Rigueto RodrigoLuis M
Rigueto RodrigoLuis M
Rigueto RodrigoLuis M
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
CAMPINAS/SP
2016
RODRIGO LUÍS RIGUETO
CAMPINAS/SP
2016
FICHA CATALOGRÁFICA
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
COMISSÃO JULGADORA:
A Ata da Defesa assinada pelos membros da Comissão Examinadora, consta no processo de vida acadêmica do aluno.
2016
DEDICATÓRIA
Aos amigos e colegas que conviveram comigo durante essa jornada, não é
preciso citar nomes, vocês também foram essenciais para que esta etapa fosse
concluída. Muito obrigado pelos “pedais”, pelas corridas, pelos “rolas”, pela
paciência, pelas conversas e pelo apoio irrestrito. Grato.
RESUMO
This study aims to understand the formation of professional identity of the coordinator
teacher in the context of educational reforms from 2007 to 2014 in the public system
of São Paulo State education. Such reforms introduced and perfected elements of
managerial management, bringing in the São Paulo public schools a business and
commercial vision of education by promoting, among other things, the
competitiveness and individualization in relations between individuals. When we
consider that the identity construction of an individual is realized in otherness,
therefore, it comes to form identities through interaction with other individuals within
the various social groups to which he can come to belong. Competitive and
individualistic aspects may prove to be a professional identity weakened coordinator
teacher in the school. During the research, we observed the work of the coordinator
teacher as an important part of the deployment, implementation and monitoring of the
policies contained in the body of these educational reforms, placing it as an
articulator of the school's interests and the Department of Education State of Sao
Paulo.
APRESENTAÇÃO ..................................................................................................... 13
CAPÍTULO 1 – AUTONOMIA E REGULAÇÃO NA ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
.................................................................................................................................. 26
1.1. O controle dos meios de produção e suas prováveis consequências ............ 26
1.2. Autonomia e responsabilização como forma de regulação na organização do
trabalho .................................................................................................................. 29
CAPÍTULO 2 - A FORMAÇÃO DE UMA IDENTIDADE – UMA RELAÇÃO ENTRE O
“EU” E O “OUTRO” ................................................................................................... 35
2.1. A comunicação como meio para o ‘eu’ se fazer compreensível ao ‘outro’ ..... 35
2.2. A organização, o ‘outro’ e o ‘eu’ ...................................................................... 41
CAPÍTULO 3 - METODOLOGIA................................................................................ 45
3.1. Procedimentos e Participantes do Estudo ...................................................... 51
3.2. Categorias de análise ..................................................................................... 56
CAPÍTULO 4 - A SEE/SP E A CONSTITUIÇÃO DO ESPAÇO/TEMPO DO
TRABALHO DO PROFESSOR COORDENADOR.................................................... 59
4.1. As décadas de 1970 e 1980 ........................................................................... 59
4.2. A década de 1990 ........................................................................................... 67
4.3. O Novo Milênio – O Professor Coordenador dos anos 2000 a 2014 .............. 73
CAPÍTULO 5 - A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO DO PROFESSOR
COORDENADOR NA ESCOLA ................................................................................ 91
5.1. Gestão Pedagógica – Autonomia entre restrições e/ou privações: um sistema
paradoxal ............................................................................................................. 101
CAPÍTULO 6 – O PROFESSOR COORDENADOR E A FORMAÇÃO DE SUA
IDENTIDADE PROFISSIONAL ............................................................................... 106
6.1. Identidade Profissional.................................................................................. 111
CAPÍTULO 7 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................ 115
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 123
ANEXOS ................................................................................................................. 127
ANEXO I – Carta convite enviada por e-mail .......................................................... 128
ANEXO II – Termo de consentimento livre e esclarecido ........................................ 129
ANEXO III – Roteiro da entrevista ........................................................................... 130
ANEXO IV – Bibliografia para a prova de certificação para professor coordenador 132
ANEXO V – História em quadrinhos apresentada no curso MGME ........................ 134
13
APRESENTAÇÃO
Paulo segue, a cada pleito, elegendo governadores desse partido político (PSDB). E
considerados os estilos pessoais de cada governante, como afirma Sanfelice (2010,
p.147), é observada a continuidade de “uma inspiração ideológica razoavelmente
comum” entre eles.
1
No início do ano de 2001 faleceu o governador Mário Covas e assumiu seu vice, Geraldo Alckmin.
15
Uma organização difere de uma instituição por definir-se por uma prática
social determinada por sua instrumentalidade: está referida ao conjunto de
meios (administrativos) particulares para obtenção de um objetivo particular.
Não está referida a ações articuladas às ideias de reconhecimento externo
e interno, de legitimidade interna e externa, mas a operações definidas
como estratégias balizadas pelas ideias de eficácia e de sucesso no
emprego de determinados meios para alcançar o objetivo particular que a
define. [...] A instituição social aspira à universalidade. A organização sabe
que sua eficácia e seu sucesso dependem de sua particularidade. Isso
significa que a instituição tem a sociedade como seu princípio e sua
referência normativa e valorativa, enquanto a organização tem apenas a si
mesma como referência, num processo de competição com outras que
fixaram os mesmo objetivos particulares. Em outras palavras, a instituição
se percebe inserida na divisão social e política e busca definir uma
universalidade (ou imaginária ou desejável). Ao contrário, a organização
pretende gerir seu espaço e tempo particulares aceitando como dado bruto
sua inserção num dos polos da divisão social, e seu alvo não é responder
às contradições e sim vencer a competição com seus supostos iguais. (p.
148-149)
2
CHAUI, M. H. A universidade pública sob nova perspectiva. Conferência de abertura da ANPED,
Poços de Caldas, 5/out/2003.
