Analysis of Anti-Competitive Practices Notified To The Administrative Council of Economic Defense (Cade)
Analysis of Anti-Competitive Practices Notified To The Administrative Council of Economic Defense (Cade)
Analysis of Anti-Competitive Practices Notified To The Administrative Council of Economic Defense (Cade)
Resumo
Em 1962 foi criada a instituição que regula a estrutura produtiva brasileira, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica
(CADE). A partir de 1990, a sua participação passou a ser mais atuante devido à abertura comercial e ampliação da livre
concorrência. Neste sentido, o presente estudo busca analisar as notificações feitas ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica
(CADE) no período de 1965 a 2012. A partir de uma abordagem qualitativa, emprega-se a análise de conteúdo dos vinte e cinco casos
notificados, no período em questão, na publicação de “Defesa da concorrência no Brasil: 50 anos”. Por meio do software Mind
Manager, foi realizada a elaboração dos mapas conceituais. Os casos julgados pelo Conselho referem-se à cinco categorias, os atos
de concentração, contratos de exclusividade, monopólios, cartéis e venda casada. Estes foram julgados como procedentes, quando se
confirma a presença de condutas anticompetitivas, e improcedentes, caso contrário. Na primeira categoria, foram encontradas cinco
notificações, duas procedentes. Nos contratos de exclusividade, três casos procedentes. No monopólio, foram notificados cinco casos,
sendo quatro procedentes. Na quarta categoria, os cartéis, encontraram-se dez notificações, e destas, nove foram julgadas como
procedentes. Para a venda casada, apenas um caso foi julgado, sendo procedente. Assim, o cartel foi a prática anticompetitiva mais
notificada e julgada como procedente pelo Conselho. Desta forma, constata-se que 76% dos casos julgados foram procedentes, o que
corrobora com a suspeita da prática de condutas anticompetitivas obtida pelo Conselho. Estas condutas podem inibir a livre
concorrência e causar distorções no mercado, sendo prejudiciais, muitas vezes, para os consumidores, com a incidência de preços
abusivos.
Abstract
In 1962, the Administrative Council for Economic Defense (CADE) was created, an institution that regulates the Brazilian productive
structure. Since 1990, its participation has become more active due to trade liberalization and the expansion of free competition. In
this sense, the present study seeks to analyze the notifications made to the Administrative Council for Economic Defense (CADE) in
the period from 1965 to 2012. From a qualitative approach, the content analysis was performed for the twenty-five cases notified
along these years, which were obtained from the publication of "Defense of competition in Brazil: 50 years." Through the Mind
Manager software, the development of conceptual maps was performed. The cases judged by the Council refer to five categories, the
concentration acts, the exclusive contracts, monopolies, cartels and tied sales. These cases were judged as justified when the presence
of anticompetitive conduct is confirmed, and rejected otherwise. In the first category, five reports were found, of which two were
justified. In exclusive contracts, three cases were justified. In monopoly, five cases were reported, of which four were justified. In the
fourth category, cartels, ten notifications were found, and nine of them were judged as justified. Regarding the tied sales, only one
case was judged and considered as justified. Thus, the cartel was the most notified anticompetitive practice and judged as justified by
the Council. Therefore, it is observed that 76% of the cases prosecuted were justified, which corroborates the Council´s suspicion of
anticompetitive conduct. These behaviors may inhibit free competition and distort the market, being often harmful to consumers,
because of the incidence of abusive pricing.
1
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Administração (PPGA) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Avenida
Roraima, n. 1000, Cidade Universitária, Santa Maria- RS, CEP: 97105-900, prédio 74-C. E-mail: [email protected].
Mestre em Administração pela UFSM.
2
Doutoranda PPGA da UFSM. Avenida Roraima, n. 1000, Cidade Universitária, Santa Maria- RS, CEP: 97105-900, prédio 74-C. E-
mail: [email protected]. Mestre em Administração pela UFSM.
