceptiva e informacional, podendo
designar-se por velocidade de realização.
Mahlo (1980), a partir de estudos efectuados em basquetebol, sustenta as hipóteses
de que os jogadores experientes, quando comparados com os menos experientes: (i)
apresentam um sistema perceptivo mais aperfeiçoado para reproduzir a organização do
jogo; (ii) descodificam mais profundamente a informação.
Ripoll (1987) confirma a validade desta afirmação, mostrando-nos as diferenças
fundamentais no processamento de informação visual entre atletas principiantes e
experientes (Quadro 1).
Da leitura deste quadro, podemos inferir que os atletas experientes possuem ao nível
do processamento de informação visual, capacidades, que posteriormente se irão reflectir
positivamente nos aspectos relacionados com a qualidade e prontidão das decisões,
conforme nos é dado a observar nos pontos 7 e 8 do referido quadro.
Pauwels, 1987; French & Thomas, 1987; Konzag, 1990; McPherson & Thomas, 1989;
Tavares, 1993; William & Davids, 1995; Pinto, 1995; French & al. 1996; French & al. 1996a;
Rodrigues, 1998; Brito & Maças, 1998; Mendes, 1999).
Segundo Konzag (1992) e Castelo (1998), os desportistas que apresentam um
elevado nível de desempenho no jogo, realizam processos cognitivos específicos de alto
nível, os seus processos de recepção e elaboração de informações são mais rápidos, mais
precisos e revelam menos erros.
Nos últimos anos, tem crescido a importância atribuída aos aspectos cognitivos,
enquanto factores determinantes da performance (Pinto, 1995; Garganta, 1997). Na opinião
de Brito & Maças (1998), os comportamentos técnico-tácticos dos jogadores em resposta
aos problemas momentâneos do jogo pressupõem uma actividade cognitiva intensa.
Tavares (1995) sustenta que relativamente aos jogadores de JDC o complexo
sistema de referências com que estes se defrontam no jogo coloca grandes exigências às
funções mentais que se constituem pré-requisito do rendimento, devendo desenvolver a sua
capacidade de autonomia e de decisão, ou seja o jogador deve saber o quê e como
observar, sabendo distinguir o fundamental do acessório (Tavares, 1993; Uriondo & Santos,
1995; Araújo, 1997).
O conhecimento e a compreensão do jogo ganham assim uma importância
fundamental, pois permitem aos atletas tomar a decisão mais adequada em função da
situação que se lhes depara se considerarmos que a qualidade do jogo reclama do sujeito
comportamentos inteligentes (Garganta & Oliveira, 1996).
O apelo à inteligência, como forma de elaborar e dar respostas adequadas aos
problemas colocados pelo jogo, é um dos traços fundamentais dos JDC (Garganta 1995),
sendo esta que condiciona o seu comportamento táctico (Riera,1995a).
Balasch (1998) afirma que o indivíduo que sabe jogar é um indivíduo conhecedor,
não no que respeita a conhecimentos académicos, mas sim no que se refere a convenções
interactivas, nas quais saber fazer, e saber quando fazer, são o mesmo saber.
A literatura sugere que ao nível dos processos de ensino-aprendizagem e treino nos
JDC, deve ser dado grande destaque ao desenvolvimento do processo cognitivo dos
jogadores (Konzag, 1992; Sisco & Greco 1995). É de fundamental importância que os
praticantes não só conheçam o jogo, mas entendam a sua lógica e se entendam entre si
quando o praticam, de forma a conseguir que as acções que desenvolvem sejam percebidas
pelos colegas e "não percebidas" pelos opositores.
captação de informação mais eficiente; (iii) processo decisional mais rápido e preciso; (iv)
mais rápido e preciso reconhecimento dos padrões de jogo (sinais pertinentes); (v) superior
conhecimento táctico; (vi) uma maior capacidade de antecipação dos eventos do jogo e das
respostas do oponente; e (vii) superior conhecimento das probabilidades situacionais
(evolução do jogo). Ao nível da execução motora: (i) elevada taxa de sucesso na execução
das técnicas durante o jogo; (ii) maior consistência e adaptabilidade nos padrões de
movimento; (iii) movimentos automatizados, executados com superior economia de esforço;
e (iv) superior capacidade de detecção de erros e de correcção de execução.