17
3
Em 20/08/2007, o Governador José Serra anunciou uma nova reforma na educação. Em seu
discurso a preocupação centrou-se no âmbito dos investimentos no sistema de ensino – prédios,
infraestrutura, laboratórios de informática, computadores – não demonstrando preocupação com as
regularidades e as particularidades de cada região, cidade ou mesmo da unidade escolar e seu
entorno. Segundo Serra “[...] algumas teorias insistem, [...] na questão do papel da pobreza, no papel
da distância, da família que não favorece o aprendizado. Mas eu acho que essas são barreiras
perfeitamente superáveis”. Disponível em:
http://www.saopaulo.sp.gov.br/spnoticias/lenoticia.php?id=87022&c=201. Acesso em: 15/08/2015.
Vide também as diretrizes contidas na “Educação – Compromisso de São Paulo”, publicado pelo
então Governador Geraldo Alckimin, em 2011, que, dentre outras, expressa a valorização do capital
humano via programa de valorização por mérito. Disponível em:
http://www.educacao.sp.gov.br/compromisso-sp. Acesso em: 15/08/2015.
18
4
Em, DORTIER, Jean-François. Dicionário de ciências humanas. São Paulo: Editora WMF Martins
Fontes, 2010. Encontramos, dentre outras, a seguinte definição para ‘poder’: “Em Economia e
Sociedade (1922), Max Weber propõe a definição seguinte: o poder é a oportunidade de fazer
prevalecer, no âmbito de uma relação social, sua própria vontade, até mesmo contra a vontade do
outro” (p.497).
19
Tabela 1
Banco de Dados Resultados Retornados
CAPES 1 (uma)
Scielo 0 (zero)
USP 0 (zero)
UNESP 3 (três)
UNICAMP 0 (zero)
5
Vide: http://bancodeteses.capes.gov.br/. Acesso em: 17/08/2015
6
Vide link “pesquisa de artigos” em: http://www.scielo.br/?lng=pt. Acesso em: 17/08/2015
7
Vide link “pesquisa avançada” em : http://www.teses.usp.br/. Acesso em: 17/08/2015
8
Vide: http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/. Acesso em: 17/08/2015
9
Vide link “busca simples/avançada” em: http://unesp.br/portal#!/cgb/bibliotecas-digitais/cthedra-
biblioteca-digital-teses/. Acesso em: 17/08/2015
21
Tabela 2
Título / Autor Fonte Data Proposição segundo resumo dos autores
Título: CAPES 2012 Essa investigação tem como objetivo compreender como
Coordenador/Supervisor do se constitui a identidade do coordenador/supervisor
Colégio Militar de Campo pedagógico no interior do Colégio Militar de Campo Grande
Grande/MS: Uma Prática (CMCG). [...] A pesquisa foi motivada por questões ligadas
Refletida. à prática do apoio pedagógico que se desenvolve no
CMCG, desde 2007. A indagação central que fomentou a
Autora: busca foi a seguinte: como se constitui
Neiva Blós. a identidade do coordenador/supervisor pedagógico no
interior do CMCG? A partir dessa questão desencadeadora,
levantamos algumas possibilidades:
o professor coordenador pode construir
sua identidade como profissional participativo, reflexivo e
crítico apesar da estrutura hierarquizada de seu contexto
de trabalho; a formação continuada é um dos elementos
fundamentais para a constituição da identidade do
profissional; é possível fazer movimentos de ações
transformadoras, mesmo num contexto organizacional
marcadamente hierárquico.
Título: UNESP 2007 Nessa pesquisa de caráter empírico, procuramos investigar
O professor coordenador a percepção de 30 professores que atuam nos dois
das escolas públicas segmentos do Ensino Fundamental e no Ensino Médio da
estaduais paulista: análise Diretoria de Ensino do Município de São Carlos, sobre o
das condições de trabalho e desempenho do Professor Coordenador da Escola Pública
a construção do projeto do Estado de São Paulo na busca de ações coletivas que
político-pedagógico. possibilitem melhorias na qualidade de ensino, e se essas
ações estão relacionadas à existência de práticas
Autora: democráticas no interior das escolas.
Rita de Cássia Duarte
Enquanto são raros os estudos sobre o professor coordenador, não são raros
os estudos sobre o coordenador pedagógico10, atuante em redes municipais ou
estaduais de ensino.
10
Como mostra a coleção publicada pela Edições Loyola, onde encontramos os seguintes títulos: “O
coordenador pedagógico e a educação continuada”; “O coordenador pedagógico e a formação
22
Uma importante pesquisa realizada pela Fundação Victor Civita entre março
de 2010 a março de 2011, intitulada: “O coordenador pedagógico (CP) e a formação
de professores: intenções, tensões e contradições” (Placco et al., 2011), objetivou
revelar um retrato do coordenador pedagógico e como se estruturam e se articulam
suas atribuições. Em um primeiro momento, foi realizado um levantamento
quantitativo envolvendo 400 (quatrocentos) coordenadores pedagógicos, em 12
Estados e no Distrito Federal, através de questionários aplicados via telefone pela
empresa “Ibope Inteligência”. Em um segundo momento, foi realizada a fase
qualitativa, na qual 3 (três) pesquisadoras aplicaram questionários presencialmente
em 20 (vinte) coordenadores pedagógicos em 5 (cinco) capitais (Natal – RN; Rio
Branco – AC; Goiânia – GO; São Paulo – SP; Curitiba – PR). Foram entrevistados 2
(dois) coordenadores pedagógicos da rede municipal e 2 (dois) da rede estadual em
cada uma das capitais.
Dessa forma, a busca pela compreensão dos fenômenos que cercam o objeto
dessa pesquisa se deu por todo tempo, conduzindo-nos a um incansável
levantamento de fontes bibliográficas.
