Apostila FGV - Ragazzo

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CONCORRÊNCIA

AUTORES: CARLOS EMMANUEL JOPPERT RAGAZZO

GRADUAÇÃO
2011.2
Sumário
Concorrência

INTRODUÇÃO AO CURSO DE ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA E DO MINISTÉRIO PÚBLICO ............................................................. 3

AULAS 1 E 2: O PODER JUDICIÁRIO BRASILEIRO. A ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA. A MAGISTRATURA NACIONAL.


O CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. ........................................................................................................................ 6

AULA 3: SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL .................................................................................................................. 44

AULAS 4 E 5: O SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA E A JUSTIÇA FEDERAL .......................................................................... 78

AULA 6 E 7: A JUSTIÇA COMUM ESTADUAL ............................................................................................................. 108

AULA 8: JUSTIÇAS ESPECIAIS INDIVIDUALIZADAS ................................................................................................... 125

AULAS 9, 10 E 11: O MINISTÉRIO PÚBLICO BRASILEIRO ............................................................................................ 147

AULA 12: A POLÍCIA FEDERAL ............................................................................................................................. 194

AULA 13: ADVOCACIA, DEFENSORIA PÚBLICA E ADVOCACIA PÚBLICA........................................................................... 202


CONCORRÊNCIA

OBJETIVO:

A proposta de aula visa desenvolver e capacitar o aluno a lidar com ins-


trumentos teóricos e práticos da política brasileira de defesa da concorrência,
com especial atenção para o controle de estruturas (impactos competitivos
de fusões e aquisições) e para a repressão de condutas anticompetitivas. Inci-
dentalmente, o curso irá abordar aspectos procedimentais típicos do Sistema
Brasileiro de Defesa da Concorrência — SBDC.

METODOLOGIA:

O curso utilizará uma variável do método de casos, baseada na leitura


prévia de julgados administrativos (casos base), textos legislativos pertinentes
e artigos doutrinários. Esse material serve, no entanto, com pré-requisito ne-
cessário à discussão que seguirá em sala de aula que, por sua vez, trabalhará
com material didático complementar e não visto previamente, de forma a
estimular o raciocínio jurídico-econômico intuitivo de casos à medida que
forem sendo apresentados ao longo da aula.

AVALIAÇÃO:

O modelo de avaliação possui dois elementos: (i) provas P1 e P2, cada


qual valendo 8 pontos; (ii) participação em sala de aula, que poderá atingir
o máximo de 2 pontos por prova (ou seja, 4 pontos no geral). Os pontos de
participação se dividem da seguinte forma:

(i) Para que o aluno tenha acesso aos primeiros 2 pontos de participa-
ção, terá que se responsabilizar por 2 aulas ao longo do curso (uma
para cada prova), analisando, além do material selecionado para a
respectiva aula, textos ou casos suplementares que serão forneci-
dos pelo professor de forma on line no Blog www.direitoantitruste.
wordpress.com, e respondendo de forma satisfatória as perguntas
formuladas no curso da aula; e

(ii) Os demais 2 pontos poderão ser obtidos pelo aluno por meio de
participação geral em sala de aula ao longo do curso. A ausência de
leitura prévia do material selecionado impede o acesso a esses pon-
tos em todas as hipóteses (não haverá trabalho individual). Não é
necessário que o aluno leia o material suplementar, a não ser quan-
do responsável pela aula.

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CONCORRÊNCIA

PLANO DE AULAS:

O modelo de aulas de defesa da concorrência segue a proposta de horários


blocados, com maior tempo de análise para os casos paradigmas do SBDC,
razão por que o sumário tem apenas 13 aulas, com um seminário de contato
com o setor privado e governamental sempre realizado ao fim do curso (Ro-
dadas de Concorrência e Regulação), cuja participação é facultativa, porém
estimulada.