Os conhecimentos são uma boa base para saber fazer.
Alguns autores (Allard,1993; Pinto, 1995) sustentam que a existência de elevado
conhecimento declarativo não garante elevadas performances, pois, jornalistas,
comentadores, treinadores, ou até mesmo simples adeptos poderão possuir um
conhecimento declarativo equivalente ao dos jogadores, e não apresentarem qualidade em
situação de jogo.
Gréhaigne & Godbout (1995) referem o conceito de conhecimento táctico, o qual em
seu entender passa pela inter-relação entre a decisão táctica e a performance. Assim sendo,
estes autores propõem para os JDC o sistema de conhecimentos ilustrado na figura 4.
Capacidades Motoras
Habilidades perceptivas e sensório-motoras.
Fig. 4 - Sistema de conhecimento nos jogos de equipa (redesenhado de Gréhaigne & Godbout 1995).
Segundo Tavares (1993), as provas de decisão táctica fazem parte de uma linha de
investigação que tem por objectivo avaliar o conhecimento/qualidade de decisão táctica dos
praticantes de JDC.
A maioria dos estudos realizados nesta área refere-se essencialmente ao posuidor
da bola (Helsen & Pauwels, 1987; French & Thomas, 1987; McPherson & Thomas, 1989;
Konzag, 1990; Tavares, 1993; William & Davids, 1995; Pinto, 1995; Brito & Maças, 1998;
Rodrigues, 1998; Greco et al., 1999) e consiste na apresentação aos praticantes de
situações de jogo em vídeo ou filme, onde estes, após visionarem a situação, devem decidir
qual a decisão táctica mais correcta a tomar, sendo que alguns apresentam também um
teste complementar teórico, sobre conhecimento do jogo.
Helsen & Pauwels (1987) realizaram um estudo utilizando um simulador de
movimentos tácticos, onde os jogadores visualizavam situações de jogo que teriam de ser
resolvidas através de uma acção motora executada pelos próprios. O estudo envolveu
praticantes que jogavam futebol de recreação e praticantes federados com 10 anos de
prática em competição. Os resultados mostraram claramente que os segundos podem tomar
decisões tácticas em maior quantidade e de forma mais rápida no momento mais propício,
em relação aos primeiros.
French & Thomas (1987) efectuaram um estudo com atletas de Basquetebol,
tentando encontrar relação entre o conhecimento do jogo, o desenvolvimento de habilidades
específicas e o rendimento em jogo. De uma forma geral, os jogadores mais experientes
demonstraram maior conhecimento, rendimento superior, e execução técnica de
habilidades, também superior. Os resultados indiciaram também que o conhecimento de
jogo estava relacionado com a capacidade de tomar decisões. Segundo este estudo, o
conhecimento de jogo é fundamental na performance dos jovens atletas, uma vez que no
final da época este factor foi o único que se revelou como preditor significativo da
capacidade de tomada de decisão.
Também McPherson & Thomas (1989), num trabalho semelhante, mas com uma
amostra constituída por jovens praticantes de ténis, encontraram resultados semelhantes,
aos do Basquetebol. Segundo os investigadores, os resultados destes estudos sugerem que
o rendimento na competição está relacionado com o conhecimento da modalidade e com a
Usando o teste validado por Pinto (1995), ao nível do conhecimento do jogo, concluiu
que os jogadores federados possuíam conhecimento declarativo superior quando
comparados com os do desporto escolar, sendo as questões tácticas aquelas que mais os
diferenciaram. No protocolo referente à tomada de decisão, também os federados tomam
decisões tácticas mais adequadas do que os do desporto escolar.