Entre o final dos anos de 1960 e meados dos anos de 1970 o modelo sócio-
econômico fordista entra em crise e sua ideologia se dissipa em novos modelos de
organização do trabalho e de acumulação do capital. Chega “ao fim o primado
fordista de investir para aumentar a produtividade e repassá-la aos salários”
(Heloani, 2011b, p. 86).
Esse projeto neoliberal diz o seguinte: você é responsável por você próprio.
[...] O neoliberalismo vai, pouco a pouco, minando o Estado protetor, vai
tornando este Estado cada vez menor, menos interventor, menos positivo. E
o mercado vai fazendo a vez do Estado. (p. 10)
Julgamos que nessa luta, de um contra todos e de todos contra todos, o que
se promove é o esquecimento, por parte dos trabalhadores, de que ocorre um
constante e intenso monitoramento sobre o seu trabalho pelo sistema ao qual
pertencem. Parecem esquecer, ou talvez realmente não saibam, que essa busca
incansável por resultados métricos só beneficia o empregador, o detentor do capital.
Ao conceder a flexibilidade dos tempos e movimentos ao trabalhador, opinamos que
há, na verdade, um escamoteamento da percepção dessa flexibilidade,
11
Em uma entrevista concedida à Revista do Instituto Humanitas Unisinos, Heloani (2013) coloca
“que ainda nesta década, até 2020, segundo relatórios internacionais, a segunda causa de
afastamento do trabalho será o transtorno mental, sendo que a mais recorrente será a depressão (p.
09)”.
29
Inseridas, muitas vezes de forma abrupta, essas reformas podem vir a excitar
expectativas no corpo docente que podem ser positivas, ao pensarmos pelo prisma
de que novos processos educacionais possam suscitar melhores condições de
trabalho ou uma justa reinvindicação feita pelos docentes. Quanto negativas, tendo
em vista que os projetos, os programas, as ações, as intervenções ou qualquer outra
forma de processo de inovação educacional que adentre a escola pública tende a
não passar por um processo democrático com participação ativa do corpo docente a
respeito dessas escolhas.
12
Termo utilizado por Freitas (2014; 2012) em seus textos evidenciando o controle industrial privado
no setor educacional público.
31
dessa interação cortada pelas relações que são inerentes a escola e sua
organização.
fazer algo que se concretize no mundo, que venha a tornar externo a sua
subjetividade, o ‘eu’ e o ‘outro’ se formam e se reformam em suas percepções, logo,
entendemos que uma identidade se forma nesse jogo dinâmico, complexo e
interativo entre o ‘eu’, o ‘outro’ e o ‘meio’ no qual, historicamente, vivem.
Esse contínuo processo que condiciona e que cria hábitos, “que representa a
pessoa e a engendra” (Ciampa, 1996, p. 243), nos permite, mediante sua
manifestação pela linguagem, compreender, em certa medida, sobre a identidade
desse indivíduo.
outro eu
IDENTIDADE
meio
A partir de suas análises, Ciampa (1996) nos revela que a materialidade das
relações sociais no mundo surge a partir das singularidades que cada indivíduo
projeta em ‘si’ e no ‘outro’. Como afirma o autor, isto ocorre por que:
CAPÍTULO 3 - METODOLOGIA
Bruyne et al. (1977) nos chama a atenção para esse possível enrijecimento
do pensar mediante a metodologia. Para ele:
13
“A divisão entre espírito e matéria levou à concepção do universo como um sistema mecânico que
consiste em objetos separados, os quais, por sua vez, foram reduzidos a seus componentes
materiais fundamentais cujas propriedades e interações, acredita-se, determinam completamente
todos os fenômenos naturais. Essa concepção cartesiana da natureza foi, além disso, estendida aos
organismos vivos, considerados máquinas constituídas de peças separadas. [...] tal concepção
mecanicista do mundo ainda está na base da maioria de nossas ciências e continua a exercer uma
enorme influência em muitos aspectos de nossa vida (p. 37).” CAPRA, Fritjof. O ponto de Mutação.
24. ed. São Paulo: Editora Pensamento-Cultrix, 2003.
47
Nesse caso, não se trata de romper com o processo metodológico, o que nos
colocaria em risco de perdermos as rédeas na condução do estudo, privando-nos de
uma compreensão e interpretação do objeto de pesquisa que nos revele um
panorama amplo sem se perder dentro do emaranhado teórico/prático.
Encontrar o melhor meio entre os termos requer um esforço cognitivo que não
pode ser desprezado nessa etapa da formação do pesquisador.
14
GADANER, Hans-Georg. Verdade e Método I – traços fundamentais de uma hermenêutica
filosófica. 12. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012.
48
Vale deixar claro que não estamos em busca dos efeitos de uma ação e sim a
ação. E essa ação, nesse estudo, é o resultado do diálogo obtido com o professor
coordenador e a pesquisa documental. É o compreender e o interpretar o que essas
vivências expressam. Não é fazê-lo do ponto de vista de um julgamento moral,
confrontando, encontrando erros e acertos. Tão pouco, buscamos fazer
comparações, descrever narrativas, histórias de vida ou propor uma análise de
conteúdo. É pura e simplesmente “fazer valer o direito objetivo daquilo que o outro
diz” (Gadamer, 2012, pg. 386).
Tabela 3
Ato normativo Ementa / Título Âmbito
Lei nº 5.692, de 11 de agosto de Fixa Diretrizes e Bases para o ensino de 1° e 2º
Nacional
1971. graus, e dá outras providências.
Lei nº 9.394, de 20 de dezembro Estabelece as diretrizes e bases da educação
Nacional
de 1996. nacional.
