2 Dissertação-Eunice
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2 Dissertação-Eunice
Dissertação
Mestrado em Educação
Boa Vista/RR, fevereiro de 2019
EUNICE ANÁLIA SOARES ANDRADE MONTANARI
Boa Vista, RR
2019
Copyright © 2019 by Sandra Sales de Souza Nobre
Inclui anexos.
A Deus que me fortalece sempre e me guia a seguir fazendo aos outros o que eu
gostaria que fosse feito a mim, que alimenta minha alma com os mínimos detalhes da
vida: um canto de um passarinho, o sorriso de uma criança, a chuva, a lua, o sol se
despedindo no final da tarde...
Ao meu esposo, Isaias Montanari Junior, que me inspira, sempre incentiva e é
minha referência de ser humano.
Aos meus filhos, Cauê Montanari e Cecília Montanari, por serem as primeiras
crianças a se envolver com música ao longo do meu trabalho.
Aos meus pais, Clarice e Osmar, por seu amor e educação. Em especial, à
minha mãe, que é modelo de determinação e garra na luta por uma educação mais
humanizada.
A todas as crianças que me ensinaram a ser cada dia uma professora e uma
pessoa melhor.
À Prof.ª Dra. Renata Pereira, que me trouxe de volta para a música com a
Filosofia e o Método Suzuki.
À minha orientadora Rosangela Duarte, que me deu de presente a oportunidade
de desenvolver uma pesquisa na área que atuo.
À amiga Jucélia Ribeiro por me inspirar e motivar a seguir na jornada da
pesquisa.
Às pessoas que conheci a partir da música e com quem tive a oportunidade de
caminhar ao longo dessa jornada.
RESUMO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 10
INTRODUÇÃO
Para iniciar o assunto que envolve essa pesquisa, faço um breve relato de minha
trajetória na Educação Musical, que teve seu início em 1985, aos 11 anos, na Escola de
Música de Roraima - EMUR. Eu tinha aulas de prática instrumental (piano e flauta
doce), teoria musical e canto coral, tudo baseado no método tradicional da Educação
Musical. Para uma criança dessa idade, os símbolos da escrita da música, os conceitos
de som, timbre, altura, intensidade e tantas outras nomenclaturas não faziam sentido,
porém passaram a ser compreendidos anos depois, quando passei a ser monitora nas
aulas de música para iniciantes.
Em 1995, me formei no curso Técnico de Piano e, durante 10 anos de estudo, eu
deveria tocar lendo a partitura (grafia musical), pois “tocar de ouvido”1 era algo que a
metodologia tradicional não aceitava como ideal. O domínio da leitura era, no meu
entender, a primeira habilidade musical de um músico.
Entre os anos de 1995 e 2013, fiz vários cursos e, dentre eles, a Licenciatura em
Biologia, Especialização em Pedagogia e inúmeras oficinas de música buscando
sempre me qualificar na profissão que tinha escolhido. No entanto, ainda assim, sentia
que faltava algo para fazer a diferença na minha docência.
No período de 2014 a 2017, cursei Licenciatura em Música pela UnB e tive a
oportunidade de conhecer os métodos ativos2 da pedagogia musical, que surgiram na
primeira metade do século XX em vários países e sendo difundidos no Brasil por volta
de 1950. Dalcroze (1898-1950), Kodály (1882-1967), Willems (1890-1978), Orff (1895-
1982) e Suzuki (1898-1998) desenvolveram seus métodos de educação musical e
esses são usados com frequência no contexto escolar.
1
Significa tocar uma música que você ouviu, sem ler a partitura, ou seja, tocar de acordo com nossa
intuição e sensibilidade musical. O ouvido nos guia por meio das notas, nos direcionando se temos que ir
para a parte mais grave, ou mais aguda do instrumento (MUSIC HOUSE, 2011). Disponível em:
http://blog-musichouse.blogspot.com.br/2011/07/o-que-e-tocar-de-ouvido-dicas.html.
2
São métodos que privilegiam a grande participação dos alunos, que mantêm uma interação fecunda
professor/aluno, substituem os métodos didáticos tradicionais (PRÁTICA PEDAGÓGICA, 2012).
Disponível em: http://praticapedagogicaester.blogspot.com.br/2012/07/metodos-ativos-para-
aprendizagem.html.
11
consciência que não sabia tocar flauta e que minha iniciação nesse instrumento,
quando criança, foi diferente da proposta pelo método Suzuki. Eu não respirava correto
e não fazia as articulações3 propostas nas músicas, porque acreditava que bastava
soprar e tocar as notas.
A concepção que eu tinha sobre a Flauta Doce era equivocada, acreditava que
era um instrumento de musicalização, de transição e de iniciação ao estudo de música.
Eu não tinha conhecimento de que a Flauta Doce era um instrumento como qualquer
outro e que tinha uma técnica para tocar.
Estava feliz com os novos conhecimentos, mas a sensação de frustração de ter
certeza que eu ensinei errado foi a pior parte. Isso foi bem doloroso e decepcionante
para mim. Apesar de ser formada no curso Técnico de Piano, também ministrei aulas
de Flauta Doce nas turmas de Musicalização para crianças.
Contudo, eu tinha duas opções que seriam: a primeira, voltar para Boa Vista com
aquele sentimento e seguir como estava, em uma condição de comodismo dentro da
prática pedagógica; ou uma segunda condição, que seria aproveitar a oportunidade e
mudar minha forma de ensinar, mas tendo total consciência que teria muito trabalho
pela frente e que eu deveria estar disposta a primeiro aprender, vivenciar e refletir para
depois ensinar.
Começou, então, em junho de 2016, minha experiência como aluna de Flauta
Doce da Prof.ª Dra. Renata Pereira, depois de esperar meses por uma vaga. Suzuki
(2008, p. 8) propõe “aplicar o método em si mesmo” para que as respostas possam ser
respondidas embasadas em uma vivência real da educação do talento4.
Meus estudos práticos ocorrem uma vez por semana com 1h/a. As aulas têm me
proporcionado reflexões sobre como aprendo, sobre minha percepção musical, a
importância de uma escuta atenta, sobre como aplicar técnicas de memorização das
peças para que a performance possa realmente acontecer e tantos outros fatores que
vieram apenas somar no meu desenvolvimento musical. Mesmo tendo como
instrumento principal da minha formação o Piano, eu sempre tive a Flauta Doce como
um instrumento complementar.
3
O movimento que a língua faz usando as consoantes T, D, K, R, G para tocar as notas (HAUWE, 1984).
4
Para Suzuki, o talento é uma habilidade, qualquer habilidade é um talento. Por exemplo, tocar um
instrumento musical é um talento. Tocar com virtuosidade um instrumento musical é outra habilidade.
13
conseguiria aplicar o método Suzuki. Isto porque passei a entender que, para ser
professor de música, não é necessário apenas saber tocar e conhecer as técnicas, mas
ter consciência que uma mudança pessoal e profissional deveria anteceder essa
aplicação metodológica. É nesse momento que permiti vivenciar essa filosofia
educacional que acredita que todos são capazes. Não foi fácil e ainda não é, não se
muda de uma hora para outra. No entanto, tenho certeza que eu não quero mais ser
aquela professora de antes, eu necessitava mudar.
Concomitante a esse período, desenvolvi o projeto Turma da Flauta Doce com a
colaboração de outra professora, tendo como objetivo divulgar esse instrumento e
contribuir para a formação de plateia, por meio de miniconcertos didáticos. Inserimos
essas 3 crianças em nossos ensaios e elas passaram a tocar em público conosco,
como forma de aprender a desenvolver repertório, presença de palco, postura, enfim,
tudo o que envolve uma performance musical.
Em uma das nossas apresentações, mais precisamente em agosto de 2017,
tocamos no Lar Fabiano de Cristo – Unidade Casa de Timóteo5, na cidade de Boa
Vista. Com isso, surgiu o convite para desenvolver um trabalho de Educação Musical
com Flautas Doce para 20 crianças dessa Instituição.
O Lar Fabiano de Cristo é uma Instituição de fins não econômicos, fundada em
1958 na cidade do Rio de Janeiro e tem hoje 49 unidades filiais em todo o território
nacional. A Casa de Timóteo é uma dessas unidades, foi inaugurada em 2005 e tem
como objetivo desenvolver intervenções sociais em uma perspectiva da educação
transformadora. O público atendido é formado por famílias em situação de
vulnerabilidade e risco social de um determinado território, formado pelas famílias dos
bairros Bela Vista, Raiar do Sol e Nova Cidade, na cidade de Boa Vista. A unidade
Casa de Timóteo tem uma administração local (supervisor) que é ligada à diretoria da
sede no Rio de Janeiro.
Eu já atuava como voluntária nessa instituição, desde o início de 2017, com
aulas de Musicalização Infantil. No entanto, receber o convite para ensinar Flauta Doce
foi mais uma oportunidade de poder aplicar o método Suzuki.
5
Instituição socioassistencial que trabalha com famílias que se encontram em situação de vulnerabilidade
e/ou risco pessoal e social, decorrente da pobreza. Para conhecer mais acessar: www.lfc.org.br .
15
Vale destacar aqui o quanto esse grupo de crianças do Lar Fabiano de Cristo –
Casa de Timóteo têm oportunizado reflexões de suma importância sobre o que seja
realmente o processo de ensino e de aprendizagem, motivando ainda mais a
ressignificação de minha prática pedagógica. As 3 crianças com quem iniciei minha
experiência vêm de famílias que se encontram estruturadas e participam efetivamente
do trabalho de Educação Musical, auxiliando nos estudos em casa, motivando as
crianças a tocar, se comprometendo a levá-las às aulas e estando sempre disponível.