Mendes (1999) efectuou um estudo com basquetebolistas do sexo masculino, do
escalão de iniciados. Dividiu-os em dois grupos, em função dos anos de prática, tendo-os
comparado ao nível do deslizamento defensivo, do conhecimento teórico e da adequação
das acções defensivas às situações de jogo. O primeiro grupo (G1) era formado por atletas
com três ou menos anos de prática, e o segundo (G2), por atletas com quatro, ou mais,
anos de prática.
Para o nosso estudo, salientámos os resultados obtidos ao nível do teste de
conhecimento de jogo. Assim, os atletas do G2 apresentam um conhecimento superior aos
atletas do G1, não se tendo revelado no entanto, diferenças estatisticamente significativas.
Apenas ao nível do conhecimento das regras, as diferenças encontradas são
estatisticamente significativas.
Greco et al. (1999) realizaram um estudo tendo como objectivo validar testes que
possam avaliar fidedignamente o conhecimento táctico no futsal, usando para o efeito uma
amostra composta por jovens de 13 e 14 anos, praticantes de futsal ao nível escolar (n=136)
e de clube (n=62). Foram elaborados testes de conhecimento táctico com base em
situações específicas. Os itens foram validados através do procedimento de peritagem (5
peritos).
Os resultados deste estudo mostram que os atletas do clube apresentam um nível de
conhecimento táctico (NCT) superior aos escolares. Para um máximo de 6 respostas certas,
a média foi de 2.083 para os atletas escolares, e 2.802 para os atletas de clube, sendo as
diferenças estatisticamente significativas.
Segundo os autores, o NCT superior apresentado pelos atletas de clube pode
justificar-se pelas exigências competitivas, bem como pela importância da componente
táctica no treino.
Da análise destes estudos, parece poder concluir-se que os atletas de melhor nível
possuem um conhecimento mais elevado que os seus colegas de nível mais baixo.
3.1.1 Amostra
A nossa amostra foi composta por 277 praticantes de futebol do sexo masculino, do
escalão de sub-14. Destes, 72 eram praticantes de futebol de 5, presentes na fase final do
campeonato nacional de Desporto Escolar. Os restantes 205 elementos da amostra, eram
praticantes de futebol de 11, federados, que integravam as selecções distritais presentes no
Torneio Lopes da Silva.
Os atletas do desporto escolar tinham uma média de idades de 14.15+0.69,
enquanto a dos atletas do desporto federado era de 14.61+0.54. No que respeita aos anos
de prática, no desporto escolar a média era de 3.31+1.33, e no desporto federado,
4.76+1.66. Se atendermos ao número de treinos semanal, os atletas do desporto escolar
treinam em média 1.92+0.52, no desporto federado o valor é de 3.14+0.8. Por fim se
compararmos as horas de treino semanal, enquanto no desporto escolar a média é de
2.67+0.48, no desporto federado é de 5.41+1.71.
Os atletas federados foram divididos em dois grupos distintos, em função dos
resultados desportivos. Assim, designámos de federados de alto nível (fed 1) os atletas
pertencentes às selecções habitualmente classificadas nos primeiros lugares do Torneio
(n=102), e federados de nível reduzido (fed 2), os atletas pertencentes às selecções
habitualmente classificadas nos últimos lugares do Torneio (n=103).
A recolha dos dados destes atletas teve lugar nas instalações do Inatel em Cascais e
Monsanto, em Lisboa, local de alojamento das selecções distritais envolvidas no Torneio.