Institui o Estatuto do Magistério Público de 1.º e
Lei Complementar nº 114, de 13 de
2.º graus do Estado e dá providências Estadual – São Paulo
novembro de 1974.
correlatas.
Lei Complementar nº 201, de 09 de Dispõe sobre o Estatuto do Magistério e dá
Estadual – São Paulo
novembro de 1978. providências correlatas.
Lei Complementar nº 444, de 27 de Dispõe sobre o Estatuto do Magistério Paulista e
Estadual – São Paulo
dezembro de 1985. dá providências correlatas.
Dispõe sobre a criação e a extinção dos cargos
Lei nº 9.289, de 26 de dezembro
e das funções-atividades que especifica e dá Estadual – São Paulo
de 1995.
previdências correlatas.
Dispõe sobre a continuidade do processo de
escolha para designação de professor para o
Resolução SE nº 76, de 13 de
exercício da função de Coordenação Estadual – São Paulo
junho de 1997.
Pedagógica, nas escolas da rede estadual de
ensino, e dá providências correlatas.
Dispõe sobre o processo de seleção, escolha e
Resolução SE nº 35, de 07 de abril designação de docente para exercer as funções
Estadual – São Paulo
de 2000. de Professor Coordenador, em escolas da rede
estadual de ensino e dá providências correlatas.
Dispõe sobre o processo de credenciamento,
seleção e indicação de docentes para o posto
Resolução SE nº 66, de 03 de
de trabalho de Professor Coordenador, em Estadual – São Paulo
outubro de 2006.
escolas da rede estadual de ensino e dá
providências correlatas.
Resolução SE nº 88, de 19 de Dispõe sobre a função gratificada de Professor
Estadual – São Paulo
dezembro de 2007. Coordenador.
Procedimentos relativos ao processo de
credenciamento de docentes para função de
Instrução CENP nº1, de 10 de
Professor Coordenador do ciclo II do Ensino Estadual – São Paulo
janeiro de 2008.
Fundamental e ou do Ensino Médio, das
Escolas Estaduais.
1.) No ano de 2013 foi oferecido pela SEE/SP através da Escola de Formação
e Aperfeiçoamento dos Professores do Estado de São Paulo "Paulo Renato Costa
Souza", o curso intitulado “Melhor Gestão, Melhor Ensino” – MGME, no qual
procedimentos técnicos e burocráticos de monitoramento das aulas dos docentes e
dos estudantes foram ensinados para posterior implantação nas escolas no ano de
2014. Válido falar que os professores coordenadores do ensino fundamental anos
finais aderiram ao curso através de um “convite” feito pelos diretores de escola e
pelos supervisores de ensino (os diretores de escola também participaram do curso);
15
Disponível em: http://saresp.fde.sp.gov.br/2013/#. Acesso em: 14/07/2015
54
16
Traduzido pelo autor: “compreender a lógica cultural da qual o sujeito interpreta o assunto e dá
sentido aos fatos da realidade estudada”.
55
humano, seria reduzida em uma linguagem escrita, também rica, contudo, estática e
passiva.
Gaulejac (2014, p. 68) afirma que por muito tempo a gestão esteve
relacionada com a parte física das organizações, entretanto, com o passar do tempo
o fator humano e a complexidade das relações interpessoais passaram a integrar a
gestão administrativa das organizações. Dessa maneira a gestão passa a
compreender diversas especialidades e a ocupar diversos espaços dentro das
empresas, como a: gestão comercial, a gestão do pessoal e dos recursos humanos,
a gestão contábil, a gestão de produção, a gestão, etc. Segundo o autor os saberes
práticos existentes nesses diferentes espaços “têm como função modelar
comportamentos, orientar processos de decisão, estabelecer procedimentos e
normas de funcionamento” e que “a particularidade da gestão reside no fato de que
não se trata de perseguir uma finalidade escolhida por indivíduos, nem uma
finalidade negociada no interior de uma coletividade, mas uma finalidade exterior” (p.
68).
59
17
Lei que fixa as diretrizes e bases para o ensino de 1º e 2º graus da educação nacional.
60
18
Lei que institui o Estatuto do Magistério Público de 1º e 2º graus do Estado de São Paulo no ano de
1974.
19
É preciso neste ponto esclarecermos o conceito do Cargo; Função e Posto de Trabalho. Segundo
Aldino Graef, em seu texto intitulado: Cargos em comissão e funções de confiança: diferenças
conceituais e práticas, “Os cargos serão preenchidos; as funções serão exercidas” (p.03). Disponível
em:
http://www.planejamento.gov.br/secretarias/upload/Arquivos/seges/090709_seges_arq_funcoes_confi
anca.pdf, acesso em: 03/10/2015.
Ou seja, o cargo indica a posição hierárquica ocupada por uma pessoa dentro de uma organização
ou instituição e o conjunto de atribuições a ela conferida. Já a função normalmente indica o conjunto
de tarefas desempenhado por uma ou mais pessoas.
Segundo o Artigo 5º, inciso XII da Lei Complementar nº 180, de 12/05/1978, posto de trabalho
significa: “lugar em determinada unidade administrativa, necessário ao desempenho de uma função
de serviço público”. Disponível em:
http://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/lei.complementar/1978/lei.complementar-180-
12.05.1978.html, acesso em: 03/10/2015.
61
Tabela 4
Espaço da Coordenação Pedagógica
Coordenador Pedagógico Professor Coordenador
Formação: Formação:
- Licenciatura Plena em Pedagogia (L.C. nº114, - Licenciatura plena em uma das disciplinas da
13/11/1974). área que vai atuar (L.C. nº114, 13/11/1974).