Aula 1: Introdução à Defesa da Concorrência

Aula 2: Estruturas de Mercado — Atos de Concentração Horizontal 1

Aula 3: Estruturas de Mercado — Atos de Concentração Horizontal 2

Aula 4: Estruturas de Mercado — Atos de Concentração Horizontal 3

Aula 5: Estruturas de Mercado — Atos de Integração Vertical

Aula 6: Estruturas de Mercado — Joint-Ventures

Aula 7: Condutas Anticompetitivas Colusivas — Cartéis

Aula 8: Condutas Anticompetitivas Colusivas — Cartéis 2

Aula 9: Condutas Anticompetitvas Colusivas — Indução de Conduta Concertada

Aula 10: Termos de Compromisso de Cessação

Aula 11: Preço Predatório e Preço Abusivo

Aula 12: Práticas Verticais — Acordos de Exclusividade

Aula 13: Práticas Verticais — Venda Casada e Recusa de Venda

Seminário: Rodadas de Concorrência e Regulação

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CONCORRÊNCIA

AULA 1: INTRODUÇÃO À DEFESA DA CONCORRÊNCIA

Na década de 1990, no Brasil, houve um amplo movimento de redução


do aparato estatal de provisão de serviços com o surgimento das agências
reguladoras. A reforma Bresser, e as posteriores reformas da legislação ad-
ministrativa instituíram o chamado modelo do Estado regulador no Brasil.
Para os atores políticos que influenciaram esse movimento, a economia de
mercado com a garantia de livre concorrência era a melhor forma de maximi-
zar a eficiência econômica, o que levou à reformulação da Lei de Defesa da
Concorrência, com a promulgação da Lei n. 8.884/1994.

QUESTÕES CENTRAIS

É preferível que o Estado controle o preço dos produtos? Quais são os efei-
tos da concorrência nos mercados? Esses efeitos ocorrem em todos os merca-
dos indistintamente? Existe uma solução alternativa, caso a concorrência não
opere efeitos semelhantes em todos os mercados? Qual o verdadeiro objetivo
de uma legislação de defesa da concorrência?

CASO BASE

Processo Administrativo n. 08000.015337/1997-48. Representadas: Usi-


nas Siderúrgicas de Minas Gerais — USIMINAS, Cia Siderúrgica Paulista
— COSIPA e Cia Siderúrgica Nacional. Voto do Conselheiro Relator Ruy
Santacruz.

LEGISLAÇÃO

CF 88, arts. 174 e 175


Lei 8.884/1994, art. 21

BIBLIOGRAFIA OBRIGATÓRIA

ELZINGA, Kenneth G. The Goals of Antitrust: other than competition and


efficiency, what else counts? in University of Pennsylvania Law Review,
v. 125, n. 6 (1977), pp. 1191-1213.

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CONCORRÊNCIA

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

RAGAZZO, Carlos Emmanuel Joppert. Notas Introdutórias sobre o Prin-


cípio da Livre Concorrência. SCIENTIA IURIS, Londrina, v. 10, p.
83-96, 2006. Disponível em http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/
iuris/article/download/4110/3538.

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CONCORRÊNCIA

AULA 2: ESTRUTURA DE MERCADO — ATOS DE CONCENTRAÇÃO


HORIZONTAL

Entre as funções dos órgãos de defesa da concorrência, insere-se o contro-


le preventivo de fusões e aquisições, com o objetivo de impedir a formação
de poder de mercado passível de exercício abusivo. É preciso, então, definir
quais operações devem estar sujeitas ao crivo do sistema brasileiro de defesa
da concorrência. Uma vez superada a delimitação do filtro de operações a
serem apresentadas, é preciso definir uma metodologia de análise das fusões e
aquisições, hoje calcada na tríade: estrutura, conduta, desempenho. A partir
desse modelo, é possível iniciar a avaliação da concentração de poder econô-
mico com o uso de conceitos jurídicos indeterminados: mercado relevante e
posição dominante.

QUESTÕES CENTRAIS

Como definir o mercado relevante em um ato de concentração? E como


estimar as participações de mercado? Em que situações, uma operação dessas
de fato apresenta caráter anticompetitivo?

CASO BASE

Ato de Concentração n. 08012.000298/2007-13. Requerentes: Sucos Del


Valle do Brasil Ltda., Recofarma Indústria do Amazonas Ltda. e Spal Indús-
tria Brasileira de Bebidas S.A. Voto do Conselheiro Relator: Luís Fernando
Rigato Vasconcellos.