Em face da experiência adquirida na aplicação do protocolo a alunos do DE, em que
ficámos com uma ideia aproximada da duração da aplicação do mesmo, estabelecemos um
compromisso com os atletas (17 por equipa). A aplicação do protocolo duraria,
sensivelmente, duas horas, o que desmotivaria os atletas que tivessem de esperar tanto
tempo para a realização do teste, pelo que optámos pela seguinte estratégia: Definindo um
dos quartos como local de realização do protocolo para toda a equipa, decidimos que a sua
realização obedeceria à ordem dos seus números em competição (de 1 a 17). Ficariam junto
ao quarto os números de 1 a 4; 30 minutos depois apareceriam os números de 5 a 8; 60
minutos depois os números de 9 a 12, e, por fim, 90 minutos depois, os números restantes.
Assim, conseguimos que não se tornasse demasiado extenso o tempo de espera, e que os
atletas estivessem motivados para a realização do protocolo.
1. Passar a mesma imagem três vezes para dar tempo aos praticantes de
conhecerem a situação;
2. Passar as imagens uma vez, parando-a na acção final, 2 a 3 segundos;
3. Passar as imagens uma vez, desaparecendo a imagem logo que o jogador se
preparasse para realizar a acção.
Para seleccionar uma delas, decidimos realizar um pré-teste, com as três soluções
propostas.
3.1.5.4 Pré-teste
Dividimos os alunos em três grupos de 10, e a cada grupo aplicámos o teste com as
três hipóteses sugeridas. O teste foi feito individualmente.
Os alunos respondiam numa ficha previamente preparada para o efeito sobre qual a
acção que o portador da bola deveria adoptar e qual a razão porque o afirmavam.
Após a realização do pré-teste, questionámos cada aluno individualmente sobre as
principais dificuldades que havia sentido, e se, em seu entender, tinha tido tempo suficiente
para analisar convenientemente a jogada em apreço.
Apenas os alunos submetidos ao protocolo 3 (imagem a desaparecer imediatamente)
nos disseram que, em algumas das situações, não tiveram tempo de as avaliar
correctamente, o que confirmámos com a disparidade de respostas, relativamente aos
alunos sujeitos aos outros protocolos.
Decidimos então colocar esta possibilidade de parte, ficando agora com a um e a
dois.
Para resolver este problema, decidimos consultar um perito em trabalhos nesta área,
quer porque o seu Doutoramento abrangeu este tipo de situações (Tavares, 1993), quer
pelas teses de mestrado (Pereira, 1998; Rodrigues, 1998; Mendes, 1999) orientadas com
trabalhos deste género em modalidades como o Basquetebol e Voleibol. No entendimento
de Tavares (1999), a solução que preconizávamos de apresentar as imagens três vezes,
as duas não validadas, para adaptação ao protocolo por parte dos atletas, repetidas 12
vezes, para evitar o constante desgaste da cassete, no acto de rebobinar.
aponta como melhor solução, a pior, o que não conseguimos analisar apontando apenas a
correcta. Confrontando o nosso orientador com esta sugestão, fomos por ele incentivados a
partir para nova peritagem, agora tendo em vista a hierarquização das soluções. Definimos
todavia, previamente, que no caso desta nova peritagem ser inconclusiva no que se refere a
esta hierarquização, manteríamos a primeira peritagem como válida, subsistindo apenas a
melhor solução.
3.1.5.13 Instrumentos
Para a construção deste protocolo foram utilizados os seguintes instrumentos:
- Televisão Philips;
Quadro 4 - Valores médios e desvios padrão da idade, tempo de prática, número e horas de treinos
semanais, para a amostra em estudo.
que nos levam a crer, que a experiência e contacto com a modalidade, é muito superior nos
atletas federados, em comparação com os atletas do desporto escolar.
Quadro 5 – Comparação da média (X) e respectivos desvios padrão (DP) de respostas correctas e erradas nos dois
grupos da totalidade da amostra.
Numa análise comparativa da pontuação final dos dois grupos, verificamos que ao
nível das respostas correctas, os atletas do desporto federado obtiveram em média um valor
superior aos atletas do desporto escolar, sendo as diferenças estatisticamente significativas
(p=.0103).