No método Suzuki, é fundamental para o desenvolvimento musical das crianças,
a participação da família. No entanto, aplicar esse método em um grupo no qual eu já
sabia de antemão que as famílias se encontravam, em sua grande maioria,
desestruturadas, foi algo bem desafiador.
Em dezembro do mesmo ano, fizemos nossa primeira apresentação pública
utilizando o repertório proposto no livro 1 de Flauta Doce com as 3 primeiras músicas.
Foi uma apresentação bem simples, mas muito significativa para mim como professora,
pois cada nota tocada de forma afinada caracteriza os dias de trabalho que iam muito
além do ensino da música. Nesse grupo, mais aprendi do que ensinei sobre a vida, o
afeto, o amor, o respeito. As crianças que mais me deram trabalho foram meus
melhores professores.
O ritmo de aprendizagem das crianças quando as famílias participam é bem
diferente daquelas nas quais a família é pouco presente, ou ausente. A criança se
sentindo valorizada, motivada e capaz, caminha de forma natural no desenvolvimento
de habilidades musicais e também em qualquer outra área. Quando isso não acontece,
o processo fica mais lento, porém, mesmo assim continua acontecendo, porque no
ambiente do grupo as crianças se envolvem e uns ajudam os outros.
O fato de todos tocarem o mesmo repertório proporciona uma sensação de
pertencimento que a criança tem em relação ao grupo no qual está inserida e, assim, as
relações de amizade, respeito e troca de conhecimentos fluem de forma natural.
As reflexões oriundas das formações continuadas do método Suzuki passaram a
me proporcionar a busca por uma vivência pedagógica que me desse prazer na
profissão como educadora. O ingresso no Mestrado em Educação iluminou esse
objetivo e o foco passou a ser a minha prática pedagógica em sala de aula. Eu teria que
16
Eu não me sentia assim. Hoje, a educação faz parte da minha vida não apenas
profissionalmente, mas na família e na sociedade. Não foi fácil decidir Ser Professor
porque exige muito esforço, pois é preciso ser para viver e poder transformar a
educação.
19
1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
ouvido. Percebendo que precisava de um professor para ensiná-lo, foi para Berlim
estudar com o professor Karl Klinger durante 8 anos. Nesse período, ele se tornou
amigo de Albert Einstein. Ao retornar ao Japão, em 1928, fundou o Suzuki Quarteto
com três de seus irmãos.
A descoberta do método da língua materna, ou da educação do talento, surge
por volta de 1931 ou 1932, após uma aula de violino para jovens no Conservatório
Imperial do Japão. Um pai procura Suzuki para que este ensine seu filho de 4 anos a
tocar. E os questionamentos foram naturais, pois Suzuki nunca havia ensinado uma
criança antes. No entanto, como fazer com que aquela criança tocasse? Que método
usar? Foi quando um pensamento surgiu, “Todas as crianças japonesas falam
japonês!” (SUZUKI, 2008, p. 10). Lógico que as crianças falam suas línguas maternas,
mas a questão é: Como elas aprendem?
Pensando assim, Suzuki começou a refletir sobre o processo de aprendizagem
das crianças. Quando um pai ou uma mãe ensinam seu filho (a), ele repete as palavras
certas inúmeras vezes e toda vez que a criança começa a falar, mesmo que
balbuciando, os pais a elogiam e a estimulam a repetir cada vez mais até que a criança
fala, aumentando assim seu vocabulário. Ou seja, a repetição incentivada gera a
motivação e o sucesso acontece, consequentemente, a criança se sente valorizada no
processo de ensino e de aprendizagem. Não aprendemos as letras antes de falar. E
assim o método Suzuki, que surgiu com o objetivo de ensinar crianças pequenas a
tocar violino, tem hoje sua aplicabilidade em quase todos os instrumentos.
Shinichi Suzuki nos apresenta em seu método da língua materna a base
fundamental para o processo de ensino e de aprendizagem da música. Para ele,
aprendemos a tocar/cantar da mesma forma que aprendemos a falar, por meio da
escuta e da repetição. Lógico que a leitura de partituras é inserida na metodologia
Suzuki, porém “[...] o desenvolvimento da leitura musical é posterior ao aprendizado do
instrumento” (FONTERRADA, 2005, p. 159). Esse procedimento se dá de forma
gradativa, isto é, primeiro aprende-se a falar para depois irmos à escola interpretar as
letras.
Para Mateiro e Ilari (2011), foi a partir da criação do método Suzuki que os
instrumentos musicais para crianças muito pequenas passaram a ser confeccionados
21
atendendo a uma adaptação da anatomia infantil, pois “não era comum, naquela época,
iniciar o estudo de violino tão cedo. Geralmente, esperava-se até que a criança tivesse
oito ou nove anos de idade para colocá-la em contato com o instrumento”
(FONTERRADA, 2005, p. 153).
Assim, a expressão “Educação do Talento” foi criada por Suzuki, pois ele
acreditava que o talento é algo que se constrói com a experiência vivida, que não existe
o “dom musical”, porém a criança deve ter um ambiente adequado, pais que a
incentivem, contato com outras pessoas que toquem. “Todas as crianças que são
educadas com perícia e compreensão atingem um alto grau de conhecimento, mas
essa educação deve começar no dia do nascimento” (SUZUKI, 2008, p. 11).
Confirmando esse pensamento de Suzuki, a pesquisadora e educadora musical
Violeta Gainza nos diz:
São esses princípios que permeiam todo o método Suzuki e que vêm ao
encontro das necessidades de professores que desejam atuar de forma qualitativa no
processo de ensino e de aprendizagem da criança. Os valores morais e éticos estão
entrelaçados com o desenvolvimento integral das potencialidades humanas dentro da
Filosofia desse método que falaremos logo a seguir.
A vida e a obra de Shinichi Suzuki inspiram, a cada dia, milhares de professores
que buscam ser bons profissionais e boas pessoas, contribuindo com um mundo no
qual as pessoas se respeitem e se valorizem.
1.3 Formação e trabalho docente para o estudo da Flauta Doce por meio do
Método Suzuki
Curso Básico: Livro 1 flauta doce soprano, livro 2 flauta doce soprano, livro 3
flauta doce soprano, livro 4 flauta doce soprano, livro 1 flauta doce contralto e
livro 2 flauta doce contralto.
Curso intermediário: Livro 3 flauta doce contralto e livro 4 flauta doce
contralto.
Curso avançado: Livro 5 com repertório para flauta doce soprano e para flauta
doce contralto, livro 6 com repertório para flauta doce soprano e para flauta
6
A agenda de cursos pode ser acessada nos sites da SAA (https://suzukiassociation.org), no Centro
Suzuki São Paulo (http://www.centrosuzuki.com.br) ou ainda no site da AMSBrasil
(http://www.associacaomusicalsuzuki.com.br).
27
doce contralto, livro 7 com repertório para flauta doce soprano e para flauta
doce contralto, livro 8 com repertório para flauta doce soprano e para flauta
doce contralto (PEREIRA, 2015).
nas pesquisas envolvendo os vários instrumentos que fazem parte da família da Flauta
Doce, que venho formando ao longo do tempo de estudo.
Sendo assim, não é apenas soprar e mover os dedos de forma combinada para
dizer que tocou uma música. Existe todo um contexto histórico: sua origem, evolução,
técnica, matéria-prima usada na fabricação do instrumento que resulta em sons
diversos e, ainda, um contexto corporal que envolve a fisiologia do aparelho
respiratório, a postura, a língua, os dedos, enfim são pontos que, geralmente, não
fazem parte das aulas de Flauta Doce nas escolas. E por quê? Qual a causa da falta de
informação? Onde está a falha? Na formação inicial? Na formação continuada? O que
eu, enquanto docente, estou fazendo para reverter essa situação? São reflexões para
todos nós professores, independente da área na qual atue.
A Flauta Doce é um instrumento artístico que requer técnica apurada e afinação
como todos os outros. A compreensão da Flauta Doce bem tocada fica totalmente
distorcida daquela tocada nas salas de aulas das escolas. Essa distância é
consequência da má formação de professores que desconhecem as técnicas desse
instrumento e acabam ensinando da mesma maneira que aprenderam, ou seja, de
forma equivocada.
Para Ivo e Joly (2016), a Flauta Doce está presente nas escolas por ser um
instrumento que tem oferta de disciplinas na maioria dos cursos de licenciatura em
música, contribuindo, assim, para a formação inicial do futuro professor e também por
ter um preço mais acessível em relação aos outros instrumentos. No entanto, ainda são
escassas as pesquisas voltadas para o contexto da Flauta Doce, no ensino regular e na
formação de professores.
Em conformidade com a tabela abaixo, fiz um levantamento no banco da Capes7,
acerca das dissertações e teses existentes, no período de 2013 a 2017, e encontrei
sete trabalhos que trazem a Flauta Doce como tema principal de pesquisas, em uma
proposta pedagógica para professores (formação inicial ou continuada) e para as
crianças.
7
Levantamento realizado em dezembro de 2018.
29
2017
Mestrados Doutorados
IVO, LAIS FIGUEIROA.
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS COLETIVAS
COM FLAUTA DOCE: uma proposta de
formação continuada de educadores e
educadoras musicais. 24/02/2017. Undefined
f. Mestrado em EDUCAÇÃO Instituição de
Ensino: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO
CARLOS, São Carlos Biblioteca Depositária:
Biblioteca Comunitária UFSCAR.
