Livro Fluidos Biológicos
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Fluidos Biológicos
BIOLÓGICOS BIOLÓGICOS
Daniely Sampaio Arruda Tavares Daniely Sampaio Arruda Tavares
Fernanda Waitman de Oliveira Silva Fernanda Waitman de Oliveira Silva
DADOS DO FORNECEDOR
*Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência.
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do
Código Penal.
ASSISTA
Indicação de filmes, vídeos ou similares que trazem informações comple-
mentares ou aprofundadas sobre o conteúdo estudado.
CITANDO
Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa
relevante para o estudo do conteúdo abordado.
CONTEXTUALIZANDO
Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato;
demonstra-se a situação histórica do assunto.
CURIOSIDADE
Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto
tratado.
DICA
Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma
informação privilegiada sobre o conteúdo trabalhado.
EXEMPLIFICANDO
Informação que retrata de forma objetiva determinado assunto.
EXPLICANDO
Explicação, elucidação sobre uma palavra ou expressão específica da
área de conhecimento trabalhada.
Sintetizando............................................................................................................................ 36
Referências bibliográficas.................................................................................................. 37
Unidade 2 - Urinálise
Objetivos da unidade............................................................................................................ 42
Urinálise.................................................................................................................................. 43
Métodos de coleta, conservação e processamento.................................................. 44
Exame físico...................................................................................................................... 46
Exame químico.................................................................................................................. 48
Tipos de exame de urina................................................................................................. 50
Microscopia urinária............................................................................................................ 51
Sedimentoscopia.............................................................................................................. 52
Métodos de obtenção do sedimento urinário............................................................. 52
Estruturas e características que formam os sedimentos urinários......................... 54
Interpretação da sedimentoscopia............................................................................... 55
Cálculos Renais..................................................................................................................... 56
Análise laboratorial dos cálculos renais...................................................................... 57
Litíase renal....................................................................................................................... 59
Tipos e componentes dos cálculos renais................................................................... 60
Fisiopatologias renais.......................................................................................................... 61
Sintetizando............................................................................................................................ 65
Referências bibliográficas.................................................................................................. 66
Fluidos extravasculares....................................................................................................... 69
Líquido cefalorraquidiano .............................................................................................. 69
Suor e líquido ascítico..................................................................................................... 73
Provas imunológicas........................................................................................................ 77
Métodos de coloração.................................................................................................... 78
Líquidos Cavitários............................................................................................................... 90
Pleura................................................................................................................................. 80
Pericárdio.......................................................................................................................... 81
Sinovial . ............................................................................................................................ 83
Líquido amniótico ............................................................................................................ 84
Sintetizando............................................................................................................................ 89
Referências bibliográficas.................................................................................................. 91
Unidade 4 - Sêmen
Objetivos da unidade............................................................................................................ 94
Fisiopatologias.................................................................................................................... 111
Epididimite....................................................................................................................... 111
Síndrome de Klinefelter................................................................................................. 112
Sintetizando.......................................................................................................................... 115
Referências bibliográficas................................................................................................ 117
FLUIDOS BIOLÓGICOS 9
Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/1426740543192275
Dedico este livro a meu esposo, Petrônio, a meu filho, Perseu, e a todos os
nossos familiares, pela paciência e apoio inestimáveis que me deram durante
esse valioso tempo que estive distante trabalhando neste projeto.
FLUIDOS BIOLÓGICOS 10
Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/6793356746944272
FLUIDOS BIOLÓGICOS 11
1 ORGANIZAÇÃO
MORFOFUNCIONAL
DO SISTEMA RENAL E
SEUS ÓRGÃOS
Tópicos de estudo
Anatomia básica renal Aspectos gerais do
Histologia básica renal funcionamento renal
FLUIDOS BIOLÓGICOS 13
Veias hepáticas
(cortadas)
Esôfago
(cortado)
Veia cava inferior
Artéria
renal
Glândula
suprarrenal Hilo renal
Veia renal
Aorta
Rim
Crista ilíaca
Ureter
Reto (cortado)
Útero
Bexiga
urinária
Uretra
FLUIDOS BIOLÓGICOS 14
Plano
transverso
Fígado
t
Vista
Peritônio
FLUIDOS BIOLÓGICOS 15
CURIOSIDADE
Uma pessoa pode sobreviver com apenas um rim. A maioria das pessoas nasce
com dois, contudo, se houver algum problema genético durante a formação
gestacional (agenesia renal) ou durante a vida ou algum problema causado por
doença/trauma que afete um dos rins, será necessária a retirada (nefrectomia).
A pessoa só com um rim consegue ter uma vida normal, porém são necessários
mais cuidados, além de adquirir um estilo de vida saudável a fim de evitar doen-
ças que agridam o sistema renal, como obesidade e diabetes, já que elas podem
sobrecarregar o único rim (HEGDE; COULTHARD, 2009; BBC, 2014).