Forma de ingresso: Forma de ingresso:
- Docente designado pelo Delegado de Ensino - Docente designado pelo Diretor de Escola
por proposta do Diretor de Escola (Decreto nº (Decreto nº 5.771, 04/03/1975).
5.771, 04/03/1975).
Atribuições: Atribuições:
1. Realizar as tarefas relativas ao 1. Coordenar as atividades de elaboração do
acompanhamento, avaliação e controle do plano escolar nos aspectos referentes às
currículo; proposições curriculares específicas da sua área;
2. Garantir o fluxo sistemático e regular da 2. Coletar informações e sistematizar dados
informação sobre a execução das atividades específicos da sua área, que subsidiem as
curriculares, possibilitando a realimentação do tarefas de acompanhamento, avaliação e
planejamento a nível de escola e a nível de controle, de responsabilidade do Coordenador
sistema; Pedagógico;
3. Participar da elaboração do plano escolar, 3. Encaminhar ao Coordenador Pedagógico os
coordenando os aspectos referentes as planos de trabalho de sua área e solicitar as
proposições curriculares; providências necessárias para a sua execução;
4. Coordenar o planejamento, execução e 4. Assegurar a execução política de ação definida
avaliação das reuniões pedagógicas da escola; pela equipe-escola, dando conhecimento a todos
5. Apresentar diagnóstico das atividades os professores da área, das normas de trabalho
curriculares da escola ao final de cada ano letivo. estabelecidas pela equipe e do calendário de
(Decreto nº 5.586, 05/02/1975). atividades, bem como planejando, coordenando e
avaliando as reuniões pedagógicas da área;
5. Promover a articulação com outras áreas que
integram a organização da escola. (Decreto nº
5.586, 05/02/1975).
20
O término do AI-5 se deu no dia 13 de outubro de 1978 pela promulgação da emenda
constitucional nº11, contudo, ela entrou em vigor a partir do dia 01 janeiro de 1979.
64
21
Ressaltamos que esse estatuto do magistério encontra-se em vigor até a presente data.
67
Ponto a ser considerado pelo processo desencadeado pela lei 9.289, é o fato
de que o coordenador pedagógico, por exigência do cargo, era um profissional com
formação em pedagogia, o que lhe rendia saberes próprios sobre os aspectos
administrativos e pedagógicos adquiridos em seu processo de formação. Já o
professor coordenador, para participar do processo de escolha e posterior
designação, era necessário apenas que ele fosse um docente em exercício e que
possuísse habilitação em licenciatura em umas das áreas do currículo. Por aspectos
inerentes a sua formação, possíveis lacunas sobre conceitos pedagógicos e
22
GENTILI, Pablo (2002). Três teses sobre a relação trabalho e educação em tempos
neoliberais. In: LOMBARDI, José Claudinei; SAVIANI, Dermeval & SANFELICE, José Luís (orgs.).
Capitalismo, trabalho e educação. Campinas, Autores Associados, p.45-59.
70
Sob esses aspectos, Ball (2005) contribui para nossa reflexão ao colocar que
o profissionalismo, sob a ótica gerencialista, está distante de ter “uma relação
específica entre o profissional e o seu trabalho (p. 541)”, ou seja, os saberes sobre
‘o que’ e ‘como’ fazer, precisam ser adquiridos de acordo com a demanda
estabelecida por agentes externos à escola. Segundo o autor:
23
RODRIGUES, José. O moderno príncipe industrial: o pensamento pedagógico da confederação
nacional da indústria. Campinas, SP: Autores Associados, 1998.
74
24
Disponível em: http://www.parceirosdaeducacao.org.br/, acesso em: 12/12/2015.
25
Disponível em: http://www.todospelaeducacao.org.br/, acesso em: 12/12/2015.
26
Disponível em: http://www.acaoeducativa.org.br/, acesso em: 12/12/2015.
75
É muito provável que, ao legitimar a presença dos agentes das DEs nas
escolas, o processo de monitoramento, controle e poder tenha vindo a ‘amplificar’ a
voz dos que estão promovendo as reformas na educação, diluindo os processos
participativos e de tomada de decisões na escola em processos de cumprimento e
execução de ações pensadas fora da escola. Como uma das características do
gerencialismo, como ferramenta de organização do trabalho, há uma tendência em
77
o objetivo de buscar uma redução de custos sem “abrir mão do controle central das
políticas” (p. 366).
Dentre as 5 medidas para que a implantação das ações “para uma escola
melhor”, na primeira da lista encontramos a “criação da função de professor
coordenador e seleção de 12 mil professores até dezembro de 200730”.
Essa nova reforma, denominada “São Paulo Faz Escola”, acabou por reforçar
as ações que vinham sendo efetivadas em anos anteriores, como: a redução das
taxas de reprovação no ensino básico; o aumento do desempenho dos estudantes
nas avaliações externas; a capacitação dos profissionais da educação, através da
EVESP, para a implementação dos programas da SEE/SP; dentre outras ações a
serem promovidas na escola.
27
Disponível em: http://www.saopaulo.sp.gov.br/spnoticias/lenoticia.php?id=87027. Acesso em:
25/06/2015.
28
Disponível em: http://www.saopaulo.sp.gov.br/acoes/educacao/metas/acoes.htm. Acesso em:
25/06/2015.
29
Disponível em: http://www.saopaulo.sp.gov.br/acoes/educacao/metas/medidas.htm. Acesso em
25/06/2015.
30
Disponível em: http://www.saopaulo.sp.gov.br/acoes/educacao/metas/medidas.htm. Acesso em
25/06/2015.