2016
SASSE, ANGELA DEEKE. SARTOR, JOAO BATISTA.
DOCE FLAUTA DOCE: um estudo de caso PERFORMANCE DA PEDAGOGIA DA
sobre o papel do espetáculo didático em FLAUTA PELOS PROFESSORES DOS
atividades de apreciação musical PPGs EM MÚSICA DO BRASIL'
direcionadas ao público infantil' 21/03/2016 23/07/2016 undefined f. Doutorado em
146 f. Mestrado em MÚSICA Instituição de MÚSICA Instituição de Ensino:
Ensino: UNIVERSIDADE FEDERAL DO UNIVERSIDADE FEDERAL DO
PARANÁ, Curitiba Biblioteca Depositária: ESTADO DO RIO DE JANEIRO, Rio de
UFPR. Janeiro Biblioteca Depositária: undefined
A pouca produção de trabalhos que tenham a Flauta Doce como tema central
pode ser também uma das causas para a escassa informação sobre esse instrumento,
refletindo no ensino dos professores nas aulas de música nas escolas.
Seguindo com a contextualização da Flauta Doce, é necessário fazer uma
explanação mais compreensiva sobre a diferença entre os dedilhados que usamos para
tocar esse instrumento. Existe no mercado dois tipos de flautas, a germânica e a
barroca, ambas com o mesmo preço, porém o que difere é o dedilhado8 e a afinação. A
diferença básica é que o dedilhado na flauta germânica apresenta a nota fá
“simplificada”, quanto à flauta barroca que tem a mesma nota com o dedilhado de
forquilha9, ou seja, mais difícil de fazer inicialmente.
Outra diferença é a sonoridade que na germânica é mais desequilibrada e a
afinação fica comprometida, por mais que se tente afinar no sopro, o próprio
instrumento não permite a afinação. Já a barroca, que tem a sonoridade mais
equilibrada, produz o som mais aveludado.
8
Movimento dos dedos ao tocar Flauta Doce (HAUWE, 1984).
9
Quando a mão levanta o dedo médio deixando os dedos indicador e anelar tapando os furos. Temos
Forquilha Simples, quando usado apenas em uma mão e Forquilha Dupla, usado nas duas mãos ao
mesmo tempo (MASCARENHAS, 1977).
31
Assim sendo, a flauta germânica se apresenta como mais fácil na fase inicial,
porém é difícil desenvolver a afinação, consequentemente, compromete o aprendizado
do instrumento de forma qualitativa. Esse fator infelizmente só confirma o que a grande
maioria dos educadores pensa sobre esse instrumento: que flauta doce é apenas um
instrumento de passagem, de musicalização ou um brinquedo.
Dentro de uma proposta de formação de professores, seja ela inicial ou
continuada, destaco a importância de conhecer realmente sobre esse instrumento e
saber sobre o “discurso musical” (AKOCHSKY, VIDELA, 2012, p. 3), sobre “linguagem e
as regras de pronúncias” (HAUWE,1984, p. 54) da Flauta Doce que fazem toda a
diferença no resultado sonoro.
No próximo tópico, relato sobre como o método Suzuki trouxe as informações
que necessitava para tocar corretamente e ensinar de forma verdadeira.
32
10
Método Ativo é o processo de ensino em que os estudantes ocupam o centro das ações. Disponível
em: https://www.faculdadeages.com.br/uniages/metodo-ativo/
33
[...] não há informações explícitas sobre como esse repertório deve ser
trabalhado e tampouco explicações detalhadas sobre a metodologia Suzuki. A
principal forma de transmissão desse conhecimento prático e pedagógico sobre
a metodologia ocorre dentro dos cursos de capacitação, onde os professores
têm a possibilidade de se aprimorarem enquanto educadores e instrumentistas
(ALVIM e SANTIAGO, 2018. p. 2).
2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Fazer de sua vida uma obra supõe então dar sentido à sua história, refletir
sobre os acontecimentos e os atos [...]. Mas é, sobretudo, por um olhar
retrospectivo inseparável de um projeto de vida, de reapropriação de seu
esforço para existir, de seu desejo de existir. Em outras palavras, precisamos
passar de uma filosofia da consciência plenamente maravilhada da certeza de
minha existência a uma filosofia reflexiva que traz o questionamento sobre o
que eu sou de fato (FABRE, 2011, p. 356).
É a narrativa que faz de nós o próprio personagem da nossa vida e que dá uma
história a nossa vida, em outros termos, não fazemos a narrativa de nossa vida
porque temos uma história; pelo contrário, temos uma história porque temos a
narrativa da nossa vida (DELORY-MOMBERGER, 2011, p. 341).
Narrar a vida por narrar não é a proposta do método autobiográfico, mas buscar
nas histórias de vida as reflexões que contribuíram na formação.
Segundo Nóvoa e Finger (2010), Delory-Momberger (2011) e Bueno (2002), o
método autobiográfico surge na Alemanha, no final do século XIX, e passa a ser
aplicado sistematicamente como metodologia por sociólogos americanos da Escola de
Chicago, a partir de 1920.
O método autobiográfico é alvo de muitas críticas, pois, tal como Santos e Garms
(2014) ressaltam, apresenta uma especificidade heurística e de aspecto subjetivo,
projetando-se para fora do quadro epistemológico estabelecido pelas ciências sociais.
Em consonância, Ferraroti (2011) destaca que não se pode utilizar o método biográfico
apenas como suporte de informações, visto que a concepção metodológica se torna
deturpada e a subjetividade do método, ou seja, o caráter científico deve estar presente
por meio de novos conhecimentos. Santos e Garms (2014) salientam que, apesar de
“muitos questionamentos sobre a especificidade e a potencialidade do método, seu
caráter essencial está mantido pela historicidade profunda e por sua unidade”
(SANTOS e GARMS, 2014, p. 4097).
No prefácio do livro o Método (auto)biográfico e a Formação (NÓVOA e FINGER,
2010), os professores, Maria da Conceição Passeggi e Elizeu Clementino de Souza,
descrevem como essa obra, base para tal metodologia de pesquisa, chegou ao Brasil.
Esses autores destacam quão simbólicos são seus escritos por ter, na sua essência,
vários pesquisadores de diferentes nacionalidades preocupados com a formação do
adulto. Eu sou um desses adultos responsável pela formação de crianças e posso
contribuir na formação continuada com outros adultos mais, motivando a cada um a
fazer essa viagem pelos mundos da ciência em busca do conhecimento.
38
Para Passeggi, Souza, Vicentini (2013), deve-se aprofundar cada vez mais sobre
as pesquisas autobiográficas que têm um grande valor na formação, seja inicial ou
continuada, de professores já que destaca esse profissional como sujeito e objeto
analisado no contexto da pesquisa científica.
11
Levantamento realizado no banco de teses e dissertação da CAPES no período de maio de 2018.
40
Gabriel (2011) fala sobre a importância das histórias de vida como fontes de
pesquisa em seu livro “Narrativa autobiográfica como prática de formação continuada e
de atualização de si”. Sendo assim,
Os grupos referência são importantes, pois são neles que socializamos nossas
reflexões e práticas. Nesse diálogo, todos crescem consolidando conhecimentos.
O método autobiográfico não deve ser confundido com uma biografia que
apresenta dados cronológicos de forma romanceada, mas permite que o pesquisador
dê sentido para as questões de um passado que necessita ser por ele relembrado,
refletido e praticado. Com isso, são oferecidas as respostas para esses
questionamentos sobre sua prática. Nóvoa (2007) destaca a respeito da abordagem
(auto) biográfica que, “[...] progressivamente, oferta atenção exclusiva às práticas de
ensino e tem vindo a ser completada por um olhar sobre a vida e a pessoa do
professor” (NÓVOA, 2007, p. 15).
As narrativas autobiográficas agregam reflexões que nascem das memórias de
fatos vividos, especificamente na trajetória da vida do professor que permitiram a ele
ressignificar sua prática. A diferença entre a biografia e as narrativas autobiográficas
são, justamente, ações refletidas.
Gabriel (2011) reforça que a diferença entre biografia e histórias de vida está nas
informações que essas narrativas trazem, ou seja, as memórias relatadas
cronologicamente figuram como uma das características das narrativas biográficas e
envolvem uma condição histórica, diferente dos relatos de histórias de vida que
apresentam uma consciência histórica que tem sua gênese baseada em reflexões,
diálogos e ações, que promovem a formação de um indivíduo.
O professor é uma pessoa, antes de ser um profissional da educação, que tem
suas histórias, sua trajetória que antecede a sua formação. Esse percurso pessoal tem
grande importância e não há como dissociar a pessoa do professor. Destaco esse
pensamento, pois, se não há a identificação em uma abordagem autobiográfica, muito
provavelmente não haverá também uma aplicação de uma metodologia específica pelo
professor. A construção dessa identidade requer tempo para assimilar inovações e
44
A ação é o nosso pensamento sendo praticado. Sair do campo das ideias e agir.
Assim, é possível se autoavaliar e buscar se ressignificar no processo de ensino e de
aprendizagem.
A Autoconsciência refere-se à autoavaliação que ocorre de forma natural e
resulta em uma reflexão crítica da prática pedagógica e na rotina de vida do professor.
Se tornar reflexivo não é fácil, pois temos que abrir janelas dialógicas entre nós e as
pessoas que ensinamos e entre nós mesmos, favorecendo nossa autoavaliação.