Néfron
Via de drenagem de urina
Dueto coletor
Hilo renal I
Dueto papilar na
pirâmide renal
I
Cálice menor
I
Cálice maior
Artéria renal
Córtex renal Pelve renal
Veia renal
Medula renal
Coluna renal
Pirâmide renal na
medula renal
Seio renal
y
Papila renal U reter
Gordura no seio renal
Cápsula renal (fibrosa) y
Lobo renal Bexiga urinária
Figura 3. Corte frontal do rim direito. Fonte: TORTORA; DERRICKSON, 2010. (Adaptado).
FLUIDOS BIOLÓGICOS 16
FLUIDOS BIOLÓGICOS 17
FLUIDOS BIOLÓGICOS 18
Sagital Coronal
Córtex
Zona
interna
da medula
Veia
renal
Ureter
Zona externa da
medula, estria
Papila interna
FLUIDOS BIOLÓGICOS 19
EXEMPLIFICANDO
Os rins ativam as vitaminas D2 (ergocalciferol), sintetizada na epiderme
pela atuação da radiação da luz solar, e D3 (colecalciferol), originada
mediante colesterol produzido pelo organismo ou proveniente da alimen-
tação. D2 e D3 são formadas na epiderme a partir da fotólise dos raios
ultravioleta. Quando se formam, ainda ficam inativas; então, necessitam da
ativação pelo fígado e pelo rim, resultando no hormônio predominante, o
1á,25–diiidroxicolecalciferol ou calcitriol, controlando os íons de cálcio e
fosfato. A vitamina D exerce efeitos sobre a formação óssea, neuromuscu-
lar etc. (BARRAL; BARROS; ARAÚJO, 2007).
FLUIDOS BIOLÓGICOS 20
CURIOSIDADE
O transplante renal é necessário quando o rim está com funções essen-
ciais prejudicadas. Para acontecer a transferência do rim, o doador pode
ser uma pessoa viva ou morta, parente ou não, dependendo do grau de
compatibilidade para evitar rejeição. No procedimento de incisão abdomi-
nal, situa-se por meio da pelve renal o rim no receptor; as artérias e veias
do rim transplantado são presas aos do receptor pela pelve; por último, o
ureter do rim transplantado é posto na bexiga urinária (BATISTA e colabo-
radores, 2017; SBN, 2020; TORTORA; DERRICKSON, 2010).
FLUIDOS BIOLÓGICOS 21
FLUIDOS BIOLÓGICOS 22
FLUIDOS BIOLÓGICOS 23
Glomérulo
Arteríola Capilar
aferente peritubular
Arteríola
Plano eferente Veia
frontal interlobular
Arteríolas
retas
Veia interlobar
Veia arqueada
Veia interlobular
Figura 5. Corte frontal do rim direito. Fonte: TORTORA; DERRICKSON, 2010. (Adaptado).
FLUIDOS BIOLÓGICOS 24
Cápsula glomerular
Os glomérulos são responsáveis pelo ultrafiltrado urinário que vai sendo for-
mado à medida que vai passando pelo néfron. Esse filtrado é composto basica-
mente por alguns componentes presentes no plasma sanguíneo, contudo, com
cerca de apenas 10 mg/dl de proteínas de baixo peso molecular. Também fazem
parte do ultrafiltrado água, eletrólitos, aminoácidos, ureia, ácido úrico, creati-
nina, amônia e glicose, em quantidade reduzida (RANG e colaboradores, 2016).
A taxa de filtração glomerular passa a ser um tipo de indicador da função
renal, visto que pela quantidade de componentes que ultrapassam, como glico-
se em excesso, proteínas ou hemácias, isso é calculado por teste de clearance
da taxa de filtração glomerular (TFG). Por isso a importância de identificar
precocemente a doença renal crônica.
Arteríolas
aferentes
Glomérulo
Artéria arqueada
Néfron
Veia arqueada
cortical
Artéria renal
Veia renal
FLUIDOS BIOLÓGICOS 25
Arteríola eferente
Capilar peritubular
Túbulo
contorcido distal
Arteríola aferente
Artéria
interlobular
Veia interlobular
Veia arqueada
Artéria arqueada
Córtex renal Córtex renal Junção
corticomedular
Medula renal Medula renal
Alça de Henle:
Papila renal Ramo descendente
da alça de Henle
Cálice menor Ramo ascendente
da alça de Henle
Dueto coletor
Rim
Figura 7. Uma unidade funcional do rim (néfron). Fonte: TORTORA; DERRICKSON, 2010. (Adaptado).
FLUIDOS BIOLÓGICOS 26
Alça de Henle
É o segmento do néfron que contém diversas funções pela característica
anatômica diferenciada; formado por células medulares que compreendem
a região hipertônica, também acontecendo ali a reabsorção do lúmen para o
sangue. Na alça de Henle ocorre cerca de 40% de sódio filtrado. A reabsorção
de sódio é realizada pela bomba de sódio e potássio, reduzindo o baixo teor
FLUIDOS BIOLÓGICOS 27
Túbulos renais
Os túbulos renais são responsáveis pela reabsorção e secreção, tais funcio-
nalidades estão relacionadas com a estrutura de células da região de transpor-
tes, como as células luminais com bordas em formato de escovas no túbulo
contorcido proximal e a presença de endotélios irregulares nos capilares glo-
merulares, além da presença de proteínas nas membranas plasmáticas das cé-
lulas (fatores fundamentais para papéis de transporte e filtração (GOMES, 2019).