No que se refere ao número de respostas erradas, constatamos que os atletas do
desporto escolar apresentam um número de erros superiores em média e também
estatisticamente significativos (p=0.0059) comparativamente aos atletas do desporto
federado.
nesta área (Pinto, 1995; Williams and Davids, 1995; French et al. 1996, 1996a.; Brito &
Maças, 1998; Rodrigues, 1998; Kioumourtzoglou, et al. (1998) Greco et al. 1999).
Noutros estudos (French & Thomas, 1987; McPherson & Thomas, 1989; Rodrigues,
1998) foram encontradas correlações significativas entre o nível de conhecimento
declarativo (CD) possuído pelos jogadores e a adequação da tomada de decisão.
Para que haja uma tomada de decisão correcta, o atleta tem que "re"conhecer o
meio, captar as informações essenciais, e definir estratégias em função do que o jogo lhe
apresenta (Tenenbaum et al., 1993).
No entendimento de McPherson & French (1991) o CD é fundamental para o
desenvolvimento do conhecimento processual (CP) e da tomada de decisão.
A nossa amostra do Desporto Escolar abrange apenas praticantes de futebol de 5, o
que pode a priori, ser considerado um factor condicionante para a interpretação dos
resultados. No entanto, Greco et al.(1999) num estudo para verificar o nível de
conhecimento táctico (NTC) feito no "futsal", também com atletas escolares e federados,
concluíram que os federados apresentam um NTC superior aos escolares, também com
diferenças estatisticamente significativas.
Para confrontação de resultados, decidimos efectuar o mesmo estudo, subdividindo
os atletas federados, em função da qualidade desportiva das equipas em que estão
inseridos.
Quadro 6 – Comparação da média (X) e respectivos desvios padrão (DP) das respostas correctas e erradas nos dois
sub-grupos do desporto federado.
Quadro 7 – Comparação da média final e respectivos desvios-padrão de respostas correctas por postos específicos
na totalidade da amostra.
DL DC MD TOTAL MO PL TOTAL
Legenda -DE - Desporto escolar; DF - Desporto federado; GR - Guarda redes; DL - Defesa lateral; DC
- Defesa central; MD - Médio defensivo; MO - Médio ofensivo; PL - Ponta de lança
Gráfico 1 - Análise comparativa das respostas correctas dos atletas federados e do desporto
escolar, por postos específicos.
D e s p o r to F e d e r a d o V e r s u s D e s p o r to E s c o la r
R e s p o s ta s c o r r e c ta s ( D F )
R e s p o s ta s c o r r e c ta s ( D E )
11
10
Respostas correctas
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
GR D EFESAS AVANÇADOS
P o s to s e s p e c ífic o s
Quadro 8 - Comparação da média final e respectivo desvio-padrão de respostas erradas por postos específicos da
totalidade da amostra.
G.R DEFESAS AVANÇADOS
Quadro 9 – Comparação do número de respostas correctas nos dois sub-grupos de atletas federados.
G. Redes Def. Laterais Def. Centrais Méd. Defensivos Méd. Ofensivos Pontas de Lança
Federados.1 n=12 n= 9 n=17 n=10 n=38 n=16
7.25 + 1.22 6.22 + 1.39 7.59 + 1.62* 6.60 + 2.01 6.68 + 1.51 7.44 + 1.86
Federados.2 n=11 n= 6 n=18 n=13 n=41 n=14
6.73 + 2.00 5.50 + 1.87 6.44 + 1.69 6.46 + 2.26 6.61 + 1.43 6.29 + 2.16
Mann-Whitney U=-1.11; U=-0.78; U=-2.12; U=-0.63; U=-0.10; U=-1.41;
p=0.2726 p=0.4366 p=0.0343 p=0.5279 p=0.9239 p=0.1586
Gráfico 2 - Média de respostas correctas dos dois sub-grupos federados (Fed 1 versus Fed 2).