Possibilitar que nossa ação refletida seja oriunda desses diálogos entre o que eu avaliei
e minha nova ação, de forma constante e consolidando uma prática pedagógica sem a
imposição do saber, mas baseada em uma educação mais humanizada e afetuosa.
Por acreditar que o ser humano tem capacidade de contar, de transmitir, de se
reinventar, de refletir, é que busco por meio dessa pesquisa narrativa autobiográfica
colaborar, no âmbito científico, com a formação continuada de professores.
contempla estratégias de ensino, vídeos de trechos de aulas que são socializados pelos
cursistas (professores) para que todos possam trocar experiências de docência,
confirmando o objetivo da formação e prática instrumental com enfoque na didática das
peças referentes a cada livro de instrumento. De acordo com o pensamento de Nóvoa
(1992), este momento de trocas não tem como objetivo acumular conhecimentos, mas
propor uma reflexão crítica sobre as práticas e uma reconstrução permanente da
identidade do profissional.
Na perspectiva de reconstrução social, Sacristán e Gómez (1998) reforçam que a
reflexão é característica básica de um professor que busca, na formação continuada, o
aprimoramento da didática.
sejam vividas plenamente em uma trajetória de reconstrução constante, por meio das
reflexões, da prática pedagógica, contribuindo para que o desenvolvimento da criança
não seja apenas o “acúmulo de informações”, mas ocorra no crescer ético como bem
lembra a educadora Violeta Gainza (1988).
O objetivo da formação dos profissionais de educação, segundo Nóvoa (1992),
não é acumular conhecimentos, mas propor uma reflexão crítica sobre as práticas e
uma reconstrução permanente da identidade do professor. É esse o perfil de um
professor pesquisador que busca na ação-reflexão-ação a análise e reconstrução
constante de sua prática.
A proposta de constante reflexão e compartilhamento entre professores dos
grupos de referências se fortalece e contribui com a formação continuada, refletindo na
qualidade do ensino com as crianças.
ficha e, por se tratar de uma pesquisa narrativa autobiográfica, fiz uma adaptação da
ficha original levando em consideração somente os pontos que avaliam a atuação do
professor na aplicabilidade no método Suzuki (Anexo 2).
Essas análises permitiram refletir e reconstruir minha prática pedagógica,
oferecendo informações sobre como atingir, da melhor forma possível, os objetivos das
aulas com os alunos, bem como compreender minha postura profissional no sentido de
poder também colaborar com a formação de outros professores.
A compreensão do meu fazer profissional é exercida cotidianamente nas
atividades do Estúdio Suzuki de Música, lugar de pesquisa empírica que localizo a
seguir.
12
Performance é uma palavra que possui escrita igual ao português mesmo em língua inglesa. Em
português, o verbo equivalente é “performar”, enquanto em inglês, o verbo é “to perform”. O significado
da palavra performance é realização, façanha, feito ou mesmo desempenho. A palavra performance pode
ser utilizada em diferentes contextos. Uma possibilidade bastante comum é o uso de performance
referindo-se ao desempenho de algum artista, como ator, músico ou dançarino. Disponível em:
https://www.meusdicionarios.com.br/performance.
50
crianças, que até então eu só havia visto por meio de vídeos, na capacitação de
Filosofia Suzuki, em 2015, eram reais e não tinham nada diferente de uma criança que
brinca, corre, questiona. Entretanto, algo chamou a minha atenção, isto é, a capacidade
de perceber tudo o que envolvia a performance musical, quando tinham que resolver
problemas de passagem de nota, afinação, ritmo, entre outras.
Somente depois de estar segura quanto ao ensino de Flauta Doce e ainda
permanecendo como aluna até hoje desse instrumento, abri uma sala de estudo anexa
à minha residência, e lá comecei com 3 crianças.
Criança “A” com 9 anos, estudante do Ensino Fundamental I, nunca havia
estudado música anteriormente. Mora com os pais e não tem músicos na família. A
criança “B” tem 9 anos, estudante do Ensino Fundamental I, também nunca estudou
música. Mora com os pais e tem músico na família. A Criança “C” tem 9 anos,
estudante do Ensino Fundamental I, já estudou Violino e Flauta Doce em escola
particular de música e lê um pouco da grafia musical. Mora com a mãe e não há
músicos na família. Estão no projeto desde março de 2017.
Ao fazer o convite às famílias para a participação no projeto de laboratório, não
imaginava que minhas expectativas, quanto à aplicação do método Suzuki, fossem dar
origem ao tema da minha dissertação de mestrado. Vale ressaltar que o sujeito principal
da pesquisa sou eu dentro da proposta da pesquisa narrativa autobiográfica, porém
torna-se necessário a participação das crianças no contexto dessa averiguação.
Para descrever as compreensões que surgiram oriundas das análises, utilizei
como base os procedimentos que trago a seguir.
Para a análise dos dados, utilizei três categorias identitária de Nóvoa (2007) que
apresentei anteriormente: Adesão, Ação e Autoconsciência.
Guiada por um planejamento antecipado das aulas que me permitia analisar se
os objetivos foram atingidos, ou não, bem como por imagens captadas durante os
encontros, eu tinha como objetivo também analisar minha prática nessa inter-relação
professor-aluno, baseada na ficha “Descritores Pedagógicos”, citada anteriormente.
51
3.1 Planejamento 1
Objetivo: Tocar a lição número 1 do Livro Método Suzuki Para Flauta Doce Soprano.
Trabalhar consciência corporal e respiratória.
A B C
As crianças precisam “ver para crer” para que realmente aprendam. A respiração
é invisível aos olhos, já que é um ato automatizado que fazemos sem pensar. Como eu
poderia mostrar para elas o controle do ar que podemos fazer. Se soprar muito forte o
que acontece? E se soprar fraco? Para tocar Flauta Doce, o controle do ar é
fundamental e deve ser realizado de forma consciente pelo flautista.
Seguindo na análise, é possível observar que o foco das crianças foi direcionado
para o movimento dos dedos, para o ritmo da música e a quantidade de ar
(https://youtu.be/_-zAzEoc9fU). Essa estratégia permite que o som emitido seja o mais
próximo do som tocado pelo professor e, assim, a criança acredita sempre que é capaz,
trabalhando sua autoestima.
O uso de um outro instrumento musical pelo professor, já no início das aulas,
serve para criar um ambiente harmônico em que a criança tenha a vivência de uma
prática musical coletiva. O sentimento de coletividade, de trabalhar em grupo para ter
um êxito maior deve ser motivado na criança desde a mais tenra idade. Inicialmente, na
família e, posteriormente, na escola onde ocorre seu primeiro contato com seu grupo
social.
A repetição é solicitada por mim, fazendo uma analogia com o “melhor som que
tem no coração”. Essas frases têm um impacto positivo no processo de ensino, pois
55
permitem que a criança faça algo possível, belo e, consequentemente, se sinta feliz por
isso (categoria de ação).
Quando oportunizei a mim mesma a chance de estudar o método Suzuki para
poder compreender melhor o processo, antes de colocar em prática com crianças,
questionei vários pontos e um deles era: “Por que começar com notas graves,13 se é
mais difícil a emissão do som nessa região da Flauta?” (categoria de autoconsciência).
Na minha adolescência, quando tive aulas desse instrumento, não havia aprendido
dessa forma e nem sabia que poderia começar dessa maneira.
O método Suzuki propõe começar a tocar a Flauta Doce com as notas mais
graves, diferentemente de outros métodos tradicionais, quando se começa pelas notas
mais agudas e, consequentemente, a preocupação com a afinação e o controle do ar
ficam em segundo plano. A proposta de se iniciar pelas notas graves é permitir que o
esforço para tocar afinado e com o controle de ar, seja uma preocupação constante do
futuro flautista e não uma habilidade que ele vai aprender depois. Confesso que meus
conhecimentos eram escassos sobre a Flauta e as técnicas empregadas para tocá-la.
Observei que duas crianças (“B” e “C”) apresentam um comportamento disperso
ao destinar mais atenção para a visualização no vídeo, do que seguir as orientações
passadas por mim. Eu sei que se manter agindo naturalmente na gravação de um vídeo
não é fácil, porém eu optei por deixá-las à vontade para que possam ir se acostumando
com esse recurso, pois estará sempre presente nas aulas. Já a criança “A”, estava mais
atenta às orientações que passei e em ouvir o som que estava fazendo na Flauta, do
que observando a sua imagem. Comportamentos diversos são comuns nas crianças e,
principalmente, quando elas estão em grupo.
Confesso que a dispersão das crianças me incomodou durante a aula e até
cheguei a pensar em pedir para elas pararem, para que eu pudesse gravar novamente.
No entanto, eu não avaliaria depois essa manifestação, que ocorreu de forma
13
Som de altura reduzida, de baixa frequência que, por analogia, popularmente se diz “grosso” (que
alguém tem uma “voz grossa”). E som agudo é som de altura elevada, som fino em linguagem popular,
som com elevado número de vibrações por segundo. Disponível em: https://www.meloteca.com/portfolio-
item/dicionario-de-musica/. Acesso em: jan. 2019.
56
14
Instrumento de percussão constituídos por várias lâminas de metal e tocado com baquetas de cabeça
dura que podem ser de borracha, madeira ou metal. Nota da autora.
57
3.2 Planejamento 2
Planejamento: abril de 2017.
Objetivo: Tocar a lição número 1 e 2 do Livro Método Suzuki Para Flauta Doce Soprano
e exercitar a percepção rítmica.