Aproximadamente 85% de bicarbonato de sódio, 40% de cloreto de sódio e
60% de água são reabsorvidos pelo túbulo contorcido proximal, bem como há
a reabsorção dos solutos orgânicos – glicose e aminoácidos. O túbulo contor-
cido distal é o local para atuação do hormônio aldosterona que desempenha
função importante na reabsorção de sódio e secreção de potássio. No duc-
to coletor, dessa forma, ocorre a ação de hormônio antidiurético, elevando a
reabsorção de água.
Quando os líquidos passam por toda a extensão do túbulo proximal, as
concentrações de soluto fazem com que se reduza a inulina, que é um filtra-
do, marcador de experimentação, mas não secretado nem reabsorvido pelos
túbulos renais. O sistema dos túbulos coletores exerce funções importantes
na fisiologia renal e na ação diurética, porque adequa o volume de líquidos
corporais, determinando a concentração de sódio no final da formação urinária
e estabelecendo a ação dos mineralocorticoides e a secreção de potássio. Nos
túbulos renais há reabsorção de solutos da luz para o interstício, consentindo
que a água siga o mesmo percurso (SAM; PEARCE; IVES, 2017).
A secreção tubular renal acontece para transferir moléculas do sangue para
dentro do lúmen tubular. No caso de moléculas grandes que não ultrapassam
FLUIDOS BIOLÓGICOS 28
EXEMPLIFICANDO
A obesidade afeta o funcionamento renal e está associada à doença renal
crônica (DRC), pois o acúmulo de tecido adiposo invade os rins e penetra
no hilo renal, induzindo a compressão e o posterior aumento da pressão
intrarrenal, comprimindo a alça de Henle e os capilares e diminuindo o fluxo
pelos túbulos renais. Há diversos fatores que correlacionam a obesidade à
disfunção renal, sendo fundamental manter um estilo de vida saudável a fim
de garantir o peso corporal adequado (SILVA e colaboradores, 2016).
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EXEMPLIFICANDO
O cálcio é importante para homeostase corporal, porém quando em exces-
so a concentração de cálcio plasmático tem como consequência o acú-
mulo em todo o corpo; até mesmo nos rins, o que pode induzir a prejuízos
na função renal, como cálculos renais, aumento na frequência de micção
de urina, lesão renal ou insuficiência renal (TERUEL; LUCAS; MENDIOLA,
2009; BARRAL; BARROS; ARAÚJO, 2007).
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2 URINÁLISE
Tópicos de estudo
Urinálise Cálculos Renais
Métodos de coleta, conserva- Análise laboratorial dos cálcu-
ção e processamento los renais
Exame físico Litíase renal
Exame químico Tipos e componentes dos cál-
Tipos de exame de urina culos renais
FLUIDOS BIOLÓGICOS 42
FLUIDOS BIOLÓGICOS 43
Ácido úrico
Ureia (2%)
Creatina:
3% •Bicabornato
•Potássio
•Cloreto
•Sódio
Água (95%)
FLUIDOS BIOLÓGICOS 44
Figura 2. Equipamentos para teste de urina. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 08/03/2021.
O método de coleta varia de acordo com a anatomia e situação que cada in-
divíduo se encontra, como pessoas acamadas e que não estão em condições de
fazer a coleta sozinhas. Nesses casos, é introduzida uma sonda no canal urinário,
que vai até a bexiga e retira uma amostra da urina, ou é realizada uma punção
suprapúbica. Quando a coleta é feita no laboratório, existe a diferença entre
homens, mulheres e crianças, tais quais devem seguir os protocolos vigentes.
Desse modo, as mulheres devem lavar com água e sabão toda a área ínti-
ma, separar os grandes lábios com os dois dedos da mão e desprezar o primei-
ro jato de urina antes de coletar a amostra. Vale salientar que mulheres em
período menstrual devem evitar fazer a coleta, a fim de evitar contaminação e
resultados não fidedignos. No caso dos homens, não há necessidade de toda a
higiene, uma vez que seu canal urinário tem a anatomia diferente, embora tam-
bém se faça necessário desprezar o primeiro jato antes da coleta do material.
Em crianças e pessoas neuropatas que não são capazes de controlar es-
fíncter, é utilizada uma bolsa de coleta com adesivos em volta, os quais se ade-
rem à pele em torno do canal urinário. Vale lembrar que há grandes chances de
contaminação nesses casos e algumas diferenças nos resultados devem ser
levadas em consideração, podendo haver necessidade de repetir o exame em
caso de alguma dúvida.
FLUIDOS BIOLÓGICOS 45
Exame físico
Agora que se compreendeu como coletar, armazenar, transportar e proces-
sar a amostra de urina, é a vez de descrever as informações obtidas através
de tal análise. A parte física desse exame aborda aspectos chamados de ca-
racterísticas organolépticas, como cor, odor, densidade, volume, pH, aspecto
e depósitos. Assim, o profissional pega uma alíquota da amostra e descreve
todos esses fatores – ou seja, ele tem que cheirar a amostra para saber se tem
um aroma característico de urina ou se o odor está alterado.