80
31
Essa resolução foi alterada pela Resolução SE nº 53, de 26/06/2010, pela Resolução SE nº 8 de
15/02/2011 e pela Resolução SE nº 42 de 10/04/2012 retificada em 18/04/2012. Contudo, as
atribuições do Professor Coordenador permaneceram as mesmas desde 2007, sendo alteradas pela
Resolução SE nº 75, de 30/12/2014. No entanto, não vamos trabalhar com análises sobre essa última
resolução, tendo em vista que, consideramos para nossas análises, o período de 2007 à 2014, logo,
entendemos que essa resolução, por ter sido publicada no penúltimo dia do ano e por conter
praticamente as mesmas atribuições da resolução anterior, ela ainda não foi totalmente incorporada
ao trabalho dos professores coordenadores.
82
32
Não sabemos ao certo quantos volumes foram disponibilizados. Procuramos nos sites da SEE/SP
referências a essas entregas e não encontramos nenhuma indicação o número exato de volumes
distribuídos nas escolas.
84
Tabela 5
Ano Caderno do Gestor - Volumes
2008 Volume 1; Volume 2; Volume 3
2009 Volume 1; Volume 2; Volume 3
2010 Volume 1; Edição Especial; Edição SARESP 2009; Volume 4
33
Cadernos disponíveis em:
http://www.rededosaber.sp.gov.br/portais/spfe2009/MATERIALDAESCOLA/CADERNODOGESTOR/t
abid/1220/Default.aspx. Acesso em: 29/06/2015.
85
[...] Muitos dirão “ai vem mais um pacote, um texto que eu já li e já sei o
final”. [...] Como fazê-los acreditar que as mudanças propostas serão de fato
produtivas?
O Professor Coordenador, para rebater esse argumento, deve estar
informado sobre as ações “práticas” da Secretaria, e usar essa informação
para convencer os agentes de que a Proposta Curricular é, antes de tudo,
uma Proposta Política que apoia os movimentos inovadores escolares e que
aposta na possibilidade de desenvolvimento da autonomia escolar. (Murrie,
2008, p. 8-9)
34
Segundo o site do Programa São Paulo Faz Escola: “A partir dos resultados do SAEB (hoje Prova
Brasil), do Enem e de outras avaliações realizadas em 2007, o Governo do Estado de São Paulo
elaborou 10 metas para a educação paulista, a serem conquistadas até 2010.
Para isso, propôs uma ação integrada e articulada, cujo objetivo era organizar melhor o sistema
educacional de São Paulo. A chamada Proposta Curricular criou uma base curricular comum para
toda a rede de ensino estadual. Com os bons resultados da implantação da Proposta Curricular no
Estado de São Paulo, avaliados pelo Saresp, pelas devolutivas do corpo docente das escolas e na
voz da comunidade escolar, o Currículo da rede pública estadual está consolidado. O conceito de
aprendizagem respeita as estruturas de pensamento de crianças, adolescentes e jovens de todo o
Estado.” Disponível em: www.saopaulofazescola.sp.gov.br, acesso em: 15/01/2016.
35
É possível verificar as fórmulas e os critérios utilizados na obtenção do IDESP e demais
indicadores no documento “Programa de qualidade da escola – nota técnica 2015”. Disponível em:
http://idesp.edunet.sp.gov.br/Arquivos/NotaTecnica2014.pdf. Acesso em 10/02/2016.
86
os bons docentes, que dão conta do currículo; e os maus docentes, que não
conseguem ou não utilizam o currículo.
36
Disponível em: http://www.educacao.sp.gov.br/compromisso-sp. Acesso em: 30/06/2015.
37
Disponível em: http://www.educacao.sp.gov.br/noticias/governador-anuncia-programa-de-acoes-e-
convida-a-sociedade-para-compromisso-pela-educacao. Acesso em: 30/06/2015.
89
38
Saviani (2011, p. 440 e 441) utiliza o termo “pedagogia corporativa” para explicar “o processo de
adoção do modelo empresarial na organização e no funcionamento da escola (p. 440)” e para
explicar a crescente expansão de instituições privadas de ensino superior que, para além da
utilização de modelos de gestão advindos das empresas, conecta-se ao mercado treinando, através
de seus diversos cursos, mão de obra especializada em conformidade e se ajustando as
necessidades das empresas.
92
39
Disponível em: http://www.educacao.sp.gov.br/noticias/sp-lanca-projeto-piloto-para-implantar-
modelo-de-ny-em-escolas-estaduais. Acesso em: 08/07/2015.
94
perspectiva, “em que velhas ideias adquirem nova roupagem e se adaptam às novas
circunstâncias históricas” (Heloani, 2011b, p.23).
Gaulejac (2014, p. 269) afirma que a “educação deve ser considerada como
um serviço prestado ao mundo econômico” e, como tal, essa concepção abre o
espaço para que a lógica capitalista venha a instalar-se, encontrando os meios de
reproduzir-se, em maior ou menor escala na escola. Válido expressarmos que a
escala de reprodução, segundo Tragtenberg (2004), depende das relações de poder
estabelecidas, na escola, entre os que nela trabalham e os que a frequentam.
42
Ball (2002, 2005); Fanfani (2007); Freitas (2004; 2012; 2014); Landini (2008); Oliveira (1996; 2007;
2008); Peroni (2012).
102
43
“É provavelmente por um efeito de inércia cultural que continuamos tomando o sistema escolar
como um fator de mobilidade social, segundo a ideologia da ‘escola libertadora’, quando, ao contrário,
tudo tende a mostrar que ele é um dos fatores mais eficazes de conservação social, pois fornece a
aparência de legitimidade às desigualdades sociais, e sanciona a herança cultural e o dom social
tratado como dom natural”. BOURDIEU, Pierre. A escola conservadora: as desigualdades frente à
escola e à cultura. In: Escritos de educação. Nogueira, M. A.; Catani, A. (orgs.). 11.ed. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2010.