Essa aula contou com a presença de apenas duas crianças: “B” e “C”. Neste
momento, reforço minha opção de deixá-las à vontade diante das filmagens nessa
pesquisa, evitando mascarar qualquer ação de minha parte, ou da parte delas.
No início da aula, propus tocarmos junto com o CD que acompanha o livro de
Flauta do método Suzuki (https://:youtu.be/p23FZ8108aY). Essa proposta tem como
objetivo treinar a escuta da criança, que é fundamental dentro da aplicação do método,
para poder trabalhar o andamento da música e a memória.
Após tocarmos junto com o CD, foi realizada uma escuta da próxima lição. Uma
das crianças, a criança “B”, já conhecia a melodia e seguiu tocando enquanto a criança
“C” escutava e tentava tocar. A criança “C” tentava fazer e sorri, ao perceber que errou,
enquanto que a criança “B” seguia tocando. Eu não toco e opto por apenas fazer o
dedilhado mostrando o movimento que os dedos fazem. Isso é para evidenciar que são
movimentos combinados, que elas já conhecem das lições anteriores, mas não chamo
a atenção delas para isso (categoria de ação).
As crianças já tocam com bastante segurança as lições 1 e 2. Com isso, fiz a
proposição de dinâmica para tocar com as mãos cruzadas, que foi apresentada no VI
Retiro Suzuki Brasília, realizado na Escola de Música de Brasília, no período de 20 a 23
de abril de 2017, quando pude participar acompanhando a criança “B”.
Essas lições começam com as notas graves, como já foi relatado, e permitem
que a dinâmica seja realizada, ou seja, deixando a mão esquerda no seu instrumento e
a mão direita tocar na Flauta da outra criança (https://youtu.be/oy1a3-n0JTM). O
objetivo dessa atividade é proporcionar uma vivência musical coletiva e integrar as
crianças por meio da brincadeira (categoria de ação).
59
Quando vamos corrigir alguns desses fatores, temos que especificar em que
instante se deve ter mais atenção na execução e motivar a criança a conseguir o que
propomos por meio da escuta atenta. Nessa hora, pode-se fazer uso de brincadeiras
como, por exemplo, dados que, ao serem lançados, nos dizem a quantidade de vezes
que vamos repetir o trecho que precisa de atenção.
Usar a ludicidade nas aulas é fundamental e, conforme Rubens Alves, o
conhecimento é vivo, faz parte do nosso corpo e devemos brincar com ele. “O educador
é um mostrador de brinquedos...” (ALVES, 2015 p.111). Daí a importância de o
professor conhecer bem aquilo que se propõe a ensinar, para poder passar o
conhecimento de forma segura, permitir criar variações, motivar o processo criativo nas
crianças e poder aprender também.
Quando não conhecia o método Suzuki, não me importava em me preparar para
dominar o instrumento, ou as músicas a serem ensinadas, porque tudo se resumia em
ler e tocar. Com os novos conhecimentos, passei a me preparar muito mais, a
memorizar as peças, planejar estratégias, pesquisar e estudar. Eu tinha que ser a
melhor referência sonora para as crianças.
Eu não poderia chegar lendo partituras para elas, apesar de o livro estar sempre
aberto na estante para elas, porque eu tinha que mostrar o que eu queria ver nelas. Se
eu me prendesse em ler apenas, com certeza, muitas outras coisas, gestos,
expressões, emoções eu não perceberia, porque meus olhos não estariam nas
crianças. Hoje, sei que meus olhos são para ler as emoções das crianças e não notas,
pois estas eu posso vê-las enquanto estudo.
61
3.3 Planejamento 3
Objetivo: Tocar a lição número 4 do Livro Método Suzuki Para Flauta Doce Soprano
usando a respiração indicada na peça.
Sinal de respiração
Ao propor uma brincadeira para as crianças, consigo a atenção delas tanto para
a percepção auditiva, quanto para o campo visual, pois enfatizo o ato de respirar. Iniciar
pelo trecho que requer mais atenção, foi uma estratégia que aprendi nos cursos de
capacitação dos livros de Flauta. Ao proceder dessa maneira, consigo preparar a peça
musical separando-a em pequenos trechos, que são elaborados, ou que apresentam
informações novas para a criança. Depois, ao juntar a música, isto é, tocá-la do começo
ao fim, esta flui naturalmente sem atropelos (categoria de ação).
De acordo com Suzuki (2008), o ato de ouvir e repetir é a base para aprender
uma linguagem e essa habilidade advém de treino, da repetição, visto que é um erro
acreditar que o talento se desenvolve sozinho. Suzuki acreditava que a música é para
todos.
Quando eu pergunto o que aconteceu antes da última nota, elas ficam
empolgadas para responder que foi “um pulinho” (crianças “B” e “C”), ou fazem o
mesmo gesto que eu fiz (criança “A”), abrindo a boca. Ao perguntar o que era aquilo
que eu tinha feito, elas arriscaram falar, dizendo “pausa” (criança “B”) e eu afirmo ser
uma respiração. Confesso que, avaliando minha atuação, percebo que poderia ter
esperado elas chegarem a essa informação, sem me antecipar. Poderia ter
questionado: Mas o que é pausa? Ou por que você disse pausa, para que ela serve? E
induzir as crianças com perguntas, que as levassem até a ação do momento certo de
respirar. Essa postura como professora é reflexo da minha própria formação, na qual o
63
me refiro à postura correta: o “cabo de vassoura” é uma expressão para lembrar de que
devemos estar com as costas eretas e que podemos tocar flauta, sentadas na beira da
cadeira, desde que estejamos com os pés apoiados por inteiro no chão e a coluna
como se tivéssemos “engolido um cabo de vassoura”. Essa postura uso normalmente
quando percebo que as crianças estão cansadas de ficar em pé.
Ao final da aula, quando eu perguntei sobre o que elas deveriam fazer durante a
semana, todas as crianças já sabiam e é perceptível que estavam motivadas para o
próximo encontro. Manter a motivação é uma das estratégias de ensino que
aprendemos nas capacitações Suzuki (categoria de ação). Ao final de cada aula, tinha
uma sensação de bem-estar, de felicidade mesmo por ter conseguido o objetivo
proposto de forma tão satisfatória para as crianças.
3.4 Planejamento 4
Objetivo: Montar uma partitura alternativa usando as consoantes que fazem parte da
articulação da lição número 4 do Livro Método Suzuki Para Flauta Doce.
das coisas dos outros e de nós próprios” (NÓVOA, 2018, p. 15 e 16). Me tornei outra
sem esquecer quem fui.
3.5 Planejamento 5
Objetivo: Montar o quebra-cabeça da lição número 4 do Livro Método Suzuki Para Flauta
Doce e acompanhar indicando com o dedo. Escutar a lição número 5.
Relógio Pássaros
Sempre que um convite surgia, o grupo decidia o que queria tocar, quais músicas
estavam mais preparadas, quem faria introduções, quem começaria a música para os
demais tocarem, quem faria solo15. A decisão tomada em conjunto não poderia ser
diferente, pois trabalhávamos assim.
Os familiares sempre dando o apoio devido, levando aos locais e prestigiando as
apresentações, foi e tem sido a melhor parceria que um professor pode ter. Não existe
ninguém que ame mais suas crianças que os próprios pais. Por isso, juntar esse
sentimento no processo de Educação Musical é bem valoroso.
Acredito que quando Suzuki pensou em trabalhar com a parceria da família, ele
pensou nesse sentimento que nutre o ser do início ao fim da vida. Confesso que me
surpreendi com as apresentações iniciais, pois fiquei com receio de expor as crianças a
algum tipo de pressão psicológica, ou a um momento que não fosse positivo, caso elas
errassem. Não é fácil você tocar na frente de pessoas estranhas, assim como não é
fácil falar em público. Entretanto, eu conversava com elas e me colocava no mesmo
nível em que elas estavam. Dizia que também ficava nervosa, que sentia frio na barriga,
mas que eu tinha coragem de enfrentar aquilo que havia me proposto. Nessas
conversas, sem perceber ensinava as crianças a ter coragem para enfrentar medos e
angústias, porque assim é na vida real, fora das salas de aula.
15
Secção de um trecho musical executado por um só intérprete (solista). Disponível em:
https://www.meloteca.com/portfolio-item/dicionario-de-musica/. Acesso em: jan. 2019.
70
3.6 Planejamento 6
Estratégias de Ensino: Usando a partitura do livro “I can read music vol.1” explicar
brevemente sobre a grafia musical partindo para a prática da leitura. Com o uso de
arames coloridos, pedir que as crianças façam figuras musicais semelhantes às que elas
viram na partitura. Cada criança deverá criar um pequeno trecho melódico para, em
seguida, juntar todas as partes e tocarem juntas.
Bibliografia: MARTIN. Joanne. I can read music vol. 1. Alfred Publishing Co., USA.
1991.
Mesmo percebendo que as crianças erram não as corrijo, porque o objetivo não
é acertar de imediato, mas ler e tocar. Elas conseguem manter o andamento e eu
enfatizo que o importante é não parar; mesmo que elas errem devem seguir adiante
(categoria de ação). As crianças se mantêm motivadas a ler músicas mais elaboradas e
aproveito para adicionar nomes de figuras musicais de forma bem simplificada, para
72
3.7 Planejamento 7
Objetivo: Exercitar a afinação e praticar repertório da III Maratona de Flauta Doce de São
Paulo.
Bibliografia: Caderno de Repertório III Maratona Suzuki de Flauta Doce de São Paulo.