FLUIDOS BIOLÓGICOS 46
CURIOSIDADE
O pH é uma escala que varia de 0-14, sendo que 7 é considerado pH neu-
tro. Abaixo desse valor, uma substância é considerada ácida e, acima, é
classificada como substância básica. Pessoas adeptas de dietas vegeta-
rianas tendem a ter a urina com pH mais básico, sendo uma característica
não patológica e, sim, uma questão de hábito alimentar. Da mesma forma
que o jejum prolongado pode tornar a urina mais ácida, devido a fatores de
autorregulação do próprio corpo para tentar se adaptar a essas situações.
FLUIDOS BIOLÓGICOS 47
Exame químico
Agora que já se conhecem as características físicas estudadas no exame de
urina, é a vez de abordar a parte química da urinálise. Em geral, essa parte é de
grande importância para determinar patologias envolvidas em órgãos, como
rins e fígado, e doenças metabólicas, como a diabetes mellitus.
Glicose Ausente
Cetona Ausente
Bilirrubina Ausente
Nitrito Negativo
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FLUIDOS BIOLÓGICOS 49
FLUIDOS BIOLÓGICOS 50
Microscopia urinária
Após analisar as características físicas e químicas da amostra de urina, é
estudada a necessidade de levar a amostra para uma terceira fase, isto é, caso
se detecte alguma alteração significativa, é necessário fazer uma análise mi-
croscópica, ou seja, pegar uma gota da urina e colocar numa placa para ser
observada através de um microscópico ótico.
Figura 3. Lâmina com câmara de contagem. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 08/03/2021.
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FLUIDOS BIOLÓGICOS 52
Figura 4. Bactérias observadas pelo microscópio ótico após a coloração e Gram. Fonte: Shutterstock. Acesso em:
08/03/2021.
Por fim, a colocação azul da Prússia tem grande interação com o íon fer-
ro, possibilitando a visualização de sangue na amostra, visto que as hemácias
possuem grande quantidade de ferro. Nesse caso, é possível detectar micro
lesões renais como as que são causadas quando há cristais pequenos que não
são observados a olho nu.
FLUIDOS BIOLÓGICOS 53
Bactérias Ausente
Cristais Ausente
Cilindros Ausente
As células epiteliais são fisiológicas, fazem parte da nossa pele e são reno-
vadas de forma constante. Ao coçar o braço ou vestir a roupa, é comum que as
células mais superficiais se desprendam do tecido, o que também ocorre nas
células do epitélio do canal vaginal, as quais saem junto com a urina, de modo
que é comum e normal encontrar esse tipo celular num exame microscópico
de urina. Já as bactérias não devem ser observadas em estudos de pessoas
saudáveis, caracterizando uma infecção caso encontrado algum tipo na visua-
lização da lâmina.
Os cristais são conhecidos por desencadearem uma patologia conhecida
como cálculo renal. A maioria das pessoas que possuem pedra no ruim cos-
tumam sentir dores fortes quando essas pedrinhas (os cristais) resolvem sair
pelo trato urinário. Há cristais que são tão pequenos que não se sente nada
com a sua eliminação, porém, eles podem ser observados na sedimentoscopia,
de modo que nem todos indicam que algo está errado no corpo.
Esses compostos são formados através da precipitação de sais, como os bi-
liares, que se agregam e formam esses pequenos cálculos, de modo que o pH e
a concentração da urina são fatores limitantes para a sua formação. A genética
também implica na facilidade de alguns indivíduos desenvolver a urolitíase,
FLUIDOS BIOLÓGICOS 54
Interpretação da sedimentoscopia
A partir do momento que os dados são coletados e cada característica é
observada dentro dos campos da lâmina no microscópio, devemos levar em
consideração alguns fatores importantes. Um deles é que apenas um fator al-
terado não diagnostica nenhuma patologia diretamente, além de que, esses
resultados quando alterados podem nos sugerir que parte do corpo não está
funcionando como deveria, desse modo é necessário pedir exames comple-
mentares e direcionados. Outro fator importante é avaliar o acondiciona-
mento da amostra de acordo com o teste que se deve realizar, ou seja, a sedi-
mentoscopia tem que ser feita dentro do tempo e temperatura que a amostra
permite que os componentes sejam conservados.
Sedimento
Componente -20 °C 4 – 8 °C 20 – 25 °C
Piócitos ND 1 – 4 horas 24 horas (pH < 6,5); <1 hora (pH > 7,5)
Cilindros NP ND 2 dias
FLUIDOS BIOLÓGICOS 55
OBS:
ND: não determinado;
NP: não permitido.
Cálculos Renais
Os cálculos renais são bastante conhecidos e famosos por gerar uma
grande sensação de dor nos portadores dessa patologia. Não é qualquer tipo
de cristal formado no rim que é responsável por desenvolver um
cálculo renal, por isso, caso tenha aparecido no exame de urina
alguma estrutura assim, é fundamental buscar qual a sua clas-
sificação, a fim de concluir que se trata mesmo da patologia
causada por cálculos renais, chamada de litíase.