LEGISLAÇÃO

Portaria Conjunta SEAE/SDE n. 50, de 1o. de Agosto de 2001. (Guia


para Análise Econômica de Atos de Concentração Horizontal) (p.1/11)
Lei n. 8.884/94 (arts. 54 et seq)

BIBLIOGRAFIA OBRIGATÓRIA

COMMISSION NOTICE on the Definition of the Relevant Market for the


Purposes of Community Competition Law.

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CONCORRÊNCIA

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

U.S. Department of Justice and The Federal Trade Commission. Horizontal


Merger Guidelines (2010)
POSSAS, Mario Luiz. Os Conceitos de Mercado Relevante e de Poder de
Mercado no Âmbito da Defesa da Concorrência. Revista do IBRAC, 3
(5), 1996.

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AULA 3: ESTRUTURA DE MERCADO — ATOS DE CONCENTRAÇÃO


HORIZONTAL 2

Estabelecida a presença de posição dominante, a delimitação de poder


de mercado segue avaliando a presença (ou não) de importações, barreiras
à entrada e rivalidade, cada qual uma das etapas de análise do guia de con-
centrações horizontais que poderão afastar (ou não) a probabilidade do seu
exercício abusivo. Para tanto, será necessário avaliar a probabilidade, tempes-
tividade e suficiência da entrada, além de questões de rivalidade.

QUESTÕESCENTRAIS

Qual será o impacto das dificuldades à entrada e aos demais agentes eco-
nômicos decorrentes de outros aspectos, como, por exemplo, a lealdade à
marca, o poder de portfólio e os entraves ao acesso a canais de distribuição
de bens e serviços? E como se estima a presença de rivalidade no mercado?

CASO BASE

Ato de Concentração n. 08012.005846/99-12. Requerentes: Fundação


Antonio e Helena Zerrener — Instituição Nacional de Beneficência, Empre-
sa de Consultoria, Administração e Participações S/A — ECAP e Braco S.A.
Voto Vista do Conselhero Ruy Santacruz (AMBEV). p. 1/46.

LEGISLAÇÃO

Portaria Conjunta SEAE/SDE n. 50, de 1o. de Agosto de 2001. (Guia


para Análise Econômica de Atos de Concentração Horizontal) (p. 11/15)
Lei n. 8.884/94 (arts. 54 et seq)

BIBLIOGRAFIA OBRIGATÓRIA

Guidelines on the assessment of horizontal mergers under the Council Re-


gulation on the control of concentrations between undertakingsOfficial
Journal C 31, 05.02.2004, itens 68/75
ICN MERGER GUIDELINES WORKBOOK. ICN Merger Working
Group: Investigation and Analysis Subgroup. Prepared for the Fif-
th Annual ICN Conference in Cape TownApril 2006 (CHAPTER 4:
WORKSHEET E — MARKET ENTRY AND EXPANSION)

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CONCORRÊNCIA

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

U.S. Department of Justice and The Federal Trade Commission. Horizontal


Merger Guidelines (2010)

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CONCORRÊNCIA

AULA 4: ESTRUTURA DE MERCADO — ATOS DE CONCENTRAÇÃO


HORIZONTAL 3

Superadas as etapas de definição de mercado relevante e análise de barrei-


ras à entrada, ainda é possível afastar a hipótese de probabilidade de exercício
abusivo de poder de mercado, caso os rivais em atuação no mercado sejam
capazes de impedir aumentos de preços. No entanto, caso o risco à concor-
rência não possa ser afastado pela rivalidade, seguindo o guia de análise de
atos de concentração horizontal, os órgãos de defesa da concorrência ainda
devem avaliar a existência de eficiências geradas pela operação, situação em
que os efeitos anticompetitivos identificados deverão ser ponderados com os
benefícios e, a partir disso, estimar o resultado líquido da fusão.

QUESTÕESCENTRAIS

Quais eficiências devem ser consideradas? Os ganhos de eficiência devem


ser necessariamente repartidos com o consumidor? Outra hipótese que pode
viabilizar a aprovação de uma operação se dá quando o órgão de defesa da
concorrência impõe restrições, mais comumente chamadas de remédios. Que
tipos de remédios podem ser utilizados? Quais as vantagens e desvantagens
de cada tipo de remédio?