F e d 1 v e rs u s F e d 2
Postos específicos
PL
MO
MD Fed 2
DL Fed 1
DC
GR
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
R e s p o s ta s c o rre c ta s
Quadro 10 – Comparação do número de respostas erradas nos dois sub-grupos de atletas federados
G. Redes Def. Laterais Def. Centrais Méd. Defensivos Méd. Ofensivos Pontas de Lança
Federados 1 (n=12) (n=9) (n=17) (n=10) (n=38) (n=16)
0.42 ± 0.67 0.44 ± 0.73 0.47 ± 0.80 0.80 ± 0.79 0.74 ± 0.83 0.75 ± 0.77
Federados 2 (n=11) (n=6) (n=18) (n=13) (n=41) (n=14)
0.55 ± 0.69 0.67±0.82 0.83 ± 0.86 1.00 ± 1.08 0.73 ± 0.87 1.43 ± 1.22
Mann-Whitney U=-0.53; U=-0.61; U=-1.54; U=-0.27; U=-0.09; U=-1.56;
p=0.5933 p=0.5446 p=0.1242 p=0.7876 p=0.9320 p=0.1188
respostas erradas, comparativamente com os fed 2, sendo ao nível dos defesas centrais
(DC) e dos pontas de lança (PL) que as diferenças mais se acentuam.
Se, no entanto, compararmos intra-grupo, tanto no grupo dos Fed 1, como no grupo
dos Fed 2, são os guarda-redes, os que menor número de respostas erradas apresentam.
Este resultado vem confirmar o encontrado quando analisámos os resultados conjuntos
destes atletas, e dar razão à hipótese sustentada, de que, pelo seu elevado tempo de
observação em jogo, estes praticantes conhecem de forma significativa as melhores
alternativas de resolução das situações ofensivas. De salientar, no entanto, a inexistência de
diferenças estatisticamente significativas intra-grupos (Fed 1 = F(5, 96) =0.72;ns; Fed 2 = F(5,97)
=1.56; ns).
O maior número de respostas erradas, no grupo dos Fed 1, pertence aos médios
defensivos, enquanto no grupo dos Fed 2 são os pontas de lança os que mais erram.
CLASSIFICAÇÃO
Quadro 12 - Classificação do protocolo de avaliação (respostas correctas) das equipas do Desporto Escolar
CLASSIFICAÇÃO MÉDIA
1ºs Externato Maristas (LISBOA) e EB.2/3 Dr. Joaq. Mag. (ALGARVE) 6.42
C la s s if ic a ç ã o D e s p o r t iv a v e r s u s C la s s if ic a ç ã o P r o t o c o lo
(r e s p o s ta s c o r r e c ta s )
C la s . D e s p o r t iv a C la s . P r o t o c o lo ( r e s p o s t a s c o r r e c t a s )
6
5
Classificações
0
L IS B O A C EN TR O NO RTE M A D E IR A A L EN T EJO A LG A RV E
E s c o la s
às respostas erradas, é a Escola que menos erra. Ou seja, o seu conhecimento sobre a
melhor solução é reduzido, mas também não optavam pela pior solução. No pólo oposto, a
Escola representante do CAE do Algarve, com o último lugar no que concerne à
classificação desportiva, mas com o primeiro, juntamente com Lisboa nas respostas
correctas, e com um dos piores scores, se considerarmos as respostas erradas.
Contrariamente aos seus colegas do Alentejo, estes atletas ou acertavam, escolhendo a
melhor solução, ou erravam, escolhendo a pior. Para uma análise mais profunda deste tipo
de relação, classificação desportiva/classificação do protocolo, utilizamos o coeficiente de
correlação de Spearman, a partir do qual concluímos que existe uma correlação positiva,
entre a classificação desportiva, e a classificação do protocolo, ao nível das respostas
correctas, embora não sendo estatisticamente significativa (r= .18; ns). Já no que diz
respeito às respostas erradas, a correlação é negativa, não sendo também estatisticamente
significativa (r=-.09; ns). Talvez destes resultados possamos inferir que a qualidade e
capacidade para jogar futebol de 5 não está directamente relacionada com o conhecimento
declarativo no futebol de 11.