FLUIDOS BIOLÓGICOS 56
FLUIDOS BIOLÓGICOS 57
Litíase renal
A litíase renal é o nome acadêmico dado às conhecidas pedras nos rins,
que causam dores horríveis. Alguns diagnósticos têm a indicação de me-
dicamentos para expelir a pedra e outros, mais graves, precisam de um
procedimento cirúrgico.
FLUIDOS BIOLÓGICOS 58
Uretra Pequenos
pedaços
podem
ser mais
facilmente
eliminados
do corpo
FLUIDOS BIOLÓGICOS 59
FLUIDOS BIOLÓGICOS 60
Fisiopatologias renais
As fi siopatologias renais são o estudo de patologias que atingem os rins.
Considerando que o sistema renal é uma área muito importante, dada a fun-
ção de remover as impurezas do corpo e evitar a morte por intoxicação dos
próprios metabolitos formados através das reações fisiológicas do corpo, é im-
portante cuidar da integridade desse órgão. A vantagem de ter dois rins é que
o corpo consegue sobreviver e ter uma vida praticamente normal com apenas
um deles, o que não significa que as enfermidades que podem atingi-los pos-
sam ser tratadas com menos importância.
Os problemas renais podem demorar para apresentar sintomas, assim, al-
gumas patologias acabam sendo descobertas quando já estão num estágio
mais avançado, dificultando o tratamento e tornando cada vez mais essencial
fazer exames de rotina, a fim de viabilizar o tratamento precoce. Além disso, o
corpo humano é uma máquina que trabalha em conjunto, isto é, seus sistemas
funcionam em sincronia, e da mesma maneira que uma parte doente sobre-
carrega a outra, num curto prazo ela pode apresentar problemas.
Principais fi siopatologias renais
Há diversas patologias que podem atacar aos rins. A hidro-
nefrose, como o nome mesmo sugere, trata de acúmulo de lí-
quido dentro dos rins causada por um bloqueio parcial
ou total dos ureteres. Os canais fazem a ligação da be-
xiga ao rim de modo que, quando há uma pedra ou
um tumor, até mesmo o inchamento da próstata
no homem, isso causa uma obstrução fazendo
com que a urina não possa passar até a bexiga e se
acumule dentro dos rins.
FLUIDOS BIOLÓGICOS 61
Hidronefrose
FLUIDOS BIOLÓGICOS 62
Cálice maior
Cápsula de
bowman
Pélvis
renal
Inflamação do
glomérulo
e pequenos vasos
sanguíneos
Cápsula fibrosa
Uretra
EXPLICANDO
A glomerulonefrite pode ser classificada em primária e secundária, de
forma que as primárias são inflamações que acontecem diretamente no
glomérulo, enquanto as secundárias são em decorrência de outras patolo-
gias pré instaladas no indivíduo, como por exemplo, hepatites, hipertensão
arterial e lúpus eritematoso. Assim, pessoas portadoras de patologias gra-
ves têm a necessidade de fazer exames para garantir que outras partes do
corpo não sejam afetadas.
FLUIDOS BIOLÓGICOS 63
PIELONEFRITE
Inflamação
Cortex Necrose
Cálice Pirâmide
Pus
maior
Pélvis Atrofia do
renal córtex
Cálice
menor
Uretra
FLUIDOS BIOLÓGICOS 64
FLUIDOS BIOLÓGICOS 65
FLUIDOS BIOLÓGICOS 66
3 FLUIDOS
EXTRAVASCULARES
Tópicos de estudo
Fluidos extravasculares Fisiopatologia dos derrames
Líquido cefalorraquidiano serosos
Suor e líquido ascítico Efusão pleural
Provas imunológicas Derrame pericárdico e pericardite
Métodos de coloração Bursite
Líquidos Cavitários
Pleura
Pericárdio
Sinovial
Líquido amniótico
FLUIDOS BIOLÓGICOS 68
Líquido cefalorraquidiano
O líquido cefalorraquidiano, também conhecido como líquor ou pela sigla
LCR, é uma substância produzida pelo plexo coroide e está presente tanto no cére-
bro como na medula vertebral. Suas principais funções envolvem o transporte de
nutrientes para o tecido nervoso, bem como a retirada de substâncias considera-
das como resíduo, evitando o seu acúmulo. Outro ponto importante é a proteção
mecânica que ele produz no cérebro e na medula, que faz com que ocorra uma
amortização da energia imposta em situações de grande impacto, como trauma-
tismo craniano, diminuindo o dano da lesão.
Para compreender a localização do LCR, no esquema da Figura 1, o líquido ce-
falorraquidiano está ilustrado em azul. O cérebro e a medula estão revestidos por
camadas chamadas de meninges, divididas em três: a dura-máter (mais externa),
a aracnoide (mediana) e a pia-máter (mais interna). O líquido circula pelo espaço
subaracnoídeo, entre a aracnoide e a pia-máter, mas sua produção ocorre nos ple-
xos coroides dos ventrículos cerebrais, também observados na Figura 1.