CASO BASE

Ato de Concentração n. 08012.005846/1999-12 (AMBEV). Requerentes:


Fundação Antonio e Helena Zerrenner — Instituição Nacional de Benefici-
ência; Empresa de Consultoria, Administração e Participações S/A — ECAP;
Companhia Antarctica Paulista Indústria Brasileira; Companhia Cervejaria
Brahma. Voto da Conselheira Relatora Hebe Romano. (págs. 55/75)

LEGISLAÇÃO

Guia de Análise de Atos de Concentração Horizontal (págs. 16-19)

BIBLIOGRAFIA OBRIGATÓRIA

ICN Merger Working Group: Analytical Framework Subgroup. Merger Re-


medies Review Projetc. Report for the fourth ICN annual conference.
Bonn — June 2005 (págs. 3/13)

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CONCORRÊNCIA

Guidelines on the assessement of horizontal mergers under the Council Re-


gulation on the controle of concentrations between undertakings. Offi-
cial Journal C 31, 05.02.2004. (itens 76-88)

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

U.S. Department of Justice and the Federal Trade Commission. Horizontal


Merger Guidelines (2010).
FISHER, Alan; JOHNSON, Frederick e LANDE, Robert. Price Effects of
Horizontal Mergers in California Law Review v. 77, n. 4 (1989), p.
777-827

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CONCORRÊNCIA

AULA 5: ATOS DE INTEGRAÇÃO VERTICAL

Nem todas as operações de aquisição se dão entre agentes econômicos que


atuam no mesmo mercado relevante (sobreposição horizontal). É comum
que essas operações também ocorram entre companhias que atuam em elos
diferentes de uma mesma cadeia de distribuição, sendo uma a produtora e
a outra a distribuidora. Quando isso ocorre, há uma operação de integração
vertical, que apresenta outros tipos de desafios concorrenciais para o Sistema
Brasileiro de Defesa da Concorrência — SBDC

QUESTÕESCENTRAIS

Quais são as preocupações concorrenciais envolvendo uma operação desse


gênero (integrações verticais)? A metodologia de análise segue o mesmo pa-
drão estabelecido para as concentrações horizontais? E, em caso de potenciais
efeitos anticompetitivos, quais os remédios aplicáveis?

CASO BASE

Ato de Concentração n. 08012.005205/1999-68. Requerentes: São Julia-


no Participações Ltda. e CASIL S.A Carbureto de Silício. Relator: Roberto
Augusto Castellanos Pfeiffer.

BIBLIOGRAFIA OBRIGATÓRIA

U.S. Department of Justice Merger Guidelines. Non-Horizontal Merger


Guidelines (págs. 26 a 30)
Guidelines on the assessment of non-horizontal mergers under the Coun-
cil Regulation on the controle of concentrations between undertakings
(Official Journal of the European Union) (itens 1 a 90).

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CONCORRÊNCIA

AULA 6: JOINT-VENTURES

Concentrações horizontais e integrações verticais apresentam preocupa-


ções anticompetitivas clássicas, embora não esgotem as possibilidades de ris-
co ao cenário competitivo de operações que caem no filtro antitruste. As
joint-ventures podem assumir diferentes formas, revelando problemas com-
petitivos de ordem horizontal e vertical. Ao mesmo tempo, podem represen-
tar fortes instrumentos competitivos, estimulando a inovação e viabilizando
novos tipos de produtos ou serviços.

QUESTÕESCENTRAIS

Qualquer joint-venture pode apresentar riscos competitivos? Projetos com


alto grau de inovação podem apresentar riscos anticompetitivos? Durante a
década de 1990, grandes operações de joint-ventures no setor de bebidas ge-
raram profundas discussões sobre os riscos competitivos de conglomerados.
Algumas até foram objeto de restrição sob o argumento de redução de con-
corrência potencial. Esse argumento tem fundamento teórico? Atualmente os
órgãos de defesa da concorrência o utilizam?