8
7
6
5
4
3
2
1
0
Porto Lisboa Braga Aveiro Leiria Setúbal Guarda Beja Algarve Vila Angra Horta
Real
Selecções Distritais
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1 3 1 4 2
2 2/ 3 4 1
3 2 1 3 4
4 2 3 4 1
5 1 2 4 3
6 3 4 1 2
7 1 3 2 4
8 4 1 2 3
9 4 1 2 3
10 2 1 4 3
11 4 3 2 1
12 4 2 1 3
13 2 4 1 3
Perito 1
1 3 4 1 2
2 2 1 3 4
3 2 1 3 4
4 2 3 1 4
5 1 2 4 3
6 3 4 1 2
7 2 1 4 3
8 4 2 3 1
9 1 4 3 2
10 2 1 3 4
11 4 2 3 1
12 4 2 3 1
13 2 4 1 3
Perito 2
1 3 4 1 2
2 2 3 1 4
3 2 1 3 4
4 2 3 4 1
5 1 2 4 3
6 3 4 1 2
7 1 3 2 4
8 4 3 2 1
9 1 4 2 3
10 2 1 4 3
11 3 4 1 2
12 2 4 1 3
13 2 4 1 3
Perito 3
1 3 4 1 2
2 2 3 1 4
3 2 1 3 4
4 2 3 4 1
5 1 2 4 3
6 3 4 1 2
7 1 3 2 4
8 4 3 2 1
9 1 4 3 2
10 2 1 4 3
11 3 2 4 1
12 4 2 3 1
13 2 4 1 3
Perito 4
1 3 1 4 2
2 2 3 1 4
3 2 1 3 4
4 2 3 4 1
5 1 2 4 3
6 3 4 2 1
7 1 3 2 4
8 4 3 2 1
9 1 4 3 2
10 2 1 4 3
11 3 2 4 1
12 4 2 1 3
13 2 4 1 3
Perito 5
1 3 4 1 2
2 2 1 3 4
3 2 1 3 4
4 2 3 4 1
5 1 2 4 3
6 3 4 1 2
7 1 3 2 4
8 4 3 2 1
9 4 1 3 2
10 2 1 4 3
11 4 3 2 1
12 4 2 1 3
13 2 4 1 3
Perito 6
1
3 2
2
2 4
3
2 1 3 4
4
2 3 4 1
5
1 2 4 3
6
3 4 1 2
7
1 3 2 4
8
4 2 1
10
2 1 4 3
11
12
4 2 1 3
13
2 4 1 3
Jogador Código
Selecção Clube
Idade
No que se refere à situação no teu clube, indica coloca uma cruz na posição em que
jogas habitualmente
Imagem nº 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Solução nº
Jogador Código
Escola
No desenho abaixo, estão definidos dois esquemas tácticos, assinala aquele em que a
tua equipa joga habitualmente. Nesse esquema, coloca um círculo em volta do jogador que
representa a posição em que jogas.
RESPOSTAS
Imagem nº 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Solução nº
Resumo
Têm sido salientados por diversos autores dois tipos de conhecimento, como
importantes para a performance desportiva: o conhecimento declarativo e o conhecimento
processual. Pelos estudos efectuados começa a relacionar-se a qualidade do praticante com
o seu conhecimento declarativo.
No âmbito da avaliação do conhecimento declarativo em Jogos Desportivos
Colectivos, os protocolos têm sido efectuados em simultâneo com protocolos de análise de
prontidão e qualidade de resposta, nomeadamente no Basquetebol e Voleibol, através de
inquéritos de resposta múltipla.