2018.
16
Para mais detalhes sobre esse evento acesse: <https://educacaomusical.com.br/inspirando-alunos-
sobre-a-maratona-suzuki-de-flauta-doce-de-sao-paulo/>. Acesso em: dez. 2018.
17
“A Flauta Doce constitui uma “família” de instrumentos que, por suas características de afinação, são
classificados como: soprano, contralto, tenor e baixo” (MÖNKEMEYER, 1976, p. 6).
74
uma janela para conhecer outros instrumentos, que fazem parte da família da Flauta
Doce.
Nossa maior dificuldade foi a música de encerramento por ser mais elaborada e
com duração bem maior que todas as músicas tocadas pelo grupo (um pouco mais de 5
minutos). Tocar em um grupo composto por vários tipos de flautas foi uma experiência
fantástica para todas elas e para mim também, pois nunca tinha participado de um
evento como esse.
Embarcamos para São Paulo dia 31 de agosto de 2018 e ouvi de algumas
pessoas que eu era muito corajosa em sair de Boa Vista sozinha com três crianças.
Confesso que não me senti amedrontada com isso, visto que conhecia as crianças e
sabia que elas não fariam nada que não tivéssemos combinado. O grupo estava coeso
e todos se ajudavam mesmo antes da ideia de sair de Boa Vista.
Minha relação com o grupo e com as famílias sempre foi de afeto, respeito e
confiança, então, não havia lugar para sentir medo, ou insegurança. Eu poderia ter ido
participar somente como professora sem levá-las, mas o que isso acrescentaria para o
trabalho como um todo? Eu pertencia a um grupo e não via lógica em aprender
sozinha, queria que elas aprendessem também, se motivassem e sentissem como é
bom estudar, conhecer outras pessoas que fazem o que você faz e muito mais.
O resultado dessa experiência foi que as crianças voltaram muito mais motivadas
a tocar e aprender. O grupo se fortaleceu ainda mais e sei que colaborei com a
aquisição de uma memória de momentos positivos dessas crianças. Para mim, ficou a
sensação dos obstáculos vencidos como, por exemplo, fazer com que todas tocassem
de memória, todo o repertório de forma segura.
Não poder ler a partitura foi o maior dos desafios que tive nesse evento e percebi
que só poderia cobrar isso das crianças se eu pudesse fazer. Para quem vem de uma
educação tradicional, em que o “normal” é tocar lendo, me superei e consegui, na
companhia do grupo, dar conta das exigências para participação no curso.
A análise seguinte fez parte desse preparo (https://youtu.be/sQYwm8G8YUI) e
percebi que uma das alunas ainda apresentava dificuldade em tocar uma das peças do
repertório proposto. Então, sugeri dividir o grupo para que eu pudesse dar mais atenção
a ela. Nesse momento, ao ser questionada pela criança “B” sobre ter que repetir algo
75
que elas já conheciam, falei que “foi um sacrifício aprender”. Sempre falo para as
crianças que, quando estamos aprendendo uma música nova, ela é difícil, mas aos
poucos começa a ficar fácil, porque repetimos e as dificuldades vão diminuindo até que
ela fica fácil de tocar. “Aquilo que não praticamos [...] exige muito esforço e dor mais
tarde” (SUZUKI, 2008, p. 56). Basta perguntar para qualquer pessoa que fazia algo e
deixou de fazê-lo que a resposta é a mesma sobre a dificuldade que se tem em
lembrar.
Os vídeos seguintes são muito significativos para mim, pois a criança “C” tem
mais dificuldades que as outras do grupo. Como toda pesquisa, não temos somente
acertos, ou cem por cento de adesão pelas pessoas envolvidas no processo. Trabalhar
com o ser humano não é como trabalhar com máquinas, de forma que todas fazem a
mesma coisa ao mesmo tempo. Até as máquinas têm desgaste e funcionamento
diferenciado.
Ao propor aplicar um método no qual a criança deve ter um ambiente favorável
em casa, que os pais sejam parceiros no lembrar para estudar, de se dispor a trazer a
criança para as aulas pontualmente, assistir algumas aulas, continuar o estudo da
semana em casa, manter a criança motivada, enfim, fazer a parte que cabe aos pais no
processo de Educação Musical, nem sempre conseguimos com todas as famílias o
tempo todo. As famílias passam por problemas que, consequentemente, afetam a
criança, já que está inserida naquele ambiente.
O método Suzuki é um método oriundo da cultura oriental e a disciplina,
organização, planejamento, são características que nem sempre partem da nossa
cultura ocidental, ainda mais no Brasil. Não quero dizer que isso é regra para todos os
brasileiros, existem as exceções. Geralmente, as crianças que mais se desenvolvem
cognitiva, física e emocionalmente, são aquelas que têm apoio dos pais, têm rotina de
estudo e o afeto dos professores que as respeitam e as valorizam como um ser em
desenvolvimento.
Trabalhar diretamente com famílias é também “andar em campo minado”. Nós
professores Suzuki, por estamos mais próximos do contexto familiar, temos que saber
administrar muito bem todas as informações que nos chegam pelas crianças e pelos
pais, bem como manter o equilíbrio desses grupos. O foco no desenvolvimento da
76
como permito, hoje, aprender com as crianças, observando-as a resolver situações que
proponho nas estratégias de ensino.
Fico encantada como elas aprendem a tocar de maneira tão prazerosa e rápida.
Elas buscam o som que eu faço, os gestos da minha performance e sinto que estão
abertas a aprender mais e mais, são janelas abertas para o conhecimento. Isso me
motiva e encoraja a dividir com outros professores, meu entusiasmo na aplicação do
método Suzuki.
3.8 Planejamento 8
(categoria de ação).
Para uma melhor compreensão da localização e da posição correta, seguem
abaixo ilustrações das partes da Flauta:
Ilustração 7: Posição correta do polegar da mão esquerda para tocar notas agudas
3.9 Planejamento 9
Bibliografia: BASTIEN, James. Classis themes by the másters. Kjos West. San Diego.
California. 1978.
grande aprendizado, bem como torna possível perceber o quanto perdemos por não
permitir que o potencial criativo do outro, some nessa construção do saber coletivo.
No último momento da aula (https://youtu.be/QpeOx-DZl_8), fiz a inclusão de
uma outra flauta (contralto) e, para a minha surpresa, elas quiseram experimentar e
começaram a tocar as músicas que já sabiam. Isto me deixou muito feliz. Pude notar a
alegria que tiveram ao descobrir que também tocam naquela “flautona”. Possibilitar
esses momentos de exploração também é importante para fomentar e encorajar a
seguir em busca do conhecimento. Ao fim da aula, a música fluiu naturalmente, porque
brincamos, aprendemos e tocamos todos juntos.
3.10 Planejamento 10
Estratégias de Ensino: A música “Brilha, brilha estrelinha” é uma peça que as crianças já
tocam em duas tonalidades, Sol M na Flauta Doce e Dó M para tocar com os alunos de
piano. Pedir que as crianças toquem as músicas que já conhecem e depois possam
transpor para outra tonalidade.
somente depois, passava para o tom pedido pelo professor. Tudo isso sem tocar no
instrumento, uma vez que calculava tudo como uma sentença matemática. Eu era muito
mais uma musicista que escrevia para ler e tocar, porque tinha medo de errar se fosse
direto para a prática.
Ver as crianças transpondo de maneira tão natural, sem precisar saber sobre
teoria musical e, simplesmente, colocando a habilidade da percepção auditiva em
prática é algo que só via em músicos mais adiantados. Perceber esse grupo de
crianças, com tão pouco tempo de estudo, já fazendo algo que me parecia tão difícil, de
forma tão simples para elas, foi surpreendente. Só percebi isso quando, em uma das
aulas de Flauta com a Prof.ª Dra. Renata Pereira, ela pediu para tocar um pequeno
trecho de 3 notas em outra tonalidade. Com isso, me senti perdida.
Nas minhas aulas de Flauta com a Prof.ª Dra. Renata Pereira, ao conversar
sobre minhas dificuldades, sinto muita motivação para tentar experimentar, ouvir a
música antes de buscar escrever algo. E foi assim que, aos poucos, fui acreditando
mais em mim e nos meus ouvidos. Assim, hoje consigo tocar, memorizar e fazer o que
há poucos anos não faria. Me sinto livre quando toco, sem ter que ler nenhuma nota.
No momento 1:04 do vídeo, antecipei a fala das crianças a respeito da altura do
som (agudo x grave) e não esperei as respostas. Mais uma vez, percebi que poderia ter
aprendido algo com o grupo, porém, esse imediatismo que ainda tenho na minha
prática pedagógica é reflexo da educação que tive. Eu poderia ter elaborado perguntas
que agregariam mais reflexões como, por exemplo: “Tem diferença entre esse som e o
que tocamos há pouco?”, ou “O que aconteceu com o som? E por que isso acontece?”.
Devolver o questionamento para as crianças possibilitaria a criação de uma linha de
raciocínio que motivaria o grupo na solução do problema.
Essas reflexões surgem após analisar os vídeos, que considero uma fonte
inesgotável de recriação da minha atuação. Sei que, na próxima vez que for trabalhar
esse tema, precisarei esperar mais respostas e fazer mais perguntas.
Em outro momento, 4:57, a criança “B” perguntou se poderia ajudar a criança “C”
e sugeriu uma música que é conhecida do grupo. É encantador a forma como as
crianças ensinam, quase sem palavras, com mais ações, emoções e envolvimento.