CASOS BASE

Ato de Concentração n. 58/95. Requerentes: Companhia e Cerve-


jaria Brahma-CCB, Miller Brewing Company-MBC e Miller Brewing
M1855,INC. Voto do Conselheiro Relator Renault de Freitas Castro.
Averiguação Preliminar n. 08012.001851/2004-84. Representante: Em-
presa Brasileira de Telecomunicações S.A. Embratel. Representadas: Brasil
Telecom S.A., Telemar Norte Leste S.A. e Telecomunicações de São Paulo.
Parecer SEAE n. 06036/2006/DF COGDC/SEAE/MF. (págs. 14 a 22)

BIBLIOGRAFIA OBRIGATÓRIA

U.S. Department of Justice Merger Guidelines. Non Horizontal Merger


Guidelines (págs. 23 a 26)
Guidelines on the assessment of non-horizontal mergers under the Coun-
cil Regulation on the control of concentrations bewtween undertakings
(itens 91 a 121)

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CONCORRÊNCIA

AULA 7: CONDUTAS ANTICOMPETITIVAS COLUSIVAS

A repressão a acordos entre concorrentes sobre variáveis como preços,


áreas de atuação ou mesmo clientes, conduta costumeiramente chamada de
cartel, costuma ser a prioridade número um dos órgãos de defesa da concor-
rência mundo afora. E não é por menos. Cartéis geram prejuízos substanciais
à economia e, em especial, aos consumidores na forma de maiores preços,
menor quantidade de produtos e/ou serviços ofertada ao mercado, além de
uma redução no estímulo à inovação.

QUESTÕESCENTRAIS

Qualquer acordo entre concorrentes é ilícito? Como se prova um cartel?


Todo mercado é passível de cartel? Todo cartel tem preços iguais? Todo pre-
ço igual é reflexo de um processo de cartelização de um setor? É necessário
definir um mercado relevante tal e qual num ato de concentração? Existem
condutas acessórias à formação de um cartel?

CASO BASE

Processo Administrativo n. 08012.002127/2002-14. Representante: Se-


cretaria de Direito Econômico — SDE. Representados: Sindicato da Indús-
tria de Mineração de Pedra Britada do Estado de São Paulo (SINDIPEDRAS)
e outros. Voto do Conselheiro Relator Luís Carlos Delorme Prado.

LEGISLAÇÃO

Conselho Administrativo de Defesa Econômica — CADE. Resolução n.


20, de 9 de junho de 1999
ESTADOS UNIDOS. Department of Justice e Federal Trade Commis-
sion. Antitrust Guidelines for Collaborations Among Competitors, de abril
de 2000. pp. 1 a 7.

BIBLIOGRAFIA OBRIGATÓRIA

KAPLOW, Louis e Shapiro, Carl. Antitrust. National Bureau of Economic


Research Working Paper 12867 (Jan/2007). Disponível em <http://www.
nber.org/papers/w12867> (acesso em janeiro de 2008). pp. 22 a 50.

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CONCORRÊNCIA

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

KOVACIC, WILLIAM. The Identification and Proof of Horizontal Agree-


ments under the Antitrust Laws. Antitrust Bulletin, v. 38, n. 1 (1993).
SCHUARTZ, Luis F. “Ilícito Antitruste e Acordos entre Concorrentes”, in
POSSAS, Mário L. (Org.). Ensaios sobre Economia e Direito da Con-
corrência, São Paulo, Singular, 2002, p. 111 a 134.

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CONCORRÊNCIA

AULA 8: CONDUTAS ANTICOMPETITIVAS COLUSIVAS II

Entre todas as modalidades de cartel, talvez a mais difícil de ser com-


provada por agentes públicos é o conluio para participar em licitações, par-
ticularmente danoso à sociedade como um todo, em função das compras
governamentais. A política de combate a cartéis possui uma vertente policial
(a investigação em si da existência da conduta) que estimula a análise de
defesa da concorrência à luz de princípios procedimentais dos mais diversos,
incluindo discussões constitucionais e penais.