FLUIDOS BIOLÓGICOS 69
Líquido cefalorraquidiano
Sinus sagital
superior Aracnoide villi
Espaço subaracnoide
Crânio
Ventrículos do cérebro
Canal central da
medula espinal
Medula espinal
FLUIDOS BIOLÓGICOS 70
Medula espinal
L2
Líquido
cefalorraquidiano
L3
L4 Agulha
L5
Punção lumbar
(tap espinal)
Vértebra
FLUIDOS BIOLÓGICOS 71
Cor Incolor
Aspecto Límpido
Adultos: 15 – 45 mg/dl
Proteínas totais Adultos > 60 anos: 15 – 60 mg/dl
Neonatos: 15 – 100 mg/dl
FLUIDOS BIOLÓGICOS 72
Glicose 50 – 80 mg/dl
0 – 25 U/l
LDH
LDH 1 > LDH 2 > LDH 3 > LDH 4 > LDH 5
Glutamina 15 – 20 mg/dl
Adultos
Linfócitos: 60% ± 20%
Monócitos: 30% ± 15%
Neutrófilos: 2% ± 4%
Citologia diferencial
Neonatos
Linfócitos: 20% ± 15%
Monócitos: 70% ± 20%
Neutrófilos: 4% ± 4%
FLUIDOS BIOLÓGICOS 73
EXPLICANDO
Muitas pessoas acreditam que o suor tem cheiro ruim, mas isso não é
verdade. O suor nada mais é do que a eliminação de água com sais mine-
rais através dos dutos das glândulas exógenas chamadas de sudoríparas.
Acontece que há bactérias que se alimentam dos nutrientes desse fluido
biológico e liberam seus excrementos, os quais possuem mau cheiro e são
eliminados junto com o suor. Alguns indivíduos tendem a ter uma grande
quantidade de suor, o que produz maior quantidade de bactérias e cheiro
mais evidente, contudo, há tratamento para a hiperidrose e para a multipli-
cação descontrolada das bactérias.
FLUIDOS BIOLÓGICOS 74
Fígado
Estômago
Membranas
Intestino peritoneais
Ascite
Reto
FLUIDOS BIOLÓGICOS 75
FLUIDOS BIOLÓGICOS 76
CONTEXTUALIZANDO
Embora de origem desconhecida e causadora de inúmeras mortes ao
longo da história, é possível se proteger da sífilis usando camisinha ou
optando pela abstinência sexual. O tratamento com antibióticos é execu-
tado com a aplicação de penicilina G benzatina. Nas pessoas alérgicas,
se aplicam doxiciclina e tetraciclina, enquanto portadores de neurossífilis
recebem penicilina G potássica ou ceftriaxona.
FLUIDOS BIOLÓGICOS 77
Métodos de coloração
A coloração de uma lâmina serve para olhar as partículas, a princípio,
transparentes por meio de um microscópio ótico. Cada tipo de substância tem
características próprias e afinidade com um tipo de corante, o que permite
que se distinga que tipo de material que está sendo observado de acordo com
a cor que aparece. Um exemplo clássico é a coloração de Gram, que permite
observar bactérias e diferenciar os tipos bacterianos com base na coloração
que impregna em cada um.
Desse modo, uma bactéria classificada como Gram negativa é observada
com a cor mais rosa/avermelhada, como na ilustração à esquerda na Figura 6.
Bactérias Gram positivas têm afinidade basófila, apresentando a cor azulada,
vista na imagem à direita. Outro tipo de coloração utilizada é a tinta da China,
específica para detectar a presença de um fungo chamado de Cryptococcus
neoformans, presente no líquido cefalorraquidiano.
FLUIDOS BIOLÓGICOS 78
Figura 6. Bactéria Gram negativa e positiva. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 25/03/2021.
Líquidos cavitários
O corpo humano é formado por vários órgãos. Tanto dentro como fora de-
les, há cavidades com diferentes funções, seja para passar um fluido, um es-
paço vazio para movimento ou até mesmo para manter uma pressão interna
adequada ao funcionamento.
Nesse sentido, no estudo da biomedicina e dos fluidos corporais em geral,
se torna algo de extrema importância conhecer as cavidades mais importan-
tes, bem como compreender quais as consequências que podem acarretar a
presença de líquidos extracelulares em tais espaços.
FLUIDOS BIOLÓGICOS 79
Pleura parietal
Cavidade pleural
Pleura visceral
FLUIDOS BIOLÓGICOS 80
Pneumotórax Hemotórax
Hidrotórax Homepneumotórax
Figura 8. Líquido Pleural. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 25/03/2021.
Pericárdio
Assim como no pulmão, o coração também tem uma camada que o reves-
te, chamada de pericárdio. Da mesma forma, o tecido é dividido em dois: na
parte mais externa do coração, o pericárdio é chamado de fibroso e parietal,
enquanto a parte mais interna é denominada pericárdio visceral. Como obser-
vado na Figura 9, entre as camadas se forma um espaço chamado de cavidade
pericárdica, na qual corre um líquido chamado líquido pericárdico cuja função
é diminuir o atrito entre as superfícies cardíacas.