84
Essa busca tem sido diária e as crianças são a fonte dessa investigação, porque
olho para elas como um ser único, que tem seu próprio ritmo de aprendizagem e me
permitem aprender constantemente vivenciando com elas a ação pedagógica.
Moraes (2003) e Nóvoa (2007) nos dizem que a formação só existe quando
ocorre uma mudança positiva, quando colocamos em ação aquilo que aprendemos e
colaboramos na construção do conhecimento. É por meio do desenvolvimento de novos
hábitos, novas habilidades que melhoramos nossas atitudes e olhamos o outro com o
real valor que ele tem. Durante o período da pesquisa, jamais pensei em desistir de
nenhuma das crianças, apesar de ter relatado anteriormente que nem todas as famílias
se adequam por completo ao método Suzuki. Todos podemos aprender e ensinar,
basta que estejamos abertos a ouvir e refletir sobre as ações que vivenciamos no meio
no qual estamos inseridos.
85
Descrevo neste capítulo algumas estratégias de ensino que foram utilizadas nas
aulas, oriundas das capacitações Suzuki e/ou socializadas nos grupos de referência
dos quais eu faço parte e foram elaboradas a partir das minhas necessidades em sala
de aula com as crianças.
Estratégia, de acordo com o Dicionário On-line de Português (2018), “são meios
para conseguir alguma coisa”. Tem sua origem no termo grego strategia, que significa
também plano, método, manobras, ou estratagemas usados para alcançar um objetivo,
ou resultado específico, ou seja, está interligado com o planejamento que, na proposta
de educação, é a base para o processo de ensino e de aprendizagem.
Para Bordenave e Pereira (2015), estratégia de ensino é o percurso que o
professor faz até a criança, no sentido de colocar em prática a teoria do conhecimento.
É facilitar o processo de ensino e de aprendizagem por meio de recursos que possam
motivá-las a aprender. Para esses autores, “aprender é uma atividade que acontece no
aluno e que é realizada pelo aluno. [...] Ensinar não é o mesmo que aprender”.
(BORDENAVE e PEREIRA, 2015, p. 39).
E o que é ensinar? Roldão (2007) nos diz que:
enquanto capital global. Num passado mais distante, pelo contrário, essa
interpretação de ensinar assumia um significado socialmente pertinente,
quando o saber disponível era muito menor, pouco acessível, e seu domínio
limitado a um número restrito de grupos ou indivíduos (ROLDÃO, 2007, p. 95).
Dentro de uma educação mais humanizada, ensinar é uma via de mão dupla,
visto que todos podem também aprender.
As estratégias de Ensino são, para mim, o ponto alto das capacitações Suzuki.
As criações e compartilhamentos nos grupos de professores continuam mesmo depois
dos cursos, fortalecendo e motivando os integrantes durante o ano todo, permitindo-nos
adaptar ideias para cada realidade, ou para cada criança.
Foram as estratégias de ensino partilhadas nas capacitações que fizeram com
que eu despertasse para uma educação mais afetiva, mais humanizada. A partir delas,
passei a mudar e romper paradigmas que faziam com que estivesse presa a um falso
conhecimento. Moraes (2003) confirma a transformação por meio da prática pedagógica
quando diz:
Sempre que, entre duas ou mais pessoas, por um momento que seja, há uma
troca de saberes sobre alguém ou algo, há uma interação vivida na busca
recíproca de sentidos sobre nós e a vida. Há uma partilha de símbolos, de
gestos de palavras à procura de significados e sentimentos, isto é, de
sensibilidades que possam ser partilhadas e que tornem nossa experiência no
mundo mais compreensível e mais solidamente compreendida (BRANDÃO,
2005, p. 17).
87
A tabela evidenciada tem como objetivo motivar a criança a tocar todos os dias e
foi compartilhada no curso de capacitação Suzuki do livro 1, de Flauta Doce. O hábito
começa com três dias de estudo por semana e, a cada quatro fitas brancas, a criança
passa para a fita cor laranja e, assim, segue na sequência de cores a cada etapa
avançada. Esse recurso pode ser usado para motivar qualquer ação que o professor
queira desenvolver com seus grupos.
Essa tabela foi intitulada “código do talento”, mas pode ter o título que o
professor preferir, inclusive, pode ser criado pela turma de crianças permitindo que elas
se envolvam no processo criativo desde o início. Um exemplo de outra atividade que
pode usar esse recurso seria motivar a prática da leitura iniciando com trechos
pequenos, ou páginas três vezes por semana; ou desenvolver a independência dos
estudos combinando com a criança de começar a fazer o dever de casa sozinho na
quantidade de dias indicados, ou ainda mais, desenvolver hábitos de colaboração no lar
como ajudar a colocar o lixo para fora, arrumar a cama, ou os brinquedos. Em suma,
existe uma infinidade de objetivos que podem ser alcançados com essa tabela.
Como fazer esse recurso? Ela pode ser feita em qualquer editor de texto no
computador e impressa em folha A4 de gramatura 180gr-300gr. Em seguida, basta
plastificá-la e colar as fitas com cola quente. A criatividade das bordas fica a critério do
88
professor.
Tenho usado desde o início do projeto essa tabela e, também, com as outras
crianças que dou aula, tendo sucesso garantido. Essa atividade também promove o
desenvolvimento de valores morais, quando a criança chega até nós e diz que não
conseguiu fazer o estudo nos dias da semana. Em um diálogo baseado na verdade e
na confiança, conversamos e falo para elas que, realmente, poderão existir semanas
nas quais não vamos ter tanto sucesso naquilo que nos propomos a fazer, porém o
mais importante é não desistir.
Fonte: Acervo particular da autora (2017) construído com base em um quadro socializado no curso de
Flauta Doce 1 no Centro Suzuki de Educação Musical – SP, em fevereiro de 2016.
89
Elaborei essa tabela para poder controlar os estudos semanais e possibilitar que
a criança visualizasse o objetivo alcançado por ela. É composta por seis dias, pois as
aulas que lecionava para o grupo do projeto aconteciam uma vez por semana. No
entanto, o professor pode adaptar a sua realidade e objetivos.
Eu usava, e ainda uso, esse recurso simultaneamente com a Tabela de Fitas,
sendo muito interessante ver as crianças chegando para a aula já querendo mostrar
que conseguiu a meta da semana. Como trabalho com Educação Musical, quis colocar
um desenho (clave de sol) que remetesse à essa prática. Cada dia de estudo é um
desenho pintado.
Deixei as colunas dos dias da semana em branco, porque passei a usar com
outras crianças, inclusive, as do projeto social no Lar Fabiano de Cristo -Unidade Casa
de Timóteo, cujas aulas aconteciam em dias diferentes. Entretanto, se o professor
atende todas no mesmo dia, pode fazer novas inclusões. Como fazer esse recurso?
Basta criar uma tabela em qualquer editor de texto no computador e selecionar um
desenho, que pode ser opcional, mas sempre uso o lúdico e o colorido quando trabalho
com crianças. Para economizar papel, faço três tabelas dessa em uma folha A4 simples
e imprimo. As crianças trazem nas aulas semanais, eu entrego a elas outra tabela e
assim vamos desenvolvendo hábitos que conforme Moraes (2003) referenciada
anteriormente auxilia ajudando a formar o ser humano.
90
Dias da
semana
CUCO
Fonte: Acervo particular da autora (2017) com base em acervo de figuras disponível na internet.
Como fazer essa atividade? Na internet, existe um vasto acervo de figuras para
colorir. Copie o desenho de sua preferência e imprima em papel A4.
Esse recurso foi compartilhado pela Professora Helenice Scapol Villar Rosa, em
um encontro de alunos Suzuki de piano, em São Bernardo do Campo, em abril de 2017.
Na ocasião, esse brinquedo não tinha um nome específico e, quando comecei a fazer,
as crianças do projeto o batizaram de “Ábaco do Talento”.
Esse ábaco é composto por dez miçangas unidas por um fio e, cada vez que a
criança tocar correto, ela move uma peça do brinquedo. Assim, tocamos dez vezes ou
92
mais, porque é válido perguntar para a criança se a execução dela foi verdadeira. É
comum falarem a verdade. Com isso, o que era tocar apenas dez vezes, passa a ser
mais e com prazer e sinceridade em cada repetição. O mais interessante no uso desse
recurso é a motivação que a criança tem porque está brincando.
Esse recurso pode ser adaptado para qualquer outro objetivo e em qualquer
área, inclusive, com adultos para desenvolver bons hábitos.
Como fazer esse recurso? Vamos precisar de um fio de crochê (50cm mais ou
menos) ou do tipo encerrado e de dez miçangas coloridas (modelo a gosto). Passe o fio
por dentro da primeira miçanga até o meio do fio e passe novamente a outra ponta
cruzando de forma que a miçanga fique fixada no meio. Vá acrescentando uma
miçanga de cada vez sempre cruzando as pontas do fio. Ao final, deixe um espaço para
as miçangas se moverem e dê um nó. Compartilho um tutorial que fiz em vídeo para os
grupos de professores Suzuki do qual faço parte (https://youtu.be/r42F1plxOjA).
É possível também fazer um jogo de repetição usando um brinquedo bem
comum de ser encontrado, ou seja, aquelas pescarias nas quais os peixinhos ficam em
93
movimento e as crianças têm que fisgá-los. Com caneta permanente, coloque números
na quantidade existente de peixinhos, ou seja, na base que eles possuem, de modo
que não fique visível. Assim, as crianças pescam os peixes, olham o número que está
na base e tocam a devida quantidade.