QUESTÕESCENTRAIS

Quais as peculiaridades desse tipo específico de cartel que provocam essa


dificuldade? Os cartéis de licitação sempre apresentam o mesmo formato ou
podem variar? As dificuldades probatórias de comprovação de cartéis vêm
sendo amenizadas por conta do desenvolvimento de técnicas de investigação.
Quais são as opções disponíveis para os órgãos de defesa da concorrência para
investigar condutas anticompetitivas, em especial cartéis. Aliás, a Polícia Fede-
ral e o Ministério Público têm cada vez mais contribuído para a investigação
de cartéis em iniciativas conjuntas com o Sistema Brasileiro de Defesa da Con-
corrência. Quais os possíveis entraves jurídicos a essa conjugação de esforços?

CASO BASE

Processo Administrativo n. 08000.004436/1995-04. Representante:


Companhia de Saneamento Básico São Paulo (SABESP). Representadas:
Produtos Químicos Guaçú Inds. Com. Ltda, Produtos Químicos Elekeiroz
S.A. et. alli. Voto do Conselheiro Relator Cleveland Prates Teixeira.

LEGISLAÇÃO

BRASIL. Ministério da Justiça. Programa de Leniência. Guia da Secretaria de


Defesa Econômica — SDE.
BRASIL. Ministério da Justiça. Modelo de Acordo de Leniência. Secretaria
de Defesa Econômica — SDE

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CONCORRÊNCIA

BIBLIOGRAFIA OBRIGATÓRIA

OCDE. Diretrizes para Combater o Conluio entre Concorrentes em Con-


tratações Públicas. Fevereiro de 2009.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

OCDE. Using Leniency to Fight Hard Core Cartels. Policy Brief. 2001.
WILLS, W.P.J. Lenience in Antitrust Enforcement: Theory and Practice.
World Competition 30 (1), 25-64. 2007.

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CONCORRÊNCIA

AULA 9: CONDUTAS ANTICOMPETITIVAS COLUSIVAS 3

Nos cartéis clássicos, parte majoritária das discussões antitruste envolve a


suficiência do conjunto probatório para uma condenação, já que os órgãos
de defesa da concorrência tendem a dispensar maiores análises a respeito dos
efeitos da conduta. As condutas consistentes em indução à conduta concer-
tada freqüentemente envolvem ações relativamente abertas de Sindicatos e
Associações, atores comuns na época de controle de preços no período da
ditadura militar, influenciando a uniformização de preços ou de outras con-
dições de mercado, por meio de comunicados ou de tabelas de preços.

QUESTÕESCENTRAIS

Por que os agentes econômicos optam por gêneros distintos de condutas


colusivas, ao invés de formatar cartéis clássicos, mais difíceis de serem detec-
tados? Toda tabela de preços representa uma ameaça à concorrência?

CASO BASE

Processo Administrativo n. 08000.024581/94-77. Representante: Secre-


taria de Direito Econômico — SDE ex officio. Representados: Sindicato do
Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do DF, Rede Gasol (Grupo
Cascão) e Grupo Igrejinha. Voto do Conselheiro Relator Roberto Augusto
Castellanos Pfeiffer.

BIBLIOGRAFIA OBRIGATÓRIA

KINTNER, Earl. W. BAUER, Joseph P. Antitrust Exemptions for Private


Requests for Governmental Action: A Critical Analysis of the Noerr
Pennington Doctrine. UC-Davis Law Review, Vol. 17, pp. 549-589,
1984 (págs. 549-579)

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

Processo Administrativo n. 08012.004712/2000-09. Representante: Secreta-


ria de Direito Econômico — SDE Ex-Officio. Representados: Sindicato
do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de Goiás —
SINDIPOSTO e seu Presidente José Batista Neto. Voto do Conselheiro
Relator Roberto Pfeiffer.

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CONCORRÊNCIA

AULA 10: TERMOS DE COMPROMISSO DE CESSAÇÃO

A Administração Pública Brasileira procura instituir a possibilidade de um


acordo entre as partes investigadas e os órgãos de defesa da concorrência. Após
um primeiro momento, em que esses acordos era proibidos por dispositivo
legal expresso, alterações legislativas viabilizaram a negociação de termos de
compromisso de cessação envolvendo condutas colusivas (inclusive cartéis).