Tendo em conta a especificidade do futebol, defendemos como objectivos para este
trabalho:
1 - Construir um protocolo de avaliação do conhecimento declarativo em situações táctico-
-técnicas ofensivas.
2 - Comparar o nível de conhecimento declarativo entre atletas federados e atletas do
desporto escolar.
3 - Comparar o nível de conhecimento declarativo entre atletas federados de elevado nível e
de nível reduzido.
4 - Verificar se o nível de conhecimento dos atletas que ocupam postos específicos
ofensivos é superior ao dos seus colegas que ocupam outros postos específicos.
Para tal, foram seleccionadas 31 imagens de situações ofensivas em jogos de
futebol de alto nível, das quais, 13 foram consideradas por um conjunto de peritos como
válidas para a avaliação do conhecimento de jogo. Posteriormente, um conjunto mais
alargado de peritos validou 11 destas imagens, como tendo uma solução correcta e uma
incorrecta.
Aplicado o protocolo a uma amostra constituída por 277 sujeitos, sendo 72
praticantes de futebol no desporto escolar com uma média de idades de 14.15+0.69; e 205
praticantes de futebol federado, com uma média de idades de 14.61 + 0.54, concluímos que:
Os praticantes federados demonstram maior conhecimento declarativo em situações
táctico-técnicas ofensivas do que os do desporto escolar.
Os federados de nível elevado demonstram maior conhecimento declarativo em
situações táctico-técnicas ofensivas do que os federados de nível reduzido.
Résumé
Les joueurs qui ont des postes spécifiques offensifs n`ont pas de meilleures
connaissances déclaratives en des situations tactiques-techniques offensives que leurs
camarades qui occupent d`autres postes dans le terrain de jeu. Les joueurs qui démontrent
une plus grande connaissance en des situations tactiques-techniques offensives, sont les
défenses centrales et les gardiens de but.
ABSTRACT
Several authors have pointed out two types of knowledge as being important for the
sports performance: declarative knowledge and the knowledge of the process. Recent
studies began to relate the quality of the practitioner to his declarative knowledge.
For the assessment of declarative knowledge within Collective Sportive Games multiple
choice questionnaires were done simultaneously with the ones of readiness of analysis and
quality of the answers, especially for basketball and volleyball.
Being aware that football is a very specific activity, we support the following aims for this
work:
1. Achieve a questionnaire for the assessment of declarative knowledge in offensive
technical strategies;
2. Compare the level of declarative knowledge between federated athletes and athletes
practising sports at school;
3. Compare the level of declarative knowledge between federated athletes of a high and a
low level;
4. Check whether the level of knowledge of athletes that play in offensive and specific
positions is superior to that of their colleagues occupying other positions.
In order to achieve these aims, 31 images showing offensive situations in games of high
level football were selected, and from those 13 were considered as valid for the assessment
of the knowledge of the game. Later on, a wider group of experts concluded that 11 of those,
which had one correct and one incorrect solution were valid.
The questionnaire was applied to a sample of 227 individuals: 72 of those were football
players in schools. Their average age was 14.15+- 0.69; and 205 were federated football
players, having an average age of 14.61+-0.54. We concluded that:
The federated football players show a higher level of knowledge than those playing
football at school;
The high level federated players show a higher knowledge than the low level federated
ones;
The athletes who play in specific offensive positions do not show a better declarative
knowledge in offensive tactic and technical situations than their colleagues playing in other
positions in the pitch. The athletes who demonstrate higher declarative knowledge in this
kind of situation are the central defenders and the goalkeepers.
Índice
Agradecimentos
Resumo
Résumé
Abstract
Índices
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 1
3.METODOLOGIA ................................................................................................................. 30
5.CONCLUSÕES ................................................................................................................... 62
ANEXOS ................................................................................................................................ 72
ÍNDICE DE FIGURAS
jogo.
ÍNDICE DE QUADROS
ÍNDICE DE GRÁFICOS
Fed 2).
Desporto Escolar .