FLUIDOS BIOLÓGICOS 81
Anatomia do pericárdio
4 3
5 1 Pericárdio fibroso
2 Pericárdio parietal
3 Pericárdio visceral
4 Miocárdio
5 Endocárdio
FLUIDOS BIOLÓGICOS 82
Musculo
quadriceps Inchaço
Patela
Gordura
Cavidade
Gordura
sinovial Inflamacão
da membrana
sinovial e
Menisco
Tíbia Tíbia coleta do
fluido sinovial
FLUIDOS BIOLÓGICOS 83
FLUIDOS BIOLÓGICOS 84
Efusão pleural
A efusão pleural é o nome dado à patologia antes chamada de derrame
pleural, caracterizada pelo acúmulo de líquido do espaço pleural. Como dito no
tópico anterior, a pleura é uma capa com duas camadas que revestem o pul-
mão e formam um espaço entre elas designado como espaço pleural que, por
sua vez, contém uma quantidade pequena de líquido que facilita a inspiração e
expiração. Quando a quantidade de fluido aumenta devido a algum trauma ou
patologia adjacente, isso passa a ser chamado de derrame pleural.
Na Figura 12, a ilustração do lado esquerdo mostra uma quantidade de líqui-
do considerável no espaço pleural, que faz com que o pulmão não se estenda e
limite a entrada de ar e a troca gasosa. Existem casos em que a quantidade de
líquido não causa tantos desequilíbrios e o próprio corpo é capaz de reverter a
situação através da reabsorção dos excessos de fluido. Porém, em outros ca-
sos, é necessária uma intervenção mais invasiva como a toracocentese, vista
na imagem à direita da Figura 12.
FLUIDOS BIOLÓGICOS 85
Pulmão
saudável
Pulmão
doente
Seringa
Agulha
Dreno
Recipiente
coletor
Efusão pleural
quantidade excessiva de fluido
do pulmão na cavidade pleural
FLUIDOS BIOLÓGICOS 86
Pericardite
Pericárdio
Bursite
As bursas são como bolsas com líquido que lubrifi cam e amortecem
locais que sofrem maior pressão entre tendões, ossos e músculo. Em todo
o corpo humano, há mais de 150 bursas, mas as mais signifi cativas estão
localizadas no ombro, no quadril e nos joelhos.
FLUIDOS BIOLÓGICOS 87
Bursa inflamada
FLUIDOS BIOLÓGICOS 88
FLUIDOS BIOLÓGICOS 89
FLUIDOS BIOLÓGICOS 90
FLUIDOS BIOLÓGICOS 91
4 SÊMEN
Tópicos de estudo
Sistema reprodutor masculino Fisiopatologias
Anatomia Epididimite
Espermatogênese Síndrome de Klinefelter
Exames laboratoriais
Exames físico, químico e citológico
Avaliação da morfologia e da
motilidade
Contagem e pesquisa de esper-
matozoides urinários pós-coito
Cultura seriada de Meares e
Stamey
FLUIDOS BIOLÓGICOS 93
Anatomia
Antes de estudarmos propriamente a anatomia do sistema reprodutor mascu-
lino, temos que conhecer a estrutura do espermatozoide, o gameta masculino.
A Figura 1 ilustra uma célula onde, para fim de estudos, dividimos em três grandes
partes: a cabeça, peça do meio e a cauda. Na cabeça temos o acrossomo, que é
uma estrutura repleta de enzimas digestivas, responsável por digerir a parede do
óculo para permitir a entrada do espermatozoide. Logo abaixo da estrutura, há o
núcleo, onde estão armazenadas as informações genéticas dessa célula.
FLUIDOS BIOLÓGICOS 94
Acrossomo
Cabeça
Núcleo
Flagelo
Rabo
Bainha da cauda
FLUIDOS BIOLÓGICOS 95
Bexiga
Vesícula
Uretra seminal
Glândula
prostática
Pênis
Ducto ejaculatório
Uretra
Vias deferentes
Epidídimo
Escroto
Testículo
FLUIDOS BIOLÓGICOS 96
Espermatogênese
A espermogênese é a produção dos espermatozoides
pelo testículo, mais especifi camente nos túbulos seminí-
feros. Para que fi que mais didático e possam compreen-
der melhor, observemos o esquema detalhado do testí-
culo na Figura 3, onde podemos observar um dos
testículos em sua bolsa escrotal com o epidídimo,
que parece um tubo claro todo enrolado logo em
cima do testículo.
FLUIDOS BIOLÓGICOS 97
Ducto deferente
Cabeça do epidídimo
Ducto eferente
Túnica vaginal:
Rete testis Camada parietal
Cavidade
Camada visceral
Corpo do epidídimo
Túbulo seminífero
Testículos
Cauda do epidídimo
FLUIDOS BIOLÓGICOS 98
Espermatogônia
Tipo A
Mitose
Espermatogônia
Tipo B
Espermatogônia
Tipo A
Espermatócito
primário
Meiose I
Espermatócito
secundário
Meiose II
Espermátide
Espermiogênese
Lúmen
Espermatozoide
FLUIDOS BIOLÓGICOS 99
Exames laboratoriais
Um conhecimento popular nos indica que, em geral, as mulheres fazem mais
exames de rotina do que os homens, sendo que o gênero masculino procura
um centro de saúde quando realmente apresentam sintomas que não cessam
ou atrapalham sua vida cotidiana. Assim, o espermograma é o exame onde se
estudam a saúde dos espermatozoides, sendo realizado quando o casal tem difi-
culdade de engravidar e começam a buscar eventuais causas para tal fato, além
de ser solicitado após vasectomias para garantir a ausência de espermatozoides.