QUESTÕESCENTRAIS

É um bom negócio para a Administração Pública celebrar acordos com


agentes investigados por cartéis? Como funciona o procedimento da propos-
ta de acordo? Quais as variáveis que podem ser objeto de um acordo? Qual a
relação entre o programa de leniência e a política de acordos?

CASO GERADOR

Requerimento n. 08700.002312/2009-19. Requerente: Trelleborg Industrie


SAS (Trelleborg). Voto do Conselheiro Relator Fernando de Magalhães Furlan.

LEGISLAÇÃO

Regimento Interno do Conselho Administrativo de Defesa Econômica —


CADE (arts. 129 e 130)

BIBLIOGRAFIA OBRIGATÓRIA

Antitrust Division US. Department of Justice. The U.S. Model of Negotia-


ted Plea Agreements: A Good Deal with Benefits for All”. OECD Com-
petition Committee Working Party n. 3. Paris, France. 2006

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

Antitrust Division. US Department of Justice. Cartel Settlements in the U.S.


and E.U: Similarities, Differences & Remaining Questions. 13th. An-
nual EU Competition Law and Policy Workshop. Florence, Italy. 2008
RAGAZZO, Carlos Emmanuel Joppert. O CADE e as Soluções Nego-
ciadas. Conjuntura Econômica. Dec. 2010: 60-62. Disponível em
Available at: http://works.bepress.com/carlos_ragazzo/9

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CONCORRÊNCIA

AULA 11: PREÇO PREDATÓRIO E PREÇO ABUSIVO

A relação entre concorrência e preços dispensa comentários. Espera-se que


a concorrência gere preços mais baixos, o que, ao menos a priori, é algo
positivo para o consumidor. Mas nem sempre é para os concorrentes, cujo
destino poderá ser a saída do mercado. Por outro lado, há previsão legal so-
bre a possibilidade de preços abusivos. Os órgãos de defesa da concorrência
reagiram a uma proposta de ineficácia do dispositivo da Lei Antitruste que
trata de preços excessivos. Existe um grande desconforto com relação à im-
possibilidade prática (jurídica ou fática) de julgar e condenar hipóteses de
preço excessivo (ou abusivo). Esse desconforto se reflete, sobretudo, em casos
envolvendo propriedade intelectual e, em especial, cultivares (lei essa que
possui um dispositivo semelhante ao da Lei Antitruste).

QUESTÕESCENTRAIS

Quando a lei de defesa da concorrência deve impedir preços baixos? Quais


as consequências de um erro de intervenção? Ou seja, quando há uma conde-
nação indevida de uma empresa que pratica preços baixos? O objetivo da lei é
proteger o processo competitivo ou os concorrentes? Existe uma metodologia
que evita, ou, ao menos minimiza, as possibilidades de erros de intervenção
nessas hipóteses? E, se há preços baixos demais para a concorrência, conse-
quentemente há preços altos demais?

CASOS BASE

Averiguação Preliminar n. 08700.000198/2008-10. Representante: Mi-


nistério Público do Estado de Minas Gerais. Representados: Drogaria e Per-
fumaria Cristina Ltda. Voto do Conselheiro Relator Carlos Emmanuel Jo-
ppert Ragazzo
Processo Administrativo n. 08012.000966/2000-01. Representante: CPI
dos Medicamentos da Câmara dos Deputados. Representado: Laboratórios
Pfizer Ltda. Voto do Conselheiro Relator Luiz Carlos Delorme Prado.

LEGISLAÇÃO

Secretaria de Acompanhamento Econômico — Guia para Análise Econô-


mica da Prática de Preços Predatórios (Portaria n. 70, de 12 de dezembro de
2002)

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CONCORRÊNCIA

BIBLIOGRAFIA OBRIGATÓRIA

MOTTA, Massimo. STREEL, Alexandre de. Exploitative and Exclusionary


Excessive Prices in EU Law. paper presented in the 8th Annual Europe-
an Union Competition Workshop, Florence (2003).