3
Professora Adjunta do PPGA da UFSM. Avenida Roraima, n. 1000, Cidade Universitária, Santa Maria- RS, CEP: 97105-900,
prédio 74-C. E-mail: [email protected]. Doutora em Administração pela Universidade Federal da Bahia (UFBA).
4
Professor Adjunto do PPGA e Diretor da Editora da UFSM. Avenida Roraima, n. 1000, Cidade Universitária, Santa Maria- RS,
CEP: 97105-900, prédio 74-C. E-mail: [email protected]. Homepage: www.daniel.coronel.com.br. Doutor em Economia
Aplicada pela Universidade Federal de Viçosa (UFV).
5
Professor Adjunto do PPGA da UFSM. Avenida Roraima, n. 1000, Cidade Universitária, Santa Maria- RS, CEP: 97105-900, prédio
74-C. E-mail: [email protected]. Doutor em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Viçosa (UFV).
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1 INTRODUÇÃO
2 DEFESA DA CONCORRÊNCIA
A concorrência, como exposta pela teoria econômica, não apresenta apenas seu
aspecto estático, ou seja, concorrência no conjunto das condições estruturais do
mercado concorrencial. Também pode ser entendida pelo contexto da manifestação
dinâmica que envolve a criatividade, o crescimento e a inovação tecnológica
(MALARD, 2008).
Cruz (2012) comenta que, em um mercado competitivo, a concorrência envolve
tanto elementos quantitativos relativos ao número de agentes econômicos quanto
qualitativos, que se referem ao comportamento de todos os agentes econômicos. Por
causa dos diferentes comportamentos dos consumidores e da sensibilidade que eles têm
e relação ao consumo, as empresas estão sempre em busca de maneiras para se adequar
ao mercado em que estão inseridas.
Com o aumento na produção e desenvolvimento de tecnologias, as empresas
começaram a exercer maior controle sobre fornecimento de insumos e distribuição de
seus produtos. Esse fato favoreceu o surgimento de grandes empresas, que, com o
tempo, foram ganhando força, obtendo uma grande fatia do mercado e impondo preços
que impediam que novas empresas pudessem entrar em determinados mercados
(SONAGLIO, ZAMBRLAN, 2009).
Com o intuito de interferir neste problema de monopolização do mercado por
parte de grandes organizações, em 1870, nos Estados Unidos, surgiu a primeira lei de
defesa da concorrência, a Lei de Sherman, ou Lei Antitruste. Segundo Salgado, Morais
(2011), essa lei teve início com um movimento político ideológico urbano com a
participação da classe média e pequenos capitalistas dos norte-americanos, que ficou
conhecido também como movimento contra o Big Bussines.
negócios total no país realizado por cada uma das empresas. O valor limite de
faturamento é de setecentos e cinquenta milhões de reais por empresa, sendo que devem
ser analisadas as operações realizadas antes da negociação (CARVALHO, 2013).
Todavia, existem algumas estruturas de mercado que naturalmente se formam a
partir de fusões, aquisições ou contrato cooperativo entre empresas, que fazem com que
alguma organização ou grupo de organizações detenham o controle de uma parcela
significativa do mercado.
A primeira prática anticompetitiva a ser explanada é a concentração de mercado,
que, segundo Resende (1994), ocorre quando há um grupo de empresas ofertando uma
quantidade bastante significativa de um produto, suprindo grande parte da demanda.
Como possíveis consequências dessa concentração de mercado, há uma perda da
eficiência de mercado, sendo que o bem-estar do consumidor diminui, pois ele terá
menos opções de escolha naquele setor.
Da mesma forma ocorre com o monopólio. Para Figueiredo (2009), a diferença é
que, nesta estrutura, existe apenas uma empresa no comando da oferta de um
determinado produto, ressaltando que não é possível, por força de imposição de
obstáculos naturais e/ou artificiais, a entrada de novos concorrentes. Assim como no
monopólio, o mesmo autor complementa que, na formação de cartéis entre empresas, a
principal característica é que o mercado é formado por um número limitado de empresas
que controlam a produção e/ou distribuição de um bem ou a prestação de um serviço.