Contudo, esse estudo pode mostrar muito mais que uma eventual infertilida-
de, mostra também como está a saúde do sistema reprodutor masculino, o que
é importante para manter uma atividade sexual tranquila para ambos. A coleta
da amostra é simples e pode ser realizada sozinha pelo homem, sendo necessá-
rio realizá-la nos laboratórios de coleta especializados em espermograma.
O primeiro passo é pegar o pote de coleta específico, que tem uma anatomia
que facilita a coleta e evita contaminação da amostra. O paciente fica isolado
dentro de uma sala com aparatos estimulantes que podem ser filmes ou revis-
tas para facilitar a masturbação, sendo que deve ficar em abstinência sexual de
três a cinco dias. Logo, o pênis deve ser higienizado previamente, assim como as
mãos, e é proibido a utilização de lubrificantes e saliva durante a coleta.
Após recolher todo o sêmen, o qual deve ser de apenas uma ejaculação, a
amostra deve ser entregue no laboratório em, no máximo, 30 minutos. Em se-
guida, serão realizados os exames físicos, químicos e citológicos para investigar
a qualidade e quantidade desse líquido espermático e das células que o compõe.
Claro que seria impossível para o profissional que está realizando o estudo
da amostra contar essas milhões de células uma a uma, principalmente, sem
perder a conta algumas vezes. Então se utiliza uma técnica, onde a amostra
é colocada em uma lâmina quadriculada chamada de câmara de Neubauer,
como está ilustrada na Figura 6, e a contagem é feita por campos. Primeira-
mente se faz uma diluição na amostra a fim de que os espermatozoides fiquem
parados, pois imagine contar a quantidade de peixes dentro de um aquário
cheio deles se eles ficassem nadando, sem parar?
Em seguida, a amostra é colocada nessa lâmina quadriculada e é contabilizada
a quantidade de espermatozoides presentes com quatro quadrados dos cantos
e no central. Essa contagem é feita duas vezes para garantir a confiabilidade do
resultado e depois de multiplicá-la proporcionalmente a 1 mL para se comparar
com os valores de referência. As outras células como leucócitos e células redon-
das também seguem o mesmo procedimento, porém são contadas separadas a
fim de diagnosticar uma possível infecção. A concentração dos espermatozoi-
des também segue os mesmos critérios, porém com os cálculos de concentração
para que seja possível comparar com os valores da Tabela 1.
Cauda quebrada Cauda curta Cauda enrolada Cauda dupla Pescoço torcido
Pescoço grosso Cabeça cônica Cabeça redonda Cabeça formato Cabeça amorfa
pequena de pera
0 d Não há movimento.
Figura 9. Exame de urina após o coito. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 27/03/2021.
A Figura 9 apresenta uma lâmina com uma amostra de urina pós -coito,
onde é possível identifi car perfeitamente a presença de alguns esperma-
tozoides em perfeito estado anatômico. Uma quantidade mínima pode ser
encontrada sem diagnosticar problemas devido à anatomia masculina e à
uretra ser um canal em comum entre o sistema reprodutor masculino e o
sistema excretor urinário.
CURIOSIDADE
A glande, conhecida como cabeça do pênis, tem pequenas glândulas
que ficam embaixo, próximo ao corpo do pênis, e quando o órgão não
está ereto, essa região fica coberta pelo prepúcio (pele). Essas glândulas
secretam substâncias que protegem e lubrificam, no entanto, se acumu-
lam na região do pescoço peniano e devem ser lavadas frequentemente,
movimentando-as de modo a puxar a pele do prepúcio e lavando a região.
Quando não há boa limpeza, essa secreção se acumula (denominada de
esmegma), e pode acarretar em patologias para si ou para a pessoa com
quem for ter relações sexuais.
Epididimite
A epididimite é caracterizada pela inflamação do epidídimo, podendo aco-
meter um conjunto dos testículos, sendo denominada de orquiepididimite. Em
geral, o problema aparece em apenas um dos lados, onde apresenta edema e
dor na bolsa escrotal.
Epididimites
Vasos sanguíneos
Inflamação do testículo
Testículo
Escroto
Síndrome de Klinefelter
A síndrome de Klinefelter é uma patologia genética ligada ao sexo, acome-
tendo diretamente os cromossomos sexuais. Os indivíduos portadores são do
gênero masculino que, por alguma divergência, recebem um cromossomo X a
mais. Como podemos observar na Figura 11, a ilustração do cariótipo de um
indivíduo portador dessa síndrome apresenta um cromossomo X a mais do par
sexual, classificando-o com 47, XXY.
Síndrome de Klinefelter
1 2 3 4 5 6 7 8
17 18 19 20 21 22
XXY
ASSISTA
Para saber mais sobre a síndrome de Klinefelter, sinto-
mas, causa e eventuais tratamentos, assista ao vídeo O
que é a Síndrome de Klinefelter.