Disponível em:
https://www.google.com.br/search?q=brinquedo+pega+peixe&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUK
EwjIkN-opd7fAhWChZAKHRy5Ax8Q_AUIDigB&biw=1199&bih=744#imgrc=_
Esse recurso aprendi também com a Professora Helenice Scapol Villar Rosa, em
um curso de musicalização on-line/2017. O objetivo é treinar a percepção auditiva e a
memória auditiva da criança.
Como fazer esse recurso? Com recipientes iguais em números pares, colocar
objetos (pedrinhas, miçangas, moedas, bolinhas de lã, guizos) que produzam sons
iguais em dois desses recipientes e ir variando a combinação desses sons até
conseguir ter vários pares de sons iguais, porém diferentes de outros pares. Vedar bem
94
cada recipiente com cola quente ou fita adesiva, enfeitar com adesivos e brincar com as
crianças (https://youtu.be/QkKGGPhKxQw).
Essa atividade foi elaborada por mim, com o objetivo de manter a motivação das
crianças durante o período de férias. A cada dia de estudo pode-se colar uma pedrinha
colorida para criar vários desenhos. A quantidade de bolinhas foi pensada na
quantidade de dias que teríamos de férias. A criatividade é o carro-chefe das
estratégias.
Ao entregar para as crianças, conversei sobre o esforço que todos fizemos para
aprender uma música nova e que esse esforço não pode ser perdido. Comentei sobre a
importância das férias, mas que não podemos perder hábitos já internalizados. O
objetivo é mantê-las tocando mesmo nas férias, mas não de forma obrigatória, mas sim
95
com uma proposta lúdica (podendo tocar músicas antigas, ou tirar uma música de
ouvido, ou escutar os áudios das peças que fazem parte do livro). O importante era
envolvê-las em um momento com a música para colar a pedrinha.
Como fazer essa atividade? Vamos precisar de pedrinhas achatadas, tipo chaton
usadas para bordar, um tubo de cola branca e papel A4 para imprimir. Em primeiro
lugar, temos que saber quantos dias teremos de férias, ou de recesso. Como eu
pretendia entregar para as crianças pedrinhas coloridas e redondas, usei pequenos
círculos formando uma clave de sol em um editor de texto no computador e depois
imprimi. Montei um kit de férias com: cola branca, folha impressa e pedrinhas dentro de
uma pasta. Assim, elas poderiam levar para onde quisessem.
É bem interessante os pais mandando mensagens dizendo que as crianças
realmente se envolvem com a atividade, que gostam de fazer e tocam também.
Eu não tinha noção de nada disso anteriormente, e hoje, as férias representam
um motivo para ficar longe das crianças, mas saber que elas contam os dias para
nossos encontros.
96
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A reflexão foi uma constante durante todo o percurso da pesquisa e não haveria
de ser diferente, pois a busca pelo conhecimento não permite observar sem refletir.
Nesse mergulho no mar das teorias sobre Educação, vale ressaltar a diversidade de
vozes que necessitam ser ouvidas, compartilhadas, amplificadas sonoramente para que
as crianças, que hoje estudam conosco, possam se sentir parte da construção dos seus
conhecimentos para o seu desenvolvimento como indivíduo humano.
Renascer dentro de uma profissão, que eu acredito ser uma das mais
importantes, Ser Professora, me coloca como sujeito principal dessa pesquisa, e me
oportunizou conhecer um mundo que nem imaginava existir. Além de Shinichi Suzuki,
que me inspirou a ser outra professora na música e na vida, trago hoje em minha
bagagem tantos outros que a Pesquisa Narrativa Autobiográfica me apresentou.
Essa epistemologia de formação, que tem na sua base a escrita de si, foi o ponto
alto dessa pesquisa. Eu poderia ter usado tantas outras linhas epistemológicas, mas
essa me chamou a atenção, porque vinha ao encontro das minhas necessidades, não
apenas como professora, mas como um ser que está em constante transformação.
A referida metodologia de pesquisa, considerada nova em nosso país, e mais a
aplicabilidade de um método ativo da Educação Musical, com pouca difusão no norte
do Brasil, me motivou a seguir nessa trajetória contribuindo, tanto com a formação de
professores, quanto com a Educação Musical de crianças.
Durante meu percurso nesse trabalho, ouvi alguns adjetivos, tais como:
audaciosa, por me expor assim em uma pesquisa, ou corajosa, por levar uma proposta
de Educação Musical, que envolve a criança e a família, na prática de um método que
trabalha, além dos conteúdos específicos, valores morais, éticos, disciplina,
planejamento e organização na sua essência. Com isso, posso dizer que ser audaciosa
e/ou corajosa é, ao mesmo tempo, assustador, tendo em vista que eu poderia
pesquisar tantas outras temáticas na área educacional, mas o que me motivou foi poder
ver crianças que são felizes estudando Música e quis trazer isso para onde moro, para
o extremo norte desse país continental.
100
É fato que podemos ser melhores na atuação docente e que a família pode
colaborar nesse trabalho, no sentido de contribuir para o fortalecimento dos laços
afetivos na convivência familiar. Isso tudo só aumentou ainda mais minha
responsabilidade em Ser Professora.
Certa feita, falei para a Prof.ª Dra. Renata Pereira que queria tanto morar mais
perto de São de Paulo para estar mais próxima de tudo que envolve a Educação
Musical. Ela, sabiamente, disse: “pense nas crianças que estão tendo a oportunidade aí
em Roraima de conhecer o método Suzuki, porque você está aí”. Nessa hora,
compreendi que realmente meu lugar é aqui em Roraima trabalhando, estudando e
pesquisando. As crianças foram, e ainda são, minha fonte inesgotável e inspiradora
para pesquisar, observar, criar, recriar e refletir. Foi por elas que decidi apreender como
ser uma professora que busca desenvolver estratégias de ensino que as motivem e as
envolvam no processo de ensino e de aprendizagem. Uma professora para ser
lembrada como alguém que ajudou a formar o caráter, antes da habilidade musical.
Enfim, uma professora que foi além da escolarização.
Percebo uma diversidade no ensino de música no cenário brasileiro, isso não é
ruim, porque os caminhos são diversos nos processos que envolvem a área da
Educação, mas o conhecimento de métodos usados de forma correta faz a diferença.
Em minha atuação docente, tenho a obrigação de conhecer muito bem o método que
aplico e buscar, constantemente, a formação continuada. Entretanto, não me permito
falar superficialmente de algo que não conheço. Quero dizer, com isso, que o uso
indevido do método Suzuki ainda é uma constante na prática pedagógica de alguns
professores, que usam apenas o repertório dos livros. Sendo assim, tento participar
ativamente das capacitações do referido método, sempre que ocorrem no Brasil.
Motivação foi o sentimento que mais se fez presente desde quando iniciei meus
estudos no método Suzuki. Quando decidi começar aplicando o método por mim, foi
para que minhas reflexões tivessem origem em sentimentos verdadeiramente vividos e,
a partir daí, poderia compreender a criança. Havia grande possibilidade das minhas
dúvidas serem as delas também.
Ao terminar esse estudo, posso dizer que Ser Professor, ou melhor, que ser essa
professora que me tornei e que ainda tem muito a aprender, requer uma busca
101
Categoria de
autoconsciência
30%
Categoria de ação
61%
102
6 REFERÊNCIAS
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https://www.academia.edu/37892665/_Quero_ver_você_brilhar_as_Twinkle_Variations_
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Printed in USA. 1997.
________. Recorder School Vol. 2 Soprano recorder. Alfred Publishing Co., Inc.
Printed in USA. 1998.
________. How to teach Suzuki piano. Summy – Birchard Music. 1993. Kindle
Version, location 50- 34.
109
ANEXOS
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ANEXO 1
1. Enfoque da Aula
a. Dá instruções claras ao estudante e aos pais.
b. Dá instruções claras para as tarefas.
c. Adapta o método de apresentação às necessidades do estudante e ao seu nível de
compreensão. (Por exemplo, vocabulário adequado.)
d. Introduz atividades apropriadas, de acordo com a idade, a experiência e capacidade
da criança, tanto na quantidade de material, quanto no tamanho dos passos na
sequência educativa.
e. Avalia a compreensão dos pontos de ensino por parte do aluno (ou seja, requer que
o aluno demonstre sua compreensão verbalmente ou tocando).
f. Oferece exemplos de interpretação musical excelentes.
3. Atividades em Aula
a. Utiliza demonstração, imitação e repetição ao longo da aula.
b. Incorpora variedade de atividades na aula.
c. Usa material conhecido para introduzir ou reforçar habilidades.
d. Dá oportunidade ao aluno para experimentar e explorar enfoques alternativos
(quando apropriado).
e. Incorpora o uso de tecnologia (quando apropriado)
6. Interação Pessoal
a. Tem contato visual com o estudante e com o pai. Quando for conveniente, o
professor se coloca no nível do aluno. Varia o tom da voz (usa inflexões vocais para
falar).
b. Varia o tom da voz (usa inflexões vocais para falar).
c. Usa o humor apropriadamente.
d. Mantém a atenção do estudante.
e. Convida o estudante e os pais a fazerem perguntas.
7. Ambiente de ensino
a. O espaço é silencioso, está limpo, bem iluminado e livre de distrações.
b. Todos os materiais de ensino estão facilmente acessíveis.
c. O estudante, o pai e o professor estão dispostos no espaço de maneira a facilitar a
interação.
ANEXO 2
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