103
modelos ideais e por evidências positivistas, a gestão intenta desviar a atenção dos
trabalhadores da realidade na qual se encontram, propondo um mundo ideal, sem
contradições e sem diferenças. Propõe a realização do trabalho de forma
enriquecedora e estimulante. Gera situações motivadoras, incita a determinação
pelo mérito pessoal. A gestão não intenta incutir os ideais da organização na ‘alma’
do trabalhador, ela espera algo maior, que o trabalhador ceda a sua alma à
organização.
A Fundação Lemann, instituição sem fins lucrativos, está entre tantas outras
organizações e instituições mantenedoras do movimento “Todos pela Educação 44”.
Essa fundação, diretamente envolvida na participação da reforma educacional
denominada “Educação – Compromisso de São Paulo”, vem promovendo a
publicação das técnicas contidas nesse livro nas redes públicas e privadas de
ensino em todo Brasil45. Propondo a ideia de que, ao aplicarem os conceitos e as
fórmulas existentes no livro em sala de aula, todos os estudantes obterão sucesso
em seu aprendizado.
44
Detalhes do programa disponível em: http://www.todospelaeducacao.org.br/. Acesso em:
10/05/2014.
45
Vide documento de apresentação para implementação das técnicas, disponível em:
http://www.fundacaolemann.org.br/uploads/estudos/lemov_interior_maio_2011.pdf. Acesso em:
10/05/2014.
46
Dissertação de Mestrado defendida no ano de 2013. Disponível em:
http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=000915751. Acesso em: 14/08/2015.
109
substitui o seu ideal de ego por um outro objeto, o líder [...] e identifica-se
com os outros membros, por terem eles também substituído o seu ideal de
47
Na reunião que presenciamos e na fala dos professores coordenadores durante as entrevistas, os
estudantes eram constantemente chamados de clientela.
110
ego pelo mesmo objeto. Assim, os ideais do grupo passam a ser o ideal do
sujeito e o sujeito não mede esforços para cumprir com as exigências do
grupo, que, passaram, também a ser suas. (Capitão e Heloani, 2007, p. 53)
Desta feita, num grupo a pessoa do líder não diz “olha eu sou a parte
idealizada, vocês passarão a admirar-me, como Deus, como alguém que
vocês gostariam de ser”. Nesses casos, tudo acontece de forma de maneira
sub-reptícia, quase que imperceptível, baseada no fenômeno da
identificação. No caso dos grupos, o líder, normalmente, é aquele que foi
eleito e tem uma certa autonomia de ação que o restante não possui; mas,
por ser a figura que substitui o ideal de todos, faz com que todos se
identifiquem, a partir de seu ideal, uns com os outros. (Capitão e Heloani,
2007, p. 54)
- E esse pessoal que bate de frente. É aquele pessoal que não quer assumir
o currículo?(Entrevistador)
- Não. Até que trabalham o currículo, entendeu? Ele não tem é habilidade
para segurar o aluno na sala de aula. E, quando eu vou lá, eles adoram.
111
Bom, o que toma meu maior tempo é assistir aula, porque a gente vai na
sala de aula, assiste a aula, e eu não faço direto na planilha. Eu registro
numa folha, caderno, ai depois eu vou lá na planilha para encaixar certinho
os objetivos, o que o professor deu. Se os conteúdos estavam corretos [...]
e depois eu tenho que sentar com o professor para estar orientando [...]
responder documentação para a diretoria. Vira e mexe eles estão mexendo,
pedindo. Mandam e-mail pedindo documentação. Que nem agora, sábado
nós vamos ter que trabalhar, e o e-mail chegou ontem à noite, hoje de
manhã (quinta-feira) tive que trabalhar em cima do que eles queriam: uma
113
planilha do que iria fazer no sábado [...] era pra ser o dia na escola do meu
filho, mas eles mudaram e agora veio uma outra orientação. (Relato de um
professor coordenador)
A primeira coisa que eu faço é ver os e-mails da Diretoria de Ensino, pra ver
se tem alguma informação importante, as publicações. O que é da área
pedagógica vai ser encaminhado para os professores [...] Ai nós temos o
nosso horário, nós temos um calendário de acompanhamento de aulas,
principalmente nas disciplinas de português e matemática [...] eu
acompanho as aulas para ver se o professor está seguindo realmente o
currículo. Observo a metodologia utilizada pelos professores. Assim que ele
terminar uma situação de aprendizagem, aí nós damos a devolutiva [...] já
aconteceu este ano que eu precisei sentar com ele pra montar uma aula,
para ensiná-lo a planejar a sua aula, entendeu? Porque a professora não
estava se saindo muito bem. (Relato de um professor coordenador)
2013 a função entre menos de 01 ano e 08 anos. Os outros 14,3%, ou seja, 1.397
professores coordenadores exerciam suas funções entre 09 e 20 anos ou mais.
Tabela 6
48
ESTEVE, J. M. (1991). Mudanças sociais e função docente. In: NÒVOA, A. (org.) Profissão
professor. Lisboa, Porto editora, pp. 93-124.
115
49
Tradução livre do pesquisador: “não é um modelo de reforma educativa fechada nem adota a
mesma forma em todos os lugares; em vez disso, pode se configurar em abordagens de governança
e em desenhos de políticas educacionais bem diferentes”.
50
ARAÚJO, Maria Arlete Duarte. Responsabilização da administração pública: limites e possibilidades
do gestor público. In: Construindo uma Nova Gestão Pública. Coletânea de textos do I Ciclo de
Palestra organizado pela Escola de Governo do RN. Natal, RN: SEARH/RN, 2010.