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CONCORRÊNCIA

AULA 12: ACORDOS DE EXCLUSIVIDADE

Prática comum de mercado, os acordos de exclusividade podem apresentar


efeitos anticompetitivos. E também podem, ao contrário, ser elementos que
favorecem a competitividade das empresas, viabilizando a distribuição com
maior eficiência de produtos e serviços. Os acordos de exclusividade se inse-
rem no que comumente se denomina “práticas verticais” anticompetitivas, em
que a ilicitude é algo que não prescinde de uma análise pela regra da razão.

QUESTÕESCENTRAIS

Quais são os potenciais efeitos anticompetitivos decorrentes de práticas


verticais? E, em especial, de acordos de exclusividade? Quais seriam os possí-
veis efeitos positivos, que poderiam contrabalançar os efeitos anticompetiti-
vos? Há circunstâncias de mercado que potencializam os efeitos anticompe-
titivos? Em caso positivo, quais são essas circunstâncias?

CASO BASE

Processo Administrativo n. 08012.008024/1998-49. Representante: SDE


“Ex Officio”. Representadas: TBA Informática Ltda. Voto do Conselheiro
Relator Roberto Augusto Castellanos Pfeiffer.

BIBLIOGRAFIA OBRIGATÓRIA

European Commission. DG Competition discussion paper on the applica-


tion of Article 82 of the Treaty to exclusionary abuses., Brussels, 2005
(p. 17 a 28)

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

U.S. Department of Justice. Competition and Monopoly: Single Firm Con-


duct Under Section 2 of the Sherman Act. 2008. (págs. 131 a 143)

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CONCORRÊNCIA

AULA 13: VENDA CASADA E RECUSA DE VENDA

Em geral, as práticas verticais possuem inúmeras explicações de ordem


pró-competitiva, sendo infrações apenas em hipóteses específicas. No entan-
to, algumas dessas práticas, apesar de possuírem justificativas econômicas,
não são comumente vistas dessa forma. A subordinação da compra de um
produto ou serviço à aquisição de outro produto ou serviço é frequentemente
vista como algo ruim, com impactos anticompetitivos e prejudicial ao con-
sumidor. O mesmo ocorre com a recusa de venda, comportamento que, aos
olhos leigos, não é compreensível, já que vai de encontro, a priori, à proposta
de obter lucros mediante a venda de produtos ou serviços.

QUESTÕESCENTRAIS

Em que situações vendas casadas e recusas de venda são práticas lícitas de


mercado? E, consequentemente, em quais situações são ilícitas?

CASOS BASE

Averiguação Preliminar n. 08012.006899/2003-06. Representante: Insti-


tuto Radiológico Bento Gonçalves — RS. Representada: Sociedade Dr. Bar-
tholomeu Tacchini. Voto do Conselheiro Relator Carlos Emmanuel Joppert
Ragazzo.
Processo Administrativo n. 08012.001182/98-31. Representante: Paiva
Piovesan Engenharia & Informática Ltda. Representada: Microsoft Informá-
tica Ltda. Voto do Conselheiro Relator Thompson Andrade

BIBLIOGRAFIA OBRIGATÓRIA

European Commission. DG Competition discussion paper on the applica-


tion of Article 82 of the Treaty to exclusionary abuses., Brussels, 2005
(p. 54 a 68)

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

U.S. Department of Justice. Competition and Monopoly: Single Firm Conduct


Under Section 2 of the Sherman Act. 2008. (págs. 77 a 91 e 119 a 131)

FGV DIREITO RIO 24


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CARLOS EMMANUEL JOPPERT RAGAZZO


Doutor e Mestre em Direito pela Universidade do Estado do Rio de
Janeiro (UERJ). LL.M. pela New York University School of Law (NYU).
Bacharel em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de
Janeiro (PUC/RJ). Conselheiro do Conselho Administrativo de Defesa
Econômica (CADE).

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CONCORRÊNCIA

FICHA TÉCNICA

Fundação Getulio Vargas

Carlos Ivan Simonsen Leal


PRESIDENTE

FGV DIREITO RIO


Joaquim Falcão
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COORDENADOR DE METODOLOGIA E MATERIAL DIDÁTICO
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