Esse controle ocorre por meio da manipulação dos preços.
3 ASPECTOS METODOLÓGICOS
Assim, observa-se que, entre todas as notificações feitas ao CADE, 20% eram de
suspeita de realização de atos de concentração. Destas, 40% foram julgadas como
procedentes pelo Conselho.
A segunda categoria de notificações foi a dos contratos de exclusividade. Neste
caso, os contratos de exclusividade podem ocorrer na distribuição de produtos para
evitar a entrada de competidores potenciais, sendo que a coordenação de suas interações
mercantis pode ter motivações bem como efeitos anticompetitivos no mercado
(PONDÉ; FAGUNDES; POSSAS, 1998). Nesta categoria, foram analisados
especificamente quatro casos.
O primeiro caso refere-se à Construtora Norberto Odebrecht S/A, na licitação
para escolha de quem faria as obras das usinas hidrelétricas do complexo do Rio
Madeira, no Pará, em 2007. A construtora havia feito acordo com três produtoras
brasileiras de turbinas para usinas elétricas, pelo qual pagaria preços vantajosos aos
fornecedores em troca da exclusividade na compra dos materiais.
Os demais participantes da concorrência teriam de importar os componentes,
pois não havia a possibilidade de comprar equipamentos das indústrias nacionais e
teriam, assim, dificuldades para aceitar qualquer preço abaixo do máximo determinado
pelo Ministério de Minas e Energia. Além disso, perderiam o direito de financiamentos
com juros diferenciados do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social –
BNDES, o que acarretaria em distorção da condição de livre concorrência.
O desfecho do caso trouxe a assinatura de um Termo de Compromisso de
Cessação (TCC) pela empresa, pelo qual ela se comprometeu a cancelar os contratos de
exclusividade, o que reduziu o preço do megawatt/hora em 35% em relação ao que era
estimado (CADE, 2013).
A segunda notificação refere-se ao programa “Tô contigo”, da Ambev, em 2003,
em que as empresas que optassem por participar deveriam comprar exclusivamente
cervejas da Ambev, ou no mínimo 90% do total das cervejas adquiridas deveriam ser da
marca. Os estabelecimentos participantes ganhavam descontos na aquisição dos
produtos da Ambev e outros benefícios.
O Conselho julgou que o programa induzia ao fechamento de mercado, uma vez
que restringia o acesso das cervejarias rivais aos pontos de venda, gerando prejuízo à
concorrência e aos consumidores. Houve o encerramento do programa e aplicação de
multa como punição de 2% do faturamento bruto da empresa (CADE, 2013).
A terceira notificação de contratos de exclusividade, em 2001, abordou a
acusação de que a Globosat, programadora e distribuidora de canais para TVs por
50
Desta forma, verifica-se que, entre todas as notificações feitas ao CADE, 15%
eram de apenas suspeita de realização de contratos de exclusividade. Destas, 75% foram
julgadas como procedentes pelo Conselho.
Outra categoria encontrada na análise dos casos notificados ao CADE foi o
monopólio. Esse tipo de prática anticompetitiva foi observado em 5 casos de empresas
brasileiras que atuavam em diversos setores da economia, porém apenas um desses
casos foi julgado improcedente pelo Conselho de Defesa Econômica.
Essa estrutura de mercado tem a caraterística de controle, ou seja, o monopolista
detém o controle tanto do preço quanto da quantidade que será ofertada no mercado.
Isso se deve ao fato de que a indústria é a única produtora ou vendedora de determinado
produto no mercado em que está inserida. Dadas estas condições, cobra-se o preço
ótimo para que se obtenha uma maior parcela do mercado possível (FERGUSON,
1994).
Neste caso, o CADE analisa se, de alguma forma, estas condições são
observadas no mercado, visto que traria uma redução no bem-estar social, porque o
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. Editora Atlas S.A., 4 ed, São Paulo,
2002.