117
“preparado para dar aulas”. Nesse sentido, o professor coordenador acredita que
somente a formação acadêmica do docente não lhe é suficiente para o ensino, e que
“a formação dele vai ser dentro da sala de aula, porque ele chegou lá só com o
certificado”.
Não foi nossa intenção, nesse estudo, realizar um juízo de valor sobre o
trabalho do professor coordenador, visto que buscamos compreender e levantar
questões sobre a formação da identidade de um indivíduo e não julgá-lo por sua
ação, vindo a considerá-la como falsa ou verdadeira, ou mesmo, como boa ou má.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010.
EDITORIAL. Educação & Sociedade. Campinas, SP, v. 36, n. 132, p. 589-596, jul-
set. 2015.
FREITAS, Luiz Carlos de. A avaliação e as reformas dos anos de 1990: novas
formas de exclusão, velhas formas de subordinação. Educação & Sociedade.
Campinas, SP, v. 25, n. 86, p. 133-170, abril 2004.
SÃO PAULO (Estado). Relatório dos estudos do SARESP 2013. São Paulo, FDE,
2014.
ANEXOS
128
Prezado Sr(a),
Você está sendo convidado a participar de uma pesquisa que tem por objetivo estudar o trabalho do docente
designado para a função de professor coordenador na rede pública estadual de ensino paulista.
Sua participação envolve conceder uma entrevista, que será gravada, com duração de aproximadamente 40
(quarenta) minutos.
Sua participação é muito importante e voluntária. Você não terá nenhum gasto e também não receberá nenhum
pagamento por participar desse estudo.
As informações obtidas nesse estudo serão confidenciais, sendo assegurado o sigilo sobre sua participação. Sua
identidade será mantida no mais rigoroso anonimato, sendo omitidas todas as informações que permitam
identificá-lo(a), quando da apresentação dos resultados em publicação científica ou educativa, uma vez que os
resultados serão sempre apresentados como retrato de um grupo e não de uma pessoa.
Você poderá se recusar a participar ou a responder algumas das questões a qualquer momento, não havendo
nenhum prejuízo pessoal se esta for a sua decisão.
Mesmo não tendo benefícios diretos em participar desta pesquisa, indiretamente você contribuirá para a
compreensão do fenômeno estudado e para a produção de conhecimento científico.
Você receberá uma cópia deste termo no qual constam o telefone e o endereço eletrônico do pesquisador
responsável, podendo tirar suas dúvidas sobre o projeto e sua participação, agora ou a qualquer momento.
Dou meu consentimento de livre e espontânea vontade para participar deste estudo.
- Qual(is) foi(ram) o(s) motivo(s) que o(a) levou(levaram) a assumir a função de professor
coordenador? Como se deu esse processo? Foi uma escolha sua?
- Quais expectativas surgiram quando foi designado(a) para essa função? Como você situa
este momento na sua vida?
- Gostaria que você relatasse as atividades (tarefas/atribuição) que costuma fazer no seu dia a
dia, em sua rotina de trabalho como professor coordenador.
- Qual(is) atividade(s) (tarefa/atribuição) que você realiza no seu dia a dia, que caracteriza(m)
o seu trabalho como professor coordenador?
- Você acredita que esta(s) atividade (tarefa/atribuição), que você acabou de se referir,
identifica(m) você como professor coordenador para os outros profissionais que compõem o
espaço escolar onde você trabalha, tais como: Prof. Coord. do Núcleo Pedagóg., Docentes,
Diretor, Vice-Diretor, Supervisor de Ensino, Alunos? (Você acredita que eles compreendem
essa atividade como sendo própria do trabalho do professor coordenador? [--pausa--] Há
outras atividades atribuídas a você, que você não considera como sendo próprias do seu
trabalho e que você gostaria de relatar?)
- Como você acredita que as pessoas da escola (docentes, diretor, vice-diretor, funcionários,
alunos) te percebem? É desta maneira que você gostaria de ser percebido(a)/visto(a) como
profissional, como professor coordenador? [--pausa--] (Se não é desta maneira, como
gostaria de ser percebido/visto pelos outros na escola?)
- Você vivencia situações de conflito no seu trabalho? [--pausa--] Você poderia relatar
algumas destas situações? Como você lida com elas?
- Você tem autonomia na realização do seu trabalho? [--pausa--] (Em que situações você
percebe esta autonomia ou a falta dela?)
- Como professor coordenador, você se sente responsável por esta qualidade? [--pausa--]
(Porque você sente esta responsabilidade ou porque não sente?)
- Você participa de algum tipo formação em serviço? Seja em forma de treinamentos; cursos
131
- Como se dá a escolha por esses cursos? Qual a expectativa ou motivo por fazê-los?
- Neste tempo trabalhando como professor coordenador, qual(is) a(s) atividade(s) que
foi(ram) realizada(s) por você que você considera/entende como importantes? E qual(is) você
considera que não foi(ram) importante(s)?
- Você gostaria de dizer mais alguma coisa que não lhe foi perguntado?
132
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133
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ensino de matemática para o ensino fundamental Ciclo II e ensino médio. São Paulo: SE, 2008.
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ensino de filosofia para o ensino médio. São Paulo: SE, 2008.
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ensino de ciências para o ensino fundamental Ciclo II. São Paulo: SE, 2008.
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ensino de física para o ensino médio. São Paulo: SE, 2008.
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ensino de química para o ensino médio. São Paulo: SE, 2008.
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ensino de biologia para o ensino médio. São Paulo: SE, 2008.
SÃO PAULO (Estado) Secretaria da Educação. Proposta curricular do Estado de São Paulo: caderno
do gestor 1. São Paulo: SE, 2008.
134